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TCC - TRATAMENTO PREVENTIVO COM O USO DE CELULAS-TRONCO

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TRATAMENTO PREVENTIVO COM O USO DE CÉLULAS-
TRONCO NA ODONTOLOGIA 
Mariana Gomes da Silva¹, Rômulo Nascimento da Silva¹, Samantha Palmela 
Rodrigues¹, Fernanda Lemos Encarnação² 
1- Acadêmicos do curso de Odontologia – Multivix - Nova Venécia, ES 
2- Especialista em Gerenciamento de Unidade de Saúde Pública. Especialista 
em Odontopediatria. Professora de Clínica Integrada Infantil I e II. Professora de 
Estágio Supervisionado em Clínica Integrada Infantil I e II – Multivix - Nova 
Venécia, ES 
 
RESUMO 
Nos últimos anos, o tema terapia regenerativa com células-tronco tornou-se bastante 
pesquisado em toda a área de saúde, devido à capacidade dessas células em produzir e 
regenerar tecidos de várias naturezas. Na odontologia, as células-tronco têm se tornado uma 
esperança importante para o tratamento do edentulismo, gerada pelas perdas dentárias. 
Pesquisas indicam que os tecidos dentais são ricos em células-tronco mesenquimais capazes 
de se auto renovarem e diferenciarem em diversos tipos celulares, inclusive em raízes dentárias. 
Tal fato abriu o horizonte para que novas pesquisas em engenharia tecidual com células-tronco 
sejam realizadas na Odontologia, direcionadas para a obtenção de, talvez, uma estrutura 
dentária completa. Por meio de uma revisão de literatura, o objetivo deste estudo é levantar 
informações consistentes acerca das descobertas atuais sobre células-tronco de origem dental, 
suas características e aplicações na Odontologia. 
Palavras-chave: células-tronco; terapia regenerativa; Odontologia. 
ABSTRACT 
In recent years, the topic of regenerative therapy with stem cells has become widely 
researched in the entire health area, due to the ability of these cells to produce and regenerate 
tissues of various kinds. In dentistry, stem cells have become an important hope for the treatment 
of edentulism, generated by tooth loss. Research indicates that dental tissues are rich in 
mesenchymal stem cells capable of self-renewing and differentiating into different cell types, 
including dental roots. This fact opened the horizon for further research in tissue engineering with 
stem cells to be carried out in Dentistry, aimed at obtaining, perhaps, a complete dental structure. 
Through a literature review, the objective of this study is to raise consistent information about 
current discoveries about stem cells of dental origin, their characteristics and applications in 
Dentistry. 
Keywords: stem cells; regenerative therapy; Dentistry. 
 
 
 INTRODUÇÃO 
Áreas da saúde, como a medicina e a odontologia, estão avançando cada 
dia mais em técnicas regenerativas, que visam tratar ou substituir tecidos 
perdidos e danificados, promovendo a formação tecidual com a intenção de 
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restaurar tanto a estética quanto a funcionalidade. Na odontologia, observou-se 
nos últimos anos um aumento de pesquisas centradas em procedimentos 
regenerativos com a perspectiva de aumentar a taxa de sobrevivência de dentes 
comprometidos, produzir estruturas dentárias como polpa, ligamento 
periodontal, tecido ósseo e também todo um elemento dentário a partir de 
células-tronco, com a finalidade de restabelecer, a funcionalidade mastigatória e 
a estética de indivíduos que perderam dentes por qualquer motivo (TATULLO et 
al., 2019). 
A cárie e a doença periodontal são doenças progressivas que, se não 
tratadas adequadamente, podem levar à perda dentária. Essa perda, 
dependendo da localização, irá causar comprometimento funcional da 
mastigação, fonética e estética, assim como deficiências nutricionais, o que pode 
afetar a qualidade de vida do indivíduo (GEISSLER; BATES, 1984; GERRITSEN 
et al, 2010). 
Embora seja uma condição comum e que não ameace, diretamente, a 
vida do paciente, a ausência dentária tem gerado muitas pesquisas para o 
desenvolvimento de tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida do 
indivíduo (AUBIN, 1998). 
As células-tronco são células indiferenciadas, onde apresentam elevada 
capacidade de proliferação e de se auto renovarem. Habilitadas para renovar um 
tecido depois de um trauma ou lesão, podem modular as atividades celulares 
envolvidas nestes processos (ROLASES et al., 2015; JESUS et al., 2011). 
Os avanços com as técnicas e aplicações das células-tronco dentárias 
vêm aumentando significativamente nos últimos anos, por apresentarem 
características parecidas às células-tronco mesenquimais da medula óssea 
(ROLASES et al., 2015; JESUS et al., 2011). 
Vários são os motivos que levam a perda de um elemento dentário, por 
exemplo: cárie, traumatismos, tabagismo, má-higiene, entre outros, levando os 
indivíduos a procurarem tratamento restaurador para repor os dentes perdidos. 
A substituição desses dentes pode ser por meio de próteses dentárias, prótese 
sobre implantes e outras reabilitações. Muitas são as maneiras para poder 
3 
 
substituir um dente perdido mas por ser não-biológica a adaptação muita das 
vezes causa desconforto (DALTOÉ et al., 2014; TATULLO et al., 2019; KOLYA 
et al., 2007). 
Com intuito de causar menos danos aos pacientes, surgiu a ideia de poder 
substituir um elemento dentário, a partir de células-tronco da própria polpa de 
dente do paciente, já que a falta de dentes resulta em diversas dificuldades como 
mastigação, fonação, bem-estar físico e psicológicos, entre outros. Com os 
progressos da biologia de células-tronco e da bioengenharia tecidual, essa 
possibilidade se torna cada vez mais real, porém ainda requer muito avanço nos 
estudos para isso ser colocado em prática (MACHADO et al., 2012; DALTOÉ et 
al., 2014; TATULLO et al., 2019; FEQUES et al., 2014). 
Quando há a possibilidade de coleta de dentes decíduos para retirada de 
células-tronco da polpa é indicado que seja feita durante o período de esfoliação 
dos dentes, que ocorre entre os 6 e os 12 anos de idade da criança, com o auxílio 
de exames radiográficos e clínicos antes da realização do procedimento de 
extração destes dentes para verificar a etapa do processo e se ainda tem polpa 
suficiente para a coleta (JESUS et al., 2011). 
Este trabalho tem como objetivo discorrer sobre os tipos, a importância e 
utilização de células-tronco, com ênfase nas células retiradas da cavidade oral 
para possível aplicabilidade terapêutica na mesma, reunindo informações 
científicas a partir de uma revisão de literatura. 
 
METODOLOGIA 
O presente projeto de pesquisa consiste numa revisão de literatura sobre 
as células-tronco na Odontologia. Inicialmente, foi realizada uma busca por 
documentos completos (artigos, livros-texto, etc) publicados nas línguas 
portuguesa e inglesa, indexados nas bases de dados online: Biblioteca Virtual 
em Saúde (BVS), PubMed, SciELO e Medline, utilizando as palavras-chave 
células-tronco e odontologia e stemcells e dentistry. Os artigos analisados 
incluíram o período publicados nos últimos 15 anos, porém, também foram 
considerados artigos mais antigos desde que fossem relevantes para o 
4 
 
desenvolvimento do projeto de pesquisa. Após a leitura dos resumos e abstracts, 
foram selecionados 22 artigos em inglês e português. 
 
DESENVOLVIMENTO 
Células-tronco 
As células-tronco são células indiferenciadas, apresentam elevada 
capacidade proliferação e de auto renovação, são habilitadas para renovar um 
tecido depois de um trauma ou lesão quando necessário, podem modular as 
atividades celulares envolvidas nestes processos. Essas células são divididas 
em: embrionárias e adultas (ROLASES et al., 2015). 
As células-tronco adultas são autogênicas e por isso possuem vantagem 
sobre embrionárias já que dificilmente são rejeitadas pelo organismo, elas se 
diferenciam das mesenquimais, o que lhes permite a capacidade de se renovar 
e se diferenciar para gerar tipos especializados, no organismo vivo tem papel de 
manter e reparar o tecido no qual elas são encontradas, são células de fácil 
acesso e obtenção, encontradas entre células diferenciadas de um tecido ouórgão. 
 As embrionárias têm como vantagem a capacidade de proliferação e de 
diferenciação em diversos tipos celulares, são pluripotentes, provenientes de 
óvulos doados para fertilização in vitro de onde as células são retiradas no 
período do blastocisto, entre o quarto e quinto dia de vida e podem se diferenciar 
em qualquer tipo celular. Terapias com este tipo de célula-tronco enfrentam 
enormes limitações já que inúmeros países não permitem a utilização de 
embriões humanos em pesquisas, sendo, portanto, de menor acesso e de maior 
dificuldade para obtê-las (ROLASES et al., 2015; JESUS et al., 2011; KOLYA et 
al., 2007). 
Células-tronco em geral são usadas na prevenção e tratamento de 
determinadas doenças como câncer, diabetes, lesões na medula espinhal entre 
outras, ainda estão sendo muito pesquisadas e já atuam em diversos 
tratamentos. O armazenamento de células-tronco é um avanço na Medicina 
5 
 
Regenerativa e ainda enfrenta alguns problemas, porém são de uma 
perspectiva inovadora. (MACHADO et al., 2013). 
A auto-renovação também é uma característica das células-tronco 
adultas. A multipotência dessas células faz com que tenham uma capacidade 
mais limitada em diferenciarem-se em outros tipos celulares do que a 
pluripotênciadas embrionárias. Mesmo assim, diferenciam-se em células dos 
tecidos adiposo, ósseo, cartilaginoso e muscular, demonstrando sua alta 
plasticidade. Células-tronco adultas apresentam a grande vantagem de ser a 
fonte para transplantes autógenos, reduzindo os riscos de rejeição imune e, 
também, serem obtidas de indivíduos em qualquer estágio de vida. A medula 
óssea é a fonte mais estudada deste tipo de células (HARADA et al, 2002; 
CASAGRANDE et al, 2011). 
Acredita-se que há um grande reservatório de células indiferenciadas no 
corpo humano capazes de osteogênese durante toda a vida. A formação óssea 
acontece no organismo durante o desenvolvimento embrionário, crescimento, 
remodelamento e no reparo de fraturas (AUBIN, 1998). 
Como as células-tronco são células que tem alta capacidade de se 
regenerarem e também adquirir características de outros tecidos e mudar a sua 
forma original mesmo que seja de lugares diferentes por apresentarem grande 
plasticidade, houve um crescimento no interesse na área de pesquisa voltada às 
terapias em prol do tratamento de várias doenças, dentre elas, o Alzheimer e 
Parkinson devido a essas particularidades (MACHADO et al., 2013). 
Um estudo publicado em 2002 na revista Proceedings of the National 
Academy of Sciences um transplante de células progenitoras embrionárias que 
originaram células nervosas dopaminérgicas em um modelo animal com doença 
de Parkinson teve sucesso, e isso abriu um leque de questionamentos sobre 
utilizarem essas células em tratamentos de doenças degenerativas. Parece ser 
concreta a possibilidade de criação de novas técnicas para cultivar tecidos e 
órgãos em seres humanos, entretanto, ainda é necessário muito estudo para se 
ter um entendimento melhor dessa biologia e obter terapias evidentes de células 
bem-sucedidas (SEGUNDO et al., 2007; MACHADO et al., 2013). 
6 
 
Células-tronco e a Odontologia 
Na Odontologia, alguns estudos pré-clínicos analisam o potencial das 
células-tronco e apontam para a capacidade de regenerar tecidos lesionados 
como as glândulas salivares, cartilagens da articulação temporomandibular, 
língua e até mesmo dentes, já que apresentam multidiferenciação, capazes de 
originar linhagens distintas de células: osteogênicas, adipogênicas e 
neurogênicas. Essas células possuem a capacidade de diferenciação celular e 
produção de pelo menos um tipo celular altamente especializado, o que é seu 
diferencial e desperta o interesse de inúmeros profissionais da saúde para 
conduzirem pesquisas para o combate de muitas doenças, principalmente 
degenerativas (ROLASES et al., 2015; MACHADO et al.). 
De uma forma geral, os tecidos dentais possuem uma capacidade restrita 
de regeneração, o que explica a grande demanda nas áreas restauradoras e 
protéticas da odontologia. No entanto, pesquisas recentes com células-tronco e 
engenharia tecidual apresentaram progressos em novas perspectivas de uso na 
prática clínica odontológica (THESLEFF, TUMMERS; 2003). 
 A chegada das células-tronco de origem dentária e progressos recentes 
na área da biologia celular e molecular têm levado a novas estratégias 
terapêuticas, onde visam à regeneração dos tecidos bucais que foram afetados 
por trauma ou doença (CASAGRANDE et al, 2011). 
Em 1967, surgiu a ideia de que existisse células-tronco no ligamento 
periodontal já que as células deste ligamento são capazes de formar fibroblastos, 
cementoblastos e osteoblastos. Outra fonte escolhida capaz de exibir células-
tronco foi em polpa de dentes decíduos humanos esfoliados, uma vez que toda 
criança perde o dente decíduo, esta seria uma maneira fácil para armazenar 
essas células pois é um processo atraumático. Cientistas acreditam que células-
tronco de dentes decíduos se diferem das de dentes permanentes, pois se 
multiplicam e diferenciam mais rapidamente (VASCONCELOS et al., 2011). 
Existem diferentes fontes de células-tronco, por exemplo, a medula óssea 
e o sangue, o cordão umbilical, o sangue da placenta e células-tronco de 
natureza dentária. Porém em relação a Odontologia ainda existem muitas 
7 
 
pendências a serem estudadas sobre essa fonte, de modo que as evidências 
produzidas pelos estudos futuros possam estimular os pesquisadores a fazer 
com que as células-tronco dos dentes e seus adjacentes regenerem esmalte ou 
coroas dentárias (KOLYA et al., 2007). 
As células-tronco adultas podem ser encontradas nos tecidos dentários 
humanos pós-natais, sendo elas: células-tronco da papila apical, células-tronco 
do ligamento periodontal, células-tronco da polpa dental e células-tronco de 
dentes decíduos esfoliados humanos (ALMEIDA et al., 2016). 
 
Células-tronco da papila apical 
Na papila apical as células-tronco encontradas são fontes de 
odontoblastos, que produzem dentina primária para a raiz. Onde a papila apical 
é originada do ectomesênquima induzido pela sobreposição da lâmina dentária 
durante o desenvolvimento dentário, com a descoberta das células-tronco da 
papila apical (SCAPs – stem cells from apical papilla) vem sendo possível 
visualizar um novo protocolo para a administração clínica destes casos onde a 
conservação dessas células, no tratamento de dentes jovens, pode beneficiar 
para a maturação contínua da raiz e fechamento do ápice. Outra importante 
atribuição potencial para as SCAPs é sua utilização na regeneração da 
polpa/dentina e na engenharia tecidual (HUANG et al., 2008). 
 
Células-tronco do ligamento periodontal 
Na área periodontal encontram-se as que podem diferenciar-se em 
fibroblastos, cementoblastos e osteoblastos, sendo responsáveis pelo reparo 
tecidual. Inúmeras pesquisas vêm mostrando que células-tronco adultas de 
tecidos dentais e periodontais também podem ser aplicadas para regenerar 
raízes dentárias, no ligamento periodontal existem diversas células-tronco que 
permitem diferenciação e possui aspecto de fibroblastos inativos, estas células 
e as retiradas da polpa de terceiros molares são capazes de originar células 
8 
 
mesodérmicas, que irão fazer parte da estrutura óssea, da cartilagem, do tendão, 
do tecido adiposo e muscular (VASCONCELOS et al., 2011). 
 
Células-tronco da polpa dental 
Na polpa dental de dentes permanentes e principalmente decíduos, 
encontra-se as que se diferenciam em fibroblastos, componentes do tecido 
conjuntivo, e em odontoblastos, envolvidos na formação da dentina, vale 
salientar também sobre as células-tronco mesenquimais que podem ser 
encontradas em quase todos os tecidos do organismo, inclusive na polpa, apesar 
de ser bem raro a presença desta célula na polpa graças há uma ausência de 
informação sobre a localização anatômica das mesmas. Nofolículo dental se 
encontra as que representam células de um tecido em desenvolvimento que 
podem apresentar uma maior plasticidade do que as outras células-tronco 
dentais (FEQUES et al., 2014; MACHADO et al., 2013). 
Cada parte do dente apresenta uma localização diferente das células-
tronco, podendo mudar também se o dente for decíduo ou permanente, esfoliado 
ou não. Com isso essas células vêm sendo isoladas desde o ano 2000, quando 
foi realmente descoberto que é possível encontrar células-tronco adultas na 
polpa de dentes. Nas polpas dos dentes decíduos esfoliados foram encontrados, 
células-tronco com a capacidade de serem isoladas e de formação de osso 
(MACHADO, et al., 2015). 
 
Células-tronco de dentes decíduos esfoliados humanos e permanentes 
Células encontradas em dentes decíduos são denominadas de SHEDs e 
as encontradas em dentes permanentes de DPSC, as SHEDs tem uma 
capacidade mais elevada de proliferação, com mais plasticidade, porém 
incapazes de regenerar o complexo dentino-pulpar como as de DPSC. As 
células-tronco retiradas de dentes decíduos esfoliados também possuem 
funcionalidade, por serem capazes de induzir a formação de dentina, do osso e 
9 
 
gerar diferenciação em outros derivados de células mesenquimais não dentárias 
in vitro (MACHADO et al., 2015). 
As SHEDs aparecem por volta da sexta semana do desenvolvimento pré-
natal humano. Além disso, o uso autógeno destas células reduz o risco de 
reações imunológicas ou rejeição de transplantes, eliminando a possibilidade de 
contrair doenças de outro doador (ARORA, ARORA, MUNSHI, 2009). 
Estudos apontam que as SHED possuem a aptidão de se diferenciarem 
em células odontoblásticas funcionais, adipócitos, células neurais e também 
estimulam a osteogênese após transplantação in vivo. (Fig. 1) (SOARES et al., 
2007). 
Figura 1 - Células-tronco isoladas do tecido pulpar de dentes decíduos têm alta 
capacidade proliferativa e são capazes de se diferenciarem em odontoblastos maduros, 
adipócitos ou células neurais 
 
Fonte: Soares et al. (2007) 
 
Coleta de Células-Tronco 
Quando há a possibilidade de coleta de dentes decíduos para retirada de 
células-tronco da polpa é indicado que seja feita durante o período de esfoliação 
dos dentes, que ocorre entre os 6 e os 12 anos de idade da criança, com o auxílio 
de exames radiográficos e clínicos antes da realização do procedimento de 
extração destes dentes para verificar a etapa do processo e se ainda têm polpa 
suficiente para a coleta (JESUS et al., 2011). 
Após a coleta, as células-tronco (CT) retiradas do dente devem ser 
armazenadas para cultivo e criopreservação no Nitrogênio Líquido. A 
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Criopreservação vêm sendo uma etapa de grande teor de investimento tendo em 
vista que as células não sofrem mudanças em relação à qualidade ou 
quantidade, ela proporciona que estas células-tronco sejam armazenadas 
quando retiradas e guardadas para um uso caso e quando seja necessário pela 
própria pessoa que retirou ou até para doar à alguém que precise (JESUS et al., 
2011). 
 
Células-Tronco e a Medicina regenerativa 
Sobre o uso das células-tronco na medicina regenerativa, tanto na 
Odontologia quanto na medicina, para que sejam capazes de regenerar um 
tecido lesado ou até um órgão inteiro, é necessário conjunto formado por células-
tronco, uma matriz e proteínas. As células tronco de origem dental são 
indiferenciadas, capazes de auto renovação, formação de colônias e 
diferenciação multipotente, o que a torna um excelente atrativo para a medicina 
regenerativa. Dentro da Odontologia, a engenharia tecidual é área da ciência 
que estuda a restauração funcional e fisiológica de estruturas teciduais 
destruídas ou perdidas decorrentes de doenças ou trauma. Onde é baseada em 
três princípios da biologia tecidual: células-tronco progenitoras, matriz 
extracelular que mantém a estrutura do tecido e substâncias indutoras do 
crescimento e diferenciação celular (MACHADO et al., 2015; FEQUES et al., 
2014). 
A falta de dentes resulta em diversas dificuldades como mastigação, 
fonação, bem-estar físico e psicológicos entre outros. A engenharia tecidual 
busca formas para a substituição dos tecidos dentais perdidos utilizando células-
tronco. Os motivos que levam a perda de um elemento dentário são variados: 
cárie, traumas, hábitos de fumar, má higiene, entre outros, usa-se como 
substituição estética e funcional as próteses dentárias, prótese sobre implantes 
e outras reabilitações, entretanto, a melhor forma de substituição dentária seria 
uma derivada da forma biológica que ainda enfrenta um processo de estudo, 
mas que já é vista como uma solução possível e extremamente almejada, graças 
a terapia de uso de células-tronco (FEQUES et al., 2014; KOLYA et al., 2007). 
11 
 
A bioengenharia capacita a possibilidade do uso de células-tronco em 
terapias regenerativas na formação de um elemento dentário, de forma com que 
estudos vão avançando e por isso se torna uma possibilidade real e próxima 
mesmo que encontre como grande interferência os mecanismos complexos da 
formação de um dente completo. Para a bioengenharia é essencial um conjunto 
de três fatores, composto por células-tronco ou progenitoras, uma matriz que 
funcione como arcabouço e proteínas sinalizadoras, intituladas fatores de 
crescimento, como estímulo para diferenciação celular (Fig 2) (SOARES et al., 
2007). 
Figura 2 – Fatores necessários para a bioengenharia na Odontologia. 
 
Fonte: Soares et al. (2007) 
 
Matriz 
A matriz é um elemento fundamental, composta por materiais sintéticos e 
resistente, pois é ela quem fornece o arcabouço fundamental para o transporte 
dos nutrientes, oxigênio e resíduos metabólicos. Esse arcabouço deve possuir 
características biocompatíveis, não irritante e resistente, os seus derivados 
componentes funcionam ativando morfogênese das células implantadas, 
durante o tempo em que esta é progressivamente degradada e substituída pelo 
tecido regenerado. Para a formação de tecido dentário têm sido empregadas as 
matrizes PGA (ácido poliglicólico, sigla do inglês polyglycolic acid)e PLGA (ácido 
poli co-glicolídeo copolímero, sigla do inglês poli co-glycolidecopolymer), onde 
as duas apresentam semelhança no suporte de crescimento de tecidos dentários 
altamente organizados(SOARES et al., 2007). 
12 
 
Fatores de crescimento 
Os fatores de crescimento são proteínas extraídas extracelularmente que 
através de interações governam a morfogênese dentária na qual envolve uma 
série de interações dinâmicas entre o ectoderma e o mesênquima, são divididos 
em cinco famílias protéicas: proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs, sigla do 
inglês boné morphogenetic protein); fatores de crescimento para fibroblastos 
(FGFs, sigla do inglês fibroblast growth factor); proteínas Hedgehog (Hhs), 
proteínaswingless e int-related (Wnts) e fator de necrose tumoral (TNF, sigla do 
inglês tumor necrosis factor). Embora essas famílias distintas estejam envolvidas 
no desenvolvimento dentário, as BMPs são suficientes para a formação de 
dentina terciária (SOARES et al., 2007). 
 
CONCLUSÃO 
O uso de Células-tronco na Odontologia vem crescendo gradativamente, 
inúmeros esforços, testes e estudos são aplicados atualmente para que suas 
aplicabilidades terapêuticas deixem de ser teóricas e passem, enfim, a acometer 
a substituição dos tecidos dentais perdidos, garantindo um novo patamar para a 
odontologia restauradora e para isso é de grande importância o uso da 
engenharia tecidual. A regeneração dentária ainda é um desafio muito grande já 
que necessita não só de células mesenquimais, como também de células 
epiteliais e mesmo que a coroa do dente seja o fator de maior interesse do 
paciente, a grande dificuldade se encontra na formação da raiz biológica. As 
pesquisas com células-tronco são extremamente importantes já que podem ser 
o caminho da medicina moderna, onde novas terapiase mecanismos de 
prevenção podem ser desenvolvidos, apesar da muita controvérsia a respeito 
das células-tronco não há dúvidas da sua relevância na evolução do 
conhecimento das patologias assim como no desenvolvimento de novas formas 
terapêuticas, tanto na medicina como na odontologia. As terapias com células-
tronco adultas devem ser incentivadas pois os resultados dos estudos 
disponíveis atualmente são bastante promissores, contudo, também é 
necessário que os estudos apresentem análises mais robustas e consistentes 
13 
 
de modo que seus resultados sejam seguros e confiáveis, abrindo espaço para 
a inovação. 
 
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como fontes de células-tronco. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. 
v.15, n.2, p. 229-236, 2011.

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