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2 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS TEMAS PROPOSTOS E DISCURSIVAS GABARITADAS 1. Técnicas para Discursivas 1.1. Introdução Olá, meu nome é Leonardo Murga. Sou Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Distrito Federal e professor de técnicas para provas discursivas do Gran Cursos Online. Caso queira, você pode me encontrar na rede social Instagram à conta @leo.murga. Neste breve e-book, aprenderemos a estruturar um texto adequado à expectativa da banca examinadora formada para o concurso para os cargos de Analista Judiciário do Tribunal de Jus- tiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). A primeira parte do curso – relacionada às técni- cas – possui serventia para todos os cargos de Analista. Por outro lado, a segunda porção, na qual serão propostos 10 (dez) temas com seus respectivos gabaritos, contemplará as seguintes especialidades: Administração (Cargo 9) e Contabilidade (Cargo 12), bem como a Área Judici- ária sem especialidade (Cargo 5) e o cargo de Oficial de Justiça Avaliador Federal (Cargo 6). 1.2. Análise do Edital Inicialmente, é importante salientar que a banca examinadora define no edital de aber- tura do concurso 1 – item 9.6 – algumas regras que, conforme demonstradas adiante, não esgotam tudo que precisamos saber sobre como elaborar a prova discursiva para o certame ora em comento. Embora indesejável, tal situação está posta. Portanto, tentaremos preencher algumas lacunas deixadas pelos examinadores para que a elaboração da resposta para a prova discursiva seja feita a contento. Ato contínuo, vale aqui um antigo brocardo sobre concursos públicos: não nos cabe brigar com a banca, mas entendê-la. 1 Edital (retificado em 25/02/2022). Fundação Getúlio Vargas – FGV Conhecimento, Rio de Janeiro, 28 jan. 2022. Disponível em: https://conhecimento.fgv.br/ sites/default/files/concursos/tjdft_-_edital_22-02-2022_retificado_1.pdf. Acesso em: 05 mar. 2022. Leonardo Murga Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do DF (TC/DF). Professor de Técnicas para Discursivas; Sistemas de Controle; e Peças Técnico-Jurídicas em cursos preparatórios para concursos públicos. Consultor de preparação para concursos públicos. Graduado em Administração de Empresas pelo Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (Ibmec/RJ) e pós-graduado em Controladoria Governamental e em Licitações e Contratos Administrativos. Aprovações relevantes em concursos públicos: Administrador do Ministério da Integração Nacio- nal (2º lugar); Técnico de Nível Superior do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2º lugar); Analista Administrativo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (5º lugar); Administrador da Infraero (8º lugar); Ana- lista Legislativo do Senado Federal; Analista Judiciário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); Analista de Ciên- cia & Tecnologia da Capes (Ministério da Educação); dentre outros certames. https://conhecimento.fgv.br/sites/default/files/concursos/tjdft_-_edital_22-02-2022_retificado_1.pdf https://conhecimento.fgv.br/sites/default/files/concursos/tjdft_-_edital_22-02-2022_retificado_1.pdf 3 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Pois bem, os subitens do item 9.6 do edital – relacionados às regras para a prova discur- siva – demonstram, em síntese, que: I – a prova discursiva será fracionada em 2 (duas) questões discursivas que versarão sobre os conhecimentos específicos para cada cargo; II – poderão ser utilizadas canetas esferográficas, fabricadas em material transparente, de tintas nas cores azul ou preta; e III – a avaliação irá perfazer 30 (trinta) pontos, devendo o candidato obter, cumulativa- mente, ao menos 15 (quinze) pontos no total e uma nota diferente de 0 (zero) em cada uma das questões discursivas. Ademais, os subitens 9.6.9.1.1 e 9.6.9.1.2 do edital, respectivamente, afirmam que: 9.6.9.1.1 – Na avaliação da questão discursiva, serão considerados o acerto das respostas dadas, o grau de conhecimento do tema demonstrado pelo candidato e a fluência e a coerência da exposição. 9.6.9.1.2 – A nota será prejudicada proporcionalmente caso ocorra abordagem tan- gencial, parcial ou diluída em meio a divagações, e/ou colagem de textos e/ou de questões apresentadas na prova. Ambos os subitens retromencionados são insuficientes para explicar com clareza os cri- térios de correção a serem aplicados, bem como a banca examinadora deixou de demonstrar os valores mínimo e máximo de linhas para cada uma das questões discursivas. Além disso, não há maiores explicações sobre como serão avaliados os quesitos macroestruturais (forma e conteúdo) e os microestruturais (utilização da língua portuguesa) dos textos. 1.3. Estruturação de Texto Conforme demonstrado, o edital carece de critérios suficientemente claros para que pos- samos saber como a nota da prova da discursiva será construída, entretanto, a chave para vencer as aludidas lacunas está no aprendizado da estruturação textual. Vamos a ela. 1.3.1. Questões Discursivas De forma objetiva, tratando-se de concursos públicos, questões discursivas são textos discursivos simplificados – elaborados na modalidade dissertativa. Em outras palavras, uma questão é um texto sintético, resumido, porém que ainda obedece às regras de elaboração do tipo textual dissertativo. 4 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT 1.3.2. Texto Dissertativo A tipologia textual dissertativa refere-se a um texto escrito em prosa, em formato de pará- grafos. Suas partes são: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, contudo, uma ques- tão não necessita de todos esses elementos, devendo, necessariamente, trazer apenas o desenvolvimento. Em outras palavras, a introdução e a conclusão estão dispensadas, porém o texto deve ser estruturado em parágrafos – e não por itens ordenados, enumerações ou quaisquer outras estruturas. 1.3.2.1 Texto Dissertativo Explicativo e Texto Dissertativo Argumentativo Textos explicativos e textos argumentativos são muito mais similares do que diferentes. A dissimetria reside nos seus conteúdos. No primeiro caso, o conteúdo explicativo (também conhecido como expositivo) está pacificado. Trata-se da exposição de conhecimento factual sobre determinado assunto. Por outro lado, no segundo caso, o conteúdo argumentativo com- porta pontos de vista que podem ser técnica e objetivamente defendidos, igualmente, por fatos. Vamos para o exemplo: Conforme a Constituição Federal, o apreço das contas do Presidente da República será feito mediante parecer prévio elaborado pelo Tribunal de Contas da União. Tal afirmação está fundamentada diretamente no art. 71, inciso I, da Constituição Fede- ral, sendo, portanto, uma mera explicação factual de um determinado conteúdo. Agora veja- mos um exemplo de conteúdo argumentativo: Antigamente, de acordo com a jurisprudência do Poder Judiciário e com a doutrina admi- nistrativista majoritária, o poder de polícia, atividade da Administração Pública que limita ou disciplina direitos, deveria, na sua vertente sancionadora, apenas ser exercido por pessoas jurídicas de direito público. Entretanto, em recente julgado, o Supremo Tribunal Federal fixou ser constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, às pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público, que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. Diversamente, tal decisão não está imune a críticas, pois as socie- dades de economia mista podem possuir acionistas privados – ainda que minoritários – cujos interesses podem ser conflitantes com o princípio geral da supremacia do interesse público. Noutro sentido, o texto acima demonstra um assunto eminentemente argumentativo. Isto ocorre, pois, por um lado, o Supremo Tribunal Federal(STF) é o órgão constitucionalmente esta- belecido para dar a última palavra sobre a interpretação das nossas leis e, por outro, a recente 5 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT decisão da Suprema Corte opta por facultar acesso ao poder sancionador do Estado para pes- soas privadas que podem ter interesse particular no exercício – ou não – da mencionada ativi- dade, ensejando a consecução de desejos não necessariamente alinhados à vontade popular. Ato contínuo, há, de fato, dois pontos de vista tecnicamente defensáveis: 1) a competência do STF como intérprete máximo das leis; e 2) o fato de que há empresas estatais cuja composição acionária é formada, também, por pessoas privadas com interesses particulares. 1.3.3 Padrão Clássico de Discurso Já sabemos que as questões discursivas não necessitarão de introdução, nem de con- clusão, porém o desenvolvimento não poderá ser dispensado. Assim, a pergunta que exsurge é: como estruturar o desenvolvimento de um texto? Todo parágrafo de desenvolvimento de um texto dissertativo deve possuir 3 (três) ele- mentos. São eles: o tópico frasal, a causa e a consequência. 1.3.3.1 Tópico Frasal Conforme a lição do professor Othon M. Garcia (1967), formado “[...] habitualmente por um ou dois períodos curtos iniciais, o tópico frasal encerra de modo geral e conciso a ideia- -núcleo do parágrafo.” 2 Desta maneira, optaremos pela rota mais simples, que é a de utilizarmos apenas um período, o primeiro período do parágrafo de desenvolvimento, como o tópico frasal. Além disso, a chamada ideia-núcleo do parágrafo possui como objetivo, num concurso público, indicar para o corretor sobre qual dos itens apresentados na questão o candidato está se referindo. Assim, no caso de a questão apresentar, por exemplo, 3 (três) itens diferentes, deverá ser dada preferência para que sejam elaborados 3 (três) parágrafos diversos, um para cada item, sendo respeitada a ordem em que os itens foram demonstrados no enunciado. Vejamos, a seguir, uma das questões discursivas do concurso para o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV): 2 GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 27. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. 113 p. 6 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Como pudemos observar, há 4 (quatro) tópicos que deveriam ser abordados pelos candi- datos. A forma correta para elaborar o texto passará pela confecção de 4 (quatro) parágrafos, cada qual com seu respectivo tópico frasal. Observemos agora como o tópico frasal para o item 1 poderia ser escrito: De fato, João está sujeito à responsabilização cível, ainda que não tenha auferido pes- soalmente vantagem econômica. De acordo com o período retro, é possível notarmos que este se refere diretamente ao item 1 da questão discursiva proposta e, portanto, não deixa dúvidas para o corretor de que o candidato obedeceu à ordenação estabelecida pelo enunciado, bem como trouxe a ideia- -núcleo do parágrafo de forma objetiva. Em outras palavras, o tópico frasal acima, como redi- gido, só pode se remeter ao item 1 e só pode ser o início do primeiro parágrafo do texto. 7 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT 1.3.3.2 Causa A causa, segundo elemento que deve constar do parágrafo de desenvolvimento, deverá responder, de forma igualmente objetiva, o por quê, a razão de ser, do que foi demonstrado no tópico frasal. Dessa forma, vamos complementar o tópico frasal já apontado com a sua respectiva causa: De fato, João está sujeito à responsabilização cível, ainda que não tenha auferido pes- soalmente vantagem econômica. É assim, pois a Lei n. 8.429 de 1992, ao dispor sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade administrativa, também estabelece punições que não estão necessariamente conectadas a ações que importem o enriquecimento ilícito. Assim, para fins de simplificação textual, consideraremos a causa como o segundo perí- odo do parágrafo de desenvolvimento. 1.3.3.3 Consequência A consequência é o último elemento do parágrafo dissertativo, sendo, por sua vez, a explicação e/ou a argumentação a respeito da causa posta. Salienta-se que a diferença entre explicar e argumentar está no item 1.3.2.1 deste material. Nesse diapasão, vamos complementar o parágrafo proposto a partir do tópico frasal e da causa já postos neste e-book a respeito da questão do TCE-AM: De fato, João está sujeito à responsabilização cível, ainda que não tenha auferido pes- soalmente vantagem econômica. É assim, pois a Lei n. 8.429 de 1992, ao dispor sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade administrativa, também esta- belece punições que não estão necessariamente conectadas a ações que importem o enri- quecimento ilícito. Desta forma, o mencionado diploma legal delineia tanto os atos que causam prejuízo ao erário quanto os que atentam contra os princípios da Administra- ção Pública. Nos dois casos, a ação ou a omissão dolosa pode não ocasionar a locuple- tação do agente, mas não o exime da responsabilização. É importante asseverar que todo o texto deverá estar escorado em questões de fato e de direito. Ou seja, as explicações e/ou as argumentações devem ser sempre de cunho técnico. Ademais, também para fins de simplificação, podemos considerar que a consequência pode comportar mais do que um período. Por todo exposto, a estruturação de cada parágrafo de cada questão discursiva deverá conter, no mínimo, 3 (três) períodos. 8 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT 1.4 Conclusão Esta apostila, de distribuição gratuita, não deve ser considerada como substituta para os cursos de discursivas disponibilizados pelo Gran Cursos Online, sendo, por sua vez, um material suplementar. 2. Temas de Provas Discursivas e Respectivos Gabaritos Insta salientar que a FGV não trouxe o número exato de linhas para cada questão, por- tanto, utilizaremos como base a prova do TCE-AM, que também trouxe (2) duas questões dis- cursivas em moldes similares e, no enunciado da prova, assentou que o limite máximo seria de 30 (trinta) linhas. Por fim, assevera-se que os gabaritos propostos foram manuscritos e, depois, trans- critos para este material, portanto, todos podem ser redigidos dentro do limite de linhas estabelecido. 9 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 1 – Direito Constitucional Ambos são considerados como direitos fundamentais, garantidos pelo artigo 5° de nossa Constituição Federal. Todavia, há algumas distinções a serem consideradas. A liberdade de imprensa decorre do direito de informação. É a possibilidade de o cidadão criar ou ter acesso a diversas fontes de dados, tais como notícias, livros, jornais, sem interfe- rência do Estado. O artigo 1° da Lei n° 2.083/1953 a descreve como liberdade de publicação e circulação de jornais ou meios similares, dentro do território nacional. A liberdade de expressão está ligada ao direito de manifestação do pensamento, possibili- dade de o indivíduo emitir suas opiniões e ideias ou expressar atividades intelectuais, artísticas, científicas e de comunicação, sem interferência ou eventual retaliação do governo. O artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos define esse direito como a liberdade de emitir opiniões, ter acesso e transmitir informações e ideias, por qualquer meio de comunicação. Importa ressaltar que o exercício de ambas as liberdades não é ilimitado. Todo abuso e excesso, especialmente quando verificada a intenção de injuriar, caluniar ou difamar, pode ser punido conforme a legislação Civil e Penal. Liberdade de Imprensa x Liberdade de Expressão Sítio do TJDFT <http://www.tjdft.jus.br> Tendo como baseo texto acima, o contexto social brasileiro, bem como a Constituição Federal de 1988, sobre tema destacado, responda o que se pede: 1) a importância social e individual do direito à liberdade de expressão; 2) os limites do direito à liberdade de expressão. 10 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 11 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO De fato, o direito à liberdade de expressão, nas esferas social e individual, é de grande relevância. O dito direito, celebrado no art. 5º da Constituição Federal (CF/1988), também se faz presente dentre o rol de Princípios Fundamentais da Carta Magna. Portanto, ao ser cote- jada a prevalência da dignidade da pessoa humana (art. 1º) com o pluralismo político (art. 4º), sua interpretação se estende para a liberdade religiosa e ideológica. Tal conquista enseja inúmeras garantias à população, tais como: manifestar-se contrariamente ao governo estabe- lecido; reivindicar demais direitos sociais (melhorias nas condições de trabalho, por exemplo); a livre manifestação artística, cultural ou científica, livre de censura e independente de licença. Nesse sentido, há limites ao referido direito. De acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), não há direitos absolutos na CF/1988. Se, de um lado, há pessoas que entendem que o limite da liberdade de expressão reside apenas nos discursos e posicionamentos que incitem, de forma objetiva, a violência física; por outro, há os que entendem que a expressão do pen- samento que viola direitos humanos agride os ditames constitucionais. Fato é que, no sistema jurídico pátrio, na esfera penal, ofensas à dignidade humana são condutas tipificadas como abuso, infração ou crime. Assim, da colisão de princípios, deve o intérprete das leis ponderar, de forma proporcional e razoável, a solução do problema no caso concreto. Ademais, recen- temente, o STF vem se posicionando no sentido de que a liberdade de expressão, quando em colisão com outros direitos fundamentais, possui maior peso na ponderação. Entretanto, ressalta-se que a livre manifestação do pensamento não abarca discursos de ódio, os quais têm sido veementemente rechaçados pela Corte Constitucional. 12 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 2 – Administração Financeira e Orçamentária Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Constituição Federal de 1988 Discorra sobre o processo legislativo orçamentário, abordando: 1) as regras específicas para a aprovação do projeto de lei orçamentária; 2) as consequências da não apresentação e da não aprovação do projeto de lei orça- mentária nos prazos legais; 3) as regras comuns ao processo legislativo ordinário. 13 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 14 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO De fato, o processo legislativo orçamentário possui regras específicas. São elas: 1) ini- ciativa privativa do Chefe do Poder Executivo (PE) para a apresentação do projeto (até mesmo o Poder Legislativo [PL], que irá apreciar e aprovar o projeto, precisa enviar sua proposta orça- mentária para o PE, que consolida todas as propostas e apresenta um documento único); 2) os prazos fixados para encaminhamento do projeto ao PL e para devolução para sanção ao PE (até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, da Constituição Federal [CF], o projeto será encaminhado até quatro meses antes do encerra- mento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legisla- tiva, no âmbito da União); 3) a tramitação exclusiva por uma comissão mista de senadores e deputados (enquanto os projetos de lei ordinária tramitam por várias comissões técnicas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal): as emendas apresentadas na comissão mista devem obedecer a uma série de restrições, entre as quais as mais importantes são a compa- tibilidade com o Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a proibição de cancelamento de despesas com pessoal, serviço da dívida e transferências constitucionais; e 4) a possibilidade de o chefe do PE mandar mensagem modificando a proposta orçamentária enquanto não for iniciada a votação da parte que quer alterar. Ademais, salienta-se que tais regras são complementadas pelas do rito ordinário (art. 59 até 69 da CF). Nesse sentido, se o PE não apresentar a proposta orçamentária no prazo (o que é con- siderado crime de responsabilidade), o PL deve considerar a lei orçamentária que estiver em processo de execução como proposta para o exercício financeiro subsequente. Por outro lado, se o PL não aprovar o orçamento até o final do exercício financeiro, não há regra na legislação permanente prevendo as medidas que devem ser tomadas. Não obstante, diante da hipótese de não aprovação do orçamento no prazo, as LDOs vêm sistemática e sucessivamente aprovando uma autorização para os diversos órgãos públicos executarem, a cada mês, parcelas proporcio- nais da proposta orçamentária apresentada pelo PE, até que o orçamento seja afinal aprovado. Assim como todas as demais leis ordinárias, a lei orçamentária anual (LOA) é subme- tida à sanção presidencial, depois de aprovada no Congresso Nacional (CN). O processo de sanção implica, por sua vez, a possibilidade de aplicação de vetos parciais ou integrais, tanto ao texto da lei como às dotações consignadas. A imposição de vetos tem como consequência a abertura de prazo para a confirmação ou rejeição dos vetos, em votação conjunta no CN. Por fim, depois de passar pela sanção do presidente, a LOA somente entra em vigor, depois de regularmente promulgada e publicada, tal como ocorre com as demais leis. 15 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 3 – Contabilidade Pública A estrutura conceitual estabelece os conceitos que dão fundamento ao processo de ela- boração e posterior divulgação dos Relatórios Contábeis das Entidades do Setor Público, devendo tais relatórios ser elaborados com base no regime de competência. Os relatórios contábeis podem compreender múltiplos relatórios, cada qual atendendo a aspectos dos obje- tivos e do alcance da elaboração e divulgação da informação contábil. No escopo dessas informações, estão as demonstrações contábeis das entidades públicas, os demonstrativos fiscais e outros dados que aprimoram e complementam os relatórios. Para a elaboração de referidos relatórios, faz-se necessária a observância das caracte- rísticas qualitativas da informação que neles deve estar presente. Tais características repre- sentam os atributos que tornam a informação útil para os usuários e dão suporte ao cumpri- mento dos objetivos da informação contábil. Tendo as informações do texto precedente como referência inicial, responda o que se pede: 1) Comente sobre os objetivos almejados pela administração pública na divulgação dos relatórios contábeis (cite três deles). 2) Cite e conceitue as características qualitativas que devem estar presentes nos rela- tórios contábeis das entidades públicas. 3) Discorra sobre as demonstrações contábeis que devem ser divulgadas pelas entida- des do setor público para conhecimento dos usuários em geral. 16 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA AELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 17 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO De fato, há objetivos almejados pela Administração Pública na divulgação dos relatórios contábeis. Três deles são: 1) a prestação de contas; 2) responsabilização (“accountability”) da entidade e gestores; e 3) o cumprimento de obrigações legais. Tais objetivos buscam a for- necimento de informações sobre a entidade, que são úteis aos usuários em geral – inclusive para o controle social – e o consequente fortalecimento do processo de prestação de contas. No mesmo sentido, os relatórios contábeis possuem características qualitativas. São elas: i) relevância (capacidade de influenciar o usuário); ii) representação fidedigna (infor- mação completa, neutra e livre de erro material); iii) compreensibilidade (informação clara, sucinta e que corresponda às necessidades de conhecimento do usuário); iv) tempestividade (disponibilidade da informação); v) comparabilidade (possibilidade de identificação de seme- lhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos); e vi) verificabilidade (representação fiel dos fenômenos econômicos representados). Tais características estão contidas tanto na Estrutura Conceitual descrita pelo Conselho Federal de Contabilidade, bem como no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP). Por fim, os ditos relatórios trazem algumas demonstrações contábeis. São elas: a) Balanço Orçamentário (receitas/despesas); b) Balanço Financeiro (movimentação/resul- tado financeiro); c) Balanço Patrimonial (situação patrimonial, apresentando ativo, passivo e patrimônio líquido); d) Demonstração das Variações Patrimoniais (alterações e resultado patrimonial do exercício); e) Demonstração de Fluxos de Caixa (entradas/saídas de caixa); f) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (evolução/involução patrimonial). Tais informações fundamentam-se na NBC T 16.6 e no MCASP. 18 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 4 – Direito Administrativo Em 2011, o modelo de controle da administração baseado em três linhas de defesa surgiu na Europa e, a partir de 2014, começou a influenciar as atividades brasileiras. Ele res- saltou a importância do papel do gestor no gerenciamento de riscos e na implantação de con- troles internos. Sítio do TCE-RJ <http://www.tcerj.gov.br> Considerando que o fragmento de texto precedente tem caráter unicamente motivador, responda o que se pede a respeito do modelo das três linhas de defesa, utilizado na gestão de riscos do setor público. Em seu texto: 1) indique a composição de cada uma das três linhas de defesa; 2) descreva o objetivo de cada uma das três linhas de defesa; 3) aborde a contribuição, para a administração pública, da adoção desse modelo. 19 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 20 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO De acordo com a Lei n. 14.133 de 2021, a primeira linha de defesa é composta por ser- vidores e empregados públicos, agentes de licitação e autoridades que atuam na estrutura de governança organizacional. Por sua vez, segunda linha de defesa é integrada pelas unidades de assessoramento jurídico e de controle interno do próprio órgão ou entidade. Ademais, a terceira linha é constituída pelo órgão central de controle interno da Administração e pelos Tribunais de Contas. Assim, a primeira linha tem como objetivo o gerenciamento dos riscos sendo executada pelos gestores de todos os níveis dentro da organização ao manter controles internos eficazes e conduzir os procedimentos de riscos e de controle diariamente. Já a segunda linha destina- -se a monitorar, orientar e contribuir para a implementação de práticas de gerenciamento de riscos da primeira linha de defesa. Já a terceira linha fornece ao órgão de governança e à alta administração avaliações abrangentes baseadas no maior nível de independência e objeti- vidade dentro da organização, bem como tem nos Tribunais de Contas os órgãos técnicos, especializados e plenamente aptos para realizar, por intermédio do controle externo, a fisca- lização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos órgãos e entidades públicas do país quanto à legalidade, legitimidade e economicidade dos gastos públicos. Por fim, o modelo das três linhas de defesa provê diversas contribuições. Suas princi- pais são: 1) ajudar as organizações a identificar estruturas e processos que melhor auxiliam no atingimento de seus objetivos e fortalecem a governança e o gerenciamento de riscos; 2) modernizar os mecanismos de controle, a consequente divisão de responsabilidades e a implantação dos controles internos mais eficazes ao alinhamento organizacional; e 3) buscar uma melhor gestão operacional, por meio de gerenciamento de riscos mais eficaz. Tais contri- buições tendem a permitir a aplicação dos princípios da “accountability” pública e propiciar o consequente controle social. 21 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 5 – Administração Pública Na trajetória da administração pública brasileira, destacam-se o modelo burocrático, asso- ciado ao poder racional-legal, e o modelo gerencialista, representado pela nova adminis- tração pública. Discorra sobre os seguintes tópicos, relacionados a esses dois modelos: 1) contextos em que esses modelos surgiram; 2) propósito de cada um desses modelos; 3) princípios e práticas norteadoras (apresente, ao menos, três para cada modelo). 22 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 23 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO De fato, o modelo burocrático surgiu como oposição a um modelo de administração patri- monialista, que era altamente dependente da figura pessoal do governante e, assim, inseguro para a manutenção do patrimônio do Estado. Com o propósito de garantir eficiência adminis- trativa, a Reforma Burocrática de 1936 adotou a lógica da burocracia weberiana, com parâme- tros burocráticos estritos e centralização de atividades. Já o modelo gerencialista, por sua vez, surgiu em oposição aos resultados insatisfatórios obtidos com a adoção das práticas associa- das ao modelo burocrático — formalismo excessivo, baixa produtividade e elevado índice de insatisfação dos cidadãos quanto aos serviços públicos ofertados. Nesse sentido, os modelos burocrático e gerencialista possuem propósitos definidos. Sobre aquele, temos em destaque: i) o formalismo; ii) a clareza nas definições hierárqui- cas; iii) a meritocracia; iv) a racionalidade impessoal; v) as regras formais padronizadas; vi) a igualdade de tratamento de casos semelhantes; e vii) a clareza na definição das relações de subordinação. Sobre este, ressaltam-se: I) a promoção da descentralização das atividades do Estado; II) a autonomia para a gestão e ênfase na qualidade da prestação de serviços públi- cos por meio da incorporação de práticas típicas da gestão corporativa com busca da efici- ência administrativa; e III) a redução de custos e a eficiente administração dos serviços sob a responsabilidade do Estado. Por fim, há princípios e práticas norteadoras dos mencionados acima. Para o modelo burocrático, destacam-se: 1) o foco no cumprimento de responsabilidades pelos agentes administrativos; 2) a obediência dos agentes às regras e procedimentos; 3) a adoção de siste- mas administrativos formalizados como estratégia para combater o nepotismo e a corrupção; 4) o foco no estabelecimento e adoção de processos; 5) a criação de procedimentos claros, formalizadose unificados para a contratação de pessoal e aquisições de bens e serviços pela Administração Pública; e 6) o controle de procedimentos. Já sobre o modelo gerencialista, temos: a) o alcance de resultados valorizados pela sociedade, promoção de “accountability” e transparência nas ações do Estado; b) o aumento da qualidade percebida para os serviços públicos prestados direta ou indiretamente pelo Estado; c) a promoção de concorrência para serviços públicos, com oferta de escolha para os usuários; d) o foco em promoção de resulta- dos; e) a visão do cidadão como cliente para os serviços públicos; f) o combate à corrupção e ao nepotismo; g) a adoção de indicadores de desempenho como mecanismos de controle; e h) flexibilização das relações de trabalho na Administração Pública. 24 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 6 – Auditoria Governamental Elabore texto dissertativo acerca do papel dos testes de auditoria na convicção do audi- tor, atendendo, necessariamente, ao que se pede a seguir. 1) Apresente a finalidade dos seguintes procedimentos: – revisão analítica; – testes substantivos; – e testes de observância. 2) Elabore uma fluxogramação básica para testar a superavaliação de transações. 3) Discorra sobre os requisitos básicos de auditoria para a execução de teste de supe- ravaliação. 25 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 26 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO De fato, o auditor aplica certos testes de auditoria para obter as evidências ou as provas necessárias à formulação de sua opinião. Esses procedimentos possuem relevantes finalida- des. No caso, a revisão analítica é um dos procedimentos básicos a ser considerado pelo audi- tor na aplicação dos testes de observância e substantivos, devendo seu uso ser considerado caso o auditor perceba variação inesperada ou tendência atípica em determinado enquadra- mento contábil (relacionamento econômico-financeiro). Se a revisão analítica não for suficiente para dirimir as questões suscitadas, o auditor deverá executar novos procedimentos de audi- toria ou combinar testes de observância com substantivos, até formar opinião para conclusão satisfatória. Caso a revisão analítica não seja suficiente para elucidar a questão, o auditor poderá aplicar testes combinados. Se a conta-problema for de natureza devedora, o auditor poderá optar pelo teste de superavaliação, que é o mais indicado para confirmar se o saldo da conta está errado para mais. Ademais, o teste de observância visa provar a credibilidade do sis- tema de controle interno estruturado pela empresa, ao passo que a avaliação da regularidade e da exatidão do registro das operações é obtida a partir da aplicação dos testes substantivos. Além disso, há um fluxograma básico para testar a superavaliação de transações. Para a aplicação do teste de superavaliação, o auditor poderá optar pela forma em que irá rastrear o valor em suspeição a partir do registro no livro-razão até o documento-suporte do lança- mento contábil. Assim, são imprescindíveis à validação do referido teste as seguintes etapas: 1) razão; 2) registro final; 3) registro intermediário; 4) registro inicial; e 5) documento original de suporte do lançamento contábil. Por fim, a superavaliação de transações possui requisitos para sua execução. Embora não sejam identificáveis no fluxograma retro, são necessários à formação de opinião do audi- tor. São eles: i) conferência da soma da conta da razão geral; ii) seleção do débito/parcela e conferência de seu valor com o valor total dos registros geral, intermediário e inicial; iii) confe- rência da soma dos registros final, intermediário e inicial; e iv) conferência do valor do registro inicial com o documento original, suporte do lançamento contábil. 27 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 7 – Direito Administrativo No âmbito do direito administrativo, a atuação do Estado está submetida ao chamado regime jurídico-administrativo, que se expressa por meio do binômio prerrogativas-sujeições. As prerrogativas são concedidas à administração pública no intuito de fornecer os instrumen- tos e os meios necessários ao regular exercício de suas atividades, com vistas à concreti- zação do interesse público. As prerrogativas concedidas à administração pública incluem os poderes administrativos, em especial o poder de polícia. Considerando o texto acima, responda ao que se pede a seguir. 1) Discorra sobre o conceito de poder de polícia e cite dois exemplos de atos adminis- trativos que expressam esse poder. 2) Discorra sobre os ciclos ou fases do poder de polícia. 3) Apresente as distinções entre polícia administrativa e polícia judiciária explicitando, para cada uma dessas polícias: o objeto de incidência, as infrações tratadas e os órgãos competentes para seu exercício. 28 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 29 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO O poder de polícia foi previsto expressamente pelo art. 78 do Código Tributário Nacio- nal. Assim, considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes da concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie- dade e aos direitos individuais ou coletivos. Assim, são exemplos do poder de polícia: licença para construir, autorização para porte de arma de fogo, imposição de multas administrativas, apreensão de mercadorias, dentre outros. Ato contínuo, o poder de polícia possui ciclos ou fases. Tais etapas são amplamente des- critas na doutrina administrativista. Assim, são elas: a) ordem de polícia: corresponde à legis- lação que estabelece os limites e os condicionamentos aos exercícios das atividades privadas e ao uso de bens; b) consentimento de polícia: se revela na anuência prévia da administração, quando exigida, para a prática de determinadas atividades privadas (licenças ou autorizações); c) fiscalização de polícia: atividade de verificação do adequado cumprimento das ordens de polícia ou das regras previstas no consentimento de polícia pelo particular; e d) sanção de polí- cia: atuação administrativa coercitiva, na situação de se constatar o descumprimento de uma ordem de polícia ou dos requisitos e condições previstas no consentimento de polícia. Ademais, há distinções entre polícia administrativa e polícia judiciária. Tais diferenças devem perpassar: i) o objeto da incidência; ii) as infrações tratadas; e iii) os órgãos compe- tentes para o seu exercício. Assim, sobre o item “i”, a polícia administrativa incide sobre bens, serviços ou atividades privadas; a polícia judiciária incide sobre pessoas. Já acerca do item “ii”, a polícia administrativa trata de infrações administrativas; a polícia judiciária, de infrações criminais. Por fim, a respeito do item “iii”, a polícia administrativa é exercida por órgãos admi- nistrativos de caráter fiscalizador, integrantes dos mais diversos setores da Administração; a polícia judiciária é realizada por corporações específicas (Polícia Civil e Polícia Federal). 30 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 8 – Direito Processual Penal No mesmo contexto fático, Alfredo estuprou, matou e ocultou o cadáver de Lúcia,que era filha de Cláudio, delegado na cidade onde os fatos ocorreram. Como responsável por apurar os fatos criminosos, Cláudio presidiu toda a fase inquisitorial e relatou o inquérito policial. Após a fase de apuração policial, o Ministério Público local ofereceu denúncia contra Alfredo, a qual foi recebida, e requereu à autoridade policial que fosse indiciado um partícipe que não constava no inquérito. Oportunamente, a defesa de Alfredo pugnou pela nulidade do inquérito policial, alegando que toda a “persecutio criminis in judicio” estava contaminada em razão da suspeição da auto- ridade que o conduziu — Cláudio, delegado e pai de Lúcia. Acerca da situação hipotética apresentada e do instituto do inquérito policial, responda o que se pede, de forma fundamentada: 1) Regularidade, ou irregularidade, do pedido de indiciamento de partícipe feito pelo Ministério Público local e do procedimento adotado pelo delegado relativamente a esse pedido. 2) Validade, ou nulidade, da peça inquisitorial, conforme o posicionamento do STF, caso procedente a arguição de suspeição da autoridade policial. 3) Características e tipo de ação penal a que se destina cada uma das seguintes moda- lidades de instauração de inquérito: notitia criminis de cognição inqualificada; notitia criminis de cognição mediata; e notitia criminis de cognição coercitiva. 31 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 32 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO O Ministério Público não pode requisitar nem requerer o indiciamento de partícipe ao delegado de polícia, por se tratar de ato privativo da autoridade policial. Esta, ao não atender o pedido do MP, pode comunicá-lo sobre a faculdade do parquet em requisitar a instauração de inquérito por meio de notitia criminis, mas não o indiciamento em inquérito já encerrado e com denúncia recebida. Ademais, o indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a auto- ria, materialidade e suas circunstâncias. Ato contínuo, a possibilidade de a autoridade policial declarar-se suspeita espontaneamente é desnecessária, uma vez que a situação hipotética descreve que o inquérito foi por ela conduzido e concluído. De acordo com o STF, eventual suspeição de autoridade que presida o inquérito policial não o invalida, uma vez que o inquérito é peça meramente informativa e dispensável a que o juiz dará o valor que esta merecer. Após o recebimento da denúncia, quaisquer questões referentes a eventual suspeição do encarregado do inquérito serão consideradas meras irre- gularidades. Verifica-se, ainda, conforme o CPP, que eventual inobservância do referido dis- positivo não terá consequência no plano do processo judicial, embora tal conduta possa ter repercussão na esfera administrativo-disciplinar. Além disso, há diversas características das seguintes modalidades de inquérito: i) notitia criminis inqualificada; ii) notitia criminis qualificada; e iii) notitia criminis de cognição coercitiva. Sobre o item “i”, este ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da ocorrência de um crime de forma direta, por meio de suas atividades funcionais rotineiras, podendo con- cretizar-se a partir de denúncias anônimas, delação apócrifa, notícias veiculadas na imprensa. Conduz à instauração de ação penal pública incondicionada. Já sobre o item “ii”, este acontece quando a autoridade policial toma conhecimento da ocorrência de crime por meio de algum ato jurídico de comunicação formal do delito, entre os previstos na legislação processual. Pode concretizar-se por meio da vítima, de qualquer pessoa do povo, de juiz, do Ministério Público, do ministro da Justiça ou por representação do ofendido. Pode dar ensejo à instauração de inquérito nos crimes de ação penal pública condicionada/incondicionada e de ação penal pri- vada. Por fim, sobre o item “iii”, este ocorre na hipótese de prisão em flagrante delito, em que a autoridade lavra o respectivo auto independentemente da natureza da ação. Entretanto, nos crimes de ação penal pública condicionada e de ação penal privada, sua lavratura apenas poderá ocorrer se houver, respectivamente, representação ou requerimento do ofendido. 33 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 9 – Direito Tributário Considerando as disposições legais do Código Tributário Nacional (CTN), redija um texto acerca de lançamento tributário, atendendo ao que se pede a seguir. 1) Defina lançamento tributário. 2) Identifique e classifique as quatro modalidades de lançamento tributário existentes no CTN, indicando as modalidades principais e as subsidiárias (ou supletivas). 3) Explique cada uma das modalidades de lançamento, indicando as atribuições do fisco e do contribuinte em cada uma delas. 34 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 35 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO De fato, o Código Tributário Nacional (CTN) define o lançamento tributário. Esta é a dicção do art. 142 do CTN. Portanto, lançamento tributário é o procedimento administrativo utilizado pela autoridade administrativa para verificar a ocorrência do fato gerador de uma obrigação tributária, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, quando for o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. O CTN prevê três modalidades principais de lançamento tributário. São elas: i) por decla- ração, ii) de ofício e iii) por homologação (ou autolançamento). Além disso, o CTN prevê o iv) lan- çamento por arbitramento ou aferição indireta, usado apenas em caráter subsidiário. Assim, são necessárias definições sobre cada modalidade de lançamento. No item “i”, o contribuinte fornece ao Fisco elementos para que este apure o crédito tributário e notifique o contribuinte para que ele pague o tributo. A declaração, nesse caso, refere-se apenas aos fatos e elementos necessários à apuração do crédito tributário, não sendo necessário que o contribuinte calcule o tributo. Após a informação do contribuinte, o Fisco calcula o valor devido e notifica o contribuinte do valor a ser pago. Por sua vez, o item “ii” é realizado direta e exclu- sivamente pelo Fisco, seja por determinação legal, seja pelo fato de o contribuinte não ter feito o lançamento devido. Nesse caso, é o próprio Fisco que verifica a ocorrência do fato gerador, calcula o tributo e notifica o sujeito passivo para o pagamento. O contribuinte apenas efetua o pagamento. Como o lançamento de ofício também pode possuir caráter subsidiário, é possí- vel que o contribuinte declare a ocorrência do fato gerador, mas, em razão de constatação de falsidade, erro, omissão ou fraude, o fisco glose o lançamento e apure de ofício o valor devido. No caso do item “iii”, é o próprio contribuinte quem verifica a ocorrência do fato gerador, apura o valor devido e efetua o pagamento. Cabe ao Fisco apenas averiguar a correção do lança- mento, efetuando a homologação de forma expressa ou tácita ou procedendo ao lançamento de ofício. Nenhum ato do fisco é necessário para que o crédito tributário se consolide. Por fim, o item “iv” é excepcional e ocorre apenas no caso de, constatada a ocorrência do fato gera- dor, a autoridade administrativa não possuir elementos suficientes para a correta apuração do valor devido. Isso ocorre quando o contribuinte é omisso, presta declarações ou esclarecimen- tos que não mereçam fé ou apresenta documentação inidônea. Como o lançamento é neces- sariamente subsidiário, o fato gerador pode ter sido declarado pelopróprio contribuinte ou verificado pelo Fisco. Em ambos os casos, caberá ao Fisco calcular o valor do tributo devido com base em elementos indiciários ou presunções legais ou por aferição indireta, e caberá ao contribuinte efetuar o pagamento após o arbitramento desse valor. 36 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT Questão 10 – Direito Administrativo Concurso público é o principal instrumento de garantia do sistema de meritocracia na organização estatal, um dos pilares dorsais do estado social de direito brasileiro, condensado e concretizado na Constituição Federal de 1988. Suas qualidades essenciais são: ser con- curso, o que implica genuína competição, sem cartas marcadas, e ser público, no duplo sen- tido de certame transparente e de controle amplo de sua integridade R. Esp. 1.362.269/CE, Segunda Turma, rel. min. Herman Benjamin, DJe de 1.º/8/2013 (com adap- tações). Considerando que o fragmento de texto precedente tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca da existência de direito subjetivo à nomeação de candidato aprovado em concurso público, consoante a jurisprudência do Supremo Tribu- nal Federal. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: 1) as hipóteses em que há direito subjetivo à nomeação dos candidatos aprovados em concurso público; 2) os princípios administrativos envolvidos nessa questão; 3) as características das situações excepcionais que podem motivar a recusa da admi- nistração em nomear novos servidores aprovados em concurso público. 37 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT ESPAÇO PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO 1 5 10 15 20 25 30 38 www.grancursosonline.com.br Professor: Leonardo Murga TÉCNICAS PARA PROVAS DISCURSIVAS DO TJDFT GABARITO PROPOSTO Nos termos do inciso II do art. 37 da Constituição Federal de 1988, a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público, ressalvadas as nome- ações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Em regra geral, o candidato aprovado em concurso público possui expectativa de direito em relação à sua nomeação. Contudo, tal expectativa se convola em direito subjetivo quando: i) o candidato é aprovado dentro do número de vagas previsto no edital do certame; ii) há preterição na nome- ação por não observância da ordem de classificação; e iii) surgem novas vagas, ou é aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorre a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma arbitrária e imotivada pela Administração; e iv) há candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência/impedimento de candidatos classificados em melhor colocação. Assim, há diversos princípios administrativos envolvidos na questão retro. São eles: a segurança jurídica, a eficiência, a boa-fé, a moralidade, a impessoalidade, a isonomia, a prote- ção à confiança e do concurso público. Tais princípios estão positivados tanto na Carta Magna quanto em normas infraconstitucionais e servem como base para a manutenção da lisura dos concursos públicos. Por fim, apenas em situações excepcionais, que demandem tratamento diferenciado, a Administração não terá a obrigação de nomear os candidatos aprovados em concurso que possuam direito subjetivo. Para tanto, as situações justificadoras devem estar dotadas das seguintes características: superveniência – fatos justificadores posteriores à publicação do edital do concurso), imprevisibilidade, gravidade e necessidade. Sendo esta, portanto, a posi- ção mais recente da Suprema Corte. (61) 99884-6348 Contato para vendas: | No horário de segunda a quinta até as 22h e sexta até as 21h. NÚMEROS GRANDES: milhares de alunos aprovados, mais de 1 milhão de questões, mais de 23 mil cursos e centenas de professores para te ajudar a passar. 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