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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MERCADO DE CAPITAIS MARÍLIA MENDES RANGEL FEAD Belo Horizonte 2012 Todos os direitos reservados ao Sistema Integrado de Ensino de Minas Gerais – SIEMG Rua Cláudio Manoel, 1.162 – Savassi – Belo Horizonte – MG Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização do SIEMG. Atenção: pode acontecer de algum desses sites indicados não estar mais disponível devido ao dinamismo que caracteriza essa fonte de informação. R196m Rangel, Marília Mendes Mercado de Capitais / Marília Mendes Rangel Belo Horizonte: FEAD, 2012. 186p. ISBN: 978-85-8034-056-3 I Título 1- Mercado de Capitais 2- Política Monetária 3- Bolsa de Valores CDU: 336.76 Publicado por FEAD Copyright©2011 FEAD Diretoria Geral José Roberto Franco Tavares Paes Capa Anna Ostroumova-Lebedeva - Amsterdam (detalhe) A Faculdade FEAD apresenta novo projeto, fundamentado em aspectos metodológicos da auto-aprendizagem, e inaugura os cursos de graduação na modalidade a distância. Estudar na modalidade a distância é adquirir, além de conhecimento do conteúdo apresentado, competências hoje exigidas no campo profissional e pessoal: autonomia, interação, determinação, gerenciamento da própria formação e atualização continuada. A Instituição que se propõe formar empreendedores apresenta atitude inovadora e ensina pelo próprio exemplo. O projeto FEAD de Educação a Distância vem sendo desenvolvido desde 2004 e, agora, torna-se realidade. Buscar atingir a meta da qualidade em todos os projetos educacionais é o que move a comunidade FEAD. Projeto de muitas mãos e mentes, trabalho conjunto de professores, coordenadores, funcionários, empresas parceiras e direção, na busca de produzir o que há de consubstancial em aprendizagem na modalidade a distância. Sinta-se, em definitivo, participante e construtor deste novo tempo. Faça parte do seu mundo. Bem-vindo ao século XXI! Professor José Roberto Franco Tavares Paes Direção-Geral Meu nome é Marília Mendes Rangel. Sou contadora e investidora, graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Gosto de estudar o mercado de capitais e estar atenta às questões que envolvem a economia de uma forma geral, observando o comportamento das empresas, famílias e governo. Isso permite a compreensão da dinâmica econômica em que estamos inseridos, contribuindo para nossa melhor atuação nos mercados. Fui monitora de contabilidade comercial na UFMG e participei de pesquisas sobre causas de falência de empresas. Trabalho no Ensino a Distância da FEAD desde 2009. Elaborei esse material com muito cuidado para levar a você, caro aluno, um conhecimento sistêmico do capital na economia. Assim, você terá bons instrumentos para compreender o funcionamento dos mercados e ser um agente com atuação cada vez mais inteligente na busca de bons resultados. Marília Mendes Rangel Fo to : A ut or Sumário Unidade 01 AULA 1 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE GERENCIAL ............................................................................................................... 9 AULA 2 INFLAÇÃO ............................................................................................................................................................................ 15 AULA 3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MOEDA ................................................................................................................................ 21 AULA 4 PRINCIPAIS ASPECTOS DA MOEDA ................................................................................................................................. 27 AULA 5 MEIOS DE PAGAMENTO E AGREGADOS MONETÁRIOS ............................................................................................... 33 AULA 6 POLÍTICAS ECONÔMICAS ................................................................................................................................................. 37 AULA 7 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA ECONÔMICA: POLÍTICA MONETÁRIA ........................................................................ 45 AULA 8 TAXA DE JUROS ................................................................................................................................................................. 53 AULA 9 JUROS REAL E JUROS NOMINAL .................................................................................................................................... 59 AULA 10 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA ................................................................................................................... 65 AULA 11 POLÍTICA FISCAL ................................................................................................................................................................ 71 AULA 12 POLÍTICA CAMBIAL ............................................................................................................................................................ 77 AULA 13 BALANÇO DE PAGAMENTOS ........................................................................................................................................... 83 AULA 14 INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ........................................................................................................................................ 87 AULA 15 INTERMEDIAÇÂO FINANCEIRA E AGENTES ECONÔMICOS ........................................................................................ 93 AULA 16 REVISÃO GERAL ................................................................................................................................................................ 97 Unidade 02 AULA 17 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL .................................................................................................................................103 AULA 18 MERCADO FINANCEIRO ..................................................................................................................................................109 AULA 19 PARTICIPANTES E INDICADORES DO MERCADO FINANCEIRO ................................................................................ 115 AULA 20 ATIVOS ...............................................................................................................................................................................121 AULA 21 COMERCIALIZAÇÃO DE ATIVOS ....................................................................................................................................127 AULA 22 COMPANHIA ABERTA E BMF&BOVESPA ......................................................................................................................133 AULA 23 IMPORTÂNCIA DA BOLSA DE VALORES .......................................................................................................................143 AULA 24 ATIVOS DE RENDA VARIÁVEL ........................................................................................................................................147 Unidade 03 AULA 25 A VIABILIDADE DOS INVESTIMENTOS ..........................................................................................................................153 AULA 26 TIPOS DE INVESTIMENTOS .............................................................................................................................................157 AULA 27 DERIVATIVOS ....................................................................................................................................................................163 AULA 28 MERCADO FINANCEIRO E A CONJUNTURA ATUAL ....................................................................................................169 AULA 29 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS ...............................................................................................175 Revisão da Unidade 02 e 03 AULA 30 REVISÃO ............................................................................................................................................................................181Objetivo • Introduzir conceitos básicos de economia monetária, permitindo a compreensão de termos e expressões utilizados. AULA 1 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE GERENCIAL MERCADO DE CAPITAIS ELEMENTOS DA ECONOMIA MONETÁRIA Unidade 01 MERCADO DE CAPITAIS 10 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade, trataremos dos principais elementos que compõem a economia monetária: aspectos gerais macroeconômicos, inflação, evolução da moeda, meios de pagamento e agregados monetários. Alguns desses conceitos já foram estudados por vocês em disciplinas anteriores, mas esta disciplina irá relembrar os pontos mais importantes, além de acrescentar outros de relevância significativa. Nesta primeira aula, iremos conceituar alguns termos e expressões utilizados. Além disso, iremos tratar da atividade econômica, agentes macroeconômicos, mercados de fatores e mercados de produtos. Por fim, explicaremos o processo de financiamento e do governo. 2 ATIVIDADE ECONÔMICA A atividade econômica de uma nação gera um fluxo circulatório de renda que tem repercussões no mercado de capitais. Para compreender o funcionamento desse sistema, iremos analisar tanto o aspecto descritivo como o funcional, utilizando alguns conceitos macroeconômicos. A macroeconomia será discutida como ciência que investiga questões que envolvem a economia de forma geral, ou seja, que observa o comportamento do total das empresas, de famílias, do governo etc. Podemos afirmar, portanto, que a macroeconomia estuda o comportamento e a determinação dos agregados econômicos (ALVES, 2009). Os agregados econômicos, como já foram vistos em disciplinas anteriores, podem ser a soma de tudo o que é produzido pelas empresas e famílias, a massa salarial que é paga a todos os trabalhadores brasileiros, a taxa de desemprego no país, a inflação brasileira, o volume de riqueza disponível na economia, o total da moeda em circulação (determinado pelo Banco Central do Brasil), o nível de investimento de todas as empresas (inclusive do governo) e o total de poupança (ALVES, 2009). A macroeconomia engloba também a análise das políticas econômicas, que são formas de intervenção do governo na economia. Essa intervenção é realizada por meio de instrumentos fiscais ou monetários. As políticas econômicas são utilizadas, por exemplo, para controlar a inflação, assunto que veremos adiante (ALVES, 2009). 3 AGENTES MACROECONÔMICOS Os agentes macroeconômicos estabelecem um fluxo contínuo de atividades econômicas, formando e distribuindo produtos e renda. Dessa forma, são os responsáveis diretos pelas ações econômicas que desenvolvem no sistema. Podem ser agrupados em quatro grupos em razão da natureza de suas ações econômicas, de acordo com Pinheiro (2005). Famílias: englobam todos os tipos de unidades domésticas, unipessoais ou familiares, com ou sem laços de parentesco, empregados ou não. Formam o potencial de recursos para o processamento de atividades produtivas e são agentes que recebem transferências pagas pela previdência social ou outras entidades, além de pagar impostos ao governo. Englobam também empresários proprietários de terras. Empresas: são os agentes para os quais convergem os recursos da produção disponíveis. Reúnem todas as unidades produtoras dos setores primário (Agricultura), secundário (Indústria) e terciário (Serviços). As empresas reúnem, organizam e remuneram os fatores de produção fornecidos pelas unidades familiares e pagam impostos ao governo. Governo: é um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de unidades familiares e adquire uma parcela da produção das empresas para proporcionar bens e serviços úteis à sociedade como um todo. É considerado, portanto, um centro de produção de bens e serviços coletivos. Suas receitas resultam do sistema tributário e as despesas são pagamentos efetuados nos fornecimentos de bens e serviços à sociedade. Setor externo: envolve as transações econômicas entre unidades familiares, empresas e governo do país com agentes semelhantes de outros países. AULA 1 • INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE GERENCIAL 11 A comunicação entre os agentes econômicos pode ser resumida no fluxo circular da renda, que pode ser resumido esquematicamente conforme a FIGURA 1 a seguir: FIGURA 1 – Fluxo Circular da Renda. Fonte: adaptado a partir de Rossetti (1995, p. 56-57). 4 MERCADOS DE FATORES E MERCADOS DE PRODUTOS Enquanto as unidades produtivas fornecem fatores de produção, pagam salários e ordenados (remuneração por trabalho realizado) e juros (remuneração do capital), aluguéis e lucros (remuneração aos proprietários de bens de capital e recursos naturais). O fluxo descrito no parágrafo anterior recebe o nome de fluxo monetário ou nominal: a unidade familiar demanda produtos no “mercado de produto”, que são supridos pelas unidades produtoras as quais utilizam o “mercado de fatores” para contratar trabalhadores e adquirir capital e terra (PINHEIRO, 2002). O “mercado de fatores” é composto pelos fatores primários de produção, também chamados de recursos de produção, utilizados para a produção de diversos bens e serviços. Pinheiro (2005) expõe, a seguir, as principais características de cada fator. Trabalho: constitui-se de todas as pessoas disponíveis para trabalhar. Ou seja, é o potencial (disponibilidade) de mão-de-obra (trabalhadores) no sistema econômico. É o principal fator de produção. MERCADO DE CAPITAIS 12 Terra: são os recursos naturais disponíveis. Elementos naturais incorporáveis às atividades econômicas. Seu volume disponível depende, dentre outros fatores, da evolução tecnológica, do avanço da ocupação territorial, das facilidades de transportes etc. O seu estoque não é constante. Capital: compreende o conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade (fábricas, edifícios, máquinas, escolas, hospitais etc.); e é com o emprego delas que a população ativa se equipa para o exercício das atividades de produção. Portanto, o estoque de capital de uma economia é fundamental na eficiência do trabalho humano. No “mercado do produto”, são comprados e vendidos bens e serviços, sendo que as unidades produtoras, governo, unidades familiares e setor externo estabelecem fluxos de bens e serviços. Pinheiro (2005) agrupa os bens e serviços em três grupos, quais são: Bens de capital: são os bens utilizados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam totalmente no processo produtivo. Eles não atendem diretamente às necessidades humanas e sim se destinam a multiplicar a eficiência do trabalho (máquinas, estradas etc.). Bens de consumo: destinam-se à satisfação direta das necessidades humanas. De acordo com sua durabilidade, podem subdividir-se em: bens de consumo duráveis (automóvel, geladeira etc.) e bens de consumo não duráveis (alimentação, roupas etc.). Bens intermediários: são os bens transformados ou agregados na produção de outros bens e são consumidos totalmente no processo produtivo, ou seja, são os bens que devem sofrer novas transformações para se tornarem bens de consumo de capital (minério de ferro, trigo etc.). 5 INCORPORAÇÃO DO PROCESSO DE FINANCIAMENTO E DO GOVERNO É simples notar que, em economia, cada agente é, ao mesmo tempo, fornecedor de certos bens e serviços e solicitante de outros. Note que sua família demanda alguns bens e serviços e fornece outros. A empresa na qual você trabalha requer recursos (trabalho e capital) e fornece bens e/ou serviços. Dessa forma, ao mesmo tempo em que o conjunto de empresas da economia está ofertando produtos e serviços para as famílias e demandando sua mão- de-obra, as famílias ofertam trabalho às empresas e demandam seus produtos. Essa relação estabelece a chamada corrente monetária ou fluxo circular de renda na economia. Inserindo o processo de acumulação de capitais no ciclo descrito anteriormente, teremos os bens destinados à acumulação, contribuindo para a poupança (parcela da renda não consumida). Ou seja, parte da renda recebidapelas famílias não é gasta no consumo de bens e serviços e pode ser poupada. Essa parcela será utilizada por empresas para a acumulação de capital, por meio do sistema financeiro. Nesse sentido, podemos inserir outro elemento representado pelos fluxos de financiamento, os quais representam um novo componente representado pelos bens destinados ao consumo (aplicação de recursos em algo lucrativo, aumentando o estoque de riqueza). 5.1 POUPANÇA Em economias que têm equilíbrio, a renda não é consumida integralmente, e essa parte não consumida recebe o nome de poupança. Os recursos financeiros podem ser destinados à aplicação em caderneta de poupança, fundos de investimento ou até mesmo ficar trancados dentro da gaveta. Alguns dos fatores podem estimular a poupança, tais como a ocorrência de taxas de juros elevadas e as expectativas negativas quanto aos rendimentos futuros. 5.2 INVESTIMENTO Você se lembra, em outras disciplinas, de quando falamos de investimento? Pois é. Como já mencionado, investimento é a aquisição de bens para a produção, de bens de capital, que objetivam aumentar a capacidade AULA 1 • INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE GERENCIAL 13 produtiva da economia no futuro, seu patrimônio, seu estoque de riqueza (ALVES, 2009). Enquanto a microeconomia leva em consideração o desempenho da empresa para a realização de investimentos, os quais são definidos pelo comportamento maximizador de seu proprietário, as variáveis agregadas resultam do comportamento de todos os agentes da economia, inclusive do governo (ALVES, 2009). Cabe ressaltar que os recursos financeiros utilizados para investimento são parte da poupança que pode ser utilizada em atividades produtivas, por meio de fatores de produção que tendem a elevar a renda (ALVES, 2009). O volume de investimentos depende da atividade econômica real, composta pela produção, consumo e investimento, e reflete em desajustes temporais em seus fluxos de recebimentos e pagamentos, os quais geram aos sujeitos econômicos (consumidores, empresas e administrações públicas) muita liquidez ou, então, escassez de liquidez a investir ou a financiar durante um período de tempo (PINHEIRO, 2002). 5.3 GOVERNO O governo atua, principalmente, por meio de políticas fiscais e monetárias, as quais visam a estabilizar os fluxos econômicos e a manter a credibilidade do país e de sua moeda. As políticas fiscais são aquelas relacionadas ao recolhimento de impostos e tributos além do repasse de subsídios. É exemplo de política fiscal a redução de impostos ou dos gastos públicos. Em termos de política monetária, o governo pode atuar por intermédio do Banco Central. Essa atuação pode se efetivar por meio da regulação da taxa de juros e da quantidade de papel moeda disponível na economia, dentre outros (PINHEIRO, 2002). 5.4 MERCADOS FINANCEIROS No sistema econômico como um todo, existem agentes econômicos superavitários e outros com necessidade de liquidez, tornando necessária a existência de algum mecanismo que permita a transferência de recursos de unidades econômicas com superávit de liquidez a unidades econômicas com necessidade de liquidez. Com isso, surge o mercado financeiro, no qual são utilizados os intermediários financeiros. Por meio dos intermediários financeiros, as economias se relacionam com o resto do mundo, importando e exportando bens e serviços e emprestando e tomando dinheiro emprestado. Logo, as compensações de liquidez não se limitam às fronteiras de cada país. Assim, quando a poupança doméstica numa economia não é suficiente para financiar o investimento e o déficit público, será necessário importar poupança do exterior para cobrir as defasagens, o que será realizado por meio do mercado financeiro. Em aula posterior, falaremos com mais detalhes sobre a intermediação financeira. 6 RESUMO A atividade econômica de uma nação gera um fluxo circulatório de renda entre unidades familiares (ou famílias), empresas, governo e o setor externo, que podem ser chamados de “agentes econômicos”. As empresas produzem bens e serviços e demandam trabalho. Para produzirem, utilizam os fatores primários (trabalho, capital e terra) e insumos de produção (bens intermediários produzidos por outras empresas). Já as famílias ofertam trabalho às empresas e demandam produtos e serviços. O governo recolhe impostos e consome bens e serviços para utilidade pública, além de atuar como agente de política fiscal e monetária. Nesse sistema, nem tudo o que é produzido é consumido, gerando um excedente de renda, a poupança. Parte da poupança será utilizada pelas empresas para o investimento, com a finalidade de aumentar a produção e o nível de atividade econômica. Dessa forma, em todo o sistema econômico, tanto no interior do país quanto no setor externo, haverá agentes dispostos a ofertar dinheiro em troca de juros e agentes dispostos a pagar juros para conseguirem dinheiro. O equilíbrio entre credores e devedores estabelece o nível de liquidez da economia, e as transações financeiras entre esses agentes ocorre no mercado financeiro, por meio de intermediações financeiras. 7 ATIVIDADES 1) Conceitue atividade econômica, macroeconomia e políticas econômicas. 2) Qual a diferença entre agentes econômicos e agregados econômicos? 3) Cite e explique cada grupo de agentes econômicos classificados em razão da natureza de suas ações econômicas. MERCADO DE CAPITAIS 14 4) Defina mercado de produto. 5) O que é mercado de fatores? Quais os elementos que formam o conjunto de fatores de produção? Cite e explique cada fator. 6) O que é poupança e qual a sua finalidade? 7) O que é investimento e qual a sua finalidade? 8) Qual o papel do governo na economia? 9) Qual o motivo de surgimento do mercado financeiro? REFERÊNCIAS ALVES, Juliana Dias. Teoria macroeconômica I. Belo Horizonte: Ed. FEAD, 2009. MOCHON, Francisco; TROSTER, Roberto Luis. Introdução à economia. São Paulo: Makron Books, 1994. PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2002. ROSSETTI, José Paschoal. Contabilidade social. São Paulo: Atlas, 1995. Objetivos • Definir inflação. • Citar os tipos de inflação. • Explicar os tipos de inflação • Citar os principais indicadores de inflação. • Explicar os principais indicadores de inflação. AULA 2 INFLAÇÃO MERCADO DE CAPITAIS ELEMENTOS DA ECONOMIA MONETÁRIA Unidade 01 16 MERCADO DE CAPITAIS 1 INTRODUÇÃO Nesta segunda aula, iremos tratar de inflação: definição, tipos e índices, também denominados indicadores. 2 INFLAÇÃO Caro aluno, espero que a aula anterior tenha sido bem estudada. Para dar continuidade à matéria, será abordado um tema bastante importante: inflação. Você e seus pais devem se lembrar do final do governo Sarney, quando os preços dos itens de supermercado aumentavam rapidamente, chegando a quase dobrar, de um mês para outro. Portanto, em outras palavras, naquela época, as mercadorias das prateleiras tiveram seus preços inflacionados. 3 DEFINIÇÃO DO CONCEITO Inflação é o aumento generalizado e continuado no nível de preços numa economia, e tem como consequência direta a diminuição do valor da moeda ao longo do tempo. A primeira característica da inflação é a generalização. A generalização se refere ao movimento de aumento dos preços, que não se abreviam em um único preço ou em um grupo de preços. Esse aumento deve se estender ao total de bens e serviços. A segunda característica da inflação é a continuidade. Há um aumento contínuo nos preços dos bens e serviços ao longo do tempo e, com isso, os agentes econômicos deverão prever que a tendência dos preços é continuar aumentando. A inflação diminui o poder de compra da moeda, ou seja, o mesmo valor em dinheiro hoje não compra o mesmo item de supermercado daqui a dois meses. Isso porque o produto foi alvo de inflação. 4 TIPOS DE INFLAÇÃO Conforme estudado em Teoria macroeconômica I, os quatro tipos básicos de inflaçãosão: inflação de demanda, de oferta, inercial e estrutural. Iremos relembrar rapidamente cada um desses casos seguindo a linha do que foi abordado nessas disciplinas, na mesma linha seguida por Alves (2009). 4.1 INFLAÇÃO DE DEMANDA A inflação de demanda ocorre quando a produção de bens e serviços disponíveis na economia sofre um excesso de demanda, ou seja, a quantidade por todos os agentes econômicos é superior à quantidade ofertada pelo mercado de produto. Isso ocorre principalmente quando a economia aproxima-se de sua capacidade máxima de produção ou de seu pleno emprego1. Um aumento na demanda por bens e serviços contribui para um aumento de preços desses produtos, pois, como não existem bens e serviços para saciar a demanda de todos os consumidores, dizemos que os preços sofrem pressões de demanda e se elevam. Para ilustrar melhor, podemos dizer que existe muito dinheiro para poucos bens e serviços. 4.2 INFLAÇÃO DE OFERTA A inflação de oferta, também chamada de inflação de custos, associa-se a fatores de produção. Esses custos podem estar relacionados tanto aos insumos produtivos, como bens e serviços intermediários, quanto aos insumos primários, terra, capital e trabalho. Ou seja, o aumento no valor do custo de produção resulta em um aumento do seu preço. O nível de demanda permanece praticamente o mesmo, mas o custo de alguns insumos se eleva e é transferido para os preços dos bens e serviços ofertados. Para exemplificar, temos o aumento dos salários dos funcionários: o aumento do custo da mão-de-obra pode ensejar em aumento de custos2, refletindo em aumento do preço dos produtos e contribuindo para a elevação inflacionária no nível dos preços. Uma prática que ocorre no mercado é que algumas firmas com elevado poder de oligopólio ou monopólio elevam seus lucros acima do aumento dos custos de produção. Nesse sentido específico, a inflação de custos passa a também receber outra denominação: inflação de lucros. Cabe ressaltar que o que realmente caracteriza a expressão inflação de custos é: elevação de preços em razão de pressões autônomas, ou exógenas, causadas 1 Pleno emprego é a situação em que todas as pessoas que procuram trabalho naquele momento conseguem encontrar emprego na economia. Nessa situação, o único tipo de desemprego possível é o voluntário (o indivíduo está apto para trabalhar, mas não procura emprego), ou friccional, que corresponde ao período em que o trabalhador busca emprego, porém ainda não se decidiu ou não encontrou o tipo de trabalho desejado, muito embora existam vagas disponíveis. 2 A exceção é quanto o aumento no custo da mão-de-obra está relacionado ao aumento em sua produtividade, ou seja, se aumentos de produtividade levam ao aumento no custo da mão-de-obra, o que acaba por compensar a inflação e suprimir a pressão inflacionária. 17 AULA 2 • INFLAÇÃO por alguns grupos (sindicatos e firmas de oligopólio com poder de barganha que forçam sua participação na renda nacional); ou, então choques de oferta, associados a aumentos de preços de matérias-primas (como petróleo e derivados) e de produtos agrícolas. Uma das políticas recomendadas para controle direto da inflação de custos é a “política de rendas”, que é o controle de preços e de salários, que influi diretamente nos lucros, salários, aluguéis e juros. Esse controle é feito geralmente por meio de uma política salarial mais rigorosa, por fiscalização de lucros recebidos pelos grupos oligopolistas ou pelo controle mais direto nos preços dos bens e serviços. 4.3 INFLAÇÃO INERCIAL O termo inflação inercial vem do conceito de inércia da física, ou seja, de que, “sem a intervenção externa, todo o corpo que está parado tende a continuar parado e todo o corpo em movimento retilíneo uniforme tende a permanecer nesse movimento”. Transportando o conceito para a economia, todo o produto que sofrer no período anterior um aumento de preços tenderá a continuar sofrendo aumento de preços contínuos nos próximos períodos. De forma bastante simples, há inflação porque no passado (período anterior) havia inflação. Ou seja, a inflação é “carregada” de um período para o outro; entre os quais, as empresas aumentam os preços simplesmente porque havia inflação no mês anterior ou no ano anterior. Inflação inercial é mantida por mecanismos de indexação da economia como contratos, aluguéis e salários, que contribuem para a perpetuação das taxas de inflação de períodos anteriores. Um exemplo é, ao firmar um contrato de aluguel, estabelecer que o valor da prestação não fique defasado em relação aos preços da economia por meio de uma cláusula com previsão de algum tipo de correção. Esse tipo de inflação foi diagnosticado no período inflacionário da economia brasileira que se estendeu até meados dos anos de 1990. A correção monetária foi um dos principais mecanismos que provocava variações de preços e desvalorizou a moeda brasileira. Assim, o principal objetivo do plano Real foi acabar com o componente inercial da inflação no Brasil. 4.4 INFLAÇÃO ESTRUTURAL E, por último, a inflação estrutural é decorrente das condições estruturais da economia e, por isso, tende a ter um horizonte de longo prazo. Entende-se por condições estruturais aquelas que não dependem do estado corrente (presente) da economia, mas sim de um conjunto de fatores históricos e socioeconômicos, cujos reflexos marcam a estrutura econômica de cada país. A título exemplificativo, temos a inflação como resultado da estrutura fundiária, manutenção de estrutura oligopolística, condições de logística dos transportes e estradas ou, até mesmo, de burocracia para a realização de transações internacionais. 5 CAUSAS DA INFLAÇÃO Como vimos nos tipos de inflação, existem várias causas que refletem num aumento generalizado de preços ao longo do tempo. Dentre as causas mais importantes, temos demanda maior que oferta, aumento de custos e insumos e crescimento da quantidade de moeda em circulação na economia. A escassez de produtos no mercado pode ser causada por um aumento de demanda nos produtos sem que haja uma suficiente oferta de bens e serviços que atendam às necessidades da economia. Essa situação reflete em aumento de preços com o objetivo de atingir o equilíbrio de mercado (inflação de demanda). Os produtos, para serem produzidos, demandam recursos que são repassados ao custo final do bem ou serviço. Quando existe um aumento no valor dos custos dos insumos e da mão-de-obra, há o repasse desses valores para o consumidor final. Assim, os preços tendem a aumentar quando o custo de produção se eleva (inflação de custos). Mesmo que os preços continuem iguais, o aumento da quantidade de moeda em circulação na economia gera uma elevação monetária dos produtos ofertados. Ou seja, há um aumento inflacionário, pois, com a desvalorização da moeda e manutenção dos preços, configura-se uma situação de inflação (desvalorização da moeda). 6 ÍNDICES Os números índices, também denominados indicadores, são valores utilizados para evidenciar variações ao longo do tempo, relativas a preços, quantidades e valores. O número-índice pode ser simples ou complexo. Um índice simples é a relação entre o preço de um único 18 MERCADO DE CAPITAIS item em determinado período e outro período. Dessa maneira, esse indicador auxilia no acompanhamento da evolução do preço de certo produto. Já um índice complexo anuncia mudanças na quantidade, no preço ou no valor de determinado grupo de produtos, entre dois períodos distintos. Os principais índices que medem a inflação no Brasil serão explicitados a seguir. 6.1 ÍNDICE GERAL DE PREÇOS DO IBGE Não é calculado pelo IBGE há muito tempo. O IGP-M da FGV substituiu esse índice. 6.2 ÍNDICE GERAL DE PREÇOS DO MERCADO (IGP-M) DA FGV O Índice Geral de Preços do Mercado é a média aritmética de três outros índices: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA); Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o ÍndiceNacional de Custo da Construção (INCC). A coleta dos dados é realizada entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2010), o IGP possui três funções: I) representa a evolução do nível de preços; II) é utilizado nas contas nacionais para deflacionar agregados, como a receita tributária e o consumo de bens intermediários; e III) é utilizado para correção nos preços de contratos. 6.3 ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR (IPC) DA FIPE A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE, 2010) realiza o cálculo do IPC para o município de São Paulo desde 1973. O índice é calculado com base nos custos de vida de famílias que recebem entre um e 20 salários mínimos, cuja pesquisa é realizada entre os dias primeiro e 30 de cada mês. 6.4 ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR (INPC) DO IBGE Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), para o INPC, os dados de variações nos preços são coletados em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e domicílios. As coletas são realizadas entre os dias primeiro e 30 de cada mês, e atingem famílias com rendimentos mensais compreendidos entre um e seis salários- mínimos, desde que o chefe de família seja assalariado e resida nas áreas urbanas das regiões. As pesquisas são realizadas nas Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia. 6.5 ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR (IPC) DO IBGE O IPC não é mais realizado pelo IBGE e foi divulgado apenas entre março de 1986 e fevereiro de 1991. 6.6 ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLIADO (IPCA) DO IBGE Assim como o INPC, o IPCA é realizado entre os dias primeiro e 30 de cada mês, porém com uma abrangência diferente. Para o IPCA, são coletados os dados de famílias com rendimentos mensais compreendidos entre um e 40 salários-mínimos, de quaisquer fontes de rendimentos e residentes nas áreas urbanas das regiões, considerando as mesmas regiões do INPC. 6.7 ÍNDICE DE CUSTO DE VIDA (ICV) DO DIEESE O ICV é calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE, 2010), a cada mês, também para a cidade de São Paulo, e abrange famílias com rendimento de até R$ 2.800. O índice é atualizado de acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF). 6.8 ÍNDICE DA CESTA BÁSICA (PROCON-DIEESE) Segundo a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (PROCON, 2010), o Índice de Cesta Básica é definido a partir de dados dos hábitos de famílias com renda média de 10,3 salários mínimos e composta por quatro pessoas que compram em supermercados alimentos, material de limpeza doméstica e higiene pessoal. O cálculo é realizado para 31 produtos: 22 de alimentação, quatro de limpeza doméstica e cinco de higiene pessoal. A coleta de dados é realizada diariamente apenas para o município de São Paulo. 19 AULA 2 • INFLAÇÃO 7 A INFLAÇÃO NO MERCADO DE CAPITAIS Num contexto inflacionário, os investidores sentem- se desmotivados a investir no mercado de capitais, pois o valor da moeda deteriora-se facilmente, reduzindo o rendimento esperado para o investimento. Altas taxas de inflação tendem a aumentar a taxa de juros e, dessa maneira, o governo é levado a reduzir a quantidade de moeda em circulação na economia, com o objetivo de reduzir o valor do dinheiro. O desestímulo aos investimentos no setor produtivo da economia ocorre porque a inflação crescente inibe as aplicações de prazo mais longo e, por consequência, reduz financiamentos de médio/longo prazos no mercado de capitais. Assim, os detentores dos recursos exigirão uma rentabilidade que cubra a inflação estimada, seja para investimentos produtivos, seja para aplicações na bolsa de valores, pois, em ambos os casos, será necessário obter um resultado, em curto prazo, vantajoso. No ambiente de instabilidade em que a moeda corrente perde valor rapidamente, os investidores do mercado de capitais são desestimulados a efetuar aplicações, pois tendem a perdê-las, se essas não estiverem indexadas a algum índice de preços. Bens, tais como imóveis, terras e metais preciosos, tendem a ser valorizados nesse contexto. Pode-se dizer, como recíproca verdadeira à afirmativa do parágrafo anterior, que a inflação decrescente ou estável estimula o aumento da atividade na bolsa de valores. 8 RESUMO Inflação é o aumento generalizado e continuado no nível de preços numa economia, diminuindo o valor da moeda ao longo do tempo. Ela pode ser classificada em quatro grupos básicos: inflação de demanda, de oferta, inercial e estrutural. Dentre as causas principais da inflação, temos: demanda maior que oferta, aumento de custos e insumos e crescimento da quantidade de moeda em circulação na economia. Os números índices, também denominados indicadores de inflação, são valores utilizados para evidenciar variações ao longo do tempo relativas a preços, quantidades e valores. Os principais índices que medem a inflação no Brasil são: Índice Geral de Preços (IGP), do IBGE; Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), da FGV; Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da FIPE; Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE; Índice de Preços ao consumidor (IPC), do IBGE; Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), do IBGE; Índice de Custo de Vida (ICV), do Dieese; Índice da Cesta Básica (ICB), do PROCON-Dieese. A inflação crescente e contínua desestimula investimentos no setor produtivo da economia. Já uma inflação descrente ou estável estimula os investimentos na produção e, com isso, aumenta o volume de operações na bolsa de valores. 9 ATIVIDADES 1) Defina inflação, explicando suas principais características. 2) O que são e como se classificam os números- índices? 3) Cite e explique com suas palavras cada um dos tipos de inflação. 4) Quais as principais causas da inflação? 5) O que são índices? Cite e explique os principais índices utilizados no Brasil. 6) Um ambiente de altas taxas de inflação é propício para investimentos na bolsa de valores? Explique. REFERÊNCIAS ALVES, Juliana Dias. Teoria macroeconômica I. Belo Horizonte: Ed. FEAD, 2009. DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATISTICAS E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Metodologias. Disponível em: <http://www.dieese. org.br/ pof/pof.xml#>. Acesso em: dez. 2010. FUNDAÇÃO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR. Pesquisas. Cesta Básica. Disponível em: <http://www.procon.sp.gov.br/ categoria.asp?id=111>. Acesso em: dez. 2010. FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS. Índices. IPC. Disponível em: <http:// www.fipe.org.br/web/index.asp?aspx=/web/indices/ ipc/index. aspx>. Acesso em: dez. 2010. FUNDAÇÃO GETÚLTIO VARGAS. Indicadores de preços. Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main. jsp?lumPageId=402880811D8E34B9011D984D6E3 C34A9>. Acesso em: dez. 2010 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Indicadores. Preços. Disponível 20 MERCADO DE CAPITAIS em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indica dores/precos/ inpc_ipca/defaultinpc.shtm>. Acesso em: dez. 2010. PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2002. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Manual de introdução à economia. São Paulo: Saraiva, 2006. CARVALHO, Sérgio; CAMPOS, Weber. Estatística básica simplificada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Objetivo • Explicar a evolução da moeda, permitindo compreender sua função em vários momentos da história. AULA 3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MOEDA MERCADO DE CAPITAIS ELEMENTOS DA ECONOMIA MONETÁRIA Unidade 01 22 MERCADO DE CAPITAIS 1 INTRODUÇÃO Olá, caro aluno! Espero que esteja tudo bem com você! Já falamos na primeira aula sobre atividade econômica e os principais elementos envolvidos, tais como agentes macroeconômicos, mercados e governo. Na segunda aula, falamos de inflação,que decorre do aumento de preços e da diminuição do valor da moeda. Os assuntos já vistos se relacionam com o mercado e com a economia e estão bastante relacionados com o valor e a utilização da moeda. Mas o que é moeda? Quais suas características? Por que é adotada por nossa economia hoje? Para que serve? Em decorrência disso, nesta terceira aula, iremos abordar a evolução da moeda. Primeiramente, gostaria de propor uma reflexão: o que é moeda para você, aluno? É apenas aquela “pratinha” de dinheiro trocado? Nesta aula, iremos estudar moeda como um meio de troca, ou seja, tudo o que é utilizado como contraprestação de bens, serviços e dívidas. 2 EVOLUÇÃO DA MOEDA Em outras disciplinas deste curso (História da economia e Teoria Macroeconômica I), você já estudou sobre este assunto,. Iremos, então, apresentar um texto eficiente para compreender a dinâmica que estamos dando neste conteúdo. Ele também foi utilizado por Alves (2009) e está disponível no site do Banco Central do Brasil. 2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DO DINHEIRO 2.1.1 ESCAMBO A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução. No início, não havia moeda. Praticava-se o escambo: simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor. Assim, quem pescasse mais peixes do que o necessário para si e seu grupo trocava esse excesso com o de outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e colhido mais milho do que fosse precisar. Esta elementar forma de comércio foi dominante no início da civilização, podendo ser encontrada, ainda hoje, entre povos de economia primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há escassez de meio circulante (moeda), e até em situações especiais, em que as pessoas envolvidas efetuam permuta de objetos sem a preocupação de sua equivalência de valor. Esse é o caso, por exemplo, da criança que troca com o colega um brinquedo caro por outro de menor valor, que deseja muito. As mercadorias utilizadas para escambo geralmente se apresentam estado natural, variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo grupo, correspondendo às necessidades fundamentais de seus membros. Nessa forma de troca, no entanto, ocorrem dificuldades por não haver uma medida comum de valor entre os elementos a serem permutados. Ou seja, se eu produzi muitas maçãs e você muitas laranjas, vamos querer trocar maçãs por laranjas, mas quantas maçãs valem uma laranja? Ou, quantas laranjas valem uma maçã? Hoje, faríamos uma conta rápida e simples, pois sabemos o valor monetário de cada um desses itens, porém, na ausência de moeda, teríamos maior dificuldade para realizar esta comparação, e, por conseguinte, a troca de maçãs por laranjas seria mais demorada e complicada. 2.1.2 MOEDA-MERCADORIA Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas e aceitas do que outras. Justamente por esta facilidade em serem trocadas, tais mercadorias assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as moedas- mercadorias. O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados: apresentava vantagens de locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse o risco de doenças e de morte. O sal foi outra moeda-mercadoria, de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, era muito utilizado na conservação de alimentos. Ambas deixaram a marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça). Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados. 23 AULA 3 • EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MOEDA No Brasil, dentre outras, circularam o cauri – trazido pelo escravo africano – o pau-brasil, o açúcar, o cacau, o tabaco e o pano (sendo comercializado sob a forma de novelos, meadas e tecidos), trocado no Maranhão, no século XVII, devido à quase inexistência de numerário. Com o passar do tempo, as mercadorias se tornaram inconvenientes às transações comerciais, devido à oscilação de seu valor, pelo fato de não serem fracionáveis e por serem facilmente perecíveis, não permitindo o acúmulo de riquezas. 2.1.3 METAL Quando o homem descobriu o metal, logo passou a utilizá-lo para fabricar seus utensílios e armas anteriormente feitos de pedra. Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento (acúmulo de moeda), divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal se elegeu como principal padrão de valor1. Era trocado sob as formas mais diversas. A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e, ainda, sob a forma de objetos, como anéis, braceletes etc. O metal comercializado, dessa forma, exigia aferição de peso e avaliação de seu grau de pureza a cada troca. Mais tarde, ganhou forma definida e peso determinado, recebendo marca indicativa de valor, que também apontava o responsável pela sua emissão. Essa medida agilizou as transações, dispensando a pesagem e permitindo a imediata identificação da quantidade de metal oferecida para troca. 2.1.4 MOEDA EM FORMATO DE OBJETOS Os utensílios de metal passaram a ser mercadorias muito apreciadas. Como sua produção exigia além do domínio das técnicas de fundição e o conhecimento dos locais em que o metal poderia ser encontrado, essa tarefa, naturalmente, não estava ao alcance de todos, garantindo a propriedade de raridade. A valorização, cada vez maior, desses instrumentos levou à sua utilização como moeda e ao aparecimento de réplicas de objetos metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam como dinheiro (garantindo 1 Pode-se dizer que esse conjunto de propriedades (possibilidade de entesouramento, durabilidade, divisibilidade, raridade e transportabilidade) são as propriedades desejáveis para qualquer mercadoria-moeda. Dessa forma, reunindo todas essas características, os metais foram e ainda são amplamente utilizados como meio de troca. a transportabilidade, divisibilidade e a possibilidade de entesouramento). É o caso das moedas faca e chave, as quais eram encontradas no Oriente, e do talento, moeda de cobre ou bronze, com o formato de pele de animal, que circulou na Grécia e em Chipre. 2.1.5 MOEDAS ANTIGAS Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das atuais: pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e garante o seu valor. São cunhadas na Grécia moedas de prata e, na Lídia, são utilizados pequenos lingotes ovais de uma liga de ouro e prata chamada eletro. As moedas refletem a mentalidade de um povo e de sua época. Nelas, podem ser observados aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É pelas impressões encontradas nas moedas que conhecemos, hoje, a efígie de personalidades que viveram há muitos séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica a ter sua efígie registrada numa moeda foi Alexandre – o Grande, da Macedônia, por volta do ano 330 a.C. A princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais muito rudimentares e tinham seus bordos irregulares, não sendo, como hoje, peças absolutamente iguais umas às outras. 2.1.6 OURO, PRATA E COBRE Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego desses metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor econômico, mas também por antigos costumes religiosos. Nos primórdios da civilização, os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao povo a existência de estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isso levou à crençano poder mágico desses metais e no dos objetos com eles confeccionados. A cunhagem de moedas em ouro e prata se manteve durante muitos séculos, sendo as peças garantidas por seu valor intrínseco, isto é, pelo valor comercial do metal utilizado na sua confecção. Assim, uma moeda, na qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro, era trocada por mercadorias nesse mesmo valor. Durante muitos séculos, os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a prata 24 MERCADO DE CAPITAIS e o cobre para os valores menores. Esses sistemas se mantiveram até o final do século passado, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras ligas metálicas passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular pelo seu valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, que independe do metal nela contido. Com o advento do papel-moeda, a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores inferiores, necessários para troco. Dentro dessa nova função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária à moeda. Para cumprir esse objetivo, surgem, em grande diversidade, as ligas modernas, produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de troco. 2.1.7 MOEDA DE PAPEL Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa que negociava objetos de ouro e prata. Esse profissional, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem à moeda de papel. No Brasil, os primeiros bilhetes de banco, precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo Banco do Brasil, em 1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como, hoje, fazemos com os cheques. Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram a conduzir a emissão de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento. Atualmente, quase todos os países têm seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas. A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje, a confecção de cédulas utiliza papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam, dando ao produto final, grande margem de segurança e condições de durabilidade. 2.1.8 FORMATOS DIVERSOS O dinheiro variou muito, em seu aspecto físico, ao longo dos séculos. As moedas já se apresentaram em tamanhos ínfimos, como o stater, que circulou em Aradus, Fenícia, atingindo também grandes dimensões como as do dáler, peça de cobre na Suécia, no século XVII. Embora hoje a forma circular seja adotada em quase todo o mundo, já existiram moedas ovais, quadradas, poligonais etc. Foram, também, cunhadas em materiais não metálicos diversos, como madeira, couro e até porcelana. Moedas de porcelana circularam, neste século, na Alemanha, quando, por causa da guerra, este país enfrentava grave crise econômica. As cédulas, geralmente, se apresentam no formato retangular e no sentido horizontal, observando-se, no entanto, grande variedade de tamanhos. Existem, ainda, cédulas quadradas e até as que têm suas inscrições no sentido vertical. As cédulas retratam a cultura do país emissor, e nelas podem-se observar motivos característicos muito interessantes, tais como paisagens, tipos humanos, fauna e flora, monumentos de arquitetura antiga e contemporânea, líderes políticos, cenas históricas, entre outros. As cédulas apresentam, ainda, inscrições, geralmente na língua oficial do país, embora em muitas delas se encontre, também, as mesmas inscrições em outros idiomas. Essas inscrições, quase sempre em inglês, visam a dar à peça leitura para maior número de pessoas. 2.1.9 SISTEMA MONETÁRIO O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário. Esse sistema, regulado por meio de legislação própria, é organizado a partir do valor da moeda que lhe serve de base e que é sua unidade monetária. Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema monetário de base centesimal, no qual a moeda divisionária da unidade representa um centésimo de seu valor. Normalmente, os valores mais altos são expressos em cédulas e os valores menores em moedas. Atualmente, a tendência mundial é no sentido de se suprirem as despesas diárias com moedas. As ligas metálicas modernas proporcionam às moedas durabilidade muito superior a das cédulas, tornando-as mais apropriadas à intensa rotatividade do dinheiro de troco. Os países, por meio de seus bancos centrais, controlam e garantem as emissões de dinheiro. O conjunto de moedas e cédulas em circulação, chamado meio circulante, é constantemente renovado por meio de processo de saneamento, que consiste na substituição das cédulas gastas e rasgadas. 25 AULA 3 • EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MOEDA 2.1.10 CHEQUE Com a supressão da conversibilidade das cédulas e moedas em metal precioso, o dinheiro cada vez mais se desmaterializa, assumindo formas abstratas. Esse documento, pelo qual se ordena o pagamento de certa quantia ao seu portador ou à pessoa nele citada, visa, primordialmente, à movimentação dos depósitos bancários. O importante papel que esse meio de pagamento ocupa hoje, na economia, deve-se às inúmeras vantagens que proporciona, agilizando a movimentação de grandes somas, impedindo o entesouramento do dinheiro em espécie e diminuindo a necessidade de troco, por ser um papel preenchido à mão, com a quantia de que se quer dispor. O dinheiro, seja em que forma se apresente, não vale por si, mas pelas mercadorias e serviços que pode comprar. É uma espécie de título que dá a seu portador a faculdade de se considerar credor da sociedade e de usufruir, por meio do poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno. A moeda não foi, pois, genialmente inventada, mas surgiu de uma necessidade, e sua evolução reflete, a cada momento, a vontade do homem de adequar seu instrumento monetário à realidade de sua economia. Adaptado de texto extraído do site do Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?ORIGEMOEDA>. 3 RESUMO O dinheiro, tal como o conhecemos hoje, surgiu da necessidade em mensurar bens e serviços com base em uma unidade comum. Nos primórdios da sociedade humana, as transações eram realizadas com base no escambo (troca de mercadoria por mercadoria). Com o tempo, algumas mercadorias (como o sal e o gado) passaram a ser mais utilizadas como moeda- mercadoria, por terem características que facilitavam a troca. Essas mercadorias foram substituídas pelo metal (principalmente: ouro, prata e cobre), na medida em que o homem desenvolveu as técnicas para sua manipulação. A moeda em papel surgiu com o ourives, profissional que recebia depósitos em ouro e prata e entregava recibo como garantia. Devido à facilidade no transporte, as pessoas começaram a usar esse recibo como forma de pagamento. Com o surgimento dos bancos, o sistema monetário evoluiu, e, atualmente, temos vários tipos de moeda, como o papel-moeda e os cheques. 4 ATIVIDADES 1) Explique com suas palavras o que é moeda. 2) O que é ativo? Todos os ativos que compõem a riqueza de um indivíduo podem ser considerados moeda? Explique. 3) Por que o escambo prejudica a acumulação de ativos? REFERÊNCIAS ALVES, Juliana Dias. Teoria Macroeconômica I. Belo Horizonte: Ed. FEAD, 2009. ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2005. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Origem da moeda. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?ORIGEMOEDA>. Acesso em: dez. 2010. HILLBRECHT, Ronald. Economia monetária. São Paulo: Atlas, 1999. PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2002. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Manual de introdução à economia. São Paulo: Saraiva, 2006. Objetivos • Conhecer os principais conceitos de moeda. • Compreender as principais funções da moeda. • Citar as principais característicasda moeda. • Explicar as principais características da moeda • Saber classificar a moeda de acordo com seu tipo. AULA 4 PRINCIPAIS ASPECTOS DA MOEDA MERCADO DE CAPITAIS ELEMENTOS DA ECONOMIA MONETÁRIA Unidade 01 28 MERCADO DE CAPITAIS 1 INTRODUÇÃO Na aula anterior, falamos sobre moeda e sua evolução. Nesta aula, trataremos dos principais conceitos, funções e principais características da moeda. Classificaremos, inclusive, a moeda em fiduciária e a moeda bancária ou estrutural. 2 CONCEITOS Alguns conceitos básicos são necessários para aprofundamento no assunto. Leia, com atenção, e certifique-se de que estão realmente fixados. 2.1 CONCEITO DE MOEDA Como exposto no texto, a moeda não é apenas um conjunto de notas e moedas, mas sim um conjunto de diversas formas que circulam na economia, sendo, portanto, de vários tipos: moeda-mercadoria, metal, moedas antigas, moeda de papel etc. (conforme exposto no texto do Banco Central do Brasil). Importante ressaltar que, no escambo, como foi dito, não havia moeda. É importante lembrar também que, visto que a moeda não produz nada, ela não é um bem de consumo nem de investimento, e tem características específicas e diferenciadas, as quais serão vistas mais adiante nesta aula. 2.2 MOEDA COMO ATIVO Moeda também pode ser denominada ativo, que é um bem ou direito que se pode ter. Segundo Hillbrecht (1999), o conjunto de ativos compõe a riqueza do indivíduo, mas apenas os ativos que podem ser utilizados como meio de troca podem ser chamados de moeda. De uma maneira mais simples, podemos falar que as roupas, os livros, o material escolar e até a inteligência e outros bens e direitos que são guardados com você constituem riqueza pessoal. Porém, somente os bens e direitos que podem ser utilizados como meio de troca podem ser chamados de moeda. Assim, prezado estudante, a inteligência que você tem não é uma moeda, mas faz parte de sua riqueza. 2.3 ESCAMBO X ACUMULAÇÃO DE ATIVOS O significado mais simples de escambo é troca sem intervenção de instrumento monetário, ou seja, sem utilização da moeda. Esse estágio do processo de evolução da moeda reflete em dificuldade de se acumular ativos, pois a troca sem utilização da moeda dificulta a circulação de bens, serviços e mercadorias. Por exemplo, se tenho apenas umas frutas para ofertar no mercado e o comprador oferece, como única maneira de pagamento, um armário enorme, como faremos para que aconteça a troca? Será que a outra pessoa vai topar a troca? Você considera essa troca desproporcional?1 A dificuldade em fazer a troca, muitas vezes, não permite que a mesma ocorra, dificultando assim a circulação de bens e serviços e, dessa maneira, dificulta a acumulação de riquezas. 3 FUNÇÕES De acordo com Assaf Neto (2005), a moeda tem três funções básicas, enumeradas e explicadas nos tópicos a seguir. 3.1 INSTRUMENTO (MEIO) DE TROCA Na época em que era adotado o escambo, não existia moeda e havia grandes dificuldades nas relações quantitativas. As formas rudimentares de relacionamento econômico se alteraram a partir da denominada primeira revolução agrícola, em que os grupos que tiveram prosperidade em suas atividades econômicas começaram a praticar a agricultura organizada e a domesticação de animais. Nesse contexto, ocorreu o surgimento da moeda como meio de troca, pois o escambo foi cedendo espaço para outras maneiras de pagamento. Produtos de aceitação geral, tais como alimentos e produtos de necessidade básica, num primeiro momento, foram aceitos como moeda sem grandes restrições. Em fases posteriores, foram utilizados metais, moedas antigas e moeda de papel. Isso foi feito para existir uma coincidência entre vendedores e compradores em relação aos bens e direitos do negócio. Outra conveniência que viabilizou a utilização da moeda como meio de troca é sua divisibilidade, que permitiu negociações em partes dos itens. Assim, a moeda foi adotada para dinamizar no mercado a circulação de bens e serviços. 1 Qual é a dificuldade dessa troca? Se voltarmos às propriedades desejáveis da moeda-mercadoria (nota anterior), veremos que a indivisibilidade do armário é o principal fator a dificultar esta transação. 29 AULA 4 • PRINCIPAIS ASPECTOS DA MOEDA 3.2 MEDIDA DE VALOR OU UNIDADE DE CONTA A moeda auxilia na mensuração da economia, ou seja, permite uma medição de preços e débitos ao expressar bens e serviços em valores monetários. Com base nesse conceito, caro leitor, podemos apurar o preço de bens e serviços. Assim, graças à moeda, podemos comparar preços de produtos nos supermercados e comprar o mais barato; podemos solicitar orçamento de bens e serviços, verificando o mais adequado para nossas necessidades; podemos verificar qual emprego representa um custo-benefício mais alinhado com nossos interesses etc. 3.3 RESERVA DE VALOR Com a utilização da moeda, as pessoas ficam possibilitadas de acumular riqueza e, assim, estabelecem seu poder de compra, ou seja, acumular valores para um uso posterior. Você sabe o conceito de liquidez? O que responderia se eu perguntasse qual a liquidez do dinheiro no seu bolso? Então vamos lá: liquidez é a velocidade que um ativo pode ser transformado em meio de troca. A moeda é o ativo que tem o grau de liquidez mais alto por ser o próprio meio de troca. Já a casa em que você reside é um ativo de liquidez muito menor do que a moeda, pois, para transformá-lo em instrumento de troca, é necessário mais tempo. Por outro lado, uma ação na bolsa de valores é um ativo de liquidez intermediário (entre a moeda e o imóvel). Para facilitar esta distinção, podemos fazer uma simples pergunta: quanto tempo se levaria para transformar esse ativo em dinheiro? Quanto mais líquido for o ativo, mas rápido isso ocorrerá. A moeda tem liquidez absoluta, pois pode ser convertida em qualquer ativo imediatamente. Você se lembra de quando falamos em inflação na aula 2? Lembra-se o que é inflação? Se não se lembra, volte à aula anterior, pois iremos utilizar agora esse conceito. Um problema da moeda e sua alta liquidez (poder de se converter em outro ativo) é a inflação, pois o poder de compra é diminuído com a elevação dos preços dos bens e serviços. A título de ilustração, você já passou pelo incômodo de não comprar um produto num determinado dia e, mais tarde, quando resolveu de fato adquiri-lo, o preço já havia aumentado e seu dinheiro continuou o mesmo [...]? Isso significa que o valor da moeda é volátil, o que não ocorre com o preço de um imóvel, por exemplo. Isso, porque a moeda tem alta velocidade de circulação, alta liquidez, ao contrário do imóvel. 4 CARACTERÍSTICAS Após a fase de escambo, algumas mercadorias eram utilizadas como moeda. Mas com base em que podemos classificar os itens em moeda? A moeda, para ser considerada tal, precisa atender às seguintes características enumeradas por Pinheiro (2005). 4.1 INDESTRUTIBILIDADE (OU DURABILIDADE) O manuseio da moeda e seu uso normal devem ser permitidos no sentido de que a moeda não se deteriore facilmente. 4.2 INALTERABILIDADE A moeda deve ser protegida de falsificações, pois devem ser praticadas estratégias para que ela não seja alvo dessa prática. 4.3 HOMOGENEIDADE Duas unidades monetárias (por exemplo, duas moedas de um real) devem ser iguais e ter o mesmo valor. 4.4 DIVISIBILIDADE A moeda deve permitir sua divisão em valores menores e também ter múltiplos, para que sejam realizadas transações maiores e menores. 4.5 TRANSFERIBILIDADE A posse (“estar com a moeda”) e a propriedade (“ser dono da moeda”) devem ter a possibilidade de serem feitas facilmente com velocidade e agilidade. 4.6 FACILIDADE DE MANUSEIO (TRANSPORTABILIDADE) Os agentes que utilizam a moeda não devem considerar seu transporte difícil, pois devem auxiliar a circulação dos bens e serviços. 30 MERCADO DE CAPITAIS 5 TIPOS DE MOEDA 5.1 MOEDA FIDUCIÁRIA A moeda fiduciária é aquela que circula por meio do papel-moedae que é parcialmente lastreada por algum depósito. A origem de sua utilização vem dos depósitos em ouro, com os ourives (precursores dos bancos). Cabe ressaltar que a moeda fiduciária tem o valor atrelado a sua aceitação no mercado ou pelo valor forçado imposto por lei. A moeda lastreada, por outro lado, tem sua emissão baseada na existência de depósitos mantidos pelas autoridades monetárias, sendo que sua emissão é baseada na existência de reservas em quantidade associada ao seu valor. Inicialmente, os recibos dos depósitos correspondiam à mesma quantidade de ouro mantida guardada nos cofres. Observando isso, os ourives e, posteriormente, os banqueiros, passaram a emitir recibos em maior quantidade do que os depósitos de ouro existentes em seus cofres. O valor desses recibos ou das moedas de papel dependia da garantia (que é o mesmo que fidúcia ou confiança) que merecia o banco emissor. 5.2 MOEDA BANCÁRIA OU ESCRITURAL Aos depósitos à vista existentes nos bancos ou outras instituições creditícias, dá-se o nome de moeda bancária ou moeda escritural. Normalmente, são movimentados por intermédio de instrumentos de circulação de moeda bancária. Seu principal meio de movimentação, hoje em dia, são os cheques e os cartões eletrônicos. No Brasil, outras formas de movimentação da moeda escritural incluem as transferências de crédito, as Transferências Eletrônicas Disponíveis ou TED, os Documentos de Crédito ou DOC’s e os boletos de cobrança, mais conhecidos como pagamentos com código de barra. Em termos práticos, a moeda fiduciária é o nosso papel-moeda e as moedinhas de troco que recebemos todos os dias. Já a moeda bancária é o número que aparece quanto você tira um extrato da sua conta. Se todos os clientes de todos os bancos resolves- sem no mesmo dia sacar em moeda fiduciária todo o montante de suas contas bancárias (correspondente à moeda escritural), o que aconteceria? Todos os bancos estariam falidos. O sistema monetário atualmente não tem um lastro correspondente ao valor exato de todos os depósitos. A quantidade de papel-moeda que o banco central emite é apenas aquela necessária para as transações em que este tipo de moeda é utilizado. Assim, quando utilizamos, por exemplo, o cartão de crédito para pagar uma compra do supermercado, o banco não precisa entregar ao supermercado aquele valor em papel-moeda. Há apenas uma troca de moeda fiduciária, ou seja, das contas de banco para a conta do supermercado. 6 RESUMO Moeda é o conjunto de diversas formas que circulam na economia, sendo, portanto, de vários tipos: moeda-mercadoria, metal, moedas antigas, moeda de papel. A moeda tem diversas funções: instrumento de troca (para dinamizar no mercado a circulação de bens e serviços); medida de valor e unidade de conta (auxilia na mensuração da economia); e reserva de valor (permite acumulação de riquezas). As principais características da moeda que possibilitam seu uso na sociedade são: a durabilidade (não se deteriora facilmente), inalterabilidade (deve ser protegida de falsificações), homogeneidade (unidades monetárias devem ser iguais e ter o mesmo valor), divisibilidade (possibilidade de divisão em valores menores), transferibilidade (transferência de posse e propriedade) e transportabilidade (fácil transporte). O papel moeda é também conhecido como moeda fiduciária. A quantidade de papel-moeda é inferior à riqueza de uma população e grande parte dessa riqueza está registrada nos bancos. Esses depósitos à vista nos bancos recebem o nome de moeda escritural. 7 ATIVIDADES 1) Cite e explique as três funções básicas da moeda. 2) Cite e explique as seis características da moeda explicitadas no texto. 3) Cite e explique os dois tipos de moeda. REFERÊNCIAS ALVES, Juliana Dias. Teoria macroeconômica I. Belo Horizonte: Ed. FEAD, 2009. ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2005. 31 AULA 4 • PRINCIPAIS ASPECTOS DA MOEDA HILLBRECHT, Ronald. Economia monetária. São Paulo: Atlas, 1999. PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2002. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Manual de introdução à economia. São Paulo: Saraiva, 2006. Objetivos • Conceituar meios de pagamento e agregados monetários. • Explicar as principais características de meio de pagamento. • Citar os tipos de meio de pagamento. • Explicar os tipos de meio de pagamento. • Compreender o conceito de multiplicador bancário. AULA 5 MEIOS DE PAGAMENTO E AGREGADOS MONETÁRIOS MERCADO DE CAPITAIS ELEMENTOS DA ECONOMIA MONETÁRIA Unidade 01 34 MERCADO DE CAPITAIS 1 INTRODUÇÃO Na aula anterior, falamos sobre a moeda, sua evolução, seus conceitos, suas funções e as principais características. Conceitos importantes já apresentados são os de moeda em fiduciária e de moeda bancária ou estrutural. Vamos precisar desses conceitos. Para a formulação e avaliação de uma política monetária, ou seja, para atuação do governo numa economia, o valor dos meios de pagamento é calculado para verificar a quantidade de papel-moeda em poder do público. Os valores encontrados auxiliam o governo a mensurar seu desempenho financeiro (superávits ou déficits na conta do governo) e avaliar a expansão dos meios de pagamento mediante concessão de créditos aos bancos comerciais. Mas o que são meios de pagamento? E agregados monetários? 2 MEIOS DE PAGAMENTO E AGREGADOS MONETÁRIOS 2.1 CONCEITO 2.1.1 MEIOS DE PAGAMENTO Um equívoco muito comum dos alunos é confundir instrumentos de pagamento com meios de pagamento. Você sabe a diferença? Os instrumentos de pagamento são o meio utilizado para transferência de meios de pagamento do pagador para o recebedor (cheque, dinheiro em espécie, cartão etc.). Já os meios de pagamento são os ativos ou os direitos aceitos para liquidação de uma obrigação de pagamento. 2.1.2 AGREGADOS MONETÁRIOS Agregar significa somar. O termo monetário se refere ao volume de dinheiro ou à oferta de dinheiro de uma economia (país, região). Por isso, entende-se que agregados monetários são a soma dos meios de pagamento em circulação. 2.1.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS O total dos meios de pagamentos é representado pelo volume da oferta de moeda em circulação (sem considerar os montantes mantidos em caixa pelas autoridades monetárias (no Brasil temos o Banco Central do Brasil) e pelos bancos comerciais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Real, Santander etc.), mais a moeda escritural (depósitos à vista do público nos bancos). O Banco Central, de acordo com as necessidades identificadas em determinado período em uma economia e com a autorização legal das autoridades monetárias, emite o papel-moeda. Uma parte desse papel-moeda costuma permanecer retida no próprio Banco Central, aguardando liberação futura. A moeda em circulação, também chamada de meio circulante, é o total da moeda emitida em uma economia menos o valor retido no caixa das autoridades monetárias (no caso do Brasil, o Banco Central). O valor da moeda em circulação subtraindo-se o valor no caixa dos bancos resulta no total da moeda em poder do público. Assim: Moeda Emitida (-) Caixa das Autoridades Monetárias Moeda em Circulação (-) Caixa dos Bancos Moeda em poder do público. De acordo com Assaf Neto (2005): “os meios de pagamento representam todos os haveres com liquidez imediata em poder do público, exceto o setor bancário. É uma medida de avaliação do nível de liquidez do sistema econômico.” O principal objetivo em calcular o valor total dos meios de pagamento é descobrir a liquidez do sistema econômico, ou seja, saber a disponibilidade de recursos em curto prazo mediante o público. 3.1 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DE PAGAMENTO A moeda como meio de troca permitiu adquirir bens e serviços. A utilização em massa do sistema financeiro (bancos e outras instituições creditícias) desenvolveu a moeda, dando-lhe aplicabilidade necessária à aquisiçãode produtos no mercado com seu uso corrente no país. O grau de liquidez (velocidade) nas operações pode ser maior ou menor, de acordo com o tipo de moeda utilizada. Essa característica dos meios de pagamento, ou seja, as diferenças de liquidez geram problemas na mensuração da quantidade de moeda em circulação, cujo objetivo é identificar e evidenciar a quantidade ideal de moeda que deve ficar em circulação. Com esse problema, surgiu mais um: como identificar quais são as diversas moedas distintas do dinheiro que circulam paralelamente no mercado? As Ciências Econômicas, com o intuito de classificar as 35 AULA 5 • MEIOS DE PAGAMENTO E AGREGADOS MONETÁRIOS moedas distintas para medir o grau de liquidez, criou uma série de meios de pagamento. O total dos meios de pagamento são o que em economia convencionou-se chamar de M1, M2, M3 e M4. O M1 é chamado de meio de pagamento restrito e os demais agregados (M2, M3 e M4) são chamados meios de pagamento ampliados. 3.2 TIPOS DE MEIOS DE PAGAMENTO Os ativos do conceito M1 são os de mais alta liquidez. Já os agregados monetários amplos, que são o M2, M3 e M4, abrangem os mais diferentes ativos monetários. Ocorre um aumento de M4 em relação a M1 normalmente quando os processos inflacionários na economia acontecem. É a chamada desmonetização. A monetização – o contrário – acontece quando há a redução da inflação, minimizando o custo das pessoas em manter maior volume de moeda. 3.2.1 MEIOS DE PAGAMENTO M1 Também chamado de moeda M1 ou de agregado M1. O Meio de Pagamento M1 é constituído pelos saldos de moeda em poder do público somado aos depósitos à vista: Papel-moeda em poder do público (+) depósitos à vista nos bancos comerciais = MEIOS DE PAGAMENTO M1 Vale lembrar que os depósitos à vista consideram os depósitos que são correntes no Banco do Brasil e excluem os que estão disponíveis nas Caixas Econômicas. Os demais tipos de meios de pagamento são avaliados em conceitos mais amplos, que incluem diversos títulos em circulação no mercado financeiro. 3.2.2 MEIOS DE PAGAMENTO M2 OU MOEDA M2 É o resultado do conceito M1 somado aos depósitos à vista nas Caixas Econômicas, aos títulos públicos colocados no mercado (federais, estaduais e municipais) e aos saldos de fundos de aplicação financeira (renda fixa). Assim: Meios de Pagamento – conceito M1 (+) Depósitos especiais remunerados (+) Depósitos de poupança (+) Títulos emitidos por instituições depositárias (=) Meios de Pagamento – conceito M2 3.2.3 MEIOS DE PAGAMENTO M3 OU MOEDA M3 O conceito de moeda M3 é o resultado da soma do total de moeda M2 a depósitos em cadernetas de poupança. Meios de Pagamento – conceito M2 (+) Quotas de fundos de renda fixa (+) Operações compromissadas registradas no Selic (=) Meios de Pagamento – conceito M3 3.2.4 MEIOS DE PAGAMENTO M3 OU MOEDA M4 Moeda M4 é resultado da soma do conceito de moeda M3 com os depósitos a prazo fixo (CDB, RDB), letras de câmbio e letras imobiliárias. Meios de Pagamento – conceito M3 (+) Títulos públicos de alta liquidez. (=) Meios de Pagamento – conceito M4 4 MULTIPLICADOR BANCÁRIO Os bancos podem criar moeda? Mochon e Troster (1994), em Introdução à economia, expõem um exemplo que deixa muito claro a evidência de que os bancos criam moeda. Suponha que você, caro aluno, ganhou 100 milhões de reais num sorteio da loteria. Por questões de segurança, você depositou o dinheiro num banco (fez um depósito à vista no banco). Para o banco, houve um aumento de 100 milhões de reais em sua liquidez. Mas o banco sabe que você não irá usar todo o dinheiro de uma só vez e por isso não precisa manter todo esse dinheiro guardado em seu caixa forte. Parte do dinheiro depositado será empregada para a concessão de empréstimos e créditos aos demais clientes daquele banco. A instituição bancária não coloca todos os 100 milhões em circulação, pois normalmente deixa parte desse valor em reserva. Supondo que o valor dessa reserva (chamada depósito compulsório) seja de 10% dos 100 milhões, ou seja, 10 milhões, o banco colocará em circulação no mercado (por meio de empréstimos a outros clientes) 90 milhões. Os 90 milhões emprestados livremente gerarão juros, que são cobrados pelo banco. As pessoas que receberam esse dinheiro como empréstimo irão gastá- lo, e as empresas que recebem esses valores poderão fazer novos depósitos no sistema bancário, ou seja, os 36 MERCADO DE CAPITAIS 90 milhões emprestados retornarão aos bancos como novos depósitos. Por sua vez, desses 90 milhões, 10% serão guardados nos cofres como reserva e os outros 81 milhões serão colocados em circulação pelos bancos (por meio de novos empréstimos). E, assim, o mesmo processo se reinicia. Logo, quanto maior for o depósito compulsório, ou seja, o percentual que o banco deve guardar nos seus cofres (utilizamos a alíquota de 10% em nosso exemplo), menor será o multiplicador bancário, mantendo constantes as demais condições. De uma forma mais sintética, na realização do empréstimo, não ocorre uma diminuição dos direitos que os depositantes têm sobre o banco. Ao conceder empréstimos, o próprio banco está criando meios de pagamento adicionais (criando moeda escritural), pois se transfere poder de compra ao tomador sem reduzir a quantidade à disposição dos depositantes. Pode- se, tomando como parâmetro esse processo, verificar a capacidade de criação de moeda pelos bancos comerciais, a partir da moeda emitida pelo Banco Central, definindo-se assim o chamado multiplicador monetário. 5 RESUMO Uma das funções da moeda é a sua utilização como meio de pagamento. Entende-se por meio de pagamento todo o ativo ou direito que seja aceito para o pagamento de dívidas em moeda nacional. O Banco Central de cada país é o órgão responsável por identificar as necessidades de moeda e determinar a quantidade de papel-moeda a ser emitida. Parte da moeda emitida é mantida em caixa pelas autoridades monetárias, e o restante é moeda em circulação. Desse total, uma parcela fica em poder dos bancos comerciais, principalmente em forma de depósitos compulsórios; e o restante fica em poder do público. Para a mensuração dos agregados monetários, os meios de pagamento são separados em M1, M2, M3 e M4, de acordo com o grau de liquidez de cada ativo, sendo M1 o mais líquido. Os bancos comerciais exercem a importante função de criar moeda, o que é possível devido aos efeitos multiplicadores gerados quando os depósitos à vista são colocados novamente em circulação, por meio de empréstimos. 6 ATIVIDADES 1) O que são meios de pagamento? 2) O que são agregados monetários? 3) Como se calcula o total da moeda em poder do público? 4) Qual o meio de pagamento em sentido restrito? 5) Qual são os meios de pagamento em sentido mais amplo? 6) Como se calcula M1, M2, M3 e M4? 7) O que é desmonetização? 8) O que você entende por multiplicador bancário? REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2005. HILLBRECHT, Ronald. Economia nonetária. São Paulo: Atlas, 1999. MOCHON, Francisco; TROSTER, Roberto Luis. Introdução à economia. São Paulo: Makron Books, 1994. PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2002. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Manual de introdução à economia. São Paulo: Saraiva, 2006. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Economia e finanças: séries temporais – meios de pagamento ampliados. Disponível em: <http://www.bcb.gov. br/?SERIEMEIOS PAG>. Acesso em: dez. 2010. Objetivos • Conceituar políticas econômicas. • Explicar as principais características das políticas econômicas. AULA 6 POLÍTICAS ECONÔMICAS MERCADO DE CAPITAIS ELEMENTOS DA ECONOMIA MONETÁRIA Unidade 01 38 MERCADO DE CAPITAIS 1 INTRODUÇÃO Olá! Como vão os estudos? Já falamos da formação da moeda, sua evolução, conceitos básicos, meios de pagamento e agregados monetários. Você se lembra? Todos esses conceitos são importantes para
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