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REVISÕES DE LITERATURA Células tronco na odontologia Nascimento, L.S¹. 1Graduando (a) em Odontologia pelas Faculdades Integradas Aparício Carvalho, FIMCA Vilhena. Junior, J.H.N.S.² 2Docente do Núcleo de Saúde das Faculdades Integradas Aparício Carvalho, FIMCA Vilhena. Vilhena 2021 Resumo As células-tronco são objetos de estudo de várias pesquisas, é tratada por pesquisadores e diversos profissionais da área da saúde como importante arma para combater muitas doenças. As células troncos podem ser divididas em dois grupos, sendo elas: células-tronco embrionária e células tronco adulta. É sabido que as células-tronco está armazenado em diversos órgãos do nosso corpo sendo em maior quantidade da medula óssea a onde é seu lugar de origem, porém recentemente pesquisas constataram que existem células-tronco nos dentes, que podem ser encontrados em dentes decíduos (popularmente conhecido como dentes de leite), folículo dental, papila apical, polpa dental e ligamento periodontal, dessa maneira com a descoberta de células-tronco em dentes foi possivel iniciar diversas pesquisas para aprofundar os conhecimentos sobre esse assunto, e os estudiosos chegaram na conclusão que a células-tronco de dentes decíduos são parecidos com células-tronco do cordão umbilical e que a partir delas será possível em um futura bem próximo realizar diversos tratamentos odontológicos, como por exemplo, a realização de uma terceira dentição por meio de células-tronco provenientes da própria dentição. A coleta e preservação de dentes pode ser feita pelos Bancos de Dentes Humanos (BDH) e pelos Biobancos ou Biorrepositórios, que tem o propósito de suprir as necessidades acadêmicas, fornecendo dentes humanos para a pesquisa ou para treinamento pré- clínico dos alunos, e pelo dente ser um órgão humano, deve ser doado através de consentimento por escrito do doador ou responsável. Assim, para uso em pesquisa, deve ser feita uma Declaração de Doação de Dentes que acompanha um projeto de pesquisa com parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Palavras-chaves: células-tronco, Odontologia e células-tronco na Odontologia STEM CELLS IN DENTISTRY Abstract Stem cells are the object of study of several researches, it is treated by researchers and several health professionals as an important weapon to fight many diseases. Stem cells can be divided into two groups, namely: embryonic stem cells and adult stem cells. It is known that stem cells are stored in various organs of our body, with the greatest amount being in the bone marrow where they originate, but recently research has found that there are stem cells in teeth, which can be found in primary teeth ( popularly known as milk teeth), dental follicle, apical papilla, dental pulp and periodontal ligament, in this way with the discovery of stem cells in teeth it was possible to start several researches to deepen the knowledge on this subject, and the scholars reached the conclusion that stem cells from deciduous teeth are similar to stem cells from the umbilical cord and that from them it will be possible in the very near future to carry out various dental treatments, such as a third dentition using stem cells from the dentition itself. The collection and preservation of teeth can be done by Human Teeth Banks (BDH) and by Biobanks or Biorepositories, which aim to meet academic needs, providing human teeth for research or for pre-clinical training of students, and by if it is a human organ, it must be donated with the written consent of the donor or guardian. Thus, for use in research, a Teeth Donation Declaration must be made that accompanies a research project with a favorable opinion from the Research Ethics Committee (CEP). Keywords: stem cells, Dentistry and stem cells in Dentistry INTRODUÇÃO As células-tronco são objetos de estudo de várias pesquisas recentes, é tratada por pesquisadores e diversos profissionais da área da saúde como importante arma para combater muitas doenças, principalmente aquelas que desafiam a ciência há muito tempo, como o câncer, a degeneração neuronal, na recuperação de pacientes tetraplégicos e na Odontologia. A chave para a utilização das células-tronco é a sua capacidade de diferenciação em vários tipos celulares, de acordo com o estímulo recebido. Hoje, sabe-se que há várias fontes de células- tronco adultas, tais como medula óssea, sangue, córnea e retina, fígado, pele, trato gastrintestinal, pâncreas e polpa dental, sendo que é mais abundante na medula óssea. Uma das características mais importantes das células-tronco adultas é a plasticidade, que significa a habilidade de uma célula-tronco adulta de um tecido diferenciar-se em tipos celulares especializados de outro. Sob condições experimentais, por exemplo, células-tronco adultas da medula óssea geram células semelhantes a neurônios ou a qualquer outro tipo celular encontrado no cérebro. Evidências sugerem que, de acordo com o ambiente, algumas células são capazes de reprogramação genética para gerar células especializadas características de outros tecidos. A cavidade bucal é mais do que “a porta de entrada” de alimentos, não tendo a higienização correta pode também ser o caminho para muitas doenças. A falta de cuidados com a boca favorece o aparecimento de cáries e o surgimento das periodontopatias – doenças dos tecidos que circundam os dentes (gengiva, ligamento, alvéolo-dentário e osso alveolar) – que desencadeiam doenças sistêmicas que podem levar à perda dos dentes. Pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde com adolescentes brasileiros mostram que 45% já perderam, pelo menos, um dente por negligência na saúde bucal e 28% tiveram todos os dentes extraídos de uma das arcadas, além disso segundo National Institute of Dental and Craniofacial Research, 27.27% dos idosos, com 65 anos ou mais, perderam todos os dentes. O panorama brasileiro é alarmante, pois 8 milhões de brasileiros não têm nenhum dente e 30 milhões dos que possuem algum, não utilizam prótese. Consequentemente o edentulismo completo ou parcial resulta em dificuldades de mastigação, fonação, comprometimento estético, alteração do bem-estar físico e psicológico do paciente. Dessa maneira para proporcionar uma melhor qualidade de vida para os pacientes os profissionais da Odontologia podem oferecer métodos protéticos em pacientes que estejam parciais ou totalmente edentados. Porém fazer uma prótese sobre implante, ou outra reabilitação, sempre representa um desafio, pois muitos pacientes apresentam diferentes graus de dificuldade para se adaptarem às próteses removíveis ou totais, em razão de fatores anatômicos, fisiológicos, psíquicos e protéticos. Dessa maneira estudos tem demonstrado que o melhor dente de substituição teria de ser feito a partir do tecido dos próprios pacientes e cultivado no próprio local do dente. Com os avanços da biologia de células-tronco e da bioengenharia tecidual, essa possibilidade se torna cada vez mais real. Dessa maneira o objetivo desse trabalho é discutir sobre a evidência de células-tronco na Odontologia e seu uso em tal, pois é evidente a importância da Odontologia em poder contribuir com a cultura de células- tronco. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA DELINEAMENTO DE ESTUDO Este trabalho consiste em uma revisão literária com base em artigos publicados na base de dados google acadêmico, sendo utilizado as seguintes palavras-chaves: Células-tronco, Odontologia e células-tronco em Odontologia. Para maior eficácia do estudo foi feito pesquisas em diversos artigos que abordavam informações relevantes e atualizadas, para chegarmos em resultados de excelência. Não foi estabelecido nenhum período para realização de tal trabalho poisa literatura sobre este assunto é pequena, por ser um assunto que ganhou destaque a pouco tempo. REVISÃO DA LITERATURA CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E ADULTAS Células-tronco são definidas como células indiferenciadas com grande capacidade de auto renovação e de produzir pelo menos um tipo celular altamente especializado. Células- tronco praticamente não expressam ou expressam poucos marcadores específicos, por isso são tão difíceis de serem caracterizadas. Outro aspecto importante das células-tronco é a capacidade de manutenção da celularidade do tecido e originar diferentes linhagens através da diferenciação. A proliferação celular é um processo cíclico que resulta na duplicação do DNA pela ativação gênica e de outras moléculas de ativação, que servem como indicadores da divisão celular. A diferenciação é um processo não cíclico, também por ativação gênica, resultando no aparecimento de marcadores de diferenciação. Tanto os mecanismos de auto- regeneração e de diferenciação ainda não são totalmente conhecidos. Dessa forma segundo sua capacidade de diferenciação, as células-tronco podem ser dividir em totipotentes, pluripotentes, oligopotentes e unipotentes, cada uma com uma característica diferente conforme a tabela 1 apresenta. Tipo de célula-tronco Características Totipotentes São capazes de se diferenciar em todos os tecidos do corpo humano, incluindo anexos embrionários. Pluripotentes Podem se diferenciar em todos os tecidos do corpo humano, exceto placenta e anexos embrionários. Oligopotentes Realizam a diferenciação em apenas alguns tecidos do corpo humano. Unipotentes Distinguem-se em apenas um único tipo celular. Tabela 1- Características dos diferentes tipos de célualas-tronco. No final da cadeia de diferenciação se encontram as células com diferenciação terminal (figura 1), comprometidas com função específica. Figura 1- diferenciação terminal das células-tronco. Além disso existem duas categorias de células-tronco: as células-tronco embrionárias pluripotentes que são derivadas de embriões que se desenvolvem de óvulos fertilizados in vitro. O termo pluripotente é utilizado para descrever células-tronco derivadas das três camadas germinativas embrionárias – mesoderme, ectoderme e endoderme. Os diferentes tipos de células especializadas que compõem o corpo são originários dessas três camadas. Já a linhagem de células unipotentes ou multipotentes, denominadas células-tronco adultas, residem em tecidos diferenciados, e possui o papel primário em um organismo vivo de manter e reparar o tecido no qual elas são encontradas. A maior vantagem do uso de células-tronco embrionárias é a sua capacidade de proliferação e de diferenciação em diversos tipos celulares. Mas existem desvantagens, com sua instabilidade genética, a obrigatoriedade de sua transplantação para hospedeiros imunocomprometidos, o risco de formação de teratocarcinomas e de contaminação através do seu cultivo em fibroblastos de ratos. Além disso, as pesquisas com células-tronco embrionárias têm gerado conflitos de ordem política, moral e religiosa, o que vem restringindo os avanços de estudos com esta fonte primária de células totipotentes e pluripotentes. Estas células apresentam como desvantagens, além da questão ética (pela falta de consenso sobre a origem da vida e a moralidade do seu uso), a dificuldade de controlar o potencial proliferativo e de diferenciação, podendo resultar em formações tumorais justamente por descontrole destas propriendades Já as células-tronco adultas apresentam a vantagem de serem autogênicas, não incorrendo em limitações morais, e responsivas aos fatores de crescimento inerentes ao hospedeiro. No entanto também apresentam desvantagens, como o fato de não serem pluripotentes, aumento a dificuldade de obtê-las, purificá-las e cultivá-las in vitro, além de sua presença em menor quantidade nos tecidos. É sabido que a principal fonte de células-tronco adultas é a medula óssea, porém inúmeros estudos têm isolado células altamente proliferativas, derivadas da polpa dentária. As células-tronco também podem ser classificadas de acordo com sua origem, conforme a tabela 1.1 demonstra. Tipos Características Células-tronco autólogas São oriundas do mesmo indivíduo em quem serão implantadas. Apresentam muito pouca ou nenhuma rejeição, com isolamento menos oneroso e sem implicações éticas ou legais. Células-tronco alogênicas São oriundas de doadores da mesma espécie. Células-tronco xenogênicas São isoladas de indivíduos de outra espécie. DESCOBERTA DAS CÉLULAS TRONCO NA ODONTOLOGIA A descoberta de uso de células-tronco na Odontologia teve início com características peculiares encontradas na polpa de dentes permanentes, quando em 2000, Shi et. al. especularam que a polpa de dente adulta deveria, assim como a medula óssea, possuir uma população de células-tronco. Isolaram células da polpa de dente humano (terceiro molar) que comparadas com as células-tronco de medula óssea apresentaram heterogeneidade, multipotencialidade, capacidade de proliferação e de formação de colônias in vitro. As células-tronco podem ser isoladas de uma população heterogênea de células basicamente pela utilização de quatro técnicas: 1-marcação das células com anticorpos específicos, usando citômetro de fluxo, num processo denominado de separação celular por anticorpo fluorescente (do inglês: fluorescent antibody cell sorting - FACS); 1- seleção imunomagnética; 2- marcação imunohistoquímica 3- avaliação histológica e fisiológica, incluindo fenótipo, quemotaxia, proliferação, diferenciação e atividade mineralizante Essa desconfiança surgiu pois durante o desenvolvimento do elemento dental, interações entre células da camada interna do órgão de esmalte e células ectomesenquimais da papila dental, sofrem diferenciação em ameloblastos e odontoblastos, cada qual passando a sintetizar matrizes mineralizadas de esmalte e dentina respectivamente. Assim como alguns tecidos musculares e o tecido nervoso, uma vez formados, estes tecidos mineralizados dentários não sofrerão remodelação durante a vida pós-natal. Entretanto quando ocorre uma injúria ao dente que resulte em morte de odontoblastos, uma nova geração de células similares a odontoblastos ou odontoblastos secundários podem ser diferenciados de uma população de progenitores oriunda da porção central da polpa e passam a secretar dentina reparadora. A constatação da transdiferenciação de determinadas células da polpa tem ressaltado o conceito da existência de células-tronco no tecido pulpar. Supõe-se que células progenitoras, os pré-odontoblastos, são recrutadas de algum sítio da polpa dental para então se diferenciarem em odontoblastos e secretarem matriz de dentina para a reparação tecidual. Assim acontece nas injúrias que acometem o ligamento periodontal e o osso alveolar, onde células precursoras na formação destas estruturas são acionadas para os processos de regeneração. Vários estudos demonstram que não existe um padrão rígido que possa ser associado ao estado indiferenciado, ou seja, células-tronco ou progenitoras não têm obrigatoriamente a mesma coleção de genes expressos. Porém a consideração dos fatores que regulam os processos de odontogênese e da reparação tecidual da polpa e dentina pode contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias para terapias de reparação na prática da clínica odontológica. Em seguida a polpa de dente decíduo humano foi também descoberta como uma rica fonte de células-tronco mesenquimais, capaz de se proliferar e diferenciar, podendo reparar estruturas dentárias danificadas e induzir regeneração óssea. Em meio de cultura onde foram isoladas células da polpa de dente humano (terceiro molar), composto por L-ascorbato-2-fosfato, glicorticóide e fosfato inorgânico, foi observada a capacidade de tais células formaremdepósitos cálcicos in vitro. Após transplantação em ratos imunocomprometidos, as células-tronco pulpares exibiram habilidade de formar uma estrutura semelhante ao complexo dentino-polpar, composto de uma matriz de colágeno tipo I altamente organizada, perpendicular à camada tipo odontoblástica, e tecido fibroso contendo vasos sanguíneos, análogo à polpa encontrada em dentes humanos normais. Dessa forma, foram feitos diversos estudos que comprovaram que as células-tronco podem ser encontradas em diversos lugares na cavidade bucal conforme a Tabela 1.2 demonstra. Todas estas células apresentam capacidade proliferativa e regenerativa dos tecidos humanos, sejam eles dentais ou não. Além disso existe evidências que as células-tronco da polpa dentária expressaram marcadores de precursores neurais e células gliais e que células-tronco isoladas do tecido pulpar de dentes decíduos têm alta capacidade proliferativa e são capazes de se diferenciarem em odontoblastos maduros, adipócitos ou células neurais. FONTE CONSIDERAÇÕES REFERÊNCIAS Polpa dental As células adultas identificadas na polpa dental são células multipotentes e apresentam capacidade de se diferenciar em fibroblastos, componentes do tecido conjuntivo, e em odontoblastos, envolvidos na formação da dentina. Lymperi et al., 2013 Huang & Garcia-Godoy, 2014 Ligamento periodontal Foram identificadas na superfície radicular de dentes humanos extraídos e foram capazes de formar in vitro fibras colágenas paralelas entre si, semelhantes às fibras de Sharpey. Estas fibras puderam se conectar com estruturas Rai et al., 2014 cementóides e formar a ligação funcional do cemento com o ligamento periodontal. Dentes decíduos Estas células são similares àquelas encontradas no cordão umbilical. Parecem crescer mais rápido, além de apresentar maior potencial em se diferenciar em outros tipos de células do que as células-tronco adultas. Quando comparadas às células-tronco, provenientes da medula óssea e da polpa de dentes permanentes, possuem uma maior taxa de proliferação. Podem ser uma fonte ideal de células-tronco pela facilidade de obtenção, além de serem utilizadas para reparar estruturas dentárias comprometidas e induzir à regeneração óssea.S ão considerados como células-tronco multipotentes devido a sua capacidade de gerar cemento e tecido ósseo. Huang et al., 2013 Lymperi et al., 2013 Huang et al., 2013 Neel et al., 2014 Rai et al, 2014 Folículo dental Células do folículo dental foram isoladas a partir de terceiros molares e caracterizadas pela fixação rápida em cultura e capacidade de formar nódulos calcificados in vitro. Estas representam células de um tecido em desenvolvimento que podem apresentar uma maior plasticidade do que as outras células-tronco dentais. Estrela et al., 2011 Papila apical Estas células-tronco são fontes de odontoblastos, que produzem dentina primária para a raiz, que é mais organizada estruturalmente do que a dentina formada pelas células-tronco da polpa de dentes decíduos e da polpa de dentes permanentes. Huang & Garcia-Godoy, 2014 Rai et al., 2014 APLICAÇÕES DE CÉLULAS-TRONCO NA ODONTOLOGIA A terapia com células-tronco adultas geralmente é precedida pela compreensão de todas as suas propriedades, o controle de sua proliferação e os fatores que determinam sua diferenciação. A regeneração de um órgão dentário não é simples, pois seu desenvolvimento é determinado por interações complexas e inúmeros fatores de crescimento e, ainda, a diferenciação celular está ligada a mudanças morfológicas no decorrer da formação do germe dentário. Tem sido proposta a utilização de células-tronco adultas em diversas áreas da Odontologia, que serão exemplificadas a seguir: ➢ Uma técnica que vem sendo utilizada é a colonização de células-tronco na área afetada. O objetivo desta regeneração seria restaurar a ancoragem funcional dos dentes por meio de: restauração do ligamento periodontal, incluindo orientação e inserção das fibras de Sharpey entre o osso e a superfície radicular; formação de novo cemento por cementoblastos na superfície radicular e restauração na altura óssea da junção amelo- cementária; ➢ Células-tronco adultas presentes no ligamento periodontal quando estimuladas podem se diferenciar em células do tipo cementoblásticas e osteoblásticas, quando transplantada podem forma uma estrutura semelhante ao cemento/ligamento periodontal; ➢ Células-tronco de polpa transplantadas podem não apenas dar origem à linhagem odontoblástica, mas também residirem no tecido conjuntivo pulpar como células semelhantes a fibroblastos, fornecendo uma regeneração dentino-pulpar; ➢ Tem sido utilizadas células da papila apical para formar dentina em conjunto com as células-tronco do ligamento periodontal, todavia, o grande impasse desta técnica consiste em reunir as diferentes fontes celulares de tal maneira que elas interajam harmonicamente entre si e reproduzam os respectivos tecidos dentais com forma e função apropriadas; ➢ Com os avanços nas pesquisas com células-tronco e no desenvolvimento de técnicas de engenharia tecidual, assume-se a possibilidade de, em um futuro próximo, substituir um dente perdido por um órgão biológico capaz de representá-lo sob os aspectos biológico, estético e funcional, dando origem à uma terceira dentição; ➢ Além disso tudo células-tronco originária do dente podem ser guardadas para serem utilizadas em casos de doença, assim como células-tronco do cordão umbilical. QUAL DENTE ESCOLHER? Durante a vida é possível obter células-tronco de dentes em diversos momento, como: troca de dentição, extração de terceiro molar ou extração de dentes para tratamento ortodôntico. Porém estudos concluíram que CT de dentes humanos decíduos esfoliados (SHED) tem origem na crista neural. As células da crista neural são pluripotentes com potencial similar as células- tronco embrionárias. Assim, a origem embriogênica, clonogenicidade, autorrenovação, capacidades proliferativas, expressão padrão de marcadores específicos e multipotencialidade observadas nas SHED as tornam de grande interesse terapêutico. Os dentes decíduos são descartados após esfoliação através do processo natural de reabsorção das raízes. Assim, a captação é minimamente invasiva e o isolamento, manipulação e expansão in vitro de células- tronco destes dentes são significativamente mais fáceis. Além disso, as SHED são altamente proliferativas, clonogênicas e multipotentes, com forte potencial osteogênico, adipogênico e neurigênese, tornaram-se as novas candidatas no tratamento diversas doenças. Pesquisadores já mostraram também que a polpa de dentes decíduos esfoliados contém uma variedade de células com grande potencial na terapêutica de doenças crônicas cardíacas e regeneração dentária. Dessa forma, instituições para coleta e preservação destas células e seus órgãos fonte têm se popularizado e muitas empresas estão surgindo, propiciando uma alternativa as CT do cordão umbilical. A coleta e preservação de dentes pode ser feita pelos Bancos de Dentes Humanos (BDH) e pelos Biobancos ou Biorrepositórios. Estas diversas denominações, diferem no tipo de aproveitamento e uso que prestarão aos dentes, cuja finalidade pode ser científica, didática ou reabilitação. No Brasil, os BDH guardam dentes para uso de seu material inorgânico, já os biobancos e biorrepositórios manipulam os tecidos orgânicos, como a polpa. Em alguns países, não há esta diferença de atuação. Tem o propósito de suprir as necessidades acadêmicas, fornecendo dentes humanos para a pesquisa ou para treinamento pré-clínico dos alunos. E pelo dente ser um órgão humano, deve ser doado através de consentimento por escrito do doador ou responsável. Assim, para uso em pesquisa, deve ser feita uma Declaração deDoação de Dentes que acompanha um projeto de pesquisa com parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Para regulamentar a pesquisa com seres humanos há códigos deontológicos de cada profissão de saúde. Na Odontologia, o Conselho Federal aprovou o Código de Ética pela Resolução 118/201247, trazendo vários artigos que se aplicam ao tema deste estudo. No capítulo XIV, artº 36, são expostas como infrações éticas, entre outras, o não esclarecimento de doadores e receptores sobre riscos e procedimentos, e a participação direta ou indireta na comercialização de órgãos e tecidos humanos. A Lei de Biossegurança e a RDC 33/0648 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) também devem ser aplicadas na regulamentação o funcionamento dos bancos de células e tecidos germinativos. A RDC nº33/2006 pretende garantir padrões técnicos e de qualidade em todo o processo de obtenção, transporte, processamento, armazenamento, liberação, distribuição, registro e utilização desses materiais biológicos. Mais recentemente, a Resolução ANVISA 9/201149 possui o objetivo de estabelecer os requisitos mínimos para o funcionamento de Centros de Tecnologia de células humanas e seus derivados para fins de pesquisa clínica ou terapia. Excluem-se desta Resolução os estabelecimentos que utilizem células humanas e seus derivados em pesquisa básica e pré-clínica. De forma geral, a primeira preocupação na obtenção de material biológico humano deve ser a efetivação de um processo de esclarecimento dos doadores quanto às formas de coleta, armazenamento e uso do próprio material, produtos ou mesmo da informação gerada. Assim, no uso da autonomia o mais plena possível, esses os doadores devem ter a liberdade de decidir quanto à sua participação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos que as células-tronco tem uma grande importância em geral na saúde, porém recentemente tem demonstrado uma grande eficácia em tratamentos na cavidade bucal. Pesquisas tem demonstrado que em um futuro próximo será possível darmos origem a uma terceira dentição, dessa forma será possível devolvermos uma boa qualidade de vida aos pacientes sem que haja um sofrimento. REFERÊNCIAS FERREIRA, Andrezza dos Santos. O uso de células-tronco na Odontologia. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Odontologia no Centro Universitário Regional do Brasil, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharelado em Odontologia. Salvador, 2021. FEQUES. Renata dos Reis. Et.al. USO DE CÉLULAS-TRONCO NA ODONTOLOGIA: realidade ou utopia? Braz J Periodontol. Brasil, volume 24 -3 - 24(3):24-30, setembro 2014. KOLYA, Cássia Lasakosvitsch; CASTANHO, Fernanda Lasakosvitsch. Células-tronco e a odontologia. ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 165-171, 2007. MACHADO, Mariana Rezende; GARRIDO, Rodrigo Grazinoli. Dentes como Fonte de Células- tronco: uma Alternativa aos Dilemas Éticos. Revista de Bioética y Derecho, núm. 31, p. 66-80. Brasil, 2014. SOARES, Ana Prates. Et.al. Células-tronco em Odontologia. Revista Dental Press Ortodon Ortop Facial. Maringá, v. 12, n. 1, p. 33-40, jan./fev. 2007. SOUZA, Leliane Macedo de. Caracterização de células-tronco de polpa dental humana obtida de dentes decíduos e permanentes. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Brasília, 2008. TAUMATURGO, Vandré de Mesquita; VASQUES, Evamiris de França Landim; FIGUEIREDO, Viviane Maria Gonçalves. a importância da Odontologia nas pesquisas em células-tronco. Revista Bahiana de Odontologia. Brasil, 7(2):166-171, junho de 2016.
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