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1 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA FLUMINENSE CAMPUS ITAPERUNA – RJ CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA DESCARTE SUSTENTÁVEL DOS MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA - ESTUDO DE CASO NO IF FLUMINENSE CAMPUS ITAPERUNA - RJ ITAPERUNA - RJ 2018 2 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA FLUMINENSE CAMPUS ITAPERUNA - RJ CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA DESCARTE SUSTENTÁVEL DOS MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA - ESTUDO DE CASO NO IF FLUMINENSE CAMPUS ITAPERUNA - RJ Pré-Projeto de TCC apresentado a disciplina Projeto Integrador/Prática Profissional do Curso Técnico em Química do Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna-RJ, como requisito parcial para aprovação apresentado ao Prof. Me. Anders Teixeira Gomes e orientado pelo Professor(a): Professor Me. Salomão Brandi da Silva, Professora Dra. Juliana Baptista Simões Nome dos Alunos (a): Bárbara Maryanna Cardoso Soares Nascimento, Caio Araujo Corrêa, Sâmylla Marques de Oliveira Vicente, Vanessa Pontes de Lima Turma: Concomitante 2. ITAPERUNA-RJ 2018 3 SUMÁRIO RESUMO………………………………………………………………………………04 LISTA DE FIGURAS………………………………………………………….………05 LISTA DE TABELAS…………………………………………………………….……06 1 INTRODUÇÃO, PROBLEMATIZAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO.................07 2 OBJETIVOS…………………...........................................................................10 2.1 OBJETIVOS GERAIS……………………………………………………………10 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS………………………………………...……….…10 3 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................11 3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS DO LABORATÓRIO…………………..……..11 3.2 ELABORAÇÃO DOS CANTEIROS………………………....………………….11 3.3 ANÁLISE MICROBIANA DO SOLO…………………..………………………..14 3.4 VERIFICAÇÃO DE PH…………………………………………………………..16 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................17 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................30 REFERÊNCIAS..................................................................................................31 4 DESCARTE SUSTENTÁVEL DOS MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA - ESTUDO DE CASO NO IF FLUMINENSE CAMPUS ITAPERUNA - RJ. RESUMO: Analisando a problematização de descarte de material do laboratório de microbiologia, constata-se um alto custo energético e hídrico no tratamento de resíduos microbiológicos para posterior descarte. Diante deste contexto, o presente trabalho propõe, um método sustentável para o descarte dos meios de cultura utilizados no laboratório de microbiologia. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a presença de bactérias patogênicas no solo ao se reutilizar os meios de cultura descartados pelo laboratório de microbiologia do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Itaperuna - RJ . Dois canteiros foram estudados dissociadamente, um canteiro como controle e outro com os meios de cultura descartados do laboratório. Ambos os canteiros foram construídos com solo retirado de um mesmo local e submetidos às mesmas condições físicas de irrigação, temperatura e luminosidade, podendo-se observar o crescimento e desenvolvimento. Após alguns meses de desenvolvimento, realizou-se métodos de contagem microbiana, detecção de bactérias presentes no solo e verificação de variação de pH. SUSTAINABLE DISPOSAL OF THE MEDIA OF CULTURE USED IN MICROBIOLOGY LABORATORY - CASE STUDY IN IF FLUMINENSE CAMPUS ITAPERUNA - RJ. ABSTRACT: Analyzing the problem of disposal of material from the microbiology laboratory, a high energy and water cost in the treatment of microbiological wastes for later disposal. In this context, the present work proposes a sustainable method for the disposal of culture media used in the microbiology laboratory. Thus, the objective of this study is to evaluate the presence of pathogenic bacteria in the soil when reusing culture media discarded by the microbiology laboratory of the Federal Institute of Science and Technology Education Fluminense Campus Itaperuna - RJ. Two flowerbeds were studied separately, one as control and the other with culture media discarded from the laboratory. Both beds were constructed with soil removed from the same place and submitted to the same physical conditions of irrigation, temperature and luminosity, being able to observe the growth and development. After a few months of development, methods of microbial counting, detection of bacteria present in the soil and verification of pH variation were performed. 5 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Impatiens Walleriana , Valmir Duarte (2015)...................................………....12 Figura 02: Metodologia de elaboração dos canteiros ilustrada pelo autor…………...…13 Figura 03: Rótulo do meio Plate Count Agar……………….………………………………14 Figura 04: Do lado esquerdo apresenta o Ágar EMB e do lado direito o Ágar Sal Manitol, Bruno Câmara (2011).………………………………………….…………………...16 Figura 05: Lado esquerdo canteiros preparados. Lado direito mudas da Impatiens walleriana usadas para o plantio………………………………………………...…………..18 Figura 06: Primeira mistura de meios descartada, extraído de aulas práticas………....19 Figura 07: Registro do dia 20 de agosto. Lado esquerdo o analisado e do lado direito o canteiro de controle………………………………………………………………………...…20 Figura 08: Registro do dia 11 de setembro. Lado esquerdo o analisado e do lado direito o canteiro de controle.………………………………………………………………………...21 Figura 09: Registro do dia 24 de setembro. Lado esquerdo o analisado e do lado direito o canteiro de controle……………………………………………...………………...………..22 Figura 10: Inoculação da amostra do solo sem meio (10 -2 à 10 -4 ).……………………....24 Figura 11: Inoculação da amostra do solo com meio (10 -2 )...................................….....25 Figura 12: Inoculação da amostra do solo com meio (10 -3 à 10 -5 ).……...…....………….25 Figura 13: Inoculação da amostra do solo com meio (10 -6 )…………………………........26 Figura 14: Inoculação com o meio Ágar Sal Manitol…………………………....…………27 Figura 15: Inoculação com o meio Ágar EMB.……………………………………...……...28 6 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Tabela de controle de descarte sustentável dos meios de cultura……..…..11 TABELA 2: Tabela de controle de descarte completa…….……………………………….17 TABELA 3: Tabela de resultado da quantificação microbiana.…………………...……....23 TABELA 4: Tabela de resultado da variação de pH...……………………...……………...29 7 1. INTRODUÇÃO, PROBLEMATIZAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO A geração desenfreada de resíduos, o descarte incorreto, a falta de encaminhamento seguro de resíduos, a falta de tratamento e separação de lixo, a destinação inadequada e entre outros fatores interferem diretamente nos impactos ambientais (MARIANO, 2009). Segundo a pesquisa redigida por Oliveira (2005), o Brasil gera cerca de 241.614 toneladas de lixo por dia, onde 76% são dispostos a céu aberto como lixões, 13% em aterros controlados, 10% em aterros sanitários e 1% passa por algum tipo de tratamento, seja ele compostagem,reciclagem ou incineração ( OLIVEIRA, 2005) . Dado também apresentado pelo IBGE (1991). Cerca de 60% do lixo urbano é composto por resíduo orgânico que, pelo método da compostagem, pode ser transformado em adubo rico em nutrientes ( OLIVEIRA, 2005). No Brasil, o lixo doméstico, em média é constituído por: 65% matéria orgânica, 25% papel, 4% metal, 3% vidro e 3% plástico. Apesar de seguir a legislação específica de cada município, o resíduo comercial gerado até 50 kg e o domiciliar são de responsabilidade das prefeituras, já os demais são de responsabilidade do gerador (MUCELIN,2008). Uma comparação feita entre diversos países do mundo por Rodrigues e Cavinato (1998), revela que o lixo domiciliar no Brasil possui uma das maiores taxas de rejeitos orgânicos em sua composição, sendo caracterizado como um resíduo que gera uma grande quantidade de chorume e baixo poder calorífico, isto é, pequena capacidade potencial de desprender determinada quantidade de calor quando submetido a queima. O resíduo de muitos laboratórios de microbiologia possuem uma grande riqueza em matéria orgânica, principalmente os meios de cultura que são compostos de nutrientes para o desenvolvimento de microorganismos. Mesmo tomando as precauções necessárias, esse pode parar em lixões piorando ainda mais a contaminação (ŞIRIN, 2010). 8 Atualmente existem pesquisas conduzidas pela Universidade Adnan Menderes, na Turquia, que provam que é possível o crescimento e produção de figo. Para esta pesquisa os substratos alternativos cujo a composição presente era uma mistura de meios de cultura e substâncias cuja sua composição era: perlita, turfa + perlita e serragem fina. Os substratos alternativos, quando bem caracterizadas e corrigidos por misturas apropriadas, tornam-se úteis para o crescimento de plantas apresentando melhor qualidade e maior rapidez (ŞIRIN, 2010). Os meios de cultura devem ser mantidos conforme o grupo A1 dos resíduos de serviços de saúde segundo a RDC/ANVISA nº 306. Devem ser submetidos a tratamento, utilizando-se processo físico ou outros processos que forem necessários para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana. Todos os materiais utilizados no laboratório de microbiologia, incluindo os meios de cultura, precisam ser previamente autoclavados antes de serem descartados como resíduo hospitalar. Após o tratamento, devem ser acondicionados da seguinte forma: se não houver descaracterização física das estruturas, é necessário serem guardados em saco branco leitoso, que tem de ser ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos uma vez a cada 24 horas e identificados. Havendo descaracterização física das estruturas, podem ser designados como resíduos do Grupo D. No grupo D utilizam-se sacos vermelhos se forem materiais de plástico e sacos verde caso uso de materiais de vidro (ALLGAYER, 2015). É aconselhável elaborar um plano de gerenciamento de resíduos fazendo necessário a sua identificação. Essa identificação compreende no conjunto de medidas que concedem o reconhecimento dos resíduos contidos no saco ou recipiente, fornecendo dados sobre a manipulação dos resíduos. A identificação deve estar no do lado de fora do saco, nos recipientes de coleta interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo, e nos locais de armazenamento, em locais de fácil visualização, de forma inapagável, usando símbolos, cores e frases seguindo as medidas referenciamento na norma NBR 7.500 da ABNT, além de outros requisitos com relação a identificação do conteúdo e os riscos que o resíduo trás. O Grupo A é 9 identificado pelo símbolo de substância infectante constante na NBR-7500 da ABNT, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). O tratamento no descarte dos meios de cultura faz o uso de uma autoclavagem exclusiva, isto é, mesmo fazendo o uso de apenas um ciclo, a água destilada que sobrar na autoclave será descartada (ALLGAYER, 2015). A proposta presente traz uma solução para o descarte dos meios de cultura, visando a economia de energia, trabalho e água, pois apresenta a proposta de descarte do meio de cultura no solo sem o uso de autoclavagem. Dentre as bactérias cultivadas podemos citar: Staphylococcus aureus, Enterococcus, Escherichia coli, Lactobacillus. O Staphylococcus aureus, ou S. aureus, é uma bactéria gram-positiva que se encontra presente na pele e na mucosa das pessoas, principalmente boca e nariz, sem causar danos ao organismo. No entanto, quando ocorre agressão ao sistema imunológico ou quando há alguma ferida, essa bactéria pode esporar e atingir a corrente sanguínea, causando a sepse, que equivale à infecção generalizada, podendo levar ao óbito (LEMOS, 2018). O Staphylococcus aureus pode provocar infecções leves e simples de serem tratadas ou infecções mais graves, sendo as principais: Foliculite, Celulite infecciosa, Septicemia, ou choque séptico, Endocardite, Osteomielite, Pneumonia, Síndrome do choque tóxico ou síndrome da pele escaldada (LEMOS, 2018). Os Enterococcus é encontrada no trato gastrointestinal de seres humanos e de animais. Desde 1980, foram reconhecidas como um grande agente de infecções hospitalares. As espécies E. faecalis e E. faecium são agentes de diversas infecções, como bacteremia, sepse, endocardite, infecção do trato urinário, infecções de feridas e meningite ( AZEVEDO, 2013) . Escherichia coli é um grupo de bactérias que está presente no intestino humano e de alguns animais, porém nem todas E. coli são inofensivas. Alguns tipos dessa bactéria são nocivas e causam uma gastroenterite com intensa evacuação com muco, semelhante ao catarro ou sangue, ou uma infecção urinária (FRAZÃO, 2018). 10 Alguns exemplos de doenças que podem ser causadas pela contaminação com a E. coli são: Gastroenterite, Infecção urinária, Pielonefrite, Apendicite, Meningite, Septicemia (FRAZÃO, 2018). O presente estudo toma como seu principal objetivo propor um meio sustentável e mais econômico no tratamento para realizar o descarte dos meios de cultura utilizados em aulas práticas e estudos realizados no laboratório de microbiologia, especificamente o Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna - RJ. Esse descarte sustentável deverá ser usado em plantas ornamentais. Em árvores frutíferas também, desde que possua uma distância considerável entre o solo e o fruto, pois é preciso um certo cuidado na irrigação para que não ocorram respingos do solo fertilizado na fruta o que poderia causar uma contaminação do alimento (CONAMA 358/2005). 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Propor um método sustentável para o descarte dos meios de cultura utilizados em laboratório de microbiologia. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Levantar dados quanto ao consumo de insumos no processo convencional de descarte de meios de cultura utilizados; Levantar dados sobre as cepas de bactérias cultivadas nolaboratório IFF campus Itaperuna; Avaliar o desenvolvimento de uma planta ornamental com a adição de meios de cultura utilizados; 11 Verificar a existência das bactérias cultivadas em laboratório no solo utilizado para o desenvolvimento de uma planta ornamental. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS DO LABORATÓRIO E DOS MEIOS DE CULTURA Realizou se uma visita técnica no laboratório para observar os equipamentos utilizados na preparação e descarte dos meios de cultura, os insumos necessários e o destino final dos resíduos. Elaborou-se uma planilha contendo os dados dos meios de cultura a serem descartados observando o meio de cultura usado, o tipo de cultura, quantidade de placas cultivadas e o estudante responsável pelo trabalho (Tabela 1). TABELA 1: Tabela de controle de descarte sustentável dos meios de cultura. Data Meio de Cultura Colônia Cultivada Quantidade de Placas Estudante 3.2 ELABORAÇÃO DOS CANTEIROS Para estrutura dos canteiros, utilizou-se dois caixotes de madeira de volume de 0,039 m 3 forrados com uma lona no fundo para que não ocorresse o escoamento da terra. Cobriu-se cerca de 3/4 de cada caixote com solo da mesma procedência. Em cada canteiro foi transferida uma muda da espécie Impatiens walleriana , popularmente conhecida como “beijinho” (Figura 1) . Apesar de ser uma planta nativa do leste da África, seu comportamento se adequa muito bem ao clima e as variações 12 de temperatura desta região, além de ser uma planta de grande valor ornamental, de fácil cultivo e acesso (DUARTE, 2015). Figura 01: Impatiens walleriana , Valmir Duarte (2015). Esses canteiros receberam os mesmos cuidados, exceto pelo fato que um recebeu os meios de cultura utilizados em trabalhos no laboratório de microbiologia do IF Fluminense c ampus Itaperuna (analisado) e o outro foi o controle (branco). A adição dos meios de cultura foi realizada de acordo com a ocorrência de trabalhos no laboratório. Esses meios poderiam ser provenientes de trabalhos acadêmicos ou até mesmo de aulas práticas. 13 Os canteiros ficaram expostos a mesma intensidade de luz, receberam a mesma quantia de água, na mesma hora e nas mesmas condições. Elas foram irrigadas cada uma com cerca de 250 ml de água nos dias de segunda à sexta-feira por volta das 12:00 horas, metodologia ilustrada na figura 02. Realizou-se registro fotográfico toda semana para analisar a reação de cada uma das plantas. Figura 02: Metodologia de elaboração dos canteiros ilustrada pelo autor. 3.3 ANÁLISE MICROBIANA DO SOLO Para verificação de análise microbiana do solo foram feitos dois procedimentos. Um determinava a contagem total de bactérias do solo e o outro a sobrevivência das bactérias cultivadas. 14 3.2.1 Quantificação microbiana Para a contagem de bactérias totais foi utilizado o meio de cultura Plate Count Agar (PCA) que foi preparado conforme a recomendação do fabricante (Figura 3). Também utilizou uma solução de pirofosfato de sódio 0,1% m/v. Figura 03: Rótulo do meio Plate Count Agar. Para a análise de cada canteiro foi coletado solo de seis pontos difusos no canteiro, peneirou-se fazendo o uso de uma peneira granulométrica de 2 mesh e pesou-se 10 g. Cada amostra foi diluída em um frasco contendo 95 ml da solução 0,1% de pirofosfato de sódio e em seguida agitada manualmente por cerca de 30 minutos. Para a diluição seriada, agitou-se o frasco com a solução e foi transferido 1 ml para um tubo de ensaio contendo 9 ml com uma solução de 0,1% de pirofosfato. Em seguida, agitou-se o mesmo e foi transferido 1 ml para o tubo seguinte e assim 15 sucessivamente numa sequência de 10 tubos de ensaio (diluições seriadas de 10 -1 a 10 -10 ). O meio PCA foi mantido a cerca de 45° C no banho maria. A inoculação foi realizada da amostra menos diluída (10 -10 ) para a mais concentrada (10 -1 ). Foi transferido 1 ml do tubo de ensaio para a placa de petri esterilizada, acrescentou-se o agar cuidadosamente e, em seguida, realizou-se a movimentação na forma de oito, de forma que as colônias ficassem espalhadas para facilitar na hora da contagem. Todo esse procedimento foi realizado na proximidade de um bico de bunsen, sem ventilação na sala e trabalhou-se com máscaras de proteção para não correr o risco de contaminação do meio. Em seguida, colocou-se as placas na estufa. 3.2.2 Detecção das bactérias cultivadas em laboratório Para detectar a presença das bactérias cultivadas nos trabalhos em laboratório foram preparados os mesmos meios de cultura utilizados e descartados para a verificação da sobrevivência das bactérias cultivadas. Os meios de cultura usados neste procedimento foram o EMB (Eosin Methylene Blue) para detectar Enterococcus e Escherichia coli (E. coli) , e o Sal Manitol para detectar Staphylococcus aureus (Figura 4). Para ambas amostras, a do canteiro que recebeu meio de cultura e a do canteiro que não recebeu meio, foram feita duplicatas com o EMB e com o Sal Manitol (CÂMARA, 2011). Para esse procedimento utilizou-se o frasco contendo a solução de 10 g de solo diluídos em 95 ml, foi realizado a diluição seriada até 10 -2 usando a solução de 0,1% de pirofosfato de sódio. Foi inoculado 0,1 ml da amostra e espalhado com o rodo de drigalski em seguida levado para a estufa à 35º por 48 horas. 16 Figura 04: Do lado esquerdo apresenta o Ágar EMB e do lado direito o Ágar Sal Manitol, Bruno Câmara (2011). Todo esse procedimento seguiu os mesmos parâmetros de assepsia. 3.4 VERIFICAÇÃO DE PH Tanto para o Analisado quanto para o Branco, pesou-se 10 g de uma amostra do solo que foi tirada devidamente de seis pontos difusos no canteiro e peneirada fazendo o uso de uma peneira granulométrica de 2 mesh. Acrescentou-se 25 ml de água destilada e agitou-se constantemente com o auxílio de um bastão de vidro por cerca de 15 minutos. A mistura foi conduzida à um repouso de 1 hora. Após ajustar o peagâmetro, homogeneizou-se a solução, mergulhou os eletrodos e fez a leitura do pH. Esse processo foi feito em triplicata. 17 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS DO LABORATÓRIO E DOS MEIOS DE CULTURA No levantamento de dados feito no laboratório do Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna foi registrado uma autoclave de mesa Digitale do modelo 1.2, com número de série V 211800764127SV, que possue o volume de 20 L, usada tanto para esterilização quanto para descarte, consome 4,4 KW/h. No processo de tratamento de resíduos foi visto que o equipamento opera por 30 minutos por ciclo, durante esse período consta-se o gasto de 2,2 KW. A mesma faz o uso de 2 L de água destilada para iniciar o processo, consumindo 0,5 L por ciclo. Se necessário mais ciclos, o 0,5 L de água destilada devem ser repostos. Após o tratamento dos resíduos a água destilada restante deve ser descartada pois cai em desuso por perda da propriedade de pureza no tratamento. Ao mesmo tempo, o destilador da Marte Científica, que possuio número de série 375324, tem a taxa de consumo de 7 KW/h. O mesmo destila 5,0 L de água por hora, tendo o gasto de cerca de 22 L de água comum para produzir 1 L de água destilada. Uma autoclavagem de um ciclo gasta 2,000 L de água destilada. Para essa produção são gastos 2,8 KW e 44 L de água comum. Os microrganismos cultivados no laboratório de microbiologia do Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna obtido pela pesquisa foram, Staphylococcus aureus , Enterococcus e Escherichia coli , conforme observado na tabela abaixo. Também é evidente que os meios mais utilizados foram: Ágar Citrato (4 placas), Ágar Nutriente (11 placas), Ágar Sal Manitol (5 placas), Count Plate Ágar (80 placas). TABELA 2: Tabela de controle de descarte completa. Data Meio de Cultura Colônia cultivada Quantidade de placas Estudante 24/08 Count Plate Ágar Bactéria do leite 8 Quí. Int. 3B 29/08 Count Plate Ágar Bactéria do leite 30 Quí. Int. 3B 18 05/09 Ágar Sal Manitol _/ /_ 4 Quí. Con. 1 05/09 Ágar Nutriente _/ /_ 7 Quí. Con. 1 05/09 Ágar Citrato _/ /_ 4 Quí. Con. 1 06/09 Ágar Nutriente _/ /_ 4 Quí. Con. 1 06/09 Ágar Sal Manitol _/ /_ 1 Quí. Con. 1 10/09 Count Plate Ágar Bactéria do leite 11 Quí. Int. 3B 12/09 Count Plate Ágar Bactéria do leite 10 Quí. Int. 3B 17/09 Count Plate Ágar Bactéria do leite 11 Quí. Int. 3B 19/09 Count Plate Ágar Bactéria do leite 10 Quí. Int. 3B 4.2 ELABORAÇÃO DOS CANTEIROS No dia 13 de agosto foram construídos os canteiros conforme a figura 5, em seguida utilizaram as mudas de Impatiens walleriana para o plantio. Figura 05: Lado esquerdo canteiros preparados. Lado direito mudas da Impatiens walleriana usadas para o plantio. 19 O primeiro descarte dos meios de cultura foi realizado no mesmo dia que foram plantadas as mudas. Esses meios não foram registrados pois não foram inoculados, portanto, não continham colônias de bactérias (Figura 6). Figura 06: Primeira mistura de meios descartada, extraído de aulas práticas. Com apenas uma semana de trabalho não ocorreram mudanças notáveis. O analisado floresceu mais pois possuía mais botões (Figura 07). Os meios de cultura não interferiram no desenvolvimento da planta até então. 20 Figura 07: Registro do dia 20 de agosto. Lado esquerdo o analisado e do lado direito o canteiro de controle. No dia 11 de setembro, registrou-se uma grande mudança no andamento do trabalho. Por conta da elevada temperatura da região, ambos os solos ficaram secos e rachados, porém, por misturar o meio de cultura com espátulas, o solo do analisado ficou rochoso e formaram-se pedras de terra, o que não possibilitou a retenção da água (Figura 08). A partir de então passou-se a descompactar o solo manualmente com o auxílio de uma espátula. 21 Figura 08: Registro do dia 11 de setembro. Lado esquerdo o analisado e do lado direito o canteiro de controle. No dia 24 de setembro houve uma estabilidade visível entre ambas as plantas, mas os solos apresentaram resultados totalmente diferentes. O analisado ficou inteiramente sedimentado com a formação de pequenas pedras de terra (Figura 09). 22 Figura 09: Registro do dia 24 de setembro. Lado esquerdo o analisado e do lado direito o canteiro de controle. Na primeira semana de outubro, com a alta temperatura e a baixa umidade, ambas as plantas morreram. Porém, acredita-se que por questão de retenção da água, o analisado resistiu menos que o branco. Iniciou-se as análises no laboratório. 23 4.3 ANÁLISE MICROBIANA 4.2.1 Quantificação microbiana No dia 14 de novembro foi realizado a quantificação microbiana do solo. Retornou novamente no dia 16 de novembro para fazer as observações das placas inoculadas. Com as diluições realizadas é notável a aparição de colônias nas placas 10 -2 (com e sem meio), 10 -3 , 10 -4 , 10 -5 , 10 -6 (com meio). As placas selecionadas para a quantificação bacteriana foram 10 -2 (sem meio) e 10 -4 (com meio). TABELA 3: Tabela de resultado da quantificação microbiana. Amostra Diluição N de Colônias (UFC) Branco 10 -2 346 Branco 10 -2 431 Analisado 10 -4 123 Analisado 10 ,-4 182 De acordo com cálculos realizados o resultado da contagem, em média o solo branco (sem recepção do meio de cultura) possui 3,9x10 4 ufc/ml enquanto o analisado possui 1,5x10 6 ufc/ml. Sendo assim, o analisado apresentou um resultado 39 vezes maior que o resultado do branco. O solo analisado apresentou uma grande diferença do branco (solo sem o meio), porém ao comparar com outras pesquisas e trabalhos, tal solo apresenta a quantificação bacteriana comum. Com base nos resultados da pesquisa de Francisco Cleber Sousa Vieira, que usou uma amostra de um Latossolo Vermelho-Escuro argiloso que havia sido cultivado com sorgo granífero e que encontrava-se sem a presença de cultura agrícola no momento da amostragem, o solo analisado uma quantidade de bactérias incomum ( VIEIRA,2000) . Os resultados também foram próximos ao 24 resultados das amostras de solo da pesquisa de Kennedy Fernandes Martins (MARTINS, 2002) Figura 10: Inoculação da amostra do solo sem meio (10 -2 à 10 -4 ). 25 Figura 11: Inoculação da amostra do solo com meio (10 -2 ). Figura 12: Inoculação da amostra do solo com meio (10 -3 à 10 -5 ). 26 . Figura 13: Inoculação da amostra do solo com meio (10 -6 ). 4.2.2 Detecção das bactérias cultivadas em laboratório Fazendo a detecção das bactérias cultivadas, ficou explícito que em ambas apresentavam as mesmas bactérias presentes. Com base nos meios utilizados, a Staphylococcus aureus e a Enterococcus sobreviveram, porém a Escherichia coli não sobreviveu. As bactérias Staphylococcus aureus e a Enterococcus já se encontrava presente no solo, porém em menor quantidade. As que se encontram presentes no solo analisado também foram encontradas presentes no canteiro de controle, mas em uma concentração maior (Figura 16 e 17). Isso pode se dar por conta do descarte sem autoclavagem, ontem às bactérias do meio sobreviveram, ou pela proliferação das que já se apresentavam no solo. 27 Figura 14: Inoculação com o meio Ágar Sal Manitol. 28 Figura 15: Inoculação com o meio Ágar EMB. 29 4.4 VERIFICAÇÃO DE PH TABELA 4: Tabela de resultado da variação de pH. Amostra Branco Analisado Teste 1 6,31 6,11 Teste 2 6,41 6,08 Teste 3 6,34 6,12 Média 6,35 6,10 Na verificação de alteração de potencial hidrogeniônico esperava-se uma grande diferença, o que não se obteve. Ocorreu uma pequena redução no pH do solo, então pode-se deduzir que o descarte dos meios de cultura no sono não interfere muito com relação ao potencial hidrogeniônico. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O primeiro resultado foi obtido na quantificação de bactérias. O resultado obtido apresenta uma diferença discrepante entre o analisado e branco. Tal resultado poderia ser esperado devido a quantidade de microorganismos vivos e matéria orgânica adicionado ao solo. As espécies de bactérias encontradas no solo analisado (com a recepção dos meios de cultura) também foram encontradas no solo de controle (branco, sem recepção dosmeios de cultura). Com isso pode-se concluir que as bactérias podem ter não apenas sobrevivido, mas também proliferado as que já estavam presente 30 anteriormente. Portanto seria interessante para um próximo trabalho analisar o desenvolvimento e a sobrevivência de outras bactérias e pesquisar essa parte de forma mais aprofundada. Em análise a morte das plantas é possível apontar algumas hipóteses, como clima temperado da região onde se encontra o Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna. Outra causa que pode-se destacar é a alta temperatura e a baixa umidade da no mês do ocorrido. Outro fato que pode ter interferido é a falta de água em determinado momento. Como anteriormente estava em clima mais úmido, a quantidade de água que era utilizada na irrigação era o suficiente para suprir. Quando o clima começou a apresentar uma umidade mais baixa e não houve acréscimo na quantidade de água, possivelmente as plantas secaram gradativamente. Com esse método não é necessário uma autoclavagem ao descartar o meio de cultura, com isso há uma economia de energia e água. No caso da energia é economizado cerca de 2,2 KW apenas com a autoclave e mais 2,8 KW do destilador, totalizando uma economia de 5 KW por descarte sem uso de autoclavagem. Em relação a economia de água, os 2 L de água destilada usado na autoclavagem de tratamento de resíduos seria economizada poupando o gasto de 44 L de água comum. Toda essa economia é por ciclo de autoclavagem não feito. Ainda é necessário mais pesquisas para afirmar a certeza na possibilidade de realizar o presente método. Mas ao realizar a presente proposta de método de descarte de meio de cultura em solo de plantas ornamentais a instituição precisará rever quais microrganismos cultivado nos meios que serão descartados para verificar a necessidade de autoclavagem por conta dos riscos que o mesmo trará a saúde. A proposta se aplica a qualquer tipo de instituição que gere este resíduo. 31 6. REFERENCIAL TEÓRICO – APORTE TEÓRICO ALLGAYER, Natacha; RAUPP, Wagner de Aguiar; CANTARELLI, Vlademir Vicente. 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