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AULA 5 GESTÃO POR PROCESSOS E A INTEGRAÇÃO ESTRATÉGICA Profª Aneli Maria Martins da Silva 2 TEMA 1 – INTEGRAÇÃO ENTRE AS ÁREAS Iniciaremos este tema descrevendo a diferença básica entre mapeamento de processos e modelagem de processos. Conforme Lage Júnior (2016, p. 48): deixa claro haver diferenças significativas entre cada um dos conceitos para ele a modelagem serve tanto para processos já existentes como para projetos de processos enquanto o mapeamento é considerado apenas a representação de processos já existentes, porém não documentados. Portanto, é possível afirmar que ambos os conceitos buscam a melhoria dos processos por meio da otimização das atividades realizadas, independentemente se forem primárias, de suporte ou de gerenciamento. Nesse sentido, o que se busca com a modelagem e o mapeamento é a total integração dos processos de uma organização, pois, atualmente, as organizações estão expostas a um contexto de grande complexidade nos negócios, o que gera dificuldades de integração. Lage Júnior (2016, p.48) reforça que “a complexidade atual dos negócios cria enormes desafios relacionados à integração, quando sob diferentes perspectivas”. Assim, afirmamos que, independentemente da área de conhecimento e/ou de atuação, esses profissionais devem estar abertos para aprender, portanto, os profissionais de finanças devem entender de marketing; os de RH, de estratégia empresarial; os de produção, de como são formados os preços; e todos devem saber como proporcionar valor ao negócio da organização (empresa) por meio do que fazem em suas respectivas áreas de atuação. Se considerarmos essa atitude, da busca de integração entre as áreas como um processo, podemos afirmar que esse é um processo de inteligência. Se aprofundarmos essa discussão, veremos que a inteligência em um processo de gestão é uma forma organizada de mapeamento e modelagem de processos. Em resumo, se alguma coisa que se faz dá certo, é com base nessa inteligência. Se não deu certo, é provável que algumas das premissas que embasam a construção desse processo de inteligência não tenham consistência necessária, acarretando, muitas vezes, o fracasso dessa ideia. Para esclarecer ainda mais essas diferentes perspectivas, Vernadat (1996, citado por Lage Júnior, 2016, p. 48) identifica quatro delas: • Integração de mercados, onde a exigência é que as empresas ofereçam produtos e prestem serviços regionalmente; 3 • Integração entre manufaturas: Produtos complexos exigem que empresas diferentes trabalhem de forma integrada para seu desenvolvimento; • Integração da cadeia produtiva: a relação entre empresas fornecedoras de matéria prima e as de transformação tem como base as parcerias de negócios; • Integração da pesquisa, desenvolvimento e manufatura: em mercados em que o ciclo de vida dos produtos é cada vez mais curto, há a necessidade da engenharia simultânea com objetivo de redução do tempo de lançamento de novos produtos. Assim, é primordial que as organizações estejam com suas estruturas hierárquicas pensadas e estruturadas, para que a integração tanto externa quanto interna seja possível e viável. Ainda segundo Lage Júnior (2016, p. 50), além da integração, existem vários objetivos que orientam a modelagem dos processos de negócios. Em primeiro lugar, é importante atentar para o fato de que não necessariamente precisamos modelar toda a empresa, em seus mínimos detalhes. Na verdade, até podemos – e, em alguns casos, isso é feito -, mas em geral o que se deseja é modelar parte dela, ou seja, um “recorte” do todo, daquilo que é interessante. Lembrando que a integração tem como principal objetivo a melhoria da comunicação entre os níveis hierárquicos, coordenação e sinergia entre áreas, funções e atividades. TEMA 2 – A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO BASEADA EM PROCESSOS A implantação dos processos de gestão da qualidade, por meio das técnicas japonesas de administração, trouxe a ideia da melhoria contínua, tanto no chão de fábrica quanto nas demais áreas da organização. Nesse contexto surgiu a reengenharia, definida por Paim et al. (2009, p.47) da seguinte forma. À reengenharia se atribuiu a ampla difusão da lógica de se entender e melhorar negócios através das mudanças nos processos e de reprojetos organizacionais e também como um instrumento estratégico para a manutenção de vantagem competitiva. A reengenharia pode ser pensada como uma iniciativa de redefinir as tarefas do negócio, que haviam se tornado especializadas e hierarquizadas, em processos enxutos e integrados. Um processo de negócio deve conter apenas as atividades que, tomadas conjuntamente, criam valor para os consumidores. Segundo Laurindo e Rotondaro (2006, p. 56), a gestão por processos pode ser entendida como, “um enfoque de desenvolvimento organizacional que tipicamente objetiva alcançar melhorias qualitativas de desempenho nos processos, tomando uma visão objetiva e sistêmica das atividades, estruturas e recursos necessários para cumprir os objetivos críticos do negócio”. 4 Ainda de acordo com os autores, os objetivos da gestão por processos podem ser: 1) Aumentar o valor do produto/serviço na percepção do cliente; 2) Aumentar a competitividade; 3) Atuar segundo as estratégias competitivas consideradas mais relevantes e que agreguem valor ao cliente; 4) Aumentar sensivelmente a produtividade, com eficiência e eficácia; 5) Simplificar processos, condensando e/ou eliminando atividades que não acrescentem valor ao cliente. Com objetivo de reforçar ainda mais o conceito da gestão por processos, podemos dizer que esse modelo de gestão tem abordagem sistêmica visando à melhoria contínua dos processos da organização, por meio de uma metodologia inteligente, pessoas capacitadas e trabalho em equipe, além de tecnologias atuais e agregação de valor ao cliente. Hoje já é consenso nas empresas a importância do cliente para o alcance da estratégia, pois este está no centro das decisões das organizações, cujo foco está em oferecer, a ele (cliente), soluções (produtos e serviços) com mais valor, de forma mais rápida e a um custo menor. Nesse sentido, Keen (1997), afirma que “os processos podem ser fonte de competências específicas que fazem diferença na concorrência”. Entretanto, sabe-se que a mudança de uma organização tradicional para uma organização baseada em gestão por processos é algo complexo e com enorme grau de dificuldade. Um dos desafios para a organização baseada em processos é fazer que os envolvidos aprendam a pensar de maneira nova e sistêmica, compreendendo melhor a dinâmica que envolve o negócio, assumindo maiores responsabilidades e, principalmente, aprendendo a trabalhar em equipe. Em síntese, é necessário que haja participação, envolvimento e comprometimento de todos com os objetivos da organização, na busca por satisfação do cliente, consequente aumento da competitividade e melhoria da produtividade – tudo isso no contexto de uma sociedade a cada momento mais globalizada e dinâmica. Conforme afirma Kane (1986), mesmo adotando o modelo de gestão por processos parece que existirá quase sempre um formato matricial de estrutura, em que aparecerão linhas de autoridade funcionais (verticais) e linhas de autoridade por processo (horizontais) cruzando as funções organizacionais. É necessário considerar que pessoas são os elementos-chave na administração de estratégias competitivas, podendo-se falar em modelo empresarial centrado 5 nas pessoas. Dentre os vários recursos empregados em um sistema produtivo, as pessoas são as únicas que efetivamente podem promover mudanças que visem ao incremento da competitividade. Vale ressaltar que a adoção de tecnologia da informação (TI) adequada não promove a disseminação do conhecimento sem um projeto de mudança na cultura da organização. Essa é uma das razões para que no modelo de gestãopor processos sejam consideradas tanto a participação das pessoas quanto a cultura organizacional. TEMA 3 – MODELAGEM DE PROCESSOS Entende-se por modelagem de processos a identificação, o mapeamento, a análise e o redesenho dos processos. De acordo com Limberger et al. (2010), o objetivo da modelagem de processos é: melhorar a compreensão do funcionamento de uma organização; usar e explicitar o conhecimento adquirido e a experiência para usos futuros (lições aprendidas); otimizar o fluxo de informações; reestruturar a organização (aspecto funcional, comportamental, estrutural, entre outros), controlando-a e coordenando-a. Ainda conforme o autor, a modelagem de processos adquire importância pela sua função de registro, pela padronização e documentação histórica da organização, e pelo fato de o aprendizado ser construído com base em conhecimentos e experiências passadas. Pozza (2008) alerta para os enganos mais comuns na modelagem de processos, que seriam: 1) Mapear todos os detalhes e esquecer o objetivo final; 2) Mapear os processos sem determinar, especificamente, como serão medidos os resultados; 3) Usar as mesmas informações e fluxogramas de uma modelagem que funcionou perfeitamente em outra empresa. Já os princípios que geram bons resultados, segundo o autor, são: 1) determine que valores criar para os clientes do processo; 2) mapeie as ferramentas, habilidades, competências e informações e determine as métricas de medição juntamente com o processo; 3) engaje seu pessoal durante a modelagem dos processos, peça ajuda para determinar quais problemas eles enfrentam e quais as possíveis soluções. De acordo com pesquisas numa empresa de telecomunicação, Belmiro e Reche (2003) relatam que o ganho mais importante em uma mudança para processos seria “a quebra de barreiras por meio do estabelecimento da 6 integração dos processos de comunicação internos, obedecendo ao processo de negócio”. Além desses fatores, podemos reforçar que o papel dos participantes é fundamental. Todos os envolvidos devem ter suas atividades e responsabilidades bem definidas, e a cultura da organização, bem como desses envolvidos (pessoas) deve ser reforçada. O papel do líder nesse contexto é de suma importância, visto ser dele a responsabilidade pela motivação, inspiração, visão etc. e, como já declarado anteriormente, não há mudança sem a participação das pessoas. Retomando a questão da modelagem, vamos utilizar como exemplo sucinto uma instituição de ensino superior (IES), pois temos certeza de que todos podem imaginar, pela condição de alunos, como é seu funcionamento. Verifique que nesse caso a modelagem de processos pode ser dividida em fases, conforme pode ser observado na Figura 1. Figura 1 – Fases da gestão de processos de uma instituição de ensino superior Fonte: elaborado com base em Pradella, 2016. A Figura 1 mostra a etapa de modelagem de acordo com as fases de gestão de processos desenvolvidos por uma IES, nesse caso, em duas fases: • Fase 1 – Identificação e mapeamento; • Fase 2 – Análise e redesenho. Na primeira fase temos a identificação e o mapeamento; a metodologia é apresentada pelos analistas de processos ao público final, ou seja, a quem 7 efetivamente estará envolvido com o processo a ser modelado. Na sequência são selecionados os processos da unidade administradora, lembrando que essas ações devem ser realizadas com os gerentes dos processos. Finalizada essa etapa, inicia-se a elaboração dos fluxogramas dos processos e a documentação dos elementos dos processos e as atividades no Sistema de Gestão de Processos (SGP). A segunda fase caracteriza-se pelo início da análise e redesenho dos processos. Nessa etapa também são realizadas sistematizações e melhorias dos processos, melhorias estas coletadas durante a primeira fase. Pradella, (2016, p. 16) afirma que, com base nessas informações: e pelas necessidades dos clientes, os processos são redesenhados, sendo esta atividade realizada em conjunto com o analista de processos, com o gerente de processos, com os responsáveis pelas atividades e, quando necessário, com os analistas de sistemas, e também com demais envolvidos que se fizerem necessários. A partir da conclusão das fases 1 e 2 do ciclo de gestão de processos, é iniciada a fase de implantação e monitoramento dos processos. TEMA 4 – IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE PROCESSOS Os processos dentro das organizações nem sempre são totalmente visíveis e conhecidos. Assim, “o mapeamento de processos seria uma ferramenta gerencial analítica de comunicação, cujo objetivo seria ajudar a melhorar os processos existentes” (Villella, 2000, p. 50). É na cadeia de valor que se analisa o objetivo de cada unidade administradora e identificam-se os processos de negócio que devem estar intimamente atrelados ao atingimento dos objetivos da organização e principalmente aos objetivos e metas organizacionais. Villella (2000, p. 65) afirma que “o mapeamento de processos inicia com os objetivos do processo, sendo o próximo passo a decomposição do objetivo em atividades e tarefas”. Realizada essa ação, parte-se para a identificação do conjunto de atividades que fazem parte do processo. Conforme Cruz (2003), todas as atividades/ações de um processo devem ser realizadas conforme as atividades a serem desenvolvidas. Quando não é possível cumprir metas e objetivos definidos, é necessário proceder a uma análise com vistas a descobrir as causas e corrigir o problema que ocasionou o não atingimento do resultado esperado, 8 pois segundo o autor “todo processo é abstrato”. Ainda de acordo com Cruz (2003), atividades podem ser definidas: como sendo o conjunto de instruções (conhecidas como procedimentos, normas e regras), mão de obra e tecnologias, cujo objetivo é o de processar as entradas para produzir parte de um produto/serviço de um processo, a fim de atender aos objetivos de sua função dentro de uma organização. Mapear processos é definir com precisão todos os detalhes das atividades, não apenas do processo em si, mas também de todos os outros elementos que o compõem. Entre eles podemos citar usuários, resultados, eventos etc. Normalmente podemos utilizar diagramas ou mapas para essa ação, pois ambos podem nos fornecer uma visão dos principais elementos do processo, alterando apenas os níveis de aprofundamento de detalhes. Segundo Hunt (1996), o mapeamento de processos deve: I) expor os detalhes do processo; II) ter concisão e precisão na descrição do processo; III) focar a atenção nas interfaces do processo; e IV) fornecer uma análise de processos poderosa e consistente. O principal objetivo da modelagem é ter um desenho do processo que apresente de maneira detalhada todos os seus pormenores. “Por definição, um modelo nunca será uma representação completa e total do processo atual, mas irá focar em representar aqueles atributos do processo que suportam análise contínua a partir de uma ou mais perspectivas” (BPM Cbok, 2009). Na gestão de processos de negócio, os modelos são os meios para gerenciar os processos da organização, analisar a performance dos processos e definir mudanças. Pradella (2016) esclarece que “modelos de processos beneficiam operações de gestão de negócio como o entendimento do processo de negócio, o incremento das comunicações ao criar uma representação visual e ao estabelecer uma perspectiva comum compartilhada”. E reforça ainda que a modelagem de processos é essencial para que possamos: entender, documentar, analisar, projetar, automatizar e medir as atividades de negócio, ao mesmo tempo em que serve para medir os recursos que dão suporte às atividades e às interações entre as atividades de negócio e seu ambiente”. Desta forma, diagramas são utilizados para “criar um entendimento comum, tornar claros os passos, identificar oportunidades de melhoria (complexidades, desperdícios,atrasos, ineficiências e gargalos) e apresentar o funcionamento do processo. Quanto à notação de processos, há um grande número à disposição e em uso por diferentes organizações. Uma das utilizadas é a Business Process 9 Modeling Notation (BPMN), notação gráfica controlada pelo Object Management Group (OMG). Abordamos aqui brevemente sobre diagramas e notação de processo, lembrando que essas e outras técnicas e ferramentas serão apresentadas em momento posterior. A utilização de padrões e métodos permite que diferentes empresas e profissionais possam compartilhar conhecimentos e entendimentos sobre o funcionamento das regras de processos em comum. Algumas das razões mais comuns para criar modelos de processos, segundo Pradella (2016), são: • Para documentar claramente um processo existente; • Para usar como uma ajuda em capacitações; • Para entender como um processo será desempenhado sob variações ou em resposta a uma mudança antecipada; • Como uma base para análise ao identificar oportunidades de melhoria; • Para desenhar (projetar) um novo processo ou uma nova abordagem para um processo existente; • Para prover uma base para comunicação e discussão. (BPM Cbok, 2009) Como demonstrado até o momento, a gestão por processos proporciona inúmeros benefícios para as organizações, que, segundo Paim et al. (2009), têm: • a capacidade de construir uma cultura e o compartilhamento de uma visão comum para ser comunicada através da organização por meio de uma mesma linguagem dos modelos utilizados; • a capacidade para usar e explicitar o conhecimento e a experiência para construir uma memória da organização, o que reforça a noção da relação da tarefa com o aprendizado organizacional, em especial com o registro de informações sobre os processos, que se transforma em um ativo da organização; • a capacidade de suportar a tomada de decisão considerando a melhoria e o controle organizacional, ou seja, a modelagem é entendida como instrumento de apoio à gestão da organização. Essa, como toda e qualquer metodologia que necessite de mudança organizacional, tem como pressuposto dificuldades de implantação; e no caso de gestão por processos não seria diferente. Pesquisas comprovam ser um processo longo, complexo e repleto de dificuldades, mas extremamente compensador quando completado. TEMA 5 – ANÁLISE E REDESENHO DE PROCESSOS Ao desenhar um novo processo ou buscar a atualização de um já existente, é essencial identificar seu estado atual e alinhá-lo aos objetivos estratégicos do negócio. Em algumas organizações verificamos a existência de 10 processos ineficazes, e outros que estão bem azeitados, mas não alinhados aos objetivos da mesma. Esse alinhamento deve ser constante e chamado de análise do processo. Para realizar a análise de processos podemos lançar mão, isto é, utilizar várias técnicas/ferramentas, entre elas: mapeamento, entrevistas, simulações e várias outras que possibilitem uma boa análise do processo. A análise deve abordar também o ambiente da organização e os fatores que podem, de alguma forma, intervir ou alterar o ambiente, como políticas governamentais, pressões do mercado externo, concorrência etc. Pradella (2016, p. 20) identifica outros fatores que devem ser considerados. O contexto dos negócios, suas estratégias, a cadeia de suprimento (as entradas e saídas do processo), as necessidades do cliente, a cultura organizacional, os valores de negócio e como o processo será desempenhado para atingir os objetivos de negócio. É muito importante que tenhamos sempre em mente que todas as informações adquiridas na análise devem ser informadas e conhecidas por todos que têm alguma interação com o processo e, principalmente, que haja concordância de todos. A análise deve ser fidedigna e representar o que realmente acontece no processo, e não o que se deseja que aconteça. Pradella (2016) alerta que a análise deve “ser também uma visão imparcial sem atribuir culpas pelas ineficiências existentes. O resultado dessa análise forma a base para o projeto do processo”. Segundo a autora, a análise gera a informação necessária para “a organização tomar decisões bem fundamentadas, acessando as atividades do negócio. Sem isso, as decisões são tomadas com base na opinião ou na intuição, em detrimento dos fatos documentados e validados”. Somado a isso, devemos atentar para ciclo de negócios, as necessidades dos clientes que variam constantemente, bem como produtos e serviços que também podem sofrer alterações. Ao serem combinados com as alterações das regras do governo, condições econômicas, estratégias da sociedade, tecnologia avançada e mudanças internas de liderança, os processos de uma organização podem rapidamente se tornar inconsistentes em comparação com seu desenho original e não mais atingirem as necessidades da organização. (Laurindo; Rotondaro, 2006) Assim, a análise de processos é uma ferramenta poderosa para revelar se a organização está conseguindo alcançar metas e objetivos definidos. Para 11 tanto, é essencial que toda a equipe conheça de maneira minuciosa como é o funcionamento de cada processo (entrada, saída e transformação). Claramente, a análise deverá criar uma maneira de medir a eficiência e eficácia do processo. “A eficácia de um processo é a medição do alcance dos propósitos ou necessidades pelo processo, seja se o processo identifica as necessidades do cliente, satisfaz os objetivos do negócio ou se é o processo certo para o ambiente ou contexto dos negócios correntes” Guia BPM Cbok (2009). Para Pradella (2016), medir o desempenho ou a eficiência do processo “é indicar o nível dos recursos utilizados no desempenho das atividades do processo. Mede-se se o processo é caro, vagaroso, dispendioso, ou se tem outras deficiências”. Com essas informações é possível saber como está o desempenho de cada processo e como o trabalho acontece na organização; elas nos ajudam no desenho e redesenho dos processos. Com base em Pradella (2016), apresentamos algumas informações geradas com base na análise de processos: • Estratégia, cultura e ambiente da organização que usam o processo (por que o processo existe); • Entradas e saídas do processo; • Stakeholders, internos e externos, incluindo fornecedores, clientes e suas necessidades e expectativas; • Ineficiências dentro do processo corrente; • Escalabilidade do processo ao buscar as demandas do cliente; • Regras de negócio que controlam o processo e por que elas precisam existir; • Quais métricas de desempenho devem monitorar o processo, quem está interessado nessas métricas e o que elas significam; • Quais atividades compõem o processo e suas dependências entre os departamentos e entre as funções do negócio; • Melhoria na utilização dos recursos; • Oportunidades de reduzir impedimentos e aumentar capacidades. As informações obtidas na análise são recursos imprescindíveis à organização e ao gestor, para que possa ser percebido como é o funcionamento dos processos de negócio e facilitar a tomada de decisões. Assim, vale afirmar que analisar o processo deve ser uma atividade contínua ou provocada por eventos. Para melhor detalhar o exposto, Pradella (2016, p. 23) aponta alguns dos impactos, que serão apresentados na sequência. • Monitoramento contínuo: BPM é um compromisso de longa duração, sendo parte da estratégia de negócios mais do que uma atividade isolada que é finalizada e, então, esquecida. Gerenciar os negócios por processos implica não somente no fato de que há métricas de desempenho regulares e consistentes que monitoram os processos da organização, mas também que essas métricas são rotineiramente revisadas e alguns passos são executados para garantir que o desempenho do processo atinja as metas predeterminadas da 12 organização. Assim, uma das metas de qualquer organização deveria ser a habilidade de continuamenteanalisar processos à medida que eles são desempenhados através do uso de ferramentas e técnicas de monitoramento. Quando isso acontece, as decisões oportunas podem ser tomadas. Esta análise contínua beneficia a organização em diversos aspectos. Primeiro, dá o alerta à gestão quanto ao desempenho pobre de um processo e pode ajudar a apontar as causas desse desempenho como desvios de sistema, concorrência, fatores de ambiente, entre outras. Se o processo não tem bom desempenho, uma ação imediata pode ser executada para solucionar a causa. A seguir, o feedback em tempo real através da análise contínua provê uma medida do desempenho humano e do sistema de recompensas. Finalmente, reduz o número de projetos de melhoria de desempenho de processos, porque economiza tempo e o custo associado a esses esforços. • Análise desencadeada por eventos: o que segue são alguns exemplos que podem desencadear a análise de um processo: • Planejamento estratégico: regularmente, muitas organizações revisam e atualizam seus planos estratégicos. Elas examinam o mercado e o cenário da concorrência para novas oportunidades e estabelecem novas metas. A análise do processo precisa acontecer seguindo uma atualização do plano estratégico, para realinhar os processos de forma a atingirem os novos objetivos da organização; • Questões de desempenho: o desempenho corrente pode ser declarado inadequado por uma variedade de motivos, isto é, a qualidade do produto não tem aceitação, as taxas de sucateamento estão aumentando, as taxas de produção não estão dando conta da demanda, entre outros itens. A análise do processo pode dar assistência em determinar as razões para as inadequações e para identificar as alterações que podem melhorar o desempenho; • Novas tecnologias: as tecnologias podem melhorar o desempenho do processo e a análise irá ajudar a criar um entendimento de como elas devem ser adotadas. Novas tecnologias, porém, devem ser aplicadas deliberadamente para evitar consequências não pretendidas. Por exemplo, inserindo uma máquina mais rápida no meio de um processo sem aumentar a produção nos passos precedentes e subsequentes pode levar a máquina a um estado de subutilização no ponto da entrada, e a um gargalo no ponto de saída. A análise de processo pode ajudar a organização a entender como e quando as novas tecnologias devem ser aplicadas para obter o máximo benefício para a organização; • Riscos em movimento: quando novos riscos ou negócios são antecipados, gerentes e líderes podem ficar preocupados sobre a identificação de processos que serão necessários para entregar com sucesso os novos produtos e serviços; • Fusão/aquisição: as fusões e aquisições de negócios às vezes resultam na junção de processos de produção e de serviços. A análise de processo deve ser realizada antes da fusão de processos para garantir que o resultado combinado encontre os objetivos do negócio; • Requisitos de regulamento: frequentemente, as entidades reguladoras que governam os negócios poderão criar ou alterar regulamentos que irão requerer que os negócios modifiquem seus processos. Realizar a análise de processo, como uma forma de ir ao encontro desses requisitos, irá garantir que o negócio esteja apto a contemplar as mudanças de requisitos com o menor impacto possível para o negócio. Finalizando, podemos afirmar que a análise de processos, quando combinada com a melhoria contínua, auxilia a organização na busca por resultados com o atingimento de seus objetivos estratégicos. A análise nos auxilia na resolução de problemas, que por muitas vezes, sem perceber, podem 13 estar impedindo o crescimento e o desempenho máximo do processo. Analisar significa reduzir custos, tempo, ciclos etc. 14 REFERÊNCIAS BELMIRO, T. R.; RECHE, J. R. F. O desafio de uma gestão por processos sob a ótica de uma telecom. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 3, 2003. BPM CBOK. Guide to the business process management common body of knowledge. Disponível em: <www.abpmp-br.org>. Acesso em: 12 mar. 2021. BPMN. Business process management notation. 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Novo Olhar: uma metodologia de gestão de processos para a busca de maior competitividade em uma instituição de ensino superior. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção – Maturidade e Desafios da Engenharia de Produção: Competitividade das Empresas, Condições de Trabalho, Meio Ambiente, 30, São Carlos, 2010. Anais. PAIM, R.; CARDOSO, V.; CAULLIRAUX, H.; CLEMENTE, R. Gestão de processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. PRADELLA, S. Gestão de processos: da teoria à prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2016. http://www.abpmp.org/ http://www.bpmn.org/ 15 POZZA, Daniel O. Desmistificando o mapeamento de processos. Disponível em: <http://www.qualytool.com/dowloads/artigos/desmistificando_- o_mapeamento_de_processos.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2021. SENGE, P. A Quinta disciplina. Rio de Janeiro: Best Seller, 2005. VILLELLA, C. S. S. Mapeamento de processos como ferramenta de reestruturação e aprendizado organizacional. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
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