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ASPECTOS PSICOLÓGICOS E COMPORTAMENTAIS DA ALIMENTAÇÃO

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ASPECTOS PSICOLÓGICOS E COMPORTAMENTAIS DA ALIMENTAÇÃO 
Onélia Aparecida Santiago
William Charles Degering
Rita Kroth
RESUMO
 O objetivo deste trabalho é abordar aspectos psicológicos e comportamentais referentes à alimentação humana. Sabemos que comportamento alimentar é definido como o resultado da interação entre o consumo alimentar e seus diversos determinantes e influências, (TORAL, 2006). A alimentação, diferentemente da nutrição, é influenciada por diversos fatores ainda na infância, como marketing de alimentos, convívio familiar e questões Biopsicossociais que continuam por influenciar ao longo da vida adulta.
	No campo da Alimentação e Nutrição, o comportamento alimentar aparece, na maioria das vezes, relacionado aos aspectos biológicos, psicológicos e sociais, causadas por questões econômicas, sociais e demográficas, que consequentemente influenciam no perfil de saúde dos indivíduos.
Objetiva-se, neste ensaio, entender a influência desses aspectos no comportamento e causa da obesidade justamente por esta ter influência avassaladora sobre doenças correlacionadas em constante crescente, onde destaca-se como uma das maiores discussões acerca dos comportamentos alimentares à luz das Ciências.
 Muitos estudos visam analisar a relação comportamento x alimento x psicológico. Os resultados evidenciam que indivíduos obesos, por exemplo, possuem comportamentos de restrição calórica prolongada e compulsão alimentar causando em parte, o maior fracasso destas pessoas no tratamento deste problema.
 Conforme o aumento de doenças crônicas causadas pela obesidade e sobrepeso o sinal de alerta foi ligado nesse sentido. Desta forma iremos analisar como foco principal deste, as principais causas da obesidade e sobre peso e apresentar algumas medidas que possam prevenir e tratar esse problema, como por exemplo, a criação de programas para incentivo de práticas de atividades físicas e reeducação alimentar.
INTRODUÇÃO
 A palavra ‘comportamento’ tem origem latina: porto, que significa levar. Em português passou à forma reflexiva “portar-se”, que trata-se do conjunto de ações do indivíduo com base nas informações recebidas, que são caracterizadas através da mudança, do movimento ou da reação de qualquer entidade ou sistema em relação a seu ambiente ou situação. Conceito que pode ser complementado pela ideia de Aurélio (2008), que traz a definição de comportamento, como a maneira de se comportar, procedimento, conduta, ato.
Carvalho et al. (2013), definem comportamento alimentar como todas as formas de convívio com o alimento, semelhante ao conceito de Garcia (1999), de que comportamento alimentar refere-se a atitudes relacionadas às práticas alimentares em associação a atributos socioculturais, como os aspectos subjetivos intrínsecos do indivíduo e próprios de uma coletividade, que estejam envolvidos com o ato de se alimentar ou com o alimento em si. Para Matias et al. (2010), Philippi et al. (1999), o comportamento alimentar é um conjunto de ações relacionadas ao alimento, que começa com a decisão, disponibilidade, modo de preparo, utensílios, horários e divisão das refeições e encerra com a ingestão.
Nesta compreensão também estão intrínsecos, no comportamento alimentar, aspectos biopsicosociais que abordam o Biológico, o Psicológico e o aspecto Social do indivíduo que considera desde grau de instrução, valores e crenças, como composição familiar e influencia da mídia e amigos.
Desde a última metade do século XX, em decorrência da urbanização e modernização, o mundo vem passando por um processo chamado transição nutricional. A transição nutricional é caracterizada pelo declínio marcante da subnutrição e aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade. Essa mudança foi causada por questões econômicas, sociais e demográficas, que consequentemente influencia no perfil de saúde dos indivíduos.
Esta transição trouxe um aumento relevante no número de pessoas com obesidade e sobrepeso nos últimos anos, que se torna agora o maior objeto de atenção. O anormal excesso e grande acúmulo de gordura é considerado, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um problema grave de saúde pública. As doenças ligadas à obesidade e sobrepeso podem ocasionar um grande risco à saúde da população. Estas doenças em sua maioria são chamadas de doenças crônicas que incluem, por exemplo, Diabetes tipo 2, Hipertensão Arterial, AVC, doenças renais, cardiovasculares, câncer, entre outras. 	
Além de danos físicos, em muitos casos ter um mau comportamento alimentar pode estar relacionado à incidência de distúrbios de aspectos psicológicos como, por exemplo, ansiedade, depressão, transtornos alimentares, baixa autoestima e imagem corporal distorcida. 
 Os fatores psicológicos podem também gerar influências diretamente no comportamento alimentar, como a depressão, ansiedade e tensão. Esses fatores podem ser identificados como ativadores da compulsão alimentar. Indivíduos com esse padrão alimentar apresentam, além da ansiedade e depressão, mais frequentemente sentimentos de repulsa a forma corporal, preocupação somática, estresse e prejuízo em suas relações interpessoais.
 A obesidade e o sobrepeso são considerados um problema enfrentado em diversos países, independente da renda que possua esta população. Segundo pesquisas, a taxa de obesidade vem crescendo de forma relevante nos países de baixa e média renda, em especial lugares com áreas urbanas, desta forma atingindo índices avaliados como doenças epidêmicas. 
As principais razões que justificam esse aumento significativo podem estar relacionadas à inatividade física da população e a uma maior ingestão de alimentos altamente calóricos carregados de energia vazia, hiperpalatáveis, e com presença constante e em grande quantidade de: gordura, sal, açúcares e deficitários em vitaminas, minerais e dentre outros. 
 Medidas preventivas são necessárias para promover uma relação saudável com os alimentos, entendendo o momento alimentar com propósito, afinal “todo comportamento é precedido por um pensamento, que vai gerar o nosso estado. O nosso pensamento, tanto consciente quanto inconsciente, precede cada ação”, Freud.
Entre estas medidas estão ações que estimulem modificações efetivas no estilo de vida, nos padrões alimentares e de atividade física, mas também a compreensão sobre o comer intuitivo, a fome real e o comer com atenção plena. O que nesse contexto, nos faz considerar os altos índices de doenças relacionadas à obesidade e sobrepeso no Brasil e no mundo, o que acaba por tornar relevante e necessário promover práticas de saúde baseadas em modelos eficazes. 
Iremos apresentar algumas intervenções em grupo que podem ser alternativas que estimulam e motivam a população à mudança de comportamento alimentar para uma vida mais saudável.
Palavras-chave: Obesidade. Medidas Preventivas. Sobrepeso. Comportamento. 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
 Na perspectiva do pensamento complexo, o comportamento alimentar se desloca de ação condicionada para uma extensão que comporta as dimensões sociocultural, subjetiva e individual, consciente e inconsciente onde devemos considerar a influência Biológica do comportamento alimentar, mas também a psicológica e a social.
	O comportamento alimentar é multideterminado e somente uma análise psicobiológica é capaz de abordar as interações entre os fatores fisiológicos, psicológicos, genéticos e condições ambientais de um indivíduo. Assim, a capacidade para controlar a ingestão requer mecanismos especializados para harmonizar informações fisiológicas do meio interno com informações nutricionais do ambiente externo. Dentre os fatores externos merece destaque a questão ligada à propaganda de alimentos e a influência cada vez maior da mídia na determinação da dieta dos indivíduos de países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
 Na parte psicológica podemos citar como um dos principais problemas, o transtorno alimentar. O mesmo pode trazer consequências graves para a saúde do individuocomo problemas renais, cardíacos e até a morte. Em geral, surge normalmente na adolescência e está ligado a fatores já citados como ansiedade, depressão e alguns casos, uso de drogas ilícitas. Exemplos clássicos de TA são: a Anorexia, que se caracteriza pela visão de excesso de peso do individuo, mesmo ele estando com baixo peso ou desnutrido; A Bulimia que possui episódios de compulsão alimentar onde o individuo consome uma grande quantidade de comida e após, surgem comportamentos compensatórios como o uso medicamentos diuréticos, força excessiva para vomitar, uso de laxantes, etc; Pouco divulgada, a Ortorexia também é um transtorno alimentar e é caracterizada por preocupação excessiva em consumir alimentos saudáveis. O excessivo cuidado com calorias e com o alimento prejudica a vida social do individuo; Outro distúrbio alimentar, mas raro, é a Sindrome de Gourmet, que tem como característica a preocupação extremadamente elevada com a preparação dos alimentos. As pessoas com esse distúrbio passam horas na cozinha se preocupando por exemplo, com a beleza de um prato; Para finalizar os principais TA, está a compulsão alimentar que forma a tríade junto com a Anorexia e a Bulimina. É um problema que tem como característica literalmente o exagero. São ataques súbitos de fome, mas sem nenhuma forma de tentativa compensatória depois.
	No aspecto biológico podemos citar genética e epigenética, ciclos da vida, metabolismo e estímulos externos, fisiologia, patologias, digestão e absorção. Já no aspecto psicológico deve-se considerar desde relacionamentos, espiritualidade, auto imagem, idade, emoções como decepções, ansiedade e medo, bem como a personalidade se é adaptativa submissa ou defensiva. O estilo alimentar também deve ser considerado. Contudo, no aspecto social parte-se para a compreensão do grau de instrução, recursos financeiros, influencia de amigos, mídia, crenças e valores, bem como estilo de vida e até o local em que são feitas as refeições, tudo isso deve ser considerado na hora de uma avaliação de comportamento. 
Quando consideramos estes aspectos e buscamos referências no campo das Ciências Humanas e Sociais, numa tentativa de encontrar um caminho para o controle dos desejos e impulsos, e assim melhor entendermos escolhas e comportamento, nos deflagramos com o preocupante aumento de pessoas obesas neste século. 
Sabemos que a sociedade moderna está sujeita a problemas de saúde diretamente relacionados ao ‘transporte’ de tecido adiposo. Esses problemas vão desde artrite, dores e incômodos, distúrbios do sono, dispnéia aos esforços leves e suor excessivo até estigmatização social e discriminação, todos os quais podem contribuir para a baixa qualidade de vida e depressão. Segundo Lawrence e Kopelman (2004, p. 296) “As consequências médicas mais sérias da obesidade são o resultado de alterações endócrinas e metabólicas, principalmente diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares e aumento do risco de câncer”.
 De acordo com pesquisas efetuadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2008, a obesidade dobrou na esfera mundial desde a década de 1980. Em 2008, cerca de 1,5 bilhão de adultos com mais de 20 anos apresentavam sobrepeso. Conforme dados da pesquisa, cerca de 200 milhões eram homens e quase 300 milhões eram mulheres. A pesquisa alerta que cerca de 65% da população mundial vivem em países onde a obesidade e sobrepeso matam mais, do que as pessoas com baixo peso. 
 Em nosso país, o excesso de peso também vem apresentando dados preocupantes nas últimas décadas. De acordo com pesquisas efetuadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2008, os casos de obesidade e sobrepeso afetaram aproximadamente metade dos homens e mulheres no Brasil. As regiões que mais se destacaram foram Sudeste, Sul e Centro­Oeste e nos domicílios urbanos. 
Imagem 1 – Evolução de indicadores antropométricos na população de 5 a 9 anos de idade, por sexo. Brasil – períodos 1974-75, 1989 e 2008-2009
Fonte: Disponível em: http://obesidadenobrasil.com.br/estatisticas/	
 A imagem 1 representa uma pesquisa da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) e escancarou uma grande alta no número de crianças de 5 a 9 anos com sobrepeso durante 34 anos: nos anos de 2008 e 2009, 34,8% dos meninos apresentavam sobrepeso. Em 1989, este índice era de 15%, contra 10,9% em 1974-75. Nas meninas, não mudou muita coisa: de 8,6% na década de 70, saltou para 11,9% no final dos anos 80 e chegaram aos 32% nos anos de 2008 e 2009. A pesquisa mostra ainda que o excesso de peso também aumentou significativamente. Entre os meninos de 5 á 9 anos em famílias com menor renda, o números passaram de 8,9% em 1989 para 26,5% em 2008/2009. Em famílias de maior renda, os números foram de 25,8% para 46,2% no mesmo período. 
 Com este crescente problema, a OMS criou em 2008/2013 um plano global para prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis, criando uma estratégia para ajudar milhões de pessoas pelo mundo fazendo com que as mesmas saibam lidar com essas doenças e prevenir complicações secundárias das mesmas. O plano de ação visa criar políticas e alternativas para o controle global sobre atividade física, alimentação e saúde em um contexto geral. Conforme a OMS, o apoio político em áreas da agricultura, transportes, marketing, meio ambiente, educação e principalmente saúde são fatores importantíssimos para promover mudanças no comportamento e em geral, no estilo de vida das pessoas no mundo.
 No Brasil como parte desta estratégia mundial, o Ministério da Saúde promoveu em 2008 o Guia alimentar para a população brasileira com recomendações ditadas pela OMS. Entre essas recomendações, está limitar a ingestão vinda de gorduras, trocar as gorduras saturadas por insaturadas e eliminar as gorduras trans (hidrogenadas), aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras, cereais integrais e leguminosas, diminuir a ingestão de açúcar refinado e sal.
 Apesar de todas as informações sobre o problema que acarretam as doenças crônicas não transmissíveis serem muito divulgadas nos últimos anos, DiMatteo (1994, p. 271) diz que apenas 25% dos pacientes adere a um estilo de vida mais saudável. Um dos principais motivos para essa baixa adesão, é a falta de conhecimento das pessoas sobre o assunto, dessa forma, gerando a falta de interesse na mudança. Isso parte diretamente na inadequação das estratégias utilizadas no tratamento destas doenças. 
 O excesso de peso ou quaisquer transtornos alimentares raramente possuem uma justificativa simples ou evidente, o que implica em diversos tratamentos que nem sempre promovem grandes resultados, portanto deve ser abordado de maneira multidisciplinar. Por este motivo é necessário o tratamento com o profissional de saúde especializado e capacitado para efetuar uma avaliação profunda e conduzir uma intervenção de várias áreas, como nutrição e psicologia nas suas diversas especialidades, de acordo com as individualidades de cada paciente. Com esta avaliação é possível promover um tratamento em segurança, eficaz e duradouro. Desta forma também pode-se avaliar e tratar a presença de perturbações do comportamento alimentar, como por exemplo, anorexia, bulimia, obesidade ou sobrepeso.
 As Intervenções em grupo interdisciplinar com foco em mudança de hábitos, conhecimento dos sintomas e com construção de competências relacionadas à saúde e qualidade de vida da população podem proporcionar motivação e auto eficácia dos indivíduos no tratamento, além de terem um baixo custo. 
De acordo com Sharovsky, Perez, Romano e Lopes (2004, p. 2), “a intervenção grupal melhora o funcionamento psíquico do paciente. Mesmo nos casos em que o tratamento de escolha para obesidade foi prioritariamente farmacológico, a inserção de grupos voltados para mudança do estilo de vida impôs maior emagrecimento dos pacientes” (apud FRANÇA, BIAGINNI, MUDESTO e ALVES, 2012, pag. 1).
 Alguns estudos científicos corroboram que esse tipo detratamento em doenças causadas por má alimentação, como por exemplo, um estudo longitudinal realizado em 2010 (Cezaretto, 2010), que foi feito com pessoas pré-diabéticas e/ou portadoras de síndrome metabólica, que tinha como objetivo avaliar se haveria melhora na qualidade de vida destes indivíduos com intervenções interdisciplinares em grupos. Os participantes eram acompanhados com um Endocrinologista e um Nutricionista em determinados períodos de tempo. Foram realizadas 13 seções de intervenções em grupo psicoeducativo interdisciplinar, ultilizando material educativo, informativo, além de dinâmicas em grupo e instrumentos psicométricos (teste de raciocínio lógico, questionário de avaliação psicológica, escala Beck, palográfico, etc). 
 Outro estudo parecido, (Santos, 2010), avaliou os efeitos de um programa interdisciplinar em grupo para mudança de comportamento alimentar. Neste grupo, o acompanhamento foi de um Psicólogo e um Nutricionista e foram realizadas oito seções utilizando técnicas comportamentais cognitivas (Psicoeducação, Questionamento socrático, Técnicas de exposição, Enfrentamento do estresse, etc.).
 Ambos os estudos tiveram resultados satisfatórios reduzindo sintomas depressivos e de compulsão alimentar, trouxe vários benefícios metabólicos melhorando a qualidade da alimentação e o conhecimento sobre o próprio hábito alimentar.
 Dentro desse contexto, é extremamente necessário criar e introduzir práticas de saúde em modelos eficazes e as intervenções em grupo são opções que podem levar o individuo á mudança de comportamento alimentar os estimulando e motivando para levarem uma vida mais saudável. Os altos índices de doenças causadas e/ou relacionadas com a obesidade e sobrepeso no Brasil e pelo mundo provam a urgência que temos para mudar esse cenário com novas técnicas de tratamentos visando o comportamento das pessoas.
METODOLOGIA
 A presente pesquisa descritiva objetivou, que os aspectos nutricionais e psicológicos podem gerar mudanças no comportamento alimentar e modificar o estilo de vida dos pacientes. Esse tipo de tratamento psicoeducativo e terapêutico vem apresentando grande eficácia. Sabemos que fatores psicológicos também podem afetar o comportamento alimentar das pessoas, causando vários problemas, onde trazemos material com enfoque voltado a obesidade e sobrepeso.
 Nosso trabalho traz essa tônica por considerarmos o aumento deste transtorno nos últimos anos, ligando alerta para uma situação crítica e pandêmica no Brasil e no mundo. A obesidade e o sobrepeso são as causas principais de várias doenças crônicas não transmissíveis e vem afetando a vida de milhões de pessoas no mundo. 
 Na pesquisa apresentada analisamos alternativas que podem estimular e motivar os indivíduos a promover mudanças em seu comportamento alimentar para uma vida mais saudável. Dessa forma, buscou-se uma observação quantitativa analisando os dados globais do e os impactos imediatos que o tratamento comportamental pode gerar de benefícios para este problema.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
 A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, aproximadamente cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos. Este é um problema relevante no mundo, inclusive no Brasil. Estar acima do peso pode acarretar diversas complicações para saúde, inclusive doenças graves. Obesidade e sobrepeso devem despertar atenção de todos. Independente da idade, esses fatores devem ser observados e acompanhados por profissionais da saúde. 
Em alguns casos somente dieta e exercícios físicos podem não ser eficazes no tratamento de obesidade e sobrepeso. Assim surge uma nova abordagem da nutrição junto a Psicologia, o tratamento com uso de fatores nutricionais e psicológicos. Os estudos longitudinais apresentados neste trabalho confirmam a eficácia de tratamentos realizados por uma equipe multiprofissional, por meio de estudos psicoeducativos, como forma de modificar o estilo de vida e obter respostas terapêuticas mais eficazes nestes problemas.
CONCLUSÃO
 Segundo Toral e Slater (2007, p. 1643) “acredita-se que à medida que se conhecem melhor os determinantes do comportamento alimentar, seja de um indivíduo ou de um grupo populacional, aumentem as chances de sucesso e o impacto de uma ação de promoção de práticas alimentares saudáveis”. Entretanto, a nutrição comportamental não é apenas utilizada como fonte de estratégias e intervenções nutricionais, deve-se compor, primeiramente, uma abordagem mais ampliada com características multiprofissionais, envolvendo o psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional e um profissional de educação física. É pertinente destacar que essa proposta multiprofissional, de acordo com Backes et al. (2014), tem sido veiculada como uma proposta ousada que se contrapõe ao intenso processo de especialização disciplinar; assim, ao invés de saberes hiperespecializados, voltados para perspectivas fragmentadas do ser humano, aposta-se nos pressupostos da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, com enfoque na integração de dois ou mais componentes disciplinares, de saberes-fazeres e profissionais da área da saúde na construção do conhecimento e da promoção a saúde, ou seja, um cuidado em saúde que vise o ser humano nas suas múltiplas dimensões, valorizando a sua qualidade de vida, nesse caso a partir das escolhas, do seu processo de alimentação, do seu comportamento ante os alimentos. 
A Psicologia do comportamento alimentar é uma área do conhecimento que promove a união de diversas ciências, como a Saúde, a Nutrição e os conhecimentos de neurociência. Quando fala-se de tratamento, ele tenta compreender o padrão e alterar os pensamentos e crenças dos pacientes sobre a sua própria alimentação. Entende­se que a maneira como o paciente interpreta sua experiência pode gerar influência na resposta emocional e no comportamento que culminam em hábitos ruins, o que claramente pode levar a vários transtornos alimentares. Analisar e promover melhorias na relação do indivíduo sobre questões alimentares, com enfoque nos aspectos comportamentais e suas implicações, é o grande desafio.
O tratamento tem como objetivo trabalhar de forma integrativa e humanizada, de acordo com a maneira que o indivíduo se relaciona com o seu corpo e sua alimentação de forma multidisciplinar. Promover mudanças de hábitos alimentares de forma permanente e sustentável, sem dietas restritivas e excesso de exercícios é um caminho viável. O tratamento junto a psicologia tem como foco o comportamento alimentar disfuncional, que pode ser aplicado em pacientes obesos e com sobrepeso ou até mesmo em pacientes com anorexia, bulimia e outros tipos de doenças de transtorno alimentar.
“A alimentação será sempre acompanhada por um contorno emocional, que deve ser considerado e avaliado ao se tentar compreender o comer. A Psicologia considera que o comer é um processo relacional carregado de intenso significado emocional, e que há forte relação entre alimentação e afetividade” (ARAÚJO, 2004). 
Portanto, ao problematizar o modo simplificado como essa questão vem sendo abordada, busca-se no paradigma de sua complexidade, elementos para entender a relação entre comportamento e obesidade, considerando formas de entendimento oriundas de outros campos do saber que não se reduzem à lógica simplificadora da ciência positivista tradicional.
Unindo a psicologia e a nutrição entendemos que é possível, por meio dos seus conceitos e objetivos, identificar nos atributos pertencentes a cada uma delas uma complementaridade. Os pontos apresentados demonstram como essas áreas se relacionam de modo essencial, ampliando o espectro da nutrição saindo do reducionista discurso do que deve­se ou não comer, para então estabelecer a compreensão dos motivos que levam as pessoas a um comportamento adequado a sua individualidade, o que vem para auxiliar àqueles que já estão sofrendopor comorbidades, especialmente os vitimados pela obesidade. 
REFERÊNCIAS 
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Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (NTR0024) – Prática do Módulo V – 01.06.2020.
Prof.ª Patrícia Frares da Rosa dos Santos, Blumenau, SC.100105541@tutor.uniasselvi.com.br

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