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A INTERFERENCIA OCLUSAL NA ORIGEM DE LESOES CERVICAIS NAO CARIOSAS

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1
6
 
A INTERFERÊNCIA OCLUSAL NA ORIGEM DE LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS
 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	2
2 REFERENCIAL TEÓRICO	3
2.1 OCLUSÃO IDEAL	3
2.2 INTERFÊNCIA OCLUSAL	3
2.3 ASSOCIAÇÃO ENTRE INTERFERÊNCIA OCLUSAL E LCNC	4
2.4 DIAGNÓSTICO DA ASSOCIAÇÃO DAS ETIOLOGIAS DA LCNC	7
3 METODOLOGIA	10
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO	11
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS	20
REFERÊNCIAS	21
 
RESUMO
A Lesão Cervical Não Cariosa (LCNC) pode ser entendida como sendo o desgaste patológico multifatorial, que vem a promover a perda da estrutura dentária próximo à junção amelocementária, por intermédio do processo não carioso, fatores intrínsecos ou extrínsecos promovem esse desgaste e o mesmo também pode ser causado por tensão, através do mecanismo de abfração, diante disso as interferências oclusais seriam um dos fatores de tensão responsáveis pelo surgindo das LCNCs. Desse modo o objetivo desse estudo é realizar uma revisão de literatura frente a associação entre as lesões cervicais não cariosas e as interferências oclusais. Esse estudo se caracteriza como uma revisão de literatura narrativa, no qual foram selecionados estudos a partir da base de dados eletrônica: National Library of Medicine (PubMed), através da utilização dos descritores consultados no banco de descritores Medical Subject Heading (MeSH) combinados com operador booleano “AND”: “non-carious ceatrvical lesion”, “dental occlusion” e “bruxism”. Selecionando estudos datados entre 2010 a 2021, nos idiomas inglês e português, que abordassem o tema proposto. Um total de 1030 artigos foram achados entretanto após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram apenas 22 artigos que serviram de base para esse estudo. Os autores estudados verificaram relações entre as LCNCS e os fatores oclusais, destacando assim queos fatores oclusais interferem de forma progressiva no desenvolvimento das LCNCS, sendo importante destacar que os cirurgiões dentistas precisam estar atentos frente a essa temática. Para que assim seja obtido o sucesso no tratamento odontológico.
Palavras Chaves: lesão cervical não cariosa. oclusão dentária. bruxismo 
ABSTRACT
Non-carious Cervical Injury (NCNC) can be understood as a multifactorial pathological wear, which promotes the loss of the tooth structure close to the cementoenamel junction, through the non-carious process, intrinsic or extrinsic factors promote this wear and the same it can be caused by tension, through the abfraction mechanism, considering that occlusal interferences would be one of the tension factors responsible for the emergence of LCNCs. Thus, the aim of this study is to carry out a literature review regarding the association between non-carious cervical lesions and occlusal interferences. This study is characterized as a narrative literature review, in which studies were selected from the electronic database: National Library of Medicine (PubMed), through the use of descriptors consulted in the Medical Subject Heading descriptor bank (MeSH) combined with Boolean operator “AND”: “non-carious ceatrvical lesion”, “dental occlusion” and “bruxism”. Selecting studies dated between 2010 and 2021, in English and Portuguese, that addressed the proposed topic. A total of 1030 articles were found, however after applying the inclusion and exclusion criteria, only 22 articles remained, which served as the basis for this study. The authors studied verified relationships between the LCNCS and occlusal factors, thus highlighting that occlusal factors progressively interfere in the development of the LCNCS, and it is important to emphasize that dental surgeons need to be aware of this issue. So that success in dental treatment is achieved.
 Keywords: non-carious cervical lesion. dental occlusion. bruxism.
1 INTRODUÇÃO 
A Lesão Cervical Não Cariosa (LCNC) pode ser caracterizada pelo desgaste patológico multifatorial, que promove a perda da estrutura dentária próximo à junção amelocementária, através do processo não carioso, o que vem a provocar o desconforto estético ao paciente, acúmulo de alimentos e, quando ocasionado a exposição de dentina, podem estimular a Hipersensibilidade Dentária (HD). Apresentando maior prevalência em indivíduos de faixa etária mais avançada, principalmente acima dos 50 anos, devido à maior exposição aos fatores etiológicos que levam à formação e progressão dessas lesões. Entretanto, as LCNCs são encontradas também em jovens e adultos, especialmente naqueles que apresentam hábitos parafuncionais, como bruxismo e apertamento dental (MACHADO et al., 2012).
Os dentes com maior prevalência de LCNC são os pré-molares e mais de 90% dessas lesões se localizam na face vestibular, devido à constrição cervical que esses dentes apresentam, gerando maior concentração de tensão nessa região e também devido à menor espessura óssea encontrada na face vestibular desses dentes, deixando-os mais susceptíveis à formação das lesões (BRANDINI et al., 2012).
As LCNCs iniciam subgengivalmente na região cervical dentária, podendo ocorrer em quaisquer das faces dentais e, à medida que é prolongada a ação do seu fator desencadeante, tornam-se mais profundas. A abertura dos túbulos dentinários ao meio bucal é promovida pela exposição da superfície dentinária que, em presença de um estímulo, promove a movimentação dos fluidos tubulares, atingindo as extremidades dos nervos pulpares e provocando a sensação de dor. Nesse contexto, a hipersensibilidade é um dos maiores motivos para o paciente buscar ajuda profissional (COSTA et al., 2018).
Por ser uma lesão com etiologia multifatorial, essa pode estar relacionada aos processos de fricção, biocorrosão e tensão. Os acontecimentos que podem causar desgaste não carioso em superfície dentária então podem ser a fricção, que corresponde à degradação do dente por meio de processos friccionais biomecânicos; biocorrosão, que indica desgaste do elemento dentário por degradação química, bioquímica ou eletroquímica de origens intrínseca ou extrínseca; e também por tensão, através do mecanismo de abfração, que é a perda microestrutural de substância dentária em áreas de concentração de tensão, além do contato de dois dentes durante a atividade mastigatória normal ou parafuncional (GRIPPO et al., 2012).
Nesse contexto, as interferências oclusais seriam um dos fatores de tensão responsáveis pelo surgindo das LCNCs. As forças laterais geradas na mastigação e no bruxismo trariam resultante na região cervical do dente, quebrando as ligações químicas entre as estruturas cristalinas do esmalte e dentina. A oclusão é ideal, quando as forças mastigatórias durante a função são direcionadas primariamente pelo longo eixo do dente, sendo dissipadas e causando mínima distorção dos cristais de hidroxiapatita da dentina e do esmalte. Não é ideal, quando forças laterais significantes são geradas, podendo causar flexão no dente, criando assim dois tipos de estresse, o compressivo na parte que o dente é flexionado, e o tensional no lado oposto. Localiza-se mais próxima do fulcro a região de maior estresse tensional, enquanto a de maior estresse compressivo encontra-se na região do contato oclusal, fulcro e ápice da raiz. Por causa da alta resistência à compressão da dentina e do esmalte, não há quebra da estrutura cristalina por compressão, todavia como o dente não é capaz de suportar tensão, esta pode ocasionar quebra na união entre os cristais de hidroxiapatita (BRANDINI et al., 2015).
A compreensão das características e etiologias das LCNCs é de suma importância para diagnosticar a causa, definir um prognóstico correto, visto que pode ser confundida com outras condições dentárias que causam sintomas similares como fratura de restaurações e síndrome do dente rachado entre outras (MACHADO et al., 2013). Diante disso o objetivo desse estudo é realizar uma revisão de literatura no intuito de verificar a associação entre as lesões cervicais não cariosas e as interferências oclusais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 OCLUSÃO IDEAL
É de fundamental importância,que o cirurgião dentista tenha consciência dos princípios que regem uma oclusão normal e ideal em dentes naturais, e quando necessário utilizar critérios adequados para que haja o restabelecimento de uma oclusão, tornando-a funcional e estável (FONSECA et al., 2015).
Segundo Okerson et al. (2012), oclusão ideal e estável é caracterizada quando a transmissão resultante das forças oclusais está direcionada para o longo eixo dos dentes posteriores, contatos dentários posteriores bilaterais e simultâneos; dimensão vertical de oclusão adequada; movimentos de lateralidade são promovidos pelos caninos, guia anterior imediata, oclusão mutuamente protegida e relação cêntrica coincidindo com a máxima intercuspidação habitual.
 	Pode se considerar que uma oclusão é fisiológica quando apresenta harmonia entre os determinantes anatômicos e as unidades fisiológicas do sistema estomatognático, não gerando patologias aos tecidos. Os componentes do sistema mastigatório funcionam eficientemente e sem dor, encontram-se em estado de saúde. Os dentes são firmes, não migram, não doem antes ou depois de se contatarem, a ATM e estruturas associadas funcionam livres e equilibradas, sem dor ou ruídos, ressaltando também a existência de saúde periodontal (GOMES et al., 2010). 
A oclusão patológica pode manifestar-se como sinais físicos de trauma e destruição. Na maior parte das vezes, os resultados da desarmonia oclusal são observados na forma de facetas de desgaste severas nas superfícies oclusais, fraturas de cúspides e mobilidade dentária (FONSECA et al., 2015). 
2.2 INTERFÊNCIA OCLUSAL
O bruxismo é considerado um transtorno involuntário e inconsciente de movimento, caracterizado pelo excessivo apertamento e/ou ranger dos dentes, podendo ocorrer durante o sono ou em vigília – o ranger envolve um forte contato entre os dentes superiores e inferiores, seguidos de movimentos da mandíbula, produzindo sons desagradáveis, enquanto o apertamento se caracteriza por contatos dentários silenciosos, fortes e sem envolvimento da mandíbula (MACIEL et al., 2010).
Foram atualizadas recentemente as classificações e definições de bruxismo, segundo Lobbezoo et al. (2018) elas se dividem em bruxismo diurno e bruxismo do sono. O bruxismo diurno é uma atividade muscular mastigatória durante a vigília que é caracterizada por contato dentário repetitivo ou mantido e mantido pela mandíbula, e não é um movimento desordenado em indivíduos saudáveis. Já o bruxismo do sono é definido por uma atividade muscular mastigatória durante o sono caracterizada como rítmica ou não-rítmica e não um distúrbio de movimento ou um distúrbio do sono em diferentes indivíduos saudáveis.
 	O apertamento dental ocorre durante a vigília, este sendo identificado pela tensão dos músculos da face por longos períodos, principalmente em momentos de tensão, estresse, grande concentração e nervosismo. É considerado um distúrbio de comportamento e fator de risco para DTM (LOBBEZOO et al.; 2013). Segundo Lavigne et al. (2010) é caracterizado por um apertamento voluntário consciente, relacionado diretamente ao estresse, fatores emocionais e parafunções. Desgastes dentários, hipertrofia do masseter e temporal, linha alba em mucosa jugal e marcas dentadas em língua, são sinais presentes em pacientes com apertamento dental. 
A guia canina anterior é um padrão de guia de desoclusão, onde somente os caninos devem estar em toque. Devido, no sentido cérvico-incisal, os caninos são os maiores dentes do arco, os demais dentes devem estar em desoclusão. Desta forma, o canino superior e o inferior do lado de trabalho realizam um contato dentário deslizante promovendo a desoclusão do lado de balanceio (SANTOS et al.; 2014).
De acordo com Loureiro (2011), a ausência de contatos dos caninos, seja por mau posicionamento, desgaste fisiológico ou parafuncional, faz com que os movimentos de lateralidade da mandíbula sejam orientados pelos dentes vizinhos, podendo gerar desgaste em áreas estéticas, lesões cervicais não cariosas, e maior atividade muscular. 
2.3 ASSOCIAÇÃO ENTRE INTERFERÊNCIA OCLUSAL E LCNC
Durante toda a sua vida, pacientes podem apresentar um desgaste fisiológico constante em seus dentes. Entretanto, esse desgaste pode ser acentuado por fatores extrínsecos e/ou
intrínsecos, sendo resultado de três processos: fricção, biocorrosão e tensão. Observações clínicas mostram que os mecanismos individuais do desgaste atuam dificilmente sozinhos, embora interaja um com o outro. Essa interação pode ser o fator principal nos desgastes
oclusal e cervical (GRIPPO et al., 2012).
Shetty et al. (2013) conceitua LCNC como a perda patológica de tecido duro em decorrência de forças biomecânicas que causam flexão dental e consequente fadiga da dentina e do esmalte, em um local distante do ponto da carga oclusal. Apresentam-se clinicamente em forma de cunha, em sua grande maioria profundas e com margem definida. 
Segundo Soares et al. (2013), a associação dos três tipos de LCNC pode incidir, uma vez que, a abfração é uma provável etiologia que submerge através de estresse oclusal que aparentemente produz prejuízos minerais cervicais e predispõem a biocorrosão e tensão.
A LCNC decorre de forças oclusais traumáticas no qual decompõem a dentina, o esmalte e o cimento. São típicas formas de fendas agudas, que tendem a ser perpendiculares ao longo do eixo do dente, podendo ser no formato angular ou em forma de V, localizados na região do colo e com aspecto liso e brilhante. Vale salientar que, os pré-molares são os dentes mais acometidos de LCNCs por contada sua configuração anatômica, localização na arcada, assim como também ocorrem em pacientes com bom suporte ósseo e sem doença periodontal. (GONÇALVES et al., 2011).
Andreaus et al. (2011), chegou à conclusão depois do seu estudo sobre as lesões cervicais que ocorrem em dentes sujeitos a forças laterais que os dentes adjacentes não sujeitos a estas forças permaneceram não afetados e as lesões dificilmente vistas na face lingual dos dentes. Tais lesões podem ocorrer em zonas subgengivais, pois, um efeito sinergético de fatores como o trauma oclusal, bruxismo, ingestão de substâncias ácidas e distúrbios sistêmicos que provocam regurgitação do suco gástrico podem levar ao aparecimento e a formação de LCNC.
Biocorrosão dentária é definida como a perda progressiva de tecido dentário duro mediante a ação de substâncias químicas e sem envolvimento bacteriano. O seu desenvolvimento erosivo se dá de etiologia multifatorial, sendo modular por fatores determinantes biológicos, químicos e comportamentais (SOARES et al., 2015).
São características clínicas da biocorrosão, contornos arredondados, sem pigmentação, lesão lisa, acometendo mais as fases linguais e palatinas dos dentes anteriores e oclusais e linguais e/ou palatinas dos posteriores (GONÇALVES et al., 2011)
A causa endógena (fatores intrínsecos) é mais severa do que aquelas com causas externas e este quadro é conhecido como perimólise. A biocorrosão relacionada aos transtornos alimentares, embora afete as superfícies palatinas e oclusais de todos os dentes superiores, é confinada às superfícies vestibulares e oclusais dos molares e pré-molares inferiores (VASCONCELOS et al., 2010)
Entretanto, é necessário enfatizar que a prevalência de biocorrosão dentária é altamente variável contendo consequências alteráveis em virtude dos agentes etiológicos que acabam envolvendo com intensidade que se encontram presentes, e assim resultam em destruição coronária, com perda do elemento dentário, que acontecem em alguns casos a serem mais severos por apresentar consequências importunas como anteriormente já citadas (ZEOLA et al., 2015).
Abfração representa um tipo de LCNC, onde há perda de estrutura dentária numa região bastante suscetível e de grandes forças biomecânicas oclusais e incidência de tensões: a zona cervical dos dentes (JAKUPOVIC et al., 2014). Ela consiste em uma junção de forças que causam flexão, com isso gera pequenas fraturas no esmalte e na dentina (SARODE et al., 2013). Considera-se,portanto, uma destruição patológica de tecido dentário, não relacionada à cárie, vm sido observada em pacientes como resultado de sobrecargas oclusais como no caso do bruxismo e por contatos durante os movimentos excêntricos (MARCAUTEANU et al., 2014).
Compreendem-se que LCNCs são alterações caracterizadas pela perda gradual de tecido mineralizado na região cervical do dente, causadas por uma associação de fatores e que não tem nenhum envolvimento bacteriano (KINA et al., 2015). Essas associações de fatores podem decorrer o rompimento dos prismas de esmalte e a desorganização da estrutura dentinária cervical. Os principais fatores envolvidos nesse processo são: a ação de agentes químicos que promovem a biocorrosão do esmalte e da dentina, os desgastes oclusais associados a fenômenos abrasivos e o carregamento oclusal exagerado (SOARES et al., 2014).
2.4 DIAGNÓSTICO DA ASSOCIAÇÃO DAS ETIOLOGIAS DA LCNC
Para alcançar um diagnóstico diferenciado mais preciso da etiologia das LCNCs, é necessário observar história médica e odontológica, realizando um criterioso exame clínico e uma minuciosa anamnese, fazer uma análise oclusal e ter conhecimento sobre dieta e as práticas de higiene oral. Por isso a dificuldade de diagnosticá-las, sendo fundamental e indispensável a necessidade de um correto diagnóstico (AMARAL et al., 2012).
É preciso buscar detalhes na anamnese, afim de obter informações sobre os hábitos alimentares, costume de regurgitações, higiene bucal, consumo de álcool e medicamentos, problemas estomacais, bem como disfunção das glândulas salivares. O exame clínico irá permitir uma boa visualização da presença de lesões e a classificação do estágio de progressão em que as mesmas se encontram: perda de substâncias orgânicas salivares que cobrem a superfície dentária, seguido da perda de mineral da superfície do dente, devido à presença de um agente descalcificante e, por último, a destruição da superfície dentária descalcificada por uma ação bioquímica e biofísica e mecânica (MACHADO et al., 2012).
Grippo et al. (2012) alertam que é de fundamental importância, antes de designar um único mecanismo, para atingir um diferencial mais preciso no diagnóstico da etiologia das LCNCs, tonar uma história médica e odontológica abrangente, exame oclusal, rever práticas de higiene oral e acompanhamento da dieta. Segundo Amaral et al. (2012), são fatores essenciais para o sucesso do tratamento, diagnosticar, determinar o fator etiológico das LCNCs e orientar o paciente quanto ao seu problema, já que esse depende de colaboração do paciente. Destacando também que o tratamento das LCNCs irá depender do grau de comprometimento da estrutura dental e da etiologia da lesão.
A conclusão de um diagnóstico correto com base nas características e causas
das lesões cervicais não cariosas é de fundamental importância quanto à decisão da
realização ou não de uma intervenção restauradora (AMARAL et al., 2012). Esse
diagnóstico, na maior parte das vezes, é difícil devido à combinação dos tipos de lesões
e informações imprecisas passadas pelo paciente. De acordo com Sousa et al. (2018) o Cimento de Ionômero de Vidro (CIV) é empregado nas áreas da Odontologia Restauradora, apresentando grande sucesso clínico nas restaurações de LCNC. Assim como também, a Resina Composta (RC) que conta com propriedades mecânicas e estéticas. Atualmente esses dois materiais são os mais empregados na prática clínica.
Brandini et al., (2012) estudaram a mal oclusão e hábitos parafuncionais como fator etiológico principal das LCNC’s. O estudo foi conduzido com uma amostra de 132 voluntários, sendo 30 homens com idade média ± desvio padrão, 23,7 ± 3,05 anos; 102 mulheres, média de idade ± desvio padrão, 24,9 ± 5,86 anos. A seleção dos participantes foi realizada seguindo critérios como, dentição completa, não sendo necessário a presença do terceiro molar, boa estrutura óssea, atualmente em tratamento ortodôntico e ausência de cárie cervical ou obturações. Os participantes foram avaliados por um dentista calibrado. Também como método da pesquisa, foi utilizado o Índice Fonseca para verificar a presença e grau da DTM e um questionário de atividades parafuncionais. Os autores relataram a importância da abfração, de 132 pacientes, LCNC foi identificada em 52 casos (39,4%), sendo mais prevalentes nos homens com 50,0%, já nas mulheres, a prevalência foi de 36,3% (P = 0,176). As LCNC’s concentraram-se nos pré-molares superiores (31,8%), pré-molares inferiores (17,4%) e molares superiores (15,2%). Os achados não mostraram relação significante entre o bruxismo (P = 743), hábitos parafuncionais sem contato dentário (P = 0,594) e presença de LCNC, mas observou-se que as LCNC`s poderiam estar ligadas a hábitos parafuncionais com contato dentário, como apertamento dentário (P = 0,033) e morder as unhas (P = 0,028). Reiterando a tese que os pacientes apresentavam hábitos parafuncionais, verificou-se que o apertamento dentário ocorreu em 57,7% dos indivíduos, o roer das unhas em 32,7% e o bruxismo em 28,8%, curiosamente, a diferença entre o grupo de LCNC e o grupo controle foi estatisticamente significativa para apertamento dentário e roer de unhas. Os autores concluíram que a intensidade da força é maior durante o apertamento dentário do que no bruxismo excêntrico, e constatou que a ocorrência de LCNC aumenta com a idade, devido à potencial relação da LCNC com apertamento dentário, roer das unhas e Disfunção Temporomandibular (DTM), desta forma, estes fatores devem ser incluídos no diagnóstico e no plano de tratamento das LCNC`s.
Brandini et al., (2012) realizaram uma pesquisa na qual o objetivo foi avaliar a relação potencial entre forças oclusais e a ocorrência de LCNC. Foram examinados 111 voluntários, sendo 30 homens com a média de idade de 23,6 anos e 81 mulheres com a média de idade de 23,7 anos. Um grupo controle, representado por participantes que não apresentam LCNC, também foi utilizado, para comparação dos resultados. Para realizar a seleção, utilizaram critérios como, dentição não necessariamente com presença de terceiros molares, ausência de cáries ou restaurações cervicais, avaliação clínica com utilização de formulário para registro dos dados e um cirurgião-dentista calibrado para realizar o exame intra-oral. Preocupados em minimizar discrepâncias durante os diagnósticos, foi feito calibração do dentista, comparando exames de um participante, por diferentes examinadores, fazendo o examinador executar o mesmo exame em momentos diferentes. A LCNC foi observada em 46 indivíduos (41,4%), sendo encontrada associação significativa entre idade e LCNC (p=0,008). A LCNC foi mais observada nos homens (50%) do que nas mulheres (36,3%), os dentes mais acometidos foram os primeiros pré-molares superiores; o direito em 24 (23,1%), o esquerdo em 21 (20%). Na mandíbula, os pré-molares também foram acometidos por LCNC, mas em menor número. Nos 171 dentes avaliados com LCNC, a recessão gengival estava presente em 88,3% (P <0,001), facetas de desgaste em 98,8% (P<.001) e linhas de fratura de esmalte em 62,6% (p <0,001). Os autores concluíram que embora a idade não seja causa das LCNC`s, é um fator importante, pois pode representar efeitos cumulativos, da mesma forma que abfração e a maior fragilidade de esmalte, estão presentes com o aumento da idade, levando a entender a maior ocorrência de LCNC em populações mais velhas.
3 METODOLOGIA 
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, através da análise de estudos que abordam as lesões cervicais não cariosas e avaliam os fatores etiológicos, tal qual, os hábitos parafuncionais como bruxismo e apertamento dental. A busca foi desenvolvida através da análise de artigos científicos obtidos a partir da base de dado eletrônica: National Library of Medicine (PubMed), no período de 2010 a 2021, nos idiomas inglês e português. Os descritores consultados no banco de descritores Medical Subject Heading (MeSH) foram combinados com operador booleano “AND”: “lesão cervical não cariosa ”,“ oclusão dentária ”e“bruxismo ”.“non-carious ceatrvical lesion”, “dental occlusion” e “bruxism”. Um total de 1030 artigos foram achados, e foi feita uma leitura crítica baseada em títulos e resumos, incluindo artigos, além de estudos clínicos, casos clínicos. Nos critérios de exclusão, foram identificados e excluídos artigos indisponíveis e incompletos, ensaios in vitro, estudos pré-clínicos e que não relacionem a associação entre as lesões cervicais não cariosas e as interferências oclusais, no total foram incluídos 22 artigos para revisão de literatura (figura 1).
Registros adicionais identificados através de outras fontes
(n=0)
Registros identificados através de busca nos bancos de dados escolhidos
PubMed (n=1030)
Identificação
Remoção de duplicatas
(n=315)
Triagem
Registros excluídos por serem estudos de revisão
(n=212)
	
Registros exibidos
(n=715)
Elegibilidade
Excluídos por não versarem os idiomas propostos e o período de 15 anos de publicação
(n=481)
Artigos de texto completo avaliados para elegibilidade
(n=503)
Inclusão
Estudos incluídos na síntese qualitativa 
(n=22)
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a pesquisa em questão foram selecionados 22 artigos, onde os mesmos foram escolhidos por estarem dentro dos critérios de inclusão citados anteriormente e por serem estudos in vitro e clínicos, que conseguissem trazer a tona o questionamento norteador desse estudo, centrando-se na interferência oclusal na origem de lesões não cervicais, esses então foram expostos no quadro a seguir. 
Quadro 1 Caracterização dos estudos selecionados frente a interferência oclusal na origem de lesões cervicais não cariosas. 
	Autor/ano
	Objetivo
	Principais resultados
	ESTAFAN,2005
	Avaliar a relação entre lesões cervicais não cariosas e desgaste oclusal (ou incisal).
	Não houve relação entre lesões cervicais não cariosas e desgaste oclusal / incisal. Também não houve correlação entre LCNCs e outros parâmetros examinados.
	TAKEHARA,2008
	Examinar as relações da formação de lesão cervical não cariosa em forma de V (LCNC) com fatores oclusais.
	Setenta e oito indivíduos (49,1%) tinham um ou mais dentes com LCNCs em forma de V típico (259 dentes). O número de dentes com LCNCs em forma de V de grau 2 (defeito menor que 1 mm de profundidade) foi 195 (4,3%), e o número de dentes com LCNCs em forma de V de grau 3 (defeito de 1-2 mm de profundidade) foi de 54 (1,2%). A prevalência de dentes com LCNC em forma de V foi significativamente maior na maxila do que na mandíbula. A maioria dos dentes LCNC eram pré-molares. Não houve diferença significativa entre os dentes com do lado direito e os do lado esquerdo. A análise de regressão logística em nível de sujeito revelou que a idade (OR = 1,11), a pressão de escovação (400 g, OR = 2,43) e a área de contato oclusal (> 23,0 mm 2 , OR = 4,15) foram associadas à presença de dentes LCNC.
	SMITH,2008
	Determinar a prevalência e gravidade de LCNC em uma amostra de pacientes e investigar a relação com históricos médicos e odontológicos, práticas de higiene oral, hábitos alimentares e oclusão.
	Associações significativas foram encontradas em pacientes com função de grupo, facetamento, articulações estalantes ou aqueles que usavam talas oclusais. Associações significativas também foram encontradas em pacientes com função de grupo, facetamento, articulações estalantes ou aqueles que usavam talas oclusais.
	DE OLIVEIRA, 2010
	Identificar a presença de lesões cervicais não cariosas (LCNCs) e correlacioná-las com a presença de contatos dentários prematuros e hábitos alimentares, parafuncionais e de higiene envolvidos em seu desenvolvimento.
	Os resultados foram analisados estatisticamente e não foi encontrada associação entre a presença de LCNCs e os hábitos avaliados, com exceção de mastigação unilateral.
	PIKDÖKEN,2011
	investigar se o desgaste cervical estava associado ao desgaste oclusal e aos parâmetros clínicos periodontais em adultos relativamente mais velhos.
	O desgaste cervical foi significativamente associado ao menor acúmulo de placa e à presença de bolsas superficiais. Os dentes com RG avançado e sem mobilidade aumentada tiveram 2.583 e 1.715 vezes mais chance de desenvolver lesões cervicais mais profundas, respectivamente. A idade e o nível de desgaste oclusal não tiveram relação com a profundidade vestibulolingual do desgaste cervical. Em conclusão, a associação significativa de desgaste cervical avançado com o estado periodontal relativamente saudável sugere o papel da abrasão e sua possível ação combinada com a erosão na etiologia dos LCNC
	AGUIAR,2012
	Investigar a correlação das LCNCs (severidade e acometimento), com os seguintes fatores: idade, sexo, dieta, hábitos parafuncionais, hábitos de higiene dental, distúrbios gástricos e aspectos oclusais. 
	Foi verificado uma correlação entre idade e o percentual de dentes acometidos, sendo assim foi observado que quanto maior a idade do paciente, maior é o percentual de dentes acometidos com LCNC. 
	BRANDINI,2012
	Avaliar a relação potencial entre as forças oclusais e a ocorrência de LCNC
	Uma associação significativa foi encontrada entre a presença de LCNC e idade ( P = 0,008), recessão gengival ( P <0,001), trauma oclusal ( P <0,001), presença ( P <0,001) e localização do desgaste dentário, e a função de grupo como esquema de orientação oclusal em movimentos excursivos laterais ( P <0,001).
	LEAL,2013
	Propor um modelo que simula a formação de lesões não cariosas em laboratório e estuda a influência específica de cada tipo de tensão no dano provocado ao esmalte e/ou à dentina.
	Foram observadas trincas e fraturas no esmalte cervical apenas nos espécimes submetidos à tração. Parece lícito concluir que a tensão influi na ação do ácido sobre os tecidos dentários, sendo que a tração aumenta significativamente os danos e a compressão tendem a reduzi-los.
	DA SILVA, ,2013
	Investigar a associação de fatores oclusais e gengivais com LCNC
	Os resultados obtidos pelo teste de McNemar, para as variáveis de risco categóricas, mostraram que não houve associação significativa entre as variáveis oclusais e o biotipo gengival com LCNC (p> 0, 05). 
	JAFARI,2014
	Investigar os fatores relacionados aos LCNCs. 
	Os resultados mostraram que 77,3% dos pacientes tiveram pelo menos um caso de LCNCS. 94,3% dessas lesões foram encontradas na superfície vestibular. Os dentes mais frequentemente afetados foram os caninos inferiores esquerdos. As lesões do lado esquerdo da arcada dentária foram mais frequentes que as do lado direito. Houve relação direta entre envelhecimento e ocorrência de LCNC (p <0,05), encontrando assim associação frente ao trauma. 
	PEREIRA,2015
	Analisar por meio de um estudo clinico transversal a influência das forças oclusais, assim como, de outros possíveis fatores locais na morfologia de lesões cervicais não cariosas (LCNC).
	Não houve associação direta entre a morfologia das LCNC e as forças oclusais, entretanto, a idade e o suporte ósseo, foram fatores determinantes para a prevalência de LCNC anguladas e mais severas.
	RAMALHO,2015
	Investigar a influência de diferentes fatores etiológicos na formação das lesões cervicais não cariosas (LCNCs).
	Encontrou-se correlação direta entre a severidade das lesões e a idade (p=0,04; r=0,350) e entre facetas de desgaste e lesões (p<0,05; r=0,605). Dos 250 dentes com lesões cervicais, 217 (86,8%) apresentaram facetas de desgaste e 33 (13,2%) não apresentaram facetas, o que sugere a existência de relação significativa entre a presença de facetas e de lesões (p<0,05).
	NETO,2015
	Avaliar quais os fatores responsáveis pelo aparecimento destas lesões.
	Os resultados obtidos demonstraram que cinco dos fatores apontados na literatura (utilização de palito, flúor, consumo de bebidas gaseificadas, função de grupo e bruxismo noturno) estão presentes nos pacientes portadores de LCNC.
	ERMIDA,2015
	Avaliar o desempenho clínico das restaurações em lesões cervicais não-cariosas, utilizando resina composta e ionômero de vidro no que diz respeito ao desempenho estético,funcional e biológico e sua associação com a presença ou ausência de desgaste oclusal.
	Analisando a presença/ausência de desgaste oclusal, verificamos que o desempenho dos materiais foi semelhante, não se registando influência significativa desta característica nos resultados.
	FIGUEIREDO,2016
	Verificar as características, a extensão e a profundidade da lesão, e a hipersensibilidade das lesões cervicais não cariosas (LCNC) em pacientes com alterações oclusais.
	Extensão supragengival com índice de desgaste dental de grau 1 foi prevalente na população estudada. A idade apresentou correlação positiva com o aumento da profundidade das lesões. 
	SPINI,2016
	Avaliar o comportamento biomecânico de pré-molares com LCNC submetidos a diferentes cargas ortodônticas, pelo método de elementos finitos tridimensional (MEF) e teste de extensometria.
	FEA mostrou que a LCNC resulta de maior concentração de tensão na região cervical, especialmente nos carregamentos EX e GI. RE apresenta a distribuição de tensão mais próximo de SO para todas as cargas simuladas. Para teste do extensometria, LCNC mostrou valores mais elevados de deformação e RE foi semelhante ao HI independentemente das cargas ortodônticas aplicadas. EX (36, 70 µS) e PA (42, 74 µS) mostraram maior tensão nos dentes com LCNC. 
	MACHADO, 2018
	Avaliar o comportamento biomecânico de pré-molar superior com presença de LCNC e submetido a três carregamentos oclusais distintos pelo método de elementos finitos tridimensional (3D). 
	A presença de LCNC foi fator intensificador para o aumento da concentração de tensão na região cervical. A simulação da restauração com resina composta promoveu um comportamento biomecânico simular ao do hígido.
	MODANESE, 2018
	Avaliar a prevalência de LCNCs do tipo abfração e sua relação com o diagnóstico positivo de bruxismo do sono em uma amostra de pacientes da IMED e CEOM.
	A prevalência de lesões de abração na amostra total de dentes foi de 5, 64%, sendo significativamente maior em pacientes bruxômas (8, 83%) do que em pacientes sem bruxismo (1, 38%)(p= 0,017). A presença de bruxismo foi associada à presença de abfrações (p= 0,012). No qual foi observado que o trauma influencia frente a LCNC.
	MACHADO,2018
	Avaliar a o comportamento clínico e biomecânico de protocolos restauradores de LCNCs.
	Observou-se que o contato oclusal fora do longo eixo do dente e o processo de fadiga mecânica aumentam a concentração de tensão e deformação na região vestibular cervical, principalmente quando o contato é na vertente triturante da cúspide vestibular. A presença de LCNC intensifica estes valores de tensão e deformação, entretanto, a sua morfologia não interfere significativamente. O procedimento restaurador dissipa mais homogeneamente as tensões geradas pelas forças oclusais, resultando em um comportamento mecânico próximo ao dente hígido.
	MAGALHÃES,2019
	Analisar o efeito biomecânico de LCNC e perda óssea em pré molar, durante a movimentação ortodôntica.
	A quantidade de perda óssea mostrou forte influência na intensidade das tensões geradas em todas as combinações estudadas. Concluiu-se que, a presença de LCNC gera tensões em seu interior, principalmente no movimento de extrusão; as LCNC restauradas tendem a apresentar valores de tensão em seu interior semelhante a um dente hígido; e, que quanto maior a quantidade de perda óssea alveolar, maior a quantidade de tensão gerada na raiz e no alvéolo, principalmente ao nível da crista óssea marginal.
	FONTES,2019
	Identificar a ocorrência de LCNC e os possíveis fatores associados no surgimento das mesmas.
	Na face oclusal/incisal nenhum dos fatores estudados revelou associação significativa com as LCNC.
	ALVAREZARENAL,2019
	Avaliar se a presença LCNCs esta relacionada aos fatores de risco considerados e mostrar a razão de chances correspondente em um modelo preditivo
	De todas as variáveis ​​do estudo, apenas as interferências de protrusão, interferências do lado não operante, força de escovação, valor de CPITN e consumo de saladas aumentaram o risco de LCNCS. 
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.
Legenda: LCNC- lesões cervicais não cariosas, HD- hipersensibilidade dentinária, RG- recessão gengival, CPITN- Community Periodontal Index of Treatment Needs - Índice periodontal comunitário das necessidades de tratamento, MEF- método dos elementos finitos.
5 DISCUSSÃO 
Em relação aos aspectos verificados na presente revisão, ressaltam-se que os diversos fatores causais determinam a etiologia multifatorial das LCNCs (ESTAFAN,2005) uma vez que essas lesões não são causadas por envolvimento bacteriano e sim por perda de estrutura dental dura na região cervical do dente.
Os traumas oclusais estão entre as causas que podem levar ao desenvolvimento das LCNCs (JAFARI,2014). O tipo de carregamento oclusal é um dos principais fatores para alteração do padrão de distribuição de tensão e deformação do elemento dentário (AGUIAR,2012).
As LCNC resultantes de trauma oclusal apresentam bordos angulados (forma de cunha, geralmente profundas e com margem definida) e são favorecidas por cargas oclusais com componentes horizontais que geram grande concentração de tensões na região cervical do dente, enquanto as com bordos arredondados são relacionados a cargas oclusais no sentido do longo eixo do dente e que geram tensões mais suaves (DE OLIVEIRA, 2010).
Uma vez que uma lesão cervical tenha sido originada, independente de sua etiologia, as tensões induzidas pelas forças oclusais vem a ter uma maior influência sobre a progressão dessas lesões em combinação com outros fatores, seja por erosão ou abrasão (TAKEHARA,2008). Diante disso, o tratamento das LCNC é diversificado e depende da quantidade de estrutura dental perdida, presença ou não de sensibilidade e grau de envolvimento estético (LEAL,2013).
Até o momento não há um consenso literário no que diz respeito a correlação direta entre trauma oclusal e LCNC, entretanto, vale salientar que alguns achados mostram que essa condição clínica tem influência direta a distribuição de cargas excêntricas em um dado elemento dentário (TAKEHARA, 2008; PIKDÖKEN,2011). Adicionalmente à isso o envelhecimento torna-se um fator preponderante para o surgimento e progressão de LCNC (PIKDÖKEN,2011).
A literatura descreve que o tipo de carregamento oclusal é o principal fator para alteração do padrão de distribuição de tensão e deformação do elemento dentário. Carregamento oblíquo na vertente cúspide palatina produzindo maiores valores de concentração de tensão de tração e deformação na região cervical da face vestibular, quando comparado com o carregamento ao longo eixo do dente. Este fato correlaciona com diversos estudos que analisaram a variação do carregamento, seja no local da aplicação de carga (DA SILVA, ,2013).
 Tornando evidente que o carregamento com resultante em direção obliqua ao longo eixo do dente, combinado com hábitos parafuncionais e disfunção mandibulares está relacionado ao diagnóstico da perda de estrutura dentária (PEREIRA,2015). Este resultado contradiz alguns estudos clínicos avaliados em revisões sistemáticas de literatura, que constataram não haver evidências cientificas suficientes para a correlação de LCNCs com fatores de risco oclusais (RAMALHO,2015).
 As pressões exercidas sobre os dentes podem de acordo com a literatura vir a influenciar no desenvolvimento das LCNCs e assim trazer à tona importantes dados que tem como objetivo apontar o comportamento biomecânico de pré-molares com LCNC submetidos a diferentes cargas ortodônticas, pelo método de elementos finitos tridimensional (MEF) e teste de extensometria, sendo possível verificar que essas pressões podem prejudicar os elementos dentários, bem como materiais resinosos (SPINI et al., 2016).
A ocorrência de uma oclusão com sobrecarga no elemento dentário é considerada um importante fator para a existência de LCNCs, principalmente em movimentos excursivos de lateralidade (FIGUEIREDO,2016), pois o contato oclusal somente na vertente triturante da cúspide palatina promove alteraçõesnos valores de tensão de tração acumulado próximo a junção amelo-cementária, possibilitando a falha inicial (MACHADO, 2018). A homogeneização dos contatos oclusais, a fim de resultar em uma oclusão equilibrada e com a resultante da força ao longo eixo do dente deve ser executada (MODANESE, 2018).
A evolução das LCNCs é relacionada principalmente com o acúmulo de tensão de tração na cervical, pois o valor de resistência máxima de compressão é maior do que a resistência máxima à tração, tanto para dentina como para esmalte (MAGALHÃES,2019). As LCNCs sujeitas à cargas oblíquas demostraram frente a literatura selecionada que ocorreu um maior acumulo de tração no fundo da lesão, o que sugere que ocorra maior desgaste nesta região, consequentemente resultando em uma progressão transversal (FONTES,2019).
A realização do tratamento destas lesões não consiste somente na aplicação de um protocolo restaurador repondo o tecido dentário desgastado, mas sim na abordagem de todos os fatores etiológicos da progressão desta patologia (ALVAREZARENAL,2019).
Entretanto outros achados relatam que não existe uma associação direta entre os fatores oclusais e a questão doo desenvolvimento das lesões cervicais não cariosasLCNCs para esses autores, pois essas lesões advém de muitos outros problemas além da pressão e do desgaste promovido por essas interferências mas bem como pelos fatores etiológicos e por também os fatores relacionados a uma correta higiene (PEREIRA et al., 2015). Em complemento a esses fatores, pesquisadores buscaram avaliar quais as causas responsáveis pelo aparecimento das LCNCs, e verificaram além das causas apresentadas pelos estudiosos anteriores a utilização de palito de dente , flúor, consumo de bebidas gaseificadas, função de grupo e bruxismo noturno são prováveis causas para o desenvolvimento das LCNCs (NETO et al., 2015).
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante o verificado através desse trabalho, foi possível concluir que existe uma relação direta entre as lesões cervicais não cariosas e a interferência oclusal, uma vez que uma grande parte da literatura demonstrava que os pacientes que apresentavam essas lesões possuíam interferência oclusal. Sugere-se a elaboração de novos estudos que venham a investigar essa temática, e a propor novos protocolos de tratamento.
REFERÊNCIAS
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