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PRESSÃO ARTERIAL

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PRESSÃO ARTERIAL 
Pressão arterial (PA) = Débito cardíaco (DC) x Resistencia vascular periférica 
DC = FC x Debito sistólico 
Aferição da pressão arterial 
A medida da PA é realizada para detectar hipertensão arterial, avaliar a conveniência das pessoas 
para determinadas ocupações, estimar o risco cardiovascular a longo prazo e como parte do 
tratamento de várias doenças. 
Semiotécnica 
Antes de se iniciar a aferição deve-se certificar de: 
 Explicar o procedimento para o paciente e deixá-lo em ambiente tranquilo por pelo menos 5 
min. 
 Orientá-lo para não conversar durante a medida da PA 
 Certificar-se de que o paciente: 
o não tenha se exercitado nos últimos 60 min 
 “o/a senhor(a) fse exercitou na ultima hora?” 
o não tenha fumado nos últimos 30 min 
 “o/a senhor(a) fumou na ultima meia hora?” 
o não esteja com a bexiga cheia 
 “o/a senhor(a) está com vontade de ir ao banheiro?” 
o não tenha ingerido café, bebidas alcoólicas ou alimentos. 
 “Há quanto tempo o/a senhor(a) tomou café/almoçou/lanchou?” 
 Posicionar corretamente o paciente: 
o deve estar sentado, com os pés apoiados no chão, as pernas descruzadas, tórax 
recostado na cadeira e relaxado 
o deve estar com o braço na altura do coração, livre de roupas, apoiado com o cotovelo 
ligeiramente flexionado e com a palma da mão voltada para cima. 
Procedimentos: 
1. Colocar o manguito bem ajustado no braço, 2 a 3 cm acima da fossa cubital 
2. Centralizar a bolsa pneumática do manguito sobre a artéria braquial 
3. Verificar a pressão arterial sistólica palpatória 
4. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e aplicar a campânula ou o diafragma do 
estetoscópio sobre ela sem compressão excessiva 
5. Inflar o manguito rapidamente até 20 ou 30 mmHg além da pressão sistólica palpatória 
6. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo) 
7. Determinar a pressão arterial sistólica pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), 
que, em geral, é fraco seguido de batidasregulares 
8. Determinar a pressão arterial diastólica no desaparecimento dossons(fase V de Korotkoff) 
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9. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar o seu 
desaparecimento, depoisrealizar a deflação rápida e completa 
10. Se os batimentos persistirem até zero, determinar a pressão diastólica no abafamento 
dossons(fase IV de Korotkoff) e anotar os valores das pressõessistólica/diastólica/zero. Por 
exemplo: 146/40/0 mmHg 
11. Sugere-se esperar em torno de 1 min para a realização de nova medida da pressão arterial no 
mesmo braço 
12. Informar os valores da pressão arterial obtidos para o paciente 
13. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos”, o braço no qual a medida foi realizada e a 
posição do paciente durante a medida. 
Em idosos, diabéticos, disautonômicos ou naqueles em uso de anti-hipertensivos, a PA também deve 
ser medida 1 minuto e 3 minutos após estar em pé (imóvel). A hipotensão ortostática é definida como 
uma redução na PAS ≥ 20 mmHg ou na PAD ≥ 10 mmHg dentro do 3° minuto em pé e está 
associada a um risco aumentado de mortalidade e eventos cardiovasculares. 
Outros locais de aferição menos usados: MMII – quando não é possível aferir nos braços. 
Hipertensão Arterial 
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis 
elevados e sustentados de PA. Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais de 
órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com aumento do 
risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. 
São considerados hipertensos os pacientes que apresentam valores da PA sistólica ≥ 140 mmHg e/ou 
PA diastólica ≥ 90 mmHg, quando medidas no consultório. Para confirmar o diagnóstico, as medidas 
deverão ser repetidas pelo menos três vezes, em condições ideais, e em duas ou mais visitas médicas 
em intervalo de dias ou semanas; ou de maneira mais assertiva, realizando-se o diagnóstico com 
medidas fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem 
LOA ou doença CV. 
 
Por se tratar de condição frequentemente assintomática, a HA costuma evoluir com alterações 
estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. Ela é o principal 
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fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças 
cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura. 
Principais Fatores de Risco para HAS 
 Sobrepeso/obesidade 
o Obesidade geral e abdominal 
 Ingestão de Sódio (mais de 2g/dia) 
o O consumo de potássio reduz os níveis pressóricos 
 Sedentarismo 
o Menos de 150 minutos por semana 
 Álcool 
o Seis ou mais doses/dia (1 garrafa de cerveja ou 2 taças de vinho) 
 Mulheres o valor é ainda menor 
 Tabagismo 
 Dislipidemia 
 DM 
 Outros: 
o Fatores genéticos 
o Fatores socioeconômicos 
o Idade 
 Prevenção primária da HAS 
 Controle do peso 
o Faixa de normalidade do IMC 
 Dieta saudável 
o Deve-se adequar as condições socioeconômicas do paciente 
 Atividade física 
o Mínimo de 30 minutos por dia 
o Pode se iniciar com uma caminhada leve 
 Controle do estresse 
Anamnese 
 História clinica 
o Diagnóstico prévio de HAS 
 Tempo de diagnóstico 
 “há quanto tempo o/a senhor(a) tem hipertensão?” 
 Medicamentos anti hipertensivos em uso 
 “quais remédios o/a senhor(a) está usando para controlar a pressão?” 
 Lesão em órgãos-alvo 
 Pesquisar sintomas associados 
 Antecedentes pessoais 
o Fatores de risco 
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o Outros medicamentos em uso 
o Cormobidades 
o Uso de drogas licitas ou ilícitas 
 História familiar 
o Pais, cônjuges, irmãos, filhos 
Exame Físico 
Além da correta aferição da PA, deve-se: 
 Coletar os dados antropométricos 
o Altura 
o Peso 
o IMC 
o CA 
 Aferir a FC 
 Palpação do ictus e ausculta cardíaca (focos aórtico, pulmonar, pulmonar acessório, 
tricúspide e mitral) 
 Procurar lesões em órgãos alvo 
 Observar as extremidades 
o Presença de edemas em MMII 
Síndrome do Jaleco Branco 
Ocorre quando o paciente apresenta medidas de PA persistentemente elevadas (≥ 140/90 mmHg) no 
consultório e médias de pressão arterial normais (< 130/85 mmHg) na residência. 
Monitoramento Residencial da Pressão Arterial (MRPA) 
Exemplo: 
Data Hora Valor 
05/03/22 08:25 140/100 mmHg 
05/03/22 15:07 150/110 mmHg 
05/03/22 20:00 130/90 mmHg 
0703/22 10:34 140/100 mmHg 
... ... ... 
 
A MRPA deve ser indicada quando: 
 Esteja investigando a síndrome do jaleco branco 
 Pesquisa de Hipertensão mascarada no consultório 
o Pré-hipertensão no consultório 
o PA normal no consultório em pacientes com LOA ou com alto risco CV 
 Avaliação do controle da HA, especialmente em pacientes de alto risco CV 
 Presença de grande variabilidade da PA no consultório 
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 Pesquisa de hipotensão 
 ETC 
Orientações sobre a MRPA: 
 Orientar o paciente que a aferição deve ser feita em horários diferentes ao longo dos dias 
 Deve-se anotar o dia, horário e o valor obtido sem arredondamentos 
 A aferição deve ser realizada por pessoa habilitada para a técnica 
o Pode ser feita em Posto de saúde (UBS) ou em algumas farmácias 
 
Exames complementares de rotina 
 
Outros exames: 
Radiografia de tórax: tem indicação no acompanhamento do paciente hipertenso nas situações de 
suspeita clínica de acometimento cardíaco e/ou pulmonar ou para a avaliação de hipertensos com 
acometimento de aorta em que o ecocardiograma não está disponível. 
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Ecocardiograma: é mais sensível que o eletrocardiograma quanto ao diagnóstico de hipertrofia doventrículo esquerdo (HVE) e agrega valores na avaliação de formas geométricas de hipertrofia e 
tamanho do átrio esquerdo, nas funções sistólica e diastólica. Está indicado quando houver indícios 
de HVE no eletrocardiograma ou em pacientes com suspeita clínica de insuficiência cardíaca. 
Albuminuria ou relação proteinúria/creatininúria ou albuminúria/creatininúria: exame útil para os 
hipertensos diabéticos, com síndrome metabólica ou com dois ou mais fatores de risco, pois mostrou 
prever eventos cardiovasculares fatais e não fatais (valores normais < 30 mg/g de creatinina) 
TRATAMENTO 
O tratamento deve conter uma abordagem não farmacológica (prevenção primária da HAS) e uma 
abordagem farmacológica. 
Abordagem farmacológica: 
São características desejáveis do fármaco anti-hipertensivo: 
 Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbidade e a mortalidade CV; 
 Ser eficaz por via oral; 
 Ser bem tolerado; 
 Ser administrado preferencialmente em dose única diária; 
 Poder ser usado em associação; 
 Ter controle de qualidade em sua produção. 
Monoterapia 
 Estratégia anti-hipertensiva inicial 
o pacientes com HA estágio 1 com risco CV baixo 
o pré hipertenso com elevado risco CV 
 tratamento deve ser individualizado; 
o particularidades individuais 
 Classes: 
o DIU tiazídicos ou similares; 
o BCC; 
o IECA; 
o BRA. 
Terapia combinada 
 Medicamentos que possuem mecanismos de ação diferentes 
o Exceto DIU tiazídicos com poupadores de potássio 
 A combinação de fármacos pode reduzir potencialmente a ocorrência de efeitos colaterais 
Diuréticos 
 Diminuem o volume circulante e extra celular 
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 Efeitos adversos: 
o Aumentam a frequência urinária 
Diuréticos de alça 
 São os mais potentes e utilizados. 
 Atuam inibindo o ion transportador NaK2Cl encontrado na membrana apical de células 
epiteliais renais no ramo ascendente da alça de HENLE 
o aumento acentuado da excreção de Sódio e Cloro 
o diminui a reabsorção de água no túbulo coletor, aumentando a sua eliminação 
o A eliminação de sódio e água aumenta a eliminação de K+ e H+, processo acelerado 
pela aldosterona 
 Os principais diuréticos de alça são a Furosemida e a Bumetanida. 
Tiazida 
 Seu mecanismo de ação é inibir a ação do ion transportador Na+CL- no túbulo distal com 
aumento de eliminação de Na+, Cl-, K+ e água 
 Diminui o volume sistólico 
 Agem, também, como vasodilatadores 
 Principal: Hidroclorotiazida 
 Efeitos: 
o Graves distúrbios iônicos – proporciona a liberação de potássio (hipopotassemia) e 
hipocalemia, aumenta absorção de cálcio (hipercalcemia) 
o Diminui a excreção de acido úrico, ruim para quem tem gota 
o É complicado receitar HCTL para pacientes jovens, uma vez que pode dar disfunção 
erétil 
o Diminui a excreção de glicose 
Poupadores de potássio 
 São diuréticos que eliminam sal e água porém poupam o potássio 
 Agem bloqueando a aldosterona 
o espironolactona. 
 Ou inibindo os canais condutores de sódio no túbulo coletor 
o Fármacos menos comuns 
Bloqueadores de canal de cálcio 
 Reduzem a excitabilidade do coração (diminuindo o influxo de cálcio) e a frequência e 
promove relaxamento da musculatura lisa arterial e redução da resistência vascular periférica. 
 Exemplos: Verapramil e nifedipina 
 Efeitos adversos: 
o Náuseas 
o Diarreia 
o Constipação 
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o Edema 
o Hipotensão ortostática 
o Bradicardia 
o Pode agravar ICC 
Inibidores da Enzima de convertora de angiotensina 
A renina se liga ao angiotensiniogenio (no rim), formando a angiotensina I, que precisa ser 
convertida à angiotensina II, pela enzima convertora de angiotensina, para ter participação no 
processo de pressão arterial (vasoconstrição e aumento da pressão arterial). 
 O inibidor ECA age bloqueando a enzima convertora de angiotensina I em II. 
o Proporciona a vasodilatação, devido não degradação da bradicinina (produzida no 
pulmão) pela angi II que foi inibida pelo IECA. 
 Exemplos: Captropil e Enalapril 
 Efeito adverso: 
o Tosse seca 
o Elevação de potássio 
 Contra indicação: 
o Paciente com insuficiência renal grave 
Bloqueiadores dos receptores de angiotensina 
Os BRA antagonizam a ação da angiotensina II pelo bloqueio específico dos receptores AT1, 
responsáveis pelas ações próprias da angiotensina II (vasoconstrição, estímulo da proliferação celular 
e da liberação de aldosterona). 
 Exemplo: Losartan 
 Contra indicação: 
o Paciente com insuficiência renal grave 
Beta Bloqueadores 
Quando o receptor beta 1 é ativado, a frequência cardíaca aumenta e a força de contração também, 
por isso é necessário um beta bloqueador para diminuir a FC e a força de contração. 
 Os BB são úteis quando há certas condições clínicas específicas: 
o pós-infarto agudo do miocárdio (IAM) e angina do peito, 
o IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr), 
o para o controle da frequência cardíaca (FC) 
o em mulheres com potencial de engravidar 
 Exemplo: atenolol e propranolol 
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