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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CURSO: GEOGRAFIA DISCIPLINA: GEOGRAFIA URBANA DO BRASIL CONTEUDISTA: Marcelo Werner da Silva AULA 9 – A luta pelo direito à cidade no Brasil Meta Contextualizar os movimentos e grupos sociais que lutam pela ampliação da cidadania e pela busca de uma cidade mais justa. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 1. Entender o significado da noção de direito à cidade; 2. Entender o direito à cidade como uma bandeira dos movimentos sociais urbanos; 3. Entender as lutas de movimentos sociais pelo direito à cidade. 1 Introdução As desigualdades socioespaciais existentes nas cidades brasileiras e sobretudo nas grandes metrópoles leva a existência de estratégias de luta por parte das classes sociais menos favorecidas. Para Roberto Lobato Corrêa (1995) existem alguns atores sociais que produzem o espaço urbano, ou seja, o constroem, obedecendo, claro, seus interesses. São os grupos ligados à acumulação capitalista e ao ramo imobiliário. São eles: os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais, os proprietários fundiários e os promotores imobiliários. Já o Estado também produz a cidade quando regulamenta sua ocupação e expansão e quando constrói conjuntos habitacionais. Já as classes sociais tem que se enquadrar na produção capitalista de moradias ou pleitear, junto ao Estado o atendimento de suas reivindicações em relação à moradia. Porém os que não tem recursos para serem atendidos via a produção capitalista de moradias ou não são atendidos pelo Estado, passam a também produzir o espaço urbano, quando ocupam áreas e as transformam em ocupações ou favelas. Roberto Lobato Corrêa chama a esses produtores do espaço urbano de “grupos sociais excluídos”, apesar da relativa inadequação do termo, pois não são de todo excluídos. É nesse contexto que se insere as lutas por moradia dos movimentos sociais urbanos, com a realização de ocupações de áreas e edifícios ociosos, na expectativa que a ocupação seja legalizada pelo Estado ou sejam deslocados para outras áreas conseguindo assim o objetivo de obterem sua moradia. Para iniciar nossa aula abordaremos primeiramente a discussão do conceito de “direito à cidade”. Após, o que são e como podem ser estudados os movimentos 2 sociais urbanos, para depois analisar alguns desses movimentos e sua espacialização pelo país. Por último debateremos como o direito à cidade tem se transformado em bandeira de lutas de muitos desses movimentos sociais urbanos. 9.1 O direito à cidade Na aula 1 já vimos um pouco desse importante conceito formulado por Henri Lefebvre (LEFEBVRE, 2001). Vimos que para esse autor o direito à cidade é ressaltar o valor de uso da cidade, sua importância para os moradores, a garantia de participação na gestão do espaço em que vivem em detrimento do espaço urbano visto apenas como mercadoria. A cidade vista apenas como mercadoria, valorizando, portanto, apenas seu valor de troca, leva a uma cidade excludente, em que as camadas mais empobrecidas da população são expulsas para a periferia das áreas com mais equipamentos urbanos e melhor infraestrutura. O conceito de direito à cidade, tem na geografia um grande defensor e utilizador contemporâneo. Trata-se de David Harvey, importante geógrafo que utiliza esse conceito para analisar o capitalismo e como esse se utiliza do espaço urbano para a valorização do capital. O autor assim introduz sua discussão sobre o direito à cidade: Vivemos em uma época em que ideais de direitos humanos se deslocaram do centro da cena tanto política como eticamente. Uma considerável energia é gasta na promoção do seu significado para a construção de um mundo melhor. Mas, para a maioria, os conceitos em circulação não desafiam a hegemonia liberal e a lógica de mercado neoliberal ou o modo dominante de legalidade e ação estatal. Apesar de tudo, vivemos num mundo onde os direitos de propriedade privada e a taxa de lucro se sobrepõem a todas as outras noções de direito. Aqui, procuro explorar um outro tipo de direito humano, o direito à cidade. (HARVEY, 2012, p. 73). 3 Esse direito não se limita ao acesso a recursos urbanos, confusão que às vezes se estabelece com quem não tem familiaridade com o conceito. É na verdade o direito de mudar a nós mesmos através da mudança da cidade. É antes um direito comum do que individual, pois a transformação da cidade depende do exercício do poder coletivo de moldar o processo de urbanização (HARVEY, 2012, p. 73). Harvey argumenta que a contínua necessidade capitalista de reprodução do capital, se dá pela contínua busca de novas possibilidades de aplicação que gerem novos excedentes e assim aumentando continuamente o capital. Claro que existem barreiras à livre expansão. Por exemplo o trabalho. Se esse é escasso e portanto os salários são altos, ...o trabalho existente deve ser disciplinado – o desemprego tecnologicamente induzido e a investida contra o poder organizado da classe trabalhadora são os principais métodos – ou nova força de trabalho deve ser encontrada através da imigração, da exportação de capital ou da proletarização de elementos até então independentes da população (HARVEY, 2012, p. 74). Outro meio é descobrir novos meios de produção e a exploração sobre o ambiente natural, através da busca por recursos naturais, ações que se dão em áreas subdesenvolvidas em verdadeiros “empreendimentos imperialistas neocoloniais” (HARVEY, 2012, p. 74). Essa busca passa também pela contínua implementação de novas tecnologias e formas organizacionais. As inovações definem novas carências e necessidades, reduzem o tempo de retorno do capital. “Se não há suficiente poder de compra no mercado, então novos mercados devem ser encontrados pela expansão do comércio exterior, promoção de novos produtos e estilos de vida, criação de novos instrumentos de crédito e financiamento estatal de dívida e gastos privados” (HARVEY, 2012, p. 74-75). 4 Finalmente, se a taxa de lucro está muito baixa, podem solicitar a regulação estatal da “competição arruinada”, da monopolização (fusões e aquisições) e a exportação de capital. Se qualquer das barreiras acima não puder ser contornada, os capitalistas estarão impossibilitados de reinvestir proveitosamente o seu excedente. A acumulação de capital estará bloqueada, levando-os a enfrentar uma crise na qual o capital pode ser desvalorizado e, em alguns casos, até mesmo fisicamente liquidado. As mercadorias excedentes podem perder valor ou serem destruídas, enquanto a capacidade produtiva e os ativos podem ser depreciados e abandonados; o próprio dinheiro pode ser desvalorizado através da inflação e, o trabalho, do desemprego massivo (HARVEY, 2012, p. 75). Por que tudo isso foi dito, que se refere à dinâmica do próprio capitalismo? Porque uma das formas de contornar todas essas barreiras é através da própria urbanização capitalista. Porque, utilizando as palavras de Harvey (2012, p. 75), “...a urbanização desempenhou um papel particularmente ativo, ao lado de fenômenos tais como gastos militares, na absorção do excedente que os capitalistas produzem perpetuamente em sua busca pelo lucro” (HARVEY, 2012, p. 75). Como um dos exemplos disso, David Harvey apresenta o caso da Paris do século XIX. A partir da crise de 1848, tanto de capital excedente ocioso, quanto de desemprego, ocorreram revoltas, cuja repressão levaram Napoleão III ao poder. Esse nomeou Georges-Eugène Haussmann como encarregado das obras públicas urbanas a partir de 1853. A reforma Haussmann foi o modelo para grandes projetos de reestruturaçãourbana, como a reforma Passos no Rio de Janeiro no início do século XX. Para Harvey (2012, p. 76): Evidentemente, Haussman entendeu que era sua missão ajudar a resolver o problema do excedente de capital ocioso através da urbanização. A reconstrução de Paris absorveu um enorme quantum de trabalho e capital pelos padrões da época, o que, associado com a supressão das aspirações da força de trabalho, consistiu no principal meio de estabilização social. 5 Início de Box de explicação Reforma Haussmann – grandes transformações ocorridas em Paris a partir de 1853 comandadas pelo Barão de Haussmann. Mais detalhes em: http://noticias.terra.com.br/educacao/historia/a-paris-de-haussmann-o-artista-da- destruicao,21083ba2262ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html Final de Box de explicação A mesma concepção de Haussmann de transformação urbana foi aplicada por Robert Moses nos EUA, “que após a Segunda Guerra fez em Nova York o que Haussmann tinha feito em Paris”: Moses mudou a escala da concepção de processo urbano. Por meio de um sistema de autoestrada e transformações infraestruturais, suburbanização e completa reengenharia, não simplesmente da cidade, mas de toda a região metropolitana, ele ajudou a resolver o problema da absorção de capital excedente. Para isto, ele recorreu a novas instituições financeiras e arranjos tributários que liberaram o crédito para a expansão da dívida financeira urbana (HARVEY, 2012, p. 77). Outro exemplo foi o incentivo à suburbanização dos EUA a partir da segunda grande guerra, que não foi um simples questão de infraestrutura, mas de “uma transformação radical dos estilos de vida, trazendo novos produtos domésticos, como refrigeradores e condicionadores de ar, assim como dois carros na garagem e um enorme aumento do consumo de petróleo” (HARVEY, 2012, p. 77). Tal qual a reforma Haussmann, provocou uma radical transformação do estilo de vida. Também alterou o panorama político, com “a casa própria subsidiada para a classe média, que mudou o foco de ação da comunidade para a defesa da propriedade e das identidades individualizadas, canalizando o voto do subúrbio para o conservadorismo republicano” (HARVEY, 2012, p. 77). 6 Chegou-se a dizer que proprietários endividados, seriam menos propenso a entrar em greve. Da mesma forma absorveu-se o excedente e assegurou a estabilidade social, ainda que “ao custo de deprimir a parte central das cidades e gerar intranquilidade urbana entre aqueles a quem era negado o acesso à nova prosperidade, sobretudo os afro-americanos” (HARVEY, 2012, p. 77). Na análise de Harvey, chegando ao momento atual, tem-se que o setor habitacional tem sido um importante estabilizador da economia, particularmente após o estouro da bolha do setor high-tech, no final dos anos 90. Já a China tem concentrado suas grandes alterações urbanas em setores infraestruturais, mas que com seu grande consumo tem sido responsável pelo crescimento de vários países (incluindo o Brasil), por sua grande necessidade de matérias-primas para seu acelerado crescimento econômico e urbano. David Harvey (2012, p. 79) pergunta: Então a urbanização chinesa é a principal estabilizadora da economia global hoje? Nossa resposta deve ser um sim qualificado; pois a China é apenas o epicentro de um processo de urbanização que já se tornou genuinamente global, em parte devido à surpreendente integração dos mercados financeiros, que usaram sua flexibilidade para financiar o desenvolvimento urbano por todo o mundo. Isso ocorre portanto em escala global, até em locais os mais inusitados, como Dubai e seus mega-projetos arquitetônicos, aplicando o excedente do petróleo de uma forma destrutiva ao meio ambiente: Esta escala global torna difícil compreender que o que está acontecendo é, em princípio, similar às transformações que Haussmann comandou em Paris; pois o incremento da urbanização global dependeu, como as anteriores, da construção de novas instituições e arranjos financeiros para organizar o crédito requerido e sustentá-lo (HARVEY, 2012, p. 80). Essa expansão atual, com as que ocorreram anteriormente, traz muitas transformações no estilo de vida: 7 A qualidade de vida urbana tornou-se uma mercadoria, assim como a própria cidade, num mundo onde o consumismo, o turismo e a indústria da cultura e do conhecimento se tornaram os principais aspectos da economia política urbana. A tendência pós-moderna de encorajar a formação de nichos de mercado – tanto hábitos de consumo quanto formas culturais – envolve a experiência urbana contemporânea com uma aura de liberdade de escolha, desde que se tenha dinheiro (HARVEY, 2012, p. 80). Ou seja, a consideração do espaço como mercadoria é a negação do direito à cidade, pois o capitalismo segue gerando desigualdades e se o único critério de acesso à cidade é o dinheiro, vastas camadas da população estarão excluídas. “Este é um mundo no qual a ética neoliberal de intenso individualismo possessivo e a correlata renúncia política a formas de ação coletiva tornaram-se padrão para a socialização humana” (Nafstad et al. 2007, citado por HARVEY, 2012, p. 81). Isso resulta, em nossas cidades, na formação de “fragmentos fortificados, comunidades fechadas e espaços públicos privatizados mantidos sob constante vigilância” (HARVEY, 2012, p. 81). É a fragmentação do tecido sócio- políticoespacial de que já falamos. Por tudo isso que vimos aqui questões de cidadania, participação coletiva se encontram abafados pelo discurso neoliberal. “Mesmo a ideia de que a cidade poderia funcionar como um corpo político coletivo, um lugar no interior do qual e a partir dele movimentos sociais progressistas poderiam surgir, parece implausível” Porém seguem existindo movimentos sociais urbanos procurando superar o isolamento e remodelar a cidade segundo uma imagem diferente da que apresentam os empreendedores, que são apoiados pelas finanças, pelo capital corporativo e um aparato local do Estado progressivamente preocupado com o empresariamento (HARVEY, 2012, p. 82). O que acontece então é que essas reestruturações todas são feitas desalojando as classes menos privilegiadas e substituindo suas moradias por largas avenidas 8 e espaços para o desfrute das classes privilegiadas. Para Harvey (2012, p. 82), essa reestruturações “quase sempre tem uma dimensão de classe já que é o pobre, o desprivilegiado e o marginalizado do poder político que primeiro sofrem com este processo”. É o que outros autores chamam de “gentrificação” Início de box de explicação Gentrificação – Segundo Mendes (2008, p. 24) o termo gentrificação vem de “gentrification”, que tem origem no termo “gentry”, que podemos traduzir literalmente por “pequena nobreza” ou “pequena aristocracia”. No “Oxford Advanced Learner’s Dictionary”, de 1995, pode ler-se: “gentry – people of good social position, those that own a lot of land; gentrify – to restore and improve a house, an area, etc, to make it suitable for people of higher social class than those who lived there before; Gentrification». Yves Lacoste no seu “Dicionário de Geografia” de 2005 não encontra uma definição muito diferente das consensualmente apresentadas pela maioria dos autores: “Expressão relativamente recente de origem anglo- saxônica que designa um fenômeno de transformação urbana: a substituição da população modesta de um bairro popular por novos habitantes com rendimentos mais elevados, a favor de operações de renovação». A tradutora do original francês propõe a designação “afidalgamento urbano”. Um exemplo concreto de gentrificação e bem próximo de nossa realidade, foram as transformações realizadas no bairro da Lapa (Rio de Janeiro), que de bairro considerado perigoso,cheio de cortiços, foi sendo gradualmente transformado em um bairro com infraestruturas de lazer, como Disco Voador e Fundição Progresso, que foi adquirindo novas funções, com a expansão de bares, a maioria sofisticados, expulsando os antigos moradores. Final de box de explicação 9 Portanto a urbanização desempenhou um papel decisivo na absorção de capitais excedentes, em todos o mundo e a custa de um processo cada vez mais amplo de destruição criativa, retirando às massas qualquer direito à cidade. Porém revoltas sempre acontecem, mas os movimentos sociais urbanos de todas as partes do mundo não tem uma pauta unificada. Se tivessem o que pediriam? A resposta para esta questão é simples, em princípio: maior controle democrático sobre a produção e utilização do excedente. Como o processo urbano é o principal canal de utilização do excedente, estabelecer uma administração democrática sobre sua organização constitui o direito à cidade (HARVEY, 2012, p. 86). Claro que o projeto neoliberal, nos últimos trinta anos, foi orientado para a privatização daquele controle. Mesmo o Estado não escapa a esse controle privado: O neoliberalismo criou, também, um novo sistema de governança que integra o Estado e os interesses corporativos e, através do poder monetário, ele assegurou que a disposição do excedente através da aparato estatal favorecesse o capital corporativo e as classes superiores na moldagem dos processos urbanos. Elevar a proporção do excedente apropriado pelo Estado terá um impacto positivo apenas se o próprio Estado for submetido a controle democrático. Contra isso se levantam os mais diversos movimentos sociais. E para isso devem utilizar a bandeira do direito à cidade: Um passo na direção de unificar essas lutas é adotar o direito à cidade tanto como lema operacional quanto ideal político, justamente porque ele enfoca a questão de quem comanda a conexão necessária entre a urbanização e a utilização do produto excedente. A democratização deste direito e a construção de um amplo movimento social para fortalecer seu desígnio é imperativo, se os despossuídos pretendem tomar para si o controle que, há muito, lhes tem sido negado, assim como se pretendem instituir novos modos de urbanização. Lefebvre estava certo ao insistir que a revolução tem de ser urbana, no sentido mais amplo deste termo, ou nada mais (HARVEY, 2012, p. 88). 10 Portanto é através da luta pelo direito à cidade que os movimentos sociais poderão levar adiante sua luta através de uma “bandeira” que unifique e torne a luta por uma cidade mais justa. “A ideia do ‘direito à cidade’ apenas não está deslocada da realidade urbana brasileira porque os movimentos sociais não abriram mão desta utopia” (BUONFIGLIO, 2007, p. 282) No Brasil essa luta pelo direito à cidade é levada adiante pelos chamados movimentos sociais urbanos, que analisaremos no tópico a seguir. 9.2 Os movimentos sociais urbanos De acordo com Regina Bega dos Santos (2008), os movimentos sociais no Brasil aparecem com maior visibilidade nos meios de comunicação brasileiros a partir do final da década de 1970 e na década de 1980. Esses movimento basicamente procuravam mudar uma determinada situação de vida (status quo). Nesse período, as cidades começaram a se destacar como “lugar privilegiado para a deflagração de movimentos” (SANTOS, 2008, p.10) de interesses diversos, como o feminista e o ecológico. Cada movimento social terá uma capacidade de pressão específica relacionada com a coerção política, podendo ou não usar a força física, para que o poder público cumpra com suas reivindicações. Há ainda os movimentos reivindicatórios que se dissolvem após terem suas reivindicações atendidas. Com relação a abordagem e a denominação, os movimentos sociais urbanos “atuam sobre uma problemática urbana relacionada com o uso do solo, com a apropriação e a distribuição da terra urbana e dos equipamentos coletivos” (SANTOS, 2008, p. 11). Geralmente os movimentos sociais urbanos são chamados de “populares”, pois aa maioria da população é afetada pelas questões de moradia e precariedade dos serviços públicos. Mesmo que os mais pobres sejam os mais prejudicados, “determinados setores da classe média [...] podem, também, ser afetados pela 11 precariedade dos serviços públicos, tendo de recorrer à rede privada e/ou conveniada” (SANTOS, 2008, p. 13). Por isso os movimentos sociais podem ser policlassistas com grupos de diferente situação econômica. Os movimentos sociais podem assumir projetos com características reformistas ou transformadoras. O projeto reformista desenvolve-se “segundo os interesses das classes dominantes, por iniciativa do poder público e também coexistindo com certas parcelas do movimento popular” (SANTOS, 2008, p. 14) sendo essa participação apenas para consulta e conhecimento das opiniões dessa parte da população, desfigurando os interesses populares. Propostas e alternativas de cunho popular são apropriadas e transformadas em políticas estatais, de cunho demagógico ou populista e/ou reivindicações por direitos de cidadania são parcialmente atendidas. Já o projeto transformador ressalta problemas relacionados à divisão social do trabalho e às injustiças sociais, retomando questões estruturais. Portanto alguns movimentos reagem ao processo de empobrecimento das camadas populares e das contradições produzidas pela urbanização capitalista. Outros “propõem novas formas de administração pública, com participação popular na gestão democrática dos serviços públicos, partindo da compreensão de que são equipamentos coletivos, públicos e não estatais ou governamentais” (SANTOS, 2008, p. 15). A própria Constituição Federal de 1988 possibilitou mecanismos e possibilidades de gestão popular. Deste modo os movimentos populares passam a elaborar seus projetos por meio da prática cotidiana. Através do desenvolvimento de suas lutas, provocam a conscientização das camadas populares de seus direitos, procurando combater a segregação socioespacial decorrente da urbanização capitalista. 12 9.2.1 As abordagens sobre os movimentos sociais Aqui utilizaremos a sistematização realizada por Regina Bega dos Santos (2008) a partir das idéias de Maria da Glória Gohn, na obra “Movimentos sociais e luta pela moradia” (1991). Trata-se de verificar as várias abordagens para o estudo dos movimentos sociais urbanos. 9.2.1.1 A abordagem estrutural 9.2.1.1.1 O enfoque econômico-estrutural Esse enfoque considera os aspectos estruturais da economia capitalista. A necessidade de acumulação de capital faz com que a reprodução da força de trabalho fique em segundo plano, causando lutas pela melhoria das condições de vida da população. Instituições como sindicatos, igrejas, partidos políticos e associações de bairros podem comandar essas lutas, porém a causa das carências é vista como estrutural da economia capitalista, ou seja, a remuneração insuficiente para os trabalhadores. Por essa abordagem a própria incapacidade do Estado em atender as reivindicações populares é estrutural, por entrar em conflito com a acumulação capitalista das grandes empresas. Por isso a pregação por uma transformação radical, revolucionária, que transforme as estruturas da sociedade. 9.2.1.1.2 O enfoque histórico-estrutural Aqui a ênfase é mais política, ao contrário do anterior que é mais econômica, não se restringindo à dimensão das contradições entre capital e trabalho. Considera os processos políticos da luta de classes, dando grande importância às contradições existentes dentro do próprio aparelho de Estado. Considera então a correlação 13 política de forças entre as diversas forças sociais, tendendo a privilegiar essa dimensãopara o sucesso das lutas de classe. 9.2.1.1.3 O enfoque dos historiadores ingleses Baseado nas obras de Eric Hobsbawm e E. P. Thompson, parte do enfoque estrutural mas enfatizando a história da classe operária, sua cultura política que vai sendo construída através das experiências coletivas dos trabalhadores. As manifestação são movimentos empreendidos por sujeitos historicamente em construção. Para Hobsbawm esses movimentos podem ser reformistas ou revolucionários, contando então com estratégias de luta diferenciadas. Já Thompsom destaca o cotidiano, a experiência, através dos conceitos de práxis de Lukács e campo de forças, de Gramsci. “O importante é entender como as pessoas vivenciam as situações de carência e como se mobilizam para enfrentá- las” (SANTOS, 2008, p. 21). Isso pode levar a revoltas que gerem momentos de ruptura na ordem social das pessoas e da sociedade. 9.2.2 A abordagem cultural-weberiana Essa abordagem também interpreta os movimentos sociais através do enfoque culturalista, relacionando-os aos fatos do cotidiano. Mas ao contrário da proposta de Thompsom, que fundamenta suas análises no marxismo, o enfoque culturalista se baseia na “teoria da ação social”, de Max Weber. Para essa corrente, as representações que os indivíduos (atores sociais) fazem sobre suas próprias práticas lhes confere significados. A ênfase é nas relações de consumo e distribuição de mercadorias, cuja má distribuição pode levar a injustiças sociais. As mudanças ocorrem através de ações coletivas dos indivíduos, que tem papel fundamental na determinação do rumo dos acontecimentos. 14 A corrente culturalista weberiana se desdobra conforme a seguir. 9.2.2.1 O enfoque da ação social Desenvolvida por Alain Touraine e seus seguidores, considera os movimentos sociais como o “coração da sociedade”. A partir da “ação social”, práticas democráticas de pressão, pode-se alcançar um novo sistema político no próprio capitalismo, menos desigual e mais igualitário. Considera também que os movimentos sociais não são contrários ao Estado, pois não ambicionariam chegar ao poder. 9.2.2.2 O enfoque institucional Desenvolvida a partir de Claus Offe, enfatiza o processo de institucionalização dos movimentos sociais. Sua explicação é centrada na ação dos indivíduos na política e na cultura. Critica a ênfase do marxismo na estrutura e no econômico, que impediriam a percepção das ações inovadoras dos indivíduos. Analisa os movimentos sociais organizados contra o não acesso aos bens de consumo e culturais que afetam a classe média europeia a partir da hegemonia do neoliberalismo. Com isso a ênfase é analisar os movimentos sociais interferindo em políticas públicas e em hábitos e valores da sociedade. 15 9.2.3 Outras abordagens culturais 9.2.3.1 O enfoque neoidealista Este enfoque tem em Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari seus principais representantes. Foram influenciados pelo pensamento anarquista (Pierre-Joseph Proudhon e Piotr Kropotkin) e marxista, sobretudo Agnes Heller e suas análises sobre o cotidiano vivido e suas percepções. Também foram influenciados pro Jürgen Habermas e Herbert Marcuse. Sua ênfase está nos movimentos de minorias (mulheres, negros, homosexuais, além dos movimentos pacifista e ambientalista), que tem atuação fora da esfera estatal. Sua atuação é na sociedade civil, buscando, autonomia, liberdade e independência de ação. Acabam sendo construtores de espaços novos, de territórios de singularidades. Se aplicam às diversas tribos urbanas e suas especificidades culturais. A luta básica é a conquista da autonomia, por isso a não institucionalização é fundamental. 9.2.3.2 O enfoque neopositivista Nesse enfoque os movimentos sociais são vistos como manifestações comportamentais, coletivas, oriundas do desejo de participação na sociedade, tratada em contraposição ao Estado. O fato dos indivíduos se contraporem à sociedade é visto como inerente à natureza humana, pois esta bloqueia, oprime e frustra os indivíduos. Tanto a mudança social, como a resistência às mudanças, surgem desse embate entre indivíduo e sociedade, frutos de comportamentos coletivos que levam os indivíduos a participar das instituições. Para essa abordagem os movimentos podem ser culturais, quando pregam mudanças sociais e de valores, quando 16 produzidos por desorganização social e descontentamentos. Podem também ser políticos, quando motivados por injustiça social. 9.2.4 Outras possibilidades interpretativas Aqui apresentamos as possibilidades de interpretação/ação dos movimentos sociais segundo Regina Bega dos Santos (2008) a partir da sistematização que fazem Ana Maria Doimo e Maria da Glória Gohn. 9.2.4.1 O enfoque estrutural autonomista Aqui busca-se a explicação para as ações sociais partindo de dois postulados: a) as contradições urbanas, ressaltando o caráter classista do Estado, que favorece a reprodução do capital em detrimento da reprodução da força de trabalho. Fazem parte, portanto, do conflito principal da sociedade capitalista, a luta entre capital e trabalho. b) a sociedade civil tem em si capacidade ativa de organizar-se “autonomamente”, contra a tradição política autoritária. Novos movimentos sociais, protagonizados por “novos sujeitos coletivos” se manifestariam contra o autoritarismo objetivando alterar as relações capitalistas de produção. 9.2.4.2 O enfoque cultural-autonomista Baseada nas correntes culturalistas europeias, revaloriza a cultura e a subjetividade presentes na formulação das lutas sociais contra a racionalidade instrumental do Estado. Adota a noção de “experiência”, de Thompsom, contra um marxismo reducionista e economicista. 17 Refuta, também, a ideia de sujeito único (o “movimento”, o partido, etc.), trabalhando com a ideia de “sujeitos políticos”, com uma nova “identidade sociocultural” que busca a transformação social através de uma radical renovação da vida política. Até meados da década de 1980, essas duas abordagens foram dominantes na interpretação dos movimentos sociais. Mesmo com discordâncias, ambas eram formuladas a partir do marxismo e trabalhavam com a hipótese de que os movimentos poderiam romper a estrutra capitalista através da proposta de “democracia de base”, de “autonomia” em relação ao Estado e de independência dos partidos políticos. 9.2.4.3 O enfoque institucional A partir do retorno à democracia no país, foram retomadas práticas vinculadas ao enfoque institucional. Por um lado a consideração do Estado era ampla, a ponto de ser possível estabelecer alianças e pactos, “caso a caso”. Por outro os movimentos autonomistas não era tão anti-Estado como supunha o enfoque estrutural-autonomista. Portanto “...o dilema teórico coloca-se a partir desse binômio autonomia institucionalização, baseado nas formas de atuação concretas” (SANTOS, 2008, p. 27, grifo do autor). De modo geral as relações entre os movimentos sociais e o Estado estariam mais vinculados à ampliação dos direitos de cidadania, do que com a mudança das estruturas capitalistas. Haveria muito mais a falar sobre os movimentos sociais, cuja bibliografia a respeito é vasta. Porém aqui tivemos como objetivo mostrar as diferentes perspectivas teóricas da análise desses movimentos, para a partir de agora 18 analisarmos os movimentos sociais urbanos no pais desde ao menos a década de 1970. 9.3 Os movimentos sociais urbanos no Brasil Os movimento social mais importantes a partir da década de 1970 foram as greves de metalúrgicos ocorridas no chamado ABCD paulista (que engloba as cidades deSanto André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema). Também ocorreram movimentos contra o custo de vida, por saúde, por transporte coletivo, bem como movimentos feministas e anti-racistas, sobretudo de negros. Eram clandestinos a princípio, pois vivia-se o regime militar que proibia qualquer forma de manifestação que pudesse ser interpretada como sendo contra o governo (SANTOS, 2008, p. 87). Esse período que vai de 1978, quando eclodiram as greves do ABCD, a 1985, quando acontece a redemocratização, “...marcou a transição para um novo modo de fazer política e para novas práticas de pressão social” (SANTOS, 2008, p. 87), contribuindo para o fortalecimento da sociedade civil, enfraquecida pelas perseguições da ditadura militar. Foram movimentos de desobediência civil, como greves, passeatas, ocupação de terras, depredações, dentre outras. É necessário destacar o tremendo peso da ditadura militar na desarticulação dos movimentos sociais no país. A forte repressão aos movimentos organizados, fez com que muitos militantes fossem perseguidos, mortos ou fossem para o exílio. Isso fez com que muitos entrassem na luta armada, o que aumentou ainda mais a repressão do regime. Somente aos poucos foram surgindo movimentos de bairro 19 que iniciaram novo tipo de organização, fora dos sindicatos e outros movimentos anteriormente organizados, que foram durante reprimidos. Surgem, porém, “novos movimentos de bairro” (SANTOS, 2008, p. 90), reinvindicando direitos em um processo de auto-organização. Assim surgem movimentos contra o custo de vida, movimentos por transporte coletivo, por saúde, dentre outros. Portanto a luta social nunca deixou de existir durante o regime militar. Porém com a manifestação de 1º de Maio de 1980, em São Bernardo do Campo, vários grupos tornam públicas suas reivindicações em apoio à greve dos metalúrgicos do ABCD, forjando novas identidades coletivas e fazendo surgir o sujeito coletivo com visibilidade pública (SANTOS, 2008, p. 88). Grande papel também foi exercido pela Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base, na organização de grupos populares de revindicação (KOWARICK, 1987). 9.3.1 Os movimentos pela moradia Os movimentos sociais urbanos mais representativos existentes nas cidades e metrópoles brasileiras são aqueles que lutam pela moradia, crucial para a reprodução da classe trabalhadora e um bem, submetido às regras do mercado, mas difíceis de ser obtidos. Essa raridade e alto preço do solo urbano, faz com que os segmentos mais empobrecidos da população brasileira desenvolvam estratégias para se contrapor a esse cenário, em que maioria está alienada do mercado imobiliário formal. 20 As alternativas vão da autoconstrução em terrenos periféricos, mas que se desdobra na organização necessária para a conquista de infra-estruturas e serviços necessários , passando pela alternativa da favela (não acessível a todos) e cortiços. As melhoras que as lutas sociais pouco a pouco vão obtendo trazem consigo uma contradição: qualquer investimento nos espaços público ou privado, qualquer concessão estatal que beneficie a reprodução da força de trabalho, como a instalação de infraestruturas, mais cedo ou mais tarde acaba favorecendo a acumulação do capital (SANTOS, 2008, p. 122). A valorização que essas melhorias trazem, acabam “expulsando” as camadas mais pobres para locais mais distantes onde o processo se repete. Mesmo programas habitacionais, como os das Companhias de Habitação (COHABs), nominalmente direcionadas à populações de baixa renda, acabam por beneficiar a classe média, pois as exigências burocráticas para a concessão dos financiamentos impedem os mais pobres de ter acesso as esses programas. Tais contradições são enfrentadas pelos movimentos por moradia, que reivindicam um local para morar na cidade que também produzem, pelo seu trabalho. Os resultados vão depender das correlações de forças e da organização dos movimentos e só essa luta e o enfrentamento das contradições sociais e de classe existentes na sociedade, poderão mudar esse estado de coisas, levando ao atendimento de suas reivindicações. 9.3.1.1 O movimento de favelas São dos mais expressivos e se iniciam, geralmente, quando existe a possibilidade de remoção. A união também surge pela luta por água e luz, cuja conquista 21 geralmente trazem uma maior cidadania aos moradores. Com a obtenção desses serviços, os moradores podem comprovar endereço, podendo fazer compras a prazo e receber correspondência, por exemplo (SANTOS, 2008, p. 125). Moradores de favelas também lutam pelo direito de uso de terras públicas, sem o pagamento de taxas vultuosas, visto a precariedade dos serviços publicos. Mesmo quando não correm o risco imediato de remoção, esta ameaça segue presente em suas reflexões, o que fazem com que queiram a propriedade particular individual do lote em que vivem. O que conflita com os interesses muitas vezes dos movimentos de luta, que preferem a posse coletiva como instrumento de mobilização. 9.3.1.2 Ocupações Coletivas de Terras Urbanas Aqui há uma discussão semântica. A política e os meios de comunicação gostam de denominar esses movimentos de ocupação de terras urbanas como “invasões”, ressaltando sua ilegalidade e a violência. Já os participantes gostam de se denominar “ocupantes”, pois ocupa-se o que é de direito (SANTOS, 2008). Após as ocupações vem a luta para sua manutenção, o que nem sempre é conseguido, pois a justiça frequentemente decreta reintegrações de posse aos proprietários, sendo que a polícia cumpre essas resoluções geralmente com extrema violência. Figura 9.1 - Do bairro do Pinheirinho, em S. José dos Campos, só sobraram sinais de destruição, após violenta desocupação promovida pelo governo Alckmin e a PM paulista (Foto: Danilo Ramos) 22 Original em: https://www.flickr.com/photos/redebrasilatual/8327415102/in/photolist- dFSbos-biRniv-biRnsZ-biRmnX 9.5.1.3 Movimento dos Sem-Teto e dos Moradores de Cortiços Outra forma de ocupação praticada por movimentos sociais urbanos organizados, é a tomada de prédios abandonados, que abundam nas grandes cidades. É um tipo de uso perverso do solo urbano, pois ao mesmo tempo que esses edifícios estão abandonados, sem destinação, há muitas pessoas necessitando de moradias nas grandes cidades. Como a justiça tradicionalmente dá ganho de causa aos proprietários, independentemente de existirem leis que reafirmam a função social da propriedade, o alvo preferencial é a ocupação de prédios públicos que estejam sem destinação. 23 Segundo o site do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, assim se apresenta o movimento: Somos um movimento de trabalhadores. Operários, informais, subempregados, desempregados que, como mais de 50 milhões de brasileiros não tem sequer moradia digna. Vivemos de aluguel, de favor ou moramos em áreas de risco pelas periferias urbanas do Brasil. No final da década de 1990, iniciamos nossa trajetória de luta contra a especulação imobiliária e o estado que a protege. Todos sabem que as grandes cidades brasileiras, cada vez mais ricas, escondem nas periferias a enorme pobreza daqueles que as constroem. Nosso objetivo é combater a máquina de produção de miséria nos centros urbanos, formar militantes e acumular forças no sentido de construir uma nova sociedade. A ocupação de terra, trabalho de organização popular, é a principal forma de ação do movimento. Quando ocupamos um latifúndio urbano ocioso, provamos que não é natural nascer, viver e morrer pobre e oprimido. Não aceitamos a espoliação que muitos chamam de sina. Ao montar barracos de lona num terrenovazio e organizar os trabalhadores para lutar, cortamos a cerca nada imaginária que protege a concentração de riqueza e de terra nas mãos de poucos. E em alto e bom som gritamos: chegou a nossa hora. Criar poder popular!! (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM-TETO, 2015). Box multimídia Para saber mais sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, acesse o link do movimento, bem como sua CARTILHA DE PRINCÍPIOS: ORGANIZAÇÃO E LINHAS POLÍTICAS, que apresenta suas justificativas ideológicas e estratégias de ação política: http://www.mtst.org/index.php/o-mtst/cartilha-de-principios fim do box multimídia 24 Conclusão Nessa aula vimos como a partir de um conceito teórico, o direito à cidade, podem ser mobilizadas lutas para a transformação da sociedade. Como não é um conceito fechado em si mesmo, mas essencialmente processual, um objetivo a alcançar, uma utopia, que sempre se refaz, o direito à cidade serve de “bandeira” para os mais diversos movimentos sociais urbanos. Esses movimentos sociais urbanos foram analisados de forma a demonstrar a maneira como tem sido analisados pelos pesquisadores e quais movimentos e quais lutas lideram nessa tentativa de fazer uma cidade mais justa, que atenda aos interesses da população que não se esgotam na questão dos equipamentos urbanos e sim que desemboque em uma cidade de gestão mais democrática. Referências Bibliográficas SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: Edusp, 2005. 5. ed. CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 1995. 3. ed. HARVEY, David. O direito à Cidade. Lutas Sociais, São Paulo, n.29, jul-dez. 2012, São Paulo. p. 73-89. Disponível em: <http://www4.pucsp.br/neils/downloads/neils-revista-29-port/david-harvey.pdf>. Acesso em 18 abr. 2015. BUONFIGLIO, Leda Velloso. O 'direito à cidade' apropriado: da utopia dos sem- teto ao modelo de gestão do Estado. In: Anais do II Seminário Nacional 25 Movimentos Sociais, Participação e Democracia. Florianópolis, 25-27 abr. 2007. KOWARICK, Lúcio. Movimentos Urbanos no Brasil Contemporâneo: uma análise da literatura. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.1 n. 3, São Paulo, fev. 1987. Disponível em: <http://portal.anpocs.org/portal/index.php? option=com_content&view=article&id=234:rbcs-03&catid=69:rbcs&Itemid=399#3>. Acesso em 12 abr. 2015. LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001. MENDES, Luís. A “crise” do marxismo e as geografias pós-modernas no estudo da gentrificação. E-cadernos ces. [Online], 02 | 2008. Disponível em <http://eces.revues.org/1373>. Acesso em 20 abr. 2015. MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM-TETO. Site. <http://www.mtst.org/index.php/o-mtst/quem-somos>. Acesso em 13 abr. 2015. RODRIGUES, Arlete Moysés. Luchas por el Derecho a la Ciudad. In: Revista Electrônica de Geografía Y Ciencias Sociales Scripta Nova, Universidad de Barcelona Vol. X, nº. 218 (91), 2006. SANTOS, Regina Bega dos. Movimentos sociais urbanos. São Paulo: Editora UNESP, 2008. 26 BUONFIGLIO, Leda Velloso. O 'direito à cidade' apropriado: da utopia dos sem- teto ao modelo de gestão do Estado. In: Anais do II Seminário Nacional Movimentos Sociais, Participação e Democracia. Florianópolis, UFSC, 2007. 27
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