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Direitos Humanos, de Inclusão e do Idoso PROFª. LUDMILA LIMA 2Recapitulando a aula anterior: Processo de internacionalização dos Direitos Humanos. Direito Internacional dos Direitos Humanos lato sensu composto por três vertentes: Primeira vertente: Direito Internacional dos Direitos Humanos stricto sensu. Segunda vertente: É composta pelo Direito Internacional dos Refugiados. Terceira vertente: Direito Humanitário. Conselho de Segurança. Mecanismos extraconvencionais e convencionais. Tribunal ad hoc e Tribunal Penal Internacional. Injúria Racial ≠ Racismo Imagem retirada do Google 3O processo de internacionalização dos Direitos Humanos Todo o processo de desenvolvimento histórico dos direitos humanos conduziram para o seu processo de internacionalização. Sendo assim, a internacionalização não é algo que nasce de pronto (não possui um marco histórico específico), mas sim é fruto de vários precedentes, porém podemos destacar como principais: - A Liga das Nações (vista na aula 04) - O Direito Internacional Humanitário (veremos adiante) - A Organização Internacional do Trabalho (OIT) - Fundada em 1919 para promover a justiça social, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. Fonte: https://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/lang--pt/index.htm 4 ATENÇÃO: A internacionalização dos direitos humanos é fruto de vários precedentes, sendo um deles a Liga das Nações. Pode-se auferir que: O processo de internacionalização dos Direitos Humanos culminou da Liga das Nações (criada em 1919 – após a I Guerra Mundial). Todavia, como já visto, a Liga das Nações fracassou em seu objetivo de evitar um novo conflito e em 1939 eclode a II Guerra Mundial. Assim, a Liga das Nações é sucedida pelas Nações Unidas (ONU – criada em 1945). CUIDADO COM QUESTÕES QUE TRAZEM EXPRESSÕES: Exemplo: Somente, Apenas... Exemplo: Totalidade, sem exceção... 5 Imagens retiradas do Google 6SISTEMAS REGIONAIS DE DIREITOS HUMANOS Embora haja mecanismos de âmbito internacional que trate sobre a proteção e promoção dos direitos humanos em um aspecto globalizado, há que se atentar que o planeta Terra possui muitas particularidades, que variam de região para região. Assim, os Sistemas Regionais de Direitos Humanos surgiram para atender às peculiaridades e características políticas, sociais e culturais de cada região e se mostraram um importante avanço no sentido de coibir violações de tais direitos, de forma ainda mais específica e localizada. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 73, 2017). Imagem retirada do Google. 7 SISTEMAS REGIONAIS DE DIREITOS HUMANOS - Sistema Regional é complementar ao Sistema Global (chamado Sistema Onusiano) – visto na aula 04. - Os sistemas regionais de direitos humanos são divididos por continentes que possuem certas semelhanças entre si. - Sendo assim, Vamos analisar: Sistema Americano (OEA) Sistema Europeu Sistema Africano Sistema Islâmico Sistema Asiático 8 Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos Vamos começar pelo Sistema do qual nosso país (Brasil) faz parte: o Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 73, 2017). Imagem retirada do Google. 9 Organização dos Estados Americanos (OEA) Imagem retirada do Google. 10 Organização dos Estados Americanos (OEA) O Continente Americano possui instrumentos de proteção aos Direitos Humanos, criados no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), organização criada em 1948 pelo Acordo de Bogotá (entrando em vigor em 1951). A organização, cujas raízes históricas são ainda mais antigas (remontando à Primeira Conferência Interamericana em Washington, EUA, em 1889), é constituída por quase todos os países do continente americano e tinha como escopo integrar a região e favorecer a cooperação e a aproximação política, social e econômica entre os povos americanos. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 74, 2017). 11 O primeiro documento aprovado no âmbito da Organização dos Estados Americanos teve sua gênese na IX Conferência em Bogotá, no ano de 1948. Trata-se da Declaração Americana dos Direitos e Deveres Humanos. Porém, o mais notório documento regional sobre o tema é a Convenção Interamericana dos Direitos do Homem/ de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica, de 1969), que além de estabelecer uma série de direitos e princípios comuns sobre o respeito aos Direitos Humanos, garantir liberdades individuais e o acesso à justiça, desenvolvimento e dignidade a todos os países das Américas, também criou a CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS e atribui novos poderes à COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (órgão criado anteriormente, como mecanismo político de monitoramento de violações de Direitos Humanos no âmbito da OEA). (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 74, 2017). 12 BRASIL E SEUS 03 PODERES Ainda, o Brasil ratificou a Convenção Interamericana de Direitos Humanos e, assim, ele está comprometido a cumprir seus dispositivos, respeitando os direitos humanos dos seus cidadãos, os observando quanto à atuação dos seus três poderes, isso significa que: O PODER EXECUTIVO: não pode produzir atos que violem tais direitos, ou negligenciar estes direitos garantidos pela Convenção Interamericana de Direitos Humanos. O PODER LEGISLATIVO: não pode produzir normas que contrariem os dispositivos da Convenção Interamericana de Direitos Humanos O PODER JUDICIÁRIO: não pode proferir decisões que não observem ou contrariem as disposições da Convenção Interamericana de Direitos Humanos. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 54, 2017). Convenção Interamericana de Direitos Humanos Convenção Interamericana de Direitos do Homem (slide 11) 13Poder Executivo, Legislativo e Judiciário Infelizmente, observamos que mesmo Estados democráticos realizam violações. Essas violações são cometidas por aqueles que agem em nome do Estado, ou investidos da função pública. Por exemplo, agentes do PODER EXECUTIVO podem cometer violações por negligência ou omissão no dever de promover políticas públicas que garantam tais direitos ou por ações concretas que os violem. Já os membros do PODER LEGISLATIVO podem causar violações ao aprovar leis que contrariem ou suprimam tais direitos. Por fim, o PODER JUDICIÁRIO pode violar os direitos humanos por meio de decisões ou da interpretação de normas que contrariem os compromissos internacionais assumidos pelo Estado. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 67, 2017). 14 A violação às Convenções pelo país signatário, acarreta em responsabilidade internacional dos Estados perante os mecanismos internacionais de supervisão e controle: sejam mecanismos políticos, sejam mecanismos judiciais. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 67, 2017).Imagem retirada do Google. 15 Além desses documentos gerais, existem outros relativos a direitos de grupos específicos ou temas determinados, que merecem menção pela sua importância e influência no ordenamento jurídico dos países-membros da organização. São eles: Convenção Interamericana sobre a Concessão dos Direitos Políticos à Mulher (1948) e dos Direitos Civis da Mulher (em vigor desde 1953), Convenção para Prevenir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (1994); Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985) e a Carta Democrática Interamericana de 2001, documento que visa afirmar a liberdadede expressão e a participação democrática. Esses documentos são importantes para a proteção dos direitos humanos dentro deste sistema regional do qual o Brasil faz parte. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 74-75, 2017). 16 Comissão Interamericana de Direitos Humanos Comissão Interamericana de Direitos Humanos é o órgão criado como mecanismo político de monitoramento de violações de direitos humanos no âmbito da OEA. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 74, 2017). Imagem retirada do Google. 17 A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é a responsável por receber as comunicações de particulares (própria vítima) e organizações não governamentais sobre violações de Direitos Humanos e, após pedir esclarecimentos ao Estado denunciado pode: JULGAR PELA ADMISSIBILIDADE: encaminhará a denúncia à CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, que procederá o julgamento da questão. JULGAR PELA INADMISSIBILIDADE: arquivará o caso. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 75 2017). 18Para que seja dada admissibilidade às denúncias, deve ser observados alguns requisitos: Qualificação do interessado (quem sofreu as consequências da violação dos direitos humanos) Fatos (como ocorreram a violação dos direitos humanos) Estado que tido como violador dos direitos humanos Utilização do aparato interno de proteção aos direitos humanos (se foram utilizados, por exemplo, as vias administrativas internas para proteção dos direitos humanos) Esgotamento dos recursos da jurisdição interna Apresentação da denúncia deve ocorrer no prazo de até 06 meses, contados do esgotamento dos recursos internos A matéria discutida não estar sendo objeto de outro processo internacional (não pode ocorrer litispendência) Não ocorrência de coisa julgada no âmbito da OEA ou em qualquer outro organismo de jurisdição internacional Fundamentação (sob pena de improcedência) 19 Além da própria Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que exerce função similar ao Ministério Público brasileiro, somente os Estados podem oferecer denúncias sobre tais violações à Corte Interamericana de Direitos Humanos. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 75 2017).Imagem retirada do Google. 20 Ainda, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pode AGIR DE OFÍCIO, observando os seguintes requisitos: Em sua petição internacional, o representante deve apontar os fatos que comprovem a violação de direitos humanos denunciada, assinalando, se possível, o nome da vítima e de qualquer autoridade que tenha tido conhecimento da situação. (RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2021). *** “DE OFÍCIO”: Sem a necessidade de iniciativa ou participação de terceiros. 21 Portanto, para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos realizar o devido monitoramento de violações de direitos humanos no âmbito da OEA, ela contará com o recebimento de denúncias sobre tais violações ou, ainda, poderá agir “de ofício” diante de determinados casos. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos NÃO precisa necessariamente encaminhar TODOS os casos de violações à Corte Interamericana de Direitos Humanos... (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 76 2017). 22 Isto posto, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos diante de situações de violações de direitos humanos, à princípio, poderá optar por manter a questão apenas no campo político, emitindo RECOMENDAÇÕES ao Estado faltoso. Caso essas recomendações NÃO sejam seguidas, a Comissão poderá levar a questão para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que cobrará responsabilidades do Estado faltoso, podendo, inclusive, aprovar sanções. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 75 2017). 23 A Comissão Interamericana de Direitos Humanos encaminhará a denúncia à Corte se entender pela sua admissibilidade. Comissão Interamericana de Direitos Humanos pode optar manter a questão no campo político, pela emissão de recomendações ao Estado- membro. Imagem retirada do Google. 24 Reforçando: Caso considere necessário, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pode encaminhar casos para serem julgados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. Os casos que vão para julgamento pela Corte, se tornam casos paradigmáticos, ou seja, passam a representar um padrão a ser seguido, uma vez que geram jurisprudência e vinculam os Estados que reconhecem a jurisdição da Corte, como é o caso do Brasil. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 76, 2017). 25 O BRASIL se submete às decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos, pois aceitou voluntariamente sua jurisdição em 1998. Imagem retirada do Google. 26 Corte Interamericana de Direitos Humanos “Corte Interamericana de Direitos Humanos é formada por sete juízes, representantes escolhidos dentre os Estados da OEA, possuindo um mandato de seis anos com possibilidade de reeleição”. “A sentença por ela proferida tem caráter definitivo e inapelável, irrecusável pelo Estado, devendo o mesmo restaurar o status quo ante, ou se isso não for possível indenizar as vítimas”. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 75 2017). 27 CASO GOMES LUND E OUTROS VERSUS BRASIL Um dos processos em que o Brasil figurou como réu na Corte Interamericana de Direitos Humanos foi o Caso Gomes Lund e outros versus Brasil, julgado em 2010. O caso é conhecido como Gomes Lund por causa de Guilherme Gomes Lund que foi um dos militantes do partido comunista à época. Caso também conhecido como Guerrilha do Araguaia. A Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro ocorrido às margens do Rio Araguaia – (divisa dos Estados do Pará, Maranhão e do atual Tocantins). Ocorrido entre a década de 1960 e a década de 1970, foi um movimento formado por militantes comunistas (Partido Comunista do Brasil - PCdoB) contrários a Ditadura Militar. ***Ditadura Militar: Durou 21 anos (01/04/1964 até 15/03/1985) 28 CASO GOMES LUND E OUTROS VERSUS BRASIL Na Guerrilha do Araguaia muitos crimes foram praticados e muitas pessoas foram tidas como desaparecidas, pois muitas nunca tiveram seus restos mortais encontrados. Isso foi levado à julgamento para que os familiares tivessem o direito de ter acesso à verdade sobre o que de fato aconteceu e acesso à justiça. A Corte Interamericana de Direitos Humanos processou e responsabilizou o Brasil por crimes cometidos durante esse cenário, afirmando que a Lei de Anistia não era constitucional para anistiar os crimes ali instaurados. *** (Aula 05) A palavra anistia tem origem no grego amnestia, que significa esquecimento. Juridicamente o termo é usado para identificar aqueles atos do Estado que implicam perdão de condutas reprováveis. Disponível em: https://www.politize.com.br/anistia-politica/#:~:text=A%20palavra%20anistia%20tem%20origem,implicam%20perd%C3%A3o%20de%20condutas%20reprov%C3%A1veis. Fundamentado pelo direito à verdade e o direito à justiça, a Corte Interamericana de Direitos Humanos entendeu pela responsabilização do país no caso em questão e não se mostrou favorável a constitucionalidade da Lei da Anistia. 29 CASO GOMES LUND E OUTROS VERSUS BRASIL “Conforme os autos, em 24 de novembro de 2010, o Brasil foi condenado, por unanimidade, pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) em razão de crimes cometidos na chamada Guerrilha do Araguaia, no Caso Gomes Lund e outros v. Brasil. Para aquela Corte, as disposições da Lei da Anistia brasileira que impedem a investigação e a sanção a graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana e não podem permanecercomo obstáculo para a investigação dos fatos, nem para a identificação e punição dos responsáveis”. “A sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, declarou que o Estado brasileiro é responsável pelo desaparecimento forçado e, portanto, pela violação dos direitos ao reconhecimento da personalidade jurídica, à vida, à integridade pessoal e à liberdade pessoal das pessoas indicadas na decisão. A corte determinou, assim, que o Brasil deve conduzir a investigação penal dos fatos, determinar o paradeiro das vítimas e entregar seus restos mortais às famílias, realizar ato público de responsabilidade pelos fatos e indenizar as vítimas ou suas famílias, entre outras disposições”. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=267078 30 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Supremo Tribunal Federal (STF) à mesma época do julgamento do caso Gomes Lund versus Brasil, em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº. 153 (proposta pela OAB) entendeu de modo oposto: Trouxe que a Lei de Anistia (Lei 6.683/1979) é constitucional, de modo que agentes públicos – militares ou civis – não podem ser processados ou condenados por crimes cometidos durante a Ditadura Militar. A ADPF 153/DF foi um processo de controle de constitucionalidade julgado pelo STF, no qual a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pedia o reconhecimento da inconstitucionalidade da Lei da Anistia. Julgada em 2010, o STF considerou a ADPF improcedente, ou seja, reconheceu a constitucionalidade da Lei da Anistia. Imagem retirada do Google. 31 No caso narrado em questão, a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Gomes Lund e outros versus Brasil foi oposta à decisão do STF na ADPF 153. A primeira responsabilizou os autores de crimes cometidos na Guerrilha do Araguaia; a segunda entendeu constitucional a Lei que anistiava os crimes cometidos no período do Regime Militar. O Brasil integrou voluntariamente a Corte Interamericana de Direitos Humanos em 1998 e, dessa forma, se submete às suas decisões (lembrando que o julgamento desse caso ocorreu em 2010). A oposição entre as decisões da CIDH e do STF culminou na propositura de outra ADPF acerca da Lei da Anistia, ainda em andamento no STF. 32 O Brasil integra o Sistema Interamericano de Direitos Humanos e reconhece a jurisdição da CIDH desde 1998, razão pela qual se submete às decisões da referida Corte. Imagem retirada do Google. Gostaria de abordar sobre esse assunto? Traga seus posicionamentos favoráveis e contrários. 33 Imagem retirada do Google 34 Sistema Regional Europeu de Direitos Humanos Europa, ainda sob os efeitos de duas Grandes Guerras Mundiais, que foram palco de terríveis violações de direitos humanos e, buscando desenvolver-se pós-Segunda Guerra, observou-se a necessidade de criar um sistema de proteção aos citados direitos no plano europeu. Assim, o Sistema Europeu foi o primeiro sistema regional criado. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 79, 2017). (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). 35 “Elaborada no âmbito do Conselho da Europa criado em 1949, após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de unificar a Europa, a Convenção de Roma, também chamada de Convenção Europeia de Direitos Humanos (de 1950) e demais Protocolos Adicionais, constitui-se no principal documento europeu de proteção aos direitos humanos”. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 79, 2017). 36 A Convenção Europeia de Direitos Humanos origina a Comissão e a Corte Europeia: RESUMIDAMENTE: COMISSÃO: órgão de caráter mais administrativo. Recebe as demandas e analisa o que é pertinente ou não. CORTE: órgão de caráter mais judicial, contencioso e consultivo. Fornece julgamento para o caso em questão, com sua devida fundamentação/motivação. 37Corte Europeia de Direitos Humanos Em 1959, instalava-se a Corte Europeia de Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo, na França. A criação da Corte Europeia foi uma reação aos horrores cometidos durante as duas Guerras Mundiais e ao nazismo. A Corte possui tanto a competência consultiva quanto contenciosa. Protocolo 11/1998: fusão da Comissão com a Corte Europeia - ao contrário da Corte Interamericana, a Comissão Europeia de Direitos Humanos foi extinta e, portanto, neste Sistema os indivíduos têm acesso direto à Corte Europeia – qualquer pessoa pode peticionar para a Corte Europeia. Suas decisões são juridicamente vinculantes, de caráter declaratório e definitivas, não cabendo apelação. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 79-80, 2017). 38Corte Europeia de Direitos Humanos Imagem retirada do Google. 39 Sistema Regional Africano de Direitos Humanos “Herdeira de um passado colonial de exploração e escravidão, uma das regiões do globo que mais tem sido assolada por conflitos sangrentos e violações sistemáticas de direitos humanos, o Continente Africano era sedento de normas que reconhecessem e tornassem efetivas a proteção a esses direitos”. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 81, 2017). 40 O sistema africano foi concebido pela sua Carta, aprovada pela Conferência Ministerial da Organização da Unidade Africana (OUA) em Banjul, Gâmbia, em janeiro de 1981. Conhecida como Carta de Banjul. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). Banjul capital de Gâmbia 41 “Se a Carta é o documento jurídico que assegura os direitos dos povos africanos, ela também institui a COMISSÃO AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS, que está em funcionamento desde 1987, tem sede em Banjul (Gâmbia) e é composta por onze membros eleitos entre personalidades africanas que gozem de respeito e consideração na comunidade, para um mandato de seis anos (renováveis)”. “Cabe à Comissão receber as petições de vítimas de violações, realizar pesquisas e reunir documentação que demonstrem possíveis violações de direitos humanos, bem como interpretar as disposições da Carta Africana, dentre outras previstas pelo seu art. 44. A Comissão não possui caráter coercitivo, somente recomendatório”. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 81, 2017). COMISSÃO AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS 42 “O Sistema Africano também possui sua CORTE AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS, a qual foi estabelecida em 1998 pelo Protocolo Anexo à Carta Africana, porém só entrou em vigor em 2004. A Corte é composta de onze juízes eleitos para um mandato de seis anos (sujeito à reeleição). A Corte possui tanto a competência consultiva, quanto contenciosa, a exemplo da Corte Interamericana. Sendo que a possibilidade de provocar a sua competência contenciosa cabe: a) à Comissão africana; b) o Estado parte que submeteu o caso perante a Comissão; c) o Estado parte contra o qual o caso foi submetido; d) o Estado parte cujo cidadão é vítima de violação de direitos humanos; e) as Organizações Intergovernamentais Africanas. As decisões são tomadas por maioria e são definitivas, não cabendo apelação, porém a Corte pode revisar suas decisões à luz de novas provas”. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 81-82, 2017). CORTE AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS 43 CORTE AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS Imagens retiradas do Google. 44 Sistema Regional Islamo-Árabe de Direitos Humanos “Embora o sistema de proteção regional dos direitos humanos esteja funcionando em vários pontos do globo, deve-se alertar, desde logo, que no mundo árabe ainda não passa de uma grande aspiração”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). 45 “Os direitos humanos, em regra, para os povos árabes apresentam-se como um poder derivado de umpoder divino, o que acaba por produzir situações complexas para alguns segmentos da população, como no caso das mulheres”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). Imagem retirada do Google. 46 “Para o Islã, Deus, e somente Ele, é o Legislador e a fonte de todos os direitos humanos”. “Em razão da sua origem divina, nenhum governante, governo, assembleia ou autoridade pode reduzir, abolir ou desrespeitar, sob qualquer hipótese, os direitos humanos conferidos por Deus, assim como não pode ceder ou alienar”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). 47 “O Sistema Islâmico tem seu primeiro documento na Declaração Islâmica Universal dos Direitos do Homem, de 1981”. “Outro documento que merece destaque é a Declaração dos Direitos Humanos do Cairo, de 1990, firmada pelos países- membros da Organização da Conferência Islâmica, a qual proporciona uma visão geral da perspectiva muçulmana sobre os Direitos Humanos e consagra a Sharia como sua fonte principal”. “Além desses, outro documento importante é a Declaração dos Direitos dos Povos Árabes, de 1994”. (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 82, 2017). 48 A SHARIA é a Lei Muçulmana/Islâmica, legislação derivada do Alcorão (livro Sagrado do Islamismo, segundo a crença, revelado ao Profeta Maomé pelo anjo Gabriel) e da sunna ou hadith (uma coleção de passagens e feitos da vida do Profeta que viveu de 570 a 632 d.C.). (MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., p. 82, 2017). Imagens retiradas do Google. 49 Sistema Regional Asiático de Direitos Humanos Em 1997 houve a Carta Asiática de Direitos Humanos, que demonstrou uma tentativa de consolidar o Sistema Regional Asiático de Direitos Humanos, porém não logrou êxito (não se mostrou efetivo). Sendo assim, tal sistema foi dissipado e não existe na atualidade. INTERVALO 50 51 CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA “No ano de 1989, após uma ‘longa gestação’, as Nações Unidas deram mais um passo significativo em relação à proteção dos direitos humanos ao conceber a CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). Imagem retirada do Google. 52 “Essa Convenção foi proposta nas celebrações do Ano Internacional da Criança, em 1979, tendo-se aguardado, portanto, dez anos até que seu texto fosse produzido”. “Vários foram os fatores para a demora: questões econômicas, sociais, políticas, culturais, religiosas no que corresponde ao papel da criança na sociedade, o papel da família, a idade, etc”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). 53 “Felizmente, depois de dilatada espera, veio o texto, segundo o qual os Estados se comprometem a proteger as crianças de todas as formas de discriminação e a assegurar-lhes assistência apropriada. Afirma ainda que as crianças devem crescer em ambiente familiar, em clima de felicidade, amor e compreensão para que possam ter um desenvolvimento harmonioso e pleno de sua personalidade”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). 54 Em 2019 completou 30 anos da CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. Imagem retirada do Google. 55 “A Convenção estabelece que criança é todo ser humano menor de 18 anos de idade, salvo se, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). Exemplo: Art. 2º, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. 56 g) o direito de ter uma religião h) direito à saúde i) a proteção de interesses em casos de adoção j) a proteção ante a separação dos pais l) proteção contra abuso e exploração sexual m) a proteção contra o envolvimento com uso e tráfico de drogas n) a proteção contra a exploração econômica (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). Afirma que para que os objetivos previstos na Convenção possam ser alcançados é importante os Estados respeitarem os direitos declarados no documento internacional, assegurando a todas as crianças sujeitas à jurisdição do Estado, em especial: a) o direito à vida b) o direito a ter uma nacionalidade c) o direito à educação d) o direito à segurança e) o direito à livre circulação f) o direito à liberdade de pensamento e consciência 57 “O sistema consagrado no plano onusiano em relação à proteção integral da criança está centrado em questões que a identificam como sujeito de direitos e responsabilidade e, portanto, pessoas em processo de desenvolvimento humano, político e social”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020).Imagem retirada do Google. 58 “No plano constitucional, o art. 227 da Constituição Federal estabelece que ‘é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão’”. Merece destaque neste dispositivo, o princípio da cooperação estabelecido pelo legislador no que se refere à integração da família, da sociedade e do Estado na busca do pleno desenvolvimento da criança. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). 59 “O Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança em 1º de novembro de 1990, logo após a criação da Lei n. 8.069, de 13 de julho do mesmo ano” => ECA. O Estatuto da Criança e do Adolescente reproduz a preocupação nos assuntos tratados na Convenção sobre os direitos da criança. “Ao analisar a legislação brasileira e a norma internacional sobre a matéria, são evidenciadas ‘felizes coincidências’, como a ideia central que consagra a proteção integral à criança”. (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). Imagem retirada do Google. 60 Contexto do nome da Lei: No Rio Grande do Sul, em 2014, o menino Bernardo Boldrini foi assassinado pela sua madrasta e uma amiga a mando do pai da criança. O pai era médico e a madrasta enfermeira. Aplicaram uma super dosagem de um sedativo o que ocasionou em overdose, vindo a criança a óbito. Bernardo tinha somente 11 anos de idade e era alvo de castigos físicos e de tratamentos cruéis e degradantes. Bernardo chegou a procurar órgãos de defesa da criança e do adolescente, mas nenhum foi eficaz para levar sua denúncia a frente. Todos falharam. Assim, em decorrência da morte do menino, a justiça brasileira criou a Lei Menino Bernardo, em homenagem a ele e para que outras crianças não sofram o que ele sofreu. LEI MENINO BERNARDO ou LEI DA PALMADA Imagem retirada do Google. 61 Lei 13.010, de 26 de junho de 2014. Crianças e adolescentes tem direito de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. A referida lei tem natureza educativa e não punitiva. Seu principal objetivo é romper com a aceitação e banalização do uso dos castigos físicos e humilhantes contra crianças e adolescentes pela sociedade. A Lei Menino Bernardo trouxe reflexos para o Estatuto do Criança e do Adolescente (ECA). (GUERRA, Sidney. Curso de direitos humanos. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2020). Dentro do ECA há dispositivos incluídos que aparece: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) LEI MENINO BERNARDO ou LEI DA PALMADA 62Posicionamentos favoráveis Os argumentos favoráveis à Lei são que ela visa ao reconhecimento e a garantia dos direitos humanos decrianças e adolescentes e à superação de um costume arcaico. Outros argumentos são que a violência física não educa os menores de idade para uma cultura que pretende ser de paz. Segundo seus defensores, a Lei da Palmada é uma das ações que pretende educar as pessoas para que resolvam os seus problemas através do diálogo e da compreensão mútuas, e não por meio de agressões físicas e/ou humilhações. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Menino_Bernardo#:~:text=A%20Lei%20Menino%20Bernardo%20refere,educa%C3% A7%C3%A3o%20de%20crian%C3%A7as%20e%20adolescentes. 63Posicionamentos contrários O argumento contrário à Lei é principalmente pela não intervenção do Estado em assuntos privados, como a educação de crianças em casa. Imagem retirada do Google. 64 65Ementa da Unidade de Ensino 2 – concluída! 66 SEMANA 1 Período de provas do 1º Bimestre SEMANA 2 Semana de cursos SEMANA 3 Retorno das aulas de Direitos Humanos, de Inclusão e do Idoso Conteúdo da prova: Unidade 1 e 2 (ou seja: aulas 1 até 6) É proibida a reprodução do conteúdo desse material em qualquer meio. Esse material contém conteúdo autoral e citações com suas respectivas referências bibliográficas. *** LEMBRAMOS QUE ESSA DISCIPLINA NÃO SE MANIFESTA DE MODO FAVORÁVEL OU CONTRÁRIO A PARTIDOS POLÍTICOS E DEMAIS ASSUNTOS AFINS. OS PROTAGONISTAS DESSA MATÉRIA SÃO OS ALUNOS. 67
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