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JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 1 PRESSÃO ARTERIAL Pressão arterial (PA) = Débito cardíaco (DC) x Resistencia vascular periférica DC = FC x Debito sistólico Aferição da pressão arterial A medida da PA é realizada para detectar hipertensão arterial, avaliar a conveniência das pessoas para determinadas ocupações, estimar o risco cardiovascular a longo prazo e como parte do tratamento de várias doenças. Semiotécnica Antes de se iniciar a aferição deve-se certificar de: Explicar o procedimento para o paciente e deixá-lo em ambiente tranquilo por pelo menos 5 min. Orientá-lo para não conversar durante a medida da PA Certificar-se de que o paciente: o não tenha se exercitado nos últimos 60 min “o/a senhor(a) fse exercitou na ultima hora?” o não tenha fumado nos últimos 30 min “o/a senhor(a) fumou na ultima meia hora?” o não esteja com a bexiga cheia “o/a senhor(a) está com vontade de ir ao banheiro?” o não tenha ingerido café, bebidas alcoólicas ou alimentos. “Há quanto tempo o/a senhor(a) tomou café/almoçou/lanchou?” Posicionar corretamente o paciente: o deve estar sentado, com os pés apoiados no chão, as pernas descruzadas, tórax recostado na cadeira e relaxado o deve estar com o braço na altura do coração, livre de roupas, apoiado com o cotovelo ligeiramente flexionado e com a palma da mão voltada para cima. Procedimentos: 1. Colocar o manguito bem ajustado no braço, 2 a 3 cm acima da fossa cubital 2. Centralizar a bolsa pneumática do manguito sobre a artéria braquial 3. Verificar a pressão arterial sistólica palpatória 4. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e aplicar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sobre ela sem compressão excessiva 5. Inflar o manguito rapidamente até 20 ou 30 mmHg além da pressão sistólica palpatória 6. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo) 7. Determinar a pressão arterial sistólica pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que, em geral, é fraco seguido de batidasregulares 8. Determinar a pressão arterial diastólica no desaparecimento dossons(fase V de Korotkoff) JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 2 9. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar o seu desaparecimento, depoisrealizar a deflação rápida e completa 10. Se os batimentos persistirem até zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dossons(fase IV de Korotkoff) e anotar os valores das pressõessistólica/diastólica/zero. Por exemplo: 146/40/0 mmHg 11. Sugere-se esperar em torno de 1 min para a realização de nova medida da pressão arterial no mesmo braço 12. Informar os valores da pressão arterial obtidos para o paciente 13. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos”, o braço no qual a medida foi realizada e a posição do paciente durante a medida. Em idosos, diabéticos, disautonômicos ou naqueles em uso de anti-hipertensivos, a PA também deve ser medida 1 minuto e 3 minutos após estar em pé (imóvel). A hipotensão ortostática é definida como uma redução na PAS ≥ 20 mmHg ou na PAD ≥ 10 mmHg dentro do 3° minuto em pé e está associada a um risco aumentado de mortalidade e eventos cardiovasculares. Outros locais de aferição menos usados: MMII – quando não é possível aferir nos braços. Hipertensão Arterial A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de PA. Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. São considerados hipertensos os pacientes que apresentam valores da PA sistólica ≥ 140 mmHg e/ou PA diastólica ≥ 90 mmHg, quando medidas no consultório. Para confirmar o diagnóstico, as medidas deverão ser repetidas pelo menos três vezes, em condições ideais, e em duas ou mais visitas médicas em intervalo de dias ou semanas; ou de maneira mais assertiva, realizando-se o diagnóstico com medidas fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem LOA ou doença CV. Por se tratar de condição frequentemente assintomática, a HA costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. Ela é o principal JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 3 fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura. Principais Fatores de Risco para HAS Sobrepeso/obesidade o Obesidade geral e abdominal Ingestão de Sódio (mais de 2g/dia) o O consumo de potássio reduz os níveis pressóricos Sedentarismo o Menos de 150 minutos por semana Álcool o Seis ou mais doses/dia (1 garrafa de cerveja ou 2 taças de vinho) Mulheres o valor é ainda menor Tabagismo Dislipidemia DM Outros: o Fatores genéticos o Fatores socioeconômicos o Idade Prevenção primária da HAS Controle do peso o Faixa de normalidade do IMC Dieta saudável o Deve-se adequar as condições socioeconômicas do paciente Atividade física o Mínimo de 30 minutos por dia o Pode se iniciar com uma caminhada leve Controle do estresse Anamnese História clinica o Diagnóstico prévio de HAS Tempo de diagnóstico “há quanto tempo o/a senhor(a) tem hipertensão?” Medicamentos anti hipertensivos em uso “quais remédios o/a senhor(a) está usando para controlar a pressão?” Lesão em órgãos-alvo Pesquisar sintomas associados Antecedentes pessoais o Fatores de risco JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 4 o Outros medicamentos em uso o Cormobidades o Uso de drogas licitas ou ilícitas História familiar o Pais, cônjuges, irmãos, filhos Exame Físico Além da correta aferição da PA, deve-se: Coletar os dados antropométricos o Altura o Peso o IMC o CA Aferir a FC Palpação do ictus e ausculta cardíaca (focos aórtico, pulmonar, pulmonar acessório, tricúspide e mitral) Procurar lesões em órgãos alvo Observar as extremidades o Presença de edemas em MMII Síndrome do Jaleco Branco Ocorre quando o paciente apresenta medidas de PA persistentemente elevadas (≥ 140/90 mmHg) no consultório e médias de pressão arterial normais (< 130/85 mmHg) na residência. Monitoramento Residencial da Pressão Arterial (MRPA) Exemplo: Data Hora Valor 05/03/22 08:25 140/100 mmHg 05/03/22 15:07 150/110 mmHg 05/03/22 20:00 130/90 mmHg 0703/22 10:34 140/100 mmHg ... ... ... A MRPA deve ser indicada quando: Esteja investigando a síndrome do jaleco branco Pesquisa de Hipertensão mascarada no consultório o Pré-hipertensão no consultório o PA normal no consultório em pacientes com LOA ou com alto risco CV Avaliação do controle da HA, especialmente em pacientes de alto risco CV Presença de grande variabilidade da PA no consultório JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 5 Pesquisa de hipotensão ETC Orientações sobre a MRPA: Orientar o paciente que a aferição deve ser feita em horários diferentes ao longo dos dias Deve-se anotar o dia, horário e o valor obtido sem arredondamentos A aferição deve ser realizada por pessoa habilitada para a técnica o Pode ser feita em Posto de saúde (UBS) ou em algumas farmácias Exames complementares de rotina Outros exames: Radiografia de tórax: tem indicação no acompanhamento do paciente hipertenso nas situações de suspeita clínica de acometimento cardíaco e/ou pulmonar ou para a avaliação de hipertensos com acometimento de aorta em que o ecocardiograma não está disponível. JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 6 Ecocardiograma: é mais sensível que o eletrocardiograma quanto ao diagnóstico de hipertrofia doventrículo esquerdo (HVE) e agrega valores na avaliação de formas geométricas de hipertrofia e tamanho do átrio esquerdo, nas funções sistólica e diastólica. Está indicado quando houver indícios de HVE no eletrocardiograma ou em pacientes com suspeita clínica de insuficiência cardíaca. Albuminuria ou relação proteinúria/creatininúria ou albuminúria/creatininúria: exame útil para os hipertensos diabéticos, com síndrome metabólica ou com dois ou mais fatores de risco, pois mostrou prever eventos cardiovasculares fatais e não fatais (valores normais < 30 mg/g de creatinina) TRATAMENTO O tratamento deve conter uma abordagem não farmacológica (prevenção primária da HAS) e uma abordagem farmacológica. Abordagem farmacológica: São características desejáveis do fármaco anti-hipertensivo: Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbidade e a mortalidade CV; Ser eficaz por via oral; Ser bem tolerado; Ser administrado preferencialmente em dose única diária; Poder ser usado em associação; Ter controle de qualidade em sua produção. Monoterapia Estratégia anti-hipertensiva inicial o pacientes com HA estágio 1 com risco CV baixo o pré hipertenso com elevado risco CV tratamento deve ser individualizado; o particularidades individuais Classes: o DIU tiazídicos ou similares; o BCC; o IECA; o BRA. Terapia combinada Medicamentos que possuem mecanismos de ação diferentes o Exceto DIU tiazídicos com poupadores de potássio A combinação de fármacos pode reduzir potencialmente a ocorrência de efeitos colaterais Diuréticos Diminuem o volume circulante e extra celular JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 7 Efeitos adversos: o Aumentam a frequência urinária Diuréticos de alça São os mais potentes e utilizados. Atuam inibindo o ion transportador NaK2Cl encontrado na membrana apical de células epiteliais renais no ramo ascendente da alça de HENLE o aumento acentuado da excreção de Sódio e Cloro o diminui a reabsorção de água no túbulo coletor, aumentando a sua eliminação o A eliminação de sódio e água aumenta a eliminação de K+ e H+, processo acelerado pela aldosterona Os principais diuréticos de alça são a Furosemida e a Bumetanida. Tiazida Seu mecanismo de ação é inibir a ação do ion transportador Na+CL- no túbulo distal com aumento de eliminação de Na+, Cl-, K+ e água Diminui o volume sistólico Agem, também, como vasodilatadores Principal: Hidroclorotiazida Efeitos: o Graves distúrbios iônicos – proporciona a liberação de potássio (hipopotassemia) e hipocalemia, aumenta absorção de cálcio (hipercalcemia) o Diminui a excreção de acido úrico, ruim para quem tem gota o É complicado receitar HCTL para pacientes jovens, uma vez que pode dar disfunção erétil o Diminui a excreção de glicose Poupadores de potássio São diuréticos que eliminam sal e água porém poupam o potássio Agem bloqueando a aldosterona o espironolactona. Ou inibindo os canais condutores de sódio no túbulo coletor o Fármacos menos comuns Bloqueadores de canal de cálcio Reduzem a excitabilidade do coração (diminuindo o influxo de cálcio) e a frequência e promove relaxamento da musculatura lisa arterial e redução da resistência vascular periférica. Exemplos: Verapramil e nifedipina Efeitos adversos: o Náuseas o Diarreia o Constipação JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 8 o Edema o Hipotensão ortostática o Bradicardia o Pode agravar ICC Inibidores da Enzima de convertora de angiotensina A renina se liga ao angiotensiniogenio (no rim), formando a angiotensina I, que precisa ser convertida à angiotensina II, pela enzima convertora de angiotensina, para ter participação no processo de pressão arterial (vasoconstrição e aumento da pressão arterial). O inibidor ECA age bloqueando a enzima convertora de angiotensina I em II. o Proporciona a vasodilatação, devido não degradação da bradicinina (produzida no pulmão) pela angi II que foi inibida pelo IECA. Exemplos: Captropil e Enalapril Efeito adverso: o Tosse seca o Elevação de potássio Contra indicação: o Paciente com insuficiência renal grave Bloqueiadores dos receptores de angiotensina Os BRA antagonizam a ação da angiotensina II pelo bloqueio específico dos receptores AT1, responsáveis pelas ações próprias da angiotensina II (vasoconstrição, estímulo da proliferação celular e da liberação de aldosterona). Exemplo: Losartan Contra indicação: o Paciente com insuficiência renal grave Beta Bloqueadores Quando o receptor beta 1 é ativado, a frequência cardíaca aumenta e a força de contração também, por isso é necessário um beta bloqueador para diminuir a FC e a força de contração. Os BB são úteis quando há certas condições clínicas específicas: o pós-infarto agudo do miocárdio (IAM) e angina do peito, o IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr), o para o controle da frequência cardíaca (FC) o em mulheres com potencial de engravidar Exemplo: atenolol e propranolol JÚLIA PENA - MED FASEH 35 Página 9
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