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História do Pensamento Econômico - Alexis Saludjian - Prova 1

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UFRJ – Rio, 24/06/2013
 A prova do Alexis se resume a 4 questões divididas em 2 blocos, com 2 questões por bloco.
 O aluno deverá escolher uma questão de cada bloco e responde-la.
 O primeiro bloco da primeira prova consiste em duas questões para relacionar os autores clássicos (Smith, Ricardo e Marx). 
 O segundo bloco consiste em duas questões para relacionar os autores utilitaristas (Condillac, Bentham e mais dois que eu esqueci).
 Enfim, eu li todos os textos necessários para fazer esse resumo e creio que está bem completo.
Boa sorte na prova. 
Abs
Adam Smith
 Smith elabora sua obra "Riqueza das Nações" em um contexto de nascimento da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, a qual consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Ao longo do processo, a "era da agricultura" foi ultrapassada, o trabalho humano cedeu espaço gradativamente às máquinas e uma nova relação capital-trabalho se impôs. O liberalismo econômico se difundiu em grandes proporções entres as nações, vinculado à política de acumulação de capital. Doravante, o capitalismo tornar-se-ia o sistema econômico vigente.
 
 No alicerce de sua obra, Smith se opõe à tese dos fisiocratas, negando a esterilidade do trabalho industrial. Contudo, está longe de desprezar a agricultura, sendo afirmada como a mais útil para a sociedade. A eliminação do conceito de esterilidade da indústria irá permitir uma interpretação mais satisfatória do funcionamento do sistema capitalista.
 
 Partindo do princípio que a divisão do trabalho é a fonte do enriquecimento das nações, Smith afirma que a divisão do trabalho nasce de uma propensão natural a troca dos indivíduos. Com a divisão do trabalho, há um aumento da produtividade, devido a três causas: a especialização dos trabalhadores, a economia de tempo e a utilização de máquinas. 
 Antes de Smith, o valor dos bens era definido basicamente por sua utilidade. Ao romper com essa visão, Smith considera dois valores existentes: valor de uso e valor de troca. O valor de uso de um bem está ligado à sua utilidade. O valor de troca é a faculdade que a posse do objeto dá de comprar com ele outro objeto (paradoxo da água-diamante). A troca das mercadorias é a troca do trabalho necessário para a produção das mercadorias.
 Porém, Adam Smith admitiu o trabalho como determinante do valor de troca apenas nas economias pré-capitalistas. No capitalismo, o preço passou a ser determinado por três componentes: salário, lucro e renda da terra.
 O salário corresponde ao que é necessário para que o operário possa assegurar a sua subsistência e de sua família. O salário é largamente condicionado pela situação do mercado de trabalho (jogo de oferta e demanda).
 O lucro é um adiantamento sobre o valor criado pelo trabalho e é proporcional ao valor do capital empregado na produção. O valor que os operários acrescentam à matéria prima decompõem-se em duas partes, uma das quais paga os salários, e a outra os lucros que o capitalista recebe. A taxa de lucro, i.e, a relação entre o lucro e o capital investido, tende a ser a mesma para todos, dado que o capitalista procura colocar os seus fundos onde eles rendem mais.
 Trabalho Comandado x Trabalho Incorporado: Smith diferencia que o trabalho incorporado em uma mercadoria (o seu custo de produção em termos de salários), era inferior ao "trabalho comandado" (aquilo que a mercadoria podia, uma vez vendida, "comprar" em termos de horas de trabalho). Para Smith, esta discrepância é que explicava a existência do lucro, mas não suas causas.
 A renda da terra corresponde à diferença entre o preço da colheita e a soma dos salário e dos lucros que devem ser pagos para obter essa colheita. Tal diferença é cedida ao proprietário pela concessão de sua terra para o rendeiro.
 
 O capital permite aumentar a produtividade com a D.T. Mas permite também aumentar o número de trabalhadores produtivos, permitindo um aumento da produção nacional. A poupança abundante e a liberdade das trocas são as condições necessárias e suficientes do crescimento econômico.
 Smith defende a ideia que o comércio externo é de suma importância para o progresso econômico. Analisa de forma precisa como o comércio colonial é um estimulante essencial para o desenvolvimento da indústria inglesa. O comércio encoraja a Inglaterra a aumentar continuamente o seu excedente de produção, aumentando o trabalho produtivo.
 Smith acredita que os mercados externos apenas retardarão a vida do momento inevitável em que se atingirá o estado estacionário.
David Ricardo
 Apoiando-se nos trabalhos de Smith, Ricardo reformulou a Teoria do Valor-Trabalho e apresentou uma reflexão original sobre a repartição da renda, dos lucros e dos salários.
 
 Ricardo afirma que embora todas as mercadorias que tinham valor tivessem que ter utilidade, caso contrário não poderiam ser colocadas no mercado, a utilidade não estabelecia o valor. Possuindo utilidade, as mercadorias recebem seu valor de troca de sua escassez e da quantidade de trabalho necessária para sua obtenção. Sua teoria do valor só se interessava pelas mercadorias que podiam ser reproduzidas livremente. Portanto, não acreditava que os produtos de luxo não reprodutíveis tivessem qualquer importância para a determinação das leis que afetam a distribuição.
 Ricardo formula sua teoria do valor baseada no trabalho incorporado, que é a combinação do trabalho direto necessário para produzir uma mercadoria (a habilidade do trabalhador) e o trabalho indireto (contido nas ferramentas, máquinas e outros).
 Ricardo formula sua teoria semelhante à de Smith, afirmando que o preço das mercadorias eram proporcionais ao trabalho nelas empregado durante o processo produtivo. Porém, diferente de Smith, Ricardo achava que sua teoria era válida tanto para a sociedade capitalista tanto para o estado primitivo da sociedade.
 
 À respeito de sua teoria de distribuição:
 A renda dependem da maior ou menor fertilidade da terra. O seu peso no rendimento depende das condições de produção. Quem trabalha em melhores condições paga mais renda, contudo, quem acabava por pagar essa renda, era na realidade o consumidor final. Ao contrário de Smith que acreditava que a Renda era a diferença entre o Rendimento e o Somatório dos Salários e dos Lucros.
 O salário corresponde ao que é necessário para que o operário possa assegurar a sua subsistência e de sua família (mínimo vital). De acordo com o princípio da variabilidade do salário natural, Ricardo afirma o salário natural tende a elevar-se. Ricardo explica essa tendência se utilizando do conceito de bem estar. Uma vez que o progresso tecnológico vai se expandindo, o preço dos considerados bens de luxo em um determinado tempo diminui, tornado-os mais baratos e satisfazendo as necessidades do trabalhador.
O salário a preço corrente varia em função da oferta e da procura por trabalho, pelo jogo do mercado. 
 O Lucro não é nada mais que do que resta nas mãos do capitalista, uma vez pagas as rendas e os salários. Caso um agricultor seja detentor das Terras, ganha o Lucro e a Renda.
Sendo as Rendas Fixas, os importantes, quanto mais baixos sejam os salários.
 A base da teoria de Ricardo é o crescimento demográfico populacional em virtude da acumulação do capital. O crescimento obriga o início da utilização de terras menos férteis. Com isso, o montante de renda aumenta, diminuindo os lucros.
 Por causa desta lei, o crescimento fica ameaçado. Quanto maior for a taxa de lucro, menor será o incentivo para o investimento. Mais cedo ou mais tarde, o Rendimento Nacional parará de crescer, atingindo-se uma fase estacionária.
 Ricardo sugere duas formas de retardar esta fase estacionária: 1) mecanização e descobertas agronômicas que aumentam o rendimento das terras 2) importação livre de produtos agrícolas estrangeiros.
 Ricardo distingue dois tipos de preços: o preço natural e o preço corrente. O preço natural corresponde aos custosde produção (trabalho incorporado): salários, matérias primas, uso do capital. Já o preço corrente é determinado pelo jogo da oferta e da demanda no mercado. A médio prazo, Ricardo considera que o preço natural e o preço corrente tendem a se igualar.
 Para Ricardo, existe uma única condição de crescimento econômico: a existência de uma taxa média de lucro suficientemente elevada. Se o capital render suficientemente, haverá poupanças abundantes e o desenvolvimento econômico será assegurado pelo aumento do emprego e pela melhoria das técnicas de produção.
 O comércio tem pouca importância no crescimento econômico, sem, contudo deixar de ser necessário. A sua importância releva da teoria das vantagens comparativas, pois permite que com a maior exportação, possamos importar mais e mais barato. Na época, Ricardo afirma que o desenvolvimento da indústria inglesa não seria obstruído pela insuficiência de mercado externo.
 
 
Conclusão: Smith x Ricardo
Foi partindo da teoria do valor de Smith que Ricardo analisou os pontos críticos e formulou uma nova teoria, mais completa. Enquanto Smith observou apenas a quantidade de tempo de trabalho gasto para valorar uma mercadoria, Ricardo foi além a propôs que fosse considerado o trabalho contido na mercadoria, pois isto envolveria uma remuneração também ao trabalho utilizado na fabricação dos meios de produção,ou seja, seria contabilizado o trabalho acumulado das mercadorias. A teoria de Ricardo é desenvolvida após 60 anos de transformação, sendo assim, defende de forma mais inexorável e diligente a classe dos capitalistas e seus ideais.
Karl Marx
Teoria do valor
Em O Capital Marx baseia suas ideias nos clássicos, e afirma que a a economia moderna é um modo histórico de produção, e a essência do capitalismo é a exploração da força de trabalho pelo capital. Os capitalistas compram a força de trabalho dos proletários e dirigem a produção das mercadorias. Os lucros que resultam da venda das mercadorias permitem-lhes aumentar seu capital e consumir.
 Para Marx, uma mercadoria possui primeiramente um valor de uso, uma utilidade para aquele que a possui, e depois, um valor de troca. O valor de troca representa a quantidade de trabalho despendida na produção. Como Ricardo, Marx argumenta que só o objetos produzidos com fins do mercado possuem um valor de troca. Uma obra de arte não possui verdadeiramente um valor de troca, porque o seu preço é diferentemente explicado. Como Ricardo, Marx também afirma que o trabalho gasto na fabricação dos materiais da produção entra no valor do produto acabado. O TRABALHO QUE FORMA O VALOR DE TROCA É O TRABALHO SOCIALMENTE NECESSÁRIO À PRODUÇÃO, O TRABALHO GASTO EM MÉDIA NA SOCIEDADE.
 Marx argumenta que o trabalho tem um caráter dual. O trabalho concreto é basicamente o processo de trabalho em si. Para Marx, a base de cada sociedade humana é o progresso do trabalho, seres humanos cooperando entre si, satisfazendo suas necessidades. O trabalho concreto produz valor de uso ( em outras palavras, produto útil para sociedade ), e está presente em qualquer sociedade pré-capitalista.  valor representa o custo de produção de uma mercadoria a sociedade. Pelo fato de que a força de trabalho é a força matriz da produção, esse valor (custo de produção) só pode ser medido pela quantidade de trabalho que foi incorporado a mercadoria. Portanto, Marx afirma que um bem possui valor, apenas porque nele está materializado um trabalho abstrato. 
    Portanto, trabalho concreto e trabalho abstrato são diferenciados, a partir do momento em que, o trabalho concreto se manifesta no valor de uso, e o trabalho abstrato se manifesta no valor de troca. Um bem só possui valor, apenas porque nele está materializado trabalho humano abstrato. Assim, o trabalho possui um caráter dual.
 Como Smith, Marx considera os funcionários e os criados como trabalhadores improdutivos. Mas, contrariamente a Smith, considera que a atividade puramente comercial é improdutiva. Não é real que o tempo gasto pelo vendedor para obter um preço mais elevado, aumente o preço de uma mercadoria.
 Marx afirma que o lucro e a renda fundiária não são elementos acidentais, eles pertencem a essência do capitalismo. Para defender o argumento, Marx afirma que não é o trabalho que é comprado pelo capitalista, mas a FORÇA DE TRABALHO. Esta força de trabalho é paga pelo seu valor. O salário é o que permite manter e reproduzir a força de trabalho. Mas a força de trabalho pode fornecer mais trabalho do que custa. A diferença entre a quantidade de trabalho fornecida pela mão de obra e a quantidade de trabalho representada pelo seu custo fica nas mãos do capitalista. Marx chama de MAIS VALIA. O LUCRO E A RENDA SÃO A EXPRESSÃO DESSA MAIS VALIA. 
Salários
 Quanto à evolução do nível dos salários, Marx distingue-se de Ricardo no fato de que acentua a importância da ação dos trabalhadores organizados sob o ponto de vista da determinação da taxa da mais-valia. Marx aceita a ideia de que os salários são determinados pelas circunstâncias de oferta e demanda da força de trabalho. A oferta da força de trabalho depende da evolução demográfica, e a procura depende da quantidade de capital investido na economia e das técnicas de produção empregadas.
 Ao contrário de Ricardo e Malthus, Marx afirma que se não houver progresso técnico na indústria, a procura de força de trabalho sobrepor-se-ia à oferta, aumentando os salários. Porém, o progresso técnico é inerente ao capitalismo, dado à procura insistente pela alta rentabilidade. A medida que a procura pela força de trabalho se torna inferior ao ritmo de crescimento da oferta, o salário médio começa a baixar de maneira contínua. Sendo assim, uma parte da classe operária é submetida a miséria, pois são impossibilitados de trabalhar. Para Marx, esse momento é uma consequência da evolução capitalista, Marx chama de EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA. A conclusão é que, qualquer que seja a taxa de salários, alta ou baixa, a condição do trabalhador tende a piorar à medida que o capital se acumula.
Condillac
 Condillac desenvolve sua obra no mesmo ano que Adam Smith onde adota uma postura que se opõe radicalmente aos fisiocratas e à Smith.
 Argumenta que o valor das coisas é fundado na sua utilidade, na necessidade que delas temos. Entretanto enfatiza a noção de raridade (dificuldade de produção) que intervém como a utilidade na determinação do valor de uma coisa. Portanto, demonstra que o valor permanece uma realidade puramente psicológica, modificado pela raridade da coisa. Na abundância, sente-se menos necessidade porque não se teme que falte, ambíguo para escassez.
 Denis critica essa parte da teoria de Condillac, argumentando que ela não é satisfatória, uma vez que basta que o mercado se abasteça desse bem para desaparecer o medo de escassez de tal mercadoria. Denis afirma que não se pode fundar nela uma explicação para as diferenças que existem normalmente entre os preços dos bens. Condillac é visto como desguarnecido das opiniões de Smith sobre a distinção entre valor de troca e valor de uso. A confusão se forma quando Condillac escreve "uma coisa não tem valor porque custa, mas custa porque tem valor". Denis afirma que esta frase entra em contradição com a teoria exposta por Condillac anteriormente, a media que o "valor" é tomado com sentidos diferentes, Condillac entraria então em contradição. Os que sustentam que uma coisa tem valor porque custa pensam no valor de troca. Por outro lado, a argumentação de que uma coisa custa porque tem valor é necessário tomar a palavra como valor de uso ou utilidade.
 Condillac ainda afirma que os preços das coisas menos úteis se elevam em virtude da negligência dos compradores. Henri Denis também critica essa ideia afirmando-a fantasista do ponto de vista econômico, pois os compradores de produtos de luxo, seria para ele, mais cuidadosos, no sentido de sempre preferirem preços mais baixos. 
Jeremy Bentham
 Bentham afirma que o útil deve ser o único critério da conduta humana eda legislação, e que a necessidade do homem é, necessariamente calculada, de maneira que, a soma dos prazeres ou da felicidade seja tomada máxima, e a soma das dores mínima.
 Defende a mensurabilidade da utilidade, afirmando que esta depende de 7 (sete) circunstâncias: intensidade, certeza, duração, proximidade, fecundidade, pureza e extensão.
 Exemplos de prazeres: prazeres dos sentidos, da riqueza, da habilidade, da amizade, do poder, da imaginação, do repouso etc...
 Exemplos de dores: dores da privação, da inaptidão, dos sentidos, da inamizade etc...
 Assim, percebe-se que Bentham fundamenta sua obra na concepção de uma ciência do homem fundada sobre o cálculo da utilidade.
 Henri Denis critica esse ponto de vista de Bentham, a partir do momento em que indaga se realmente é possível comparar e avaliar as dores e prazeres experimentados por cada indivíduo. Cada indivíduo possui sua própria mentalidade e é guarnecido cada um com seu próprio sentimento, sendo assim impossível de compara-los.
 Bentham então conceitua essa nova ciência com cálculo na utilidade e apóia a intervenção do Estado para aumentar a felicidade dos indivíduos (ao contrário de Smith).
 Essas ideias tornaram-se importantes no desenvolvimento da teoria do valor-utilidade, contrariando Smith. Smith, em seu trabalho, rejeita a ideia de que a utilidade fosse relacionada ao valor de troca (exemplo da água e diamante). Bentham critica esse exemplo, afirmando que não é a utilidade total de uma mercadoria que determina seu valor de troca, e sim sua utilidade marginal, que mais tarde tornar-se-ia o pilar da economia neoclássica. Bentham afirma que dispondo-se de toda água de que se necessita, o excedente não tem valor algum. Já o diamante, não é essencial como a água, mas possui a utilidade para dar prazer. Bentham afirma que "todo valor se baseia na utilidade. Onde não há utilidade, não pode haver valor algum. Logo, um aumento de utilidade, aumenta o valor de uma mercadoria, e consequentemente, a riqueza de seu dono.

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