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THAINARA STEFANELLI FIXAÇÃO RÍGIDA X NÃO RÍGIDA BIOLOGIA DO OSSO E CICATRIZAÇÃO ÓSSEA - pode ser primária ou secundária PRIMÁRIA OU CICATRIZAÇÃO DIRETA * requer fixação rígida e imobilização dos segmentos da fratura com um GAP mínimo * os osteoclastos migram para o local fraturado e alargam os sistemas haversianos adjacentes, permitindo que os osteoblastos depositem matriz óssea ou osteóide, que se calcifica para chegar no estado do osso lamelar maduro estável SECUNDÁRIA OU CICATRIZAÇÃO INDIRETA * é mais complexa e ocorre quando há espaço significativo ou movimento interfragmentar * envolve a formação de um calo ósseo fibrocartilaginoso intermediário * há 4 estágios diferentes, mas o produto final é o mesmo que o osso maduro formado na cicatrização primária 1. a agressão inicial propaga o estágio inflamat. → um hematoma desenvolve-se e estabiliza-se no meio e em volta da fratura, atraindo células inflamatórias para o local → osso necrótico e não viável próximo a fratura é celularmente debridado → o reparo é iniciado através de angiogênese e ativação de células osteoprogenitoras e fibroblastos 2. calo mole; conversão do hematoma em uma massa fibrocartilaginosa para unir fratura; (os fibroblastos e os elementos mesenquimais são altamente ativos no depósito de colágeno novo para criar o substrato dentro do qual se desenvolverá a terceira fase, ou estágio do calo duro) 3. calo duro; osteóide sofre calcificação e começa o crescimento do osso endosteal e periosteal, para que ocorra substituição do calo mole como resultado da formação óssea endocondral; 4. remodelação; osso neoformado do calo ósseo sofre maturação e organiza-se em uma estrutura trabecular para recriar a estrutura nativa prévia a lesão; Embora diferentes, ambos os tipos de cicatrização óssea podem ocorrer simultaneamente na mesma fratura. Como são estruturas tridimensionais, os ossos podem apresentar níveis variados de contato e redução da fratura no mesmo local, resultando em elementos endocondrais e lamelares em diferentes áreas ao mesmo tempo BIOFÍSICA DO ESQUELETO FACIAL - o esqueleto facial não consiste em muitas partes que apresentam movimento - o maior eixo de movimentação óssea na face está em volta dos côndilos (ATM) - a mandíbula apresenta tensão máxima na borda superior e compressão máxima na borda inferior - a zona neutra depende da força da mordida que é aplicada; mas geralmente está no feixe vasculonervoso do n. a. i - a sínfise além das bordas com tensão e compressão apresentam também zona de torção - os m. da mastigação e m. supra-hioides produzem forças significativas sobre maxilares e estruturas ósseas circundantes; - a força mastigatória é gerada pela contração dos masseteres, temporais e pt mediais (a soma desses vetores permite a oclusão dos dentes através do movimento mandibular) - É NECESÁRIO COMPREENDER A FÍSICA E AS FORÇAS APLICADAS AOS OSSOS DA FACE para fixar as fraturas adequadamente e usar os biomecanismos em nosso benefício; - a mandíbula possui natureza dinâmica, suportando a maioria das forças aplicadas pela musculatura facial THAINARA STEFANELLI FIXAÇÃO RÍGIDA X NÃO RÍGIDA FORÇAS DINÂMICAS REGIONAIS - As diferentes regiões da mandíbula são submetidas a forças de diferente magnitude e direção. * Fraturas de ângulo tendem a separar na borda superior e movimentar latero- medialmente, pois é uma área de tração, enquanto que a borda inferior é de compressão, por isso uma estabilização na borda superior é imprescindível e mais efetiva na prevenção de separação de fragmentos. * O corpo se comporta da mesma forma, mas quanto mais anterior for a fratura maior a tendência de movimentação mediolateral da borda inferior. Por isso, as vezes é necessário um outro ponto de fixação como a barra de arco que previne a abertura entre os dentes. * A mandíbula anterior é submetida a forças de torção e cisalhamento durante a função, tendo certa variação na distribuição das forças de tensão. Por isso há a indicação de usar 2 pontos de fixação em região de sínfise (2 placas ósseas, 1 barra e 1 placa). BLOQUEIO MAXILOMANDIBULAR (BMM) - comprime as fraturas no nível do alvéolo, a borda inferior da mandíbula pode permanecer com espaço - combinado a esse método de compressão da borda inferior com redução óssea para fórceps e aplicação de métodos de fixação interna (redução ideal) - Materiais: barra de erich; amarrias de ivy; alças interdentais de stout; parafusos de bloqueio BARRA DE ERICH - proporcionam zona de tensão no componente alveolar e isso auxilia na resistência das forças de tensão na área fraturada próximo aos dentes - possuem vários ponto de fixação – aletas QUANDO NÃO PODE SER NECESSÁRIO FAZER BLOQUEIO? Áreas desdentadas do osso como ângulo, ramo, côndilo AMARRIAS E PARAFUSOS - são mais higiênicos, evitam acumulo de biofilme excessivo; menos traumático para o periodonto; removidos de forma relativamente rápida - não é tão rígida e estável como a barra BMM AINDA USADO PARA: - fratura que fixação interna não está indicada - fratura biomecanicamente favorável sem deslocamento ou minimamente deslocada em pacientes com dentes suficientes para oclusão estável - fraturas severamente cominuidas - fraturas condilares intercapsuladas nas quais a oclusão pode ser reestabelecida (Situações comuns para quais o BMM durante 2-8 semanas podem estar indicados sem cirurgia) A complicação mais temida é a anquilose da ATM devido a imobilidade prolongada de fraturas condilares cominuídas ou deslocadas FIXAÇÃO INTERNA - amarrias, parafusos, placas, hastes, pinos e outros dispositivos aplicados diretamente no osso para estabilizar uma fratura. Rígida ou não rígida THAINARA STEFANELLI FIXAÇÃO RÍGIDA X NÃO RÍGIDA FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA - feita diretamento aos ossos resistente o bastante para que não haja movimentação fragmentar ao longo da fratura na utilização ativa do esqueleto. - exige redução aberta. - existe vários tipos: parafuso lag screw, placa de reconstrução, placa de compressão. - uma fixação que não permite mobilidade entre os fragmentos cicatriza por um processo de remodelação haversiana (cicatrização por contato – união óssea primária), sem formar calo. - se há uma distância entre os fragmentos, ira formar um osso lamelar no espaço, é a cicatrização por lacuna FIXAÇÃO INTERNA NÃO-RÍGIDA - Qualquer fixação que não previna o movimento interfragmentar com o uso ativo do esqueleto. - O fio transósseo é um exemplo, onde ele evita o distanciamento dos fragmentos mas não neutraliza as forças de torção ou cisalhamento, assim uso de fixação maxilo-mandibular (FMM) pode ser necessário. - técnicas antigas = fio de aço intraósseo e fios de aço intermediário; utilizamos a champy - Método de Champy utiliza uma mini-placa única de não-compressão em fratura de ângulo, devido à área ser biomecanicamente vantajoso. - É uma fixação não rígida, mas permite o uso ativo da mandíbula. - A cicatrização óssea onde há certa mobilidade dos fragmentos é denominada indireta ou secundária. - A formação de calo é como se fosse uma fixação interna natural. TÉCNICA DE CHAMPY - fratura de ângulo; miniplaca monocortical na borda superior; não ideal em todas as situações; baseia-se no fato do côndilo contralateral estar bem assentado na fossa glenóide, sem rompimento da relação temporomandibular; - se houver fratura contralateral as forças oclusais através do ângulo podem ser transmitidas para o segmento distal e pode causar alargamento da mandibula - a sua adaptação requer dobras 3D devido as curvaturas da linha oblíqua externa; SISTEMA DE FIXAÇÕES Princípios básicos: 1- redução do fragmento ósseo 2- fixação e imobilização estáveldos fragmentos 3- manutenção do suprimento sanguíneo 4- função precoce COMPOSIÇÃO DAS PLACAS E PARAFUSOS TITÂNIO = liga de I a IV + Al + V * biocompatível * baixa memória * não absorvível (é a mais usada) ABSORVÍVEL = ácido poliglicólico e/ou polilático * 68% da resistência mecânica * total absorção após 24 meses * apenas fixação semi-rígida TIPOS DE SISTEMAS DE FIX CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE ACORDO COM DIÂMETRO DA CABEÇA DO PARAFUSO PARAFUSOS CONVENCIONAIS - Auto perfurante = não precisa usar broca antes; - Auto rosqueante = precisa de broca antes; - Emergencia = quando o parafuso selecionado não se adaptou bem, usa um de diâmetro maior PARAFUSOS SISTEMA LOCKING/ PLACA LOCKING - possuem rosca dupla, e a cabeça do parafuso possui uma rosca adicional com diâmetro maior, que se adapta as roscas do orifício da pla - o parafuso trava na placa independente do osso - evitam afrouxamento e extrusão dos parafusos na placa, mesmo que não integrados a mandíbula, e resistem as solicitações mecânicas sob estresse - idealmente 3 parafusos de cada lado da fratura THAINARA STEFANELLI FIXAÇÃO RÍGIDA X NÃO RÍGIDA PLACAS DE ADAPTAÇÃO - orifícios redondos; parafusos devem ser inseridos no centro desses orifícios PLACAS DE COMPRESSÃO DINÂMICAS - orifícios ovais, parafusos inseridos de forma bicorticais - função é estabelecer estabilidade absoluta através da fratura - apresentam técnica extremamente sensível e tendem a ocorrência de erro - tem melhor aplicação em fraturas transversas da sínfise ou corpo mandibular, sem cominuição ou perda óssea - distribuição melhor em fraturas completamente perpendiculares a placa - em casos que houverem avulsão do osso no local da fratura o uso de placa de compressão pode distorcer contornos mandibulares O que varia é a espessura da placa PARA CADA TIPO DE PLACA, EXISTE UM PARAFUSO ESPECÍFICO E UMA BROCA ESPECÍFICA A BROCA ESTÁ RELACIONADA A ALMA DO PARAFUSO (então ela é menor pra conseguir rosquear) PARAFUSOS MONOCORTICAIS/BICORTICAIS - exemplo = a placa superior tem que ser monocortical pq pode pegar as raízes dos dentes LAG-SCREW – COMPRESSÃO POR PARAFUSOS - utilizado sempre que duas superfícies precisam ser aproximadas - fraturas oblíquas, fraturas de sínfise, fixação de enxertos ósseos, osteotomias sagitais de mandíbula - elimina necessidade de dobrar a placa e o uso de vários parafusos; precisa de 2 parafusos - parafuso longo para osso ou lag screw específico (porção próxima da sua haste não possui roscas) - esse processo deve ser repetido por outro parafuso ou por outro método de fixação para evitar rotação em torno de um único eixo - para fraturas transversais ou sagitais da sínfise os parafusos devem ser posicionados através da cortical externa de cada lado THAINARA STEFANELLI FIXAÇÃO RÍGIDA X NÃO RÍGIDA PLACAS DE RECONSTRUÇÃO - grandes reconstruções, mandíbula atrófica, quando há necessidade de utilizar enxertos ósseos, não necessita de adaptação precisa - os parafusos não se soltam da placa - mais grossas e mais pesadas; - espaço mais longo que as convencionais - usadas para tratar: fratura de mandíbula cominuída, extremamente instáveis e mandíbulas atróficas - alto grau de deformação elástica - se não tiver bem adaptada e não tiver travamento locking os segmentos podem facilmente sofrer distração, resultando em má oclusão e deslocamento do segmento BIOMECÂNICA ENTRE PLACA E OSSO LOAD BEARING - carga suportada - a ação muscular e carga mastigatória é suportada pelo sistema de fixação - dispositivo resistente e rígido suficiente para suportar toda a carga sobre o osso durante atividade funcional - é indicada para fraturas com interface óssea pequena, como as cominutivas em que há contato ósseo mínimo ou perda de osso. - a mais usada é a placa de reconstrução mandibular com parafusos de 2,4 mm ou 2,7mm. (1ª load sharing / 2ª load bearing) LOAD SHARING - dividem as cargas com o osso em cada lado da fratura - é uma fixação que não suporta todas as cargas funcionais. - a estabilidade no local da fratura é criada pela resistência ao atrito entre as extremidades ósseas e o sistema usado para fixação - isso requer suporte ósseo adequado no local da fratura - fraturas lineares simples (maioria das fraturas mandibulares). - exemplos = parafuso de latência e placa de compressão - os dispositivos são placas de 1.3 e 2.0mm - fixação na área de tensão e compressão - 2 parafusos no mínimo em cada lado da fratura - não pode ser usada em fraturas cominutivas devido a falta de suporte ósseo no local da fratura PRINCÍPIOS PARA TRATAMENTO DE FRATURA - redução anatômica precisa - técnica cirúrgica atraumática - fixação funcionalmente estável - prevenção de dano ao tecido mole e doença da fratura, permitindo mobilização rápida e livre de dor TÉCNICAS DE FIXAÇÃO - Parede anterior do seio frontal = sistema 1.5 THAINARA STEFANELLI FIXAÇÃO RÍGIDA X NÃO RÍGIDA - CZO > CZM > ZMO = sutura fronto-zigoma 2.0 - Le fort I = 1.5 ou 2.0 - Zona de tensão e compressão (parafusos bicorticais / parafusos monocorticais) - Técnica de Champy – uma mini placa com parafusos monocorticais na zona de tensão - Overbend - Lag Screw - Reconstrução THAINARA STEFANELLI FIXAÇÃO RÍGIDA X NÃO RÍGIDA - Fixador externo Joe Hall Morris - Trocarte - Ivy - Ernst - Schuchardt - Barra de erich - Risdon - Parafuso IMF - Goterira de gunning FIXAÇÃO DO TERÇO MEDIO DA FACE - zigoma é o único osso que sofre efeitos significativos devido a musculatura mastigatória – masseter - o trauma craniofacial complexo que envolve seio frontal, orbitas, NOE, maxila... apresentam abordagem satisfatória com mini ou microplacas - os tecidos moles delgados e a pele de recobrimento sobre o complexo NOE e nasal requerem placas de baixo perfil - fixação do zigoma= um, dois ou três pontos de fixação são suficientes - contração do masseter produz forças de distração nas suturas = zigomaticofrontal e maxilar - não é o método de fixação do zigoma que o THAINARA STEFANELLI FIXAÇÃO RÍGIDA X NÃO RÍGIDA torna instável, mas a direção e o grau de deslocamento da fratura FRATURAS MANDIBULARES SIMPLES X MÚLTIPLAS - As fraturas frequentemente são múltiplas. - A fixação de fratura múltipla difere da simples, devido à diferentes forças que são geradas. - Há uma tendência mínima de alargamento da mandíbula em caso de fratura de sínfise, corpo e ângulo. - Uma miniplaca de 2,0mm combinada com barra nos dentes ou outra miniplaca costuma ser adequada para fraturas simples lineares. - Quando há mais de uma fratura, há uma tendência maior de deslocamento dos fragmentos, sendo necessário uma fixação adequada para prevenir o alargamento. - Assim, se faz necessário uma fixação mais rígida em pelo menos uma das fraturas, além da combinação com miniplacas não compressivas e barra nos dentes. - Ex: fratura de ângulo e processo condilar, fixa mais rígido o ângulo e uma placa menos espessa no processo condilar. - Fratura de sínfise combinada com processo condilar tem maior tendência à alargamento da mandíbula devido à ação muscular da porção lingual que traciona a mandíbula posteriormente. Uma fixação muito estável deve ser feita na região de sínfise para evitar o alargamento.
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