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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM I - Biologia Celular O sistema de endomembranas está envolvido na síntese, destinação e degradação de macromoléculas. A síntese está associada aos retículos endoplasmáticos. RE rugoso ou granular (RER ou REG): ribossomos acoplados à face citoplasmática da membrana; RE liso (REL): sem ribossomos associados. O RE representa o mais extenso sistema de membranas em uma célula eucariótica. Rede de túbulos ramificados e vesículas achatadas que se estende do envoltório nuclear e percorre grande parte do citoplasma. As membranas do RE delimitam cavidades, denominadas cisternas, lúmen ou luz do RE. Além disso, o RE possui continuidade com o envoltório nuclear e não possui nenhuma ligação direta com a membrana plasmática. A cisterna do RE é um ambiente aquoso com produtos de secreção, como proteínas (procolágeno, anticorpos, insulina, enzimas em geral). Já a membrana do RE possui uma bicamada lipídica rica em proteínas inseridas. O RER é caracterizado por laminas achatadas dispostas paralelamente com variações no tamanho do lúmen. Estão associados a síntese e processamento de proteínas. O REL possui formato de vesículas globulares ou túbulos contorcidos. Está associado ao metabolismo de lipídios, detoxificação, degradação de glicogênio e regulação de cálcio intracelular (reticulo sarcoplasmático). De acordo com a necessidade da célula, os retículos podem se transformar um no outro, perdendo ou se associando aos ribossomos. As proteínas e lipídios sintetizados no RE podem permanecer no RE (residentes no lúmen ou na membrana) ou ser direcionadas para o complexo de Golgi através do transito vesicular. O Golgi então pode mandar essas moléculas para a membrana plasmática (proteínas e lipídios de membranas), para os lisossomos (enzimas digestivas) ou para o meio extracelular através de exocitose. As proteínas e lipídios produzidos pelo RE não têm contato com o citoplasma da célula. O início da tradução ocorre em ribossomos no citosol e tem a presença de uma sequência especifica de aminoácidos na extremidade N-terminal (sequencia sinal). Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM I - Biologia Celular Toda proteína que será direcionada ao RE apresenta esta sequência sinal. Logo após o início da síntese proteica, uma partícula de reconhecimento de sinal (SRP) se associa com a sequência sinal e com o ribossomo e ocorre a interrupção da síntese proteica no citosol. A partícula de reconhecimento de sinal possui um receptor na membrana do RE. Ao se conectar nesse receptor, a cadeia polipeptídica e o ribossomo são transferidos para um poro/canal translocador. A partícula de reconhecimento de sinal de dissocia e fica livre para ser reutilizado no citosol e o receptor fica livre para reconhecimento de outro complexo ribossomo, partícula sinal e PRS. Logo após essa etapa, o poro translocador reconhece a sequência sinal e se abre, o processo de tradução é retomado e a proteína é liberada no lúmen do RE. O peptídeo sinal fica ligado ao canal translocador, enquanto o restante da cadeira proteica é introduzido no lúmen do RE. Os canais translocadores é um complexo proteico formado por: Complexo Sec61: uma espécie de túnel para passagem da cadeia polipeptídica que é aberto após reconhecimento da sequência sinal; Peptidase sinal: clivagem da sequência sinal; Complexo OST (oligosacaril transferase complex): adiciona oligossacarídeos à cadeia polipeptídica. A sequência sinal é reconhecida pelo canal translocador, abrindo o poro. Posteriormente, ocorre a clivagem da sequência sinal pela peptidase-sinal do RE. A sequência sinal fica na bicamada lipídica e depois é degradada. A proteína é liberada no lúmen do RE e o poro translocador é fechado. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM I - Biologia Celular A cadeia poliptídica possui, além da sequência sinal, uma sequência de parada de transferência hidrofóbica. Após essa sequência de parada, a tradução passa a ocorrer no citosol (isso no caso de uma proteína transmembrana de passagem única). No caso de proteínas transmembranas de passagem dupla, a sequência sinal fica internalizada e não mais na extremidade N-terminal. Já em proteínas transmembranas de múltiplas passagens, ocorre uma combinação entre sequência de início e sequência de parada de transferência. Essas proteínas transmembranas podem: Residir na membrana do RE; Ser destinadas para membrana de outra organela; Ser destinada para membrana plasmática. As chaperonas moleculares ligam-se de forma transitória à cadeia polipeptídica, auxiliando na correta conformação da ceia proteica. As BiP são solúveis da cisterna, fazem o transporte da cadeia polipeptídica, auxiliam na conformação terciária e quaternária, corrigem dobras incorretas e impedem agregações precoces de monômeros. As calnexinas e calreticulinas são dependentes de cálcio e processam glicoproteínas. As dissulfeto isomerase são solúveis na cisterna e estabelecem pontes dissufeto, estabilizando a conformação das proteínas. As oligossacaril-transferases realizam a transferência de um bloco de oligossacarídeos para a cadeia polipeptídica em tradução no lúmen do RE. Consiste na transferência em bloco de um oligossacarídeo precursor pré-formado (14 açucares) ao grupo amino lateral de um aminoácido aspargina. Quem realiza essa transferência é a oligossacaril-transferase. A maioria das proteínas produzidas no RER são glicosidas, que tem como finalidades: Proteger de degradação; Sinalizar para retenção no RE até o correto dobramento; Sinal de transporte para correto direcionamento; Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM I - Biologia Celular Reconhecimento celular (quando em proteínas transmembrana de uma membrana plasmática). As glicosidades removem alguns monossacarídeos do oligossacarídeo adicionado pela oligossacil-transferase. Proteínas processadas incorretamente são retidas no RE pela ligação a proteínas chaperonas que lá residem, enquanto proteínas corretamente processadas seguem para o Golgi, através de vesículas. Proteínas que estão irregulares, recebem uma glicose terminal no oligossocarídeo N- ligado, e a calnexina (cheperona) reconhece essas proteínas incompletamente enoveladas e encaminha para a glicosil-transferase. A glicosil-transferase faz a verificação da proteína. Caso ela esteja normalmente enovelada, sai do Re, no entanto, se não estiver, ocorre uma nova adição de glicose para que a proteína fique retida no RE pela calnexina. Quando ocorre a persistência de mal enovelamento, as proteínas são direcionadas ao citosol, seguida de processo de ubiquitinação e é degradado em proteossomas. O acúmulo de proteínas mal enoveladas no lúmen, desencadeia a ativação da resposta da proteína desenovelada, aumentando a transcrição de genes codificadores de chaperonas e aumentando, consequentemente, o número de chaperonas no lúmen do RE. Se mesmo após esta resposta, o sistema de RE ainda continuar sobrecarregado, ocorre uma sinalização para apoptose, morte celular. Como exemplo, tem-se a diabetes em adultos, na qual a resistência à insulina sobrecarrega o RE na produção de insulina, levando a apoptose. A doença de Alzheimer ocorre devido uma agregação intracelular da proteína beta amiloide no RER. Além disso, as mitocôndrias podem produzir uma quantidade excessiva de oxido nítrico, prejudicando a função da dissufeto isomerase, levando ao acumulo de proteínas defeituosas na cisterna do RER, estressando a organela e desencadeando a morte celular. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM I - Biologia Celular A membrana do RE é o localde síntese de quase todas as principais classes de lipídeos da célula, incluindo fosfolipídeos e colesterol necessários à produção de novas membranas celulares. O principal fosfolipídeo sintetizado é a fosfatidilcolina (também chamada de lecitina), que pode ser formada em três etapas a partir de colina, de dois ácidos graxos e de glicerol fosfato. Como a síntese de fosfolipídeo ocorre no folheto citosólico da bicamada lipídica do RE, é necessário que exista um mecanismo que transfira algumas das moléculas de fosfolipídeos recém-formados para o folheto do lado do lúmen da bicamada. Em bicamadas lipídicas sintéticas, lipídeos não se movem da forma flip-flop. No RE, todavia, os fosfolipídeos equilibram- se através da membrana em minutos, o que é quase cem mil vezes mais rápido do que o flip-flop (retorno) espontâneo. Esse movimento transbicamada rápido é mediado por um translocador de fosfolipídeos pobremente caracterizado, denominado embaralhador (scramblase) que, de maneira não seletiva, equilibra fosfolipídeos entre os dois folhetos da bicamada lipídica. Assim, os diferentes tipos de fosfolipídeos parecem ser igualmente distribuídos entre os dois folhetos da membrana do RE. No RE ocorre ainda a síntese de ceramidas (precursor de glicoesfingolipídeos e esfingomielina) e a síntese de colesterol (constituinte de membrana plasmática e precursor para formação de ácidos biliares e hormônios esteroides).
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