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O uso de células tronco na Odontologia

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REVISÕES DE LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Células tronco na odontologia 
 
 
 
 
 
 
Nascimento, L.S¹. 
1Graduando (a) em Odontologia pelas Faculdades Integradas Aparício Carvalho, FIMCA Vilhena. 
Junior, J.H.N.S.² 
2Docente do Núcleo de Saúde das Faculdades Integradas Aparício Carvalho, FIMCA Vilhena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vilhena 
2021
 Resumo 
 
As células-tronco são objetos de estudo de várias pesquisas, é tratada por pesquisadores 
e diversos profissionais da área da saúde como importante arma para combater muitas doenças. 
As células troncos podem ser divididas em dois grupos, sendo elas: células-tronco embrionária 
e células tronco adulta. É sabido que as células-tronco está armazenado em diversos órgãos do 
nosso corpo sendo em maior quantidade da medula óssea a onde é seu lugar de origem, porém 
recentemente pesquisas constataram que existem células-tronco nos dentes, que podem ser 
encontrados em dentes decíduos (popularmente conhecido como dentes de leite), folículo 
dental, papila apical, polpa dental e ligamento periodontal, dessa maneira com a descoberta de 
células-tronco em dentes foi possivel iniciar diversas pesquisas para aprofundar os 
conhecimentos sobre esse assunto, e os estudiosos chegaram na conclusão que a células-tronco 
de dentes decíduos são parecidos com células-tronco do cordão umbilical e que a partir delas 
será possível em um futura bem próximo realizar diversos tratamentos odontológicos, como por 
exemplo, a realização de uma terceira dentição por meio de células-tronco provenientes da 
própria dentição. A coleta e preservação de dentes pode ser feita pelos Bancos de Dentes 
Humanos (BDH) e pelos Biobancos ou Biorrepositórios, que tem o propósito de suprir as 
necessidades acadêmicas, fornecendo dentes humanos para a pesquisa ou para treinamento pré-
clínico dos alunos, e pelo dente ser um órgão humano, deve ser doado através de consentimento 
por escrito do doador ou responsável. Assim, para uso em pesquisa, deve ser feita uma 
Declaração de Doação de Dentes que acompanha um projeto de pesquisa com parecer favorável 
do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). 
Palavras-chaves: células-tronco, Odontologia e células-tronco na Odontologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
STEM CELLS IN DENTISTRY 
 
 Abstract 
Stem cells are the object of study of several researches, it is treated by researchers and 
several health professionals as an important weapon to fight many diseases. Stem cells can be 
divided into two groups, namely: embryonic stem cells and adult stem cells. It is known that 
stem cells are stored in various organs of our body, with the greatest amount being in the bone 
marrow where they originate, but recently research has found that there are stem cells in teeth, 
which can be found in primary teeth ( popularly known as milk teeth), dental follicle, apical 
papilla, dental pulp and periodontal ligament, in this way with the discovery of stem cells in 
teeth it was possible to start several researches to deepen the knowledge on this subject, and the 
scholars reached the conclusion that stem cells from deciduous teeth are similar to stem cells 
from the umbilical cord and that from them it will be possible in the very near future to carry 
out various dental treatments, such as a third dentition using stem cells from the dentition itself. 
The collection and preservation of teeth can be done by Human Teeth Banks (BDH) and by 
Biobanks or Biorepositories, which aim to meet academic needs, providing human teeth for 
research or for pre-clinical training of students, and by if it is a human organ, it must be donated 
with the written consent of the donor or guardian. Thus, for use in research, a Teeth Donation 
Declaration must be made that accompanies a research project with a favorable opinion from 
the Research Ethics Committee (CEP). 
 
Keywords: stem cells, Dentistry and stem cells in Dentistry
 
INTRODUÇÃO 
 
As células-tronco são objetos de estudo de várias pesquisas recentes, é tratada por 
pesquisadores e diversos profissionais da área da saúde como importante arma para combater 
muitas doenças, principalmente aquelas que desafiam a ciência há muito tempo, como o 
câncer, a degeneração neuronal, na recuperação de pacientes tetraplégicos e na Odontologia. 
A chave para a utilização das células-tronco é a sua capacidade de diferenciação em vários 
tipos celulares, de acordo com o estímulo recebido. Hoje, sabe-se que há várias fontes de 
células- tronco adultas, tais como medula óssea, sangue, córnea e retina, fígado, pele, trato 
gastrintestinal, pâncreas e polpa dental, sendo que é mais abundante na medula óssea. 
Uma das características mais importantes das células-tronco adultas é a plasticidade, 
que significa a habilidade de uma célula-tronco adulta de um tecido diferenciar-se em tipos 
celulares especializados de outro. Sob condições experimentais, por exemplo, células-tronco 
adultas da medula óssea geram células semelhantes a neurônios ou a qualquer outro tipo 
celular encontrado no cérebro. Evidências sugerem que, de acordo com o ambiente, algumas 
células são capazes de reprogramação genética para gerar células especializadas 
características de outros tecidos. 
A cavidade bucal é mais do que “a porta de entrada” de alimentos, não tendo a 
higienização correta pode também ser o caminho para muitas doenças. A falta de cuidados 
com a boca favorece o aparecimento de cáries e o surgimento das periodontopatias – doenças 
dos tecidos que circundam os dentes (gengiva, ligamento, alvéolo-dentário e osso alveolar) 
– que desencadeiam doenças sistêmicas que podem levar à perda dos dentes. Pesquisas 
realizadas pelo Ministério da Saúde com adolescentes brasileiros mostram que 45% já 
perderam, pelo menos, um dente por negligência na saúde bucal e 28% tiveram todos os 
dentes extraídos de uma das arcadas, além disso segundo National Institute of Dental and 
Craniofacial Research, 27.27% dos idosos, com 65 anos ou mais, perderam todos os dentes. 
O panorama brasileiro é alarmante, pois 8 milhões de brasileiros não têm nenhum dente e 30 
milhões dos que possuem algum, não utilizam prótese. Consequentemente o edentulismo 
completo ou parcial resulta em dificuldades de mastigação, fonação, comprometimento 
estético, alteração do bem-estar físico e psicológico do paciente. 
Dessa maneira para proporcionar uma melhor qualidade de vida para os pacientes os 
profissionais da Odontologia podem oferecer métodos protéticos em pacientes que estejam 
parciais ou totalmente edentados. Porém fazer uma prótese sobre implante, ou outra 
reabilitação, sempre representa um desafio, pois muitos pacientes apresentam diferentes 
graus de dificuldade para se adaptarem às próteses removíveis ou totais, em razão de fatores 
anatômicos, fisiológicos, psíquicos e protéticos. Dessa maneira estudos tem demonstrado que 
o melhor dente de substituição teria de ser feito a partir do tecido dos próprios pacientes e 
cultivado no próprio local do dente. Com os avanços da biologia de células-tronco e da 
bioengenharia tecidual, essa possibilidade se torna cada vez mais real. Dessa maneira o 
objetivo desse trabalho é discutir sobre a evidência de células-tronco na Odontologia e seu 
uso em tal, pois é evidente a importância da Odontologia em poder contribuir com a cultura 
de células- tronco. 
MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA 
DELINEAMENTO DE ESTUDO 
Este trabalho consiste em uma revisão literária com base em artigos publicados na base 
de dados google acadêmico, sendo utilizado as seguintes palavras-chaves: Células-tronco, 
Odontologia e células-tronco em Odontologia. Para maior eficácia do estudo foi feito 
pesquisas em diversos artigos que abordavam informações relevantes e atualizadas, para 
chegarmos em resultados de excelência. Não foi estabelecido nenhum período para realização 
de tal trabalho poisa literatura sobre este assunto é pequena, por ser um assunto que ganhou 
destaque a pouco tempo. 
REVISÃO DA LITERATURA 
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E ADULTAS 
Células-tronco são definidas como células indiferenciadas com grande capacidade de 
auto renovação e de produzir pelo menos um tipo celular altamente especializado. Células-
tronco praticamente não expressam ou expressam poucos marcadores específicos, por isso 
são tão difíceis de serem caracterizadas. Outro aspecto importante das células-tronco é a 
capacidade de manutenção da celularidade do tecido e originar diferentes linhagens através 
da diferenciação. A proliferação celular é um processo cíclico que resulta na duplicação do 
DNA pela ativação gênica e de outras moléculas de ativação, que servem como indicadores 
da divisão celular. A diferenciação é um processo não cíclico, também por ativação gênica, 
resultando no aparecimento de marcadores de diferenciação. Tanto os mecanismos de auto-
regeneração e de diferenciação ainda não são totalmente conhecidos. Dessa forma segundo 
sua capacidade de diferenciação, as células-tronco podem ser dividir em totipotentes, 
pluripotentes, oligopotentes e unipotentes, cada uma com uma característica diferente 
conforme a tabela 1 apresenta. 
 
Tipo de célula-tronco Características 
 
Totipotentes 
São capazes de se diferenciar em todos os 
tecidos do corpo humano, incluindo anexos 
embrionários. 
Pluripotentes Podem se diferenciar em todos os tecidos do 
corpo humano, exceto placenta e anexos 
embrionários. 
Oligopotentes Realizam a diferenciação em apenas alguns 
tecidos do corpo humano. 
Unipotentes Distinguem-se em apenas um único tipo 
celular. 
Tabela 1- Características dos diferentes tipos de célualas-tronco. 
 
No final da cadeia de diferenciação se encontram as células com diferenciação terminal (figura 
1), comprometidas com função específica. 
 
Figura 1- diferenciação terminal das células-tronco.
 Além disso existem duas categorias de células-tronco: as células-tronco embrionárias 
pluripotentes que são derivadas de embriões que se desenvolvem de óvulos fertilizados in vitro. 
O termo pluripotente é utilizado para descrever células-tronco derivadas das três camadas 
germinativas embrionárias – mesoderme, ectoderme e endoderme. Os diferentes tipos de células 
especializadas que compõem o corpo são originários dessas três camadas. Já a linhagem de 
células unipotentes ou multipotentes, denominadas células-tronco adultas, residem em tecidos 
diferenciados, e possui o papel primário em um organismo vivo de manter e reparar o tecido no 
qual elas são encontradas. 
A maior vantagem do uso de células-tronco embrionárias é a sua capacidade de 
proliferação e de diferenciação em diversos tipos celulares. Mas existem desvantagens, com sua 
instabilidade genética, a obrigatoriedade de sua transplantação para hospedeiros 
imunocomprometidos, o risco de formação de teratocarcinomas e de contaminação através do 
seu cultivo em fibroblastos de ratos. Além disso, as pesquisas com células-tronco embrionárias 
têm gerado conflitos de ordem política, moral e religiosa, o que vem restringindo os avanços de 
estudos com esta fonte primária de células totipotentes e pluripotentes. Estas células apresentam 
como desvantagens, além da questão ética (pela falta de consenso sobre a origem da vida e a 
moralidade do seu uso), a dificuldade de controlar o potencial proliferativo e de diferenciação, 
podendo resultar em formações tumorais justamente por descontrole destas propriendades 
 Já as células-tronco adultas apresentam a vantagem de serem autogênicas, não 
incorrendo em limitações morais, e responsivas aos fatores de crescimento inerentes ao 
hospedeiro. No entanto também apresentam desvantagens, como o fato de não serem 
pluripotentes, aumento a dificuldade de obtê-las, purificá-las e cultivá-las in vitro, além de sua 
presença em menor quantidade nos tecidos. É sabido que a principal fonte de células-tronco 
adultas é a medula óssea, porém inúmeros estudos têm isolado células altamente proliferativas, 
derivadas da polpa dentária. 
As células-tronco também podem ser classificadas de acordo com sua origem, conforme 
a tabela 1.1 demonstra. 
 
Tipos Características 
Células-tronco autólogas São oriundas do mesmo indivíduo em quem 
serão implantadas. Apresentam muito pouca 
ou nenhuma rejeição, com isolamento menos 
oneroso e sem implicações éticas ou legais. 
Células-tronco alogênicas São oriundas de doadores da mesma espécie. 
Células-tronco xenogênicas São isoladas de indivíduos de outra espécie. 
 
DESCOBERTA DAS CÉLULAS TRONCO NA ODONTOLOGIA 
A descoberta de uso de células-tronco na Odontologia teve início com características 
peculiares encontradas na polpa de dentes permanentes, quando em 2000, Shi et. al. especularam 
que a polpa de dente adulta deveria, assim como a medula óssea, possuir uma população de 
células-tronco. Isolaram células da polpa de dente humano (terceiro molar) que comparadas com 
as células-tronco de medula óssea apresentaram heterogeneidade, multipotencialidade, capacidade 
de proliferação e de formação de colônias in vitro. As células-tronco podem ser isoladas de uma 
população heterogênea de células basicamente pela utilização de quatro técnicas: 
1-marcação das células com anticorpos específicos, usando citômetro de fluxo, num 
processo denominado de separação celular por anticorpo fluorescente (do inglês: 
fluorescent antibody cell sorting - FACS); 
1- seleção imunomagnética; 
2- marcação imunohistoquímica 
3- avaliação histológica e fisiológica, incluindo fenótipo, quemotaxia, proliferação, 
diferenciação e atividade mineralizante 
Essa desconfiança surgiu pois durante o desenvolvimento do elemento dental, interações 
entre células da camada interna do órgão de esmalte e células ectomesenquimais da papila dental, 
sofrem diferenciação em ameloblastos e odontoblastos, cada qual passando a sintetizar matrizes 
mineralizadas de esmalte e dentina respectivamente. Assim como alguns tecidos musculares e o 
tecido nervoso, uma vez formados, estes tecidos mineralizados dentários não sofrerão 
remodelação durante a vida pós-natal. 
Entretanto quando ocorre uma injúria ao dente que resulte em morte de odontoblastos, 
uma nova geração de células similares a odontoblastos ou odontoblastos secundários podem ser 
diferenciados de uma população de progenitores oriunda da porção central da polpa e passam a 
secretar dentina reparadora. A constatação da transdiferenciação de determinadas células da polpa 
tem ressaltado o conceito da existência de células-tronco no tecido pulpar. 
Supõe-se que células progenitoras, os pré-odontoblastos, são recrutadas de algum sítio da 
polpa dental para então se diferenciarem em odontoblastos e secretarem matriz de dentina para a 
reparação tecidual. Assim acontece nas injúrias que acometem o ligamento periodontal e o osso 
alveolar, onde células precursoras na formação destas estruturas são acionadas para os processos 
de regeneração. Vários estudos demonstram que não existe um padrão rígido que possa ser 
associado ao estado indiferenciado, ou seja, células-tronco ou progenitoras não têm 
obrigatoriamente a mesma coleção de genes expressos. Porém a consideração dos fatores que 
regulam os processos de odontogênese e da reparação tecidual da polpa e dentina pode contribuir 
para o desenvolvimento de novas estratégias para terapias de reparação na prática da clínica 
odontológica. 
Em seguida a polpa de dente decíduo humano foi também descoberta como uma rica fonte 
de células-tronco mesenquimais, capaz de se proliferar e diferenciar, podendo reparar estruturas 
dentárias danificadas e induzir regeneração óssea. Em meio de cultura onde foram isoladas células 
da polpa de dente humano (terceiro molar), composto por L-ascorbato-2-fosfato, glicorticóide e 
fosfato inorgânico, foi observada a capacidade de tais células formaremdepósitos cálcicos in vitro. 
Após transplantação em ratos imunocomprometidos, as células-tronco pulpares exibiram 
habilidade de formar uma estrutura semelhante ao complexo dentino-polpar, composto de uma 
matriz de colágeno tipo I altamente organizada, perpendicular à camada tipo odontoblástica, e 
tecido fibroso contendo vasos sanguíneos, análogo à polpa encontrada em dentes humanos 
normais. 
Dessa forma, foram feitos diversos estudos que comprovaram que as células-tronco podem 
ser encontradas em diversos lugares na cavidade bucal conforme a Tabela 1.2 demonstra. Todas 
estas células apresentam capacidade proliferativa e regenerativa dos tecidos humanos, sejam eles 
dentais ou não. Além disso existe evidências que as células-tronco da polpa dentária expressaram 
marcadores de precursores neurais e células gliais e que células-tronco isoladas do tecido pulpar de 
dentes decíduos têm alta capacidade proliferativa e são capazes de se diferenciarem em 
odontoblastos maduros, adipócitos ou células neurais. 
FONTE CONSIDERAÇÕES REFERÊNCIAS 
Polpa dental As células adultas identificadas na 
polpa dental são células 
multipotentes e apresentam 
capacidade de se diferenciar em 
fibroblastos, componentes do 
tecido conjuntivo, e em 
odontoblastos, envolvidos na 
formação da dentina. 
Lymperi et al., 2013 
 
 
Huang & Garcia-Godoy, 2014 
 
Ligamento periodontal Foram identificadas na superfície 
radicular de dentes humanos 
extraídos e foram capazes de 
formar in vitro fibras colágenas 
paralelas entre si, semelhantes às 
fibras de Sharpey. Estas fibras 
puderam se conectar com estruturas 
Rai et al., 2014 
 
cementóides e formar a ligação 
funcional do cemento com o 
ligamento periodontal. 
Dentes decíduos Estas células são similares àquelas 
encontradas no cordão umbilical. 
Parecem crescer mais rápido, além 
de apresentar maior potencial em 
se diferenciar em outros tipos de 
células do que as células-tronco 
adultas. Quando comparadas às 
células-tronco, provenientes da 
medula óssea e da polpa de dentes 
permanentes, possuem uma maior 
taxa de proliferação. Podem ser 
uma fonte ideal de células-tronco 
pela facilidade de obtenção, além 
de serem utilizadas para reparar 
estruturas dentárias comprometidas 
e induzir à regeneração óssea.S ão 
considerados como células-tronco 
multipotentes devido a sua 
capacidade de gerar cemento e 
tecido ósseo. 
Huang et al., 2013 Lymperi 
et al., 2013 Huang et al., 
2013 Neel et al., 2014 
Rai et al, 2014 
Folículo dental Células do folículo dental foram 
isoladas a partir de terceiros 
molares e caracterizadas pela 
fixação rápida em cultura e 
capacidade de formar nódulos 
calcificados in vitro. Estas 
representam células de um tecido 
em desenvolvimento que podem 
apresentar uma maior plasticidade 
do que as outras células-tronco 
dentais. 
Estrela et al., 2011 
 
 
 
Papila apical Estas células-tronco são fontes de 
odontoblastos, que produzem 
dentina primária para a raiz, que é 
mais organizada estruturalmente 
do que a dentina formada pelas 
células-tronco da polpa de dentes 
decíduos e da polpa de dentes 
permanentes. 
Huang & Garcia-Godoy, 2014 
Rai et al., 2014 
 
 
 
APLICAÇÕES DE CÉLULAS-TRONCO NA ODONTOLOGIA 
 
A terapia com células-tronco adultas geralmente é precedida pela compreensão de todas 
as suas propriedades, o controle de sua proliferação e os fatores que determinam sua 
diferenciação. A regeneração de um órgão dentário não é simples, pois seu desenvolvimento é 
determinado por interações complexas e inúmeros fatores de crescimento e, ainda, a 
diferenciação celular está ligada a mudanças morfológicas no decorrer da formação do germe 
dentário. Tem sido proposta a utilização de células-tronco adultas em diversas áreas da 
Odontologia, que serão exemplificadas a seguir: 
➢ Uma técnica que vem sendo utilizada é a colonização de células-tronco na área afetada. 
O objetivo desta regeneração seria restaurar a ancoragem funcional dos dentes por meio 
de: restauração do ligamento periodontal, incluindo orientação e inserção das fibras de 
Sharpey entre o osso e a superfície radicular; formação de novo cemento por 
cementoblastos na superfície radicular e restauração na altura óssea da junção amelo- 
cementária; 
➢ Células-tronco adultas presentes no ligamento periodontal quando estimuladas podem 
se diferenciar em células do tipo cementoblásticas e osteoblásticas, quando 
transplantada podem forma uma estrutura semelhante ao cemento/ligamento 
periodontal; 
➢ Células-tronco de polpa transplantadas podem não apenas dar origem à linhagem 
odontoblástica, mas também residirem no tecido conjuntivo pulpar como células 
semelhantes a fibroblastos, fornecendo uma regeneração dentino-pulpar; 
➢ Tem sido utilizadas células da papila apical para formar dentina em conjunto com as 
células-tronco do ligamento periodontal, todavia, o grande impasse desta técnica 
consiste em reunir as diferentes fontes celulares de tal maneira que elas interajam 
harmonicamente entre si e reproduzam os respectivos tecidos dentais com forma e 
função apropriadas; 
➢ Com os avanços nas pesquisas com células-tronco e no desenvolvimento de técnicas de 
engenharia tecidual, assume-se a possibilidade de, em um futuro próximo, substituir um 
dente perdido por um órgão biológico capaz de representá-lo sob os aspectos biológico, 
estético e funcional, dando origem à uma terceira dentição; 
➢ Além disso tudo células-tronco originária do dente podem ser guardadas para serem 
utilizadas em casos de doença, assim como células-tronco do cordão umbilical. 
 
QUAL DENTE ESCOLHER? 
Durante a vida é possível obter células-tronco de dentes em diversos momento, como: 
troca de dentição, extração de terceiro molar ou extração de dentes para tratamento ortodôntico. 
Porém estudos concluíram que CT de dentes humanos decíduos esfoliados (SHED) tem 
origem na crista neural. As células da crista neural são pluripotentes com potencial similar as 
células- tronco embrionárias. Assim, a origem embriogênica, clonogenicidade, autorrenovação, 
capacidades proliferativas, expressão padrão de marcadores específicos e multipotencialidade 
observadas nas SHED as tornam de grande interesse terapêutico. Os dentes decíduos são 
descartados após esfoliação através do processo natural de reabsorção das raízes. Assim, a 
captação é minimamente invasiva e o isolamento, manipulação e expansão in vitro de células-
tronco destes dentes são significativamente mais fáceis. 
 Além disso, as SHED são altamente proliferativas, clonogênicas e multipotentes, com 
forte potencial osteogênico, adipogênico e neurigênese, tornaram-se as novas candidatas no 
tratamento diversas doenças. Pesquisadores já mostraram também que a polpa de dentes decíduos 
esfoliados contém uma variedade de células com grande potencial na terapêutica de doenças 
crônicas cardíacas e regeneração dentária. Dessa forma, instituições para coleta e preservação 
destas células e seus órgãos fonte têm se popularizado e muitas empresas estão surgindo, 
propiciando uma alternativa as CT do cordão umbilical. 
A coleta e preservação de dentes pode ser feita pelos Bancos de Dentes Humanos (BDH) 
e pelos Biobancos ou Biorrepositórios. Estas diversas denominações, diferem no tipo de 
aproveitamento e uso que prestarão aos dentes, cuja finalidade pode ser científica, didática ou 
reabilitação. No Brasil, os BDH guardam dentes para uso de seu material inorgânico, já os 
biobancos e biorrepositórios manipulam os tecidos orgânicos, como a polpa. Em alguns países, 
não há esta diferença de atuação. 
Tem o propósito de suprir as necessidades acadêmicas, fornecendo dentes humanos para a 
pesquisa ou para treinamento pré-clínico dos alunos. E pelo dente ser um órgão humano, deve ser 
doado através de consentimento por escrito do doador ou responsável. Assim, para uso em 
pesquisa, deve ser feita uma Declaração deDoação de Dentes que acompanha um projeto de 
pesquisa com parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). 
Para regulamentar a pesquisa com seres humanos há códigos deontológicos de cada 
profissão de saúde. Na Odontologia, o Conselho Federal aprovou o Código de Ética pela 
Resolução 118/201247, trazendo vários artigos que se aplicam ao tema deste estudo. No capítulo 
XIV, artº 36, são expostas como infrações éticas, entre outras, o não esclarecimento de doadores 
e receptores sobre riscos e procedimentos, e a participação direta ou indireta na comercialização 
de órgãos e tecidos humanos. A Lei de Biossegurança e a RDC 33/0648 da Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVISA) também devem ser aplicadas na regulamentação o funcionamento 
dos bancos de células e tecidos germinativos. 
A RDC nº33/2006 pretende garantir padrões técnicos e de qualidade em todo o processo 
de obtenção, transporte, processamento, armazenamento, liberação, distribuição, registro e 
utilização desses materiais biológicos. Mais recentemente, a Resolução ANVISA 9/201149 possui 
o objetivo de estabelecer os requisitos mínimos para o funcionamento de Centros de Tecnologia 
de células humanas e seus derivados para fins de pesquisa clínica ou terapia. Excluem-se desta 
Resolução os estabelecimentos que utilizem células humanas e seus derivados em pesquisa básica 
e pré-clínica. 
De forma geral, a primeira preocupação na obtenção de material biológico humano deve 
ser a efetivação de um processo de esclarecimento dos doadores quanto às formas de coleta, 
armazenamento e uso do próprio material, produtos ou mesmo da informação gerada. Assim, no 
uso da autonomia o mais plena possível, esses os doadores devem ter a liberdade de decidir quanto 
à sua participação. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Concluímos que as células-tronco tem uma grande importância em geral na saúde, 
porém recentemente tem demonstrado uma grande eficácia em tratamentos na cavidade bucal. 
Pesquisas tem demonstrado que em um futuro próximo será possível darmos origem a uma 
terceira dentição, dessa forma será possível devolvermos uma boa qualidade de vida aos 
pacientes sem que haja um sofrimento. 
REFERÊNCIAS 
FERREIRA, Andrezza dos Santos. O uso de células-tronco na Odontologia. Trabalho de 
Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Odontologia no Centro Universitário Regional do 
Brasil, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharelado em Odontologia. Salvador, 
2021. 
FEQUES. Renata dos Reis. Et.al. USO DE CÉLULAS-TRONCO NA ODONTOLOGIA: 
realidade ou utopia? Braz J Periodontol. Brasil, volume 24 -3 - 24(3):24-30, setembro 2014. 
KOLYA, Cássia Lasakosvitsch; CASTANHO, Fernanda Lasakosvitsch. Células-tronco e a 
odontologia. ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 165-171, 2007. 
MACHADO, Mariana Rezende; GARRIDO, Rodrigo Grazinoli. Dentes como Fonte de Células-
tronco: uma Alternativa aos Dilemas Éticos. Revista de Bioética y Derecho, núm. 31, p. 66-80. 
Brasil, 2014. 
SOARES, Ana Prates. Et.al. Células-tronco em Odontologia. Revista Dental Press Ortodon 
Ortop Facial. Maringá, v. 12, n. 1, p. 33-40, jan./fev. 2007. 
SOUZA, Leliane Macedo de. Caracterização de células-tronco de polpa dental humana obtida 
de dentes decíduos e permanentes. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Ciências da Saúde da Universidade de Brasília como requisito parcial para a obtenção do título 
de Mestre. Brasília, 2008. 
TAUMATURGO, Vandré de Mesquita; VASQUES, Evamiris de França Landim; 
FIGUEIREDO, Viviane Maria Gonçalves. a importância da Odontologia nas pesquisas em 
células-tronco. Revista Bahiana de Odontologia. Brasil, 7(2):166-171, junho de 2016.

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