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ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO (CME) Reflexões Iniciais Quais são os critérios utilizados pelas pessoas para escolherem um determinado serviço de saúde? Qual o maior receio das pessoas ao se submeterem a um procedimento cirúrgico? Funções da CME Unidade de apoio técnico a todos os demais setores assistenciais. Responsabilidade: processamento de artigos médicos-hospitalares. Finalidade: fornecer artigos médicos- hospitalares seguramente processados e em condições de uso. Missão da CME “ Garantir que os parâmetros pré- estabelecidos para o processamento de artigos foram atingidos, fornecendo materiais seguramente esterilizados para o uso hospitalar (ausência de microorganismos e biofilme)” Histórico das CMEs Década de 40: CME descentralizada Início da década de 50: CMEs parcialmente centralizadas ou semi- centralizadas. Últimas décadas do século XX: Central de material esterilizado Atividades desenvolvidas na CME Receber, limpar e separar artigos; Receber as roupas vindas da lavanderia; Preparar os artigos e as roupas (pacotes); Esterilizar os artigos e as roupas (métodos físicos ou químicos); Realizar o controle microbiológico e de validade dos artigos esterilizados; Armazenar os artigos e roupas esterilizadas; Distribuir os artigos e roupas esterilizadas. Características físicas da CME Piso Paredes Janelas Portas Iluminação Ventilação Principais Atribuições do Enfermeiro na CME Receber o plantão, ler o livro de ocorrências. Prever os artigos necessários para as unidades consumidoras e provê-las; Elaborar relatórios estatísticos e de custos Elaborar e manter atualizados os manuais de instruções de trabalho; Manter-se atualizado com as tendências técnicas relacionadas ao controle de infecção; Planejar, coordenar, orientar, supervisionar e desenvolver o processamento de materias; Realizar leitura dos indicadores de teste biológico; Elaborar escala de atribuições; Observar e avaliar o funcionamento dos equipamentos; Manter atualizado o inventário de materiais do setor. Fluxograma dos artigos processados na CME Áreas da Central de Material Esterilizado Expurgo: área suja - receber, conferir e lavar os materiais sujos. Importante a utilização de EPIs. Preparo de materias: área limpa – preparo e acondicionamento de materias e instrumentais utilizando invólucros adequados. Esterilização: área limpa - processamento de materiais e instrumentais. Armazenamento de materiais estéreis: área estéril - local de guarda do material estéril respeitando o tempo de validade do material e observando condições de acondicionamento. Fluxograma dos artigos processados na CME “ O FLUXO DE MATERIAL ASSIM COMO DO PESSOAL QUE TRABALHA NO SETOR DEVE SER SEMPRE UNIDIRECIONAL” (SOBECC, 2007) “ Que perfil de trabalhadores devemos ter na CMEs?” Classificação dos artigos Artigos críticos: utilizados em procedimentos invasivos, com penetração em pele, mucosas, tecidos subepiteliais e sistema vascular – esterilização. Artigos semi-críticos: contato com a pele não-íntegra e mucosas – desinfecção de alto nível, esterilização. Artigos não-críticos: contato com a pele íntegra ou que não entram em contato com o paciente – limpeza ou desinfecção de baixo nível. Limpeza dos artigos Primeira etapa do processamento de artigos. É essencial e considerada a mais importante. Finalidade: remoção da sujidade visual (carga microbiana). Precede as etapas de desinfecção e esterilização. Pode ser manual ou mecânica. Utilização de detergentes, escovas, jatos de água e água quente. Produtos de limpeza para artigos É necessário utilizar um produto que facilite a remoção da matéria orgânica sem danificar o artigo. Deve ser de fácil enxague e sem deixar resíduos. Para instrumental de ácido inoxidável devem ser ligeiramente alcalinos (pH em torno de 7 a 10). Produtos de limpeza para artigos Limpadores/Detergentes enzimáticos: removem a matéria orgânica em curto período de tempo (3 a 5 min). Constituídos pelas enzimas proteases, amilases, carboidrases e lipases. Decompõem o sangue e os fluidos corpóreos aderidos aos artigos, facilitando sua remoção. Observar forma de diluição, prazo de validade e tempo de imersão. Produtos de limpeza para artigos Detergentes e desincrustantes:produtos que promovem a umectação, dispersão e suspensão de partículas. Estão indicados quando há pouca materia orgânica, tem custo menor que os limpadores enzimáticos. Métodos de limpeza dos artigos Limpeza manual: fricção com escovas/esponjas e uso de soluções de limpeza. Utilizar EPIs. Obrigatoriamente. Limpeza mecânica:realizada por meio de equipamentos como lavadora ultra- sônica, lavadora esterilizadora, lavadora termodesinfetadora, lavadora de descarga e lavadora pasteurizadora. Modelos de lavadoras Recomendações para Procedimentos de limpeza dos artigos Instrumentais cirúrgicos devem ser submetidos ao processo de limpeza o mais rápido possível; Lavar peça por peça, fazendo fricção delicadamente; Seguir a direção da ranhadura dos instrumentais; Observar período de imersão dos materias nos agentes químicos; Separar materias cortantes e pesados, colocando os mais leves por cima; Desmontar os instrumentais cirúrgicos (ex: afastadores). Desinfecção de artigos Finalidade: eliminação e destruição de microorganismos na forma vegetativa presente nos artigos através da aplicação de agentes físicos ou químicos capazes de destruir esses agente em um intervalo de 10 a 30 min. Tipos: desinfecção de alto nível e desinfecção de baixo nível. Tipos de desinfecção Alto nível: destrói as formas vegetativas, micobactérias, fungos e vírus – glutaraldeído e ácido peracético. Desinfecção de nível intermediário: destrói vírus, fungos e bactérias nas formas vegetativas - álcool a 70%, hipoclorito de sódio a 1%, cloro orgânico, fenol sintético. Desinfecção de baixo nível: elimina bactérias na forma vegetativa porém não agem contra esporos e micobactérias – hipoclorito de sódio a 0,2% e quaternário de amônio. Desinfecção Processos químicos: glutaraldeído a 2%, ácido peracético, compostos fenólicos, compostos clorados e álcool a 70%. Processos físicos: pasteurizadoras e lavadoras termodesinfetadoras. Desinfecção Química Glutaraldeído – concentração 2% - Desinfetante de alto nível - Período de exposição 20 a 30 min - Enxágue abundante após imersão do material - Não produz corrosão dos materiais e não altera componentes de borracha e plástico. - Impregna matéria orgânica, irritante para as vias aéreas, ocular e cutânea. - Necessidade de utilização de EPIs. Desinfecção Química Ácido peracético: - Desinfetante de alto nível na concentração de 0,2%. - Período de exposição: 5 a 15 min (seguir orientação do fabricante) - Pouco tóxico (ácido acético + água + oxigênio). - É instável após diluiído (fitas reagente para avaliar concentração). Desinfecção Química Compostos clorados - variadas concentrações - Forma líquida: hipoclorito de sódio - Baixo custo, ação rápida, baixa toxicidade - Difícil de ser validado, corrosivo para metais, inativado na presença de matéria orgânica, odor forte, irritante de mucosa. Desinfecção Química Álcool a 70%- Utilizado para artigos e superfícies por meio de fricção (repetir a operação por 3 vezes). - Ação rápida, fácil uso, baixo custo, compatível com metais. - Dilata e enrijece borracha e plástico, opacifica o acrílico, danifica lentes e materiais com verniz, é inflamável. Seleção dos desinfetantes Amplo espectro de ação antimicrobiana; Não ser corrosivo para metais; Não danificar artigos ópticos, plásticos e borrachas; Sofrer pouca interferência de matéria orgânica; Possuir baixa toxicidade; Ser estável quando diluído. Preparo e empacotamento de materiais Objetivo: preparar o artigo e embalá-lo em invólucro compatível com o processo. Devem ser utilizados invólucros que possibilitem a utilização do método escolhido e a estocagem do material sem contaminação. Características dos invólucros:ser apropriado ao método de esterilização escolhido, ser resistente a rasgos e perfurações, ser barreira microbiana, ser atóxico, ter registro do MS. Características individuais dos invólucros Tecido: deve ser permeável para a passagem da umidade e do vapor e resistente para frequentes lavagens e impedir a contaminação do material. Papel: não deve conter tinta tóxica que possa deixar resíduos. Deve garantir integridade para a guarda e e manuseio. Tipos: Kraft, grau cirúrgico, manilha. Invólucros de papel Características individuais dos invólucros Não tecido ou SMS: possui poros que se fecham após a esterilização sendo uma boa barreira microbiana. VALIDADE DO PACOTE???? A validade da esterilização vincula-se ao risco de contaminação do material. Atualmente, é contra-senso estabelecer prazos genéricos porque os fatores contaminantes externos variam de um serviço para o outro. Ministério da Saúde recomenda que cada instituição faça seu próprio protocolo de prazo de validade dos materiais estéreis, considerando tipo de invólucro, condições de estocagem e utilização do material. Métodos de Esterilização Físicos e químicos Físicos: calor úmido (autoclave) e calor seco (estufa) Químicos: soluções (glutaraldeído a 2%, ácido peracético a 0,2% e peróxido de hidrogênio); gasoso (òxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, autoclave de formaldeído). Esterilização por vapor saturado Autoclaves - Parâmetros essenciais: tempo, temperatura e pressão. - Tipos de autoclaves: gravitacional e pré vácuo Monitoramento dos processos de esterilização Finalidade: Testar a eficácia do equipamento periodicamente, após instalação ou manutenção. Indicadores químicos: - Classe 1 – (fita de autoclave). São tiras impregnadas com tinta termo-química que muda de coloração quando exposta a temperatura. Usadas externamente no pacote evidenciando a passagem do material pelo processo. Monitoramento dos processos de esterilização Classe 2: Teste de BOWIE & DICK – testa a eficácia da bomba de vácuo da autoclave pré- vácuo. - Espera-se a mudança da cor do papel em toda a sua extensão; - Uso recomendado no primeiro ciclo do dia pelo menos a cada 24 horas. Monitoramento dos processos de esterilização Classe 3: indicador de parâmetro único. Controla apenas a temperatura no interior do pacote. Classe 4: indicador multiparamétrico. Controla temperatura e tempo necessários para o processo. Monitoramento dos processos de esterilização Classe 5: integrador químico – controla temperatura, tempo e qualidade do vapor. Classe 6: integrador mais preciso, oferece maior margem de segurança. Reage quando 95% do ciclo é concluído. Indicadores biológicos São preparações padronizadas de esporos bacterianos comprovadamente resistentes que demonstram a efetividade do processo de esterilização. Tipos: 1º geração, 2º geração e 3º geração. Armazenamento do material estéril Garantir a integralidade da embalagem; Área seca, longe da umidade; Não dobrar, amassar ou colocar elástico para segurar os materiais; Não superlotar gavetas e prateleiras; Manter controle de temperatura. Será que nós nos sentiremos confortáveis se formos atendidos em nossos hospitais? Referências BRASIL, Ministério da Saúde. Orientações Gerais para Central de Esterilização. Brasília, 2001. Kavanagh, Cristina Moreira Galleti. Elaboração do Manual de Procedimentos em Central de Materiais e Esterilização. São Paulo: Atheneu, 2007. SOBECC (Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação anestésica e Centro de Material e Esterilização). Práticas recomendadas. 4º ed. São Paulo: 2007.
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