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Material do Estudante Paisagismo: Técnicas e Projeto Material do Estudante Paisagismo: Técnicas e Projeto Editora Senac Rio – Rio de Janeiro – 2019 Material do Estudante Paisagismo: Técnicas e Projeto Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC ARRJ Créditos Paisagismo – Técnicas e Projeto © Senac, 2019 Direitos desta edição reservados ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Administração Regional do Rio de Janeiro. Vedada, nos termos da lei, a reprodução total ou parcial deste livro. Senac RJ Presidente do Conselho Regional: Antonio Florêncio de Queiroz Júnior Diretora Regional: Ana Cláudia Martins Maia Alencar Diretor Administrativo-financeiro: Sylvio Britto Diretora de Educação Profissional: Wilma Bulhões Almeida de Freitas Editora Senac Rio Rua Pompeu Loureiro, 45/11 andar Copacabana – Rio de Janeiro – CEP: 22061-000 – RJ comercial.editora@rj.senac.br editora@rj.senac.br www.rj.senac.br/editora CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ___________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ____________ __________________________________________________________________ S477p SENAC Rio Paisagismo : técnicas e projeto : material do estudante / SENAC Rio. - 1. ed. - Rio de Janeiro : SENAC Rio, 2019. 256 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia anexos ISBN 978-85-7756-459-0 1. Jardinagem paisagística. 2. Jardins - Projetos. I. Título. 19-56732 CDU: 712 CDU: 712 ___________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ____________ __________________________________________________________________ Conhecendo os Estilos de Jardins Conteúdo: Flavia Nunes Silva Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Gomes Vieira Validação Técnica: Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Vieira Gomes Vieira Desenho Básico Aplicado a Paisagismo Conteúdo: Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Gomes Vieira Tulio Galvão Vidal Correa Validação Técnica: Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Vieira Gomes Vieira Princípios Agronômicos e Botânicos Aplicados ao Paisagismo Conteúdo: Flavia Nunes Silva Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Gomes Vieira Cláudio da Silva Teixeira Validação Técnica: Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Vieira Gomes Vieira Cláudio da Silva Teixeira Compondo com a Vegetação Paisagística Conteúdo: Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Gomes Vieira Tulio Galvão Vidal Correa Validação Técnica: Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Vieira Gomes Vieira Projeto Integrador: Desenho Paisagístico Conteúdo: Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Gomes Vieira Tulio Galvão Vidal Correa Validação Técnica: Padma Ferreira Kukel Maria de Fátima Gomes Vieira Material adaptado: Curso Básico em Paisagismo Senac Rio conteúdo: Eng, Agrôn. e Paisagista Sheila Cavalcante Paisagista: Luiz Cancio Desenho Instrucional: Gabriela Dantas Juliana Garcia Tuane Oliveira Copidesque: Aline Ferreira Projeto Gráfico: Mônica Vaz Diagramação: Victor Willemsens Ilustração: Michele Antonio Validação Técnica: Fabiana Zveiter Mônica Vaz Produção Editorial: Andréa Regina Almeida Gypsi Canetti Michele Paiva Impressão: Edigráfica Gráfica e Editora Ltda. 1ª edição: junho de 2019 As imagens de uso contratualmente licenciado, aqui inseridas, pertencem à G & S Imagens do Brasil Ltda. e são utilizadas para fins meramente ilustrativos, o que se aplica, inclusive, a todos os exemplos, modelos e/ou indivíduos constantes deste material. Bem-vindo(a)! Caro(a) estudante, Parabéns pela iniciativa de buscar seu aprimoramento profissional! Você está participando do curso Paisagismo: Técnicas e Projeto, desenvolvido pelo Senac. Serão 140 horas presenciais, durante as quais você terá a oportunidade de aprimorar, em grupo, técnicas que farão a diferença em sua atuação na área. No curso, você encontrará contribuições valiosas para aprender a elaborar desenhos paisagísticos, seja organizando, seja identifican- do e especificando os tipos de plantas mais adequados à execução e à manutenção da beleza de jardins. Este material didático foi elaborado para orientar e complementar sua participação nos encontros presenciais do curso, além de garan- tir um processo de aprendizagem dinâmico e objetivo. Ele está orga- nizado em cinco unidades curriculares, que contemplam um conjun- to de informações e orientações relevantes a fim de contribuir para seu desenvolvimento e sucesso profissionais. Aproveite bastante esta oportunidade. Bons estudos! De um lado, as melhores vagas. Do outro, você sabendo delas primeiro. O Banco de Oportunidades aproxima os alunos e ex-alunos do Senac das melhores vagas do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. E ainda oferece iniciativas de orientação profissional e desenvolvimento de carreira a esses novos talentos. Cadastre seu currículo e sinta-se ainda mais preparado na próxima oportunidade. bancodeoportunidades.com.br ou FALE COM A GENTE (21) 4020-2101. • Vagas de nível técnico e graduação, efetivas ou temporárias, para emprego ou estágio. • GRÁTIS para empresas e candidatos. Es t ru t u ra d o C u rs o Desenho Básico Aplicado a Paisagismo O curso Paisagismo: Técnicas e Projeto está organizado em cinco Unidades Curriculares. Veja. Paisagismo: Técnicas e Projeto Unidades Curriculares Princípios Agronômicos e Botânicos Aplicados ao Paisagismo Compondo com a Vegetação Paisagística Projeto Integrador: Desenho Paisagístico Conhecendo os Estilos de Jardins Ic o n o g ra fi a Em todo o material, nos momentos oportunos, você encontrará íco- nes que o ajudarão em seus estudos. São eles: Saiba mais Informações acrescidas ao texto com o objetivo de auxiliar a sua reflexão sobre o assunto estudado. Dicas Este ícone sugere práticas que facilitarão seu trabalho no dia a dia. Atenção Este ícone assinala/destaca uma informação de extrema importância. Exemplificando Indica um exemplo ou uma situação (case) para que você entenda melhor o assunto tratado. O que é? Apresenta o significado de palavras utilizadas no texto, a fim de facilitar sua compreensão do texto. S u m á ri o Unidade Curricular Conhecendo os Estilos de Jardins 17 Definições 19 História dos Jardins 62 Estilos de Jardins 79 Desenhos Técnicos Unidade Curricular Desenho Básico Aplicado a Paisagismo 119 Noções de Botânica 103 Conhecendo as Plantas 128 Clima 141 Adubação 135 Solo 92 Vistas Técnicas 88 Desenhos Paisagísticos 97 Tipos de Espécies Vegetais em Desenhos Paisagísticos 99 Perspectiva Unidade Curricular Princípios Agronômicos e Botânicos Aplicados ao Paisagismo 148 Irrigação e Drenagem 152 Controle de Pragas Paisagismo: Técnicas e Projeto 193 Elementos Compositores 165 Paisagismo e os Cinco Sentidos 171 Princípios de Composição 179 Estratos Vegetais na Composição de Jardins 186 Plantas na Composição de Jardins 196 Compondo em Varandas e Jardins de Inverno em Áreas Internas 213 Iluminação 227 Etapas do Projeto Unidade Curricular Compondo com a Vegetação Paisagística Unidade Curricular Projeto Integrador: Desenho Paisagístico Unidade Curricular Conhecendo os Estilos de Jardins A Unidade Curricular Conhecendo os Estilos de Jardins está desenvolvida em três temas. Veja. Definições 1. Paisagem 2. Paisagismo 3. Jardim História dos Jardins 1. O jardim desde os tempos de Adão e Eva 2. Jardins do Mundo Antigo 3. Jardim italiano – Renascimento 4. Jardim francês – Racionalismo 5. Jardim inglês – Paisagístico 6. Jardim japonês 7. Breve história brasileira Estilos de Jardins 1. Jardim clássico ou formal 2. Jardim rochoso ou rústico 3. Jardim oriental ou japonês 4. Jardim tropical 5. Jardim contemporâneo Definições 18 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1. Paisagem Refere-se ao espaço ou à extensãoterritorial abrangida em um lan- ce de vista. Corresponde a uma vista natural, agradável, ou sua re- presentação por meio de uma figura, como um desenho, uma pin- tura ou uma fotografia. 2. Paisagismo É uma atividade também denominada planejamento paisagístico ou arquitetura paisagística. Considera-se arte porque as plantas, pela sua diversidade de formas, cores e texturas, têm grande rique- za plástica que, quando harmonizadas, tornam possível criar com- posições de valor estético. 3. Jardim Lugar que transmite harmonia, beleza e satisfação. É dinâmico, uma vez que os elementos são modificados pelo clima ou de acordo com as estações do ano. Deve sempre atender aos cinco sentidos: visão, tato, olfato, audição e paladar. Saiba mais Jardim é uma palavra de origem hebraica. As junções de GAN (pro- teger, defender) e EDEN (prazer, satisfação, encan- to, delícia) resultam na palavra inglesa GARDEN, que significa jardim. Material do Estudante 19 História dos Jardins 20 Paisagismo: Técnicas e Projeto Observar a história dos jardins é essencial, pois ela é o espelho do relacionamento humano com a natureza. 1. O jardim desde os tempos de Adão e Eva No início da Bíblia encontramos o ponto de partida para o estu- do dos jardins. Diferentemente da arquitetura, os jardins desa- pareceram sem deixar marcas, então não dispomos de “ruínas de jardins”. O conceito bíblico de jardim, de algum modo, per- maneceu em nosso subcons- ciente como um bem perdido. Dizemos que um lugar é paradi- síaco quando apresenta vege- tação exuberante, frutos, água, clima suave e está resguardado de certos perigos. Culturas e ci- vilizações, ainda que diferentes entre si, concebem de maneira semelhante, quase universal, ideias como o paraíso terrenal e o Jardim do Éden. Maomé descreve ainda mais detalha- damente o jardim para os fiéis islâmicos. Nesse primeiro jardim bíblico, encontramos a maior parte dos elementos presentes nos jar- dins posteriores. Os rios mar- cam o desenho cruciforme, a água é abundante, as árvores embelezam e dão frutos, os ani- mais vivem em perfeita harmo- nia, toda a criação é exuberan- te e perfeita, paraíso terrenal. Material do Estudante 21 A maneira como o homem se relacionava com os recursos naturais mudou com o passar do tempo. Observe essa evolução na linha do tempo a seguir. Nesse jardim surgiram os primeiros cercados pré-históricos, em for- mato de círculo, com a sua carga simbólica e mágica (o sol, a lua e a fertilidade). Do círculo, passaram facilmente para o quadrado e para o retângulo. Existe, aqui, um princípio da geometria religiosa, processo em que o homem começa a atribuir poderes sobrenaturais às linhas traçadas com critérios geométricos e que também atribuía caráter sobrenatu- ral a certos lugares. Os bosques sagrados abundaram na época pré- -histórica e sua influência no jardim chegou até os nossos dias. Ao longo da história, o jardim se expôs como uma composição artís- tica, sendo complemento da casa ou parte integrante da cidade de acordo com diferentes civilizações e culturas. 60.000.000 anos a.C Começaram as glaciações, obrigando o homem a mudar seu estilo de vida. O homem já usava a pedra como utensílio, como arma, conhecia o fogo, era um esperto caçador e colhia alguns vegetais. O homem passa de caçador nômade a pastor, momento em que surgem os primeiros modos de agricultura (final do Mesolítico). 10.000 anos antes da nossa era ao final do Paleolítico 5.000 anos (- 4.000 a.C.) Saiba mais Surgimento da agricultura Os animais eram impedi- dos de fugir e protegidos contra a entrada de preda- dores e inimigos por meio de cercas feitas de roche- dos, pedras empilhadas, entre outros. Nesse con- texto, de algum galho ou semente brotaram novas plantas, e foi a observa- ção desse fenômeno pelo homem que deu origem à agricultura. 22 Paisagismo: Técnicas e Projeto Nesse período, apareceram: 2. Jardins do Mundo Antigo No Mundo Antigo notava-se a presença de alguns tipos de jardins, que eram considerados uma das maravilhas desse período históri- co. Nesse contexto, destacam-se os seguintes tipos de jardins: Cercas vivas Parterres Grutas Lagos Canais Fontes Quiosques Pavilhões Pérgulas Esculturas Topiárias Saiba mais Árvore da Vida No Gênesis aparece “a árvore da vida”, daí sur- ge a presença da árvore como um caráter religio- so ou mágico. A renova- ção rítmica do Cosmos se expressa simbolicamen- te pela vida, morte e re- generação da árvore. Jardim egípcio Jardim da Mesopotâmia Jardim persa Jardim grego Jardim romano Jardim islâmico Jardins islâmicos na Ásia Jardins hispano- -muçulmanos Jardim medieval Material do Estudante 23 2.1 Jardim egípcio Em linhas gerais, o jardim egípcio desenvolveu-se de acordo com a topografia do Vale do Rio Sagrado (Nilo) e estendia-se em grandes planos horizontais, livres de acidentes naturais. 2.1.1 Formato A estilização geométrica e a rigidez retilínea, tão características dos monumentos egípcios, tiveram sua correspondência nos jar- dins por meio da simetrização rigorosa dos extensos planos que os compunham. Exemplificando Tanques, caminhos, can- teiros, perímetro do jar- dim, tudo se baseava em um traçado retilíneo, se- gundo proporções numé- ricas tomadas de acordo com os costumes e cren- ças nas relações entre os números e as proporções astronômicas. 2.1.2 Plantas que constituíam o jardim egípcio As plantas mais comuns eram: - Palmeiras. - Lótus. - Papiros. - Sicômoros. - Figueiras. - Parreiras. 24 Paisagismo: Técnicas e Projeto De modo positivo, a natureza viva existiu no Egito por vários milê- nios. As coleções de sementes encontradas nas tumbas reais nos convencem da abundância de vegetais que cultivavam. As regas eram realizadas com frequência nos jardins, que se localizavam em alturas não atingidas pelas cheias, com água proveniente dos tan- ques e canais construídos ao nível do rio Nilo. Entre os elementos construídos podemos citar quiosques e pérgu- las, estas suportadas por colunas de madeira que eram pintadas com cores vivas. 2.2 Jardim da Mesopotâmia A antiga região que os gregos chamavam de Mesopotâmia ficava si- tuada entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se localiza o Iraque. Apesar de ter sido uma potente civilização, comparável apenas ao antigo Egito, o jardim mesopotâmico é muito menos conhecido do que o egípcio. 2.2.1 Plantas que constituíam o Jardim da Mesopotâmia As enchentes e inundações violentas arrastavam água, pedras e bar- ro, fazendo desaparecer as construções que, geralmente, eram fei- tas de adobe. Nos baixos-relevos, no entanto, era possível encontrar plantas e jardins esquematizados. Cultivava-se cevada e trigo desde os tempos remotos. Cultivos irriga- dos por fabulosos sistemas de canais transformavam a Mesopotâmia em um imenso jardim agrícola. As plantas estavam relacionadas com a religião e eram alvo de adoração como se fossem pequenas deusas. Material do Estudante 25 2.2.2 Os Jardins Suspensos da Babilônia O filósofo Estrabão e o imperador Nabucodonosor exerceram impor- tante influência nesse tipo de jardim. Veja. Nabucodonosor II (604 – 562 a.C.) Criador de obras de engenharia e hidráulica, Nabucodonosor foi também o fundador dos famosos Jardins Suspensos da Babilônia, obra executada sobre terraços escalonados. Existem algumas interpretações para a razão dos jardins suspensos: • Moradia dos deuses (lugares sagrados ou elevados). • A esposa persa de Nabucodonosor estaria com nostalgia de seu país montanhoso. • A estrutura em forma de terrações apresentava proteção con- tra as enchentes dos rios. Em qualquer caso, o zigurate era comum nessa época. Esse jardim foi famoso na antiguidade, nos relatos bíblicos e nas descrições dos historiadores gregos, que o incluíam entre as Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Estrabão (sec. I d.C.) Descreve o jardim suspenso como uma construção em terraços ele- vados sobre uma plantaquadrada (com 40 metros de comprimento lateral, aproximadamente). Os terraços superpostos formavam vá- rios andares (com até 25 metros de altura, mais ou menos). Cada terraço repousava sobre arcadas formadas por sólidos pilares ocos, preenchidos com terra vegetal. Máquinas hidráulicas subiam a água para cada andar, e o acesso das pessoas era feito por esca- das em espiral que abraçavam os pilares. O que é? Zigurate Era uma espécie de tem- plo construído pelos as- sírios, babilônios e su- mérios, povos da Antiga Mesopotâmia. Essa cons- trução tinha o formato de pirâmide, porém com a presença de “degraus”. 26 Paisagismo: Técnicas e Projeto 2.3 Jardim persa A jardinagem persa está resumida em três elementos: O betume era um dos elementos principais para manter a im- permeabilização dos terraços, acompanhado de uma “capa” dupla de tijolos e outra “capa” de chumbo, no qual finalmen- te se colocava o substrato para o cultivo. 1 2 3 A grande admiração pela árvore, talvez pela aridez da terra e pela falta de vegetação. As plantações de árvores realizadas em forma de parques de caça, pos- sivelmente em linhas, que formam largas avenidas para cavalgar ou passear de carro (o Jardim de Ciro). A valorização da água e a grande tradição hidráu- lica dos persas, criadores das canalizações subterrâneas – transportavam água dos aquíferos das colinas até zonas distantes, evitando as perdas pela areia do deserto e a evaporação. Algumas dessas canalizações ainda estão sendo utilizadas no atual Irã. Material do Estudante 27 2.3.1 Formato O jardim persa é constituído por um recinto fechado retangular, com dois eixos perpendiculares em cujo cruzamento existe uma fonte. Cada eixo é um grande canal com coníferas plantadas no seu borde. Os retângulos resultantes inferiores estão divididos em par- terres, localizados um nível abaixo das avenidas e dos canais, para facilitar a irrigação. Nos parterres existem diversas flores e árvores frutíferas, como romanzeiro, laranjeira e limoeiro. Os muros estão cobertos com rosas trepadeiras. A análise de um tapete persa torna possível reconstruir um jardim. Relembrando... Com Adão e Eva o conceito de jardim surge como o paraíso, unindo o reino vegetal e animal, além de considerar ainda os aspectos envolvi- dos na geometria mística. 28 Paisagismo: Técnicas e Projeto Esse tipo de jardim, dividido em quatro zonas, é a descrição bíblica do paraíso terrenal, cujos quatro rios marcam o desenho crucifor- me. É a representação do cosmos, o mundo partido em quatro zo- nas, por quatro rios diferentes. Na interseção se construía um palá- cio, um pavilhão ou uma fonte, e para isso eram utilizados azulejos coloridos que revestiam as paredes e o fundo dos canais e tanques. Esses jardins exerceram uma influência decisiva nos traçados poste- riores, especialmente na estética do mundo muçulmano. 2.4 Jardim grego Com a Grécia inaugura-se o período clássico. Desaparece o colossa- lismo, o homem passa a ser a medida de todas as coisas e a arqui- tetura é projetada em harmonia com os homens. Nesse país de civi- lização avançada, os jardins se caracterizavam por horto-pomares e parques arborizados. 2.4.1 Formato Concebido com certa despreocupação, sua estrutura apresentava formas naturais adaptadas à vegetação e à topografia. Tais formas Material do Estudante 29 seguiam as curvas de níveis e integravam o entorno com as cons- truções em um tipo de bosque salpicado de estátuas e construções de gênero sagrado ou mítico, em uma espécie de paisagismo primi- tivo. Fugiam da simetria e da regularidade matemática tão comum aos jardins construídos no Egito. Os jardins, por suas próprias características, não suportam os maus-tratos do tempo. Por isso, dos jardins cultivados na Antiga Grécia restaram apenas as descrições lendárias, mitológicas e ou- tras de valor histórico que foram documentadas. Da mitologia, temos o Jardim das Hes- pérides, no qual eram cultivadas ár- vores que produziam ricos “pomos de ouro”. Outro jardim foi o de Academus, ponto de reunião de professores e fi- lósofos, germe das futuras Academias. 30 Paisagismo: Técnicas e Projeto 2.4.2 Como eram as plantas do jardim grego Segundo Homero e outros autores, o jardim grego era fechado, uti- litário; as plantas cultivadas eram dispostas, regular ou irregular- mente, de acordo com o gosto do proprietário. A descrição de Homero do Jardim de Alcino reproduz a horta e o pomar que cons- tituíam, em conjunto, os jardins gregos. Eles apresentavam carac- terísticas simples, naturais e não tinham a simetria dos jardins egípcios. Esses jardins eram um prolonga- mento das casas, e a construção de colunas e pórticos fazia uma ligação entre o ambiente interior e o exterior. Neles eram culti- vadas plantas para consumo, como: maçãs, peras, azeitonas, uvas e hortas. O que é? Botânica É a parte da biologia que estuda as plantas. Con- siste no estudo da mor- fologia e da fisiologia dos vegetais. Material do Estudante 31 Os jardins, também presentes na mitologia grega, são mencionados como lugares onde os deuses e deusas visitavam a Terra. Podemos afirmar que tudo na paisagem da Grécia é um jardim cheio de grutas, fontes, bosques com árvores sagradas, estátuas, templos, passeios etc. 2.5 Jardim romano Os romanos reuniram, em apenas um, os três tipos de jardins ante- riores: dos egípcios, a geometria; dos gregos, um pouco de huma- nismo; e dos asiáticos, os perfumes, jogos de água e pavilhões. Os jardins aparecem nas ruínas romanas – essa é a primeira vez que se dispõe de descrições escritas, planos e ruínas físicas. 2.5.1 Origem do jardim de pequena escala, próximo à residência O desenvolvimento desse jardim indica, provavelmente, a ideia de pá- tio, um recinto protegido e seguro, uma tradição entre os povos medi- terrâneos. Temos de levar em conta ainda o modelo do bosque sagra- do persa (para a caça), o passeio meditativo e a invocação religiosa. Saiba mais Os gregos e a botânica Os gregos não se destaca- ram como jardineiros mas como botânicos e natura- listas. Teofrasto escreveu dez tomos de uma História das plantas (372-287 a.C.); podendo ser considerado o pai da Botânica. Escre- veu, também, sobre téc- nicas de horticultura, pro- cedimentos para superar condições negativas do meio, pragas e doenças. Saiba mais As obras dos renascen- tistas e dos ilustradores do séc. XVIII são modifi- cações do traçado básico do jardim romano, assim como na atualidade o jardim paisagístico recebe a mesma influência, com evocações a paisagens, simbolismos, arquitetura, escultura (muitas delas saqueadas da Grécia) etc. 32 Paisagismo: Técnicas e Projeto 2.5.2 Origem do jardim de grande escala O bosque sagrado e o pátio são estruturas do jardim romano, com todas as variantes e modificações que ocorreram no transcurso do tempo. Essas são as estruturas básicas dos jardins adotadas por toda a humanidade. Com a introdução de colunas e pórticos, as vivendas romanas se abrem para o jardim. O horto tradicional perde seu caráter religioso e econômico, passa a orientar-se para o naturalismo e para a sa- tisfação das novas necessidades de luxo e exotismo. A casa vai se transformando progressivamente até se converter em uma vila. 2.5.3 Formato • Estátuas isoladas que formam grupos distribuídos pela com- posição paisagística, muitas delas saqueadas da Grécia. • A arte da topiaria representava elementos decorativos (es- tátuas, animais etc.) esculpidos em plantas. Eram utilizadas flores do campo, mas predominavam as plantas verdes. • A água afigurava-se em fontes, cascatas, lagos e com um sis- tema completo de irrigação. Nos pátios ajardinados de pe- quenas proporções das cidades romanas surgiu uma forma decorativa de pintura ilusionista/naturalista. Eram executa- das nos muros, com a técnica da perspectiva e representa- vam áreas com gramados, árvores, flores, arbustos, fontes e animais, dandoaos olhos a ilusão de ampliação do espaço. 2.5.4 Desenvolvimentos no período • Estrutura urbana de tipo regular, na qual aparecem espaços destacados para um tratamento com jardins públicos. • Vilas rurais, como a Villa Adriana em Tivoli e as Villas de Plinio em Roma, longe das cidades, que íam um retiro para a recep- ção de amigos, produção de obras literárias ou apenas para contemplação. Essas propriedades eram naturalmente patri- mônio das classes dominantes. Plinio possuía, no séc. I d.C., mais de quinhentos escravos e três propriedades, uma na ci- dade e duas no campo. Material do Estudante 33 A forma de vida se desenvolvia nas terras secas e áridas da Arábia, onde a população era, principalmente, nômade. Para o homem do deserto, o oásis marca um conceito fundamental para a compreensão do paraíso corânico, mas com a insegurança diante dos animais ferozes ou tribos inimigas. 2.6 Jardim islâmico Voltamos à ideia paradisíaca como a origem da formação dos jar- dins e a integração ideológica entre os povos diferentes que assimi- laram o maometismo. O Corão é a revelação divina por meio de Ma- omé e, para o crente, o paraíso corânico é uma fonte de inspiração artística e uma meta desejável, mas inalcançável na terra. 2.6.1 Formato No jardim muçulmano, encontram-se água abundante, vegetação, frutos, aromas, cores, sombra, som das águas, arquitetura e pers- pectiva. É mantida a tradição do jardim para o prazer e o espaço é tido como puro, geométrico, regular e fechado. Desde o Gênesis, vemos o mundo dividido em quatro partes por dois eixos perpendiculares. O pátio é considerado característica essencial do jardim islâmico. 34 Paisagismo: Técnicas e Projeto Saiba mais As cidades de Agra e Délhi foram os principais cen- tros da arte muçulmana na Índia. Saiba mais O mausoléu A Tumba de Humayún é o mais antigo da Índia (1508-56). Outro importante mauso- léu é o Taj Mahal, obra de Shah Jahan (1592-1666). Esse monumento foi re- sultado de seu grande amor pela esposa persa Mumtaz Mahal. Segundo a lenda, a imperatriz es- colheu o lugar com base em um sonho, e o impera- dor, um ano após a mor- te trágica da esposa, deu início às obras no lugar escolhido. O Taj Mahal foi construído em 22 anos, de 1632 a 1654. 2.7 Jardins islâmicos na Ásia Na Índia, o islamismo foi adotado no século XI. Com isso, houve um choque de tendências. • Corrente vinda do deserto (esquemática). • Corrente adaptada a uma natureza excessiva. A arquitetura e a influência do paraíso persa são destaques no jar- dim islâmico desenvolvido pelos mongóis. Havia três tipos: 1. Palácios. 2. Jardins em torno dos mausoléus. 3. Jardins do paraíso (char bagh). Os mausoléus O esquema do mausoléu era condizente com um grande recinto quadrado, dividido com precisão geométrica, à imagem do univer- so ordenado. No centro, a tumba levantava-se sobre os quatro rios representados por canais. O jardim paraíso era um paralelogramo com quatro quadros em cada plano. A água dominava todos os jar- dins. No núcleo do char bagh havia um canal central e muros altos que o protegiam dos ventos. 2.8 Jardins hispano-muçulmanos Os muçulmanos conquistaram a Espanha no ano 711 e permanece- ram na península sete séculos, até serem expulsos pelos reis cató- licos. O jardim era tido como um paraíso e um isolamento, e a vegetação, considerada produtora de alimento ou puro prazer. Esses jardins apresentam: • Ordenação do espaço como contraposição à extensão aberta do deserto. • Essência romana do pátio. • Forma fechada e íntima que compõe parte do conceito total do edifício. Material do Estudante 35 2.8.1 Formato Eram utilizados materiais pobres, que combinavam as cores e as texturas. A água é o eixo da composição: tanques fontes, aspersores e cascatas, cuja evaporação aliviava o clima quente. Coexistiam a simetria e a assimetria. Córdoba O Pátio de los Naranjos (ano 786), na mesquita de Córdoba, é, talvez, o jardim de estrutura mais antiga de todos os hispano-muçulmanos. Os jardins dos Nazaríes de Granada, os de Alhambra e o Generalife são os mais conhecidos. Esses jardins tiveram acréscimos com as con- quistas cristãs e nos períodos renascentista, romântico e moderno. 36 Paisagismo: Técnicas e Projeto Alhambra Em Alhambra destaca-se seu recinto amuralhado, compos- to de quatro pátios-jardins: o Adarve, o Machuca, o dos Ar- rayanes (ou Comares) e o dos Leões. O Pátio dos Arrayanes é um perfeito exemplo de pátio-jar- dim retangular. Forma-se pela geometrização e pela síntese da linha reta. Em torno desse eixo, organiza-se o espaço con- templativo, com água, pedra e vegetação linear. O Pátio dos Leões, ao contrá- rio, apresenta um aspecto mais íntimo e privado. Tem dimen- sões reduzidas e pouca vege- tação. No centro, há uma fon- te da qual saem quatro canais com doze leões. Nele, centra-se todo o conjunto de Alhambra, que é uma representação do jardim corânico. Material do Estudante 37 Pátio da Acequia O Pátio da Acequia é o melhor exemplo existente de pátio-jardim islâmico. A vegetação acompanha um eixo definido que serve como centro unificador de toda a composição. Generalife O jardim de Generalife é um palácio-jardim (século XV) com aspecto de vila campestre. Está estruturado em vários pátios de níveis distintos, o que facilita a irrigação e as perspectivas. Cada recinto tem uma personalidade própria, sem deixar de formar uma sequência global. 38 Paisagismo: Técnicas e Projeto 2.9 Jardim medieval Depois da queda do Império Romano, o luxo e o requinte foram abandonados; tornou-se a viver a economia rural e a simplicidade de hábitos. As igrejas e os mosteiros constituíram-se em centros de toda a ati- vidade social, qualquer espaço útil recebia seu uso funcional, como a obtenção de alimentos ou ervas. O que era necessário para a subsistência dos monges deveria ser obtido no próprio convento. A água e o horto passaram a ocupar o primeiro lugar. A arte dos jardins, como também outras manifestações culturais ficaram adormecidas com o fim do Império Romano. As plantas medicinais eram valorizadas e apareceram os jardins botânicos, como o de Carlos IV de Praga. Escritas de destaque: • 1260: São Alberto de Magno escreve De Vegetabilibus como um testemunho de época. • 1304: surge o Opus Ruralium de Petrus Crescencius, que abor- da a manutenção dos gramados. • 1467: Colonna escreve O sonho de Polifilo, no qual descreve, em detalhes, um jardim imaginário. Esse livro aparece como um estandarte dos humanistas do século XV e será a base dos novos jardins do Renascimento. Material do Estudante 39 2.9.1 Vegetação e formato As características básicas do jardim medieval são: • Planta quadrangular. • Espaço fechado. • Sentido utilitário das plantas. O centro do jardim é ocupado pelo elemento água, por meio de uma fonte ou poço que simboliza o centro da vida e facilita a irrigação em qualquer parte. Em torno desse centro simbólico e funcional há quatro canteiros geométricos separados entre si por caminhos. Alguns desses ca- minhos exibiam plantas trepadeiras que formavam túneis. Cultiva- vam-se ervas aromáticas e medicinais, temperos, algumas plantas frutíferas, uma pequena horticultura e também algumas flores. O simbolismo tinha grande importância e acreditava-se que plantas medicinais guardavam propriedades químicas e mágicas. Algumas flores representavam o simbolismo religioso, como as rosas verme- lhas, que remetiam ao amor divino. Saiba mais • Na Idade Média os jardins quase desapare- ceram, ficando reduzidos a áreas confinadas em claustros destinadas ao cultivo. • O banco com grama surge como uma evolução do banco de pedra. • O labirinto aparece no século XII. Algumas ve- zes aberto, em outras fe- chado, simboliza sempre a busca. • O jardim urbano não existe e, espontaneamen- te, surgem espaços onde o povo se encontra. 40 Paisagismo: Técnicas e Projeto 3. Jardim italiano – Renascimento O Renascimentosignifica uma oposição à Idade Média e traz de volta os tempos clássicos. Da Grécia herdou o espírito; de Roma, as formas artísticas. Tem como características o cul- to à vida, ao amor e à natureza, como na época clássica. 3.1 Formato O jardim do Renascimento é uma interação de várias cor- rentes complexas e numerosas, cujas ideias vêm de Florença a Roma. O século XIV é o princí- pio desse movimento na Itália, haja vista que uma vida urbana se desenvolve nas suas cida- des-estados e a sociedade se distancia do conceito medieval. Na segunda metade do século XIV foi surgindo uma ligação en- tre a edificação e a vegetação, expressa nos pórticos e galerias com arcos. Houve tentativa de unificação de várias perspecti- vas em uma só linha visual, um primeiro domínio dos desníveis do terreno e das escadarias. Alberti escreveu De re aedifica- toria, um tratado de arquitetu- ra que analisa a coordenação do jardim e da paisagem. Nele, estão resumidos os escritos de Plínio sobre parterres, estatuá- ria e plantação de árvores que se uniam entre si. A obra apre- senta características para esse tipo de jardim. Vila D’este Material do Estudante 41 São elas: • Implantação de regras matemáticas sobre como ordenar um jardim (Alberti e Francisco de Giorgio). • Transferência para o jardim das regras guiadas para a cons- trução do Palácio. • Desenho de uma planta para o jardim, como feito para a casa. • Perspectiva sempre linear, em busca da direção mais favorá- vel e precisa, sempre com um ponto de princípio e outro de término. • O jardim como transição entre a arquitetura e a natureza. • A vegetação sempre verde, perene, compacta, com aspecto definitivo (cipreste, pinus), massa uniforme que pode ser con- trolada. As flores ficam reduzidas aos jardins secretos. • A água aparece de modo artificial ( jogos de água), como fon- tes, cascatas e espelhos d’água. Tem representação escultóri- ca, sendo Netuno a mais comum. • A estatuária tem importância na decoração: bustos, colunas, baixo-relevo, balaustradas, jarros, grutas etc. Exemplificando Locais em que aparecem o jardim italiano: • Villa Caprarola. • Villa Lante. • Projetos de Giacomo da Vignola. • Villa Medici de Miche- lozzo. • Jardins de Boboli (Pa- lácio Pitti) de Amman- nati. • Villa d’Este, em Tivoli, construída pelo Car- deal Hipólito d’Este. Villa D’este. O terreno, em níveis, facilita um jogo de vistas em uma grande exten- são, ordenado por parterres e em torno de um eixo principal, que unia o palácio, e outro transversal, que separava a parte plana da mais acidentada. O resultado é uma composição fechada, harmonicamente organiza- da em terraços onde todos os espaços ficam definidos. O jardim, fragmentado e concebido como uma verdadeira composi- ção arquitetônica, é um complemento do palácio. 42 Paisagismo: Técnicas e Projeto Saiba mais Vicino Orsini Homem interessado em ciências ocultas, filosofia, mitologia clássica e outras matérias, que claramente se baseiam no jardim. As linhas do desenho se perderam, restaram al- guns grupos de estátuas e massa de vegetação. Seu traçado fugia às regras de harmonia que dominavam o Renascimento italiano. A vegetação era plantada de maneira desordenada. Ao subir uma colina, cabeças decapitadas emergiam do solo, chegando ao plano no qual existe um templo renascentista dedicado à sua mulher. Encontra-se, também, uma grande cabeça com a boca aberta para simu- lar a entrada do inferno. Ao que tudo indica, o pro- jeto baseia-se na fábula dos gigantes que atacam o Olimpo. O jardim está mais próximo de um bos- que sagrado do que de um jardim renascentista. 3.1.1 Localização do jardim italiano Villa Orsini A Villa Orsini é denominada O inferno da Bomarzo, no norte de Roma. Seu proprietário, Vicino Orsini, é, possivelmente, o autor do projeto. 3.1.2 Fim do jardim italiano Com a morte de Giacomo Barozzi Vignola, começa a desaparecer o jardim italiano como arte nacional e diferenciada. O contato com outras nações faz com que seu período inicie com esplendor, co- piando e produzindo um ecletismo que se desvirtua do original (um barroco inicial). Como exemplo desse estilo de jardim temos Villa Aldobrandini e Villa Borghese. 4. Jardim francês – Racionalismo No século XVI, as pequenas propriedades da França conservam a associação utilitário-ornamental. Numerosos tratados de agricul- tura, que dedicam um capítulo ao jardim ornamental, aparecem nesse período. Os jardineiros aprendem a desenhar parterres de boj e de plantas aromáticas, modelam árvores e arbustos em formas geométricas ou figurativas. Tudo segundo o ritmo e a harmonia inspirados nas regras descritas por Alberti. Mudança nos jardins Amboise, Blois e Gaillon Seduzido pelos jardins de Poggioreale, perto de Nápoles, Carlos VIII regressa à França com um grupo de artistas italianos e transforma os jardins Amboise, Blois e Gaillon. Os jardins, ainda fechados, não têm relação com a arquitetura dos palácios e castelos. Material do Estudante 43 O jardim de Villers-Cotterêts O jardim de Villers-Cotterêts apresenta, pela primeira vez na França, uma avenida de árvores de grande porte, formada pelos italianos residentes no país. Os artistas franceses inauguram uma tradição de viagem de formação à Itália, regressando com um conhecimento teórico e referências das obras visitadas. 4.1 Formato O relevo na França, menos acidentado que na Itália, deixava os platôs com pequenos desníveis, o que possibilitava uma vista do- minante de todo o conjunto de parterres. A água formava grandes espelhos em canais sobre os eixos ou em canais transversais. Nos cenários dos jardins de Vaux-le-Vicomte, cada visitante tinha direito aos efeitos surpreendentes dos princípios ópticos. Le Nôtre colocou, no extremo de cada parterre, um grande espelho d’água quadrado, com o objetivo de conseguir uma ilusão. Versalhes: a influência do rei sobre os aspectos do jardim O rei Luís XIV, monarca absoluto conhecido como rei Sol, tinha três preocupações: • Manter o poder. • Distrair a corte e dominá-la. • Organizar suas aventuras amorosas. Saiba mais André Le Nôtre era filho de jardineiros que traba- lhavam com os melhores especialistas da França nos jardins do Palácio das Tulherias. Le Nôtre passou a fre- quentar os ateliês do Louvre e tinha grande ha- bilidade com o desenho. Passou seis anos com Si- mon Vouet – artista de Luís XIII –, dominava os problemas e teorias da perspectiva e estudava as Leçons de perspective positive, de Jacques du Cerceau. Nesse tratado, o autor representava os edifícios e as paisagens segundo as regras de uma ciência absoluta. A construção de grutas nos jardins se popularizou na França, assim elas passaram a ser apreciadas por muitas pessoas e construídas com maior frequência. Aquele que viesse do edifício, enxergaria como se as grutas re- pousassem sobre os espelhos. Chegando ao canal, o observador voltaria a vista para contemplar o palácio e receberia outra surpre- sa: a fachada seria inteiramente refletida no espelho d’água. 44 Paisagismo: Técnicas e Projeto O jardim do rei absoluto não de- veria ter limites ou, ao menos, não deveria demonstrá-lo. A cidade de Versalhes constituiu um salto qualitativo na história, superando Vaux-le-Vicomte. Le Nôtre obteve uma importância mais expressiva do que os ar- quitetos Le Vau e Mansart. Versalhes tinha um terreno com vários desníveis, pouca vegeta- ção e áreas constantemente inundadas. Material do Estudante 45 Em síntese, podemos descrever Versalhes do seguinte modo: • Terraço com extensos gramados, composto de grande espe- lho d’água fronteiriço à longa fachada de 670 m do palácio e pelo magnífico tapete de relva (tapete verde). • Enquadrado entre dois maciços de árvores, entrecortadas por fontes e pequenos e frondosos bosques, que se dividem em avenidas em forma de estrelas. • Grande canal ao fundo em formato de cruz. • Perspectiva retilínea com visão panorâmicados terraços e es- cadas, que se desdobram suavemente e acompanham o de- clive do terreno. • A vista encontra a natureza livre e canalizada pelas árvores, perdendo-se ao fundo do canal sobre um horizonte de prada- rias. Outras perspectivas secundárias também são observa- das do castelo. • O jardim se completa com a decoração escultórica (jarros, vasos de bronze, taças de mármore com baixo-relevo alegórico etc.). Além de Versalhes, existem outros locais que apresentam essas ca- racterísticas de jardim, tais quais: Trianon, Clagny, Chantilly, Fon- tainebleau, Meudon, Saint-Cloud e Sceaux. Fontainebleau 46 Paisagismo: Técnicas e Projeto 5. Jardim inglês – Paisagístico Compreende-se o jardim inglês como uma reação imediata/ins- tantânea contrária aos excessos do racionalismo do jardim francês logo que termina a “era Le Nôtre”. O jardim inglês recebeu grande influência do jardim oriental (chi- nês), praticado de maneira espontânea. O Conselheiro Bacon é considerado a primeira pedra do jardim in- glês, apesar do seu ecletismo. O plano de mudança para o jardim inglês resume-se à obtenção de um visual agradável para cada mês, não somente pelas formas das flores ou frutos, mas também pelas folhas, pelas cores em contraste, pela textura etc., que representam a base do paisagismo moderno. Saiba mais Francis Bacon Filósofo e ensaísta inglês, conhecido como Bacon de Verulâmio, barão de Veru- lam (ou Verulamo, ou ain- da Verulâmio) e Visconde de Saint Alban. Material do Estudante 47 5.1 Influências no formato do jardim inglês Observe a evolução do jardim inglês no esquema a seguir. John Parkinson A Garden of Pleasant Flowers (Um jardim de flores agradáveis), pri- meiro grande livro sobre jardins da Inglaterra. Descreve quase mil flores, ervas, vegetais e árvores frutíferas. Inclui mais de 800 xilo- gravuras, nomes de plantas latinos e familiares, descrição física e indicação das origens das plantas. Mais adiante, outras publicações de botânica aplicada e obras dedi- cadas ao cultivo de plantas com uma grande parte descritiva foram tornando-se comuns em razão dos descobrimentos dos botânicos nas colônias, que eram cada vez mais numerosas. No princípio do século XVIII, surgiram condições para uma nova for- ma radicalmente distinta: • Inglaterra obteve poderio marítimo e sua monarquia constitu- cional correspondia a uma bandeira de liberdade diante das monarquias absolutistas de outros países europeus (França e Espanha) que, do ponto de vista colonial e comercial, eram seus grandes rivais. • O local tinha condições climáticas, geográficas e culturais da Inglaterra, portanto bastante diferentes da francesa e italiana. • Com o custo elevado da manutenção e conservação de jardins recortados, compostos por desenhos e formatos artificiais, os ingleses propuseram o jardim paisagístico, que deveria imitar a natureza em seu traçado livre e sinuoso. O jardim inglês imita a paisagem natural, logo o desenho é simplificado. John Parkinson 1567 1650 1685 1748 1682 1745 Stephen Switzer 1715 1783 William Kent Lancelot Brown 48 Paisagismo: Técnicas e Projeto Stephen Switzer Abordava que “(...) a arte do desenho de jardim consista em que as formas se ajustem ao conjunto, e o conjunto se adapte à natureza e aos usos do lugar”. Em sua atuação, conservava certas normas de regularidades e for- mas geométricas, segundo as quais o jardim deveria utilizar curvas e a plantação das árvores deveria ser irregular. William Kent Era pintor, jardineiro e reformou o parque Stowe. Apropriou-se do ha-ha e de construções clássicas distribuídas na paisagem que re- cordavam as vistas dos pintores. Considerava a natureza um jardim que necessitava de um leve retoque. O jardim inglês é descrito como um desenho livre, que possibilita à imaginação seguir os meandros das correntes de água, colinas e sinuosas plantações espontâneas. Material do Estudante 49 Lancelot Brown Foi considerado pelos seus admiradores o melhor representante do paisagismo. Não participa do paisagismo pitoresco de Kent nem do jardinismo de Humphry Repton, paisagista inglês que pintava a pai- sagem antes de implantá-la. Aos 24 anos, responsável pelos jardins de Stowe, ele modificou os planos de Kent e foi contratado para novos projetos, como Warwi- ck Castle, Croome Court – este último durou 25 anos e ambos se mostraram bons exemplos de projetos que duravam vários anos. O serviço, em geral, tratava-se de uma remodelação do terreno, novas plantações e recondução da água. Os projetos de Brown reduzem a diferença entre o natural e o cria- do pelo paisagista. Nesse sentido, os pintores, inicialmente, con- templavam vistas naturais, reproduziam-nas nas telas e serviam de inspiração para os paisagistas, que planejavam paisagens que dife- riam cada vez menos do natural e passavam a ser referência para esses mesmos pintores. Warwick Castle 50 Paisagismo: Técnicas e Projeto 6. Jardim japonês O jardim chino-japonês tem início aproximado em 1.200 a.C. e apre- senta mudanças de estilo que não são tão aparentes como as produ- zidas nos jardins do Ocidente. A observação da natureza deriva da doutrina budista e é vinculada, diretamente, à residência, lugar de contemplação. O jardim é um espaço estético de evolução histórica, dividido em diferentes etapas. O jardim reproduz a ideia do paraíso; influência chinesa. 1185 1332 1615 1888 1332 1615 A influência zen, favorecida pela chegada ao poder dos samurais Shogun-Ashikaga, com o surgimento dos jardins de areia e dos jardins do chá. Época de YEDO-HEDO, jardim paisagístico. Características gerais: • Pintura como base de inspiração. • Abstração, que pode estar vinculada a diferentes objetivos: místico, contemplativo e de recriação. • Elementos da paisagem (pedra, água, vegetação, modulação do terreno, casa etc.) são incorporados ao jardim com uma reflexão filosófica sobre seu caráter ou procedência. Material do Estudante 51 6.1 Jardim-paraíso Na cidade de Quioto, esse tipo de jardim passa por alterações no seu formato em momentos históricos. Veja. O jardim Ryoan-ji, no mosteiro de Daiju, é um jardim de meditação. Situa-se no interior de um recinto arquitetônico (dois lados com- postos de edifícios e dois lados compostos de muros), tem uma su- perfície de 30 m x 10 m e está integrado por 15 pedras, agrupadas em formação de 5, 2, 3, 2, 3. Foi desenhado por Senshui e Soami. O jardim Kinkaku-ji é o reflexo da consideração japonesa e respei- to ao paraíso. O pavilhão está situado sobre a água e é um obser- vatório do lago, dividido em duas partes: paisagem próxima e pai- sagem distante. Já o jardim Daisen-in, em Quioto, atribuído a Saomi, em forma de L (9,14 m x 4, 50 m), almeja a recriação de uma paisagem miniatura por meio da colocação das pedras sobre uma base de areia. 6.2 Jardins secos Ainda em Quioto, registram-se os seguintes acontecimentos: Muso Soseki foi o criador do jardim de Saiho-ji, que significa a mu- dança e a aparição do jardim-paraíso. Conhecido como jardim do musgo, contém, em sua parte inferior, um jardim seco. O conjunto do jardim evoca a eternidade. É um caminho de pregação e medi- tação, é o paraíso que representa o Sanzen Sekai (mundo eterno). 1339 1394 1450 1513 52 Paisagismo: Técnicas e Projeto Material do Estudante 53 6.3 Jardins do chá Em 1583, a democracia da época Momoyama é responsável pela di- fusão da cerimônia do chá. Na realidade, a cerimônia consiste em um pavilhão e um espaço anexo a ele, cujo percurso se faz indivi- dualmente. 6.3.1 Formatos O Katsura (1579-1647), obra de Kobori Enshu, tem extensão de 4 ha (quatro hectares), sendo que um sexto dele é ocupado por um lago. Apresenta caminhos sinuosos, diversificação e importantes elementos ornamentais. Em 1770, pedras marcam diversos cami- nhos do jardim. O conjunto contém diversos pavilhões de chá com seus jardins cor- respondentes. Os elementos vegetais são tratados para valorizarsuas qualidades estéticas individuais. 7. Breve história brasileira Principais acontecimentos: • Na primeira metade do século XVII, o príncipe Maurício de Nassau ordenou que se providenciasse a urbanização dos nú- cleos de Olinda e Recife. Nas casas, a única preocupação em relação às plantas era com sua utilidade como alimento, com características aromáticas ou na medicina caseira. • No período colonial, em ambiente rural, um quintal rodeava a casa-sede da propriedade agrícola. A parte frontal quase sempre era um grande terreiro limpo e varrido, onde se seca- va café e se realizavam festas e danças. O pomar situava-se nos fundos e tinha dimensões pequenas. • Nos engenhos de açúcar de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Sergipe e Bahia, o tratamento paisagístico marcava o conjun- to como o coração da propriedade rural, pelo contraste esta- belecido entre diversas variedades de frutas dos pomares e, também, pela presença de plantas embelezadoras para que- brar a monotonia dos canaviais circundantes. • Surgem alguns jardins ligados à arquitetura religiosa nos claustros dos mosteiros e conventos. 54 Paisagismo: Técnicas e Projeto 7.1 Jardins públicos Os primeiros jardins públicos surgiram no fim do período colonial. Um bom exemplo é o Passeio Público do Rio de Janeiro, o primeiro deles a ser construído por Mestre Valentim durante o vice-reinado de D. Luís de Vasconcelos. O jardim sofreu profundas modificações na segunda metade do século passado pelas mãos do botânico fran- cês Auguste François Marie Glaziou, que veio para o Brasil a convite de Dom Pedro II, ocupou o cargo de diretor de Parques e Jardins da Casa Imperial e inspetor dos jardins municipais do Rio de Janeiro. Reformou o Passeio Público, os jardins da Quinta da Boa Vista e do Campo de Santana. Logo após a chegada da corte, foi criado o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, inicialmente um horto de aclimatação de espécies asso- ciado às plantações de chá. Nessa época, chega ao Brasil a palmeira imperial (Roystonea regia), originária das Antilhas. Nesse período, surgem outros locais com jardins públicos, como: • Belém. • Olinda. • Ouro Preto. • São Paulo. Em princípios do século XIX, por meio de D. João VI, é dada autori- zação para abrir os portos a outras nações. Paralelamente, na Eu- ropa, iniciava-se a ampliação do conhecimento humano no campo das ciências naturais. 7.2 Plantas do jardim brasileiro Nos primeiros anos do século XIX, houve um intenso trânsito pelo interior do país, quando botânicos, zoólogos, geólogos e diversos outros cientistas ligados à natureza cruzavam o Brasil em todas as direções. Nesse movimento, estavam envolvidos: Spix e Martius (Ba- viera), George Gardner (Escócia), Georg Langsdorff (Prússia), Augus- te de Saint-Hilaire (França) e o príncipe Wied-Neuwied (Alemanha). Material do Estudante 55 Jardim Botânico - Rio de Janeiro 56 Paisagismo: Técnicas e Projeto O que é? Autóctone Que é natural da região onde habita ou se encontra. Algumas plantas levadas para a Europa retornaram ao Brasil mais tarde como “novidades importadas”, tais quais as buganvílias, que foram descobertas nas ilhas da Guanabara, e outras plantas exóti- cas, de origem asiática, africana, do Caribe e da América Central. Algumas, como a amendoeira e espatódea, passaram a fazer parte das nossas paisagens. 7.3 Parques e jardins Rio de Janeiro Em meados do século passado, como parte integrante da missão artística e científica francesa, chega ao Rio de Janeiro o engenheiro hidráulico Auguste Marie François Glaziou, convidado por D. Pedro II para ocupar o lugar de diretor-geral de matas e jardins. Nesse período, destacam-se os parques do Campo de Santana e da Quinta da Boa Vista, projetos situados no Rio de Janeiro, com clara inspiração no jardim paisagístico. Ainda no século passado destacou-se o trabalho do Parque Lage (1840), obra do paisagista inglês John Tyndale. O Rio de Janeiro foi o primeiro a utilizar, com propósitos intencio- nalmente plásticos, elementos da flora autóctone em uma compo- sição artística. Em meados do século XX, Roberto Burle Marx valorizou, de maneira nunca antes lograda, a utilização do elemento vegetal nativo. O reflorestamento das áreas da Tijuca e das Paineiras com árvores autóctones, em sua maioria, seria outro exemplo se a preocupação não tivesse sido apenas de proteção aos mananciais, com vistas ao abastecimento de água para o Rio de Janeiro. Desse modo, o reflo- restamento configura uma preocupação técnica, não paisagística. Georg Marcgraf (1638 e 1644) No Brasil Holandês, Herbarium Vivum Brasiliense reuniu uma coleção de plantas secas, hoje guardadas no Museu Botânico de Copenhague. Alexandre Rodrigues Ferreira (1783 e 1792) Viajou ao Brasil durante o reinado de D. Maria I, “com a missão de recolher e aprontar todos os produtos dos três reinos da natureza que encontrasse e remetê- -los ao Real Museu de Lisboa”. Frei Leandro do Sacramento (Por volta de 1788) Coordenou os trabalhos de levantamento da flora fluminense, que resulta em uma coleção de 1.640 desenhos e descrições de plantas dessa região. Material do Estudante 57 Campo de Santana Quinta da Boa Vista 58 Paisagismo: Técnicas e Projeto Material do Estudante 59 Parque Lage 60 Paisagismo: Técnicas e Projeto Fatos históricos importantes desse período: • Os jardineiros portugueses, franceses e alemães tentaram trazer para os jardins um pouco da terra natal com rosas, dá- lias, crisântemos etc. • A Praça Paris, no Rio de Janeiro, de influência europeia, ser- viu de modelo para a maioria das cidades. • A simetria se tornou quase obrigatória na composição das praças do interior. • Roberto Burle Marx retornou ao Brasil em 1929, no momento em que construíam os jardins da Praça Paris. Foi convidado para fazer os jardins da casa da família Schwartz ( já demo- lidos), na Rua Tonelero, Rio de Janeiro, projetada por Lucio Costa e Gregori Warchavchik. Jardins tropicais A residência modernista de Gregori Warchavchik, em São Paulo, foi o primeiro jardim tropical brasileiro, elaborado por Nina Klabin. No período de 1934 a 1937, Burle Marx exerce as funções de diretor de parques de Recife, projeta e executa os primeiros jardins com um sentido ecológico, relacionando diversas formações fitogeográficas do Brasil. Em 1943, sua associação com o botânico Mello Barreto acentuou e consolidou essa tendência. Nesse período, ele realizou diversas excursões pelo interior do país e definiu as diretrizes bási- cas para o estabelecimento de uma nova solução de uso da vegeta- ção tropical em projetos de paisagismo. Material do Estudante 61 Aterro de Copacabana Vista aérea de Copacabana Alargamento da Av. Atlântica, Rio de Janeiro-RJ, 1970 62 Paisagismo: Técnicas e Projeto Estilos de Jardins Material do Estudante 63 1. Jardim clássico ou formal 1.1 Características gerais • Linhas geométricas e simetria de traçado. • Estilos francês e italiano. • Plantas monocromáticas ou de cores vibrantes e diversificadas. 64 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1.2 Composição vegetal • Ciprestes. • Arbóreas. • Buxos recortados. • Roseira. • Glicínia e hera. • Plantas de forração anuais, responsáveis pela cor do jardim. Material do Estudante 65 1.3 Materiais e elementos de composição • Figuras de topiaria (esculturas vegetais). • Estátuas, chafarizes e fontes. • Jarros e vasos com plantas recortadas. • Escadarias. • Acessos marcados por arcos e pérgolas. • Mobiliário rebuscado. • Cercas de ferro e balaustradas de concreto. 66 Paisagismo: Técnicas e Projeto 2. Jardim rochoso ou rústico 2.1 Características gerais • Jardim monocromático, porém rico em texturas. • Traçado de formas livres. • Terrenos acidentados, pois são considerados os mais apro- priados para implantação. • Paisagem árida com presença de sol e pouca água. • Gramas utilizadas como contenção do terreno. Material do Estudante 67 2.2 Composição vegetal • Árvoresirregulares, disformes e com ramos retorcidos. • Algumas palmeiras de regiões áridas, como carnaúba e urucuri. • Flores anuais responsáveis pela cor nesse tipo de jardim: on- ze-horas, flor-da-fortuna, dedo-de-moça, cactáceas, suculen- tas, iúcas, gazânia, echevéria, agaves e babosas. 68 Paisagismo: Técnicas e Projeto Saiba mais A presença da madeira também se evidencia no mobiliário e nos elemen- tos construtivos, que po- dem ser compostos até mesmo de pedaços de troncos sem nenhum tra- tamento. 2.3 Materiais e elementos de composição • Pedras, pedriscos, seixos, manchas de areia, tijolo e argila ex- pandida. • Cascas de árvore e serragem. • Madeira em toras, bolachas, painéis e decks. • Vasos de barro. 3. Jardim oriental ou japonês 3.1 Características gerais • Os aspectos visuais, como texturas e cores, são tidos como menos importantes. • A reflexão filosófica e o culto à natureza, sem se preocupar com a simetria, são uns dos seus principais fundamentos. • Reúne muitos simbolismos que transmitem paz e espirituali- dade, fazendo, com isso, um convite à contemplação. • Seus caminhos são sempre tortuosos para não quebrar a inte- gração. Material do Estudante 69 • Pedras dispostas em número ímpar, preferivelmente três, cin- co ou sete (considerados os números da felicidade), sugerem que a própria natureza as colocou ali. • Laguinhos, riachos ou cascatas simbolizam a superação. • Luminárias de pedra representam o espírito bom e iluminado. • Plantas de grande beleza ocupam lugares de destaque. 3.2 Composição vegetal • Arbóreas, como cerejeira-do-japão, macieiras e extremosas rosa, lilás e branca, bambu, grama-preta, camélias, azáleas arbustivas e anãs, magnólia arbustiva branca, bordo japonês, ardísia, jasmim, íris, glicínias, tuias e nandinas. • Ondulações no terreno. • Grama-japonesa (zoysia tenuifolia) ou areia bem grossa e branca para integrar o conjunto. 3.3 Materiais e elementos de composição • Pequenos lagos, cascatas, riachos com seixos e tanques. • Pontes de madeira, passarelas de tronco ou de pedra. • Cercas de bambu e/ou madeira. • Lanternas de pedra. • Pedriscos brancos e pedras. • Carpas em lagos, dando colorido ao jardim. • Rochedos, areias penteadas, cascalho e seixos. 70 Paisagismo: Técnicas e Projeto 4. Jardim tropical 4.1 Características gerais • Integração perfeita com a arquitetura modernista. • Caracterizado pelo traçado informal, com caminhos sinuosos e pouco marcados, avessos à poda e à simetria. • Principal elemento de composição: plantas exuberantes, de cores vibrantes que se adaptam a pleno sol ou à meia sombra, atuando o gramado como elemento fundamental na integra- ção dos diversos espaços verdes. Material do Estudante 71 4.2 Composição vegetal • Árvores frondosas, como flamboyant, jasmim-manga e pal- meira. • Plantas arbustivas, como filodendro, bananeira ornamental, helicônia, costela-de-adão, hibisco, estrelítzia, dracena, pri- mavera, gardênia, beri, orquídeas, bromélias, samambaias e avencas. HelicôniaStrelitzia Costela-de-adão Jasmim Samambaia 72 4.3 Materiais e elementos de composição • Presença de água em piscinas, lagos, espelhos d’água, fontes, cascatas e riachos. • Pedras em manchas e arremates de lagos. • Revestimento em tijolos, seixos, madeiras, pedras, placas de concreto e grama. • Pérgolas em madeira com a função de sustentar a vegetação. • Decks de madeira. • Mobiliário em madeira ou pedra. • Vasos de barro e fibra de coco, substituindo o xaxim. Paisagismo — Ténicas e Projeto Material do Estudante 73 5. Jardim contemporâneo 5.1 Características gerais • Forte influência dos jardins japoneses, franceses e america- nos. • Elementos formais de correntes ecléticas e modernistas. • Liberdade de composição, com traçado que pode ser simétri- co ou assimétrico. • Integração entre jardim e edificação, formando simbologias. • Em muitos casos, a vegetação é empregada em pequena quantidade, de modo a destacar-se quase como uma escultu- ra, tais quais as topiarias. Ela também pode compor com ma- ciços de vegetação, criando um impacto visual que depende dos cenários projetados. • O mobiliário tem destaque na composição do cenário, sendo mais utilizados os de madeira, aço e plástico. 74 Paisagismo: Técnicas e Projeto 5.2 Composição vegetal • Arbóreas, como jasmim-manga, palmeiras, bambu-mossô, estrelítzia, bromélia, agapanto, lança e espada-de-são-jorge, buxo e fícus recortados, cicas e fórmio. • Vegetação com afinidades e compensação, ou seja, florescem em diferentes épocas do ano. Material do Estudante 75 5.3 Materiais e elementos de composição • Revestimentos em cerâmica, seixos (principalmente bran- cos), vidro, madeira, pedras e pastilhas de vidro. • Fontes e espelhos d’água com formas geométricas. • Vasos de formas geométricas com topiaria ou plantas escul- tóricas. • Esculturas de aço, pedra e concreto. • Iluminação direcionada, marcando a vegetação. 76 Paisagismo: Técnicas e Projeto Unidade Curricular Desenho Básico Aplicado a Paisagismo A Unidade Curricular Desenho Básico Aplicado a Paisagismo está desenvolvida em cinco temas. Veja. Desenhos Técnicos 1. O desenho e o traço à mão livre 2. Desenho aplicado a paisagismo Desenhos Paisagísticos 1. Planta de situação 2. Planta de localização Vistas Técnicas 1. Caminhos e pisos Tipos de Espécies Vegetais em Desenhos Paisagísticos 1. Espécies vegetais em desenhos paisagísticos 2. Estudando a vegetação: técnicas de representação gráfica Perspectiva 1. O que é perspectiva Material do Estudante 79 Desenhos Técnicos 80 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1. O desenho e o traço à mão livre Para o paisagista, é fundamental o trabalho com desenho à mão livre. Ele deve ser treinado para representar em esboços/croquis as ideias de projetos, para que se aproximem cada vez mais do que foi pensado. Nesse processo, é necessário ter uma precisão objetiva e representar, o mais próximo possível, o objeto observado. Para o desenvolvimento de traços, é preciso observar, além da pre- cisão, a espessura, a hierarquia e os grafites. • Espessura: está relacionada ao peso que se deseja atribuir ao traço para representar um objeto ou expressar uma ideia de projeto. • Hierarquia: propicia utilizar intensidades diferentes de tra- ços para conferir maior realidade ao desenho e diferenciar planos em distâncias distintas do observador. • Grafites: a existência de grafites de vários tipos possibilita, por meio da escolha, chegar ao resultado desejado. Os grafites variam quanto a sua dureza em categorias classificadas nas séries H e B, acompanhados de numeração que indica sua intensi- dade nessa classificação, sendo H o mais duro e B o mais macio. Os grafites mais usados em desenhos de interiores são H, HB e B; HB é o mais comum entre os profissionais da área por ser um grafite intermediário. Veja a tabela de grafites das séries B e H mostrados na figura a seguir. Fonte: PPT da aula de Des. Básico da Prof. Carla Canella. O hábito de desenhar ajuda o aluno a perceber melhor os detalhes do que está observando. O que é? Croquis São desenhos feitos à mão, sem instrumentos específicos, para repre- sentar uma ideia, um ob- jeto ou um ambiente da maneira mais clara pos- sível. Em um croqui não importa a precisão da informação, e sim a pre- cisão da ideia. Material do Estudante 81 2. Desenho aplicado a paisagismo O projeto paisagístico é composto de várias etapas que são consi- deradas muito importantes em todo o seu desenvolvimento. Veja quais são. Nas pranchas estão as representações gráficas que constituirão o pro- jeto paisagístico, nas plantas constam as espécies vegetais que serão usadas e no memorial descritivo emprega-se o detalhamento, com justificativas e instruções para implantação e manutenção do jardim. 2.1 Instrumentos de desenho Além do croqui e do desenho de observação, são utilizadas algumas ferramentas e regras na elaboração dedesenhos técnicos. Para o projeto paisagístico, não esgotaremos todas as informações relati- vas a desenho técnico, mas vamos nos munir de informações, fer- ramentas e técnicas que são fundamentais para a representação de um projeto paisagístico. Pranchas com desenhos Plantas Memorial descritivo 82 Paisagismo: Técnicas e Projeto Algumas dessas ferramentas são: Folha de papel-manteiga ou vegetal A3 Lápis de desenho com grafites H, HB, 2B, 4B e 6B Borracha branca macia Apontador Gabaritos e curva francesa Régua paralela Material do Estudante 83 Transferidor e compasso Lápis de cor Guache Giz pastel Canetas hidrocor Escalímetro 84 Paisagismo: Técnicas e Projeto 2.1.1 Régua T e esquadros Como utilizar Observe a posição correta da lapi- seira para obter um desenho com maior precisão. PUXE, NÃO EMPURRE Material do Estudante 85 2.1.2 Escalímetro Como utilizar 2.1.3 Traços e linhas Linhas de contorno • Contínuas. • Utilizadas para representar artefatos no interior da planta. • A espessura varia com a escala e a natureza do desenho. • Representação: Linhas internas • Contínuas. • Firmes, porém de menor valor que as linhas de contorno. • Representação: 30 29 28 27 26 25 10 5 01:20 0 1m 1m 86 Paisagismo: Técnicas e Projeto Linhas situadas além do plano do desenho • Tracejadas. • Têm o mesmo valor que as linhas de eixo. • Representação: Linhas de projeção • Compostas de traço e dois pontos. • Indicadas para representar projeções de pavimentos superiores, mar- quises, balanços, entre outros. • Em projeções importantes, devem ter o mesmo valor que as linhas de contorno. • Representação: Linhas de eixo ou coordenadas • Utilizadas para indicação de zonas em plantas muito grandes, indi- cação de eixos de simetria e eixos de peças em desenhos de detalha- mento. • Compostas de traço e ponto. • Firmes, definidas, com espessura igual ou inferior às linhas internas e com traços longos. • Representação: Linhas de cotas • Contínuas. • Firmes, definidas, com espessura igual ou inferior à linha de eixo ou coordenada. • Representação: Linhas auxiliares • Utilizadas para auxiliar a realização de desenhos, além de suporte à representação de letras e números nas cotas e no preenchimento de pranchas. • Contínuas. • Indicadas para construção de desenho, guia de letras e números. • Podem ser mantidas ou apagadas após serem utilizadas. • O traço é o mais leve possível. • Representação: Fonte: Adaptação do Prof. Luís Greno. Atenção Fique atento às normas: • NBR 8403/1984: apli- cação de linhas em dese- nhos (tipos e larguras das linhas). • NBR 6492/1994: re- presentação de projetos de arquitetura. • NBR 10068/1987: fo- lha de desenho layout. Material do Estudante 87 2.1.4 Carimbo Veja, a seguir, um exemplo de carimbo. A figura abaixo apresenta a localização do carimbo na folha: (ALTURA DA LETRA DO CARIMBO = 3 mm) 185 01 01 20 54 Quadro da folha (Margem do desenho) Limite da folha (Margem da folha) Carimbo Número da folha Número do projeto 543535 7 178 CENTRO POLITÉCNICO SENAC – TÉCNICO EM DESIGN DE INTERIORES NOME DO ALUNO NOME DA DISCIPLINA TRABALHO EXECUTADO ESCALA: ....... DATA: ..../..../.... MÓDULO NOME DO PROFESSOR 10 10 10 10 10 7 50 carimbo 88 Paisagismo: Técnicas e Projeto Desenhos Paisagísticos Material do Estudante 89 Desenhos Paisagísticos 1. Planta de situação A planta de situação é a locação do terreno dentro de uma área, seja loteamento urbano, seja rural. Sua finalidade básica é repre- sentar o formato do lote e os elementos que identifiquem a confor- mação da quadra. 2. Planta de localização A planta de localização tem sua importância para o entendimen- to da locação de nossa edificação e demais elementos no terreno. Nela, determinamos os limites do terreno com o passeio e a rua, o contorno externo da edificação no terreno ou, ainda, inserimos a vista da planta de cobertura que abrange sempre a vista superior. Nessa prancha, informamos: • Cotas gerais do terreno e cota da rua. • Indicação geográfica do norte. • Nome das ruas. • Número do lote e indicação de elementos topográficos. 90 Paisagismo: Técnicas e Projeto Nessa planta aparecem todos os elementos que compõem a implan- tação do terreno, como áreas de lazer, passeios, acessos, muros, equi- pamentos etc. Nunca esquecer a indicação da posição do norte. O que devemos representar em um desenho paisagístico? Relacionamos, a seguir, elementos que deverão aparecer na repre- sentação gráfica de um desenho paisagístico. • Linhas de delimitação do terreno. • Linhas de delimitação do passeio. • Contorno do perímetro da edificação – quando utilizada a planta de cobertura, as linhas do perímetro da cobertura e edificação devem ser tracejadas. • Desenho de muros, acessos, elementos construtivos, calça- das, canteiros, árvores, arbustos, cercamentos, entre outros. Material do Estudante 91 Em relação às informações que farão parte do desenho, sempre evi- denciar: • Cotas gerais do terreno. • Cotas gerais e parciais da edificação, bem como suas distân- cias em relação ao terreno. • Indicação geográfica do norte. • Indicação dos canteiros e espécies vegetais. • Indicação de acessos de veículos e pedestres. • Título do desenho, nome da planta e escala indicada. • Outros dados que se fizerem necessários. Atenção • Igualmente ao que foi estudado em uma fase anterior, a hierarquia dos traços deve obede- cer à posição de cada elemento e sua distância em relação ao campo de visão do observador. • Quando possível, po- sicionar cotas na parte externa do desenho. Caso contrário, elas poluem o projeto e confundem as infor- mações. • Os elementos proje- tados no terreno po- dem receber hachuras, texturas e colorização para diferenciar cada tratamento ou mate- rial que os constituem. 92 Paisagismo: Técnicas e Projeto Vistas Técnicas Material do Estudante 93 As vistas técnicas destinam-se a informar a posição relativa à altura de elementos no ambiente a ser estudado. Pode-se utilizar o croqui de uma vista para realizar um levantamento. Veja, a seguir, exemplos de vistas técnicas. Saiba mais As vistas técnicas também podem ser chamadas de elevações. 94 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1. Caminhos e pisos O que é preciso saber sobre desenho de pisos e texturas O projeto técnico utiliza texturas para definir pisos e materiais uti- lizados. As mesmas texturas podem ser reproduzidas nas paredes para representar diferentes situações. Quais são os tipos de pisos usados em paisagismo? • Pedras em diferentes formatos e paginações, como ardósia, quartzos, granitos, pedras portuguesas (de cor branca, preta, bege e vermelha), pedriscos, britas e areias. • Madeiras e cascas. • Decks. • Cerâmicas. • Porcelanatos. • Pisos cimentícios. • Vidros. • Pisos intertravados. • Pisos emborrachados. Material do Estudante 95 96 Paisagismo: Técnicas e Projeto Tipos de Espécies Vegetais em Desenhos Paisagísticos 98 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1. Espécies vegetais em desenhos paisagísticos • Árvores de copa rala. • Árvores de copa densa. • Coníferas. • Palmeiras. • Maciços de flores. • Arbustos diversos. • Maciço de cerca viva. • Forrações e gramados. 2. Estudando a vegetação: técnicas de representação gráfica Nessa parte dos seus estudos, você vai realizar um conjunto de ativi- dades com auxílio do instrutor. Fique atento a todas as orientações. Perspectiva 100 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1. O que é perspectiva A perspectiva é uma maneira de representação que mostra o objeto como ele é, com suas três dimensões, proporcionando uma visão da volumetria. Unidade Curricular Princípios Agronômicos e Botânicos Aplicados ao Paisagismo A Unidade Curricular Princípios Agronômicos e Botânicos Aplicados ao Paisagismo está desenvolvida em sete temas. Veja. Conhecendo as Plantas 1. Botânica 2. A evolução do reino vegetalNoções de Botânica 1. Sistemática vegetal 2. Nomenclatura botânica 3. Fitogeografia Clima 1. Clima e luminosidade 2. O mapeamento das sombras 3. Maquete esquemática Solo 1. Tipos de solo 2. Perfil do solo com suas camadas 3. Coleta e análise do solo 4. Correção do solo 5. Composição para plantio em vasos ou jardineiras: misturas de solo Adubação 1. Adubação orgânica 2. Adubação verde Irrigação e Drenagem 1. Irrigação 2. Drenagem Controle de Pragas 1. Controle natural de pragas 2. Inseticidas caseiros Material do Estudante 103 Conhecendo as Plantas 104 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1. Botânica É a parte da biologia que estuda as plantas, ou seja, é o estudo da morfologia e da fisiologia dos vegetais. As partes que compõem uma planta são: Conheça, a seguir, cada uma dessas partes detalhadamente. 1.1 Raiz É um órgão, subterrâneo ou não, que tem função de fixação e absorção. Folha Fruto Flor Caule Raiz Material do Estudante 105 1.1.1 Tipos de raízes Pivotante: a planta tem uma raiz principal, da qual partem raízes laterais que, por sua vez, também ramificam. Exemplo: feijão, laranjeira, goiabeira e outras. 106 Paisagismo: Técnicas e Projeto Fasciculada: a raiz parte de um mesmo ponto e tem formato de cabeleira. Exemplo: milho, grama e outros. Material do Estudante 107 1.1.2 Especialização de raízes Velame: armazena a água que não pode retirar do solo. Exemplo: orquídea. Adventícia: nasce nos caules e folhas e é independente da raiz primária. Exemplo: unha-de-gato. 108 Paisagismo: Técnicas e Projeto Escora: são raízes a princípio adventícias, que servem posterior- mente de sustentáculos. Sua principal função é aumentar a susten- tação da planta, com sua penetração no solo. Exemplo: certas espécies do gênero Pandanus. Tabular: raízes compostas por ramos muito longos para suportar o peso da planta. Auxiliam a fixação da planta no solo e, por meio de seus poros, possibilitam a absorção de oxigênio. Exemplo: sumaúma da Amazônia. Material do Estudante 109 Tuberosa: especializada no armazenamento de grandes quantida- des de substâncias nutritivas. Exemplo: cenoura. Respiratória: garante a aeração em pântanos e terrenos pouco arejados. Exemplo: siriúba Avicennia tomentosa, planta comum nos manguezais. 110 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1.2 Caule É um órgão vegetal, normalmente aéreo, cuja função é dar suporte às folhas, aos órgãos reprodutores e à condução da seiva bruta e elaborada. Veja os tipos a seguir. Tronco: caule com ramificação. Exemplo: amendoeira. Estipe: caule sem ramificação. Exemplo: coqueiro. Material do Estudante 111 Colmo: caule com nós e entre-nós aparentes. Exemplo: bambu. 1.2.1 Especialização do caule São variações caulinares com a finalidade de manter a sobrevivência do vegetal. Veja exemplos. Trepadeiras (volúvel e sarmentosa) 112 Paisagismo: Técnicas e Projeto Rizoma (samambaias, avencas e outras) Bulbo (tulipas, açucena, cebola e outras) Tubérculo (batata-inglesa) Material do Estudante 113 1.3 Folha As folhas têm as funções de respiração, proteção e fotossíntese. Veja ao lado as partes que compõem a folha. 1.4 Flor É responsável pela reprodução sexuada dos vegetais superiores. Conheça as partes de uma flor. Limbo Pecíolo Bainha Corola (Pétalas) Cálice (Sépalas) Pedúnculo Androceu (Estames) Receptáculo Gineceu (Carpelos) 114 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1.5 Fruto O fruto é o ovário após a fecundação, com as sementes já formadas pelo desenvolvimento dos óvulos. Tem a função de facilitar a dis- persão das sementes. Conheça as partes de um fruto. Endocarpo Semente Epicarpo Mesocarpo Material do Estudante 115 Semente 1.6 Semente A semente é o óvulo desenvolvido após a fecundação, que contém o embrião, com ou sem reservas nutritivas, e é protegido pelo tegu- mento. A semente tem a função de reprodução de plantas que produzem flores. 116 Paisagismo: Técnicas e Projeto 2. A evolução do reino vegetal Sem dúvida, o conhecimento da sistemática botânica não é indis- pensável ao paisagismo, mas existem alguns grandes grupos cuja identificação na prática é interessante para entender melhor o de- senvolvimento da planta, enraizamento, estrutura aérea, obtenção de mudas, sementes etc. Conheça esses grupos e suas classificações a seguir. Briófitas (musgos) As briófitas (ou musgos) são grupos de plantas verdes, sem raízes (mas com um rizoide composto de absorventes) e também sem um verda- deiro caule ou folhas. São desprovidas de um sistema vascular, motivo pelo qual se desenvolvem preferencialmente em locais úmidos. Material do Estudante 117 Pteridófitas (samambaias) As pteridófitas foram os primeiros vegetais vasculares, isto é, do- tados de vasos e divididos em raiz, caule e folhas. Essas caracterís- ticas possibilitaram a elas atingir maiores dimensões do que qual- quer outra planta terrestre existente até então, transformando-as nas primeiras plantas a abandonar por completo o meio aquático. Angiospermas e gimnospermas Diferenciam-se quanto ao posicionamento dos órgãos reproduto- res, produzem flores e frutos com características próprias. 118 Paisagismo: Técnicas e Projeto Angiospermas (mono e dicotiledônia) Plantas que produzem flor com fruto protegido, atualmente desig- nadas Magnoliophytas (mais de 200 mil espécies). Gimnospermas Plantas com “sementes nuas” ou sem flores verdadeiras, como os pinheiros (cerca de 700 espécies conhecidas). Hoje em dia, as gimnospermas são designadas Pinophytas. Monocotiledôneas e dicotiledôneas Têm características diferentes ainda na fase embrionária (dentro das sementes) que vão determinar o tipo de raiz, as estruturas aére- as (caules e ramos) e certas características das folhas, importantes na composição de jardins. Monocotiledôneas (liliopsida) Dicotiledôneas (magnoliopsida) As monocotiledoneas costumam ter um só cotilédone, raiz fasciculada (cabeleireira) e folhas paralelinérveas. Pertencentes à divisão Magnoliophyta, ou plantas com flor, que têm dois ou mais cotilédones. Outras características incluem raiz axial e folhas com nervação reticulada. Material do Estudante 119 Noções de Botânica 120 Paisagismo: Técnicas e Projeto 1. Sistemática vegetal É a parte da botânica que tem por finalidade agrupar as plantas den- tro de um sistema, levando em conta suas características morfológi- cas externas, suas relações genéticas e suas afinidades. Classificação em botânica É a ordenação das plantas em categorias hierárquicas, conforme suas afinidades ou seu grau de parentesco. Cada espécie é classi- ficada dentro de um gênero, cada gênero dentro de uma família, as famílias estão subordinadas a uma ordem, cada ordem a uma classe e cada classe a uma divisão. Toda essa organização em hierarquia corresponde a um reino. Veja. Saiba mais Lineu (1707-1778) É considerado o “pai” da botânica moderna e autor de Species Plantarum, em 1753. Reino Divisão Classe Ordem Família Gênero Espécie Material do Estudante 121 A seguir, você conhecerá os elementos principais dessa classificação. • Família: os gêneros estão contidos em um grupo mais abran- gente denominado família. Esse agrupamento é feito em fun- ção das características botânicas de cada planta. A família é composta de vários gêneros, embora algumas delas possam apresentar apenas um. As palavras que denominam as famí- lias de plantas quase sempre terminam em “aceae”. Exemplo: Bromeliaceae (família das bromélias). • Gênero: é caracterizado dentro de uma família de plantas por uma hierarquia maior e quase sempre homogênea nos seus caracteres. Exemplo: Bromélia. • Espécie: as diferentes plantas de um gênero denominam-se espécies e estabelecem distinções dentro de uma hierarquia menor. O nome da espécie vem logo após o do gênero, for- mando com este um binômio. Exemplo: Aechmea chantinii (espécie). 122 Paisagismo: Técnicas e Projeto 2. Nomenclatura botânica
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