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08 - Fármacos do SNA - Transmissão Adrenérgica

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Yahanna Estrela 
Medicina – UFCG 
FARMACOLOGIA 
 
TRANSMISSÃO ADRENÉRGICA 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O sistema nervoso autônomo pode ser dividido 
em simpático e parassimpático; 
 É importante para o controle das ações 
involuntárias; 
 Todas as fibras (simpáticas ou parassimpáticas) 
dos gânglios autônomos são colinérgicas, pois 
todos os seus receptores são nicotínicos; 
 O seu principal neurotransmissor é a adrenalina. 
 
 
Qual a diferença entre Adrenalina e 
Noradrenalina? 
A adrenalina, geralmente, é um hormônio 
periférico, produzido pela medula da glândula 
suprarrenal. Já a noradrenalina é um 
neurotransmissor de ação mais central. As duas 
ativam os mesmos receptores (alfa 1, alfa 2, beta 
1, beta 2, beta 3) e promovem as mesmas 
funções, porém, a adrenalina possui mais 
afinidade pelo receptor do tipo beta, quando 
comparada a afinidade ao receptor tipo alfa. Já a 
noradrenalina possui mais afinidade por alfa 
quando comparado com beta. 
Isso explica porque, quando o paciente 
está com choque anafilático, aplica-se adrenalina 
para reverter o quadro e não noradrenalina. Isso 
pois há receptor alfa também, a aplicação de 
noradrenalina ocasionaria necrose. A 
noradrenalina é mais utilizada em pacientes em 
UTI e é escolha em choque séptico. 
Um paciente com overdose por drogas 
excitatórias possui efeitos adrenérgicos. Por isso, 
não se deve utilizar adrenalina. Se fosse uma 
overdose medicamentosa por depressores do 
SNC, por exemplo, identifica-se a droga 
causadora e pode-se utilizar, a depender de qual 
droga for identificada, utilizar adrenalina. Porém, 
o que é feito é manter o paciente vivo, até que se 
tenha suporte para fazer antídoto. 
 
Ação da adrenalina no músculo liso  
relaxamento. Ação da adrenalina no músculo 
esquelético  contração. 
 
AÇÕES DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO 
E PARASSIMPÁTICO 
 
 Geralmente, o sistema nervoso simpático e o 
sistema nervoso parassimpático possuem ações 
opostas; 
 Nos olhos, por exemplo, o SNS atua promovendo 
midríase (dilatação das pupilas) e relaxamento do 
músculo ciliar. Já o SNP atua promovendo miose 
(contração das pupilas); 
 Já no coração, o SNS atua promovendo aumento 
da força de contração e da frequência cardíaca. O 
SNP atua promovendo diminuição da força de 
contração e da frequência cardíaca. 
 
 Porém, podem ter ações semelhantes ou 
sinérgicas, como no caso da atuação nas 
glândulas sudoríparas, que ambos aumentam a 
excreção. 
o Isso ocorre, pois, a fibra pós-ganglionar que 
inerva a glândula sudorípara no SNS é uma 
fibra colinérgica. Então há liberação de Ach, 
ativação de M3 e produção e secreção de suor. 
 
 Nos órgãos sexuais a atuação é complementar. O 
SNS promove a ejaculação e o SNP promove a 
ereção, que depende do NO. 
 
 
 
EFEITOS DA TRANSMISSÃO SIMPATICA 
SNC 
Aumento do estado de 
alerta e da atividade 
motora. 
BRÔNQUIOS Broncodilatação. 
PELE Transpiração 
FÍGADO 
Gliconeogênese e 
glicogenólise 
PÂNCREAS Redução da liberação de 
insulina 
TGI 
Redução do fluxo sanguíneo 
e diminuição do 
peristaltismo (relaxa m. 
liso) 
OLHOS 
Midríase e relaxa m. ciliar 
(aumenta pressão 
intraocular) 
CORAÇÃO Aumento da FC e força de 
contração. 
TEC. ADIPOSO Lipólise 
BEXIGA 
Relaxamento do m. 
detrusor (retenção) 
M. ESQUELÉTICO 
Aumento do fluxo 
sanguíneo, gliconeogênese 
e aumento da atividade de 
luta e fuga 
VASOS 
Vasodilatação da 
musculatura esquelética 
(receptor B2 e liberação de 
NO) e Vasoconstrição de 
pele, mucosa e vísceras 
(receptor A1) 
 
 
SÍNTESE, ARMAZENAMENTO, LIBERAÇÃO 
DE ADRENALINA/NORADRENALINA 
 
 
 
 A síntese tem início com a entrada de um 
aminoácido, a L-tirosina, no neurônio/célula; 
 A L-tirosina, dentro do neurônio, é convertida em 
L-dopa, pela enzima tirosina hidroxilase, que é 
principal enzima tendo em vista que ela regula a 
velocidade de síntese de adrenalina e 
noradrenalina; 
 A L-dopa é convertida em dopamina, por meio da 
enzima dopa-descarboxilase; 
 Após, imediatamente, a dopamina entra dentro 
da vesícula pela VMAT, convertendo-se em 
noradrenalina, por meio da enzima dopamina-
beta-hidroxilase. 
o Se for no SNC: a noradrenalina entra dentro 
de vesículas → chega potencial de ação → 
despolarização → abertura dos canais de 
cálcio → entrada de cálcio → exocitose das 
vesículas → noradrenalina é liberada → 
ocorre ativação dos receptores adrenérgicos 
acoplados a proteína G (α1 (Gq), α2 (Gi), β1 
(Gs), β2 (Gs) e β3 (Gs)). 
o Se for na periferia (medula da suprarrenal): a 
noradrenalina ainda será convertida em 
adrenalina, através da enzima 
feniletanolamina N-metiltransferase (PNMT), 
para que seja liberada pela medula da 
suprarrenal quando houver um estímulo. 
 
 Após ativar seus receptores, a noradrenalina 
sofre o processo de recaptação, que é a volta do 
neurotransmissor para dentro do neurônio pré-
sináptico, para que seja degradado e inativado 
pela enzima MAO (Monoamina oxidase). 
o MAO A: degrada noradrenalina e serotonina; 
o MAO B: degrada dopamina. 
 
 A metabolização do neurotransmissor também 
pode ser feita pela COMT (catecol o-
metiltransferase). 
 A proteína que faz o processo de recaptação da 
noradrenalina é chamada de NET (transportador 
de Noradrenalina). 
 
 
 
RECEPTORES ADRENÉRGICOS 
 
 Os principais tipos de receptores adrenérgicos 
são: alfa1, alfa2, beta1, beta2 e beta3. 
 
 Eles estão distribuídos em vários tecidos e órgãos 
e podem produzir respostas estimulatórias ou 
inibitórias. 
o Alfa1, beta1, beta2 e beta3  
estimulatória; 
o Alfa2  inibitória. 
 
 Os agonistas adrenérgicos produzem as mesmas 
respostas. Já os antagonistas adrenérgicos 
produzem efeitos contrários. 
 
 
Curiosidade a nível de SNC 
 
Os principais receptores que se encontram 
no tecido pós-sináptico são alfa1, beta1, beta2 e 
beta3. No neurônio pré-sináptico está o alfa 2 
(acoplado a Gi  inibitório), visto que ele 
funciona como mecanismo de feedback negativo. 
Ou seja, quando há ↑Noradrenalina na fenda 
sináptica, ocorre ativação de alfa2 para que haja 
diminuição de noradrenalina. 
o Ativação de alfa 2  inibição de AC  
diminuição de AMPc  fecha canal de cálcio 
 diminui entrada de cálcio  diminui 
exocitose de vesículas com noradrenalina. 
 
 
 
ALFA 1 
 Localizado nos vasos sanguíneos de vísceras, pele 
e mucosas (vasoconstrição), coração, m. liso 
vascular e m. dilatador da pupila. 
 É excitatório e acoplado a Gq / ↑PLC / IP3 e DAG. 
 Promove vasoconstrição, proliferação celular 
(próstata) e dilatação da pupila. Além disso, 
promove fechamento/contração de esfíncteres. 
 
 
ALFA 2 
 Localizado nas terminações nervosas pré-
sinápticas, plaquetas, adipócitos e células beta-
pancreáticas. 
 É inibitório e acoplado a Gi / inibe AC / ↓ AMPc 
 Atua na redução da liberação de NA (feedback 
negativo), na agregação de plaquetas e inibe 
lipólise, além de diminuir a liberação de insulina. 
 
 
BETA 1 
 Localizado no coração e nas células justa 
glomerulares. 
 Excitatório e acoplado a Gs / ativa AC / ↑ AMPc. 
 Promove aumento da força de contração e da 
frequência cardíaca; induz a liberação de renina, 
ativando sistema renina-angiotensina-
aldosterona. 
 
 
BETA 2 
 Localizado no músculo liso, brônquios, útero, TGI, 
bexiga, fígado e músculo esquelético. 
 É excitatório e acoplado a Gs / AC / ↑ AMPc. 
 Promove relaxamento do músculo liso, aumento 
da glicemia (glicogenólise), contração do músculo 
esquelético (tremor), faz vasodilatação, 
broncodilatação, diminui a liberação de 
histamina, também promove gliconeogênese, 
glicogenólise. 
 
 
BETA 3 
 Localizado nos adipócitos. 
 Excitatório e acoplado a Gs / AC / ↑ AMPc 
 Promove lipólise (atuação da lipase). 
 
 
FARMACOLOGIA ADRENÉRGICA 
 
 Agentes simpatomiméticos: são medicamentos 
que irão mimetizar (reproduzir) a ação do sistema 
nervoso simpático. 
o Direta: Agonistas (ativam receptor); 
o Indireta: fármacos/drogas que aumentam os 
níveis de adrenalina ou noradrenalina por 
outros mecanismosque não a ativação direta 
do receptor. 
 
 Agentes simpaticolíticos: são medicamentos que 
irão bloquear a ação do sistema nervoso 
simpático. 
o Direta: Antagonistas (bloqueiam o receptor). 
o Indireta: fármacos/drogas que bloqueiam 
alguma etapa na síntese ou liberação, não 
atuam no receptor.

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