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Diabetes Gestacional

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Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 0 
 
 
 
0 
www.sanarflix.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo 
Diabetes Mellitus 
Gestacional 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 1 
 
 
 
1 
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1. Introdução 
O diabetes mellitus (DM) é um distúrbio metabólico de etiologia múltipla 
caracterizado por hiperglicemia crônica e alteração do metabolismo de carboidratos, 
gorduras e proteínas, por defeitos na secreção e/ou ação da insulina. 
O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como hiperglicemia detectada pela 
1ª vez na gestação, não se considerando gravidade ou evolução, diagnosticado no fim 
do 2º ou início do 3º trimestre de gestação. 
Gestação normal caracteriza-se por hipoglicemia no jejum, decorrente da captação 
de glicose pela placenta, não insulino-dependente, e por hiperglicemia pós-prandial e 
intolerância aos carboidratos, resultado da ação diabetogênica dos hormônios 
placentários. O aumento na resistência insulínica permite maior oferta de glicose ao feto 
e coincide com o aumento da secreção de insulina para manter a homeostasia glicêmica. 
O aumento é exponencial durante o 2º trimestre e estabiliza no final do 3º trimestre. 
O DMG está associado a desfechos adversos maternos – aumento do risco de pré-
eclâmpsia e hipertensão gestacional – e desfechos perinatais – crescimento fetal 
excessivo, distócia de ombro e trauma de parto. O DMG é um dos preditores de 
desenvolvimento futuro de DM II: 50% daquelas com DMG terão DM II em 10 anos. 
 
2. Avaliação Pré-Concepcional em Mulheres com DM 
Objetiva reduzir a incidência de malformações fetais, abortamentos e mortalidade 
perinatal através do controle metabólico adequado. Estudos observacionais mostram 
risco aumentado de embriopatia diabética (anencefalia, microcefalia, cardiopatia 
congênita e regressão caudal) diretamente proporcional à elevação da hemoglobina 
glicada (HbA1c) nas 10 primeiras semanas de gestação. 
DPOC 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 2 
 
 
 
2 
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A recomendação é de otimizar o controle glicêmico antes da concepção, mantendo 
a HbA1c <6,5%, a qual associa-se ao menor risco de anomalia congênita. Métodos 
contraceptivos seguros devem ser empregados até que o controle glicêmico seja obtido. 
Automonitorização intensiva da glicose capilar (antes de cada refeição, 1-2h após as 
refeições e ao deitar-se) associada ao ajuste da dose de insulina é o método mais 
utilizado. 
 
3. Avaliação das Complicações Crônicas e Morbidades 
Fundoscopia realizada por oftalmologista 
Avaliação da função tireoidiana, principalmente se DM I associado 
Eletrocardiografia em repouso e de esforço 
Avaliação da função renal com medida da creatinina 
Avaliação da pressão arterial 
Avaliação da imunidade contra rubéola, sífilis, toxoplasmose, hepatite, HIV 
Avaliação do tipo sanguínea e citopatologia do colo de útero 
Tabela 1: Avaliação das complicações crônicas do DM e morbidades associadas 
 
4. Orientações Terapêuticas 
Perda de peso naquelas com IMC >27kg/m2 
Estímulo à prática de exercício físico 
Aconselhamento sobre tabagismo (se pertinente) 
Substituição de antidiabéticos VO por insulina naquelas com DM II* 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 3 
 
 
 
3 
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Suspensão ou substituição dos medicamentos em uso** 
Prescrição de ácido fólico (5g/dia) por, no mínimo, um mês antes da concepção até 
12 semanas de gestação 
Alvo para HbA1c <6,5%, desde que não acarrete hipoglicemia excessiva 
Tabela 2: Orientações terapêuticas para pacientes com risco para DMG ou com DM 
instalada. 
IMC: índice de massa corporal; VO: via oral; HbA1c: hemoglobina glicada. 
*Com exceção de metformina. 
**Estatinas, IECAs e BRAs estão contraindicados durante toda a gestação. β-
bloqueadores e nifedipino podem ser mantidos. Metildopa é o anti-hipertensivo de 
escolha. 
 
5. Classificação Etiológica do DM 
DM Tipo I 
Destruição das células β-pancreáticas levando à deficiência 
absoluta de insulina 
DM Tipo II 
Redução progressiva da secreção de insulina subjacente a um 
estado de resistência insulínica 
DM 
Gestacional 
DM diagnosticado no 2º ou 3º trimestre gestacional, sem critérios 
para DM fora da gestação 
*DM pré-gestacional determina risco aumentado de desfechos maternos adversos 
(agravamento de complicações crônicas do DM, desenvolvimento de doença 
hipertensiva da gestação) e perinatais (abortamento, mortalidade intrauterina, 
malformações congênitas, prematuridade, macrossomia e disfunção respiratória 
neonatal). 
 
*As taxas de mortalidade perinatal nas gestações com DM são 2-9x maiores que 
nas gestações sem DM. 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 4 
 
 
 
4 
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Outros tipos 
DM neonatal, MODY, fibrose cística (pâncreas), DM por fármacos 
etc. 
Tabela 3: Classificação etiológica da DM 
DM: diabetes mellitus; MODY: Maurity-onset diabetes of the young. 
 
6. Pré-Diabetes 
Glicemia de Jejum 
Alterada 
Glicemia 100-125mg/dL Maior risco para 
desenvolvimento de DM ou DCV 
no futuro. 
Tolerância à Glicose 
Diminuída 
Glicemia 2h pós-TTOG 
entre 140-199mg/dL 
Tabela 4: Níveis de glicemia encontrados com pacientes pré-diabéticos. 
TTOG: teste de tolerância oral à glicose com 75g glicose; DCV: doença cardiovascular. 
 
7. Critérios Diagnósticos 
Organização 
Glicemia de 
Jejum 
Sobrecarga 
Oral 
Glicemia 1ª 
Hora 
Glicemia 2ª 
Hora 
Glicemia 3ª 
Hora 
ACOG* ≥95mg/dL 100g-3h ≥180 ≥155 ≥140 
IADPSG** 
OMS 2013 
ADA 2014 
FIGO 2015 
≥95mg/dL 75g-2h ≥180 ≥153 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 5 
 
 
 
5 
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ADIPS** ≥92mg/dL 75g-2h ≥180 ≥180 
CDA* ≥95mg/dL 75g-2h ≥191 ≥191 
NICE** ≥5,6mmol/L 75g-2h 
ALAD** ≥100mg/dL 75g-2h 
Tabela 5: Critérios diagnósticos de DMG de acordo com diferentes organizações 
*≥2 valores são exigidos para o diagnóstico. 
**Um valor é suficiente para o diagnóstico. 
ACOG: American Congress of Obstetricians and Gynecologists; ADA: American Diabetes 
Association; ADIPS: Australasian Diabetes in Pregnancy Society; ALAD: Asociación 
Latinoamericana de Diabetes; CDA: Canadian Diabetes Association; FIGO: Federação 
Internacional de Ginecologia e Obstetrícia; IADPSG: International Association of the 
Diabetes and Pregnancy Study Groups; NICE: National Institute for Health and Care 
Excellence; OMS: Organização Mundial da Saúde. 
 
A maior parte das entidades oficiais endossou as recomendações da 
International Association of the Diabetes and Pregnancy Study Groups (IADPSG) que 
preconiza: 
• Realizar medida de glicemia de jejum na 1ª consulta pré-natal para identificar 
DM preexistente. 
• Realizar TTOG 75g 2h entre a 24ª e 28ª semana com o objetivo de detectar DMG. 
 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 6 
 
 
 
6 
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 Figura 1: Fluxograma para o diagnóstico de DMG. 
FONTE: Rotinas de Obstetrícia, 7ª Edição. 
 
8. Tratamento Não-Farmacológico 
Envolve uma abordagem multifatorial: cuidados com alimentação, prática de 
atividade física, uso de medicamentos e monitorização metabólica e obstétrica 
continuadas. 
No que se refere à dieta, o cálculo do valor calórico e ganho de peso durante a 
gestação é feito com base no peso ideal pré-gestacional. Para o cálculo energético, 
recomenda-se o valor calórico prescrito para não gestantes acrescidos de 300-450kcal 
diárias no 3º trimestre – desde que não determine ganho excessivo de peso. 
A orientação nutricional é o 1º passo terapêutico. Dietas de baixo índice glicêmico 
foram efetivas na redução da necessidade de insulina em 23%. O valor calórico total da 
dieta e distribuído em 3 refeições e 2 a 3 lanches: o café da manhã deve conter 10% das 
necessidades calóricas; almoço e jantar 30% cada; lanches somados também 30%. 
A quantidade mínima de carboidratos recomendada na gestação éde 175g/dia. 
Dietas muito restritivas (<1500kcal/dia) podem induzir cetonemia e NÃO são 
recomendadas. 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 7 
 
 
 
7 
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A prática de exercício físico deve ser estimulada. Recomenda-se a realização de 
exercício de baixo impacto por 25-30min, até 4x/semana. No DMG, recomenda-se 15-
30min de atividade física diária, com automonitorização da atividade fetal e, 
idealmente, glicemia capilar antes e após a atividade. 
 
9. Contraindicações à Prática de Exercício Físico na Gestação 
ABSOLUTAS RELATIVAS 
Ruptura prematura das membranas Aborto espontâneo prévio 
Trabalho de parto prematuro Parto pré-termo prévio 
Doença hipertensiva na gestação Doença cardiovascular leve/moderada 
Incompetência istmocervical Anemia (Hb <10) 
Restrição de crescimento fetal Doença respiratória leve/moderada 
Gestação múltipla (≥tripla) Desnutrição ou distúrbio alimentar 
Placenta prévia >28ª semana Gestação gemelar >28ª semana 
Sangramento persistente no 2º ou 3º 
trimestre 
 
DM I descompensado 
Doença tireoidiana, DCV, DR ou sistêmica 
grave 
 
Algumas modalidades de exercício* 
Tabela 6: Contraindicações absolutas e relativas à pratica de exercício físico durante o 
período gestacional. 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 8 
 
 
 
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DM I: diabetes mellitus tipo I; DCV: doença cardiovascular; DR: doença 
respiratória; Hb: hemoglobina. 
*Mergulho com descompressão, exigência de equilíbrio e risco de queda ou 
trauma abdominal. 
 
10. Tratamento Farmacológico 
O tratamento farmacológico PADRÃO para o DMG é a insulina. Mais recentemente, 
medicamentos VO têm sido empregados, como metformina e glibenclamida. 
Medicamentos Orais 
A metformina apresenta passagem placentária, mas NÃO há aumento no risco 
de malformações congênitas quando utilizada durante o 1º trimestre. Tem eficácia e 
segurança semelhantes às da insulina nos desfechos perinatais e neonatais, apesar de – 
frequentemente – ser necessária a suplementação insulínica para alcançar o controle 
glicêmico adequado. Os efeitos adversos principais incluem náuseas e desconforto 
gastrintestinal. 
A glibenclamida, utilizada a partir do 2º trimestre da gestação, mostrou pequena 
passagem placentária e eficácia semelhante à da insulina no controle glicêmico. Estudos, 
entretanto, sugerem que possa apresentar benefício inferior à insulina e à metformina, 
por aumentar o risco de macrossomia e hipoglicemia neonatal. O efeito adverso 
principal é a hipoglicemia. 
Insulinoterapia 
Considerado o tratamento PADRÃO na DMG pela eficácia e segurança: o elevado 
peso molecular da insulina impede a passagem placentária em quantidades 
significativas. Indicado nas gestantes que não atingem as metas de controle glicêmico 
por provável falha do tratamento VO – glicemia de jejum >140mg/dL ou TTOG 2h 
>200g/dL. 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 9 
 
 
 
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A dose e tipo dependem do padrão da hiperglicemia: (1) se há predomínio de 
hiperglicemia de jejum, indica-se insulina de longa ação (NPH), dose de 0,2UI/kg; (2) se 
há predomínio de hiperglicemia pós-prandial, insulina rápida ou ultrarrápida – iniciar 
com 1,5UI por 10g de carboidrato no café da manhã e 1UI por 10g de carboidrato no 
almoço e jantar; contudo, se houver (3) predomínio de hiperglicemia pré e pós-prandial 
o tratamento é intensivo, com 4 doses diárias de insulina - dose inicial de 0,7UI/kg com 
aumento progressivo até o controle. Gestantes obesas ou próximas do termo podem 
necessitar de até 2UI/kg. 
Administrar 50-60% da dose diária como insulina NPH e 40-50% como insulina 
rápida. O ajuste das doses deve ter como base a monitorização da glicemia capilar diária. 
Durante a gravidez, doses insulínicas crescentes são necessárias, especialmente 
a partir do fim do 2º trimestre, com estabilização ao fim do 3º trimestre. 
A complicação mais comum é a hipoglicemia. Não há relatos associando 
hipoglicemia materna (mesmo os episódios graves) a efeitos adversos no feto. 
 
INSULINA 
INÍCIO DA 
AÇÃO 
PICO DA 
AÇÃO 
DURAÇÃO DA 
AÇÃO 
POSOLOGIA 
Ultrarrápidas* 
Lispro 
<5-15min 30-90min 
4-5 horas 
Logo antes ou logo 
após as refeições 
Asparte 4-6 horas 
Glulisina 3-4 horas 
Rápida 
Regular 30-60min 2-3 horas 5-8 horas 
30min antes das 
refeições 
Intermediária 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 10 
 
 
 
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NPH 2-4 horas 4-10 horas 10-18 horas Doses fracionadas 
Ultralentas** 
Glargina 2-4 horas 
Sem pico 
20-24 horas 
Conforme o perfil Detemir 1-3 horas 18-22 horas 
Degludeca 2 horas 25-42 horas 
Tabela 7: Tipos, atuação e indicação das insulinas. 
*Lispro e asparte mostraram eficácia semelhante no controle glicêmica à insulina 
regular. 
**Glargina, degludeca e glulisina não foram avaliadas e ensaios clínicos randomizados 
em gestantes. 
 
11. Manejo da Hipoglicemia 
Glicose capilar <60mg/dL ou 70mg/dL com sintomas. 
Se consciente: 1 copo de suco de laranja (10-15g de carboidrato de absorção rápida) 
é suficiente*. 
Se inconsciente: glucagon subcutâneo ou glicose hipertônica (se em ambiente 
hospitalar). 
Tabela 8: Manejo da hipoglicemia em ambiente domiciliar e/ou hospitalar 
*Resolvido o episódio agudo → ingerir alimentos com mais carboidratos de absorção 
lenta → prevenir recorrência. 
 
 
 
 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 11 
 
 
 
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12. Acompanhamento Pré-Natal 
A avaliação da glicemia de jejum isolada NÃO é capaz de detectar gestantes com 
controle inadequado. Controle pós-prandial somado à glicemia de jejum mostrou-se 
mais eficaz em reduzir as taxas de cesariana, macrossomia e hipoglicemia neonatal 
quando comparada a monitorização isolada da glicemia de jejum. 
Idealmente, a monitorização deve ser diária. Na impossibilidade de 
automonitorização domiciliar, medidas seriadas semanais da glicose capilar (pré e pós-
prandiais) em regime semelhante a hospital-dia devem ser aplicadas. O intervalo entre 
os perfis glicêmicos é definido pelo controle: a cada 2 semanas (se controle adequado) 
ou semanalmente (se ajustes forem necessários). 
As variações fisiológicas da hemoglobina na gravidez parecem comprometer o 
desempenho da HbA1c 
como instrumento principal de monitorização metabólica. 
Medida rotineira da cetonúria é útil na monitorização de gestantes com dietas 
restritivas em carboidratos. Em geral, a cetonúria em resposta ao jejum prolongado e/ou 
à restrição de carboidratos é leve e não indica modificação no tratamento. Por outro 
lado, gestantes com glicemias >240 mg/dL, sintomas de DM descompensado, 
intercorrência com doença grave durante a gestação ou perda de peso devem avaliar a 
cetonúria para a detecção precoce de cetoacidose diabética. 
Quando um ou mais valores de glicemia capilar estiverem além dos alvos 
terapêuticos após 2 semanas de tratamento não farmacológico ou quando a avaliação 
ultrassonográfica mostrar sinais de crescimento fetal excessivo, inicia-se o tratamento 
farmacológico. 
 
 
 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 12 
 
 
 
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13. Alvos Glicêmicos para o DM na Gestação 
Instituição Jejum Pré-prandial 1h Pós-prandial 2h Pós-prandial 
ADA 95mg/dL - 140mg/dL 120mg/dL 
ACOG 90mg/dL 105mg/dL 130-140mg/dL 120mg/dL 
NICE 95mg/dL - 140mg/dL 120mg/dL 
FIGO 95mg/dL - 140mg/dL 120mg/dL 
Tabela 9: Alvos glicêmicos para a DMG nos diferentes momentos de acordo com as 
diferentes associações 
ADA: American Diabetes Association; ACOG: American Congress of Obstetricians 
and Gynecologists; NICE: National Institute for Health and Care Excellence; FIGO: 
Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia. 
 
14. Tratamento Modulado pelo Crescimento Fetal 
O crescimento fetal acompanhado por ultrassonografia (USG) seriada pode servir 
como orientação da necessidade de controle mais estrito das glicemias. Asmedidas 
fetais por USG a partir da 26ª a 28ª semana, especificamente a circunferência abdominal 
(CA), permitem identificar a resposta fetal ao controle metabólico materno. Medida de 
CA fetal >percentil 75 para a idade gestacional (IG) pode indicar hiperinsulinismo fetal. 
O controle glicêmico materno mais estrito – glicemia de jejum de 80mg/dL e 2h pós-
prandial de 100mg/dL em gestantes com fetos de crescimento excessivo (≥percentil 75) 
– e controle mais flexível – glicemia de jejum de 100mg/dL e 2h pós-prandial de 
140mg/dL em fetos com crescimento >percentil 25 e <percentil 75 – reduziu a incidência 
de macrossomia, de recém-nascidos grandes para IG (GIG) e também pequenos para IG 
(PIG). 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 13 
 
 
 
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A ecocardiografia (ECC) fetal é solicitada para as gestantes com DM em torno da 26ª 
semana objetivando o diagnóstico específico de malformações cardíacas (mais 
frequentes na gestação diabética) e de hipertrofia septal, um dos indicadores indiretos 
de hiperinsulinismo fetal. 
O rastreamento para doença hipertensiva da gestação com a medida da pressão 
arterial (PA) é realizado a cada consulta pré-natal, pois, mesmo no DM leve (sem 
hiperglicemia de jejum) há aumento de risco de pré-eclâmpsia. 
O rastreamento trimestral de bacteriúria assintomática é recomendado, visto que 
infecção urinária e pielonefrite são as causas mais comuns de descompensação 
metabólica e de cetoacidose na gestação com DM I. 
 
 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 14 
 
 
 
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Figura 2: Fluxograma de acompanhamento obstétrico. 
FONTE: Retirado de Rotinas de Obstetrícia, 7ª Edição. 
 CTG: cardiotocografia; MAP: monitorização anteparto; PA: pressão arterial; 
PBF: perfil biofísico fetal; US: ultrassonografia. 
 
15. Avaliação da Vitalidade Fetal 
As gestantes são orientadas a observar a movimentação fetal a partir da 28ª semana 
de gestação e a buscar atendimento obstétrico caso haja movimentação fetal reduzida 
ou ausente. 
Após 32 semanas, sugere-se avaliação da vitalidade fetal semanal, que deve ser 
antecipada na presença de comorbidade. Nas gestantes com bom controle glicêmico, 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 15 
 
 
 
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em tratamento não farmacológico e sem comorbidades, a avaliação de vitalidade fetal 
não é necessária até o termo. Não há procedimento de avaliação de vitalidade fetal 
específico para a gestação com DM. 
A cardiotocografia/monitorização eletrônica anteparto (CTG/MAP) e o perfil 
biofísico fetal (PBF) são os instrumentos mais utilizados para avaliação da condição fetal, 
apesar dos baixos valores preditivos positivos de ambos. 
 
16. Condições Associadadas à Gestação com DM 
A hipótese de Peterson e Jovanovic-Peterson estabelece uma associação entre 
glicose materna e adiposidade fetal, gradiente-dependente, com evidências de que a 
insulina fetal seja a mediadora dessa relação. 
O hiperinsulinismo fetal secundário à hiperglicemia materna pode estar implicado 
no retardo da produção do surfactante pulmonar e na hipoxemia fetal crônica, mesmo 
na ausência de vasculopatia materna. A produção fetal de surfactante pulmonar parece 
estar associada ao controle glicêmico materno: quanto maior e mais persistente a 
descompensação metabólica, maior o retardo. 
A aplicação de corticoide provoca descompensação glicêmica, a qual pode ser grave. 
É necessário controle metabólico intensivo com medicação hospitalar. O algoritmo 
adaptado de Kaushal é utilizado para manter controle intensivo das glicemias capilares 
até o retorno aos níveis de glicose prévios à corticoterapia, através de infusão contínua 
de insulina suplementar. 
O uso da bomba de infusão deve ser mantido enquanto for necessário suplementar 
a insulina (HGTs fora do alvo) ou até, pelo menos, 12h após a última dose da 
administração do corticoide. 
 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 16 
 
 
 
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Normalização das glicemias maternas é o fator isolado mais importante na 
prevenção do hiperinsulinismo fetal. 
Bomba de Infusão Contínua de Insulina Suplementar – Algoritmo de Kaushal 
HGT Dose de Insulina/dia 
 <40UI 40-80UI 81-120UI >120UI 
<108 
Interromper 
temporariamente 
Interromper 
temporariamente 
Interromper 
temporariamente 
Interromper 
temporariamente 
109-
126 
5mL/h 10mL/h 20mL/h 30mL/h 
127-
144 
10mL/h 20mL/h 30mL/h 50mL/h 
145-
162 
15mL/h 30mL/h 40mL/h 70mL/h 
163-
180 
20mL/h 40mL/h 60mL/h 100mL/h 
>180 30mL/h 60mL/h 80mL/h 130mL/h 
Tabela 10: Prescrição das doses de insulina suplementar diárias de acordo com os 
valores de HGT (Algoritmo de Kaushal) 
HGT: Hemoglicoteste (glicemia capilar). 
 
17. Momento e Via do Parto 
Uma publicação oficial da FIGO (2015) recomenda que o peso fetal seja estimado 
ao redor das 38 semanas: 
Resumo de Diabetes Mellitus Gestacional 17 
 
 
 
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 (1) mulheres sem complicações do DM e com peso fetal estimado (PFE) <3800g 
podem aguardar até 40-41 semanas; (2) mulheres com PFE entre 3800-4000g são 
candidatas à indução eletiva do parto na ausência de contraindicação obstétrica; (3) 
aquelas com PFE >4000 g devem ser esclarecidas sobre os riscos da macrossomia fetal, 
e deve-se oferecer a opção de cesariana eletiva. 
As recomendações oficiais do NICE indicam interrupção da gestação ao redor das 
38 semanas naquelas com DM prévio à gestação. Mulheres com DMG, na ausência de 
complicações, podem evoluir até 41 semanas. 
A interrupção eletiva da gestação antes de 38 semanas em mulheres com DM 
mal compensado deve ser antecedida de avaliação da maturidade pulmonar fetal por 
amniocentese. 
 
18. Interrupção da Gestação 
<37 Semanas 
Corticoterapia antenatal + infusão contínua de insulina por 
bomba 
>37 Semanas 
Não há indicação precisa de determinação de maturidade 
pulmonar fetal 
>37 e <38 semanas 
Se mau controle metabólico → possível amniocentese para 
determinar MPF 
>38-40 semanas 
Interrupção eletiva da gestação por indução do parto ou 
cesárea* 
Tabela 11: Condutas relacionadas a interrupção da gestação 
MPF: maturidade pulmonar fetal. 
 *Avaliar o risco de distócia se peso fetal estimado >4000g 
 
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19. Manejo do Trabalho de Parto 
Hiperglicemia materna durante o parto está associada à hipoglicemia neonatal. O 
consenso é empregar insulina de curta ação e monitorizar a glicemia capilar a cada 1-
2h, objetivando valores entre 72-126mg/dL. Aqueles <70mg/dL indicam infusão de 
solução glicosada 5%, e aqueles >120mg/dL indicam aplicação de insulina de ação 
rápida. 
Na interrupção por cesárea programada pela manhã, o jejum fisiológico do sono é 
aproveitado, não se aplica insulina e controla-se a glicemia capilar durante o 
procedimento. 
Mulheres com DMG compensado apenas com dieta não precisam de cuidado 
adicional. 
Nas situações de trabalho de parto espontâneo em que a gestante já tenha aplicado 
insulina, a monitorização da glicemia capilar determina a conduta: se <100mg/dL, 
manter solução glicosada; se >120mg/dL pode-se iniciar infusão contínua ou 
suplementar com insulina regular a cada hora (se >140mg/dL). 
No puerpério imediato de mulheres com DM pré-gestacional, mantém-se controle 
da glicemia capilar a cada 2-4h associado à infusão de soro glicosado 5% para aporte 
calórico. Insulina de ação rápida deverá ser administrada caso a glicemia capilar 
ultrapasse 200mg/dL. 
Mulheres com DM prévio habitualmente não necessitam de insulina nas primeiras 
24h, retornando às doses praticadas antes da gestação. 
Assim que a via oral estiver restabelecida, o controle das glicemias e os ajustes de 
doses de insulina serão feitos conforme os protocolos para adultos fora da gravidez. 
 
 
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www.sanarflix.com.brFigura 3: Recomendações para uso de bomba de insulina para infusão contínuas. 
FONTE: Rotinas em Obstetrícia, 7ª Edição. 
 
20. Manejo no Pós-Parto 
Todas aquelas com diagnóstico de DMG devem ser reavaliadas no puerpério para a 
reclassificação da condição metabólica. O TTOG com 75g de glicose deve ser realizado 6 
a 8 semanas após o parto. 
Glibenclamida não foi detectada no leite materno e as glicemias dos bebês foram 
normais, sugerindo que o fármaco seja seguro e compatível com aleitamento, apesar do 
risco teórico de hipoglicemia no recém-nascido. 
Metformina é excretada no leite em quantidade <1% da dose materna ajustada pelo 
peso. Apesar disso, não é recomendada na lactação por alguns autores. No entanto, o 
guia de referência sobre fármacos na gestação e na lactação relata que esta excreção 
ocorre em doses compatíveis com a lactação. 
Clorpropamida e a tolbutamida são excretadas no leite e potencialmente tóxicas 
para o bebê. Repaglinida pode provocar anormalidades esqueléticas no recém-nascido. 
Fármacos para o tratamento de complicações do DM que foram suspensos no 
aconselhamento pré-concepcional ou na gestação, por razões de segurança, NÃO 
devem ser retomados durante a lactação. Enalapril e nifedipino são considerados 
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compatíveis com a lactação pela American Academy of Pediatrics (AAP) apesar da 
ausência de evidências robustas. Bloqueadores dos receptores da angiotensina NÃO são 
considerados compatíveis com aleitamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
1. OPPERMANN, Maria Lúcia da Rocha; GENRO, Vanessa K.; REICHELT, Angela Jacob. 
Diabetes Melito e Gestação. In: MARTINS-COSTA, Sérgio H. et al. Rotinas em 
Obstetrícia. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Cap. 36. p. 1050-1085. 
 
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