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Gerenciamento de Crises e Mediação de Conflitos

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Prévia do material em texto

2 
Sumário 
APRESENTAÇÃO DO CURSO .......................................................................... 4 
OBJETIVOS DO CURSO ................................................................................... 5 
ESTRUTURA DO CURSO ................................................................................. 5 
MÓDULO 1 - A CRISE E O SEU GERENCIAMENTO ...................................... 6 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ....................................................................... 6 
OBJETIVOS DO MÓDULO ................................................................................ 6 
AULA 1 – A CRISE E O SEU GERENCIAMENTO ............................................. 7 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 7 
2. CARACTERÍSTICAS DE UMA CRISE ........................................................... 7 
3. DOUTRINA DE GERENCIAMENTO DE CRISES .......................................... 9 
4. GERENCIAMENTO DE CRISES VERSUS GERENCIAMENTO DE 
SITUAÇÕES CRÍTICAS ................................................................................... 10 
5. OBJETIVOS DO GERENCIAMENTO DE SITUAÇÕES CRÍTICAS ............. 11 
6. TIPOLOGIA DAS SITUAÇÕES CRÍTICAS .................................................. 11 
7. FASES DO GERENCIAMENTO DE CRISES .............................................. 11 
8. MOTIVAÇÕES PARA CRISES NO SISTEMA PRISIONAL ......................... 28 
9. CONCEITOS DE REBELIÃO E MOTIM ....................................................... 29 
MÓDULO 2: CRITÉRIOS DE AÇÃO EM UMA CRISE .................................... 34 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ..................................................................... 34 
OBJETIVOS DO MÓDULO .............................................................................. 34 
1. CRITÉRIOS DE AÇÃO EM UMA CRISE...................................................... 35 
2. PROVIDÊNCIAS IMEDIATAS: CONTER, ISOLAR, RESOLVER E 
NEGOCIAR ...................................................................................................... 37 
3. AÇÕES INICIAIS ADOTADAS NO SISTEMA PRISIONAL .......................... 39 
4. ALTERNATIVAS TÁTICAS NO GERENCIAMENTO DE CRISES ............... 42 
5. ELEMENTOS OPERACIONAIS ESSENCIAIS ............................................. 53 
MÓDULO 3: REFÉM, VÍTIMA E SÍNDROME DE ESTOCOLMO .................... 56 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ..................................................................... 56 
OBJETIVOS DO MÓDULO .............................................................................. 56 
1. VÍTIMA E REFÉM: CARACTERÍSTICAS BÁSICAS E DISTINÇÕES 
ESSENCIAIS .................................................................................................... 57 
DIFERENÇA ENTRE VÍTIMA E REFÉM .................................................. 58 
2. COMPORTAMENTO DO REFÉM ................................................................ 62 
3. SÍNDROME DE ESTOCOLMO .................................................................... 64 
 
 3 
MÓDULO 4: ASPECTOS DOS CONFLITOS E DA VIOLÊNCIA .................... 68 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ..................................................................... 68 
OBJETIVOS DO MÓDULO .............................................................................. 68 
1. CONFLITOS E VIOLÊNCIA A POPULAÇÃO CARCERÁRIA E A VIOLÊNCIA
 ......................................................................................................................... 69 
2. A TEORIA DO CONFLITO: SIGNIFICADOS, PROCESSOS 
CONSTRUTIVOS E DESTRUTIVOS DE RESOLUÇÃO E AS ESPIRAIS DE 
CONFLITOS ..................................................................................................... 73 
3. MEIOS DE RESOLUÇÃO PACÍFICA DE CONFLITOS................................ 76 
4. AS ORIGENS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA ............................................. 78 
5. JUSTIÇA RESTAURATIVA: SIGNIFICADOS, CONCEITOS E VALORES .. 81 
6. AS PRÁTICAS RESTAURATIVAS ............................................................... 84 
MÓDULO 5: ESTUDOS DE CASO .................................................................. 95 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ..................................................................... 95 
1. SITUAÇÃO I ................................................................................................. 95 
2. SITUAÇÃO II ................................................................................................ 96 
3. SITUAÇÃO III ............................................................................................... 97 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 98 
 
 
 
 
 4 
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
 
Seja bem-vindo ao curso Noções de Gerenciamento de Crises e de 
Conflitos no Sistema Prisional. 
O curso foi originalmente desenvolvido pelo Departamento Penitenciário 
Nacional em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e pretende 
apresentar aos agentes de segurança pública, principalmente aos Policiais 
Penais, questões relacionadas ao Gerenciamento de Crises e a Mediação de 
Conflitos no sistema prisional. Em 2020 o material passou a ser disponibilizado 
pela Rede EaD Segen, tendo sido adaptado para o novo Ambiente Virtual de 
Aprendizagem. 
Sabe-se que são grandes as dificuldades para a administração atuar na 
contenção de motins e rebeliões no sistema prisional, isso se dá pela soma de 
vários fatores, os quais destacamos: falta de um planejamento anterior à 
situação crítica; ingerências políticas; falta de uma política nacional de combate 
a tais situações e, principalmente, falta de equipamento e treinamento 
adequados ao ambiente prisional. 
Nesse curso buscaremos expor ferramentas úteis para o gerenciamento 
eficaz de crises nos sistemas prisionais. A premissa básica envolve a 
compreensão das situações que envolvem crises e conflitos no sistema prisional, 
ou seja, em seu ambiente de trabalho. 
Dessa forma, discutiremos os aspectos políticos, psicológicos e 
profissionais direta e indiretamente relacionados aos conflitos vivenciados no 
ambiente de trabalho do sistema prisional. 
Espera-se assim, que as discussões possam contribuir para a construção 
de um perfil profissional que consiga compreender, dialogar e propor soluções 
para os problemas enfrentados no sistema prisional. 
 
 
 5 
OBJETIVOS DO CURSO 
Ao final deste curso, você será capaz de: 
• Definir crise no contexto do sistema prisional; 
• Estabelecer conceitos básicos de gerenciamento de crise prisional; 
• Compreender as fases do gerenciamento de crise; 
• Reconhecer os motivos que desencadeiam a crise no sistema prisional; 
• Perceber os critérios de ação em evento crítico; 
• Identificar o perfil do causador e do refém em um evento crítico; 
• Perceber as características da Síndrome de Estocolmo no 
comportamento e no discurso dos reféns e saber lidar com o fenômeno; 
• Entender o contexto da violência no Brasil, seus reflexos para o universo 
carcerário e o modo do desenvolvimento dos conflitos a partir do estudo 
da teoria do conflito; 
• Compreender e utilizar as técnicas de resolução de conflitos a partir do 
paradigma da Justiça Restaurativa. 
 
ESTRUTURA DO CURSO 
O curso está dividido nos seguintes módulos: 
• Módulo 1 – A crise e o seu gerenciamento; 
• Módulo 2 – Critérios de ação em uma crise; 
• Módulo 3 – Refém, vítima e síndrome de Estocolmo; 
• Módulo 4 – Aspectos do conflito e da violência; 
• Módulo 5 – Estudos de Caso. 
 
 
 6 
MÓDULO 1 - A CRISE E O SEU 
GERENCIAMENTO 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
Caro estudante, 
Uma crise sempre implica em dificuldades agudas e perigosas que 
requerem decisões comumente difíceis por parte dos seus administradores. 
Para o Federal Bureau of Investigation (FBI), crise é o evento ou situação crucial 
que exige uma resposta especial da polícia,a fim de assegurar uma solução 
aceitável. 
Alguns especialistas no tema fazem uma diferenciação entre crise e 
situação crítica, sendo aquela originada por esta. Assim, um fato envolvendo 
reféns caracteriza uma situação crítica, e a ruptura do equilíbrio social 
decorrente, caracteriza a crise. 
 
OBJETIVOS DO MÓDULO 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
• Compreender as características de uma crise; 
• Identificar situações de crise no sistema penitenciário; 
• Analisar os motivos que levam a uma crise no sistema prisional; 
• Analisar as fases de gerenciamento de crises. 
 
 
 7 
AULA 1 – A CRISE E O SEU GERENCIAMENTO 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Podemos falar que a crise, no contexto policial, é também conhecida como 
evento crítico (decisivo). Existem muitas definições para crise, porém, em nossa 
atividade podemos defini-la como: 
Uma manifestação violenta e inesperada de rompimento do equilíbrio, da 
normalidade, podendo ser observada em qualquer atividade humana (neste 
caso, abordaremos somente no campo da Segurança Pública). 
“Pode ser uma tensão ou conflito. Situação grave em que 
os fatos da vida em sociedade, rompendo modelos 
tradicionais, perturbam a organização de alguns ou de 
todos os grupos integrados na coletividade." 
De um modo geral, podemos citar como exemplos de crises: 
• Assalto com tomada de reféns; 
• Sequestro de pessoas; 
• Rebelião em presídios; 
• Assalto a banco com reféns; 
• Ameaça de bombas; 
• Atos terroristas; 
• Sequestro de aeronaves; 
• Captura de fugitivos em zona rural. 
 
2. CARACTERÍSTICAS DE UMA CRISE 
Uma crise é identificada por características peculiares que individualizam 
sua definição. São elas: 
I) Imprevisibilidade – A crise é não-seletiva e inesperada, isto é, qualquer 
pessoa ou instituição pode ser atingida a qualquer instante, em qualquer local, a 
 
 8 
qualquer hora. Sabemos que ela vai acontecer, mas não podemos prever 
quando. Portanto, devemos estar preparados para enfrentar qualquer crise. Ela 
pode ocorrer assim que você acabar de ler este texto. 
II) Compressão do tempo – Embora as crises possam durar vários dias, os 
processos decisórios que envolvem discussões para a adoção de posturas no 
ambiente operacional devem ser realizados, em um curto espaço de tempo. As 
ocorrências de alta complexidade impõem às autoridades policiais responsáveis 
pelo seu gerenciamento: urgência, agilidade e rapidez nas decisões. 
III) Ameaça à vida – Sempre se configura como elemento de um evento crítico 
(decisivo), mesmo quando a vida em risco é a do próprio causador da crise. 
IV) Necessidade de Postura Organizacional não-rotineira; Planejamento 
Analítico Especial e Considerações Legais Especiais. Vamos ver a seguir 
cada um deles, confira abaixo: 
Postura organizacional não-rotineira 
A necessidade de uma postura organizacional não-rotineira é de todas as 
características essenciais, aquela que talvez cause maiores transtornos ao 
processo de gerenciamento. Contudo, é a única que os efeitos podem ser 
minimizados, graças a um preparo e a um treinamento prévio da organização 
para o enfrentamento de eventos críticos. 
 
Planejamento analítico especial e capacidade de implementação 
Sobre a necessidade de um planejamento analítico especial é importante 
observar que a análise e o planejamento, durante o desenrolar de uma crise, são 
consideravelmente prejudicados por fatores, como a insuficiência de 
informações sobre o evento crítico, a intervenção da mídia e o tumulto de massa 
geralmente causado por situações dessa natureza. 
 
Considerações legais especiais 
Finalmente, com relação às considerações legais especiais exigidas pelos 
eventos críticos, cabe ressaltar que, além de reflexões sobre temas, como: 
estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, 
 
 9 
responsabilidade civil etc., o aspecto da competência para atuar é aquele que 
primeiro vem à cabeça, ao se ter notícia do desencadeamento de uma crise. 
 
Caro aluno, dessas características, é importante frisar que, de acordo com 
a doutrina do FBI, a ameaça de vida deve ser observada como um componente 
essencial do evento crítico, mesmo quando a vida em risco é a do próprio 
indivíduo causador da crise. Assim, por exemplo, se alguém está tentando se 
matar dentro de uma cela, essa situação é caracterizada como uma crise, ainda 
que inexistam outras vidas em perigo. 
“Quem ficará encarregado do gerenciamento?” 
Este é o primeiro e mais urgente questionamento a ser feito, sendo muito 
importante na sua solução um perfeito entrosamento entre as autoridades 
responsáveis pelas organizações policiais envolvidas. 
 
3. DOUTRINA DE GERENCIAMENTO DE CRISES 
Para o FBI, gerenciamento de crises é o processo de identificar, obter e 
aplicar recursos necessários a antecipação, prevenção e resolução de uma 
crise. 
Podemos compreender a antecipação como uma medida específica 
voltada para o impedimento de ocorrência de uma situação previamente 
identificada. 
Como exemplo já citado, podemos apontar a detecção de um plano de 
fuga ou de captura de reféns por um determinado grupo de detentos de uma 
penitenciária. Nesse caso, a administração adotará providências para que o fato 
não ocorra, transferindo os possíveis arquitetos do plano para outras 
acomodações, revistando as celas em busca de armas etc. 
 
 10 
Já a prevenção consiste na medida genérica, voltada a não-ocorrência de 
situações previsíveis, como a entrada de armas e drogas nas unidades 
prisionais. Como exemplo podemos citar a revista periódica das dependências 
carcerárias, revista dos visitantes etc. 
 
4. GERENCIAMENTO DE 
CRISES VERSUS GERENCIAMENTO DE 
SITUAÇÕES CRÍTICAS 
O gerenciamento de situações críticas é papel das forças especializadas, 
já o gerenciamento das crises é papel dos políticos. Assim, a resolução de uma 
situação crítica caracterizada por uma rebelião prisional seria de 
responsabilidade exclusiva das forças especializadas responsáveis, enquanto a 
solução para a crise decorrente desta situação seria incumbência dos entes 
políticos do Estado. 
Durante o curso, por questões didáticas, o termo “Gerenciamento de 
Crises” poderá se referir a atividades desempenhadas pelos agentes de 
segurança pública. 
 
 
 
 
 11 
5. OBJETIVOS DO GERENCIAMENTO DE 
SITUAÇÕES CRÍTICAS 
• Preservar vidas; 
• Preservar vidas; 
• Restaurar a ordem; 
• Aplicar a lei. 
Em sua opinião: dos objetivos apresentados, qual seria o mais importante? 
 
6. TIPOLOGIA DAS SITUAÇÕES CRÍTICAS 
• Provocadas por ações humanas (Exemplos: rebeliões, motim, roubo com 
refém); 
• Derivadas de eventos naturais (Exemplos: terremoto, pandemia, 
inundações). 
Você seria capaz de identificar outras situações críticas derivadas de eventos 
humanos ou naturais? Faça uma pesquisa e reflita sobre a influência desses 
eventos em sua atividade profissional. 
Adiante analisaremos de forma mais profunda as situações críticas 
originadas de ações humanas em estabelecimentos prisionais. 
 
7. FASES DO GERENCIAMENTO DE CRISES 
O processo de gerenciamento de crises requer planejamento e 
coordenação antes da ocorrência de uma situação crítica, bem como a aplicação 
da força necessária para a administração do evento. O planejamento eficaz é a 
chave para resolução de qualquer incidente. 
A doutrina de gerenciamento de crises proporciona uma metodologia 
eficiente ao dirigente responsável para o emprego de seus recursos numa 
 
 12 
confrontação. Permite um sistema padronizado de preparação e resolução bem 
sucedida dos problemas que ocorrem durante um evento crítico. 
O gerenciamento de crises desenvolve-se cronologicamente em quatro 
fases e não há linhas distintas de separação entre estas. Com efeito, 
dependendo da situação específica, podem sobrepor-se umas às outras. 
Apesar de exigir uma padronização em suas ações, o gerenciamento de 
crises não é uma ciênciaexata, pois cada crise apresenta características 
exclusivas, e pode exigir soluções particulares, que demandam uma cuidadosa 
análise e reflexão. 
BASSET (apud MONTEIRO, 1994, p.22), da Academia Nacional do FBI, 
visualiza o fenômeno da crise em quatro fases cronologicamente distintas, as 
quais ele denomina de fases de confrontação. 
Essas fases são as seguintes: 
 
SAIBA MAIS!!! 
Recentemente, alguns estudiosos do gerenciamento de crises 
estão entendendo que as ações tomadas, após o término de um 
evento crítico, que funcionam como feedback para substanciar 
o reinício do ciclo, denominam-se: Pós-confrontação. 
 
Vejamos a seguir um pouco mais sobre cada etapa. 
 
I - Pré-
confrontação;
II - Resposta 
imediata;
III - Plano 
específico;
IV -
Resolução.
 
 13 
7.1 FASE I - PRÉ-CONFRONTAÇÃO OU PREPARO 
Esta fase abrange todas as atividades e preparativos feitos antes de 
ocorrer uma crise. Inclui, geralmente, treinamento, elaboração do plano de 
operação padronizado e plano de contingência. 
É a fase que antecede a confrontação do evento crucial. Durante esta 
fase, a instituição policial se prepara, administrativamente, em relação à 
logística, operacionalmente através de instruções e operações simuladas, 
planejando-se para que possa atender qualquer crise que vier acontecer na sua 
esfera de competência. 
São todos aqueles procedimentos fundamentais, que irão permitir aos 
órgãos e pessoas envolvidos em um evento crítico, possuir condições de 
interagir de maneira pró-ativa com as situações encontradas. 
a) Treinamento 
O treinamento contínuo é essencial para que haja uma expectativa 
razoável de sucesso. O treinamento não deve ser confinado à unidade tática e, 
sim, a todo o mecanismo de ação de uma força especializada. 
b) Plano de Operação Padronizado (POP) 
Visa proporcionar fórmulas padronizadas de reações aplicadas aos 
problemas encontrados ou previstos frequentemente. O valor dos procedimentos 
padronizados de operação está, de fato, em todos saberem precisamente o que 
se espera quando ocorre um evento crítico. No mínimo, os POP’s devem 
abranger: 
• Hierarquia de comando; 
• Notificação e reunião do pessoal; 
• Comunicações; 
• Atribuição de deveres e responsabilidades; 
• Levantamento inicial dos elementos essenciais de informação; 
• Procedimento do centro de operações; 
• Táticas padronizadas; 
 
 14 
• Cuidados com os suspeitos e os reféns; 
• Relação com a imprensa (só o pessoal autorizado pelo Gabinete de 
Gerenciamento de Crises Penitenciárias – GGCP). 
c) Plano de Contingência 
O plano de contingência visa solucionar eventos de provável aparição e 
desenvolvimento que ocorrem como desdobramento da situação original. Podem 
também surgir situações provocadas pelos próprios internos, como, por 
exemplo: o confronto entre facções em rebeliões com reféns. 
Os planos de contingências são flexíveis, devendo se adequar a cada situação 
apresentada. 
Neste roteiro deve conter: 
• Os deveres dos primeiros que se depararem com o incidente; 
• A cadeia de comando e unidade de comando; 
• Notificação e reunião de pessoal; 
• Comunicações; 
• Atribuições de deveres e responsabilidades; 
• Táticas padronizadas; 
• Como cuidar dos suspeitos e reféns; e 
• Relações com a imprensa. 
 
Cada crise possui sua peculiaridade específica, como exemplo, uma 
ocorrência com reféns localizados após um assalto frustrado é diferente de uma 
rebelião em presídio, portanto, para cada tipo de situação de complexidade há a 
necessidade de elaboração de um roteiro específico. Embora, em caráter geral, 
as linhas a serem seguidas já tenham sido acima citadas. Devido a 
especificidade de cada tipo de situação, Monteiro (1994), usa o termo “sinopses 
de rotinas”, que têm como objetivo dar a cada policial, em tópicos claros e 
objetivos, um resumo das tarefas que lhe couber de imediato executar, na 
eventualidade de uma crise. 
 
 15 
Portanto, a identificação dos problemas potenciais, tais como: rebelião em 
presídio, situações que envolvam reféns, instalações ou pessoas suscetíveis a 
ações criminosas, bem como os prováveis locais em que elas acontecerão, são 
essenciais para a elaboração dos roteiros de gerenciamento. Após a 
identificação dos problemas, todas as informações relativas a eles devem ser 
observadas: planta das edificações, mapas topográficos, rede pública de 
telefonia e elétrica e dados biográficos de reféns potenciais. 
“Quanto mais abundantes forem as informações, maiores 
as possibilidades de resolver com sucesso o problema, 
caso este venha a acontecer”. (NUGOLI, 2002, p. 9). 
 
 
7.2 FASE II - AÇÃO IMEDIATA OU CONFRONTAÇÃO OU RESPOSTA 
IMEDIATA 
A fase de confrontação ou resposta imediata corresponde ao momento 
em que as primeiras medidas devem ser adotadas, imediatamente a eclosão de 
um evento de alta complexidade. 
Nesta fase, os agentes de segurança que estão no serviço, uma vez 
conhecedores da doutrina sobre gerenciamento de situações cruciais, são de 
extrema importância, pois, na maioria dos casos são eles que serão os primeiros 
a se depararem com tais ocorrências. 
Segundo Monteiro (1994): 
“(...) de uma resposta imediata eficiente depende quase 
que 60% do êxito da missão policial no gerenciamento de 
uma crise”. 
É a fase do conflito propriamente dito, onde ocorre a resposta 
imediata da Polícia através de ações urgentes de controle da 
 
 16 
área crítica, dividida nas seguintes etapas: Contenção, 
Isolamento e Manter Contato sem Concessões e Promessas. 
 
a) CONTENÇÃO 
A contenção de uma crise consiste em evitar que ela se alastre, isto é, 
impedindo que os sequestradores aumentem o número de reféns, ampliem a 
área sob seu controle, conquistem posições mais seguras, ou melhor, 
guarnecidas, tenham acesso a mais armamento, vias de escape, ou seja, a 
contenção é o impedimento do deslocamento do ponto crítico. A contenção que 
fora realizada na manutenção do perpetrado dentro do ônibus no caso do Ônibus 
174, acontecido no Rio de Janeiro, em 2001, é um exemplo de contenção. 
Enfim, é a ação policial que visa evitar o agravamento da situação ou que 
ela se alastre, impedindo que o causador: 
• Aumente o número de reféns; 
• Amplie a área de controle; 
• Conquiste posições mais seguras; 
• Tenham acesso a recursos que facilitem ou ampliem o seu potencial 
ofensivo. 
Simultaneamente à contenção, o primeiro agente a se deparar como uma 
crise deve informar a central de operações o acontecido. Dentro do possível ele 
deve informar qual o ato criminoso cometido, a quantidade de perpetradores, 
quantidade de armas, de reféns, local exato onde se encontram melhores via de 
acesso ao local etc. 
 
b) ISOLAMENTO 
É a ação policial que visa cortar todos os meios de contato, visual, 
audiovisual e ou material dos envolvidos diretamente no conflito. É o 
“congelamento” do objetivo (local), visando interromper o contato da vítima ou 
refém e principalmente do causador com o exterior. 
 
 17 
Recomenda-se o corte de energia elétrica, linha telefônica, sistema de 
abastecimento de água, gás e qualquer outro meio de independência por parte 
dos causadores. Permite que a Polícia assuma o controle como único veículo de 
interlocução. Quanto melhor o isolamento, melhor a possibilidade de 
negociação. 
A ação de isolar o ponto crítico se desenvolve praticamente ao mesmo 
tempo em que a de conter a crise. Os perpetradores (amotinados, crimonosos) 
devem ser isolados de forma que se imponha a eles a sensação de estarem 
completamente sozinhos. 
Torna-se conveniente registrar a ressalva do Ten. PMES Doria (2007): 
“(...) dentro do isolamento será feito a evacuação das 
pessoas que não são envolvidas com a ocorrência, como: 
visitantes e trabalhadores do local. Após a evacuação 
serão determinados os perímetros interno e externo”. 
 
c) MANTER CONTATO SEM CONCESSÕES E PROMESSAS 
As medidas a serem adotadas imediatamente após o iníciode um 
incidente devem ser distribuídas entre todos os membros da força especializada 
e claramente entendida por todos. 
Estes procedimentos devem especificar todas as ações imediatas. Elas 
incluem: 
• Medidas iniciais; 
• Deveres dos que primeiro reagem à crise; 
• Contenção e isolamento do evento crítico; 
• Evacuação; 
• Negociação; 
• Controle. 
Esse primeiro contato, aqui não foi chamado negociação porque é 
necessário que não haja concessões e promessas, pelo menos, nos primeiros 
contatos, e saiba que existem concessões e promessas na negociação. Isso não 
 
 18 
quer dizer que, necessariamente, a negociação será tomada por um negociador 
treinado, embora seja o indicado, ela pode ser conduzida pelo policial chegou 
primeiro na ocorrência, assessorado pelo negociador ou pela equipe de 
negociação (o mais indicado). 
O primeiro contato é o mais tenso e, pelo menos, nos quarenta e cinco 
primeiros minutos há uma maior probabilidade dos perpetradores ofenderem 
verbalmente, efetuarem disparos contra os policiais e agredirem os reféns. O 
objetivo deste primeiro contato é tentar acalmar o perpetrador, colocando-o num 
nível de racionalidade considerado normal. 
 
É importante que todos os agentes de segurança tenham noção de 
negociação policial, porque nestas situações ele saberá o que poderá ou não ser 
concedido. 
 
Considerando a importância dessa fase para a gestão das 
situações críticas, a estudaremos de forma mais aprofundada no 
próximo módulo. 
 
 
7.3 FASE III – PLANO ESPECÍFICO 
Dada a resposta imediata, com a contenção e o isolamento da ameaça e 
o início das negociações, principia-se a fase do Plano Específico, que é aquela 
em que o comandante do Teatro de Operações (ou gerente da crise), 
responsável pela situação crítica, procura encontrar a solução do evento crítico. 
Nesta fase, o papel das informações (inteligência) é preponderante. As 
informações colhidas e devidamente analisadas é que vão indicar qual a solução 
para a crise. 
 
 19 
A situação deve ser totalmente analisada, incluindo a avaliação da 
ameaça e os riscos existentes, a fim de serem estabelecidas as bases para 
definição da estratégia e táticas recomendadas. Ao avaliar a situação, faz-se 
necessária, dentre outras medidas, a análise das seguintes variáveis: 
Local do evento crítico 
• Observação; 
• Tipo de construção; 
• Campos de fogo; 
• Medidas de cobertura e de encobrimento da força e obstáculos; 
• Rotas de aproximação e de entrada. 
 
Suspeitos 
• Número; 
• Características pessoais; 
• Motivações; 
• Propensão à violência; 
• Antecedentes. 
 
Armas 
• Número; 
• Tipo; 
• Nível de sofisticação. 
 
Reféns 
• Número; 
• Características pessoais; 
• Localização; 
• Estado de saúde; 
• Importância. 
 
7.3.1 AVALIAÇÃO DO RISCO 
Após a análise da situação, é possível determinar o NÍVEL DO RISCO. 
Em geral, os níveis podem ser: 
 
 20 
• Nível 1 – Baixo risco: suspeito sozinho; 
• Nível 2 – Médio risco: dois ou mais suspeitos armados; 
• Nível 3 – Alto risco: suspeitos múltiplos armados e com reféns; 
• Nível 4 – Risco extraordinário: ameaça de destruição em massa ou 
grande número de baixa. 
 
Para cada nível de risco haverá uma resposta compatível, não 
necessariamente do mesmo nível. 
De acordo com Salignac (2011), os níveis de resposta estão relacionados 
diretamente ao grau de risco de uma crise, ou seja, o nível de resposta sobe na 
mesma proporção em que cresce o risco da crise. 
Salignac (2011) descreve alguns exemplos de NÍVEIS DE RESPOSTA e 
recursos a serem utilizados conforme o grau da crise: 
• Nível 1 (Corresponde a crise de alto risco) 
Recurso Local. 
Resposta: Policiais normais de área poderão atender à ocorrência. 
• Nível 2 (Corresponde a crise de altíssimo risco) 
Recursos Locais + Especializados. 
Resposta: Os policiais normais com apoio de grupos especiais da unidade 
de área. 
• Nível 3 (Corresponde a ameaça extraordinária) 
Recursos Locais + Especializados + Comando Geral. 
Resposta: Os grupos especiais de área não conseguiram solucionar, 
pede-se apoio da equipe especial da maior autoridade. 
• Nível 4 (Corresponde a ameaça exótica) 
Todos do nível três + Recursos Exógenos. 
Resposta: A equipe especial é empregada com auxílio de equipe de 
profissionais de áreas específicas, (grifo nosso). 
 
 21 
Para Monteiro (2001), uma correta avaliação do grau de risco ou ameaça 
representado por uma crise concorre favoravelmente para a solução do evento, 
possibilitando, desde o início, o oferecimento de um nível de resposta adequado 
à situação, evitando-se perdas desnecessárias. 
Por isso, afirma Monteiro (2001) que o grau de risco de uma crise pode 
ser mudado em seu transcorrer, pois a primeira força policial que chega ao local 
faz uma avaliação precoce da situação, com base em informações precárias e 
de difícil confirmação. Informações importantes, como o número de reféns, 
número de bandidos e número de armas, que, na maioria das vezes, vêm a ser 
confirmados no andamento da crise. 
 
7.3.2 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS 
Para a tomada de decisões, dispor das informações da etapa destinada à 
AVALIAÇÃO DE RISCOS é fundamental. 
A próxima etapa é o levantamento das estratégias a serem adotadas para 
a resolução da crise. 
A determinação da estratégia é função do gerente da crise. Nesse 
contexto, refere-se ao planejamento de uma abordagem geral para o problema. 
A escolha da estratégia deve levar em conta os seguintes fatores: 
• As normas legais; 
• A política adotada; 
• Os recursos disponíveis; 
• As instruções do grupo de administração de crises (recomenda-se a 
criação de um Gabinete de Gerenciamento de Crises Penitenciárias – 
GGCP); 
• A comunidade local; 
• A repercussão da situação crítica. 
 
 22 
Para o FBI, qualquer ação adotada para a resolução de uma situação de 
crise, deve ser precedida de análise das variáveis: 
 
 
No próximo módulo, estudaremos cada um dos fatores acima. 
Dessa forma, a partir da definição da estratégia, inicia-se a confecção ou 
adaptação (se já existentes) dos Planos de execução das alternativas táticas. 
Os planos de execução devem ser constantemente adaptados, na medida 
em que a situação evoluir e em que forem recebidas informações adicionais. 
No mínimo, é recomendável a elaboração dos seguintes planos: 
• Plano de negociações; 
• Plano de assaltos (assalto de emergência que é o adentramento de 
urgência, provocado pelos criminosos e assalto deliberado, aquele 
aprovado e iniciado pelo governo); 
• Plano de contingência móvel. 
 
 
 23 
Contingência 
É a situação de incerteza quanto a um determinado evento, fenômeno ou 
acidente, que pode se concretizar ou não, durante um período determinado. 
Um plano de Contingência funciona como um planejamento da resposta 
e por isso, deve ser elaborado na normalidade, quando são definidos os 
procedimentos, ações e decisões que devem ser tomadas na ocorrência de 
situações críticas. Por sua vez, na etapa de resposta, tem-se a 
operacionalização do plano de contingência, quando todo o planejamento feito 
anteriormente é adaptado à situação real do evento. 
Considerando o curto prazo e a emergência para implementação dos 
planos, é recomendável que haja projetos prévios para diferentes cenários e de 
conhecimento dos envolvidos. 
Quanto melhor o planejamento da organização e com profissionais mais 
capacitados, maiores são as chances de sucesso. 
A elaboração dos planos deve levar em consideração os requisitos para 
emprego do uso da força em cada situação, de modo que sua aplicação observe 
estritamente os preceitos quanto à legalidade, necessidade, proporcionalidade e 
conveniência na ação. 
 
7.3.3 DO USO DA FORÇA PELO AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA 
Deve-se observar que, acima de qualquer outro objetivo, a doutrina de 
gerenciamento de crises visa à preservação da vida e, para tanto, o emprego da 
força pelo agente policialdeve variar quanto ao nível exigido no momento. 
Níveis do uso da força 
O uso da força pode ser compreendido como sendo desde a presença da 
autoridade policial no local e progredir até o uso da força letal nos casos que 
sejam admitidos. 
 
 24 
 
Figura: Uso Moderado da Força 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
As técnicas do uso de força não letal consistem em: 
 
 
 
Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial 
que deverá ser considerado pelo Agente de Segurança Pública. 
O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça 
contra pessoas e/ou bens é incerto, mas previsível. Cada 
situação exigirá que ele se mantenha no estado de prontidão 
compatível com a gravidade dos riscos que identificar. Uma 
 
 25 
ponderação prévia irá orientar o Agente de Segurança Pública 
sobre a necessidade e sobre o momento de iniciar a intervenção, 
escolhendo a melhor maneira para fazê-lo. 
 
Toda ação do Agente de Segurança Pública deverá ser precedida de uma 
avaliação dos riscos envolvidos, que consiste na análise da probabilidade da 
concretização do dano e de todos os aspectos de segurança que subsidiarão o 
processo de tomada de decisão em uma intervenção. 
O Agente de Segurança Pública deverá ter em mente que, em qualquer 
processo de tomada de decisão em ambiente operacional, precisa levar em 
conta as atribuições do Órgão de Segurança Pública a que pertence. Em geral, 
pode-se resumir como sendo o dever funcional de servir e de proteger a 
sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, garantindo a vida, a dignidade e a integridade de todos. 
 
SAIBA MAIS!! 
Aplicação da avaliação de risco possibilita o uso de 
técnicas e de táticas adequadas às diversas formas de 
intervenção do Agente de Segurança Pública. Para cada nível de 
risco determinado deverá haver uma conduta operacional 
correspondente, como referência para a ação do Agente de 
Segurança Pública, cabendo-lhe selecionar os procedimentos 
mais adequados a cada situação. 
 
Cada atuação do Agente de Segurança Pública é cercada de 
particularidades. Não existem intervenções iguais, contudo, é possível desenhar 
 
 26 
um conjunto de “situações básicas” que podem servir de modelos aplicáveis ao 
treinamento. 
A sistematização das respostas esperadas a partir da identificação e da 
classificação de riscos em uma intervenção viabiliza a seleção e a aplicação de 
procedimentos adequados à solução de problemas. 
Uso Diferenciado da Força – o termo correto 
Não é conveniente utilizar a terminologia “Uso Progressivo 
da Força”, porque o termo “progressivo” nos remete à ideia 
somente de elevação (de escalada, de subida, atitude 
ascensional), sendo que, em muitos casos, o uso “regressivo” 
de força é apropriado, quando verificada a diminuição da 
violência do agressor. 
 
Trata-se de um processo dinâmico, no qual o nível de força pode 
aumentar ou diminuir, em função de uma escolha consciente do Agente de 
Segurança Pública, de acordo com as circunstâncias presentes em uma 
determinada intervenção. A este dinamismo denominou-se Uso Diferenciado da 
Força. 
Outros termos poderiam adjetivar o uso da força, por exemplo, uso 
adequado, uso moderado, uso necessário, uso qualificado da força etc., de 
maneira mais efetiva e que se aproxime da dinâmica do uso da força. 
Contudo, a opção utilizada na edição da Portaria nº 4.226 foi buscada no 
documento originário dos Princípios Básicos sobre o Uso da Força, adotados por 
consenso em 7 de setembro de 1990, por ocasião do Oitavo Congresso das 
Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes. 
Em nenhum momento, o documento cita o uso progressivo da força ou qualquer 
outro adjetivo. 
 
 27 
“Princípio nº 2: (...) 2. Os governos e entidades 
responsáveis pela aplicação da lei deverão preparar uma 
série tão ampla quanto possível de meios e equipar os 
responsáveis pela aplicação da lei com uma variedade de 
tipos de armas e munições que permitam o uso 
diferenciado da força e de armas de fogo. (...)” 
 
Para mais informações sobre o Uso Diferenciado da Força, 
acesse o curso disponibilizado pela Rede EaD-Segen que trata 
especificamente desse tema. 
 
7.4 FASE IV – RESOLUÇÃO 
Várias podem ser as soluções encontradas para um evento crítico. A 
rendição pura e simples dos bandidos, a saída negociada, a resiliência das 
forças policiais, o uso de força letal ou, até mesmo, a transferência da crise para 
um outro local são alguns exemplos dessas soluções. Não importa qual seja a 
solução adotada, ela há de ser executada ou implementada através de um 
esforço organizado que se denomina Resolução. 
A Resolução é a última fase do gerenciamento de uma crise. Nele se 
executa e implementa o que ficou decidido durante a fase do Plano Específico. 
A resolução se impõe como uma imperiosa necessidade para que a 
solução da crise ocorra exatamente como foi planejado durante a fase do Plano 
Específico e sem que haja uma perda do controle da situação por parte da 
polícia. 
Se necessária, a intervenção da unidade responsável pelo assalto 
deliberado dar-se-á nessa fase. As duas alternativas táticas mais comuns são a 
neutralização por disparo de longa distância e o assalto direto. 
 
 28 
No Módulo 2, estudaremos as alternativas táticas voltadas para resolução 
de situações críticas que são comumente empregadas pelas equipes de 
segurança. 
 
8. MOTIVAÇÕES PARA CRISES NO SISTEMA 
PRISIONAL 
O sistema penitenciário brasileiro sofre, em sua maioria, com problemas 
semelhantes e, por conta disso, as motivações para as crises prisionais são 
lineares em todos os estados da federação, sendo as mais comuns: 
 
Figura: Motivações para crises no estabelecimento prisional 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
9. CONCEITOS DE REBELIÃO E MOTIM 
Dentro da tipologia das situações críticas provocadas pelo homem, 
podemos destacar o motim e a rebelião como os principais causadores de danos 
à integridade física e ao patrimônio, sendo oportuno diferenciarmos os seus 
conceitos. 
MOTIM 
Segundo o art. 354 do Código Penal, o motim ocorre quando “amotinarem-
se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão”. 
Trata-se de ação atentatória à ordem do estabelecimento penal provocada por 
uma parcela da população carcerária com vistas a causar danos patrimoniais, 
descumprir ordens e/ou atentar contra a vida de terceiros. 
Por não envolver toda a massa de internos, os motins, em regra, podem ser 
dominados através da ação rápida e enérgica das forças especializadas. Temos 
como exemplo de motim: custodiados de uma cela se recusam a entrar para a 
conferência. 
 
REBELIÃO 
Situação crítica que envolve toda a população carcerária, tendo como 
objetivo a destituição do poder do Estado na administração da unidade prisional, 
bem como a demonstração de força dos internos perante os agentes 
penitenciários. 
A rebelião, por ser um evento de grandes proporções e em caso de falha na sua 
repressão, certamente se tornará uma crise, necessitando de medidas especiais 
por parte do Estado para uma solução aceitável. Como por exemplo de rebelião, 
podemos citar: a população carcerária de uma unidade prisional aproveita o 
horário de saída para o banho de sol para tomar um agente penitenciário como 
refém, exigir a abertura de todas as celas e iniciar uma fuga em massa, se 
frustrada a ação, os rebelados iniciam a destruição do patrimônio. 
 
 
 
 30 
A Rebelião e o Motim, palavras em muitos contextos sinônimas, significam 
basicamente uma insurreição contra autoridade instituída, caracterizada por atos 
explícitos de desobediência, de não cumprimento de deveres, de desordem e de 
grande tumulto, geralmente acompanhada de levante de armas. 
Em regra, trazem o sentido de ato coletivo e se revelam pela violência, 
pela força bruta ou pela força viva com a qual os rebelados (amotinados) se 
opõem ou resistemà ordem/ato emanado da autoridade constituída ou ao 
cumprimento e execução da lei. (HOUAISS, 2009; SILVA, 2013). 
No contexto prisional, geralmente se diz que quando o movimento se 
restringe a um número restrito de presos, tem-se o motim. De forma mais 
ampliada, quando a grande maioria dos encarcerados ou a totalidade deles está 
envolvida, tem-se a rebelião. 
No Código Penal Brasileiro em vigor (Decreto Lei nº 
2848/40), o motim de presos é previsto como um crime 
autônomo. O artigo 354 da norma prevê uma pena de detenção 
de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à 
violência para a conduta de “amotinarem-se presos, 
perturbando a ordem ou a disciplina da prisão” (BRASIL, 1940). 
Se algum preso, por exemplo, causar um dano ao 
estabelecimento prisional durante um motim, ele responderá 
tanto pelo artigo 354, como pelo artigo 163 – crime de dano 
qualificado. 
 
O bem jurídico protegido pelo Código, ao prever o crime de motim de 
presos, em um primeiro plano, preserva a própria administração da justiça, uma 
vez que as situações de conflito, tumulto e disciplina generalizadas produzidas 
pelo motim criam nos estabelecimentos penais um ambiente desfavorável ao 
cumprimento da sanção penal. Em segundo plano, busca-se proteger, com a 
criminalização da conduta, a integridade física dos funcionários do presídio, as 
 
 31 
visitas e as pessoas que cumprem pena no sistema penitenciário, além do 
próprio patrimônio público, já que a violência pode ser direcionada contra pessoa 
ou coisa (PRADO, 2006). 
 
SAIBA MAIS!!! 
A palavra rebelião origina-se do latim rebellio, do verbo rebellare 
(rebelar-se, revoltar-se, sublevar-se). Na etimologia, que é a parte da 
gramática que trata da origem e formação das palavras, compõe-se do 
prefixo re, repetição, e bellum, que significa guerra. Sendo assim, a palavra 
exprime a nova guerra ou a nova resistência armada. No entanto, na 
linguagem comum, a palavra perdeu o sentido de novo ou novamente que 
lhe atribuía o prefixo, para significar corretamente a resistência pela força 
ou oposição com violência ou pelas vias de fato. Já a palavra motim 
origina-se do francês mutin, significando inicialmente insubmisso, rebelde 
e depois sedição, rebelião, revolta. O autor de Plácido e Silva diz, ainda, 
que a palavra motim tem ligações com a expressão latina motus, cujo 
significado é de tumulto, movimento. (HOUAISS, 2009; SILVA, 2013). 
 
Veja o histórico de duas rebeliões: 
 
https://globoplay.globo.com/v/2422553/ 
 
 
http://g1.globo.com/se/sergipe/bom-dia-
sergipe/videos/v/refens-e-familiares-sao-liberados-e-
rebeliao-acaba-apos-26-horas-em-se/3354468/ 
 
Os agentes do delito de motim de presos são (como o nome indica) os 
próprios presos e é necessário que atuem conjuntamente, de maneira a 
perturbar a ordem ou disciplina da prisão, com o recurso da violência contra 
https://globoplay.globo.com/v/2422553/
http://g1.globo.com/se/sergipe/bom-dia-sergipe/videos/v/refens-e-familiares-sao-liberados-e-rebeliao-acaba-apos-26-horas-em-se/3354468/
http://g1.globo.com/se/sergipe/bom-dia-sergipe/videos/v/refens-e-familiares-sao-liberados-e-rebeliao-acaba-apos-26-horas-em-se/3354468/
http://g1.globo.com/se/sergipe/bom-dia-sergipe/videos/v/refens-e-familiares-sao-liberados-e-rebeliao-acaba-apos-26-horas-em-se/3354468/
 
 32 
pessoa ou bem da prisão. Entendem-se, diversamente sobre o número mínimo 
de presos rebelados para que seja possível a configuração do motim, haja vista 
a falta de determinação legal. No entanto, compreende-se que bastam três 
presos amotinados, praticando a perturbação efetiva, e estará consumado o 
delito. 
Sobre as características do crime em estudo, conforme afirma Regis 
Prado: 
“o vocábulo “preso”, empregado pelo texto legal, refere-se 
não apenas aos condenados à pena privativa de liberdade 
(reclusão, detenção e prisão simples), mas abarca 
igualmente aqueles presos em caráter provisório (prisão 
decorrente de sentença de pronúncia, de flagrante delito, 
temporária, prisão extrapenal). Em todo caso, é 
indispensável a legalidade formal da medida privativa de 
liberdade aplicada”. (PRADO, 2006, p. 720). 
 
É preciso um especial cuidado para caracterizar determinados 
comportamentos como motim ou rebelião. 
Como afirma Nelson Hungria (1959, p. 522): 
“não se pode confundir atitudes coletivas de irreverência ou 
desobediência ghândica [termo que remete a Mahatma 
Gandhi, pacifista indiano] com o motim propriamente dito, 
que não se configura se não assume o caráter militante de 
violências contra os funcionários internos ou de 
depredações contra o respectivo edifício ou instalações, 
com grave perturbação da ordem ou disciplina da prisão”. 
 
Os tribunais já decidiram, por exemplo, que configura o delito de motim de 
presos a conduta de encarcerados que mantém reféns vários funcionários do 
 
 33 
presídio, ameaçando-os de morte, com o objetivo de obter transferência para 
outro estabelecimento prisional (TACRIMSP – Ap. 1438315/9 – 5ª. C. – Rel. 
Penteado Navarro – julgamento em 18.10.2004); ou mesmo a conduta dos 
presos que, rebeldemente, tumultuam a ordem e a disciplina da prisão, negam-
se a entrar nas celas, quebrando a fechadura das portas para a liberação de 
outros presos, destruindo o patrimônio público e causando grande prejuízo ao 
Estado (TACRIMSP – Ap. 1417257/4 – 2ª. C. – Rel. Oliveira Passos – julgamento 
em 05.08.2004). 
De outro lado, já se decidiu que simples briga entre os presos sem intuito 
de ir contra a ordem e a disciplina da prisão ou contra os guardas e os 
funcionários não caracteriza o motim. (TAMG, RT 615/341) (PRADO, 2006; 
DELMANTO, 2010). 
Na verdade, a vontade livre e consciente (chamada na ciência jurídica de 
dolo) de os presos amotinarem-se para perturbar a ordem ou a disciplina da 
prisão é o determinante para a ocorrência do crime, pouco importando se o 
motivo alegado para o motim seja justo ou não. 
Cumpre ressaltar também que inexiste a previsão para a modalidade de 
natureza culposa e a tentativa, muito embora admitida pelos penalistas, é de 
difícil configuração. 
 
Vale lembrar ainda que a Lei de Execução Penal (LEP) 
estabelece, no inciso IV do artigo 39, que constitui um dever 
do condenado ter conduta oposta aos movimentos individuais 
ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina. 
Já no artigo 50, inciso I, está previsto que comete falta grave 
o condenado à pena privativa de liberdade que incitar ou 
participar de movimento para subverter a ordem ou a 
disciplina, estando o sujeito a regime disciplinar diferenciado, 
sem prejuízo da sanção penal (art. 52) (BRASIL, 1984). 
 
 34 
MÓDULO 2: CRITÉRIOS DE AÇÃO EM UMA CRISE 
 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
Caro estudante, 
Em um ambiente de crise no sistema prisional, os tomadores de decisão devem 
analisar rigorosamente os elementos do caso antes de realizar as escolhas para 
a ação. Isto é importante, uma vez que eventuais falhas estarão sujeitas às 
críticas da opinião pública e poderão ser levadas aos tribunais competentes para 
responsabilização dos envolvidos. 
 
OBJETIVOS DO MÓDULO 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
• Identificar quais são os critérios de ação em uma crise; 
• Entender o significado de cada um desses critérios: necessidade, 
validade do risco e aceitabilidade. 
 
 
 35 
1. CRITÉRIOS DE AÇÃO EM UMA CRISE 
Como já antecipamos no módulo anterior e, segundo a unidade de polícia 
do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Agência Federal de 
Investigação – FBI (do inglês Federal Bureau of Investigation), são três os 
critérios que devem ser levados em conta pelo gerente da crise para a tomada 
da ação frente a determinada crise, a saber: 
 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
 
1.1 A NECESSIDADE 
O critério de necessidade indica que toda e qualquer situação somente 
deve ser implementada quando for indispensável. Se não houver necessidade 
deser tomar determinadas decisões, não se justifica. 
Diante de uma crise, devem ser esgotadas as alternativas menos 
arriscadas antes da opção pela ação tática. A intervenção tática deve ser vista 
como a menos desejável das alternativas e somente será utilizada quando não 
houver outra opção. Os agentes terão de demonstrar paciência e contenção ao 
avaliarem, cuidadosamente, e entenderem o comportamento e a motivação do 
sujeito, caso sentirem obrigados a utilizar a força, apenas deve ser para salvar 
vidas e não porque tinham esta capacidade. (NOESNER, 1999). 
Sendo assim, ações táticas, de alto risco, não devem ser tomadas se as 
ameaças às vítimas/reféns forem seguramente baixas. Por outro lado, havendo 
 
 36 
fundado motivo para a consideração da gravidade da situação, as ações táticas 
serão mais fáceis de serem defendidas. 
 
1.2 A VALIDADE DO RISCO 
O critério da validade do risco estabelece que toda e qualquer ação 
precisa levar em conta se os riscos dela advindos serão compensados pelos 
resultados. A pergunta a ser feita é: “Vale a pena correr esse risco?”. 
Esse critério é difícil de ser avaliado, pois envolve fatores de ordem 
subjetiva (pois o que é arriscado para um não é para outro) e de ordem (o que 
foi proveitoso em uma crise poderá não sê-lo em outra). Na análise deste critério, 
é fundamental a sensibilidade do tomador da decisão: quanto maior seu grau de 
instrução e experiência, menores os riscos. 
É importante lembrar também que durante as ações táticas as chances 
de perda de vidas são maiores e a situação das vítimas ou reféns devem ser 
cuidadosamente observadas. 
Aceitabilidade LEGAL 
Significa que toda decisão deve ser tomada com base nos princípios 
ditados pelas leis. Uma crise por mais séria que seja não confere à organização 
policial a prerrogativa de violar leis. Os agentes públicos devem obedecer 
estritamente ao princípio da legalidade, isto é, somente poderão agir em 
conformidade com o ordenamento jurídico (leis, normas, regulamentos etc.). 
Aceitabilidade MORAL 
Implica que toda decisão a ser tomada deve levar em consideração 
aspectos de moralidade e bons costumes. A moral orienta o comportamento do 
homem diante das normas instituídas pela sociedade e está associada aos 
valores e convenções estabelecidos coletivamente por cada cultura. Em caso de 
descumprimento deste critério, a opinião pública e a mídia certamente 
condenarão as ações tomadas no gerenciamento da crise. 
 
 37 
 
Aceitabilidade ÉTICA 
Está consubstanciada no princípio de que o responsável pelo 
gerenciamento da crise, ao tomar uma decisão, deve fazê-lo lembrando de que 
o resultado da mesma não pode exigir de seus comandados a prática de ações 
que causem constrangimentos à própria corporação. Vale dizer, a aceitabilidade 
ética está relacionada com os valores, princípios, ideais e deveres profissionais 
que os agentes devem seguir. 
 
Sugestão de Leitura. 
Gary Noesner, aposentado do FBI em 2003 e após uma 
carreira de trinta anos como investigador, instrutor e 
negociador, escreveu em 1999 o trabalho Conceitos de 
negociação para os comandantes do FBI (Law 
Enforcement Bulletin). No artigo o autor relata, em 
detalhes, as técnicas de negociação utilizadas pela 
agência, incluindo a diferenciação de ações quando se 
trata de crise com vítima ou com refém. 
 
2. PROVIDÊNCIAS IMEDIATAS: CONTER, 
ISOLAR, RESOLVER E NEGOCIAR 
Como já pudemos estudar no Módulo 1, a administração de uma crise 
começa com os primeiros que chegam à cena. As medidas tomadas pela 
primeira unidade que atender o local do incidente influenciarão a eficácia da 
resposta. 
Dentre as responsabilidades desta primeira unidade estão as seguintes: 
 
https://drive.google.com/file/d/1UUIIQTVOnxJIwRp-ByQluJbnRgljWyg0/view?usp=sharing
https://drive.google.com/file/d/1UUIIQTVOnxJIwRp-ByQluJbnRgljWyg0/view?usp=sharing
https://drive.google.com/file/d/1UUIIQTVOnxJIwRp-ByQluJbnRgljWyg0/view?usp=sharing
 
 38 
Reação de forma segura e cautelosa 
Uma reação impensada pode causar problemas adicionais e atrapalhar 
seriamente o programa da ação. Deve haver um primeiro combate através das 
grades de controle ou do comongol (tijolos vazados, parede com espaços entre 
os tijolos). 
Confirmação da situação 
Deve-se verificar e confirmar a natureza e o local do incidente. 
A mensagem de confirmação deve ser nítida e objetiva. EX.: briga, fuga, rebelião 
etc. 
Contenção da situação 
Deve-se tomar medidas para assegurar que a situação seja mantida no 
local, de forma a ser resolvida num ambiente controlado. 
Todos os meios disponíveis devem ser utilizados para garantir a contenção. 
Evacuação 
Deve-se priorizar a retirada de quaisquer feridos ou inocentes 
ameaçados, obviamente se isto puder ser feito de forma segura. Também devem 
ser retiradas as pessoas alheias às forças de segurança (advogados, psicólogos, 
assistentes sociais, médicos, empresa de alimentação, professores). Esta 
retirada deve ser dinâmica e coordenada. 
Estabelecimento de um perímetro interno 
Esta será uma zona de contenção mais volátil. Os primeiros que reagirem 
devem fazer o possível para cobrir-se e esconder-se de possíveis disparos de 
armas de fogo ou arremesso de projéteis. Todas as pessoas não envolvidas 
devem ser retiradas do perímetro interno. Na maioria das estruturas prisionais, 
o perímetro interno será o bloco em que estiver ocorrendo a crise. 
Estabelecimento de um perímetro externo 
Na maioria das estruturas prisionais, o perímetro externo será definido 
pela área da unidade prisional em que ocorre a crise ou no posto de fiscalização 
e controle nos casos de unidades dentro de complexos penitenciários. 
 
 39 
Coleta de informações iniciais 
Todas as informações colhidas nos estágios iniciais de uma crise são 
importantes. Se for possível, as testemunhas devem ser identificadas e 
entrevistadas. A unidade que primeiro se deparar com a situação deve, também, 
tentar conseguir todas as informações possíveis a respeito dos responsáveis 
pela crise, dos reféns, das armas existentes e do local em que se encontram. 
Identificação de uma área intermediária (área de estacionamento) 
Esta deve ser uma área situada longe do perigo e fora do ângulo de 
observação dos responsáveis pela crise. Deve ser suficientemente espaçosa 
para acomodar as unidades táticas e os seus veículos. Quando o responsável 
pela administração da crise chegar ao local poderá adequá-lo ou mudá-lo se 
desejar. 
Identificação de uma área para pouso de helicóptero 
Em situações críticas, o uso desse tipo de aeronave tem se mostrado 
bastante viável em vários aspectos, como para a observação aérea do local, 
desembarque de equipes no local, cobertura das equipes de entrada e resgate, 
socorro de urgência e perseguição de eventuais fugitivos. 
 
 
3. AÇÕES INICIAIS ADOTADAS NO SISTEMA 
PRISIONAL 
À medida em que a ameaça é contida e o isolamento do ponto crítico é 
realizado, deve-se comunicar o superior hierárquico sobre o ocorrido, reportando 
o máximo de informações disponíveis. Ainda, a autoridade policial, deve procurar 
estabelecer os primeiros contatos com os elementos causadores da crise, 
objetivando o início da negociação. 
Independente do problema, os esforços de reação não serão ideais, a 
menos que a força especializada possa estabelecer o controle sobre o ambiente 
da ameaça. 
 
 40 
Uma ameaça estacionária, independente de sua gravidade, é geralmente 
mais fácil de enfrentar do que uma ameaça que tenha se tornado ou que 
continue móvel. 
Em regra geral, a mobilidade deve ser apenas permitida quando realçar 
vantagem tática para a equipe de intervenção ou para negociação. 
O isolamento do local do evento crítico está intimamente relacionado com 
a contenção. Nesse contexto, o isolamento terá seu mais amplo sentido, 
abrangendo tanto aspectos físicos como psicológicos. Os responsáveis devem 
ser isolados psicologicamente, deforma a impor-lhes o sentimento que estão 
completamente sozinhos. Se possível, a única forma de comunicação exterior 
deverá ser através de uma linha direta com a força especializada, criando, assim, 
uma relação de dependência benéfica nas negociações futuras. 
As limitações físicas e psicológicas podem contribuir para o 
enfraquecimento da vontade de reação por parte dos responsáveis pela crise, 
servindo também como elementos que poderão ser usados na fase de 
negociação como forma de barganha. Por exemplo, a força especializada poderá 
permitir o fornecimento de água ou alimentos, em troca da liberação de alguns 
dos reféns. 
SAIBA MAIS!!! 
A negociação é considerada a opção mais desejada na 
administração de uma crise. Deve ser estabelecida no início da 
confrontação, preferencialmente por servidor especialmente 
treinado. Muitas situações críticas são resolvidas na ação 
imediata, ou seja, consegue-se sua resolução no momento de 
contenção e isolamento. 
Caso a contenção e isolamento tenham sido iniciados por servidor sem 
treinamento, caberá a equipe de negociação avaliar seu desempenho a fim de 
decidir se sua remoção é adequada ou não. 
 
 41 
A maior parte dos incidentes é resolvida por meio da negociação. As 
demais alternativas táticas devem apoiar o negociador, mas não depender dele, 
visto que os preparativos para uma conclusão com utilização de força não devem 
ser ignorados. 
O sistema penitenciário tem uma peculiaridade: quanto mais rápido se 
agir, menor será o êxito nas ações de sublevação da ordem por parte dos presos. 
Também se observa nas unidades onde tem procedimento de segurança com 
servidores equipados e treinados em ações de contenção, dificilmente os 
impetrantes conseguirão gerar uma crise de grandes proporções, pois a resposta 
rápida ou pronto emprego retomará o controle da situação em menos de cinco 
minutos. Assim sendo, as crises serão setorizadas e não generalizadas, 
facilitando sua resolução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 42 
4. ALTERNATIVAS TÁTICAS NO 
GERENCIAMENTO DE CRISES 
No enfrentamento à situações críticas, a doutrina de gerenciamento 
apresenta algumas possibilidades de atuação. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.1 NEGOCIAÇÃO 
Segundo Monteiro (1994), a negociação é quase tudo no gerenciamento 
de crises. Ressalta também que: 
 
“Gerenciar crises é negociar, negociar e negociar. E 
quando ocorre de se esgotarem todas as chances de 
negociações, deve-se ainda tentar negociar mais um 
pouquinho . . .” 
 
 
 
 43 
Tipos de Negociação 
A negociação pode ser real ou tática. 
De acordo com o DPF ROBERTO DAS CHAGAS MONTEIRO, em seu 
Manual, a negociação REAL também pode ser chamada de TÉCNICA. 
 
NEGOCIAÇÃO REAL 
É o processo de convencimento de rendição dos criminosos por meios 
pacíficos, trabalhando a equipe de negociação com técnicas de psicologia, 
barganha ou atendimento de reivindicações razoáveis. 
NEGOCIAÇÃO TÁTICA 
É o processo de coleta e análise de informações para suprir as demais 
alternativas táticas, caso sejam necessários os seus empregos, ou mesmo para 
preparar o ambiente, reféns e criminosos para este emprego. 
 
A tarefa de negociação, dada a sua prioridade, não pode ser confiada a 
qualquer um. Dela ficará encarregado um policial com treinamento específico, 
denominado de negociador. 
O negociador tem um papel de grande responsabilidade no processo de 
gerenciamento de crises, sendo muitas as suas atribuições. Assim sendo, não 
pode a sua função ser desempenhada por qualquer outra pessoa, influente ou 
não, como já ocorreram e ocorrem em diversas ocasiões. 
 
Monteiro (1994, p. 45), e De Souza (1995, p. 56), citam em suas 
obras que: 
Faz parte da história policial recente, no Brasil, a utilização de 
religiosos, psicólogos, políticos e até secretários de Segurança 
 
 44 
Pública como negociadores. Tal prática tem-se revelado 
inteiramente condenável, com resultados prejudiciais para um 
eficiente gerenciamento dos eventos críticos, e a sua 
reincidência somente encontra explicação razoável, no fato de 
a grande maioria das organizações policiais do país não ser 
dotada de uma equipe de negociadores constantemente 
treinada para essa missão. 
 
Na falta de alguém capacitado para negociar, é comum que muitas 
organizações policiais aceitem qualquer um que voluntariamente se apresente 
para ser negociador. 
O papel mais específico do negociador é o de ser intermediário entre os 
causadores da crise e o Gerente da Crise (ou chefe do teatro de operações). 
Ele é o canal de conversação que se desenvolve entre, as exigências dos 
causadores do evento crítico e a postura das autoridades, na busca de uma 
solução aceitável. 
 
SAIBA MAIS!! 
“Você sabia que TRADICIONALMENTE, costumava-se estereotipar a 
figura do negociador como a de alguém que simplesmente utilizava todos 
os meios dissuasórios ao seu alcance, para conseguir a rendição dos 
elementos causadores da crise? Quando esse objetivo era atingido, a 
tarefa do negociador estava encerrada e a solução da crise ficaria a cargo 
do grupo tático (“SWAT”). Era como se as negociações e o grupo tático 
tivessem duas missões distintas e excludentes entre si". (MONTEIRO, 
1994, p. 46) 
 
 45 
Por este motivo, a “Special Operations and Research Unit”, da 
Academia Nacional do FBI, realizou estudos que mostram que essa 
concepção revelou-se errônea, uma vez que os dois grupos têm, de fato, a 
mesma missão, isto é, resgatar pessoas tomadas como reféns e que tal 
missão permanece a mesma ao longo de todo o evento crítico. 
 
Caso se decida pelo uso de força letal, os negociadores não devem ser 
afastados. Eles devem utilizar todos os seus recursos, no sentido de apoiar uma 
ação tática coordenada. Em outras palavras, o negociador tem um papel tático 
de suma importância no curso da crise. 
Você sabia que esse papel tático, segundo Dwayne Fuselier (apud 
MONTEIRO, 1994, p.46), da Academia do FBI, pode ser desempenhado de três 
maneiras? 
 
 
 
 
 
 
 
 
De acordo com Lima Filho (2008, p.24 e 25), na Apostila de 
Gerenciamento de Crises da PCBA, o papel mais específico do negociador é o 
de ser intermediário entre os causadores da crise e o Gerente da Crise 
(Comandante do Teatro de Operações). Ele é o canal de conversação que se 
 
 46 
desenvolve entre, as exigências dos causadores do evento crítico e a postura 
das autoridades, na busca de uma solução aceitável. 
CARACTERÍSTICAS QUE DEVE TER O NEGOCIADOR 
• Conhecimento global da doutrina; 
• Respeitabilidade e confiabilidade; 
• Maleabilidade; 
• Serenidade e paciência; 
• Espírito de equipe; 
• Disciplina, Autoconfiança e Autocontrole; 
• Comunicabilidade; 
• Perspicácia; 
• Não tem poder de decisão. 
OBJETIVOS DA NEGOCIAÇÃO: 
• Ganhar tempo; 
• Abrandar exigências; 
• Colher informações; 
• Prover um suporte tático. 
TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO - Regras Básicas 
• Estabilize e contenha a situação; 
• Escolha a ocasião correta para fazer contato; 
• Procure ganhar tempo; 
• Deixe o indivíduo falar, é mais importante ser um bom ouvinte que um 
bom conversador; 
• Não ofereça nada ao indivíduo; 
• Evite dirigir a sua atenção as vítimas com muita frequência e não os 
chame de refém; 
• Seja tão honesto quanto possível, evitando truques; 
• Atenda pequenas exigências; 
• Nunca diga a palavra “NÃO”; 
• Procure abrandar as exigências; 
• Nunca estabeleça um prazo fatal e procure não aceitar prazo fatal; 
• Não faça sugestões alternativas; 
• Não envolva pessoas “não policiais” no processo de negociação; 
 
 47 
• Não permita qualquer troca de reféns, principalmente não troque um 
negociador por refém; 
• Evite negociar cara a cara. 
 
4.2 TÉCNICAS NÃO LETAIS 
Essa alternativa tática, com o passar do tempo e seu emprego, tem 
mostrado que os equipamentos tidos como não-letais, se forem mal 
empregados, podem ocasionar a morte, além de não produzir o efeitodesejado. 
Podemos citar como exemplo, a utilização do cartucho plástico calibre 12, 
modelo AM 403, da marca Condor, possuindo um formato cilíndrico, além de ser 
feito de uma espécie de borracha, conhecida como elastômero, que, se for 
utilizado numa distância inferior a 20 metros, pode produzir ferimentos graves ou 
até mesmo letais. O fabricante recomenda a utilização em distâncias de 20 
metros, fazendo com que, se tal agente não-letal for usado numa distância acima 
do recomendado, não produzirá as fortes dores que se deseja produzir para 
alcançar a intimidação psicológica e o efeito dissuasivo de manifestantes. 
Segundo De Souza e Riani (2007, p. 04), 
“Não letal é o conceito que rege toda a produção, utilização 
e aplicação de técnicas, tecnologias, armas, munições e 
equipamentos não letais em atuações policiais. Técnicas 
não-letais – Conjunto de métodos utilizados para resolver 
um determinado litígio ou realizar uma diligência policial, de 
modo a preservar as vidas das pessoas envolvidas na 
situação (...) somente utilizando a arma de fogo após 
esgotarem tais recursos”. 
 
 
TECNOLOGIAS NÃO LETAIS 
Conjunto de conhecimentos e princípios científicos utilizados na produção 
e emprego de equipamentos não letais. 
ARMAS NÃO LETAIS 
 
 48 
São as projetadas e empregadas especificamente para incapacitar 
pessoal ou material, minimizando mortes, ferimentos permanentes no pessoal, 
danos indesejáveis à propriedade e comprometimento do meio ambiente. 
MUNIÇÕES NÃO LETAIS 
São as munições desenvolvidas com objetivo de causar a redução da 
capacidade operativa e/ou combativa do agressor ou oponente. Podem ser 
empregadas em armas convencionais ou específicas para atuações não letais. 
EQUIPAMENTOS NÃO LETAIS 
Todos os artefatos, inclusive os não classificados como armas, 
desenvolvidos com finalidade de preservar vidas, durante atuação policial ou 
militar, e os equipamentos de proteção individual (EPI’s). 
 
Podemos, então, afirmar que as terminologias “não letal”, “menos letal” e 
“menos que letal” podem ser usadas, pois, referem-se ao objetivo a ser 
alcançado, e não do resultado incondicional do uso de tais tecnologias ou 
equipamentos. 
As armas não letais atuam através de ruído, irritação da pele, mucosas e 
sistema respiratório, privação visual por ação de fumaça e luz, limitação de 
movimentos, através de choque elétrico, e impacto controlado. Essas armas 
objetivam inibir ou neutralizar, temporariamente, a agressividade do indivíduo 
através de debilitação ou incapacitação. (DE SOUZA E RIANI, 2007, p. 7). 
No momento em que as alternativas não letais forem usadas 
corretamente, obedecendo aos princípios da legalidade, necessidade, 
proporcionalidade e conveniência, não podemos dar garantias de que o 
causador da crise estará livre de sentir dor, desconforto ou mesmo de sofrer uma 
lesão. 
Lembre-se: O principal objetivo das armas não letais é reduzir os efeitos sobre o 
infrator, não eliminá-los. 
 
 
 
 49 
4.3 TIRO DE COMPROMETIMENTO 
Segundo LUCCA (2002, p. 4), o tiro de comprometimento constitui 
também uma alternativa tática de fundamental importância para resolução de 
crises envolvendo reféns localizados. No entanto, a aplicação dessa alternativa 
tática necessita de uma avaliação minuciosa de todo o contexto, sobretudo, do 
polígono formado pelo treinamento, armamento, munição e equipamento, que 
são os elementos fundamentais para que o objetivo idealizado seja alcançado. 
Ser um sniper (atirador de elite) transcende ter uma arma qualquer e uma luneta 
de pontaria, para acertar um tiro na cabeça. 
Acrescenta ainda o Coronel da Polícia Militar de São Paulo, Giraldi (apud 
LUCCA, 2002, p. 99), sintetizando a responsabilidade e a expectativa gerada 
pelo emprego dessa alternativa tática, como: 
 
“O atirador de elite exerce grande fascínio na imprensa e 
no povo, que vêem nele uma figura mística, um herói 
cinematográfico, infalível, sempre pronto para derrotar o 
mal e restabelecer a ordem”. 
 
Um fato curioso é que, por diversas razões, grandes estragos têm sido 
feitos pelos snipers, em crises com reféns localizados, sendo, portanto, o ponto 
mais sensível de todos os grupos de elite do mundo. 
A decisão de um gerente de crises em fazer o uso de tal alternativa tática 
é de grande responsabilidade e deve ser efetuada, quando todas as outras forem 
inadequadas e quando o cenário para tal fato seja favorável. 
Pode parecer que a atuação do atirador de elite é simples. Observe que, 
na realidade, tais atuações são difíceis, complexas, quase impossíveis de serem 
exercidas como um todo e, quando existe mais de um sequestrador, ficam muito 
mais complicadas. Por isso, existe a polêmica na utilização do atirador de elite, 
muito criticada em situações de sequestros, mesmo que o atirador não entre em 
ação. 
 
 50 
Em situações de crises policiais, o atirador de elite fica 
posicionado, sem ser visto, ao mesmo tempo em que é 
possuidor de uma ampla visão do cenário em que se desenrola 
a ação. 
Ele está sempre em contato com o gerente da crise, 
através de sistema de rádio, e este repassa tais informações 
aos negociadores e para o grupo de inteligência, visando o 
bom andamento da ocorrência. 
 
 
 
Lucca (2002, p. 104) relata que: 
(...) A escolha do policial, seu treinamento e a oferta de equipamento necessário, 
devem ser regidos por critérios altamente técnicos e profissionais. Todos esses 
requisitos terão como fim salvar pessoas que se encontrem em situações 
aflitivas, com suas vidas em jogo. As autoridades devem investir em tecnologia 
de ponta nesse segmento das forças policiais, para que desempenhem, com 
habilidade e eficiência, sua árdua tarefa. Afinal, qual é o preço de uma vida? 
 
 
 
 
 51 
4.4 INVASÃO TÁTICA 
A invasão tática ou “Assalto Direto” representa, em geral, a última 
alternativa a ser empregada em uma ocorrência com reféns localizados. Isso 
ocorre porque o emprego da invasão tática acentua o risco da operação, 
aumentando, como consequência, o risco de vida para o refém, para o policial e 
para o transgressor da lei. Isso por si só, vai de encontro com um dos objetivos 
principais do gerenciamento de crises que é a preservação da vida. 
Dessa forma, só se admite a aplicação dessa alternativa tática quando, 
no momento da ocorrência, o risco em relação aos reféns se torna um risco 
ameaçador à integridade física deles ou ainda quando, na situação em 
andamento, houver uma grande possibilidade de sucesso do time tático. 
 
Em qualquer equipe tática, a invasão é a alternativa mais 
treinada, porém, em contrapartida, a menos utilizada e isso 
acontece pelo simples fato de, por mais cenários que sejam 
criados e montados nos treinamentos, o cenário de uma crise 
real terá a sua própria característica mantendo assim o risco 
elevado para todos os atores. O treinamento incessante e 
diversificado de invasões táticas, em cenários diferentes, 
aumenta somente a chance de acerto sem, no entanto, eliminar 
o risco. 
 
No assalto direto a equipe utilizará preferencialmente recursos não letais, 
isto é, munições e equipamentos tais como elastômero, granadas de efeito 
moral, spray de pimenta, gás lacrimogêneo, bastão PR-24 (tonfa) etc. 
Há quatro princípios essenciais que devem ser observados e aplicados 
em todas as situações de intervenção. São eles: 
 
 
 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
O uso da força letal não deve ultrapassar o limite do estrito cumprimento 
do dever legal e da legítima defesa que, sendo excludentes de ilicitude, tornam 
legítima a ação policial, ainda que o resultado seja a morte do transgressor da 
lei. 
Cada policial de um grupo de invasão tática deve ter esses parâmetros 
bem massificados. 
Observe, abaixo, o quadro com resumo das alternativas táticas estudadas: 
 
 
 
 
 
 
 
 53 
5. ELEMENTOS OPERACIONAIS ESSENCIAIS 
Os elementos operacionais costumam recebera denominação geral de 
Grupo de Ação Direta (GAD) e enquanto participarem do evento crítico ficam sob 
a supervisão direta do GERENTE DA CRISE (comandante da cena de ação), 
por dois motivos: 
I. Suas atividades geralmente têm um impacto imediato, de vida ou morte, 
no ponto crítico; e 
II. No interesse de comunicações mais rápidas e coerentes entre eles e o 
gerente da crise, evitando-se a existência de intermediários de outras 
autoridades. 
São elementos operacionais essenciais: 
 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
Vamos estudar cada um dos elementos operacionais essenciais, confira: 
 
5.1 O GRUPO DE NEGOCIADORES 
Ao chefe do grupo de negociadores incumbe, dentre outras, as seguintes 
tarefas: 
• Ter controle direto sobre todos os negociadores; 
• Determinar as opções viáveis de negociação e as recomendar ao gerente 
da crise; 
• Assegurar o cumprimento, por parte dos negociadores, das estratégias do 
gerente da crise; 
 
 54 
• Formular táticas de negociação específicas e as apresentar ao gerente da 
crise para aprovação; 
• Envidar esforços para que as informações obtidas por meio da 
negociação cheguem com rapidez e precisão ao pessoal de inteligência; 
• Assegurar a coordenação de iniciativas táticas com os demais integrantes 
do GAD; 
• Fazer um levantamento periódico da situação psicológica dos 
perpetradores. 
 
5.2 O GRUPO TÁTICO ESPECIAL 
No cenário de gerenciamento de crises, o comandante do Grupo Tático 
Especial possui as seguintes responsabilidades no posto de comando: 
• Controle direto sobre todo o pessoal do Grupo Tático no local da crise; 
• Controle direto sobre a área do perímetro interno, em torno do ponto 
crítico; 
• Determinação das opções táticas viáveis e as recomendações ao gerente 
da crise; 
• Formulação dos planos táticos específicos visando apoiar as estratégias 
concebidas pelo gerente da crise; 
• Explicação para o Grupo Tático da missão a ser executada e do plano a 
ser implementado, de acordo com a orientação do gerente da crise; 
• Supervisão do ensaio do plano; 
• Supervisão da inspeção do pessoal a ser empregado na ação; 
• Direção pessoal da implementação dos planos táticos autorizados pelo 
gerente da crise; 
• Garantia da rápida difusão das informações obtidas pelos franco-
atiradores (snipers) para os encarregados do processamento da 
inteligência; 
• Garantia da coordenação de ações táticas com os demais integrantes do 
GAD; 
• Ordenamento da aplicação do plano de emergência diante da resposta 
imediata, antes da chegada de autorização superior, em casos de 
extrema necessidade. 
 
5.3 GRUPO DE VIGILÂNCIA TÉCNICA 
À chefia do Grupo de Vigilância Técnica competem as seguintes tarefas: 
• Determinar as opções de vigilância técnica e as recomendar ao gerente 
da crise; 
 
 55 
• Formular planos específicos de vigilância técnica para apoio da estratégia 
do gerente da crise e os apresentar para aprovação; 
• Dirigir e coordenar a instalação de equipamentos de vigilância técnica na 
área da crise; 
• Assegurar a coordenação de iniciativas de vigilância técnica com os 
demais integrantes do GAD; 
• Envidar esforços para que as informações obtidas por meio da vigilância 
técnica sejam difundidas aos usuários, especialmente ao pessoal de 
inteligência. 
 
5.4 EQUIPE DE INTELIGÊNCIA 
O chefe da Equipe de Inteligência, presente no Posto de Comando, 
possui, dentre outras, as seguintes funções: 
• Coletar, processar, analisar e difundir inteligência atual e oportuna para 
todos os usuários; 
• Desenvolver e assegurar a consecução de diretrizes investigatórias, com 
vistas à coleta de inteligência; 
• Manter um quadro atualizado da situação da crise; 
• Prover resumos da situação para o gerente da crise e, quando necessário, 
para escalões superiores. 
 
 
 56 
MÓDULO 3: REFÉM, VÍTIMA E SÍNDROME DE 
ESTOCOLMO 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
A pessoa capturada que não tem valor ou utilidade posterior para o 
causador do evento crítico e que venha a sofrer violência deste é considerada 
vítima. 
Existem três explicações para a origem da palavra vítima, todas elas 
vinculadas ao idioma latim, sendo que tais explicações não são excludentes 
entre si. Na primeira, segundo Lélio Braga Calhau, a palavra vítima (em latim 
victima) se origina do vocábulo “vincere” que significa atar, ligar, referindo-se aos 
animais destinados ao sacrifício dos deuses após a vitória na guerra e que, por 
isso, ficavam vinculados, ligados, atados a esse ritual, no qual seriam vitimados. 
 
OBJETIVOS DO MÓDULO 
 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
• Distinguir, diante de uma situação de crise, se a pessoa em poder de um 
detento em uma crise é uma vítima ou um refém; 
• Perceber as características da Síndrome de Estocolmo no 
comportamento e no discurso dos reféns e saber lidar com o fenômeno; 
• Reconhecer a importância do estudo da síndrome para aumentar as 
chances de sucesso em uma negociação em ambiente de crise. 
 
 
 57 
1. VÍTIMA E REFÉM: CARACTERÍSTICAS 
BÁSICAS E DISTINÇÕES ESSENCIAIS 
 
A palavra também poderia ter surgido do vocábulo “vincere” que tem o 
sentido de vencer, ser vencedor, sendo a vítima o vencido, o abatido. Alguns 
autores falam ainda na possibilidade de ter se originado do vocábulo “vigere”, 
que quer dizer vigoroso, forte. 
Segundo o dicionário Houaiss, dentre os vários significados atuais da 
palavra vítima na língua portuguesa consta o de pessoa ferida, violentada, 
assassinada ou executada por outra, ou ainda o sentido de que vítima é quem é 
sujeito à opressão, maus tratos, arbitrariedades (como, por exemplo, na 
expressão “vítima do sistema social injusto”). 
Estes seriam exemplos de significados gramaticais da expressão. 
 
No vocabulário jurídico e na lição de De Plácido e Silva 
sobre vítima, geralmente entende-se por vítima toda pessoa que 
é sacrificada em seus interesses, que sofre um dano ou é 
atingida por qualquer mal. E, sem fugir ao sentido do senso 
comum, na linguagem penal designa o sujeito passivo de um 
delito ou de uma contravenção. É, assim, o ofendido, o ferido, o 
assassinado, o prejudicado, o burlado. 
 
Observe as charges e veja alguns tipos de vítimas: 
 
 
 
 
 
 
 58 
Na charge do cartunista Duke – Prisão residencial de segurança máxima 
– o brasileiro é retratado como sujeito da opressão pela violência urbana, ou 
seja, vítima de um sistema social violento. 
 
Fonte: www.drpepper.com.br 
 
Na charge politicamente incorreta de Dr. Pepper, é mostrada uma 
situação em que o garoto se torna duplamente vítima: pela violência praticada 
na escola e pelo próprio pai. 
 
DIFERENÇA ENTRE VÍTIMA E REFÉM 
 
VÍTIMA 
No contexto da gestão de crises dentro do sistema carcerário, o 
reconhecimento de uma vítima ganha novos contornos. Inicialmente, tem-se que 
em um evento crítico quando uma pessoa é capturada e se contra ela forem 
destinados atos de violência, ódio, raiva e frustração do agressor, não possuindo 
a finalidade de causar algum benefício prático, ela é considerada vítima. Nesse 
caso, a captura não é uma forma de se garantir sobrevivência física do causador 
do evento. 
REFÉM 
Se a pessoa capturada tem valor real para o causador do evento crítico, 
que dela se valerá para a obtenção de algum tipo de vantagem ou benefício 
palpável claramente expresso e, muitas vezes, quantificável, estar-se-ia diante 
não de uma vítima, mas de um refém. 
 
 59 
Imagine um causador de evento crítico, surpreendido em 
meio a um ritual bizarro, no qual se prepara uma execução em 
que o sacrifício da pessoa apaziguará sua divindade com a qual 
ele mantém incessantes diálogos. Ele avisa aos policiais que a 
mera interrupção do ritual provocará tragédias imensas que 
atingirão toda a humanidade e prepara-se para degolar a pessoa. 
Trata-se de uma situação em que são observadas as 
características de vítima no capturado, uma vez que o dominado 
não apresenta nenhum

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