Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CURSO: GEOGRAFIA DISCIPLINA: GEOGRAFIA URBANA DO BRASIL CONTEUDISTA: Marcelo Werner da Silva AULA 3 – O PROCESSO DE CONCENTRAÇÃO URBANA E AS METRÓPOLES BRASILEIRAS Meta Explicar o processo que levou a uma grande concentração de população nas cidades e metrópoles brasileiras. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 1. Perceber a relação entre a modernização do campo e o crescimento da população urbana; 2. Compreender o processo de inversão da distribuição populacional entre as áreas rurais e urbanas; 3. Entender o processo de criação das regiões metropolitanas; 4. Diferenciar regiões metropolitanas, de aglomerações urbanas e Regiões Integradas de Desenvolvimento. 2 Como a população brasileira passou a ser mais urbana que rural? O Brasil apresenta hoje um quadro urbano que não tinha no passado, conforme pudemos ver na aula 2. A partir da década de 1930 se inicia um novo período na história do Brasil, em que foi enfatizada a industrialização e a urbanização. É importante compreender os principais fatores que levaram à população brasileira de predominantemente rural para um quadro em que mais de 80% da população brasileira passou a ser urbana. Um desses fatores foi a industrialização, que ao ser implantada no campo promove o chamado “êxodo rural”, com a transferência dessa população rural para as cidades. Como visto na aula anterior, a taxa de urbanização (ou seja, do percentual de pessoas vivendo em cidades) passa de 31,2% em 1940 para 84,36% em 2010. A população também cresce em números absolutos: de 41 milhões de habitantes no país em 1940, passamos para 190 milhões em 2010. Esse aumento de população urbana leva a uma concentração sobretudo nas principais cidades, nas capitais dos estados, que assim se transformam em metrópoles, gerando um processo mais amplo em termos nacionais de “metropolização do espaço”. 1. O processo de concentração urbana no Brasil Como já visto na aula 1, o Brasil sofre um grande processo de concentração urbana a partir dos anos de 1930. Esse processo teve várias causas que analisaremos a seguir. Dentre elas podemos destacar o chamado “êxodo rural”, que consiste na migração de populações do campo para a cidade e de algumas regiões para outras. Esse fenômeno é atribuído à mecanização do campo, decorrente da implantação do meio técnico- científico, para utilizar a terminologia de Milton Santos. Essa concentração de população nas cidades e sobretudo nas grandes cidades levou a uma correspondente perda de população rural e a uma diminuição do emprego agrícola. 3 As consequências nas grandes cidades, sobretudo São Paulo e Rio de Janeiro foram dramáticas, com o aumento exponencial da favelização e da pobreza urbana, temas que desenvolveremos nas aulas 7 e 8. Porém essas consequências se estenderam também às principais capitais dos estados, que também receberam grande afluxo de migrantes. Foi um processo que ampliou o percentual de população urbana, que podemos chamar de urbanização, em detrimento do campo, onde se concentrava a maioria da população brasileira até o início desse processo nos anos 1930. Com o grande crescimento das cidades surge nova categoria de cidade: as metrópoles. Na aula 1 já vimos a definição de metrópole, entendida como o maior adensamento populacional existente na superfície terrestre. É o que desenvolveremos a seguir. 1.1 A mecanização do campo e o êxodo rural A mecanização do campo decorre dos processos de desenvolvimento do meio técnico- científico e mais recentemente do meio técnico-científico-informacional, conforme detalhado por Milton Santos em sua obra. Esses dois termos se referem a uma periodização associada à modernização dos procedimentos associados ao capitalismo em sua vertente industrial. Segundo Milton Santos (2004, p. 233), a história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em cada fração da superfície da terra, o caminho que vai de uma situação a outra se dá de maneira particular; e a parte do "natural" e do "artificial" também varia, assim como mudam as modalidades do seu arranjo. Para Milton Santos podemos então dividir a história do meio geográfico em três etapas: o meio natural, o meio técnico, o meio técnico-científico-informacional. 4 No meio natural, “...o homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as culturas, essas condições naturais que constituíam a base material da existência do grupo” (SANTOS, 2004, p. 235). Ou seja, no meio natural as sociedades humanas estavam sujeitas aos desígnios da natureza. Já o meio técnico, associado à criação de técnicas que facilitavam a vida humana em sua relação com a natureza, vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que formam o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao mesmo tempo. Quanto ao espaço, o componente material é crescentemente formado do "natural" e do "artificial". Mas o número e a qualidade de artefatos varia. As áreas, os espaços, as regiões, os países passam a se distinguir em função da extensão e da densidade da substituição, neles, dos objetos naturais e dos objetos culturais, por objetos técnicos” (SANTOS, 2004, p. 236). Quanto ao Brasil, “durante praticamente três séculos e meio, o território brasileiro conheceu uma utilização fundada na exploração dos seus recursos naturais pelo trabalho direto e concreto do homem, mais do que pela incorporação de capital à natureza que, durante esse tempo teve um papel relevante na seleção das produções e dos homens” (SANTOS, 2005, p. 48). A implantação então de um meio técnico altera as condições da relação da sociedade com o meio natural: “Já nos cem anos que vão da metade do século XIX à metade do século XX, algumas áreas conhecem a implantação de um meio técnico, meio mecanizado, que altera a definição do espaço e modifica as condições de seu uso” (SANTOS, 2005, p. 48). Portanto o Brasil foi caracterizado por um processo de modernização tardia, ou seja, os processos de modernização implantados a partir do final do século XVIII e início do século XIX nos países europeus, só foi implantado no país a partir da metade do século XIX, 5 com maior ênfase maior a partir dos anos 1930, marco histórico da industrialização brasileira. Já existiam indústrias antes desta data, porém não eram significativas em relação ao tipo de atividade econômica preponderante, que então era a atividade agro- exportadora. Já após a 2ª Guerra Mundial temos uma implantação de técnicas que continham um maior conteúdo de ciência e a utilização de técnicas de informatização de dados, o que aumenta essa quantidade de técnicas no espaço. Temos então um meio técnico- científico-informacional, período caracterizada por uma “profunda interação da ciência e da técnica, a tal ponto que certos autores preferem falar de tecnociência para realçar a inseparabilidade atual dos dois conceitos e das duas práticas” (SANTOS, 2004, p. 238). Essa incorporação de ciência e técnica ao espaço traz consigo algumas consequências, como a maior incorporação de capital ao território, no caso do campo, sob a forma de instrumentos de produção, sementes selecionadas, fertilizantes, pesticidas, etc. (SANTOS, 2005, p. 45). Para ilustrar essa colocação podemos utilizar um dos principais instrumentos de produção utilizados no campo e que indicam sua mecanização, como é o casodos tratores agrícolas. Na tabela 3.1 temos a quantidade de tratores existentes em estabelecimentos agropecuários entre os anos de 1920 a 2006. Vê-se um crescimento constante nessa utilização, que aumenta substancialmente a partir de 1960. Do mesmo modo na tabela 3.2 vemos a relação contrária, ou seja, quanto mais tratores o país dispõe, menor área cada um atenderia. Nessa tabela vemos a divisão do número de tratores pela área plantada, Assim vemos que em 1940 cada trator correspondia a 5572,61 ha e em 2006 a apenas 72,92 ha. Isso indica também a mecanização cada vez maior da agricultura brasileira. Tabela 3.1 – Tratores em Estabelecimentos Agropecuários 6 Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1920/2006. Até 1996, dados extraídos de: Estatísticas do Século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Disponível em: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=AGRO10 FIGURA 3.1 – A modernização do campo – Colheitadeira Fonte: Foto de Walbron Siqueira de 02/04/11 Tabela 3.2 – Área média de lavouras por trator (há) Tratores em Estabelecimentos Agropecuários 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000 900.000 Tratores Tratores 1.706 3.380 8.372 61.345 165.870 323.113 545.205 665.280 799.742 820.673 1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1995 2006 7 Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1920/2006. Até 1996, dados extraídos de: Estatísticas do Século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Disponível em: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=1&op=0&vcodigo=CA75&t=ar ea-media-lavouras-trator-ha Outra característica da aplicação de tecnociência no território, e, no que nos interessa aqui, nos espaços agrários, é apontada por Milton Santos (2005, p. 45): ...amplia-se a área de produção, enquanto a arena da produção se reduz. Isto é, a produção, considerada em todas as suas instâncias, dá-se em áreas maiores do território, ao passo que o processo produtivo direto completa-se em áreas cada vez menores. Produções como a do alho, dos marmelos, do mamão, da cebola, para falar apenas de algumas, que antes se davam em quantidades mínimas em número considerável de lugares, hoje são majoritariamente feitas, com produtividade muitas vezes maior, em áreas cada vez menores. Essa característica, apontada acima, também é um dos fatores associados à mecanização, que faz com que a produção seja realizada, preponderantemente, em grandes propriedades. Isso também é um dos fatores de expulsão de população do campo, pela redução de empregos agrícolas. Área média de lavouras por trator (ha) 0,00 1.000,00 2.000,00 3.000,00 4.000,00 5.000,00 6.000,00 H a p o r tr at o r Hectares por trator Hectares por trator 3.893,5.572,2.280, 468 204,9 130,6 105,9 94,41 62,65 72,92 1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1995 2006 8 Surge então uma nova urbanização, baseada no aumento do trabalho intelectual. Diminui a produção material e aumenta a produção não-material, em benefício da terceirização, o que redunda também em mais urbanização. Diminui o consumo consuptivo (aquele que se esgota em si mesmo) e aumento o consumo produtivo, que incorporam ciência e informação. A diminuição da população do campo e aumento da população das cidades é acompanhada pelo aumento de agricultores que residem em áreas urbanas. Portanto a população residindo no campo diminui ainda mais (SANTOS, 2005). Figura 3.2 – Transformações associadas à urbanização A modernização que ocorre no campo é tecnológica, mas sob o aspecto da justiça social esta é uma “modernização conservadora”. Nas palavras de Oliveira (2001, p. 186) ...a chamada modernização da agricultura não vai atuar no sentido da transformação dos latifundiários em empresários capitalistas, mas, ao contrário, transformou os capitalistas industriais e urbanos - sobretudo do Centro-Sul do país - em proprietários de terra, em latifundiários. A política de incentivos fiscais da Sudene e da Sudam foram os instrumentos de política econômica que viabilizaram esta fusão. Dessa forma, os capitalistas urbanos tornaram-se os maiores proprietários de terra no Brasil, possuindo áreas com dimensões nunca registradas na história da humanidade. [...] Em decorrência desse processo, tornou-se possível identificar dois aspectos contraditórios destes capitalistas modernos: a mesma indústria automobilística que pratica as mais avançadas relações 9 de trabalho do capitalismo no Centro-Sul, na Amazônia, ao contrário, praticava em suas propriedades agropecuárias a "peonagem", relação de trabalho também chamada de "escravidão branca". Em outras palavras, a mesma empresa atuava de forma diferenciada em regiões distintas deste país. Inicio de verbete O termo “modernização conservadora” foi elaborado por Barrington Moore Junior para retratar o caso específico do desenvolvimento capitalista na Alemanha e no Japão, nos quais o processo de industrialização foi condicionado pelo pacto político tecido entre a burguesia e os proprietários de terras. Porém o termo foi ressignificado por pensadores nacionais para demonstrar que no processo de modernização da agropecuária nacional houve a penetração de forças produtivas tipicamente capitalistas. Porém tal fato não alterou a estrutura fundiária, que no Brasil sempre foi concentrada e continuou sendo nas novas condições (PIRES e RAMOS, 2009) Para maiores informações consulte o artigo citado, disponível em: http://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=1140 final do verbete Questão 1 (atende ao objetivo 1) Cite um exemplo prático que mostre a implantação do meio técnico-científico- informacional no campo brasileiro. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 10 ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Resposta Comentada: Dos muitos exemplos que podem ser apontados podemos citar a quantidade de tratores existentes no Brasil, que passam de 1706 tratores em 1920, para 820.673 em 2006. Com isso a área média atendida por cada trator passa de 3.893,35 hectares em 1920, para 72,92 ha em 2006, mostrando com isso uma maior aplicação de tecnologia (aqui representada pelos tratores), substituindo mão-de-obra. Fim da resposta Comentada Para Oliveira, o desenvolvimento capitalista concentrador da propriedade fundiária, empurra uma parcela cada vez maior da população para as áreas urbanas, gerando nas mesmas uma massa cada vez maior de pobres e miseráveis. Mas, ao mesmo tempo, esta exclusão atinge também o próprio campo. Certamente, a maioria dos filhos dos camponeses, cujas propriedades tenham superfície inferior a 10 hectares, jamais terão condição de se tornar camponeses nas terras dos pais. A eles caberá apenas um caminho: a estrada. A estrada que os levará à cidade, ou a estrada que os levará à luta pela reconquista da terra. No trecho acima o autor contextualiza o fenômeno da migração brasileira, que assumiu a forma de um “êxodo rural”. Também comenta o grave problema da exclusão no próprio campo, que toma a forma da luta pela terra, capitaneada por movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). 11 Figura 3.2 – MST protestando em 2007. Fonte: By Wilson Dias/ABr (Agencia Brasil [1]) [CC BY 3.0 br] A seguir abordaremos o grande crescimento da população urbana em detrimento da população rural, ocorrido em consequência da modernização do campo e de sua consequência direta, o êxodo rural. 1.2 Evoluçãoda população urbana e rural A partir de agora analisaremos o chamado fenômeno da “inversão populacional”, de rural para urbana. Como já vimos, a população brasileira era predominantemente rural até o início do século XX, passando a ser majoritariamente urbana em um espaço de poucas décadas. 12 Na tabela 3.3 podemos verificar a queda constante da população rural brasileira e o aumento da população das cidades brasileiras. Apesar do aumento da população brasileira vemos a queda constante dos índices de população rural, que passa de 68,76% em 1940 para apenas 15,64% em 2010. Já a população urbana sobe de 31,24% em 1940 para 84,36% em 2010. Tabela 3.3 – População brasileira (total, urbana e rural) e índices de urbanização e população rural Anos População Total População Urbana População Rural Índice de Urbanização Índice de Pop. Rural 1940 41.236.315 12.880.182 28.356.133 31,24 68,76 1950 51.944.397 18.782.891 33.161.506 36,16 63,84 1960 70.992.343 32.004.817 38.987.526 45,08 54,92 1970 94.508.583 52.904.744 41.603.839 55,98 44,02 1980 121.150.573 82.013.375 39.137.198 67,70 32,30 1991 146.917.459 110.875.826 36.041.633 75,47 24,53 2000 169.799.170 137.755.550 31.835.143 81,13 18,75 2010 190.755.799 160.925.792 29.830.007 84,36 15,64 Obs.: Nos anos 1960, 1970 e 1980 foi considerada a população presente. A partir de 1991 passou a considerar a população residente, mesmo que não presente quando do Censo. Fonte: Estatísticas Históricas do Brasil/volume 3 - Rio de Janeiro: IBGE, 1987; Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010; Sinopse do Censo de 2010. Mesmo o grande crescimento da população brasileira não explica esse crescimento da população urbana em detrimento da população rural. Vemos na tabela 3.4 o acréscimo populacional em cada década tanto da população total, quanto da população urbana. Na tabela vemos que os índices de crescimento da população urbana foram sempre maiores do que o da população total. A década de maior crescimento da população brasileira, no período analisado, foi de 1950 a 1960, quando a população brasileira cresceu quase 37%. Porém no mesmo período a população urbana brasileira cresceu 13 mais de 70%. Os índices decrescem a partir desta década, porém a população urbana cresce sempre em ritmo maior do que o da população total. Tabela 3.4 – Acréscimo populacional de um Censo a outro – população total e população urbana Anos considerados Acréscimo População Total Percentual de Acréscimo Pop.Total Acréscimo População Urbana Percentual de Acréscimo Pop. Urbana 1940-1950 10.708.082 25,97% 5.902.709 45,83 1950-1960 19.047.946 36,67% 13.221.926 70,39 1960-1970 23.516.240 33,13% 20.899.927 65,30 1970-1980 26.641.990 28,19% 29.108.631 55,02 1980-1991 25.766.886 21,27% 28.862.451 35,19 1991-2000 22.881.711 15,57% 26.879.724 24,24 2000-2010 20.956.629 12,34% 23.170.242 16,82 Fonte: Estatísticas Históricas do Brasil/volume 3 - Rio de Janeiro: IBGE, 1987; Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010. Parte do crescimento urbano também ocorre às custas da diminuição da população rural, devido ao deslocamento de populações do campo para as cidades e também de algumas regiões para outras. Tabela 3.5 - População Urbana nas Grandes Regiões do Brasil NORTE NORDESTE SUDESTE SUL C. OESTE BRASIL 1960 1.041.213 3,25 7.680.681 24,00 17.818.649 55,67 4.469.103 13,96 995.171 3,11 32.004.817 1970 1.784.223 3,37 11.980.937 22,65 29.347.170 55,47 7.434.196 14,05 2.358.218 4,46 52.904.744 1980 3.398.897 4,14 17.959.640 21,90 43.550.664 53,10 12.153.971 14,82 4.950.203 6,04 82.013.375 1991 5.931.567 5,35 25.753.355 23,23 55.149.437 49,74 16.392.710 14,78 7.648.757 6,90 110.875.826 2000 9.002.962 6,54 32.929.318 23,90 65.441.516 47,51 20.306.542 14,74 10.075.212 7,31 137.755.550 2010 11.664.509 7,25 38.821.246 24,12 74.696.178 46,42 23.260.896 14,45 12.482.963 7,76 160.925.792 Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. 14 Tabela 3.6 - POPULAÇÃO RURAL NAS GRANDES REGIÕES DO BRASIL NORTE NORDESTE SUDESTE SUL C. OESTE BRASIL 1960 1.888.792 4,84 14.748.192 37,83 13.244.329 33,97 7.423.004 19,04 1.683.209 4,32 38.987.526 1970 2.404.090 5,78 16.694.173 40,13 10.984.799 26,40 9.249.355 22,23 2.271.422 5,46 41.603.839 1980 3.368.352 8,61 17.459.516 44,61 9.029.863 23,07 7.226.155 18,46 2.053.312 5,25 39.137.198 1991 4.325.699 12,00 16.716.870 46,38 7.511.263 20,84 5.724.316 15,88 1.763.485 4,89 36.041.633 2000 3.890.599 12,22 14.763.935 46,38 6.855.835 21,54 4.783.241 15,03 1.541.533 4,84 31.835.143 2010 4.199.945 14,08 14.260.704 47,81 5.668.232 19,00 4.125.995 13,83 1.575.131 5,28 29.830.007 Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. Nas tabelas 3.5 e 3.6 podemos verificar a questão do deslocamento migratório entre as regiões brasileiras. Na região Norte há um crescimento da população rural, como resultado da expansão da fronteira agrícola. Já na região Centro-Oeste temos uma relativa estabilidade da população rural, o que, considerando-se o aumento da população brasileira representa uma diminuição relativa da população rural. As regiões Sul e Sudeste perdem população rural devido à modernização do campo e à migração para as cidades. O caso mais emblemático é o do Nordeste, que até aumenta sua população rural, apesar do crescimento populacional e da migração para as cidades e para as regiões sul e sudeste de considerável contingente populacional. Isso se deve à permanência de uma agricultura pouco intensiva em capital e tecnologia, mantendo uma população que se considerarmos a grande expansão populacional brasileira, já vista, demonstra também um quadro de perda (relativa) de população rural. Esse deslocamento populacional, representado pelo aumento da população urbana em detrimento da população rural, significou a grande expansão das cidades brasileiras, o que teve grandes consequências, como a metropolização e também graves problemas sociais, assunto que desenvolveremos nas próximas aulas. 15 1.3 A urbanização aglomerada e a urbanização concentrada Os impactos apontados do crescimento populacional e do deslocamento populacional para as cidades brasileiras tiveram as seguintes consequências: A partir dos anos 1970, o processo de urbanização alcança novo patamar, tanto do ponto de vista quantitativo, quanto do ponto de vista qualitativo. Desde a revolução urbana brasileira, consecutiva à revolução demográfica dos anos 1950, tivemos, primeiro, uma urbanização aglomerada, com o aumento do número – e da população respectiva – dos núcleos com mais de 20 mil habitantes e, em seguida, uma urbanização concentrada, com a multiplicação de cidades de tamanho intermédio, para alcançarmos, depois, o estágio da metropolização, com o aumento considerável do número de cidades milionárias e de grandes cidades médias (em torno do meio milhão de habitantes) (SANTOS, 2005, p. 77, grifos nossos). É sobretudo a partir de 1950 que é notada uma maior tendência à concentração da população e da urbanização. Segundo Santos (2005, p. 77-78), os núcleos com mais de 20 mil habitantes passam de 15% do total da população brasileira, em 1940, para 28,43% em 1960 e para 51% da população em 1980. Em relação à população urbana, esses núcleos correspondem, respectivamente, a 47,71% em 1940, a 71,80% em 1970, chegando a 75,48% em 1980: A população vivendo em núcleos com mais de 20 mil habitantes aumenta 4,58 vezes entre 1950 e 1980, passando de 13.640.237 para 62.543.148 pessoas, crescendo, pois, em cerca de 49 milhões de habitantes. Como nesse período a população urbana total cresce um pouco mais de 63 milhões de pessoas, segue- se que, de cada cem novos urbanos, 77 se encontravam em cidades e vilas com mais de 20 mil habitantes e apenas 23 em localidadesmenores (SANTOS, 2005, p. 79-80). Esses dados dão a medida da “urbanização aglomerada”, de que fala Milton Santos. Já em relação à “urbanização concentrada”, que corresponde à multiplicação de cidades intermediárias, podemos citar que em 1940 o Brasil possuía apenas 18 localidades com mais de 160.000 habitantes. Esse número foi aumentando progressivamente para chegar a 142 localidades em 1980. Já aquelas com número maior que 500.000 habitantes, que eram apenas duas em 1940, subiram para quatorze, em 1980 (SANTOS, 2005, p. 82). 16 Os mapas abaixo auxiliam na visualização do grande crescimento urbano do Brasil. Neles aparecem representados a proporção da população urbana no conjunto da população total em 1940 (figura 3.3) e em 2000 (figura 3.4). Podemos perceber, pelo contraste, a grande expansão urbana sofrida pelo país e como esta foi feita, sobretudo, a partir do litoral e do Centro-Sul do país, Mas que já alcança as regiões antes pouco urbanizadas, como Norte e Centro-Oeste. Figura 3.3 - Proporção da população urbana no Brasil em 1940 Fonte: IBGE, 2007. 17 Original em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tendencia_demografica/analis e_populacao/1940_2000/comentarios.pdf (P.3) Figura 3.4 - Proporção da população urbana no Brasil em 2000 Fonte: IBGE, 2007. Original em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tendencia_demografica/analis e_populacao/1940_2000/comentarios.pdf (P.3) 18 Questão 2 (atende ao objetivo 1) Analisando o processo de urbanização decorrente da modernização do campo (implantação do meio técnico-científico-informacional), podemos dizer que esse processo significou uma maior justiça social no campo? Justificar. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Resposta Comentada: Não, pois a modernização do campo brasileiro foi uma “modernização conservadora”, significando que houve a penetração de forças produtivas tipicamente capitalistas, mas sem alterar a estrutura fundiária, o predomínio de grandes latifúndios, que já predominavam no país e essa situação não se alterou com a modernização. Fim da resposta comentada 2. As metrópoles brasileiras Falar da metropolização brasileira é falar, primeiramente, da grande expansão das cidades grandes, ou “milionárias”, querendo dizer com isso aquelas com mais de 1 milhão de habitantes. Em 1960 o país contava com apenas duas cidades com essa cifra ou mais, 19 casos de São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1970 o país já contava com cinco cidades nessa condição, dez em 1980 e doze em 1991. Nos últimos dois censos (2000 e 2010) o quadro aparece na tabela 3.7. Nela percebemos que em 2000 tínhamos 13 cidades com mais de 1 milhão de habitantes e que no censo seguinte, em 2010, esse número aumenta para 15 cidades. Uma análise interessante que podemos fazer desta tabela é relacionar a soma desses 15 municípios mais populosos com a população total do Brasil. O censo de 2000 registrou 169.590.693 habitantes e em 2010 o número subiu para 190.755.799 pessoas. Relacionando-se a soma desses 15 municípios em 2000 chegamos a 36.236.625 habitantes, correspondendo a 21,37% da população brasileira vivendo em apenas 15 cidades. Já em relação à população desses municípios em 2010, chegamos a 190.755.799 habitantes, que correspondem a 21,05% da população brasileira. Tabela 3.7 – Municípios mais populosos nos Censos Demográficos 2000 e 2010 Municípios mais populosos 2000 2010 São Paulo 10.434.252 11.253.503 Rio de Janeiro 5.857.904 6.320.446 Salvador 2.443.107 2.675.656 Brasília 2.051.146 2.570.160 Fortaleza 2.141.402 2.452.185 Belo Horizonte 2.238.526 2.375.151 Manaus 1.405.835 1.802.014 Curitiba 1.587.315 1.751.907 Recife 1.422.905 1.537.704 Porto Alegre 1.360.590 1.409.351 Belém 1.280.614 1.393.399 Goiânia 1.092.607 1.302.001 Guarulhos 1.072.717 1.221.979 Campinas 969.396 1.080.113 São Luís 878.309 1.014.837 Fonte: IBGE, 2011. 20 Já na tabela 3.8 temos os dados mais atuais, da Estimativa realizada pelo IBGE em 2014. Estão listados os 25 municípios mais populosos, cuja população soma 51.077.190 habitantes, que correspondem a 25,02% da população brasileira. Tabela 3.8 – Os 25 municípios mais populosos segundo a Estimativa 2014 do IBGE ORDEM UF MUNICÍPIO POPULAÇÃO 2014 1º SP São Paulo 11.895.893 2º RJ Rio de Janeiro 6.453.682 3º BA Salvador 2.902.927 4º DF Brasília 2.852.372 5º CE Fortaleza 2.571.896 6º MG Belo Horizonte 2.491.109 7º AM Manaus 2.020.301 8º PR Curitiba 1.864.416 9º PE Recife 1.608.488 10º RS Porto Alegre 1.472.482 11º PA Belém 1.432.844 12º GO Goiânia 1.412.364 13º SP Guarulhos 1.312.197 14º SP Campinas 1.154.617 15º MA São Luís 1.064.197 16º RJ São Gonçalo 1.031.903 17º AL Maceió 1.005.319 21 18º RJ Duque de Caxias 878.402 19º RN Natal 862.044 20º MS Campo Grande 843.120 21º PI Teresina 840.600 22º SP São Bernardo do Campo 811.489 23º RJ Nova Iguaçu 806.177 24º PB João Pessoa 780.738 25º SP Santo André 707.613 TOTAL 25 MAIORES 51.077.190 TOTAL BRASIL 202.768.562 % TOTAL DAS 25 CIDADES EM RELAÇÃO AO TOTAL DO BRASIL 25,20% Fonte: IBGE, 2014. A tabela 3.9, por sua vez, nos mostra os 25 municípios mais populosos que não são capitais de seus estados. É interessante destacar esse ponto, pois a grande parte das metrópoles brasileiras são capitais de Estados. Neste caso percebemos que sua soma é bem menos significativa, representado 8,4% da população brasileira. Interessante destacar a presença neste ranking de seis municípios do Estado do Rio de Janeiro, sendo cinco da região metropolitana do Rio de Janeiro e um do interior do Estado, Campos dos Goytacazes. 22 Figura 3.5 – Campos dos Goytacazes/RJ, a 22ª cidade brasileira em população (excetuando as capitais dos estados) Fonte: By Vladhillrj (Own work) [CC BY-SA 3.0 Original em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a2/Campos_RJ.jpg 23 Tabela 3.9 – Os 25 municípios mais populosos do Brasil que não são capitais, ORDEM UF MUNICÍPIO POPULAÇÃO 2014 1º SP Guarulhos 1.312.197 2º SP Campinas 1.154.617 3º RJ São Gonçalo 1.031.903 4º RJ Duque de Caxias 878.402 5º SP São Bernardo do Campo 811.489 6º RJ Nova Iguaçu 806.177 7º SP Santo André 707.613 8º SP Osasco 693.271 9º SP São José dos Campos 681.036 10º PE Jaboatão dos Guararapes 680.943 11º SP Ribeirão Preto 658.059 12º MG Uberlândia 654.681 13º MG Contagem 643.476 14º SP Sorocaba 637.187 15º BA Feira de Santana 612.000 16º SC Joinville 554.601 17º MG Juiz de Fora 550.710 18º PR Londrina 543.003 19º GO Aparecida de Goiânia 511.323 20º PA Ananindeua 499.776 24 21º RJ Niterói 495.470 22º RJ Campos dos Goytacazes 480.648 23º RJ Belford Roxo 479.386 24º ES Serra 476.428 25º RS Caxias do Sul 470.223 TOTAL 25 MAIORES 17.024.619 TOTAL BRASIL 202.768.562 % TOTAL BRASIL 8,40% Fonte: IBGE, 2014. Questão 3 (atende ao objetivo 2) Que argumentos podemos utilizar para explicar o crescimento da população rural e a diminuição proporcional da população rural brasileira? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Resposta Comentada: O êxodo rural de populações ruraispara as cidades e o crescimento das populações urbanas. Fim da Resposta Comentada O que nos dizem todos esses números? Que o Brasil já detém uma grande população urbana e inclusive vivendo em grandes cidades, metrópoles, que lhe dão características especiais e uma série de problemas também. Esse grande crescimento, sobretudo nas 25 metrópoles e em suas cidades vizinhas, levou à adoção de medidas que levam em consideração essa proximidade e a convergência dos problemas e das soluções. São as “regiões metropolitanas”, áreas que se formam no entorno das metrópoles. É o que veremos a seguir. 2.1 - As regiões metropolitanas A crescente conscientização de que os problemas das grandes cidades não podiam ser resolvidos na escala municipal, fez com que, através da Lei Complementar nº 14, de 8 de junho de 1973, fossem criadas as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belém e Fortaleza. Nessa lei aparecem descritos os municípios que integravam cada região metropolitana, bem como os organismos responsáveis pela sua gestão: “Haverá em cada Região Metropolitana um Conselho Deliberativo, presidido pelo Governador do Estado, e um Conselho Consultivo, criados por lei estadual” (BRASIL, 1973). A partir da Constituição de 1988, a atribuição de criação de regiões metropolitanas passa para os Estados, conforme o parágrafo 3º do Artigo 25: “Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (BRASIL, 1988). Ao longo dos anos o quadro metropolitano oficial sofre alterações, tanto na composição das Regiões Metropolitanas, com a inclusão e exclusão de municípios, quanto na criação de novas Regiões Metropolitanas. “A criação de regiões metropolitanas, na maioria das vezes, não obedece a critérios claros, objetivos e consistentes, tanto na sua institucionalização, quanto na definição dos municípios que as compõem” (GARSON et. al, 2014). 26 Segundo o trabalho citado acima, ligado ao “Observatório das Metrópoles” (ver box multimídia), o Brasil contava, em 2010, com 35 regiões metropolitanas (RMs) e 3 regiões integradas de desenvolvimento econômico (RIDEs) (GARSON, 2014, p. 2). Segundo esse levantamento: As 38 RMs/RIDEs comportam 444 municípios e estão distribuídas por 22 unidades da federação nas cinco grandes regiões. Há que se mencionar, também, os 154 municípios dos Colares Metropolitanos das RMs de Belo Horizonte (MG) e Vale do Aço, das Áreas de Expansão Metropolitana das RMs Carbonífera (SC), de Chapecó (SC), Norte/Nord. Catarinense (SC), Florianópolis (SC), Foz do Rio Itajaí (SC), Lages (SC) e Vale do Rio Itajaí (SC) e dos municípios do Entorno Metropolitano da RMs do Vale do Rio Cuiabá (MT) (GARSON et. al., 2014). Início de boxe multimídia O site do Observatório das Metrópoles é um local importante de pesquisa sobre a as cidades e metrópoles brasileiras e portanto sobre a Geografia Urbana do Brasil. Não deixe de visitar! Link: http://observatoriodasmetropoles.net/ Final de boxe multimídia Questão 4 (atende aos objetivos 2 e 3) Diferencie a urbanização aglomerada, de urbanização concentrada e metropolização, de que fala Milton Santos. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 27 ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Resposta Comentada: Segundo Milton Santos, a urbanização aglomerada se dá com o aumento do número e da população respectiva, dos núcleos com mais de 20 mil habitantes. Em seguida ocorre uma urbanização concentrada, com a multiplicação de cidades de tamanho intermediário e finalmente a metropolização, com o aumento considerável do número de cidades milionárias e de grandes cidades médias (em torno do meio milhão de habitantes). Fim da Resposta Comentada O IBGE considera também as “aglomerações urbanas”, com isso, em 31/07/2010 eram contabilizados por esse instituto 36 regiões metropolitanas, três aglomerações urbanas e três Regiões Integradas de Desenvolvimento. Já em levantamento de 30/06/2014 o mesmo instituto contabilizou 72 regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e RIDEs. Essa grande expansão reafirma a colocação anterior de Garson et. al., de que nem sempre critérios técnicos são seguidos, prevalecendo, muitas vezes, interesses políticos na criação de regiões metropolitanas. Nesse último levantamento do IBGE temos o seguinte quadro: Tabela 3.10 – Regiões Metropolitanas, RIDEs e Aglomerações Urbanas - 2014 Regiões Estado RM/AU/RIDE Norte AM RM Manaus AP RM Macapá PA RM Belém RM Santarém RM Central RM da Capital 28 RM do Sul do Estado C. Oeste GO RM Goiânia MT RM Vale do Rio Cuiabá TO RM Gurupi RM Palmas Nordeste AL RM da Zona da Mata RM de Caetés RM de Palmeira dos Índios RM do Médio Sertão RM do Sertão RM do Vale do Paraíba RM Maceió BA RM Feira de Santana RM Salvador CE RM Cariri RM Fortaleza MA RM Grande São Luís RM Sudoeste Maranhense PB RM Campina Grande RM de Araruna RM de Barra de Santa Rosa RM de Cajazeiras RM de Esperança RM de Itabaiana RM de Sousa RM do Vale do Mamanguape RM do Vale do Piancó RM Guarabira RM João Pessoa RM Patos PE RM Recife PI/MA RIDE TERESINA - Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina RN RM Natal SE RM Aracaju PE/BA RIDE Petrolina/Juazeiro Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Polo Petrolina/PE e Juazeiro/BA Sudeste ES RM Grande Vitória MG RM Belo Horizonte RM Vale do Aço RJ RM Rio de Janeiro SP Aglomeração Urbana de Jundiaí 29 Aglomeração Urbana de Piracicaba-AU- Piracicaba RM Baixada Santista RM Campinas RM de Sorocaba RM do Vale do Paraíba e Litoral Norte RM São Paulo Sul PR RM Curitiba RM de Umuarama RM Londrina RM Maringá RS Aglomeração Urbana do Litoral Norte - Rio Grande do Sul Aglomeração Urbana do Sul - Rio Grande do Sul RM da Serra Gaúcha RM Porto Alegre SC RM Carbonífera RM Chapecó RM do Alto Vale do Itajaí RM do Contestado RM do Extremo Oeste RM Florianópolis RM Foz do Rio Itajaí RM Lages RM Norte/Nordeste Catarinense RM Tubarão RM Vale do Itajaí Centro Oeste/Sudeste DF/GO/MG RIDE - Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno Obs.: Uma das características das RIDEs é terem municípios de estados diferentes, o que aparece destacado na tabela. Fonte: IBGE. Composicao_RMs_RIDEs_AglomUrbanas_2014_06_30 As Aglomerações Urbanas são “constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, com o objetivo de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (IBGE, 2014c) e são também instituídas por leis complementares estaduais. 30 Já as Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDEs), tem como principal característica, já apontada, de englobarem municípios de Estados diferentes, mas que apresentam uma dinâmica comum. Objetivam: ...articular e harmonizar as ações administrativas da União, dos Estados e dos Municípios para a promoção de projetos que visem à dinamização econômica de territórios de baixo desenvolvimento e assim, acabam conseguindo prioridade no recebimento de recursos públicos destinados à promoção de iniciativas e investimentos que reduzam as desigualdadessociais e estejam de acordo com o interesse local consensuado entre os entes participantes; esse consenso é fundamental, pois a criação de uma RIDE envolve a negociação prévia entre os estados envolvidos sobre questões como os limites e municípios da região, os instrumentos necessários, os objetivos e a adequação às necessidades específicas de gestão (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2015). Como podemos constatar a determinação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e RIDEs, política importante para a gestão integrada de municípios limítrofes, pode ser prejudicada pelo uso político desse instrumento de planejamento urbano. Notícias dão conta da criação de muitas outras regiões metropolitanas. Por exemplo, no último dia 14 de janeiro de 2015 foi sancionada a criação no Paraná de mais quatro regiões metropolitanas para os municípios de Toledo, Cascavel, Apucarana e Campo Mourão, reunido mais de 80 municípios, com população total de quase 1,5 milhão de habitantes Boxe Multimídia Caso queira saber mais sobre esse caso, visite a página http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1526156. Fim do Boxe 31 Questão 5 (atende aos objetivos 3 e 4) Qual a principal diferença na criação de regiões metropolitanas oriunda da Constituição de 1988? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Resposta Comentada: A atribuição de criação de regiões metropolitanas passa aos estados. Fim da Resposta Comentada Conclusão Vimos aqui o processo de aglomeração, concentração e metropolização da população urbana brasileira ocorrida durante o século XX. Tal processo foi causado pelo grande crescimento da população brasileira, mas também pela dinâmica de expulsão de populações rurais que passaram a se dirigir às cidades. Isso levou a que grande parte da população se concentrasse em metrópoles. O crescimento destas metrópoles fez com que sua influência se expandisse para o seu entorno. A determinação de unidades de planejamento chamadas regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e Regiões Integradas de Desenvolvimento, das quais fizemos a diferenciação e identificação, visam a facilitar a administração de grandes aglomerados urbanos que, como vimos, concentram grande parte da população brasileira. 32 Atividade Final (atende aos objetivos 3 e 4) Defina: regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e regiões integradas de desenvolvimento. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Resposta Comentada: Pela Constituição de 1988, as regiões metropolitanas, as aglomerações urbanas e as microrregiões, são constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Já as regiões integradas de desenvolvimento devem ter a concordância dos governos federal e estadual, bem como dos governos dos municípios envolvidos. Isso porque uma de suas principais características é englobar municípios com dinâmica comum, mas situados em estados diferentes, visando a dinamização de regiões com baixo desenvolvimento econômico. Final da resposta Comentada 33 Resumo A modernização do campo brasileiro (implantação do meio técnico-científico- informacional), levou à sua mecanização e a migração de populações rurais para as cidades, processo conhecido como ”êxodo rural”. Com isso ocorre uma urbanização aglomerada, com o crescimento do número de cidades com mais de 20.000 habitantes e da população destas cidades, uma urbanização concentrada, com o crescimento de cidades intermediárias e por fim pela metropolização, com a crescimento de cidades com mais de 1 milhão de habitantes e de cidades médias com aproximadamente 500 mil habitantes. Nesse estágio ocorre a formação de metrópoles e da criação de regiões metropolitanas, que tentam integrar políticas que afetam ambos os municípios que orbitam as metrópoles. Informações sobre a próxima aula Na próxima aula continuaremos estudando as regiões metropolitanas brasileiras, porém agora detalhando sua dinâmica e funcionamento, exemplificando para uma maior compreensão de suas características. Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, de5de outubro de 1988. Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 21 dez. 2014. BRASIL. Lei Complementar n. 14, de 8 de junho de 1973. Estabelece as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belém e Fortaleza.Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 34 jun. 1973. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp14.htm>. Acesso em 21 dez. 2014. GARSON, Sol; RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz; RODRIGUES, Juciano Martins. Regiões Metropolitanas do Brasil. Rio de Janeiro: Observatório das Metrópoles, s/d. Disponível em: <http://www.observatoriodasmetropoles.net/download/observatorio_RMs2010.pdf>. Acesso em 21 dez. 2014. IBGE. IBGE divulga as estimativas populacionais dos municípios em 2014. Rio de Janeiro: IBGE, 2014a. Disponível em: <http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&idnoticia=2704&busca= 1&t=ibge-divulga-estimativas-populacionais-municipios-2014>. Acesso em 21 dez. 2014. IBGE. Composicao_RMs_RIDEs_AglomUrbanas_2014_06_30. Rio de Janeiro: IBGE, 2014b. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_territorial/municipios_por_regioes_metropolitanas/ Situacao_2010a2019/Composicao_RMs_RIDEs_AglomUrbanas_2014_06_30.xls>. Acesso em 22 jan. 2015. IBGE. Municípiospor Regiões Metropolitanas. Rio de Janeiro: IBGE, 2014c. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_territorial/municipios_por_regioes_metropolitanas >. Acesso em 22 jan. 2015. IBGE. Censo Demográfico 2010: Sinopse do Censo e ResultadosPreliminares do Universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: 35 <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000402.pdf>. Acesso em 20 dez. 2014. IBGE. Tendências Demográficas: uma análise da população com base nos resultados dos Censos Demográficos 1940 e 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tendencia_demografica/analise_po pulacao/1940_2000/analise_populacao.pdf>. Acesso em 20 dez. 2014. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Regiões Integradas de Desenvolvimento –RIDEs, Disponível em: <http://www.integracao.gov.br/web/guest/regioes_integradas_rides>. Acesso em 22 jan. 2015. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A longa marcha do campesinato brasileiro: movimentos sociais, conflitos e Reforma Agrária. Estudos Avançados, São Paulo , v. 15, n. 43, dez. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40142001000300015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 07 jan. 2015. PIRES, MuriloJosé de Souza; RAMOS, Pedro. O Termo Modernização Conservadora: Sua origem e utilização no Brasil. http://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=1140 SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Edusp, 2004. 4. ed. ________. A urbanização brasileira. São Paulo: Edusp, 2005. 5 ed.
Compartilhar