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1 GESTÃO DE PROCESSOS 1 1. SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA 2 1. INTRODUÇÃO 3 2. O QUE SÃO OS PROCESSOS NAS EMPRESAS 4 3. TIPOS DE PROCESSOS 9 3.1 Características essenciais dos processos empresariais 13 4. GESTÃO DE PROCESSOS 15 4.1 Modelagem de Processos 18 4.2 O ciclo da gestão de processos 19 4.3 Os habilitadores de processo 23 4.4 Os princípios da gestão de processos 25 5. O EPM COMO FERRAMENTA DE GESTÃO E BPMS 27 6. AS FRONTEIRAS DA GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIO 31 7. A CONSTRUÇÃO DO MODELO 33 7.1 A modelagem da estratégia 35 7.2 A modelagem do negócio 36 7.3 A modelagem da técnica 37 7.4 A consolidação da proposta de modelo 38 8. COMO IMPLANTAR UMA GESTÃO EFICIENTE DE PROCESSOS? 39 8.1 Principais características da Gestão de Processos 40 8.2 Etapas da Gestão de Processos 41 8.3 Benefícios da Gestão de Processos 43 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 44 10. REFERÊNCIAS 45 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO No mercado atual, adotar boas práticas de gestão de processos é praticamente um pré-requisito para uma empresa se manter competitiva. Se não quiser perder mercado, o administrador não pode se dar ao luxo de se acomodar e ser resistente à renovação das práticas em seu negócio. Especialmente em empresas familiares, com gestores conservadores, é comum ouvir frases como “isso sempre foi feito assim e sempre funcionou”. O que não quer dizer que é preciso receber de peito aberto qualquer sugestão de mudanças, ou que não se deve valorizar o conjunto de experiências adquiridas ao longo dos anos. Qualquer transformação no modo de conduzir uma organização precisa ser feita com muito critério. Não é por que determinado método ou prática de gestão está na moda que a empresa deve ir à onda e adotá-la. É necessário entender qual é a proposta, seus pontos positivos e negativos e relacionar tudo isso com a realidade e os objetivos da companhia. A gestão de processos é assim: nada será modificado se não houver uma razão bem clara para que isso aconteça. Também não se trata de “procurar pelo em ovo”, mas sim de problematizar no sentido positivo, buscando maneiras de otimizar a atuação da empresa cada vez mais. As necessidades e possibilidades que se apresentam para uma organização se transformam o tempo todo, e os processos precisam acompanhar esse movimento. Pensando nisso formulamos este material para que você aluno-leitor possa entender como a gestão influencia, e como o processo todo acontece dentro da organização. 4 2. O QUE SÃO OS PROCESSOS NAS EMPRESAS Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo (Graham e LeBaron, 1994). Não existe um produto ou um serviço oferecido por uma empresa sem um processo empresarial. Da mesma forma, não faz sentido existir um processo empresarial que não ofereça um produto ou um serviço. Na concepção mais freqüente, processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. Os processos utilizam os recursos da organização para oferecer resultados objetivos aos seus clientes (Harrington, 1991). Mais formalmente, um processo é um grupo de atividades realizadas numa seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico de clientes (Hammer e Champy, 1994). Essa idéia de processo como um fluxo de trabalho – com inputs e outputs claramente definidos e tarefas discretas que seguem uma seqüência e que dependem umas das outras numa sucessão clara – vem da tradição da engenharia (que também deu origem à idéia de reengenharia). Os inputs podem ser materiais – equipamentos e outros bens tangíveis –, mas também podem ser informações e conhecimento. Nessa visão, os processos também têm início e final bem determinados. Essa abordagem, característica dos adeptos do aperfeiçoamento de processos (Harrington, 1991), acompanhou o raciocínio da engenharia industrial. No entanto, o fluxo de trabalho é apenas um dos tipos de processo empresarial, talvez aquele em que as atividades são mais interdependentes e realizadas numa seqüência específica. Essa definição estrita deixa de fora processos que não têm início e fim claros ou cujo fluxo não é bem definido. Às vezes, alguns desses processos têm impacto maior que os demais na própria viabilidade da empresa, como aqueles ligados à sucessão na empresa, ao desenvolvimento dos gerentes e à avaliação do desempenho do pessoal. Os cinco modelos básicos de processos empresariais formam um espectro que abrange desde o mais concreto e objetivo modelo, baseado no fluxo de materiais, até o modelo mais abstrato, que se fundamenta na mudança de estados de um sistema. O Quadro 1 resume as principais características desses modelos e oferece exemplos. 5 Fonte: Revista de Administração de Empresas / EAESP / FGV, São Paulo, Brasil. Assim, nem sempre os processos empresariais são formados de atividades claramente delineadas em termos de conteúdo, duração e consumo de recursos definidos, nem precisam ser consistentes ou realizados numa seqüência particular (Morris e Brandon, 1994). Muitas vezes e por diversos motivos, é mais interessante organizar os processos por etapas. É o caso, por exemplo, dos processos de modernização empresarial ou de diversificação de negócios e de projetos de consultoria empresarial. Muitos autores, na verdade, entendem que as atividades de diversos processos empresariais são apenas inter-relacionadas e que a essência dos processos é a coordenação das atividades (Graham e LeBaron, 1994). É o caso de processos de sucessão empresarial, desenvolvimento de tecnologia e negociação salarial. Observamos, também, que os passos de certos processos organizacionais não precisam ser cuidadosamente definidos nem consistentes ou realizados numa seqüência particular (Morris e Brandon, 1994). Outros processos organizacionais correspondem a um grupo de atividades que ocorrem ao longo do tempo, como, por exemplo, o processo de amadurecimento de uma pessoa, o processo de modernização da indústria bancária ou o processo de estruturação de uma rede de lojas ao longo de 25 anos. Processo empresarial também pode ser definido como qualquer trabalho que seja recorrente, afete algum aspecto da capacitação da empresa (organizational capability), possa ser realizado de várias maneiras distintas com resultados diferentes em termos da contribuição que pode gerar com relação a custo, valor, 6 serviço ou qualidade e envolva a coordenação de esforços para a sua realização (Keen, 1997). Em função da interdisciplinaridade característica da Administração de Empresas, é importante reconhecero emprego da palavra “processo” em outras áreas do conhecimento. Encontramos a palavra sendo empregada na Sociologia, na Psicologia, na Biologia, na Arquitetura, na Engenharia e na Política, sempre com acepções semelhantes, embora tratando de assuntos muito diferentes. Os processos na área fabril são fáceis de se observar, tanto nos períodos de bom funcionamento como na ocorrência de problemas. O desperdício e o retrabalho são claramente identificáveis, e o fluxo do material é tão importante que os equipamentos e equipes de trabalho são dispostos ao longo dele. Toda uma ciência de aperfeiçoamento dos processos industriais foi desenvolvida ao longo de décadas, chegando, inclusive, a ser aplicada a situações de trabalho nos escritórios. Atualmente, no entanto, o trabalho nos escritórios segue um fluxo conduzido pelos cabos da rede informatizada, e o deslocamento do trabalho não é tão facilmente observável. Muitas vezes, o funcionamento das empresas exige a organização de processos provisórios, de duração limitada. Geralmente, esses processos provisórios são horizontais, embora alguns times horizontais sejam bastante duradouros, especialmente aqueles ligados a atendimento de pedidos, treinamento de pessoal-chave, geração de novos negócios e inovação (Lipnack e Stamps, 1997). Olhando de outra maneira, os processos empresariais são atividades coordenadas que envolvem pessoas, procedimentos e tecnologia. Na verdade, os processos em geral, e em particular, de negócio representam uma nova abordagem à coordenação de atividades ao longo da empresa (Malhorta, 1998). Pensar nos processos em termos de coordenação em vez de fluxos de trabalho ou fluxos físicos de materiais ou produtos, como tem sido a abordagem predominante na reengenharia e no TQM (Total Quality Management) (Keen, 1997), é importante para poder identificar e tratar processos não industriais como importantes ativos de negócio e para poder analisar qualquer tipo de processo. Por outro lado, algumas vezes, as atividades essenciais (aquelas atividades que são críticas para que sejam atingidos os objetivos da empresa) podem ser chamadas de processos. Elas envolvem um conjunto de atividades operacionais, diversos níveis organizacionais e práticas gerenciais. Assim, elas são os processos que precisam ser executados para que a empresa exista (Bennis e Mische, 1995). O Quadro 2 mostra uma coleção abrangente de sistemas empresariais selecionados. É notável a variedade de processos que podemos encontrar nas empresas. 7 Fonte: Adaptado de Peter Keen (1997). A definição de processo pela descrição da transformação de inputs em outputs de valor não é suficiente para especificar o assunto que interessa. Um processo típico também envolve endpoints, transformações, feedback e repetibilidade. As transformações ocorridas num processo podem ser físicas, de localização e transacionais (transformação de itens não tangíveis). O emprego de todos esses atributos na definição do processo permite garantir condições mais adequadas para a sua análise e gestão. As características básicas dos processos ajudam a ilustrar as diferenças entre os processos de manufatura e os de serviços, conforme pode ser observado no Quadro 3. 8 Fonte: Baseado em Lowenthal (1994). A regularidade do padrão de interação entre os indivíduos da organização leva ao surgimento de um modelo razoavelmente definido de regras e comportamentos, que é essencial para a estabilização do funcionamento de determinados indivíduos e grupos nas organizações. O pessoal de Organização chama esses padrões de interação de processos organizacionais. APRENDA MAIS: O que são os processos de uma empresa? Paulo Ancona Lopez disserta sobre os processos das empresas. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=XLHAFGw9AxI 9 3. TIPOS DE PROCESSOS Às vezes, é interessante separar os processos de produção dos bens e serviços oferecidos dos demais processos que ocorrem na empresa: os processos relacionados com a gestão da empresa e os de apoio aos processos produtivos (Harrington, 1991). Existem três categorias básicas de processos empresariais: os processos de negócio (ou de cliente) são aqueles que caracterizam a atuação da empresa e que são suportados por outros processos internos, resultando no produto ou serviço que é recebido por um cliente externo; os processos organizacionais ou de integração organizacional são centralizados na organização e viabilizam o funcionamento coordenado dos vários subsistemas da organização em busca de seu desempenho geral, garantindo o suporte adequado aos processos de negócio; e os processos gerenciais são focalizados nos gerentes e nas suas relações (Garvin, 1998) e incluem as ações de medição e ajuste do desempenho da organização. A classificação geral dos processos empresariais, juntamente com suas principais características e exemplos, é apresentada no Quadro 4. Cada categoria se subdivide em tipos de processos, que se distinguem uns dos outros em função da sua capacidade de gerar valor, do fluxo básico, da atuação e da orientação básica com relação à estrutura organizacional. Essas características são discutidas a seguir. Fonte: Baseado em Lowenthal (1994). Os processos de negócio são ligados à essência do funcionamento da organização (Dreyfuss, 1996). Eles são típicos da empresa em que operam e são muito diferentes de uma organização para outra. Eles têm o suporte dos sistemas que têm sido desenvolvidos ao longo de décadas de desafios e aperfeiçoamento. Numa seguradora, por exemplo, um importante processo de negócio é o da emissão da apólice, que se inicia com o preenchimento da proposta de seguro e termina com o preenchimento da apólice e sua remessa ao segurado. O Quadro 5 mostra exemplos de processos característicos de algumas indústrias selecionadas. 10 Os processos organizacionais geralmente produzem resultados imperceptíveis para os clientes externos, mas são essenciais para a gestão efetiva do negócio. O suprimento de material é um processo organizacional nas empresas não fabris. Os processos gerenciais incluem as ações que os gerentes devem realizar para dar suporte aos demais processos de negócio. A avaliação da qualidade do atendimento aos pedidos dos clientes é um processo gerencial típico em diversas organizações. Os processos organizacionais e gerenciais são processos de informação e decisão. Eles podem ser verticais e horizontais. Os processos verticais usualmente se referem ao planejamento e ao orçamento empresarial e se relacionam com a alocação de recursos escassos (fundos e talentos). Os processos horizontais são desenhados tendo como base o fluxo do trabalho. O trabalho nos processos horizontais pode ser realizado de diversas maneiras, gerando três tipos de processos horizontais (laterais) (Galbraith, 1995): voluntários (ocorrem por meio do contato voluntário entre os membros do grupo por iniciativa dos envolvidos), formais (definidos previamente por meio de documentos formais) e coordenados (que exigem times de organização mais complexa e formal). Fonte: Adaptado de (a) Rummler e Brache (1990); (b) James Martin (1996); (c) Susan Mohrman (1995); (d) Jay Galbraith (1995). 11 Independentemente do tipo de estrutura organizacional escolhido pela empresa, algumas atividades importantes exigirão coordenação entre os departamentos. Os processos horizontais são processos de informação e decisão criados para a coordenação das atividades que se espalham por várias unidades organizacionais (Galbraith, 1995). São essenciais para prover a coordenação lateral necessária para a execução adequada dessas atividades. Com relação à capacidade de geração de valor para o cliente, os processos podem ser primários, quando incluem as atividadesque geram valor para o cliente, ou de suporte, que são os conjuntos de atividades que garantem o apoio necessário ao funcionamento adequado dos processos primários (Martin, 1996). É importante notar que os processos primários são os processos de negócio e que os processos organizacionais e os gerenciais, de acordo com essa definição, são processos de suporte. O Quadro 6 apresenta exemplos de processos empresariais genéricos, organizados nas três categorias fundamentais aqui definidas. Fonte: Adaptado de Rummler e Brache (1990). APRENDA MAIS: TIPOS DE PROCESSOS Veja nesse vídeo os 3 níveis de processos: Operacional, Tático e Estratégico e como cada nível tem funções e objetivos distintos. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=rxedavkwrvc 12 Fonte: RAE, v. 40. n. 1. Jan./Mar. 2000 13 3.1 Características essenciais dos processos empresariais De maneira geral, os processos nas empresas podem ser internos (quando têm início, são executados e terminam dentro da mesma empresa) ou externos. Os processos podem, também, ser inter ou intra-organizacionais (quando envolvem diversas empresas diferentes para a sua realização). Como já foi mencionado, os processos empresariais podem também ser horizontais e verticais, dependendo da sua orientação básica com relação à estrutura organizacional da empresa. A primeira característica importante dos processos é a interfuncionalidade. Embora alguns processos sejam inteiramente realizados dentro de uma unidade funcional, a maioria dos processos importantes das empresas (especialmente os processos de negócio) atravessa as fronteiras das áreas funcionais. Por isso mesmo, são conhecidos como processos transversais, transorganizacionais (cross- organizational), interfuncionais ou interdepartamentais. Também são conhecidos como processos “horizontais”, já que se desenvolvem ortogonalmente à estrutura “vertical” típica das organizações estruturadas funcionalmente. Enquanto os times verticais correspondem aos componentes funcionais, geográficos e de produto da empresa, como é o caso da equipe de vendas, os times horizontais correspondem às pessoas que trabalham nos processos transorganizacionais, como, por exemplo, o processo de atendimento de pedidos de clientes. A segunda característica importante dos processos de negócio é o fato de que eles têm clientes (Davenport e Short, 1990). O conceito de processo empresarial associa-se à idéia de cadeia de valor, com a definição de fluxos de valor5 : uma coleção de atividades que envolvem a empresa de ponta a ponta com o propósito de entregar um resultado a um cliente ou usuário final. Nesses termos, as value streams não correspondem ao conceito de cadeia de valor proposto por Porter, visto que ela se refere à empresa como um todo, já que elas ocorrem dentro da organização. Esse cliente, ao qual o resultado deve ser entregue, pode ser interno ou externo à organização. Nesse sentido, a empresa é uma coleção dos fluxos de valor voltados à satisfação das expectativas de um determinado grupo de clientes. Os processos utilizam os recursos da organização para oferecer resultados objetivos aos seus clientes (Harrington, 1991). A definição dos processos na empresa é essencialmente dinâmica, mudando com o tempo. Novos componentes vão sendo adicionados e outros são adaptados à medida que o ambiente muda, a empresa cresce e o conhecimento especializado se desenvolve. O funcionamento do processo precisa, então, ser adaptado, de modo que possa se adequar à nova situação. 14 APRENDA MAIS: CARACTERISTICAS DOS PROCESSOS Os processos possuem várias características: Quanto ao tipo de execução podem ser Foreground e Background; quando temos dois ou mais processos concorrentes eles podem ser independentes ou cooperativos (dependentes); quanto a possível interrupção do sistema operacional eles podem ser preemptivos e não-Preemptivos. Esse vídeo fala sobre essas características. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=mf_seGsV7q4 15 4. GESTÃO DE PROCESSOS Um dos primeiros passos para o entendimento da gestão de processos é o estudo do modelo de Fleming. Pode-se observar que os resultados dependem de processos que inevitavelmente estão na dependência da estrutura e do meio ambiente. A estrutura é definida pelos insumos, como área física, recursos materiais (equipamentos, ferramentas, financeiros, instrumentais, utensílios, tecidos, gases, órteses, próteses), recursos humanos e instrumentos de gestão, incluindo-se a estrutura organizacional (organograma) e os modelos teóricos aplicados na administração da instituição. Quanto ao processo, Fleming o define como toda tecnologia envolvida nos cuidados ao paciente. Hammer e Champy entendem processo empresarial como um conjunto de atividades com uma ou mais espécies de entrada e que cria uma saída de valor para o cliente. Processo também pode ser definido como um conjunto de atividades de trabalho inter-relacionados que se caracteriza por requerer certos insumos e tarefas particulares, implicando em um valor agregado com vistas a obter resultados. Procedimento, por outro lado, de acordo com o Aurélio, também é processo, é método. Estrutura e processo caracterizam o meio interno da instituição. O meio ambiente ou meio externo pode ser melhor visualizado no modelo de Bittar, que demonstra os inúmeros fatores com suas variáveis interferindo no processo de produção de programas e serviços. APRENDA MAIS: Gestão de Processos x Gestão por Processos dheka - Consultoria. Em: Um Dia na Vida do Gestor de Processos. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=35mr-atVNLU 16 Esses processos necessitam de planejamento, organização, coordenação/direção, onde necessidades e desejos são levantados e posteriormente atendidos através de programas e serviços. Além de interferências internas e externas nos processos de produção, outras ainda ocorrerão na comunicação e na distribuição dos programas e serviços, interferindo desde a efetivação da realização até em sua qualidade. Em um setor como o da saúde, em que os recursos não são abundantes, a variável custo torna-se extremamente importante, pois somente a sua contenção permitirá atender o maior número de pessoas, além das implicações na qualidade. Finalmente, os processos, através dos programas e serviços, necessitam ser avaliados e controlados quanto à sua efetividade, eficácia, eficiência, produção, produtividade, qualidade e quanto a prevenção e redução da morbimortalidade, além da imagem que apresenta a usuários ou clientes. Quanto à questão da imagem, deve-se lembrar da percepção ou da satisfação daqueles que realizam os processos - os profissionais ligados diretamente à saúde, com suas condições de trabalho e de desenvolvimento pessoal. Para demonstrar a complexidade e as dificuldades de gerir, serão descritos, a seguir, elementos constantes do ambiente e da estrutura, responsáveis pelos processos que levam aos resultados. O Guia BPM CBOK (2009) define a gestão de processos de negócio ou BPM –Business Process Modeling como uma abordagem disciplinada para identificar,desenhar (ou projetar), executar, medir, monitorar e controlar processos 17 de negócio,automatizados ou não, para alcançar consistência e resultados alinhados aos objetivos estratégicos da organização, envolvendo, ainda, com ajuda de tecnologia,formas de agregar valor, melhorias, inovações e o gerenciamento dos processos ponta a ponta, levando a uma melhoria do desempenho organizacional e dos resultados de negócios. Para Thieves (2001), a estruturação da Instituição em torno de seus processos de negócio significa uma mudança na postura administrativa tradicional, cujo enfoque estava no gerenciamento decomo as atividades são executadas individualmente para uma visão global e dinâmica de toda a Instituição. Dessa forma, possibilita a compreensão de como os processos são executados, permitindo,assim, uma visão holística da Instituição, objetivando a uma melhor compreensão do todo organizacional. Porém, a gestão de processos é uma mudança paradigmática.Ela deve ser incorporada pela cultura organizacional, e essa cultura se constrói deforma gradativa, o que pode gerar conflito com as visões de curto prazo dos gestores. Com isso, a gestão de processos introduz uma visão sistêmica e integrada do trabalho e mostra a interdependência existente entre fornecedores e clientes, como participantes de uma cadeia de atividades destinadas a gerar resultados organizacionais, situação esta não presente em uma estrutura funcional. Nesse sentido, os funcionários passam a ter uma visão ampliada de seus respectivos papéis funcionais na organização. Hammer (1998) acrescenta ainda que a mudança de uma organização tradicional para a gestão de processos é muito difícil, pois os indivíduos têm de aprender a pensar de uma maneira nova e revigorada, compreendendo melhor o negócio, assumindo mais responsabilidades e trabalhando em equipe. Vale ressaltar que a adoção de uma Tecnologia da Informação (TI) adequada não promove a disseminação do conhecimento sem um projeto de mudança na cultura da organização. Essa é uma das razões para que, no modelo de gestão de processos, sejam consideradas tanto a participação das pessoas quanto a cultura organizacional. Com isso, a IES adotou o método PEC, Participação, Envolvimento e Comprometimento. As pessoas são, pois, convencidas pelos resultados e não pelos processos. Nesse contexto, é necessário considerar que as pessoas são os elementos- chave na administração de estratégias competitivas, podendo-se falar em um modelo empresarial centrado nas pessoas. Entre os vários recursos empregados num sistema produtivo, as pessoas são as únicas que efetivamente podem promover mudanças que visam ao incremento da competitividade. 18 4.1 Modelagem de Processos Entende-se por modelagem de processos a identificação e o mapeamento (modelo AS IS); e a análise e o redesenho (modelo TO BE) dos processos. Os objetivos da modelagem de processos podem ser definidos como: Melhor compreender como uma organização funciona; Usar e explicitar o conhecimento adquirido e a experiência para usos futuros (lições aprendidas); Otimizar o fluxo de informações; Reestruturar a organização (aspecto funcional, comportamental,estrutural, etc.), controlando-a e coordenando-a. A modelagem de processos ganha importância pela sua função de registro,pela padronização e documentação histórica da organização, pelo fato de o aprendizado ser construído com base em conhecimentos e experiências passados. Dessa forma, o aprendizado é dependente dos mecanismos institucionais usados para reter o conhecimento e a memória dos indivíduos (por exemplo,políticas, estratégias), pois a organização não pode arriscar-se a perder lições e experiências conseguidas, uma vez que as pessoas migram de um emprego para outro. Uma das ferramentas para análise do processo atual é o brainstorming, que consiste em Técnica utilizada para ser gerar idéias espontaneamente a respeito de determinado assunto – tempestade de idéias. 19 4.2 O ciclo da gestão de processos No decorrer da última década, essas duas abordagens sobre melhoria de desempenho de processos fundiram-se gradativamente, dando origem à moderna gestão de processos de negócio – um sistema integrado de gestão de desempenho de negócios voltado para a gestão de processos de negócio ponta a ponta. A Figura abaixo retrata o ciclo essencial de gestão de processos. Ele se inicia na parte inferior, com a criação de um processo formal. Não se trata de um passo inexpressivo e puramente formal. Muitas organizações acham que determinados aspectos de suas operações têm, caracteristicamente, uma variação anormal, visto que elas não dispõem de nenhum processo ponta a ponta bem definido. Isso é particularmente verdadeiro em processos criativos e de menor volume, como desenvolvimento de produtos e gestão de relacionamento com o cliente. O mapa de relacionamento de uma organização mostra o caminho percorrido pelos seus processos-chave. Em essência, essas organizações tratam cada situação como algo exclusivo, em que os atos heróicos e a improvisação ocupam o lugar da sustentação de um processo bem definido. Obviamente, esses atos heróicos não são confiáveis nem sustentáveis. Assim que um processo entra em vigor, ele precisa ser gerenciado de modo contínuo. Seu desempenho, no que tange a medidas fundamentais desdobradas das necessidades dos clientes e dos requisitos organizacionais, deve ser comparado com as respectivas metas. Essas metas podem ser baseadas nas expectativas dos clientes, em marcos de referência (benchmarks) da concorrência, nas necessidades da organização e em outras fontes. Se o desempenho não corresponder às metas, o motivo dessa deficiência deve ser determinado. Em linhas gerais, os processos não conseguem corresponder às exigências de desempenho em virtude de um desenho falho ou de uma execução falha; geralmente é possível determinar qual dos dois é o culpado examinando o padrão de insuficiência do desempenho. (Deficiências de desempenho generalizadas normalmente indicam uma falha de desenho; deficiências ocasionais geralmente provêm de dificuldades na execução). Se a falha se encontrar na execução, a causa-raiz específica (como treinamento inadequado, recursos insuficientes, equipamentos defeituosos ou qualquer uma das inúmeras outras possibilidades) deve ser determinada. Fazê-lo é um empreendimento desafiador, tendo em vista o grande número de possíveis causas-raiz; em geral, contudo, assim que se identifica a causa-raiz, é fácil corrigi-la. O oposto é verdadeiro com relação aos problemas de desenho: eles são fáceis de identificar (e são indicados por um desempenho consistentemente inadequado), mas difíceis de corrigir (e exigem uma reestruturação amplo do processo). Tão logo a intervenção apropriada é escolhida e implementada, os resultados são avaliados e o ciclo completo reinicia-se. Na fase “Identificar Problemas” como auxilio na análise do processo atual, pode-se utilizar de ferramentas como: 20 a) Monitoração das reclamações dos clientes. b) Percepção dos servidores nos contatos com os clientes. c) Benchmarking. Fonte: Michael Hammer. O que é Gestão de Processos de Negócio? Esse ciclo é deduzido do ciclo planejar, fazer, verificar e agir (plan, do, check, act – PDCA) de Deming (Deming, 1986), com o acréscimo da atenção ao desenho do processo. Embora essa representação seja um tanto quanto simples, ela reflete uma ruptura revolucionária na forma como as empresas são gerenciadas. Ou seja, parte-se da premissa de que uma organização não deve ser gerenciada por tentativa e erro, exigindo mais das pessoas ou manipulando dados financeiros, mas por meio do gerenciamento deliberado dos processos de negócio ponta a ponta por intermédio dos quais se cria todo o valor para o cliente. Aliás, BPM é uma abordagem de gestão organizacional centrada no cliente. Os clientes não têm consciência nem se interessam pelos vários problemas que normalmente estão na mira da maioria dos executivos: estratégias, estruturas organizacionais, estruturas de capital, planos de sucessão e todo o resto. Os clientes se importam com uma única coisa: resultados. Esses resultados não são gerados por forças naturais nem consequência da genialidade gerencial; eles são produto de processos de negócio, de sequências de atividades que ocorrem em conjunto. Os clientes, os resultados e os processos formam um triângulo de restrições; uma organizaçãonão pode ser séria em relação a nenhum deles se não for igualmente séria com relação aos outros dois. Para exemplificar o ciclo de gestão de processos na prática, pense no processo de sinistros em uma seguradora de automóveis. 21 No processo antigo, o requerente relatava um acidente para o corretor, que transferia o pedido de indenização para um representante de atendimento ao cliente na seguradora, que o passava para um gerente de sinistros, que o transferia com um lote de outros sinistros para um perito, que então entrava em contato com o requerente e agendava um horário para inspecionar o veículo. Em vista das passagens de bastão nesse processo, e dos mal-entendidos inevitáveis associados a isso, normalmente eram necessários de sete a dez dias para que o perito chegasse a ver o veículo. Embora esse tempo não fosse de forma alguma o pior, em comparação com outras empresas do setor, o diretor executivo da seguradora reconheceu que isso representava uma oportunidade para melhorar a satisfação do cliente em um “momento crítico” e insistiu para que esse tempo de ciclo fosse reduzido a nove horas. Nenhum aumento de produtividade isolado em uma ou mais atividades teria se aproximado dessa meta, na medida em que o tempo total de trabalho real era muito pequeno – o problema encontrava-se no processo, não nas atividades. Em consequência disso, a empresa criou um processo totalmente novo, no qual os requerentes ligavam para um número 0800 e eram passados diretamente para o perito, que assumia a responsabilidade pelo caso e encaminhava um colega de equipe que dirigia uma van móvel de inspeção de sinistros em campo ao local; ao chegar, esse membro da equipe não apenas costumava estimar a magnitude dos danos, mas tentava resolver o sinistro no local. Esse novo processo era bem mais conveniente para os clientes e menos oneroso para a empresa e foi fundamental para aumentar a receita da empresa em 130% elevando em apenas 5% o número de funcionários. Entretanto, isso foi o começo do processo, e não o fim. Ter um bom desenho não garante a continuidade dos bons resultados, porque determinados problemas são inevitáveis no mundo real. Computadores param de funcionar, pessoas não absorvem o treinamento, dados são adulterados e assim por diante, e em consequência disso um processo não atinge o desempenho do qual é capaz. A empresa utilizou a gestão de processos para monitorar o desempenho do processo e reconheceu e corrigiu esses problemas de desempenho. Além disso, manteve-se alerta para oportunidades de mudar o desenho do processo para fazê-lo funcionar ainda melhor. Em dado momento, a empresa constatou que o processo, tal como estava estruturado, não estava necessariamente enviando o perito mais apropriado ao local do acidente, mas aquele disponível no momento. Dessa forma, uma nova mudança no desenho foi implementada para corrigir esse problema. Posteriormente, a administração da empresa deu um passo adiante, reconhecendo novas falhas no desenho do processo – por exemplo, que ele exigia peritos para avaliar os danos “à meia-noite, na chuva”. Por isso, a empresa concebeu um processo ainda mais moderno, em que o reclamante leva o carro danificado para uma instalação da empresa e toma um carro emprestado; o perito avalia os danos nesse local e então providencia o conserto em 22 uma oficina. Depois que o carro é consertado, o reclamante volta e troca o carro emprestado pelo seu. Isso é bem mais fácil para o cliente e bem mais preciso e menos oneroso para a empresa. APRENDA MAIS: Aprenda definitivamente todas as fases do Ciclo BPM Aprenda tudo sobre o Ciclo de Vida da Gestão de Processos de Negócio (BPM). As 6 fases para projetar, modelar, simular, executar, monitorar e melhorar os processos. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=W93Io6MHc5s 23 4.3 Os habilitadores de processo A despeito de sua imponência e poder, muitas organizações enfrentaram dificuldades na implementação e gestão de processos. Por exemplo, uma empresa de eletrônicos criou um novo processo de desenvolvimento de produtos que estava fundamentado em equipes de produto interfuncionais, mas não conseguiu implantá- lo e fazê-lo funcionar favoravelmente. O motivo, segundo a empresa, é que “não é possível impor os processos de alto desempenho em uma organização funcional”. As organizações tradicionais e seus sistemas correspondentes são desfavoráveis aos processos e, a menos que ambos sejam realinhados para suportá-los, a iniciativa será malsucedida. Existem cinco habilitadores decisivos para um processo de alto desempenho; sem eles, um processo não conseguirá funcionar de forma sustentável (Hammer, 2007). Desenho de processo. Este é o principal aspecto de um processo: a especificação das atividades que deverão ser executadas, por quem, em que lugar, sob quais circunstâncias, com que grau de precisão, com quais informações e assim por diante. O desenho é a especificação do processo; sem ele, haverá apenas atividades individuais desconexas e caos organizacional. Indicadores de processo. A maioria das empresas utiliza medidas de desempenho funcionais, que criam um alinhamento incorreto, subotimização e confusão. Os processos precisam de medidas ponta a ponta que sejam deduzidas das necessidades dos clientes e das metas organizacionais. As metas devem ser fixadas em relação a essas medidas e o desempenho monitorado com base nelas. Um conjunto equilibrado de indicadores de processo (como custo, rapidez e qualidade) deve ser implementado, para que as melhorias em uma determinada área não provoquem declínios em outra. Executores de processo. As pessoas que trabalham com processos precisam de um conjunto diferente de habilidades e comportamentos por parte daquelas que trabalham em papéis e departamentos convencionais. Elas precisam compreender o processo global e as metas correspondentes, ter capacidade para trabalhar em equipe e ter competência para se autogerenciar. Sem essas características, não serão capazes de concretizar o potencial do trabalho ponta a ponta. Infraestrutura de processo. Os executores necessitam do apoio dos sistemas de TI e RH, para que assim possam cumprir responsabilidades processuais. Sistemas de informação funcionalmente segmentados não respaldam processos integrados e sistemas de RH convencionais (treinamento, remuneração e plano de carreira etc.) reforçam perspectivas de trabalho fragmentado. Os sistemas integrados (como os sistemas ERP e os sistemas de remuneração baseados em resultados) são essenciais para os processos integrados. Dono do processo. Em uma organização convencional, ninguém é responsável por um processo ponta a ponta e, portanto, ninguém será capaz de gerenciá-lo ponta a ponta (isto é, realizar o ciclo de gestão de processos). Uma 24 organização que encara os processos com seriedade deve designar guardiões para os processos: diretores seniores com autoridade e responsabilidade por um processo que abrange a organização como um todo. São eles que realizam o trabalho exemplificado na Figura. Dispor de alguns, mas não de todos os habilitadores de processo citados, tem pouco ou nenhum valor. Por exemplo, um processo bem estruturado direcionado por medidas corretas não terá êxito se os executores não forem capazes de realizá-lo ou se não contarem com o apoio de sistemas para isso. Implementar um processo em vigor significa pôr em prática esses cinco habilitadores. Sem eles, talvez o processo consiga funcionar favoravelmente por um curto período, mas certamente falhará a longo prazo. 25 4.4 Os princípios da gestão de processos Talvez seja favorável resumir os conceitos de gestão de processos com relação a alguns poucos princípios axiomáticos, alguns óbvios, outros não, que em conjunto expressamseus principais temas. Todo trabalho é processual. Algumas vezes se pressupõe que os conceitos de processo e a gestão de processos aplicam-se apenas a um trabalho extremamente estruturado e transacional, como atendimento de um pedido, compra, atendimento ao cliente e coisas semelhantes. Nada poderia estar mais longe da verdade. As virtudes do processo também podem ser associadas aos processos de desenvolvimento, que estão centrados em atividades altamente criativas, como desenvolvimento de produtos, criação de demanda e assim por diante. Não se deveria confundir processo como sinônimo de rotinização ou automação, reduzindo o trabalho criativo a procedimentos simplistas. Processo significa posicionar atividades de trabalho individuais – rotineiras ou criativas – no contexto mais amplo das demais atividades com as quais ele se associa para gerar resultados. Tanto os processos transacionais quanto os de desenvolvimento são conhecidos por processos centrais – processos que criam valor para os clientes externos e, portanto, são essenciais ao negócio. Além disso, as organizações possuem processos habilitadores (ou de apoio), que geram valor para os clientes internos; isso abrange processos desde a contratação à aposentadoria, desenvolvimento de sistemas de informação e informes financeiros. Esses processos têm clientes e criam valor para eles (como deve fazer qualquer processo, por definição), mas esses clientes são internos. A terceira categoria refere-se a processos de governança, processos de gestão por meio dos quais a empresa é conduzida (como planejamento, gestão de riscos e gerenciamento de desempenho). (A gestão de processos é em si um processo de governança!) Todos os processos precisam ser gerenciados como tais e, portanto, beneficiarem-se da competência da gestão de processos. Qualquer processo é melhor que nenhum processo. Na falta de um desenho de processo bem definido, o caos reina. Atos heroicos individuais, caprichos e improvisações ditam a norma – e os resultados são inconsistentes e insustentáveis. Um processo bem definido produzirá ao menos resultados previsíveis e passíveis de repetição e poderá funcionar como uma plataforma de preparação para a melhoria. Um bom processo é melhor que um processo ruim. Essa afirmação não é tão tautológica quanto parece. Ela expressa a extrema importância do desenho do processo, que o calibre do desenho de um processo é um determinante decisivo de seu desempenho e que alguns processos são mais bem estruturados que outros. Se uma empresa estiver sobrecarregada por um desenho de processo ruim, necessita substituí-lo por um melhor Uma versão de processo é melhor que várias. A padronização dos processos em todas as partes da empresa permite que ela mostre uma imagem consistente para clientes e fornecedores, gere economias consideráveis em serviços de suporte como sistemas de treinamento e TI, possibilite a realocação de pessoas de uma unidade de negócios para outra e produza um grande número de outros benefícios. 26 Essas compensações devem ser contrabalançadas com as necessidades intrinsecamente distintas de diferentes unidades e respectivos clientes. Contudo, nossa tendência deve estar voltada para a padronização. Até mesmo um bom processo deve ser executado eficazmente. Ter um bom desenho de processo é um pré-requisito, mas não é suficiente para o alto desempenho; ele precisa ser associado a uma execução cuidadosamente gerenciada para que desse modo as capacidades do desenho se concretizem na prática. Mesmo os bons processos podem ser aprimorados. O dono do processo precisa estar constantemente ativo, procurando oportunidades para fazer alterações no desenho do processo com o objetivo de aprimorar ainda mais seu desempenho. Todo bom processo com o tempo tornar-se um processo ruim. Nenhum processo mantém-se eficaz para sempre em face da mudança. As necessidades dos clientes mudam, as tecnologias mudam, a concorrência muda e o que é utilizado para se ter um alto nível de desempenho torna-se ruim – e esse é o momento de substituir o processo antes eficaz por um novo. Ineficiência no processo. Uma desconexão num processo–chave de uma organização pode ser uma redundância, ou um trajeto desnecessário no processo. 27 5. O EPM COMO FERRAMENTA DE GESTÃO E BPMS A base da gestão de processos é o modelo de processo empresarial (Enterprise Process Model – EPM). Trata-se de uma representação gráfica dos processos da empresa (centrais, habilitadores e de governança) que mostra suas interconexões e entradas e saídas. Dentre as diversas atividades de uma organização, temos os chamados mecanismo de processo, esta ação usa recursos e é gerenciada de forma a possibilitar a transformação de entradas de materiais até a sua saída. A Figura 1 é um exemplo de EPM, de um grande distribuidor de produtos industriais. Um EPM eficaz deve ser simples e claro, caber em uma única página, e normalmente abrange de cinco a dez processos centrais. Essa representação de alto nível é então decomposta para oferecer mais detalhes, subdividindo cada processo de nível superior em inúmeros subprocessos, os quais são decompostos em atividades. Até o momento não existe nenhuma notação ou arquitetura padrão (nem mesmo um modelo comum) para a representação de processos ou sobre quantos níveis de detalhamento são apropriados. O EPM não se restringe a oferecer um vocabulário para um programa de processos. Ele oferece também algo que poucas empresas têm: uma descrição coerente e compreensível de suas operações. É curioso notar que as representações convencionais de uma empresa – o organograma, as demonstrações de resultados de exercícios (DRE) e o balanço patrimonial, as declarações de missão e valores, o catálogo de produtos e a lista de clientes – não dizem nada a respeito do trabalho real da empresa e sobre o que as pessoas fazem regularmente. O EPM oferece essa perspectiva operacional sobre a empresa e, como tal, deve ser utilizado como base para gerenciar essas operações. Em específico, o EPM oferece uma forma de lidar com os projetos e programas que os tempos de mudança constantemente suscitam, visto que, em última análise, toda questão empresarial deve ser traduzida em seu impacto e implicações para os processos operacionais. A seguir é apresentado um conjunto representativo das questões que as empresas recentemente precisaram abordar: • Um grupo de gestão de riscos identificou áreas de alto risco para a empresa. Os processos que provocam esses riscos devem ser identificados e reestruturados de uma maneira que ajude a mitigá-los. • Uma nova empresa foi adquirida e existe a necessidade de realizar comparações entre os processos da empresa adquirente e os da empresa adquirida, para ajudar a criar um roteiro para a integração de ambas por meio da transição dos processos antigos para os novos (Figura abaixo). • Uma nova estratégia ou iniciativa corporativa é anunciada, que exige uma mudança na definição dos indicadores-chave de desempenho (Key Performance Indicators – KPIs). A empresa precisa definir os indicadores de processo que determinam esses KPIs e atualizá-las apropriadamente. 28 • É realizada uma mudança em alguns módulos de um sistema de software empresarial, e os gestores de diferentes processos precisam ser informados sobre o impacto dessa mudança sobre eles. • Uma atividade que é utilizada em diversos processos é alterada em um deles, e essas mudanças devem estar refletidas em todas as outras ocorrências dessa atividade. SAIBA MAIS: Vamos falar de Ferramentas de Modelagem de Processos? Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=4kmok40SDzY 29 • Quando se realiza uma mudança em uma política de negócios, é necessário fazer mudanças correspondentes e apropriadas a todos os processos nosquais ela está incorporada. O EPM deve ser utilizado como uma ferramenta de gestão eficaz para situações desse tipo. Mais que isso, as empresas que enfatizam seus processos necessitam de ferramentas automatizadas que as ajudem a gerenciar assiduamente seus processos, para finalidades como essas e outras. Essas ferramentas poderiam ser chamadas legitimamente de sistemas de gestão de processos de negócio (Business Processs Management Systems – BPMS), termo empregado na abertura deste capítulo. Neste exato momento, o BPMS é um tipo de produto definido de forma incorreta, ampla e imprecisa. Fornecedores de produtos de BPMS muito diferentes, que oferecem recursos distintos e atendem a necessidades específicas, levantam a bandeira do que é BPMS. Entretanto, para simplificar essa discussão, apenas de leve, o software contemporâneo de BPMS é utilizado principalmente para dois tipos de propósito: criar descrições de processos (com relação às atividades que os compõem), que podem ser empregadas para apoiar iniciativas de análise, simulação e desenho de processos, e gerar códigos executáveis que suportam o desempenho do processo com a automação de determinados passos do processo, integração com sistemas e bases de dados utilizados pelo processo e gestão do fluxo de documentos e outros formulários que passam pelo processo. Embora as alegações dos fornecedores e as previsões das pesquisas de mercado sobre esses sistemas sejam exageradas (como ocorre com frequência no setor de software), eles de fato oferecem valor e foram implementados com sucesso por várias empresas. Infelizmente, a despeito do nome, os sistemas contemporâneos de BPM nada fazem para apoiar a gestão de processos (em vez de sua análise e implementação). Um software concebido para apoiar uma gestão de processos verdadeira deveria se basear nas capacidades que os produtos contemporâneos de BPMS oferecem (para definir e modelar processos), mas faria muito mais que isso. Esse sistema aborda esses processos em um modelo multidimensional da empresa que apreende pelo menos estes aspectos dela e as relações entre eles: • Definições dos processos e de suas atividades e seu desenho. • Interconexões e inter-relações entre processos, como definição de entradas e saídas e expectativas mútuas. • Indicadores, tanto KPIs da empresa quanto indicadores de processo, como níveis de desempenho atuais e pretendidos. • Projetos e atividades associados com implementação e melhoria de processos. • Organizações empresariais que estão envolvidas com a implementação e execução de processos. • Versões e variações de processo. • Sistemas de informação que respaldam os processos. 30 • Elementos de dados criados por, utilizados por e pertencentes a processos. • Programas e iniciativas empresariais e suas relações com os processos. • Pontos de controle e fatores de risco. • Funções organizacionais envolvidas com a execução do processo, como posição organizacional, exigências de habilidade e autoridades de tomada de decisões. • Pessoal administrativo associado com o processo (somos o dono do processo). • Estratégias e programas empresariais que são afetados pelos processos. Esse sistema precisaria conhecer a “semântica” das organizações e desses aspectos para que, em vez de funcionar como um mero repositório passivo, pudesse proceder como um modelo inteligente de uma empresa e de seus processos. Desse modo, poderia atuar como uma ferramenta de grande eficácia para apoiar a tomada de decisão e ações gerenciais em um ambiente complexo e em constante mudança. Esse modelo não seria preenchido por dados criados por sistemas operacionais, mas por uma representação elaborada da empresa. Ele seria uma ferramenta para gerenciar processos e não para executá-los. Algumas empresas estão utilizando sistemas BPM para essas finalidades, mas elas relatam que essas ferramentas oferecem pouca ou nenhuma compatibilidade efetiva para essas finalidades, exceto um banco de dados relacional e uma interface gráfica. Não existe nenhuma semântica incorporada nos sistemas contemporâneos que apreendam as características das organizações e suas várias dimensões, bem como nenhum modelo incorporado de gestão de processos. 31 6. AS FRONTEIRAS DA GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIO Embora a gestão de processos de negócio seja amplamente adotada e produza resultados impressionantes, essa abordagem ainda se encontra em sua infância. Mesmo as empresas que a implementaram estão longe de concluí-la e muitas empresas – aliás, vários setores – ainda precisam na verdade iniciá-la. Não surpreendentemente, existe uma profusão de questões que ainda devemos enfrentar, questões que estão relacionadas com a gestão verdadeira de uma empresa em torno de seus processos e com os impactos da gestão de processos sobre pessoas, organizações e economias. A seguir é apresentada uma amostra dessas questões; algumas delas estão sendo assiduamente investigadas e outras expõem os desafios do futuro. Estrutura e responsabilidade gerencial. À medida que os donos de processo adquirem maior poder e autoridade, os demais papéis e responsabilidades gerenciais mudam sensivelmente. Os gestores funcionais tornam-se gestores de bancos de recursos; os diretores das unidades de negócios tornam-se representantes dos clientes, revelando suas necessidades para os donos dos processos. Essas mudanças são radicais e ainda estão sendo formuladas. Algumas empresas estão experimentando mudar vários processos padrão (não apenas os de apoio) de diversas unidades de negócios para organizações de serviços compartilhados. Outras estão terceirizando os processos como um todo. O formato da empresa gerenciada por processos ainda está surgindo. Suporte de TI. De que forma os avanços nas novas tecnologias da informação afetam os processos e a gestão de processos? Os sistemas de ERP (um tanto tardiamente) foram reconhecidos como sistemas de software de processo porque sua arquitetura interfuncional lhes possibilita lidar com o trabalho ponta a ponta. Que implicações a arquitetura orientada a serviços (Service-Oriented Architecture – SOA) tem sobre o desenho e a implementação de processos? De que maneira a gestão de processos influirá no gerenciamento de dados? Por exemplo, algumas empresas estão começando a transferir para os guardiões de processo a responsabilidade por ganhar domínio no gerenciamento de dados. Processos interempresas. A maioria das organizações enfatiza os processos conduzidos ponta a ponta internamente; entretanto, em muitos casos, a extremidade real desses processos reside em diferentes empresas. Os processos da cadeia de suprimentos, por exemplo, normalmente se iniciam nas operações de matéria-prima do fornecedor e terminam com o cliente final; os processos de desenvolvimento de produtos são colaborativos e devem englobar iniciativas do fornecedor. Algumas empresas estavam trabalhando sobre esses processos, mas não temos modelos para a sua governança e gestão. Quem é o dono do processo? Como os benefícios devem ser alocados? Quais são as métricas corretas? Padrões. Existem EPMs padrão para empresas de um mesmo setor? Existem conjuntos padronizados de processos de suporte e de governança que todas as empresas devam implementar? Assistiremos ao surgimento de desenhos de processo de referência mundial para determinados processos recorrentes que 32 serão implementados por várias empresas diferentes? Que implicações esses acontecimentos terão para a diferenciação das empresas? Processos e estratégias. Os processos são, por um lado, os meios pelos quais as estratégias empresariais são concretizadas. Por outro, eles podem ser também determinantes dessas estratégias. Uma empresa que tem um excelente processo pode implantá-lo em novos mercados para apoiar novos produtos e serviços. Ao mesmotempo, as empresas podem concluir que os processos que não oferecem vantagem competitiva devem se conformar com os padrões do setor ou ser terceirizados. Estrutura do setor. Em que sentido a gestão de processos afetará a estrutura dos setores? À medida que as empresas reconhecerem que determinados processos representam suas capacidades essenciais, enquanto outras são periféricas, assistiremos a uma maior terceirização dessas últimas – talvez para organizações que venham a oferecer processos em termos de serviços? As organizações de clientes e fornecedores entrelaçarão seus processos para criar o que em vigor são keiretsus operacionais (em vez de financeiros)? Além dessas questões macro, até mesmo os aspectos mais básicos da gestão de processos – estruturação de processos, desenvolvimento de medidas, treinamento de executores e tudo o mais – ainda estão longe de serem questões definitivamente resolvidas. Ainda há muito trabalho a ser feito. Contudo, embora faltem soluções para esses desafios, está claro que a gestão de processos mudou da onda do futuro para a onda do presente e que, na verdade, estamos na era dos processos. 33 7. A CONSTRUÇÃO DO MODELO A concepção do modelo ilustrado na Figura 4 e amparado no referencial teórico visa apresentar uma proposta de modelagem com base em três dimensões facilmente identificáveis nas organizações: a dimensão de negócio, a dimensão estratégica e a dimensão técnica. (PROFORMA, 2006; METASTORM, 2009) Fonte: Revista Gestão.Org – Vol. 10, No . 1 p.172 - 194 , jan./ abr. 2012 Os dois primeiros tipos de modelagem criam estruturas lógicas e, o último, a estrutura física, que combinadas formam a arquitetura de apoio aos negócios. São inputs para o modelo de negócio os objetivos estratégicos da corporação e a própria concepção do negócio. Perguntas do tipo “o que fazer no longo prazo?” e “que produtos e serviços oferecer?” ajudam a definir a abrangência do negócio. Os inputs para o modelo de estratégia são as próprias estratégias de negócio. Perguntas do tipo “como atingir os objetivos?” e “quais são as alternativas possíveis?” contribuem para formar as estratégias de negócio. No caso do modelo tecnológico os inputs são os softwares e o hardware que vão formar a infraestrutura de TI. O trabalho de construção do modelo requer um tipo de modelagem específico para cada uma das dimensões apresentadas na Figura 4 e discutidas na sessão seguinte. Em geral, os dois primeiros tipos de modelagem são de responsabilidade dos profissionais de negócio (os especialistas da média gerência e os estrategistas da 34 alta administração) e o último fica a cargo do pessoal de TI, embora o trabalho requeira a colaboração e participação conjunta de ambas as partes. Na gestão dos processos de negócio a colaboração entre todos os envolvidos no processo é um requisito indispensável. O resultado de todo o trabalho de modelagem (output) é usado no desenvolvimento e “implementação” dos modelos de arquitetura de integração de aplicações (EIA, Web Services, SOA e ESB) discutidos antes. 35 7.1 A modelagem da estratégia Na modelagem da estratégica, delegada à alta administração, a preocupação se concentra na própria estratégia corporativa, na visão de futuro, missão, objetivos e capacidade de negócio da organização, que são comumente os elementos descritos ou revisados nos ciclos de planejamento estratégico da organização. Tendo estes elementos como input, cabe então descrever as políticas de negócio e seus macro processos, conforme apresentado na Figura abaixo. O output gerado representa o modelo de estratégia que orienta a realização do negócio. Fonte: Adaptado de Proforma (2006); Metastorm (2009); Utomo, (2011). De acordo com o modelo de níveis de desempenho de Rummler-Brache, a Missão e a Visão se encontram na célula Objetivos de negócios, de Nível Organizacional. 36 7.2 A modelagem do negócio Na modelagem de negócio a atenção da equipe de trabalho se concentra nos detalhes de “como o negócio deve funcionar”, em termos de projeto, processos, seus dados e regras que governam as atividades organizacionais. A maior preocupação, nesta fase, é quanto ao fluxo completo de trabalho, isto é a cadeia de atividades críticas e seus interrelacionamentos dirigidos pelos eventos que ocorrem dentro e fora do ambiente organizacional. São inputs para esta fase os objetivos de negócios, suas regras mais detalhadas e o conjunto das atividades organizacionais. O resultado é a construção de modelos de processos de negócio, conforme apresentado na Figura a seguir: Fonte: Adaptado de Proforma (2006); Metastorm (2009); Utomo, (2011). 37 7.3 A modelagem da técnica A modelagem da técnica cuida das especificações e definição dos artefatos tecnológicos responsáveis pelo funcionamento e operação da empresa. Trata-se da seleção e “implementação” dos componentes de TI (hardware e software) para a montagem da plataforma de serviços, ou seja, o modelo de arquitetura orientada a serviços, sob a qual serão integrados os processos de negócios e suas regras de funcionamento, isto é, o modelo completo de negócio. O objetivo desta modelagem é a criação da infraestrutura de apoio visando habilitar a organização a trabalhar na modalidade orientada a serviços. Quanto menos dependente for a plataforma de serviços em relação aos tipos de artefatos e seus fornecedores, maior será também a sua capacidade de conectividade, integração e operabilidade com os softwares e hardwares de diferentes fabricantes. Por exemplo, numa arquitetura deste tipo (aberta), o sistema gerenciador de base de dados de um fornecedor, poderá interagir e trocar informações livremente com as bases de dados de qualquer outro fornecedor. Assim, o ideal é montar um modelo de arquitetura aberta que permita a integração e a interoperabilidade entre os diferentes componentes de TI heterogêneos (de diferentes fabricantes, tipos e modelos) – próxima Figura. Fonte: Adaptado de Proforma (2006); Metastorm (2009); Utomo, (2011). 38 7.4 A consolidação da proposta de modelo A fase final de construção dos modelos refere-se à consolidação, na qual todos os modelos construídos, as ferramentas de modelagem, simulação e execução de processos, as arquiteturas SOA, Web-Services, EAI, Data Warehouse e o BPMS são integrados numa plataforma única, gerenciada por um painel de controle e monitoração do ambiente operacional de negócio (dashboards), conforme mostra a Figura abaixo. Fonte: Revista Gestão.Org – Vol. 10, No . 1 p.172 - 194 , jan./ abr. 2012 39 8. COMO IMPLANTAR UMA GESTÃO EFICIENTE DE PROCESSOS? Você já deve ter compreendido como a gestão de processos é importante para aumentar a competitividade da empresa. Esse efeito positivo só vai aparecer, porém, se essa gestão for bem feita. O primeiro passo é compreender em detalhes como as coisas são feitas. Jamais se deve mexer em um processo sem ter um bom conhecimento sobre ele. É essencial que eles estejam alinhados com os valores da organização. O conhecimento sobre a própria empresa, portanto, também é fundamental. Afinal, a gestão de processos cumpre uma função extremamente estratégica. Não se muda só por mudar, e sim para atingir um objetivo, que deve estar ligado ao propósito da empresa. Outra dica importante é pensar em métricas e indicadores para serem monitorados, de modo que o aperfeiçoamento dos processos seja sempre baseado em dados, não na intuição. Para completar, busque oportunidades em que a tecnologia pode colaborar com a automação dos processos. Veja bem, as máquinas substituem o homem no trabalho operacional, mas ainda é necessário estar presente para definir as estratégias e tomar as melhores decisões. 40 8.1 Principais características da Gestão de ProcessosA seguir, conheça algumas características que distinguem a gestão de processos profissional da amadora. Modelação A empresa deve ter abertura para o redesenho dos fluxos de trabalho e, por conseqüência, dos processos. O fluxo de um processo, desenhado através de um fluxograma deve retratar com clareza na organização, as relações entre as áreas funcionais. Isso demanda uma cultura organizacional de flexibilidade, para que a prática de modificar um processo não se transforme em uma batalha, enfrentando a resistência dos colaboradores. Documentação Os processos de uma organização precisam estar bem documentados, para que não ocorram situações nas quais apenas determinado colaborador sabe como fazer um conjunto de atividades. Com tudo documentado, caso esse colaborador deixe a empresa ou troque de função, o responsável a assumir seu lugar terá um norte. Entrega de valor Os processos existem para entregar algum tipo de valor à empresa, à marca, ao produto ou serviço comercializado. Se não está claro de que maneira essa entrega ocorre, pode ser um sinal de que o processo deve ser repensado. Monitoramento Os gestores também precisam de números para entender se os processos estão entregando o que se espera deles. A dica é, ao desenhá-los, pensar em key performance indicators (KPIs) para embasar a avaliação do desempenho. Sistematização Conforme já destacamos aqui, a gestão de processos é também um processo. Isso quer dizer que esse conjunto de práticas deve ter as mesmas características de que falamos aqui. E deve ser implementado segundo algum critério, aproveitando oportunidades de melhoria e antecipando problemas em vez de esperar eles acontecerem para problematizar os processos organizacionais. 41 8.2 Etapas da Gestão de Processos Existem várias formas de executar a gestão de processos. Vamos apresentar, abaixo, uma possível divisão por etapas de um trabalho que envolve a criação de um processo. 1. Planejamento Aqui, nasce o projeto, fase na qual é analisado o conjunto de atividades envolvidas, qual o objetivo do processo e sua relação com a estratégia da empresa. 2. Modelagem A modelagem corresponde ao desenho dos fluxos de trabalho, ou seja, como será a prática do processo que está sendo desenvolvido. 3. Simulação É a fase em que as atividades definidas na etapa anterior são testadas. Serve para averiguar como o que foi previsto se manifesta na prática e de que forma os colaboradores respondem ao novo processo. A etapa de simulação também é importante para colher insights que permitam aperfeiçoar a solução que está sendo proposta. 4. Execução A partir da experiência obtida na simulação, são feitos os ajustes necessários e o processo passa a ser praticado. 5. Monitoramento São colhidos dados de acordo com as métricas e KPIs definidos nas etapas de planejamento e modelagem. Essas informações são importantes para saber se os objetivos estabelecidos são de fato alcançados. 6. Melhorias Por fim, deve-se ter em mente que o mesmo trabalho de modelagem de um novo processo pode se repetir no futuro. Então, ele deve continuar sendo acompanhado e problematizado. 42 Fonte: FIA gestão. 43 8.3 Benefícios da Gestão de Processos Ainda não está convencido quanto a adotar um sistema de gestão de processos na sua empresa? Abaixo, listamos os principais benefícios das práticas e falamos um pouco mais sobre eles. Melhor aproveitamento do tempo Quando um processo é modelado ou aperfeiçoado, um dos principais pontos planejados é como ter o mínimo desperdício de tempo. Também são exploradas oportunidades de automação, para que os gestores e colaboradores tenham mais tempo para realizar outras tarefas. Redução de custos Aproveitar melhor o tempo disponível é, por si só, uma maneira de economizar. Mas a gestão de processos procura oportunidades de reduzir custos em frentes diversas. Maior qualidade nos serviços e produtos Quem diz que o produto ou serviço de uma organização tem qualidade não é a própria organização, mas seus clientes. Um bom processo é aquele que resulta em um produto ou serviço de qualidade, que deve ser sempre o objetivo final da empresa. Qualifica a tomada de decisões Como implica no monitoramento de métricas e indicadores, a gestão de processos colabora para uma cultura organizacional na qual as decisões são tomadas com base em dados. Retenção de talentos Como os processos são amplamente conhecidos e mapeados, fica mais fácil alocar os profissionais adequados a cada função, o que aumenta a satisfação e a qualidade do trabalho dos colaboradores. 44 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Muitas empresas já fizeram esforços para melhorar seus processos, o que não significa que se tenham tornado centradas nos seus processos (process centered) nem que estejam fazendo as coisas da melhor maneira possível. Também não quer dizer que estejam obtendo o melhor resultado possível nem que estejam centrando seus recursos e esforços no seu cliente final. A falta de um entendimento claro sobre o conceito de processo e a aplicação apenas pontual desse conceito na administração das empresas podem explicar parte dessa limitação na obtenção de resultados pelas nossas empresas. Ainda há muito o que fazer na aplicação do conceito de processo empresarial às empresas. O entendimento do funcionamento das organizações tem sido tão limitado, que ainda resta muito a ser feito para aperfeiçoá-lo. A importância do emprego do conceito de processo aumenta à medida que as empresas trabalham com conteúdo cada vez mais intelectual, oferecendo produtos cada vez mais ricos em valores intangíveis. É maior ainda nas empresas de conteúdo puramente intelectual. As técnicas e práticas de gestão empresarial deverão se adequar às organizações que estão se estruturando por processos. Hoje, há uma tendência em se focalizar nas atividades e habilidades individuais, com a conseqüente perda da visão de processo e das habilidades de equipe. Os modelos de monitoração do desempenho das empresas deverão ser redesenhados para que possam ser úteis na gestão dessas empresas. 45 10. REFERÊNCIAS BROCKER, J.V. Roseman, M. Manual de bpm gestão de processos de negócio. Versão Impressa. Bookman - 2013. GONÇALVES, J. E. L. As empresas são grandes coleções de processos. Organização, Recursos Humanos e Planejamento. RAE - Revista de Administração de Empresas. Jan./Mar. 2000 / EAESP / FGV, São Paulo v. 40, n°1, Brasil. GUELBERT, M. Estratégia de gestão de processos e da qualidade. Curitiba, IESDE Brasil 2012. 148 p. MOTTA, D. R. A. S. M. OLIVEIRA, A. S. d. OLIVEIRA, S. B. Gestão de Processos e Tecnologia de Informação: Em busca da agilidade em serviço. Revista gestão.Org – Vol. 10, No . 1 p. 172 - 194, jan./abr. 2012. HAMMER, Michael. O que é Gestão de Processos de Negócio? and Company, Inc., One Cambridge Center, Cambridge, Massachusetts, 02141, Estados Unidos. PRADELLA, S. Gestão de Processos: uma Metodologia Redesenhada para a Busca de Maior Eficiência e Eficácia Organizacional. Revista Gestão & Tecnologia, Pedro Leopoldo, v. 13, n. 2, p. 94-121, mai./ago. 2013. ___________, FIA - Fundação Instituto de Administração. Gestão de Processos: O que é, Benefícios e Características. 20 de fevereiro de 2019. 46
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