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Fisiologia da visão Sensibilidade é a consciência de um determinado estímulo, sempre que um impulso sensorial é transmitido ao encéfalo. A sua interpretação é denominada percepção, essa que ocorre a níveis talâmicos e corticais, onde essas informações possuem consciência, localização, intensidade, entre outros. No caso da visão é necessário que ocorra um estímulo visual, contando a presença de um fotorreceptor (detecta estímulos eletromagnéticos) que converta o estímulo em impulso nervoso. Esse impulso é conduzido até o sistema nervoso central, onde é codificado, gerando informação e interpretação do estímulo primário. A célula para informação visual NÃO DESPOLARIZA, não gerando potencial de ação. A geração dessa informação é diferente do tipo de sensibilidade dos outros sistemas. Luz é um pequeno segmento do espectro eletromagnético que o olho humano é sensível. Ao penetrar no olho, os fótons são conduzidos e chegam até a retina, esses que serão absorvidos pelas células responsáveis pela detecção da luz. A variação de onda que nosso olho consegue captar varia de 400-700 nm. As ondas mais curtas como raio X e ultravioleta pode até mesmo atrapalhar o funcionamento do olho. O globo ocular é dividido em três camadas: a mais externa (esclera e córnea), a parte média (coroide, íris e corpo ciliar) e a mais interna (retina neural e pigmentar). Nessa terceira camada também se tem o cristalino, que auxilia na acomodação da visão. Além disso, o olho possui a região de fóvea (possui um tipo especial de células que serve para focalizar objetos) e do disco óptico (local de ponto cego, em que não existem fotorreceptores, sendo o local de saída do nervo óptico formado pelo axônio das células ganglionares, tendo também entrada e saída de vasos sanguíneos). O humor aquoso é formado pelo corpo ciliar e pelos processos ciliares, de modo que esses locais recebem fluxo sanguíneo intenso de vasos da coroide. Para regular a quantidade desse líquido tem-se um mecanismo de drenagem até o canal de Schlemm. Na câmara posterior tem-se o humor vítreo, com composição diferente do humor aquoso e algumas células fagocíticas, que removem células mortas, substâncias tóxicas provenientes da circulação, entre outros. A diminuição desse líquido dificulta a passagem da luz e, consequentemente, a visão, já que ocorre a deposição de partículas que deveriam ser fagocitadas pelas células presentes no humor vítreo. O cristalino ou lente é um lente natural responsável pela focalização de um determinado objeto, seja perto ou longe. O músculo ciliar atua fazendo com que o cristalino fique mais ovalado ou mais achatado, garantindo o foco aos objetos. Ele possui uma elasticidade natural, para possibilitar sua mudança de forma, essa que é garantida pela região das fibras da zônulas, que possuem origem ao redor de todo o cristalino e se inserem no músculo ciliar. Para objetos próximos o cristalino está relaxado, sendo que ocorre uma contração da musculatura ciliar, fazendo com que as fibras da zônulas cheguem próximo ao cristalino, garantindo um formato mais ovalado. A focalização de objetos distantes ocorre pelo relaxamento da musculatura ciliar, de modo que a porção da zônulas estica o cristalino e faz com que ele fique mais achatado. Podem existir algumas ametropias, que são distúrbios de alterações do formato do globo ocular ou no grau de elasticidade do cristalino. Nota-se que o grau de acomodação do cristalino reduz com o passar da idade, devido à perda da elasticidade. Sem as adaptações feitas pelo cristalino, que regula e corrige a mudança de meios no mecanismo de refração, nós veríamos as imagens como dentro d´água. Se o olho tem um formato normal, a luz chega exatamente no local da retina, onde deve ocorrer a formação da imagem. Todavia, tem-se alterações do globo ocular (a adaptação pela musculatura ciliar é insuficiente), como em casos de miopia (achatamento do globo ocular), em que ocorre a formação da imagem antes da retina, de modo que o paciente não consegue enxergar objetos distantes. Já na hipermetropia (globo ocular ovalado com distância anteroposterior menor que o olho normal), a formação da imagem ocorre posterior à retina, de modo que o paciente não consegue enxergar nitidamente objetos próximos. Deve-se lembrar que a informação visual chega, só não chega da maneira correta, ficando sem nitidez e embaçado. O astigmatismo ocorre pela chegada da luz na retina em diversos pontos, diferente do normal que o raio luminoso chega em um só ponto a retina. Camadas da retina Na camada mais interna tem-se os fotorreceptores, que detectam os estímulos magnéticos. A primeira camada da retina é o epitélio pigmentar, responsável pela reciclagem de processos importantes nos cones e bastonetes, principalmente na porção retinal (que recebe o fóton). Ele também forma uma porção escura no fundo do olho, que impede que a luminosidade extravase para regiões posteriores à retina. A próxima camada de células é a de fotorreceptores, que é dividida em duas. Primeiro tem-se a camada nuclear externa, onde encontra-se o corpo dos cones e bastonetes, assim como processos de manutenção do potencial da membrana dessas células, por meio de bombas de Na+/K+ e Na+/Ca2+. Na segunda camada, a camada plexiforme externa ocorre principalmente a sinapse dos fotorreceptores com as células bipolares, mas também com a presença das células horizontais, essas que são responsáveis por modular a função sináptica das células fotorreceptoras para as células bipolares, além de poder inibir alguns fotorreceptores. A camada nuclear interna será formada por células bipolares. A camada plexiforme interna se localiza entre as células bipolares e ganglionares, modulando a sinapse dessas duas células com o auxílio das células amácrinas (corpos celulares e axônios). A camada de células ganglionares irá formar o nervo óptico, que leva a informação até o núcleo geniculado lateral no SNC. Fotorreceptores Numa linha direta tem-se os fotorreceptores, a camada de neurônios bipolares e os neurônios ganglionares. A luz chega na retina pela região das células ganglionares, atravessa a camada de neurônios bipolares e chega até os cones e bastonetes, onde será transmitido o estímulo, tendo a formação da visão. Todavia, a retina possui cinco tipos celulares, cada um com sua função específica. Os fotorreceptores se diferenciam na forma (cone e bastão), no fotopigmento que reconhecem, na distribuição na retina e no padrão de conexões sinápticas. Os cones (5-7 milhões de cones) situam-se nas regiões mais centrais, como na mácula e na fóvea, tendo baixa densidade ao longo da retina. Nos dão visão de detalhes e percepção das cores, responsáveis pela visão diurna (precisa de luminosidade). Possuem menor amplificação, precisando de um estímulo luminoso intenso para visualizarmos a imagem com nitidez. Têm resposta rápida e tempo de integração curto, já que se necessitam de muitos fótons para gerar potencial de receptor diversas vezes, promovendo a interpretação constante, rápida e com grande riqueza de detalhes da informação visual. Tem-se alta acuidade, se na presença de luz, e vias retinianas menos convergentes, concentrados na fóvea, de modo que a descrição fidedigna e com riqueza de detalhes de um objeto só consegue ser feita se estiver focalizado nele. Existem três tipos de cones (S, M, L) com pigmentos diferentes (azul, verde e vermelho) e mais sensíveis a diferentes espectros da luz visível. Eles detectam os três tipos de cores, mas tem-se estímulo maior pelas respectivas cores, por ter maior quantidade de proteínas receptoras. O daltonismo se caracteriza pela ausência dessas proteínas, denominadas rodopsinas (azul, verde/azul e vermelho/verde), com sete domínios transmembranas em que os aminoácidos detectam determinado comprimento de onda. Os bastonetes (115-120 milhões) situam-senas outras partes da retina e nos dão a visão sob iluminação fraca e periférica (responsáveis pela visão noturna, de modo que não funcionam com altos graus de luminosidade). As células bipolares transportam a informação da visão e as células ganglionares formam o nervo óptico. Tem alta amplificação, de modo que a detecção de um único fóton faz com que ele consiga detectar e gerar potencial de receptores, transmitindo a mensagem visualizada. Possuem baixa acuidade, com vias retinianas altamente convergentes, ausentes na fóvea central e predominantes nas zonas periféricas, tendo alta densidade de bastonetes ao longo da retina. Não possuem resolução para detalhes e contornos dos objetos, nem para determinar a cor. Tem-se apenas um tipo de pigmento por bastonete. Visão escotópica: dada principalmente por bastonetes, como sob a luz das estrelas ou no escuro, em que não se consegue riqueza de detalhes. Visão mesópica: dada por cones e bastonetes, como em dias de lua cheia, tendo determinada riqueza de detalhes, mas ainda com menor nitidez. Visão fotópica: dada principalmente pelos cones, com predominância de claridade e grande riqueza de detalhes. No segmento inicial dos bastonetes e dos cones encontram- se os discos membranosos ou de fotorreceptor, local que possui proteínas com porções específicas para absorção do fóton em um determinado comprimento de luz ou luminosidade, importantes para a fototransdução. Os fotorreceptores possuem variações de potencial de membrana, mas não possuem potencial de ação. Quando ocorre o estímulo luminoso o potencial de membrana CAI, de modo que a célula hiperpolariza (-40 mV para -65 mV). Ao passar o estímulo da célula, na ausência da luz, ela volta para o potencial de membrana normal, despolarizando o fotorreceptor. As rodopsinas (formadas pelas opsinas, que são sete domínios transmembranas ligadas a uma proteína G) também estão presentes nos bastonetes em seus discos de fotorreceptor. Na porção central da rodopsina tem-se uma porção retinal, que inativa é chamada de 11-cis-retinal, essa que muda sua conformação para absorver o fóton (alteração bioquímica), passando a ser inativa e se chamar tudo-trans-retinal. Com o estímulo luminoso, quando ocorre essa transformação ativa-se a proteína G ligada à rodopsina, que ativa a fosfodiesterase, que irá hidrolisar o GMP (que se liga aos canais de Ca2+/Na+), reduzindo a concentração desse na célula, promovendo o fechamento dos canais Ca2+/Na+ e hiperpolarizando a célula. No escuro, ou seja, na ausência de estímulo luminoso, a porção retinal permanecerá 11-cis-retinal, de modo que a fosfodiesterase não será ativada, mantendo os níveis de GMPc no interior das células e os canais de abertos, promovendo a despolarização do fotorreceptor e o retorno ao potencial de membrana (-40 mV). Existem campos receptivos na retina, esses que são formados por diversas células fotorreceptoras e bipolares que convergem em uma célula ganglionar, de modo que a informação luminosa chegará até o corpo geniculado lateral. Existem células ganglionares responsáveis por receber estímulos da retina que são chamadas centro on e centro off. Sempre que houver iluminação no centro da célula ganglionar de centro on, elas sofrem potenciais de ação, despolarizando conforme o aumento da luminância. Quando seu centro ficar escuro ela não disparará potenciais de ação. Já na célula ganglionar de centro off, quando se tem iluminação em seu centro ela não apresentará potencial de ação, mas quando tem-se redução na luminância ela se despolariza e aumenta o disparo de potenciais de ação. Os padrões de conexões sinápticas existem de dois tipos nessas células ganglionares: excitatórios e inibitórios, ambos provenientes das células bipolares. O campo receptivo possui fotorreceptores que se ligam às células bipolares e levam informações até as ganglionares. Cada célula ganglionar responde a estímulos em um campo receptivo na retina, sendo que um campo receptivo ganglionar on precisa da luz e um ganglionar off precisa do escuro. Os estímulos excitatórios são provenientes do centro do campo receptivo para as células ganglionares, enquanto que as regiões periféricas desse campo receptivo promovem estímulos inibitórios. Essa inibição pela periferia ocorre pelas células horizontais (células inibitórias ativadas por neurotransmissores liberados pelos fotorreceptores), que promovem a inibição de fotorreceptores. A frequência de descarga de uma célula ganglionar tipo on aumenta quando um ponto de luz incide em seu centro, promovendo despolarização. Conforme o estímulo luminoso vai seguindo para a periferia, o potencial de membrana reduz de modo que a célula de hiperpolariza. Em uma célula centro Porção central da rodopsina 11-cis-retinal Estímulo luminoso a transforma em tudo- trans-retinal Ativa a proteína G ligada a rodopsina Ativa a fosfodiesterase, que hidrolisa GMP Reduz a concentração de GMP Fechamento dos canais Ca2+/Na+ e hiperpolarização das células off, se fosse colocado escuro em seu centro a frequência de potencial também aumentaria, mas caso esse escuro fosse caminhando para a periferia seu potencial diminuiria. A imagem é formada a partir de hiperpolarização e despolarização, de modo que corre uma sinapse entre as células fotorreceptoras e bipolares de dois tipos: inotrópica (receptor é um canal iônico) e metabotrópica (receptor ligado a uma proteína G). para ter a liberação do neurotransmissor faz-se necessária a despolarização da membrana, de modo que o sódio entra, podendo ter a entrada de cálcio, que também auxilia na fusão das vesículas. Em uma célula centro on, com o estímulo luminoso o cone hiperpolariza e não libera glutamato, de modo que esse neurotransmissor não ativa a proteína Gi que antes inativava a célula bipolar centro on, ativando essa célula, que estimula (pelo glutamato agindo em receptores AMPA cainato) as células ganglionares centro on. Se ficar escuro, o cone despolariza, liberando glutamato na fenda e que se liga a célula bipolar centro on, inativando-a. Todavia, o glutamato liberado pode agir nos receptores AMPA cainato da célula bipolar centro off, por abrir canais de sódio, despolarizando a célula bipolar centro off, que age ativando a célula ganglionar centro off. A porção periférica do campo receptor é inibitória pela presença das células horizontais. A liberação de neurotransmissor pelas células receptoras ativa as células horizontais, essas que são inibitórias. Sempre que houver estímulo na periferia do campo receptor, ocorre inibição das células ganglionares. As células horizontais se auto despolarizam, enviando suas projeções pro centro on do campo receptivo e diminui os potenciais de ação. Vias centrais da visão Quando a informação chega na retina, gera-se um potencial para as células ganglionares, que levam essa informação até o quiasma óptico, onde ocorre a decussação da informação direita e esquerda. Além disso, a segunda parte dessa informação chega a três estruturas: Colículo superior: responsável pela orientação da cabeça pelo estímulo visual. Pré-tectum: no mesencéfalo, promovendo o controle da contração e dilatação da pupila), onde está o núcleo de Edinger-Westphal. Hipotálamo: promove a regulação do ciclo claro-escuro. A partir do quiasma óptico tem-se a formação do trato óptico, unindo as informações do globo ocular esquerdo e direito. Posteriormente essas fibras seguem até o núcleo geniculado lateral no tálamo. A partir daí a informação visual segue pelas radiações ópticas até o córtex visual primário na área 37 de Brodman, onde se tem o mapeamento da retina. Depois dessa tem-se as áreas V2, V3, V4 (cores, forma e reconhecimento de faces) e V5 (percepção de movimento e velocidade). A retina lateral pega um campo de visão mais medial, que combina com o campo visual da outraretina lateral e a retina medial pega o campo de visão lateral, que combina com o campo visual da outra retina medial, para ampliar o campo visual. Estimula, pelo glutamato nos receptores de AMPA cainato, as células ganglionares centro on Célula bipolar centro on é liberada de sua inibição Proteína Gi da célula bipolar centro on não é ativada Bloqueia a liberação de glutamato pelo cone Estímulo luminoso hiperpolariza o cone As células ganglionares centro off são ativadas Célula bipolar centro off é despolarizada Glutamato se liga ao receptor AMPA cainato da célula bipolar centro off Ocorre a liberação de glutamato na fenda Escuro despolariza o cone A informação da retina medial cruza o plano mediano para juntar a informação com a retina lateral do outro, sendo que a informação mais lateral não cruza. A parte superior do campo visual vai para a parte do córtex occipital abaixo do suco calcarino contralateral e a parte inferior do campo visual vai para a parte do córtex superior ao suco calcarino. Essa área também fornece o contorno de objetos e pontos luminosos. A informação luminosa é regulada pela pupila nos movimentos de dilatação (escuro) e contração (luminosidade). Essa informação passa pelo nervo óptico, passa pelo quiasma óptico e segue pelo trato óptico até o núcleo geniculado lateral, de onde parte para o pré-tectum. Nesse local a informação é distribuída bilateralmente para o núcleo de Edinger-Westphal. Desse modo, o reflexo pupilar deve ocorrer bilateralmente ao inserir o estímulo luminoso. Assim, a pupila que recebeu o estímulo irá se contrair, como também a pupila contralateral. Isso ocorre, pois, do núcleo de Edinger-Westphal, partem fibras parassimpáticas do nervo oculomotor até o gânglio ciliar, fazendo sinapse com células desse local que levam informação até o músculo constritor da pupila. Uma resposta ipsilateral da pupila pode indicar lesão grave que atingiu o teto ou no pré-tectum. Se não houver constrição ipsilateral pode-se indicara uma lesão na via de informação, como na retina ou no nervo óptico.
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