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Concentração Urbana no Brasil

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1 
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
CURSO: GEOGRAFIA DISCIPLINA: GEOGRAFIA URBANA DO BRASIL 
 
CONTEUDISTA: Marcelo Werner da Silva 
 
 
AULA 3 – O PROCESSO DE CONCENTRAÇÃO URBANA E AS METRÓPOLES 
BRASILEIRAS 
 
Meta 
 
Explicar o processo que levou a uma grande concentração de população nas cidades e 
metrópoles brasileiras. 
 
Objetivos 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
1. Perceber a relação entre a modernização do campo e o crescimento da população 
urbana; 
2. Compreender o processo de inversão da distribuição populacional entre as áreas rurais 
e urbanas; 
3. Entender o processo de criação das regiões metropolitanas; 
4. Diferenciar regiões metropolitanas, de aglomerações urbanas e Regiões Integradas de 
Desenvolvimento. 
 
 2 
Como a população brasileira passou a ser mais urbana que rural? 
 
O Brasil apresenta hoje um quadro urbano que não tinha no passado, conforme pudemos 
ver na aula 2. A partir da década de 1930 se inicia um novo período na história do Brasil, 
em que foi enfatizada a industrialização e a urbanização. 
 
É importante compreender os principais fatores que levaram à população brasileira de 
predominantemente rural para um quadro em que mais de 80% da população brasileira 
passou a ser urbana. Um desses fatores foi a industrialização, que ao ser implantada no 
campo promove o chamado “êxodo rural”, com a transferência dessa população rural 
para as cidades. Como visto na aula anterior, a taxa de urbanização (ou seja, do 
percentual de pessoas vivendo em cidades) passa de 31,2% em 1940 para 84,36% em 
2010. A população também cresce em números absolutos: de 41 milhões de habitantes 
no país em 1940, passamos para 190 milhões em 2010. 
 
Esse aumento de população urbana leva a uma concentração sobretudo nas principais 
cidades, nas capitais dos estados, que assim se transformam em metrópoles, gerando 
um processo mais amplo em termos nacionais de “metropolização do espaço”. 
 
 
1. O processo de concentração urbana no Brasil 
 
Como já visto na aula 1, o Brasil sofre um grande processo de concentração urbana a 
partir dos anos de 1930. Esse processo teve várias causas que analisaremos a seguir. 
Dentre elas podemos destacar o chamado “êxodo rural”, que consiste na migração de 
populações do campo para a cidade e de algumas regiões para outras. Esse fenômeno 
é atribuído à mecanização do campo, decorrente da implantação do meio técnico-
científico, para utilizar a terminologia de Milton Santos. Essa concentração de população 
nas cidades e sobretudo nas grandes cidades levou a uma correspondente perda de 
população rural e a uma diminuição do emprego agrícola. 
 3 
 
As consequências nas grandes cidades, sobretudo São Paulo e Rio de Janeiro foram 
dramáticas, com o aumento exponencial da favelização e da pobreza urbana, temas que 
desenvolveremos nas aulas 7 e 8. Porém essas consequências se estenderam também 
às principais capitais dos estados, que também receberam grande afluxo de migrantes. 
Foi um processo que ampliou o percentual de população urbana, que podemos chamar 
de urbanização, em detrimento do campo, onde se concentrava a maioria da população 
brasileira até o início desse processo nos anos 1930. 
 
Com o grande crescimento das cidades surge nova categoria de cidade: as metrópoles. 
Na aula 1 já vimos a definição de metrópole, entendida como o maior adensamento 
populacional existente na superfície terrestre. É o que desenvolveremos a seguir. 
 
 
 1.1 A mecanização do campo e o êxodo rural 
 
A mecanização do campo decorre dos processos de desenvolvimento do meio técnico-
científico e mais recentemente do meio técnico-científico-informacional, conforme 
detalhado por Milton Santos em sua obra. Esses dois termos se referem a uma 
periodização associada à modernização dos procedimentos associados ao capitalismo 
em sua vertente industrial. Segundo Milton Santos (2004, p. 233), a 
 
história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos 
os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma 
determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, 
sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em cada 
fração da superfície da terra, o caminho que vai de uma situação a outra 
se dá de maneira particular; e a parte do "natural" e do "artificial" também 
varia, assim como mudam as modalidades do seu arranjo. 
 
Para Milton Santos podemos então dividir a história do meio geográfico em três etapas: 
o meio natural, o meio técnico, o meio técnico-científico-informacional. 
 
 4 
No meio natural, “...o homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou aspectos 
considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, segundo 
os lugares e as culturas, essas condições naturais que constituíam a base material da 
existência do grupo” (SANTOS, 2004, p. 235). Ou seja, no meio natural as sociedades 
humanas estavam sujeitas aos desígnios da natureza. 
 
Já o meio técnico, associado à criação de técnicas que facilitavam a vida humana em sua 
relação com a natureza, 
 
vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que formam o meio 
não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao 
mesmo tempo. Quanto ao espaço, o componente material é 
crescentemente formado do "natural" e do "artificial". Mas o número e a 
qualidade de artefatos varia. As áreas, os espaços, as regiões, os países 
passam a se distinguir em função da extensão e da densidade da 
substituição, neles, dos objetos naturais e dos objetos culturais, por 
objetos técnicos” (SANTOS, 2004, p. 236). 
 
Quanto ao Brasil, “durante praticamente três séculos e meio, o território brasileiro 
conheceu uma utilização fundada na exploração dos seus recursos naturais pelo trabalho 
direto e concreto do homem, mais do que pela incorporação de capital à natureza que, 
durante esse tempo teve um papel relevante na seleção das produções e dos homens” 
(SANTOS, 2005, p. 48). 
 
A implantação então de um meio técnico altera as condições da relação da sociedade 
com o meio natural: “Já nos cem anos que vão da metade do século XIX à metade do 
século XX, algumas áreas conhecem a implantação de um meio técnico, meio 
mecanizado, que altera a definição do espaço e modifica as condições de seu uso” 
(SANTOS, 2005, p. 48). 
 
Portanto o Brasil foi caracterizado por um processo de modernização tardia, ou seja, os 
processos de modernização implantados a partir do final do século XVIII e início do século 
XIX nos países europeus, só foi implantado no país a partir da metade do século XIX, 
 5 
com maior ênfase maior a partir dos anos 1930, marco histórico da industrialização 
brasileira. Já existiam indústrias antes desta data, porém não eram significativas em 
relação ao tipo de atividade econômica preponderante, que então era a atividade agro-
exportadora. 
 
Já após a 2ª Guerra Mundial temos uma implantação de técnicas que continham um 
maior conteúdo de ciência e a utilização de técnicas de informatização de dados, o que 
aumenta essa quantidade de técnicas no espaço. Temos então um meio técnico-
científico-informacional, período caracterizada por uma “profunda interação da ciência e 
da técnica, a tal ponto que certos autores preferem falar de tecnociência para realçar a 
inseparabilidade atual dos dois conceitos e das duas práticas” (SANTOS, 2004, p. 238). 
 
Essa incorporação de ciência e técnica ao espaço traz consigo algumas consequências, 
como a maior incorporação de capital ao território, no caso do campo, sob a forma de 
instrumentos de produção, sementes selecionadas, fertilizantes, pesticidas, etc. 
(SANTOS, 2005, p. 45). 
 
Para ilustrar essa colocação podemos utilizar um dos principais instrumentos de 
produção utilizados no campo e que indicam sua mecanização, como é o casodos 
tratores agrícolas. Na tabela 3.1 temos a quantidade de tratores existentes em 
estabelecimentos agropecuários entre os anos de 1920 a 2006. Vê-se um crescimento 
constante nessa utilização, que aumenta substancialmente a partir de 1960. 
 
Do mesmo modo na tabela 3.2 vemos a relação contrária, ou seja, quanto mais tratores 
o país dispõe, menor área cada um atenderia. Nessa tabela vemos a divisão do número 
de tratores pela área plantada, Assim vemos que em 1940 cada trator correspondia a 
5572,61 ha e em 2006 a apenas 72,92 ha. Isso indica também a mecanização cada vez 
maior da agricultura brasileira. 
 
Tabela 3.1 – Tratores em Estabelecimentos Agropecuários 
 6 
 
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1920/2006. Até 1996, dados extraídos de: Estatísticas 
do Século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. 
Disponível em: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=AGRO10 
 
 
FIGURA 3.1 – A modernização do campo – Colheitadeira 
Fonte: Foto de Walbron Siqueira de 02/04/11 
Tabela 3.2 – Área média de lavouras por trator (há) 
Tratores em Estabelecimentos Agropecuários
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
900.000
Tratores
Tratores 1.706 3.380 8.372 61.345 165.870 323.113 545.205 665.280 799.742 820.673
1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1995 2006
 7 
 
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1920/2006. Até 1996, dados extraídos de: Estatísticas 
do Século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. 
Disponível em: 
http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=1&op=0&vcodigo=CA75&t=ar
ea-media-lavouras-trator-ha 
 
Outra característica da aplicação de tecnociência no território, e, no que nos interessa 
aqui, nos espaços agrários, é apontada por Milton Santos (2005, p. 45): 
 
...amplia-se a área de produção, enquanto a arena da produção se reduz. 
Isto é, a produção, considerada em todas as suas instâncias, dá-se em 
áreas maiores do território, ao passo que o processo produtivo direto 
completa-se em áreas cada vez menores. Produções como a do alho, dos 
marmelos, do mamão, da cebola, para falar apenas de algumas, que 
antes se davam em quantidades mínimas em número considerável de 
lugares, hoje são majoritariamente feitas, com produtividade muitas vezes 
maior, em áreas cada vez menores. 
 
Essa característica, apontada acima, também é um dos fatores associados à 
mecanização, que faz com que a produção seja realizada, preponderantemente, em 
grandes propriedades. Isso também é um dos fatores de expulsão de população do 
campo, pela redução de empregos agrícolas. 
 
Área média de lavouras por trator (ha)
0,00
1.000,00
2.000,00
3.000,00
4.000,00
5.000,00
6.000,00
H
a 
p
o
r 
tr
at
o
r
Hectares por trator
Hectares por trator 3.893,5.572,2.280, 468 204,9 130,6 105,9 94,41 62,65 72,92
1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1995 2006
 8 
Surge então uma nova urbanização, baseada no aumento do trabalho intelectual. Diminui 
a produção material e aumenta a produção não-material, em benefício da terceirização, 
o que redunda também em mais urbanização. Diminui o consumo consuptivo (aquele que 
se esgota em si mesmo) e aumento o consumo produtivo, que incorporam ciência e 
informação. A diminuição da população do campo e aumento da população das cidades 
é acompanhada pelo aumento de agricultores que residem em áreas urbanas. Portanto 
a população residindo no campo diminui ainda mais (SANTOS, 2005). 
 
 
Figura 3.2 – Transformações associadas à urbanização 
 
A modernização que ocorre no campo é tecnológica, mas sob o aspecto da justiça social 
esta é uma “modernização conservadora”. Nas palavras de Oliveira (2001, p. 186) 
 
...a chamada modernização da agricultura não vai atuar no sentido da 
transformação dos latifundiários em empresários capitalistas, mas, ao 
contrário, transformou os capitalistas industriais e urbanos - sobretudo do 
Centro-Sul do país - em proprietários de terra, em latifundiários. A política 
de incentivos fiscais da Sudene e da Sudam foram os instrumentos de 
política econômica que viabilizaram esta fusão. Dessa forma, os 
capitalistas urbanos tornaram-se os maiores proprietários de terra no 
Brasil, possuindo áreas com dimensões nunca registradas na história da 
humanidade. [...] Em decorrência desse processo, tornou-se possível 
identificar dois aspectos contraditórios destes capitalistas modernos: a 
mesma indústria automobilística que pratica as mais avançadas relações 
 9 
de trabalho do capitalismo no Centro-Sul, na Amazônia, ao contrário, 
praticava em suas propriedades agropecuárias a "peonagem", relação de 
trabalho também chamada de "escravidão branca". Em outras palavras, a 
mesma empresa atuava de forma diferenciada em regiões distintas deste 
país. 
 
Inicio de verbete 
 
O termo “modernização conservadora” foi elaborado por Barrington Moore Junior para 
retratar o caso específico do desenvolvimento capitalista na Alemanha e no Japão, nos 
quais o processo de industrialização foi condicionado pelo pacto político tecido entre a 
burguesia e os proprietários de terras. 
Porém o termo foi ressignificado por pensadores nacionais para demonstrar que no 
processo de modernização da agropecuária nacional houve a penetração de forças 
produtivas tipicamente capitalistas. Porém tal fato não alterou a estrutura fundiária, que 
no Brasil sempre foi concentrada e continuou sendo nas novas condições (PIRES e 
RAMOS, 2009) 
 
Para maiores informações consulte o artigo citado, disponível em: 
http://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=1140 
 
final do verbete 
 
Questão 1 (atende ao objetivo 1) 
 
Cite um exemplo prático que mostre a implantação do meio técnico-científico-
informacional no campo brasileiro. 
 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
 10 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
Resposta Comentada: Dos muitos exemplos que podem ser apontados podemos citar 
a quantidade de tratores existentes no Brasil, que passam de 1706 tratores em 1920, 
para 820.673 em 2006. Com isso a área média atendida por cada trator passa de 
3.893,35 hectares em 1920, para 72,92 ha em 2006, mostrando com isso uma maior 
aplicação de tecnologia (aqui representada pelos tratores), substituindo mão-de-obra. 
 
Fim da resposta Comentada 
 
Para Oliveira, o desenvolvimento capitalista concentrador da propriedade fundiária, 
 
empurra uma parcela cada vez maior da população para as áreas 
urbanas, gerando nas mesmas uma massa cada vez maior de pobres e 
miseráveis. Mas, ao mesmo tempo, esta exclusão atinge também o 
próprio campo. Certamente, a maioria dos filhos dos camponeses, cujas 
propriedades tenham superfície inferior a 10 hectares, jamais terão 
condição de se tornar camponeses nas terras dos pais. A eles caberá 
apenas um caminho: a estrada. A estrada que os levará à cidade, ou a 
estrada que os levará à luta pela reconquista da terra. 
 
No trecho acima o autor contextualiza o fenômeno da migração brasileira, que assumiu 
a forma de um “êxodo rural”. Também comenta o grave problema da exclusão no próprio 
campo, que toma a forma da luta pela terra, capitaneada por movimentos sociais como o 
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). 
 11 
 
Figura 3.2 – MST protestando em 2007. 
Fonte: By Wilson Dias/ABr (Agencia Brasil [1]) [CC BY 3.0 br] 
 
A seguir abordaremos o grande crescimento da população urbana em detrimento da 
população rural, ocorrido em consequência da modernização do campo e de sua 
consequência direta, o êxodo rural. 
 
 
 1.2 Evoluçãoda população urbana e rural 
 
A partir de agora analisaremos o chamado fenômeno da “inversão populacional”, de rural 
para urbana. Como já vimos, a população brasileira era predominantemente rural até o 
início do século XX, passando a ser majoritariamente urbana em um espaço de poucas 
décadas. 
 12 
 
Na tabela 3.3 podemos verificar a queda constante da população rural brasileira e o 
aumento da população das cidades brasileiras. Apesar do aumento da população 
brasileira vemos a queda constante dos índices de população rural, que passa de 68,76% 
em 1940 para apenas 15,64% em 2010. Já a população urbana sobe de 31,24% em 1940 
para 84,36% em 2010. 
 
Tabela 3.3 – População brasileira (total, urbana e rural) e índices de urbanização e 
população rural 
Anos População 
Total 
População 
Urbana 
População 
Rural 
Índice de 
Urbanização 
Índice de 
Pop. Rural 
1940 41.236.315 12.880.182 28.356.133 31,24 68,76 
1950 51.944.397 18.782.891 33.161.506 36,16 63,84 
1960 70.992.343 32.004.817 38.987.526 45,08 54,92 
1970 94.508.583 52.904.744 41.603.839 55,98 44,02 
1980 121.150.573 82.013.375 39.137.198 67,70 32,30 
1991 146.917.459 110.875.826 36.041.633 75,47 24,53 
2000 169.799.170 137.755.550 31.835.143 81,13 18,75 
2010 190.755.799 160.925.792 29.830.007 84,36 15,64 
Obs.: Nos anos 1960, 1970 e 1980 foi considerada a população presente. A partir de 
1991 passou a considerar a população residente, mesmo que não presente quando do 
Censo. 
 
Fonte: Estatísticas Históricas do Brasil/volume 3 - Rio de Janeiro: IBGE, 1987; 
Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010; Sinopse do Censo de 2010. 
 
Mesmo o grande crescimento da população brasileira não explica esse crescimento da 
população urbana em detrimento da população rural. Vemos na tabela 3.4 o acréscimo 
populacional em cada década tanto da população total, quanto da população urbana. 
 
Na tabela vemos que os índices de crescimento da população urbana foram sempre 
maiores do que o da população total. A década de maior crescimento da população 
brasileira, no período analisado, foi de 1950 a 1960, quando a população brasileira 
cresceu quase 37%. Porém no mesmo período a população urbana brasileira cresceu 
 13 
mais de 70%. Os índices decrescem a partir desta década, porém a população urbana 
cresce sempre em ritmo maior do que o da população total. 
 
Tabela 3.4 – Acréscimo populacional de um Censo a outro – 
população total e população urbana 
Anos 
considerados 
Acréscimo 
População Total 
Percentual de 
Acréscimo 
Pop.Total 
Acréscimo 
População 
Urbana 
Percentual de 
Acréscimo 
Pop. Urbana 
1940-1950 10.708.082 25,97% 5.902.709 45,83 
1950-1960 19.047.946 36,67% 13.221.926 70,39 
1960-1970 23.516.240 33,13% 20.899.927 65,30 
1970-1980 26.641.990 28,19% 29.108.631 55,02 
1980-1991 25.766.886 21,27% 28.862.451 35,19 
1991-2000 22.881.711 15,57% 26.879.724 24,24 
2000-2010 20.956.629 12,34% 23.170.242 16,82 
 
Fonte: Estatísticas Históricas do Brasil/volume 3 - Rio de Janeiro: IBGE, 1987; 
 
Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010. 
 
Parte do crescimento urbano também ocorre às custas da diminuição da população rural, 
devido ao deslocamento de populações do campo para as cidades e também de algumas 
regiões para outras. 
 
Tabela 3.5 - População Urbana nas Grandes Regiões do Brasil 
 NORTE NORDESTE SUDESTE SUL C. OESTE BRASIL 
1960 1.041.213 3,25 7.680.681 24,00 17.818.649 55,67 4.469.103 13,96 995.171 3,11 32.004.817 
1970 1.784.223 3,37 11.980.937 22,65 29.347.170 55,47 7.434.196 14,05 2.358.218 4,46 52.904.744 
1980 3.398.897 4,14 17.959.640 21,90 43.550.664 53,10 12.153.971 14,82 4.950.203 6,04 82.013.375 
1991 5.931.567 5,35 25.753.355 23,23 55.149.437 49,74 16.392.710 14,78 7.648.757 6,90 110.875.826 
2000 9.002.962 6,54 32.929.318 23,90 65.441.516 47,51 20.306.542 14,74 10.075.212 7,31 137.755.550 
2010 11.664.509 7,25 38.821.246 24,12 74.696.178 46,42 23.260.896 14,45 12.482.963 7,76 160.925.792 
 
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. 
 
 
 14 
Tabela 3.6 - POPULAÇÃO RURAL NAS GRANDES REGIÕES DO BRASIL 
 NORTE NORDESTE SUDESTE SUL C. OESTE BRASIL 
1960 1.888.792 4,84 14.748.192 37,83 13.244.329 33,97 7.423.004 19,04 1.683.209 4,32 38.987.526 
1970 2.404.090 5,78 16.694.173 40,13 10.984.799 26,40 9.249.355 22,23 2.271.422 5,46 41.603.839 
1980 3.368.352 8,61 17.459.516 44,61 9.029.863 23,07 7.226.155 18,46 2.053.312 5,25 39.137.198 
1991 4.325.699 12,00 16.716.870 46,38 7.511.263 20,84 5.724.316 15,88 1.763.485 4,89 36.041.633 
2000 3.890.599 12,22 14.763.935 46,38 6.855.835 21,54 4.783.241 15,03 1.541.533 4,84 31.835.143 
2010 4.199.945 14,08 14.260.704 47,81 5.668.232 19,00 4.125.995 13,83 1.575.131 5,28 29.830.007 
 
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. 
 
Nas tabelas 3.5 e 3.6 podemos verificar a questão do deslocamento migratório entre as 
regiões brasileiras. Na região Norte há um crescimento da população rural, como 
resultado da expansão da fronteira agrícola. Já na região Centro-Oeste temos uma 
relativa estabilidade da população rural, o que, considerando-se o aumento da população 
brasileira representa uma diminuição relativa da população rural. 
 
As regiões Sul e Sudeste perdem população rural devido à modernização do campo e à 
migração para as cidades. O caso mais emblemático é o do Nordeste, que até aumenta 
sua população rural, apesar do crescimento populacional e da migração para as cidades 
e para as regiões sul e sudeste de considerável contingente populacional. Isso se deve 
à permanência de uma agricultura pouco intensiva em capital e tecnologia, mantendo 
uma população que se considerarmos a grande expansão populacional brasileira, já 
vista, demonstra também um quadro de perda (relativa) de população rural. 
 
Esse deslocamento populacional, representado pelo aumento da população urbana em 
detrimento da população rural, significou a grande expansão das cidades brasileiras, o 
que teve grandes consequências, como a metropolização e também graves problemas 
sociais, assunto que desenvolveremos nas próximas aulas. 
 
 
 
 15 
1.3 A urbanização aglomerada e a urbanização concentrada 
 
Os impactos apontados do crescimento populacional e do deslocamento populacional 
para as cidades brasileiras tiveram as seguintes consequências: 
 
A partir dos anos 1970, o processo de urbanização alcança novo patamar, tanto 
do ponto de vista quantitativo, quanto do ponto de vista qualitativo. Desde a 
revolução urbana brasileira, consecutiva à revolução demográfica dos anos 1950, 
tivemos, primeiro, uma urbanização aglomerada, com o aumento do número – 
e da população respectiva – dos núcleos com mais de 20 mil habitantes e, em 
seguida, uma urbanização concentrada, com a multiplicação de cidades de 
tamanho intermédio, para alcançarmos, depois, o estágio da metropolização, 
com o aumento considerável do número de cidades milionárias e de grandes 
cidades médias (em torno do meio milhão de habitantes) (SANTOS, 2005, p. 77, 
grifos nossos). 
 
É sobretudo a partir de 1950 que é notada uma maior tendência à concentração da 
população e da urbanização. Segundo Santos (2005, p. 77-78), os núcleos com mais de 
20 mil habitantes passam de 15% do total da população brasileira, em 1940, para 28,43% 
em 1960 e para 51% da população em 1980. Em relação à população urbana, esses 
núcleos correspondem, respectivamente, a 47,71% em 1940, a 71,80% em 1970, 
chegando a 75,48% em 1980: 
 
A população vivendo em núcleos com mais de 20 mil habitantes aumenta 4,58 
vezes entre 1950 e 1980, passando de 13.640.237 para 62.543.148 pessoas, 
crescendo, pois, em cerca de 49 milhões de habitantes. Como nesse período a 
população urbana total cresce um pouco mais de 63 milhões de pessoas, segue-
se que, de cada cem novos urbanos, 77 se encontravam em cidades e vilas com 
mais de 20 mil habitantes e apenas 23 em localidadesmenores (SANTOS, 2005, 
p. 79-80). 
 
Esses dados dão a medida da “urbanização aglomerada”, de que fala Milton Santos. Já 
em relação à “urbanização concentrada”, que corresponde à multiplicação de cidades 
intermediárias, podemos citar que em 1940 o Brasil possuía apenas 18 localidades com 
mais de 160.000 habitantes. Esse número foi aumentando progressivamente para chegar 
a 142 localidades em 1980. Já aquelas com número maior que 500.000 habitantes, que 
eram apenas duas em 1940, subiram para quatorze, em 1980 (SANTOS, 2005, p. 82). 
 16 
Os mapas abaixo auxiliam na visualização do grande crescimento urbano do Brasil. Neles 
aparecem representados a proporção da população urbana no conjunto da população 
total em 1940 (figura 3.3) e em 2000 (figura 3.4). Podemos perceber, pelo contraste, a 
grande expansão urbana sofrida pelo país e como esta foi feita, sobretudo, a partir do 
litoral e do Centro-Sul do país, Mas que já alcança as regiões antes pouco urbanizadas, 
como Norte e Centro-Oeste. 
 
Figura 3.3 - Proporção da população urbana no Brasil em 1940 
 
Fonte: IBGE, 2007. 
 17 
Original em: 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tendencia_demografica/analis
e_populacao/1940_2000/comentarios.pdf (P.3) 
 
 
Figura 3.4 - Proporção da população urbana no Brasil em 2000 
Fonte: IBGE, 2007. 
Original em: 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tendencia_demografica/analis
e_populacao/1940_2000/comentarios.pdf (P.3) 
 
 18 
Questão 2 (atende ao objetivo 1) 
 
Analisando o processo de urbanização decorrente da modernização do campo 
(implantação do meio técnico-científico-informacional), podemos dizer que esse processo 
significou uma maior justiça social no campo? Justificar. 
 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
Resposta Comentada: Não, pois a modernização do campo brasileiro foi uma 
“modernização conservadora”, significando que houve a penetração de forças produtivas 
tipicamente capitalistas, mas sem alterar a estrutura fundiária, o predomínio de grandes 
latifúndios, que já predominavam no país e essa situação não se alterou com a 
modernização. 
 
Fim da resposta comentada 
 
 
2. As metrópoles brasileiras 
 
Falar da metropolização brasileira é falar, primeiramente, da grande expansão das 
cidades grandes, ou “milionárias”, querendo dizer com isso aquelas com mais de 1 milhão 
de habitantes. Em 1960 o país contava com apenas duas cidades com essa cifra ou mais, 
 19 
casos de São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1970 o país já contava com cinco cidades 
nessa condição, dez em 1980 e doze em 1991. Nos últimos dois censos (2000 e 2010) o 
quadro aparece na tabela 3.7. 
 
Nela percebemos que em 2000 tínhamos 13 cidades com mais de 1 milhão de habitantes 
e que no censo seguinte, em 2010, esse número aumenta para 15 cidades. 
Uma análise interessante que podemos fazer desta tabela é relacionar a soma desses 
15 municípios mais populosos com a população total do Brasil. O censo de 2000 registrou 
169.590.693 habitantes e em 2010 o número subiu para 190.755.799 pessoas. 
Relacionando-se a soma desses 15 municípios em 2000 chegamos a 36.236.625 
habitantes, correspondendo a 21,37% da população brasileira vivendo em apenas 15 
cidades. Já em relação à população desses municípios em 2010, chegamos a 
190.755.799 habitantes, que correspondem a 21,05% da população brasileira. 
 
Tabela 3.7 – Municípios mais populosos nos 
Censos Demográficos 2000 e 2010 
Municípios mais 
populosos 2000 2010 
São Paulo 10.434.252 11.253.503 
Rio de Janeiro 5.857.904 6.320.446 
Salvador 2.443.107 2.675.656 
Brasília 2.051.146 2.570.160 
Fortaleza 2.141.402 2.452.185 
Belo Horizonte 2.238.526 2.375.151 
Manaus 1.405.835 1.802.014 
Curitiba 1.587.315 1.751.907 
Recife 1.422.905 1.537.704 
Porto Alegre 1.360.590 1.409.351 
Belém 1.280.614 1.393.399 
Goiânia 1.092.607 1.302.001 
Guarulhos 1.072.717 1.221.979 
Campinas 969.396 1.080.113 
São Luís 878.309 1.014.837 
Fonte: IBGE, 2011. 
 20 
 
Já na tabela 3.8 temos os dados mais atuais, da Estimativa realizada pelo IBGE em 2014. 
Estão listados os 25 municípios mais populosos, cuja população soma 51.077.190 
habitantes, que correspondem a 25,02% da população brasileira. 
 
Tabela 3.8 – Os 25 municípios mais populosos 
segundo a Estimativa 2014 do IBGE 
ORDEM UF MUNICÍPIO POPULAÇÃO 
2014 
1º SP São Paulo 11.895.893 
2º RJ Rio de Janeiro 6.453.682 
3º BA Salvador 2.902.927 
4º DF Brasília 2.852.372 
5º CE Fortaleza 2.571.896 
6º MG Belo Horizonte 2.491.109 
7º AM Manaus 2.020.301 
8º PR Curitiba 1.864.416 
9º PE Recife 1.608.488 
10º RS Porto Alegre 1.472.482 
11º PA Belém 1.432.844 
12º GO Goiânia 1.412.364 
13º SP Guarulhos 1.312.197 
14º SP Campinas 1.154.617 
15º MA São Luís 1.064.197 
16º RJ São Gonçalo 1.031.903 
17º AL Maceió 1.005.319 
 21 
18º RJ Duque de 
Caxias 
878.402 
19º RN Natal 862.044 
20º MS Campo Grande 843.120 
21º PI Teresina 840.600 
22º SP São Bernardo 
do Campo 
811.489 
23º RJ Nova Iguaçu 806.177 
24º PB João Pessoa 780.738 
25º SP Santo André 707.613 
TOTAL 25 MAIORES 51.077.190 
TOTAL BRASIL 202.768.562 
% TOTAL DAS 25 CIDADES EM 
RELAÇÃO AO TOTAL DO BRASIL 
25,20% 
 
Fonte: IBGE, 2014. 
 
A tabela 3.9, por sua vez, nos mostra os 25 municípios mais populosos que não são 
capitais de seus estados. É interessante destacar esse ponto, pois a grande parte das 
metrópoles brasileiras são capitais de Estados. Neste caso percebemos que sua soma é 
bem menos significativa, representado 8,4% da população brasileira. 
 
Interessante destacar a presença neste ranking de seis municípios do Estado do Rio de 
Janeiro, sendo cinco da região metropolitana do Rio de Janeiro e um do interior do 
Estado, Campos dos Goytacazes. 
 
 22 
 
Figura 3.5 – Campos dos Goytacazes/RJ, a 22ª cidade brasileira em população 
(excetuando as capitais dos estados) 
 
Fonte: By Vladhillrj (Own work) [CC BY-SA 3.0 
 
Original em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a2/Campos_RJ.jpg 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
Tabela 3.9 – Os 25 municípios mais populosos do Brasil que não são capitais, 
 
ORDEM UF MUNICÍPIO POPULAÇÃO 2014 
1º SP Guarulhos 1.312.197 
2º SP Campinas 1.154.617 
3º RJ São Gonçalo 1.031.903 
4º RJ Duque de Caxias 878.402 
5º SP São Bernardo do Campo 811.489 
6º RJ Nova Iguaçu 806.177 
7º SP Santo André 707.613 
8º SP Osasco 693.271 
9º SP São José dos Campos 681.036 
10º PE Jaboatão dos Guararapes 680.943 
11º SP Ribeirão Preto 658.059 
12º MG Uberlândia 654.681 
13º MG Contagem 643.476 
14º SP Sorocaba 637.187 
15º BA Feira de Santana 612.000 
16º SC Joinville 554.601 
17º MG Juiz de Fora 550.710 
18º PR Londrina 543.003 
19º GO Aparecida de Goiânia 511.323 
20º PA Ananindeua 499.776 
 24 
21º RJ Niterói 495.470 
22º RJ Campos dos Goytacazes 480.648 
23º RJ Belford Roxo 479.386 
24º ES Serra 476.428 
25º RS Caxias do Sul 470.223 
TOTAL 25 MAIORES 17.024.619 
TOTAL BRASIL 202.768.562 
% TOTAL BRASIL 8,40% 
Fonte: IBGE, 2014. 
 
Questão 3 (atende ao objetivo 2) 
Que argumentos podemos utilizar para explicar o crescimento da população rural e a 
diminuição proporcional da população rural brasileira? 
 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
Resposta Comentada: O êxodo rural de populações ruraispara as cidades e o 
crescimento das populações urbanas. 
 
Fim da Resposta Comentada 
 
O que nos dizem todos esses números? Que o Brasil já detém uma grande população 
urbana e inclusive vivendo em grandes cidades, metrópoles, que lhe dão características 
especiais e uma série de problemas também. Esse grande crescimento, sobretudo nas 
 25 
metrópoles e em suas cidades vizinhas, levou à adoção de medidas que levam em 
consideração essa proximidade e a convergência dos problemas e das soluções. São as 
“regiões metropolitanas”, áreas que se formam no entorno das metrópoles. É o que 
veremos a seguir. 
 
 
2.1 - As regiões metropolitanas 
 
A crescente conscientização de que os problemas das grandes cidades não podiam ser 
resolvidos na escala municipal, fez com que, através da Lei Complementar nº 14, de 8 
de junho de 1973, fossem criadas as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo 
Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belém e Fortaleza. 
Nessa lei aparecem descritos os municípios que integravam cada região metropolitana, 
bem como os organismos responsáveis pela sua gestão: “Haverá em cada Região 
Metropolitana um Conselho Deliberativo, presidido pelo Governador do Estado, e um 
Conselho Consultivo, criados por lei estadual” (BRASIL, 1973). 
A partir da Constituição de 1988, a atribuição de criação de regiões metropolitanas passa 
para os Estados, conforme o parágrafo 3º do Artigo 25: “Os Estados poderão, mediante 
lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e 
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a 
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” 
(BRASIL, 1988). 
Ao longo dos anos o quadro metropolitano oficial sofre alterações, tanto na composição 
das Regiões Metropolitanas, com a inclusão e exclusão de municípios, quanto na criação 
de novas Regiões Metropolitanas. “A criação de regiões metropolitanas, na maioria das 
vezes, não obedece a critérios claros, objetivos e consistentes, tanto na sua 
institucionalização, quanto na definição dos municípios que as compõem” (GARSON et. 
al, 2014). 
 26 
Segundo o trabalho citado acima, ligado ao “Observatório das Metrópoles” (ver box 
multimídia), o Brasil contava, em 2010, com 35 regiões metropolitanas (RMs) e 3 regiões 
integradas de desenvolvimento econômico (RIDEs) (GARSON, 2014, p. 2). 
Segundo esse levantamento: 
 
As 38 RMs/RIDEs comportam 444 municípios e estão distribuídas por 22 
unidades da federação nas cinco grandes regiões. Há que se mencionar, 
também, os 154 municípios dos Colares Metropolitanos das RMs de Belo 
Horizonte (MG) e Vale do Aço, das Áreas de Expansão Metropolitana das RMs 
Carbonífera (SC), de Chapecó (SC), Norte/Nord. Catarinense (SC), Florianópolis 
(SC), Foz do Rio Itajaí (SC), Lages (SC) e Vale do Rio Itajaí (SC) e dos municípios 
do Entorno Metropolitano da RMs do Vale do Rio Cuiabá (MT) (GARSON et. al., 
2014). 
 
Início de boxe multimídia 
 
O site do Observatório das Metrópoles é um local importante de pesquisa sobre a as 
cidades e metrópoles brasileiras e portanto sobre a Geografia Urbana do Brasil. Não 
deixe de visitar! 
 
Link: http://observatoriodasmetropoles.net/ 
 
Final de boxe multimídia 
 
Questão 4 (atende aos objetivos 2 e 3) 
 
Diferencie a urbanização aglomerada, de urbanização concentrada e metropolização, de 
que fala Milton Santos. 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
 27 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
Resposta Comentada: Segundo Milton Santos, a urbanização aglomerada se dá com o 
aumento do número e da população respectiva, dos núcleos com mais de 20 mil 
habitantes. Em seguida ocorre uma urbanização concentrada, com a multiplicação de 
cidades de tamanho intermediário e finalmente a metropolização, com o aumento 
considerável do número de cidades milionárias e de grandes cidades médias (em torno 
do meio milhão de habitantes). 
 
Fim da Resposta Comentada 
 
O IBGE considera também as “aglomerações urbanas”, com isso, em 31/07/2010 eram 
contabilizados por esse instituto 36 regiões metropolitanas, três aglomerações urbanas e 
três Regiões Integradas de Desenvolvimento. Já em levantamento de 30/06/2014 o 
mesmo instituto contabilizou 72 regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e RIDEs. 
Essa grande expansão reafirma a colocação anterior de Garson et. al., de que nem 
sempre critérios técnicos são seguidos, prevalecendo, muitas vezes, interesses políticos 
na criação de regiões metropolitanas. Nesse último levantamento do IBGE temos o 
seguinte quadro: 
 
Tabela 3.10 – Regiões Metropolitanas, RIDEs e Aglomerações Urbanas - 2014 
Regiões Estado RM/AU/RIDE 
Norte 
AM RM Manaus 
AP RM Macapá 
PA 
RM Belém 
RM Santarém 
RM Central 
RM da Capital 
 28 
RM do Sul do Estado 
C. Oeste 
GO RM Goiânia 
MT RM Vale do Rio Cuiabá 
TO 
RM Gurupi 
RM Palmas 
Nordeste 
AL 
RM da Zona da Mata 
RM de Caetés 
RM de Palmeira dos Índios 
RM do Médio Sertão 
RM do Sertão 
RM do Vale do Paraíba 
RM Maceió 
BA 
RM Feira de Santana 
RM Salvador 
CE 
RM Cariri 
RM Fortaleza 
MA 
RM Grande São Luís 
RM Sudoeste Maranhense 
PB 
RM Campina Grande 
RM de Araruna 
RM de Barra de Santa Rosa 
RM de Cajazeiras 
RM de Esperança 
RM de Itabaiana 
RM de Sousa 
RM do Vale do Mamanguape 
RM do Vale do Piancó 
RM Guarabira 
RM João Pessoa 
RM Patos 
PE RM Recife 
PI/MA 
RIDE TERESINA - Região Integrada de Desenvolvimento da Grande 
Teresina 
RN RM Natal 
SE RM Aracaju 
PE/BA 
RIDE Petrolina/Juazeiro Região Administrativa Integrada de 
Desenvolvimento do Polo Petrolina/PE e Juazeiro/BA 
Sudeste 
ES RM Grande Vitória 
MG 
RM Belo Horizonte 
RM Vale do Aço 
RJ RM Rio de Janeiro 
SP Aglomeração Urbana de Jundiaí 
 29 
Aglomeração Urbana de Piracicaba-AU- Piracicaba 
RM Baixada Santista 
RM Campinas 
RM de Sorocaba 
RM do Vale do Paraíba e Litoral Norte 
RM São Paulo 
Sul 
PR 
RM Curitiba 
RM de Umuarama 
RM Londrina 
RM Maringá 
RS 
Aglomeração Urbana do Litoral Norte - Rio Grande do Sul 
Aglomeração Urbana do Sul - Rio Grande do Sul 
RM da Serra Gaúcha 
RM Porto Alegre 
SC 
RM Carbonífera 
RM Chapecó 
RM do Alto Vale do Itajaí 
RM do Contestado 
RM do Extremo Oeste 
RM Florianópolis 
RM Foz do Rio Itajaí 
RM Lages 
RM Norte/Nordeste Catarinense 
RM Tubarão 
RM Vale do Itajaí 
Centro 
Oeste/Sudeste DF/GO/MG 
RIDE - Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e 
Entorno 
 
Obs.: Uma das características das RIDEs é terem municípios de estados diferentes, o 
que aparece destacado na tabela. 
 
Fonte: IBGE. Composicao_RMs_RIDEs_AglomUrbanas_2014_06_30 
 
As Aglomerações Urbanas são “constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, 
com o objetivo de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções 
públicas de interesse comum” (IBGE, 2014c) e são também instituídas por leis 
complementares estaduais. 
 
 30 
Já as Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDEs), tem como principal 
característica, já apontada, de englobarem municípios de Estados diferentes, mas que 
apresentam uma dinâmica comum. Objetivam: 
 
...articular e harmonizar as ações administrativas da União, dos Estados e dos 
Municípios para a promoção de projetos que visem à dinamização econômica de 
territórios de baixo desenvolvimento e assim, acabam conseguindo prioridade no 
recebimento de recursos públicos destinados à promoção de iniciativas e 
investimentos que reduzam as desigualdadessociais e estejam de acordo com o 
interesse local consensuado entre os entes participantes; esse consenso é 
fundamental, pois a criação de uma RIDE envolve a negociação prévia entre os 
estados envolvidos sobre questões como os limites e municípios da região, os 
instrumentos necessários, os objetivos e a adequação às necessidades 
específicas de gestão (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2015). 
 
Como podemos constatar a determinação de regiões metropolitanas, aglomerações 
urbanas e RIDEs, política importante para a gestão integrada de municípios limítrofes, 
pode ser prejudicada pelo uso político desse instrumento de planejamento urbano. 
Notícias dão conta da criação de muitas outras regiões metropolitanas. Por exemplo, no 
último dia 14 de janeiro de 2015 foi sancionada a criação no Paraná de mais quatro 
regiões metropolitanas para os municípios de Toledo, Cascavel, Apucarana e Campo 
Mourão, reunido mais de 80 municípios, com população total de quase 1,5 milhão de 
habitantes 
 
Boxe Multimídia 
 
Caso queira saber mais sobre esse caso, visite a página 
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1526156. 
 
Fim do Boxe 
 
 
 
 
 31 
Questão 5 (atende aos objetivos 3 e 4) 
 
Qual a principal diferença na criação de regiões metropolitanas oriunda da Constituição 
de 1988? 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
Resposta Comentada: A atribuição de criação de regiões metropolitanas passa aos 
estados. 
 
Fim da Resposta Comentada 
 
Conclusão 
 
Vimos aqui o processo de aglomeração, concentração e metropolização da população 
urbana brasileira ocorrida durante o século XX. Tal processo foi causado pelo grande 
crescimento da população brasileira, mas também pela dinâmica de expulsão de 
populações rurais que passaram a se dirigir às cidades. Isso levou a que grande parte da 
população se concentrasse em metrópoles. O crescimento destas metrópoles fez com 
que sua influência se expandisse para o seu entorno. A determinação de unidades de 
planejamento chamadas regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e Regiões 
Integradas de Desenvolvimento, das quais fizemos a diferenciação e identificação, visam 
a facilitar a administração de grandes aglomerados urbanos que, como vimos, 
concentram grande parte da população brasileira. 
 
 
 32 
Atividade Final (atende aos objetivos 3 e 4) 
 
Defina: regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e regiões integradas de 
desenvolvimento. 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
Resposta Comentada: Pela Constituição de 1988, as regiões metropolitanas, as 
aglomerações urbanas e as microrregiões, são constituídas por agrupamentos de 
municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de 
funções públicas de interesse comum. Já as regiões integradas de desenvolvimento 
devem ter a concordância dos governos federal e estadual, bem como dos governos dos 
municípios envolvidos. Isso porque uma de suas principais características é englobar 
municípios com dinâmica comum, mas situados em estados diferentes, visando a 
dinamização de regiões com baixo desenvolvimento econômico. 
 
Final da resposta Comentada 
 
 
 33 
Resumo 
A modernização do campo brasileiro (implantação do meio técnico-científico-
informacional), levou à sua mecanização e a migração de populações rurais para as 
cidades, processo conhecido como ”êxodo rural”. Com isso ocorre uma urbanização 
aglomerada, com o crescimento do número de cidades com mais de 20.000 habitantes e 
da população destas cidades, uma urbanização concentrada, com o crescimento de 
cidades intermediárias e por fim pela metropolização, com a crescimento de cidades com 
mais de 1 milhão de habitantes e de cidades médias com aproximadamente 500 mil 
habitantes. Nesse estágio ocorre a formação de metrópoles e da criação de regiões 
metropolitanas, que tentam integrar políticas que afetam ambos os municípios que 
orbitam as metrópoles. 
 
Informações sobre a próxima aula 
Na próxima aula continuaremos estudando as regiões metropolitanas brasileiras, porém 
agora detalhando sua dinâmica e funcionamento, exemplificando para uma maior 
compreensão de suas características. 
 
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