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Documento não controlado - AN03FREV001 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação Documento não controlado - AN03FREV001 2 CURSO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. Documento não controlado - AN03FREV001 3 SUMÁRIO MÓDULO I INTRODUÇÃO 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE MARKETING 2 CONCEITO DE MARKETING 2.1 ELEMENTOS DO CONCEITO DE MARKETING 3 ESTÁGIOS DO MARKETING 3.1 ESTÁGIO DE PRODUÇÃO 3.2 ESTÁGIO DE PRODUTO 3.3 ESTÁGIO DE VENDAS 3.4 ESTÁGIO DE MARKETING 4 MARKETING NO BRASIL 4.1 MARKETING DE RELACIONAMENTO 5 AS VARIÁVEIS MERCADOLÓGICAS 5.1 VARIÁVEIS INTERNAS 5.2 VARIÁVEIS EXTERNAS 6 ADMINISTRANDO O MARKETING 7 O COMPOSTO DE MARKETING 7.1 PRODUTO 7.2 PREÇO 7.3 PRAÇA (DISTRIBUIÇÃO) 7.4 PROMOÇÃO 8 MARKETING DE SERVIÇOS 8.1 ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS 9 NOVAS TENDÊNCIAS DE MARKETING 10 ABC DO MARKETING Documento não controlado - AN03FREV001 4 MÓDULO II INTRODUÇÃO 11 MARKETING CONTEMPORÂNEO 12 MARKETING TRANSACIONAL E MARKETING DE RELACIONAMENTO 12.1 MARKETING TRANSACIONAL 12.2 MARKETING DE RELACIONAMENTO 13 APRIMORANDO O CONCEITO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO 13.1 OBJETIVOS E METAS DO MARKETING DE RELACIONAMENTO 13.2 MARKETING DE RELACIONAMENTO NA CONTEMPORANEIDADE 13.3 O MARKETING INTEGRADO 14 BENEFÍCIOS DO MARKETING DE RELACIONAMENTO 14.1 BENEFÍCIOS PARA OS CLIENTES 14.2 BENEFÍCIOS PARA AS ORGANIZAÇÕES 15 COMPOSTO DE MARKETING NA ÓTICA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO 16 PROCESSO UNIVERSAL DO MARKETING DE RELACIONAMENTO 17 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O MARKETING DE RELACIONAMENTO 17.1 ESTRATÉGIA ORIENTADA PARA OS CLIENTES 17.2 ESTRATÉGIAS DE MARKETING E O PROCESSO DE MARKETING 17.3 DEFINIÇÃO DA MISSÃO DA EMPRESA 17.4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO 17.5 SEGMENTAR PÚBLICO-ALVO 17.6 ESTABELECENDO METAS E OBJETIVOS EM MARKETING 17.7 DESENVOLVENDO ESTRATÉGIAS DE MARKETING INTERNO 17.7.1 Estrutura Organizacional e Reengenharia 17.7.2 Trabalho em Equipe e Empowerment de Colaboradores 17.7.3 Gestão da Qualidade Total 17.8 DESENVOLVENDO ESTRATÉGIAS DE MARKETING EXTERNO 17.8.1 Aplicando o Mix de Marketing 17.9 CONSTRUIR RELACIONAMENTOS E O PLANO DE MARKETING 17.9.1 Planejando para a Construção de Relacionamento 17.10 DESENVOLVENDO E IMPLEMENTANDO O PLANO DE MARKETING Documento não controlado - AN03FREV001 5 17.10.1 Implementando o Plano de Marketing 17.11 EXERCENDO O CONTROLE DE MARKETING 17.11.1 Auditoria em Marketing 17.11.2 Planejando Ações de Controle de Marketing MÓDULO III INTRODUÇÃO 18 BUSCA E ANÁLISE AMBIENTAL 18.1 O AMBIENTE DE MARKETING EM CONSTANTE MUDANÇA 18.2 RECONHECENDO OS FATORES INTERNOS E EXTERNOS NO AMBIENTE DE MARKETING 18.3 BUSCANDO E ANALISANDO O AMBIENTE 18.4 DISCUTINDO-SE O AMBIENTE INTERNO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO 18.5 DISCUTINDO O AMBIENTE EXTERNO DO MARKETING DE RELACIONAMENTO 18.5.1 Ambiente Social do Marketing 18.5.2 Ambiente Político do Marketing 18.5.3 Ambiente Tecnológico do Marketing 18.5.4 Ambiente Econômico do Marketing 18.6 ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NO MARKETING 19 PESQUISA E ANÁLISE DE MARKETING 19.1 A PESQUISA DE MARKETING NA CONSTRUÇÃO DE RELACIONAMENTOS 19.1.1 Diferentes Usos da Pesquisa de Marketing 19.1.2 Informação de Marketing e Decisões de Marketing 19.2 O PROCESSO DE PESQUISA DE MARKETING 19.2.1 Definição do Problema e Situação Atual 19.2.2 Elaboração do Projeto de Pesquisa 19.2.3 Coleta de Dados 19.2.3.1 Definindo a amostra 19.2.3.2 Questionários 19.2.4 Análise e Interpretação dos Dados da Pesquisa Documento não controlado - AN03FREV001 6 19.2.5 Seleção e Implementação de Alternativas 19.2.6 Avaliação dos Resultados 20 SEGMENTAÇÃO, SELEÇÃO DE MERCADO-ALVO E POSICIONAMENTO 20.1 TRANSIÇÃO DO MARKETING DE MASSA AO MARKETING DE SEGMENTO 20.1.1 Compreendendo a Segmentação de Mercado 20.1.2 Quando se Segmentar Mercados 20.2 O PROCESSO DE SEGMENTAÇÃO DE MERCADOS 20.2.1 Definir o Mercado a ser Segmentado 20.2.2 Identificar e Aplicar Variáveis de Segmentação 20.2.2.1 Segmentação do mercado consumidor 20.2.3 Avaliar os Segmentos 20.2.4 Selecionar os Segmentos 21 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO E DIFERENCIAÇÃO 21.1 CONSTRUINDO RELACIONAMENTO POR MEIO DO VALOR DOS PRODUTOS 21.1.1 Conceito de Produtos: Bens, Serviços e Ideias 21.2 PACOTE DE VALOR DO PRODUTO 21.2.1 Qualidade Total e o Valor do Produto 21.2.2 Características que Fornecem Benefícios ao Cliente 21.2.3 O Uso da Marca como Estratégia de Relacionamento de Marketing 21.2.4 Embalagem e Etiquetas 21.2.5 Segurança dos Produtos 21.2.6 Serviços ao Consumidor Criam Satisfação 21.2.7 Garantias que Agregam Valor 21.3 COMPETINDO POR MEIO DA DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTOS 21.3.1 Diferenciação por meio da Qualidade Superior 21.3.2 Diferenciação por meio de Resposta Rápida 21.3.3 Diferenciação por meio da Customização em Massa 21.3.4 Diferenciação por meio de Serviços Superiores ao Consumidor 21.3.5 Diferenciação por meio do Gerenciamento do Canal e Valor 21.3.6 Diferenciação por meio da Informação 21.3.7 Diferenciação por meio da Responsabilidade Social 21.4 GERENCIAMENTO DE NOVOS PRODUTOS Documento não controlado - AN03FREV001 7 21.4.1 Por que os Novos Produtos São Bem-Sucedidos? 21.4.2 Por que os Novos Produtos Fracassam? 21.4.3 Tendências no Desenvolvimento de Novos Produtos 21.5 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 21.5.1 Pesquisa Ambiental e Geração de Ideias 21.5.2 Filtragem de Ideias Inadequadas 21.5.3 Desenvolvimento e Teste de Conceitos de Produtos 21.5.4 Análise do Potencial de Negócio dos Produtos 21.5.5 Projeto e Desenvolvimento do Produto 21.5.6 Teste do Produto no Mercado 21.5.7 Comercialização do Produto 21.6 O CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO MÓDULO IV INTRODUÇÃO 22 DETERMINAÇÃO DO VALOR E DO PREÇO DO PRODUTO 22.1 APREÇAMENTO, VALOR E RELACIONAMENTO COM OS CLIENTES 22.1.1 A Equação do Valor do Consumidor 22.1.2 A Ascensão do Marketing de Valor e do Apreçamento de Valor 22.1.3 O Apreçamento Orientado para o Consumidor e a Segmentação de Mercado 22.1.4 Processo de Apreçamento 22.1.5 Apreçamento para o Lucro 22.1.5.1 Apreçamento para o crescimento das vendas 22.1.5.2 Apreçamento para vantagem competitiva 22.1.5.3 Apreçamento para posicionamento 22.1.6 Apreçamento na Gerência de Marketing 22.1.6.1 Apreçamento e gerência do produto 22.1.6.2 Apreçamento e gerenciamento da cadeia de valor 22.1.6.3 Apreçamento e comunicação integrada de marketing 22.1.7 Influências do Ambiente para Apoiar a Estratégia de Apreçamento 22.1.7.1 Demanda do consumidor 22.1.7.2 Influências competitivas Documento não controlado - AN03FREV001 8 22.1.7.3 Relacionamento da cadeia de valor 22.1.7.4 Padrões éticos 23 GERENCIAMENTO DE CANAIS E DA CADEIA DE VALOR 23.1 A IMPORTÂNCIA DA CADEIA DE VALOR 23.1.1 Canais de Marketing e Cadeia de Valor 23.1.2 Canais de Marketing, Qualidade e Satisfação do Consumidor 23.2 ANALISANDO AS OPÇÕES DE CANAL PARA A CONSTRUÇÃO DE RELACIONAMENTOS COM OS CONSUMIDORES 23.2.1 Atingindo os Consumidores por meio dos Canaisde Marketing 23.2.2 Utilizando Canais Diretos 23.2.3 Utilizando Canais Múltiplos 23.2.4 Utilizando Canais Reversos 23.3 ELABORANDO E GERENCIANDO CANAIS DE MARKETING PARA A CONSTRUÇÃO DE RELACIONAMENTOS 23.3.1 O Projeto de Canais para Cobertura de Mercado 23.3.2 Assumindo Decisões de Canal 23.3.3 Marketing de Relacionamento com Parceiros de Canal 23.3.4 Gerenciando Sistemas de Marketing Verticais 23.4 GERENCIAMENTO DE LOGÍSTICA 23.4.1 O Papel da Logística na Cadeia de Valor 23.4.1.1 Como a logística adiciona valor e constrói relacionamentos 23.4.1.2 Formas de lidar com a função da logística 23.4.1.3 Competindo por meio da liderança logística 23.4.2 Construindo Relacionamentos com os Consumidores por meio da Logística 23.4.2.1 Fornecendo serviços de qualidade ao cliente fornecendo respostas rápidas 23.4.2.2 Aplicando a logística customizada 23.4.3 O Gerenciamento da Logística 23.4.3.1 Transporte 23.4.3.2 Armazenagem 23.4.3.3 Movimentação de materiais 23.4.3.4 Gerenciamento de estoque 23.4.3.5 Processamento de pedidos Documento não controlado - AN03FREV001 9 23.4.3.6 Logística reversa MÓDULO V INTRODUÇÃO 24 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO RELACIONAMENTO 24.1 COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING E RELACIONAMENTO DE MARKETING 24.1.1 CIM de Duas Vias 24.1.2 O Papel da CIM no Marketing 24.1.3 O Mix de CIM 24.1.3.1 Propaganda 24.1.3.2 Marketing direto 24.1.3.3 Promoção de vendas 24.1.3.4 Relações públicas 24.1.3.5 Venda pessoal 24.1.3.6 Técnicas de suporte 24.2 OBJETIVOS DA CIM: AGREGANDO VALOR PARA OS RELACIONAMENTOS DE MARKETING 24.2.1 Construindo o Valor da Marca 24.2.2 Fornecendo Informação 24.2.3 Gerenciando a Demanda e Incentivando as Vendas 24.2.4 Diferenciando os Produtos 24.2.5 Influenciando Percepções, Atitudes e Comportamentos 24.3 PLANEJAMENTO, IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DA CIM 24.3.1 Passo 1: Examinar a Situação de Marketing e o Ciclo de Vida do Produto 24.3.2 Passo 2: Selecionar o Público-Alvo e o Posicionamento 24.3.3 Passo 3: Estabelecer os Objetivos da Campanha de CIM 24.3.4 Passo 4: Estabelecer o Orçamento de CIM 24.3.5 Passo 5: Conceber e Implementar a Estratégia de CIM 24.3.5.1 Da estratégia à execução 24.3.6 Passo 6: Avaliar os Resultados e Ajustar as Comunicações Documento não controlado - AN03FREV001 10 25 PROPAGANDA E MARKETING DE RELACIONAMENTO 25.1 TIPOS DE PROPAGANDA 25.2 O VALOR DA PROPAGANDA 25.3 PROPAGANDA NOS ESTÁGIOS DE VIDA DO PRODUTO 25.4 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA PROPAGANDA 25.4.1 Identificando o Público-Alvo 25.4.2 Estabelecendo Objetivos e Orçamento de Propaganda 25.4.3 Desenvolvendo a Abordagem Criativa 25.4.3.1 Apelos eficazes da propaganda 25.4.4 Fazendo a Pesquisa de Propaganda 25.4.5 Selecionando a Mídia 25.4.5.1 Outras mídias 25.4.6 Produzindo a Propaganda 25.4.7 Avaliando a Propaganda 26 PROMOÇÃO DE VENDAS E RELAÇÕES PÚBLICAS 26.1 PROMOÇÃO DE VENDAS E O MARKETING DE RELACIONAMENTO 26.1.1 Como a Promoção de Vendas Constrói Relacionamentos com os Clientes 26.1.2 Como a Promoção de Vendas Constrói Relacionamentos na Cadeia de Valor 26.1.3 Como a Promoção de Vendas Constrói Relacionamentos Internos 26.2 PROMOÇÃO DE VENDAS COMO ESTRATÉGIA PARA AGREGAR VALOR 26.2.1 Cupons 26.2.2 Amostras 26.2.3 Sorteios e Concursos 26.2.4 Prêmios 26.2.5 Promoções de Preço 26.2.6 Devolução e Abatimentos 26.2.7 Displays 26.3 RELAÇÕES PÚBLICAS E MARKETING DE RELACIONAMENTO 26.3.1 Relação entre as Relações Públicas e Estratégias de CIM 27 VENDA PESSOAL 27.1 FIDELIZANDO CLIENTES POR MEIO DA VENDA PESSOAL 27.2 PAPÉIS DA VENDA PESSOAL 27.3 VENDAS INTERNAS E EXTERNAS Documento não controlado - AN03FREV001 11 27.4 VENDA PESSOAL NA CADEIA DE VALOR 27.5 VENDA COM QUALIDADE TOTAL PARA A SATISFAÇÃO DO CONSUMIDOR 27.6 EQUIPES DE VENDAS E VENDAS EM PARCERIA 27.7 O PROCESSO DE VENDAS E A CONSTRUÇÃO DO RELACIONAMENTO 27.8 NOVAS TECNOLOGIAS NO PROCESSO DE VENDAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Documento não controlado - AN03FREV001 12 MÓDULO I “Marketing é a única função capaz de gerar o crescimento do negócio.” Peter Drucker INTRODUÇÃO Inicia-se este Módulo trabalhando o conceito de Marketing. É a partir desta compreensão que se pode conhecer de forma aprofundada outras dimensões significativas propostas por este curso referente ao relacionamento junto dos públicos com os quais a organização interage. De início, discute-se a evolução do conceito de Marketing e como ele se estabelece contemporaneamente. A partir daí, se relaciona com o Marketing de Relacionamento, estratégia considerada fundamental para a eficácia organizacional na atualidade. 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE MARKETING Ao se falar da retomada histórica do conceito de Marketing, tem-se em estudo que foi em meados do século XVII que um conhecido mercador estabelecido na cidade de Edo (hoje Tóquio) construiu uma loja onde vendia produtos especialmente elaborados para a sua clientela. Diz Mattos (2009) que a estratégia inicial previa: - o desenvolvimento de novos produtos de acordo com as necessidades do consumidor; - o reembolso para compras que não satisfaziam o cliente; - um grande e variado estoque; - estímulo às indústrias que colaboravam nesse processo. Considera-se esta como sendo a “fase embrionária” do Marketing. Embora Documento não controlado - AN03FREV001 13 tenha tido seu início lá no século XVII, e sua origem remontar ao Japão, o termo Marketing só começou a ser empregado nos EUA por volta de 1910, quando surgiram as primeiras instituições para reunir profissionais do setor. Nickels & Wood (1999) explicam que nos séculos XVIII e XIX as empresas nos Estados Unidos e Europa desenvolveram a capacidade de fazer produtos em grande escala e preços baixos. Muitas delas tinham o propósito de enfatizar o produto como a troca de Marketing. Nesta época, explicam os autores, os produtos eram ofertados a preços razoáveis, gerando assim a demanda necessária. Em razão das opções serem poucas, os clientes acabavam comprando qualquer produto que estivesse disponível. Cobra (1994), na mesma linha, explica que anos antes da Revolução Industrial, em meados do século XIX, havia pouca oferta de produtos para comprar. A produção era basicamente artesanal e sob encomenda. Com isso, cada produção tinha sua demanda garantida, sendo escassa a concorrência, não sendo necessário desbravar novos clientes. Destaca-se ainda que nesta época poucas pessoas tinham acesso ao consumo e menos ainda talento para produzi-los. É com o advento das máquinas que se iniciaram as produções de objetos e bens em série. A partir daí, muda-se a perspectiva. É no século XX que a fábrica passa a ser uma realidade. Inicialmente, a concorrência ainda era pouca e só vai se ampliar após a Segunda Guerra Mundial. Na década de 20, tem-se que a maior parte dos fabricantes americanos havia aprendido a utilizar a pesquisa de Marketing, propaganda, praça e outros instrumentos para se aproximar dos clientes. Permanecia a ênfase nas vendas como a base da troca de Marketing, em razão da oferta exceder a demanda, permanecendo a competição crescente entre fabricantes que produziam serviços similares. Após 1945, cresce o número de fábricas e de produtos industrializáveis. Surge a concorrência. Diversificam-se as marcas a se comprar. E é a partir de então que os fabricantes passam a pensar em estratégias para atrair os consumidores, procurando realizar seus desejos. E mais, passam a pensar em maneiras de fazer o seu produto ser o preferido, em detrimento do seu concorrente. É então que surge o Marketing. A orientação para as vendas, conforme explica Nickels & Wood (1999), permitiu aos produtores encontrarem clientes para osprodutos que vendiam. Observa-se que contemporaneamente, mesmo com a evolução do conceito de Documento não controlado - AN03FREV001 14 Marketing, muitas empresas ainda adotam esta perspectiva, o Marketing tradicional. Na década de 60, pela primeira vez, a American Marketing Association, sob apenas uma palavra – Marketing – agrupavam-se às atividades de vendas, publicidade, distribuição e pesquisa de mercado. Com isso, o Marketing, como é compreendido na atualidade, teve seu início nos Estados Unidos. Considera-se que a sua difusão pelo mundo foi relativamente lenta. Em relação à Europa, observa-se que foi implementado somente após a Segunda Guerra Mundial. Já no Brasil, segundo pesquisas, formalmente o termo Marketing começou a ser empregado em meados de 1954, no exato momento em que uma missão norte- americana, chefiada pelo professor Karl A. Boedecker organizou os primeiros cursos de administração da então recém criada Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. Por ser uma área recente de estudo, o Marketing tem sido motivo de grandes equívocos em sua conceituação. Passa-se então a explorar este conceito. 2 CONCEITO DE MARKETING São diferentes as definições de Marketing. Várias são as abordagens que discutem este conceito, demonstrando distinções entre si. Alguns são referências, tais como: - Peter Drucker: Marketing é um processo social; e mais: “o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua”; - Theodore Levitt e Raimar Richers: o Marketing é um processo de troca; - Philip Kotler: Marketing é um instrumento gerencial. A meta é conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou serviço se adapte a ele e venda por si só. O ideal é que o Marketing deixe o cliente pronto para comprar. Observam-se diferentes compreensões pelos teóricos apresentados. O quadro abaixo sintetiza estes conceitos procurando clarificar as diferentes dimensões do termo: Documento não controlado - AN03FREV001 15 DEFINIÇÕES DE MARKETING “Marketing é todo o negócio visto do ponto de vista do seu resultado final, isso é do ponto de vista do consumidor”. Peter Drucker “Marketing o processo de atrair e manter o Cliente”. Theodore Levitt “Marketing são atividades sistemáticas de uma organização humana voltada à busca e a realização de trocas para com o seu meio ambiente, visando benefícios específicos”. Raimar Richers “Marketing é uma orientação de administração que visa proporcionar a satisfação do Cliente e o bem-estar do consumidor em longo prazo, como forma de satisfazer aos objetivos e as responsabilidades da organização”. Philip Kotler “Marketing é o processo de planejar e executar a concepção, apreçamento, promoção e distribuição de ideias, bens e serviços que são trocados para satisfazer necessidades individuais e organizacionais”. Las Casas Portanto, observam-se duas grandes definições para o termo, sendo dimensionadas em sociais e gerenciais. A definição social destaca que: “Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”. Quando se usa uma definição gerencial, o Marketing é frequentemente descrito como: “a arte de vender produtos”. Vender não é o mais importante em Marketing, é apenas uma ponta do iceberg. Ressalta-se que o Marketing na contemporaneidade não é apenas a função de um departamento respectivo ou responsabilidade daqueles que nele trabalham; mas, sim, atribuição de todos na organização. Compreende-se que o Marketing, na empresa moderna, é uma ideologia de servir ao Cliente. Destacam-se as seguintes características: - a concepção do produto ou serviço; - a sua qualidade; - a forma de atender ao telefone; - a maneira de vestir dos funcionários; - a propaganda. Para Mitsuru (2007), alguns elementos são imprescindíveis no Marketing: a) Marketing é uma decisão básica, adotado como norma de trabalho. Documento não controlado - AN03FREV001 16 Para ser eficaz, implantado e praticado, depende da convicção e da opção da mais alta direção da empresa; b) O Marketing deve ser considerado como um sistema de gestão empresarial amplo, totalmente dedicado a alcançar e manter o equilíbrio entre o potencial da empresa e o potencial de mercado; c) Deve-se ter claro que o Marketing nada mais é do que uma nova concepção de administração empresarial a partir de uma disposição consciente e disciplinada de se inserir no mercado e construir estratégias de planejamento e gestão dos próprios negócios. Para Cobra (1994, p.), Marketing seria “uma expressão anglo-saxônica derivada da palavra mercari, do latim, que significa comércio, ou ato de mercar, comercializar, ou transacionar”. Para Las Casas, Marketing constitui-se: Em uma área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que estas relações causam no bem-estar da sociedade. (LAS CASAS, 2002, p. 26). Mckenna (2000) também faz referência ao desenvolvimento do conceito de Marketing. Inicialmente, tal prática concentrava-se em obter a atenção do público. Não se levava em conta questões relacionadas ao cliente. Este passa a ser considerado relevante apenas no final dos anos 80. Com o transcorrer dos anos o conceito de Marketing evolui e vai chegar à sua concepção atual, na qual “o objetivo final está centrado na troca de produtos ou serviços, entre produtores e consumidores”. (GRACIOSO, 1993) Marketing, portanto, passa a ser reconhecido como o processo que vai desde a concepção do produto ou serviço até a satisfação do cliente. Para Semenik e Bamossy (1995) o papel primordial do Marketing é o de atender aos desejos e necessidades dos clientes. Sandhusen (1998, p. 8), na mesma linha, complementa: “Marketing é um processo de planejar a concepção, o preço, a promoção e a distribuição de bens e serviços para criar trocas que satisfaçam os objetivos individuais e organizacionais”. (SANDHUSEN, 1998, p. 8). Observa-se que é a partir dos anos 90 que o Marketing passa a ser visto como processo de planejamento, que tem um fim específico: gerar satisfação tanto Documento não controlado - AN03FREV001 17 do produtor como do consumidor. A compreensão que fica é a de que sempre haverá a necessidade de vender, mas o objetivo principal do Marketing não é meramente esse e sim conhecer e entender o cliente de forma que seja possível que o produto ou serviço seja adequado ao que o cliente deseja. 2.1 ELEMENTOS DO CONCEITO DE MARKETING Alguns elementos são importantes para a compreensão da prática de Marketing. Estes seriam: - Marketing é um instrumento de gestão importantíssimo; - constitui-se em um processo dinâmico, resultante de ações integradas no ambiente organizacional; - consiste em uma técnica que conjuga uma série de instrumentos para estimular a demanda; - evidencia-se como um processo que se inicia muito antes do produto ser fabricado, por meio de pesquisa de mercado e planejamento; - está relacionado à identificação de desejos e necessidades humanas; - procura sempre evidenciar as características positivas, vantagens e benefícios de determinado produto. - consiste na premissa de entender o mercado e atender as suas necessidades, anseios e desejos; - tem como missão fundamental colocar um produto certo no lugar certo e na hora certa. - apresenta-se como necessidade de qualquer organização, de qualquer tamanho, em qualquer área de atuação. Cobra (1994) destaca alguns elementos que não condizem ao conceito de Marketing: - mentirsobre um produto para torná-lo interessante; - omitir informações relevantes que pesem sobre a decisão de compra; - enganar o cliente; Documento não controlado - AN03FREV001 18 - investir em propaganda e publicidade sem se preocupar com a qualidade do produto, seu preço, a distribuição no mercado, as pessoas e os processos envolvidos; - não se preocupar com o pós-venda; - exagerar ao descrever vantagens e benefícios; - oferecer propina para obter vantagem competitiva; - falar mal dos concorrentes; - fazer pressão emocional e psicológica sobre os clientes; - arrogância; - fazer qualquer coisa para obter lucro; Com estas características é possível definir o que o Marketing “não é”: Propaganda; Enganação Mentira; Dissimulação; Remédio milagroso que resolve todos os problemas. Sinônimo de vendas Existe uma grande diferença entre Marketing e vendas. “Enquanto que a venda focaliza-se nas necessidades do vendedor, o Marketing, nas necessidades do comprador. Enquanto que a venda está preocupada com a necessidade de o vendedor transformar o seu produto em dinheiro, o Marketing está preocupado com a ideia de satisfazer as necessidades do consumidor, por meio de um produto e de um conjunto de valores associados com a criação, entrega e, ao final, seu consumo”. Nesta perspectiva que se direciona à concepção estabelecida por Kotler (2000) referente ao Marketing. Para o autor, o princípio básico é o de conquistar e manter clientes, desenvolvendo relacionamentos lucrativos. O Marketing passa então a ser o principal elo para se estabelecer relacionamentos lucrativos com os clientes, sendo considerado como ciência e arte. Fortalecer e perpetuar Documento não controlado - AN03FREV001 19 constantemente a relação com os clientes. 3 ESTÁGIOS DO MARKETING Em relação à evolução do Marketing, Mckenna (2000) agrupa em cinco estágios clássicos, com base nas quais as organizações conduziram suas atividades. Estas etapas seriam: a orientação pela produção; orientação pelo produto; orientação pelas vendas; orientação pelo Marketing; orientação pelo Marketing societal. 3.1 ESTÁGIO DE PRODUÇÃO Este estágio concentra-se na produção como forma de diferenciação na elaboração do produto. A organização entende que os consumidores darão preferência a produtos fáceis de encontrar e de baixo custo. Nesta ótica, inicialmente fabricam-se produtos superiores aos dos concorrentes e, após, informa-se aos clientes sobre os benefícios de se adquirir o produto. Têm-se diferentes exemplos, alguns deles em empresas japonesas, nos quais os produtos de sucesso surgem como resultado de atividades de pesquisa e desenvolvimento que não refletem contribuições diretas e clientes. 3.2 ESTÁGIO DE PRODUTO Este estágio segue a lógica do fabricante e não do consumidor. Ao invés de olhar para o que o consumidor está querendo, focaliza o que o fabricante tem a Documento não controlado - AN03FREV001 20 oferecer. A crítica que existe é de que as empresas orientadas pelo produto concebem-no de forma errada, pois demonstram uma “miopia em Marketing”, concentram-se no produto e não na necessidade do mercado. Fixam-se no próprio espelho, em vez de observar pela janela o que se passa do lado de fora da empresa. 3.3 ESTÁGIO DE VENDAS Nesta perspectiva, os consumidores devem ser persuadidos a comprar. Enfatiza-se o uso de instrumentos promocionais, tais como a propaganda, a promoção, a venda pessoal, dentre outros. Tem-se o objetivo de gerar vendas para a organização, em curto prazo. Expressa a mentalidade de se “vender a qualquer custo”. Observa-se que as empresas que atuam nesta perspectiva acabam gerando clientes insatisfeitos em longo prazo. Em contrapartida, a empresa não está preocupada com esta imagem, acreditando que novos clientes serão atraídos para consumir novos produtos e serviços. Nesta perspectiva, existe pouca pesquisa sobre o que o público deseja e muita venda para fazer com que ele aceite as políticas que o político ou seu partido desejam. Constata-se que a maioria das empresas que pratica a orientação pelas vendas, tem excesso de capacidade. Seu objetivo é vender aquilo que fabrica, ao invés de fabricar aquilo que o mercado quer. 3.4 ESTÁGIO DE MARKETING Este estágio preconiza que a chave para alcançar as metas organizacionais está no fato da empresa ser mais efetiva que a concorrência, na criação, entrega e comunicação de valor para o Cliente, de seus mercados-alvo selecionados. A empresa que atua nesta perspectiva releva o equilíbrio entre servir as necessidades próprias, as dos consumidores e as da sociedade, como um todo. Documento não controlado - AN03FREV001 21 Constata-se que a adoção de um Marketing moderno, como filosofia organizacional, ainda está distante de se concretizar na maioria das empresas brasileiras, embora seja possível identificar experiências no qual se efetive os instrumentos de Marketing. Acredita-se que o tempo é necessário para que atue nesta perspectiva e se adote este posicionamento estratégico. Com base nas diferentes abordagens, o quadro abaixo sintetiza o desenvolvimento histórico e filosófico deste conceito. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E FILOSÓFICO DO MARKETING Período Filosofia de negócios Era da produção Concentra na eficiência da fabricação Era do produto Concentra na premissa de que “um bom produto vender- se-á por si” Era das vendas Concentra na venda dos produtos disponíveis Era do Marketing Concentra em compreender as necessidades e desejos dos Clientes e construir produtos e serviços para satisfazê-los. Destaca-se que contemporaneamente muitas das Empresas fazem uso destas dimensões, mesmo algumas sendo consideradas ultrapassadas. 4 MARKETING NO BRASIL Conforme já apresentado, a formalização do Marketing como disciplina de gestão do negócio é recente, tendo pouco mais de 60 anos, em nível mundial. No Brasil, sua conceituação ocorreu em 1954, por meio de Richers. Segundo este estudioso, o termo Marketing passou a ser empregado quando uma missão americana visitou cursos de administração na recém-criada Escola de Administração Documento não controlado - AN03FREV001 22 de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. Segundo o autor, inicialmente os termos mercadologia e mercadização foram as escolhidas para traduzir a palavra de origem. Porém, com o tempo, a expressão Marketing, por ser mais conhecida internacionalmente, acabou por se impor. 4.1 MARKETING DE RELACIONAMENTO A American Marketing Association define o Marketing como sendo um processo de planejar e executar, determinação do preço (princing), a promoção e a distribuição de ideias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais. Richers (2000), alega que essa definição não resistiu às críticas de numerosos representantes da disciplina, não só no mundo acadêmico mas também entre os praticantes, dando lugar a uma interpretação mais ampla e voltada para a responsabilidade das funções administrativas, no processo de Marketing da empresa, e da abordagem sistêmica, que se preocupa com a integração ordenada entre os diversos instrumentos que participam de um processo mercadológico. É a partir daí que o Marketing deixa de ser visto apenas como processo de planejamento e passa a abranger todas as funções administrativas, como participante de todo o processo. A partir desta concepção, o papel do Marketing passa a ser o de conhecer e compreender o cliente, adaptando o produto ou serviço a ele, de forma que se venda por si só. Contemporaneamente, observa-se que o Marketing tem sido caracterizado como elemento chave no sentido de obter e manter o cliente. Conforme adverte McKenna (2000),o Marketing não poderá ser visto apenas como uma função, sendo forma de se estabelecer negócios. Muito mais do que isso, o Marketing tem que ser uma atividade realizada no contexto sistêmico da organização, com o propósito de integrar o cliente de forma a engajá-lo na participação da elaboração do produto e serviço, assim como, no desenvolvimento constante do processo da interação. Tais princípios, certamente, fortalecerão a relação entre cliente e a organização. Documento não controlado - AN03FREV001 23 Mckenna (2000) complementa afirmando que Marketing consiste em desenvolver e manter relações com a infraestrutura e com os clientes, para por intermédio delas orientar o futuro da empresa. Por meio desta perspectiva, o cliente passa a ter voz ativa no processo de desenvolvimento de produtos e serviços, sendo importantíssimo como avaliador dos projetos em prática. Nesta concepção, pode ainda o cliente solicitar inovações, esclarecer necessidades, assim como, sugerir formas que suas necessidades sejam satisfeitas. Cria-se assim, a fidelização com a organização. O Marketing, então, ultrapassa os limites da atuação comercial para tornar- se atividade chefe de funções sociais e culturais, apoiando ações humanas. Passa- se, então, a ser primordial conhecer o consumidor para poder atendê-lo da melhor forma, identificando-se com ele, para após, esforçar-se a atender os seus desejos. Conforme esclarece Bogmann,, o Marketing deve então se preocupar: Com a busca de qualidade muito mais do que da quantidade, processo este que levará a conhecer, encantar, servir e corresponder às expectativas dos clientes, base esta fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento, exigindo uma gestão sistemática desse relacionamento (BOGMANN, 2000) Bogmann explica que o Marketing é toda atividade dirigida para a satisfação das necessidades e desejos do consumidor. Segundo o autor, estas necessidades e desejos são satisfeitos mediante a compra de produtos e serviços. Tal compra pode ser impulsionada por: - uma necessidade fisiológica (alimentação, abrigo, frio); - ou psicológica (status, segurança, diversão, etc.). Na concepção do autor, conhecendo e estudando estas motivações ao consumo, as empresas procuram produzir bens e serviços que atendam ao público- alvo. Seria por meio do Marketing que as empresas conseguiriam conquistar e fidelizar seus clientes. Ressalta-se que o conceito de Marketing de Relacionamento será aprofundado a partir do Módulo 2. 5 AS VARIÁVEIS MERCADOLÓGICAS Afirma-se que o Marketing é sempre voltado para a satisfação do cliente. Documento não controlado - AN03FREV001 24 Com o intuito de atingir este propósito, torna-se necessário que se faça pesquisa de mercado. Esta tem o objetivo de que se conheça a dimensão do universo de pessoas dispostas e aptas para comprar o produto/serviço que se está vendendo, ou então, descobrir quais as necessidades e desejos do grupo de pessoas que se quer atingir. Torna-se também fundamental conhecer os concorrentes, o que eles oferecem de melhor e pior, e porque os consumidores escolheriam o produto dessa empresa em detrimento de outra. Com base nestas concepções, tem-se que as variáveis mercadológicas constituem-se em elementos dinâmicos que podem afetar as relações da empresa com os seus clientes. Com isso, tem-se que as variáveis mercadológicas podem ser dos seguintes tipos: Variáveis Internas e Variáveis Externas. 5.1 VARIÁVEIS INTERNAS São aquelas também conhecidas como controláveis, pois podem ser administradas pela organização, com base em seus propósitos. Citam-se como exemplos: - preço; - características de um produto; - pontos onde o produto será distribuído; Destaca-se ainda a importância em se verificar os pontos fortes e fracos (forças e fraquezas), dessas variáveis, para que possa planejar, então, a sua combinação de maneira mais efetiva. 5.2 VARIÁVEIS EXTERNAS São aquelas conhecidas como as não controláveis, pois não compete à empresa alterá-las. Sugere-se que tais variáveis sejam cuidadosamente Documento não controlado - AN03FREV001 25 monitoradas. São as ameaças e oportunidades, em razão de oferecerem dois polos distintos: acontecimento não controlável, se bem monitorado e planejado, pode se transformar em significativa oportunidade. E ainda, uma provável ameaça pode ter seus efeitos destrutivos minimizados se prevista e bem planejada. Citam-se como exemplos destas variáveis: - Ambiente Demográfico: a) tamanho e taxa de crescimento de determinada população; b) distribuição etária; c) composto étnico e de gênero; d) níveis educacionais; e) padrões de moradia; f) mudanças geográficas; - Ambiente Econômico: Deve-se conhecer o poder econômico de determinada região. Lembra-se que, para vender, é preciso que o público-alvo tenha poder de compra, o qual depende, por sua vez, da situação econômica do país ou da região, disponibilidade de crédito, distribuição de renda, dentre outros. - Ambiente Natural a) escassez de matéria-prima; b) custo de energia crescente; c) níveis crescentes de poluição; d) mudanças do papel dos governos em relação à proteção ambiental. - Ambiente Tecnológico a) aceleração do passo na mudança tecnológica; b) oportunidades ilimitadas de inovação; c) variação nos orçamentos de pesquisa e desenvolvimento; d) crescimento da legislação sobre mudanças tecnológicas. - Ambiente Político e Legal Documento não controlado - AN03FREV001 26 As decisões de Marketing podem ser afetadas por leis, decisões de órgãos governamentais e grupos de pressão. - Ambiente Sociocultural a) relações das pessoas consigo, com os outros, com as organizações, com a sociedade, com a natureza e com o universo; b) valores culturais centrais; c) existência de subculturas; d) mudanças dos valores culturais secundários no mundo ocidental. Além destes diferentes ambientes, outros fatores são importantíssimos a serem considerados: a) Concorrência Deve-se conhecer os concorrentes, o que fazem, seus pontos fortes e fracos. É por meio da concorrência que se tem o crescimento e a evolução. b) Consumidores Quanto mais se conhecer os consumidores, detalhar o seu perfil, mais provável será o sucesso na comunicação. Torna-se importante que se comunique por intermédio da fala que o consumidor entenda. Torna-se fundamental que se conheça os desejos e anseios de cada cliente. c) Fornecedores É dos fornecedores que depende o sucesso de um produto. Assim sendo, estes devem ser consideradas como parceiros. O acompanhamento das entregas, dos prazos e qualidade é relevante. 6 ADMINISTRANDO O MARKETING Após se analisar as variáveis controláveis, aquelas que são possíveis de Documento não controlado - AN03FREV001 27 controle por parte do indivíduo, e também se analisar as incontroláveis, cujo controle é relativo e ocorre por parte de algumas empresas, torna-se necessário analisar brevemente as atividades do profissional responsável pelo setor de Marketing. Conforme explica Las Casas (2002), enquanto que o Marketing é uma ciência descritiva, que envolve o estudo de como as transações são criadas, estimuladas, facilitadas e valorizadas, a administração de Marketing consiste em uma ciência normativa que envolve criação e oferta de valores para estimular a transação desejada. Com base nestas considerações, a atividade do profissional de Marketing é: - buscar informações em seu ambiente; - adaptar o programa de composto de Marketing para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores visados. - organizar, controlar, executar e planejar. Ao elaborar um Plano de Marketing, este profissional estaria definindo: - estabelecer os objetivos da organização; - escolher e estudar o mercado selecionado e verificaras condições de atendê-lo; - desenvolver o composto mercadológico (produto, preço, praça, promoção); - implementar o plano; - controlar o plano para verificar se está alcançando seus objetivos. Toda forma de atuação das empresas, segundo Las Casas (2002), deve ser colocada no Plano de Marketing. É com base nestas informações que este será escrito. Tal documento deve ser escrito de maneira flexível, adaptando as situações imprevisíveis e deverá ser readaptado se, por acaso, não for possível atingir os objetivos inicialmente estabelecidos pela administração. Apresentam-se abaixo, de forma sucinta, as atividades gerenciais do Marketing: Documento não controlado - AN03FREV001 28 ÁREA DE ATIVIDADE ATIVIDADES EXIGIDAS Informação de Marketing - Elabora a pesquisa de Marketing. - Planeja testes mercadológicos; - Observa e analisa o comportamento do consumidor; - Analisa e interpreta as informações rotineiras, como dados de vendas; - Efetiva os testes de mercado; - Analisa as oportunidades; - Providencia as informações para a administração para que se possam tomar as decisões adequadas. Produto - Desenvolve e testa novos produtos; - Modifica produtos atuais; - Elimina produtos que não satisfaçam os consumidores; - Formula políticas de marcas; - Cria garantias e pensa na forma de cumprir as garantias; - Planeja as embalagens, incluindo planejamento de materiais, tamanhos, formas, cores e desenhos. Preço - Formula política de preço; - Determina métodos para determinação de preços; - Determina descontos para vários compradores; - Estabelece condições e prazos de vendas; - Analisa preços dos concorrentes. Praça - Analisa os vários tipos de canais de distribuição; - Desenvolve os canais; - Planeja um programa para relacionamento com intermediários; - Estabelece centros de distribuição; - Formula e implanta procedimentos para manuseio interno de produtos; - Controla estoques; analisa métodos de transportes; - Minimiza custos de distribuição; - Analisa possíveis localizações para a fábrica, lojas e outros estabelecimentos. Promoção - Implanta objetivos de promoção; - Determina os mais importantes tipos de promoção; - Seleciona e programa mídias; - Desenvolve mensagens publicitárias; - Mede a frequência do comercial; - Recruta e treina pessoal de vendas; - Estabelece territórios de vendas; - Planeja e implanta programas de promoção de vendas. Administração de Marketing - Estabelece objetivos de Marketing; - Planeja as atividades de Marketing; - Coordena e integra atividades de Marketing; - Motiva as pessoas responsáveis com a execução do plano; - Avalia e controla o desempenho das atividades de Marketing. Documento não controlado - AN03FREV001 29 7 O COMPOSTO DE MARKETING O composto de Marketing, ou mix de Marketing como também é conhecido, consiste em uma combinação de instrumentos utilizados para planejar a estratégia que a empresa utilizará para atingir seus objetivos. Reconhece-se que o termo Marketing mix foi elaborado pela primeira vez por Borden, em 1953. O autor identificou 12 elementos na gestão do Marketing, que seriam: 1. Planejamento do produto; 2. Preço 3. Marca 4. Distribuição 5. Vendas pessoais 6. Propaganda 7. Promoção 8. Embalagem 9. Mostruário 10. Serviços 11. Manuseio físico 12. Pesquisa de Marketing Foi McCarthy que apresentou, em 1996, uma classificação conhecida como os quatro Ps, que seriam: 1. Produto 2. Preço 3. Praça (Distribuição) 4. Promoção Autores contemporâneos defendem a ideia dos nove Ps, que seriam: 1. Produto 2. Preço 3. Promoção Documento não controlado - AN03FREV001 30 4. Ponto 5. Pessoal 6. Pós-Venda 7. Proteção (embasamento legal) 8. Provedores (fornecedores) 9. Pesquisa mercadológica Considera-se que, independente do número de Ps ou de qualquer outra letra, torna-se relevante que se leve em consideração todas as ferramentas que podem auxiliar no planejamento. Passa-se a descrever os 4Ps. 7.1 PRODUTO Para Las Casas (2002), o produto constitui-se no elemento mais importante do composto de Marketing, pois todas as atividades de uma empresa se justificam pela sua existência. Embora todos os outros compostos sejam importantes, sem o produto, objeto principal da comercialização, eles seriam até inexistentes. Os produtos podem ser definidos como objeto principal das relações de troca que podem ser oferecidos em um mercado para pessoas físicas ou jurídicas, visando proporcionar satisfação a quem os adquire ou consome. Conforme destaca Las Casas, os produtos somente serão comercializáveis se possuírem benefícios suficientes que possam motivar os consumidores para a compra. Destaca-se que os produtos devem proporcionar utilidades. Quanto maior for a utilidade proporcionada, maior a chance de ser escolhido entre as alternativas existentes. No Marketing, quanto maior for o benefício real oferecido, maior será a chance de o produto ser escolhido entre as ofertas de mercado. Documento não controlado - AN03FREV001 31 7.2 PREÇO A definição do preço é muito mais do que uma conta simples em que se consideram insumos, custos de fabricação, impostos e lucratividade. Além destes itens, que são relevantes, a percepção de valor que o cliente tem do produto deve ser considerada com bastante cuidado. Muitas vezes, um preço barato demais faz com que o produto perca sua credibilidade. Os profissionais de Marketing não se dedicam apenas a oferecer preços menores, mas maior valor ao cliente ou melhor relação referente a custo-benefício. Para Las Casas (2002), o preço ajuda a dar valor às coisas e representa uma troca pelo esforço feito pela empresa vendedora por meio da alocação de recursos, capital, mão de obra e manufatura dos produtos comercializados. A definição do preço, no Marketing, é muito significativa, pois, além de representar o retorno dos investimentos feitos no negócio, constitui-se em indispensável ferramenta mercadológica. Com isso, conclui-se que boa determinação de preços poderá levar uma empresa ao desenvolvimento e lucratividade, ao passo que uma má determinação poderá levar uma empresa até mesmo à falência. 7.3 PRAÇA (DISTRIBUIÇÃO) A praça constitui-se no lugar onde o produto é vendido (ou comprado). Ressalta-se que o lugar não se resume apenas ao ponto de venda, mas a toda a logística envolvida no processo. É este o composto que define, de forma eficiente, como o produto será conduzido até o cliente. Cada consumidor exige que os produtos sejam oferecidos em locais acessíveis e convenientes, além de estarem sempre disponíveis quando alguém dele necessitar. Conforme destaca Las Casas (2002), a colocação de produtos em estabelecimentos apropriados nem sempre é tarefa fácil, exigindo diferentes reformulações de estratégias adotadas. Documento não controlado - AN03FREV001 32 7.4 PROMOÇÃO A promoção tem o papel de comunicação. O administrador de Marketing deve se preocupar com as diferentes formas que sejam eficientes para informar aos consumidores a respeito dos seus produtos, serviços ou a própria imagem da empresa. Para estabelecer esta comunicação, o profissional de Marketing conta com diferentes possibilidades, que seriam: propaganda, venda pessoal, promoção de vendas, merchandising e relações públicas. Considera-se que o mix de comunicação ou o conjunto de ferramentas utilizadas para atingir o objetivo dependerá de todas as variáveis vistas anteriormente (internas e externas), do produto, do preço e da forma de distribuir o produto, além, é claro, do perfil do público-alvo. O quadro abaixo sintetiza os principais elementos dos 4 Ps: Produto Preço - marca - qualidade - design - serviços - embalagens - garantias - nível de preço - descontos - margens- financiamentos Praça (Distribuição) Promoção - canais - previsão de vendas - logística - público-alvo - venda pessoal - propaganda - promoção de vendas - marketing direto - relações públicas Apesar de existirem outros modelos de planejamento de Marketing, o mix de Marketing é o único que se fundamenta em um pensamento estruturado, com bases filosóficas sólidas, centradas na realidade simples, mas absolutamente profunda da natureza. Documento não controlado - AN03FREV001 33 FONTE: Arquivo pessoal do autor Conforme se observa, cada uma das variáveis que formam o composto de Marketing inclui uma série de subdivisões que são os instrumentos de Marketing. Quando o administrador planejar todos os subitens dos quatro grupos de acordo com o objeto de comercialização, ele terá o composto de Marketing planejado. Las Casas (2002) define estes instrumentos como sendo variáveis controláveis. Ao invés de agregar novas tendências no composto de Marketing, neste estudo será preservado o conceito original dos 4Ps como parâmetro de comercialização. Serão ampliados elementos que fazem parte do Processo Universal de Marketing de Relacionamento, o qual será explicado no Módulo 2. 8 MARKETING DE SERVIÇOS Para compreender o Marketing de serviços sugere-se primeiramente conceituar o setor de serviços e sua relação com a evolução econômica dos países. Documento não controlado - AN03FREV001 34 Kotler define serviço como sendo: “Qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na propriedade de nada. A execução de um serviço pode estar ou não ligada a um produto concreto”. (KOTLER, 2000, p. 448). Já na concepção de Las Casas (2002, p. 15), serviço é considerado como sendo “uma transação realizada por uma empresa ou por um indivíduo, cujo objetivo não está associado à transferência de um bem”. Adotando a concepção proposta pela Associação Americana de Marketing, o autor define serviços como sendo: “Aquelas atividades, vantagens ou mesmo satisfações que são oferecidas à venda ou que são proporcionadas em conexão com a venda de mercadorias.” (LAS CASAS, 2002, p. 15). Seguindo este raciocínio, nas palavras do autor, “o serviço pode ser um ato, esforço ou desempenho e pode apresentar várias formas. Serviço é, então, a parte que deve ser vivenciada, e por isso é chamada de desempenho, porque é uma experiência que precisa ser vivida. E devido à sua enorme diversidade, alguns serviços são mais intangíveis que outros.” (LAS CASAS, 2005) Na literatura de Marketing de serviços é consenso entre muitos autores que a entrega de serviços aos clientes é uma das principais maneiras de construir um relacionamento em longo prazo com os clientes. Pode, então, os serviços serem considerados uma ferramenta estratégica utilizada para administrar o relacionamento completo com a clientela. Historicamente, compreende-se que a teoria e prática do Marketing se desenvolveram, de início, associadas a produtos físicos, os chamados bens. Porém, com o transcorrer dos anos, o crescimento do setor de serviços passou a ser uma das maiores tendências. À medida que as economias passaram a evoluir de forma acelerada, uma proporção cada vez maior de suas atividades passou a se concentrar no setor de serviços. Ressalta-se que quando se refere a serviços, a referência adotada engloba, seguindo os ensinos de Las Casas, o mais variado número de empresas e profissionais, desde companhias aéreas, hotéis, locadoras de automóveis, barbeiros, terapeutas, advogados, médicos e instituições financeiras, programadores de software e consultores gerenciais, entre milhares de outros (LAS CASAS, 2005). Contemporaneamente verifica-se que o setor de serviços é imensamente Documento não controlado - AN03FREV001 35 diversificado, incluindo desde a área governamental, as ONG’s (Organizações Não Governamentais) até a área empresarial. Analisando diferentes autores que caracterizam o setor de serviços, observa-se que existe um consenso quanto às características principais deste segmento. Kotler (2000) resumiu e denominou tais características como: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade, as quais se referenciam na figura abaixo: FIGURA 2 – CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS FONTE: Adaptado de Kotler, 2000. Kotler (2000, p. 452) explica que, para a empresa controlar a qualidade do serviço oferecido, poderá adotar três tipos de estratégia, as quais seriam: - investir em bons processos de contratação e treinamento. Recrutar os funcionários certos e oferecer a eles um excelente treinamento são providências essenciais; - padronização do processo de execução do serviço em todos os setores da organização. - acompanhamento da satisfação dos clientes por meio de sistemas de sugestão e reclamação, pesquisas com clientes e comparação com concorrentes. Características do Setor de Serviços 1. Intangibilidade Os serviços são produtos intangíveis, diferente dos produtos materiais e, consequentemente, não podem ser estocados, amostrados para análise ou mensurados por meio de dimensões padrões. 2. Inseparabilidade O consumidor dos serviços bancários se faz necessário para a produção de serviço, o que não acontece com os produtos manufaturados, que existirão independentemente do consumidor. 3. Variabilidade Os serviços variam dependendo de quem os executa, de quando e onde são prestados. Dificilmente podem ser padronizados, uma vez que dependem da interação entre o prestador e o consumidor. 4. Perecibilidade A produção e o consumo dos serviços não ocorrem em tempos distintos, pois os serviços são consumidos no mesmo momento em que são produzidos, tornando-se difícil estabelecer filtros entre processo de produção e ato de consumo, a fim de eliminar os “maus produtos”. Ao invés de serem processos separados, o controle de qualidade e a garantia de qualidade são partes de um processo de produção, que devem ser realizados pelo produtor e pelo consumidor ao mesmo tempo. Documento não controlado - AN03FREV001 36 Entende-se que os serviços estão ativamente ligados aos relacionamentos. A aproximação do Marketing de relacionamento ao Marketing de serviços deve-se ao fato de que o relacionamento é um serviço prestado ao cliente e a sua natureza interativa passa a ser a base para a oferta contínua de valor superior. Cobra (1994) valoriza a criação dos serviços: criar uma operação de serviços bem sucedida é incontestavelmente uma tarefa difícil, mas sustentar esse sucesso é uma tarefa mais difícil ainda. Os serviços são nada menos que o desempenho e o desafio de sustentar o vigor, o compromisso, as habilidades e o conhecimento daquele que o desempenha, a qualquer tempo. Em todos os segmentos de produtos as empresas buscam melhorias com uma quantidade estonteante de aperfeiçoamentos para obterem produtos melhores e mais inteligentes, por meio de ideias inovadoras, afirma Oliver (1999). Nos serviços não poderia ser de maneira diversa, e, nesse contexto, melhor em geral significa sem erro e rápido. Duas características de serviços que influenciam no desenvolvimento de estratégias de Marketing devem ser consideradas na concepção de Churchill e Peter (2000), além das citadas anteriormente. São elas: Esforço do cliente - Enquanto nos produtos o envolvimento do cliente pode ser limitado a comprar o produto final e usá-lo, nos serviços ele pode estar a par de sua produção. Isso acontece em muitos tipos de serviços, com diferentes graus de esforços. Se for ao salão fazer uma tintura no cabelo, o cliente terá que passar determinado tempo lá, com o cabeleireiro trabalhando em seu cabelo. Em um exemplo de menor esforço pode-se citar o serviço de cartão de crédito. O esforçodo cliente não vai além de tirar o cartão do bolso para fazer compras ou pagar a fatura. Relação com os Clientes - Os serviços envolvem uma relação contínua com os clientes; enquanto que com bens esta é impessoal, especialmente se o provedor é um profissional liberal, como um médico ou advogado. Como resultado dessa relação, Churchill e Peter (2000, p. 293) destacam: Os profissionais de Marketing de serviços dependem de sua capacidade de reter – e não só de atrair clientes. Eles se beneficiam especialmente do Marketing de relacionamento que se centra em construir confiança e demonstrar comprometimento com o cliente. (CHURCHILL E PETER, 2000, p. 293). Documento não controlado - AN03FREV001 37 8.1 ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS Segundo Kotler (2000), a tradicional abordagem dos 4Ps (produto, preço, distribuição e promoção) funciona bem no caso de bens, mas alguns elementos adicionais exigem atenção no caso de empresas prestadoras de serviços, principalmente as pessoas envolvidas no processo. Cobra (1994) destaca o novo paradigma do Marketing, justamente a partir da plena utilização do conhecimento, já que a personalização ocorre desde a pesquisa, a produção e o consumo de bens e de serviços financeiros. Las Casas (2002), complementando a ideia anterior, afirma que o profissional de Marketing deve levar em consideração além dos quatro Ps do Marketing tradicional, outras variáveis especiais que denominou os quatro Ps dos serviços: perfil, processos, procedimentos e pessoas (LAS CASAS, 2002). Esta diferenciação demonstra-se na figura a seguir: FIGURA 3 - OS 4 PS DO MARKETING FONTE: Adaptado de Cobra, 1994. Em relação ao primeiro, o perfil entende-se que se refere ao estabelecimento, à comunicação visual da loja ou escritório, como também limpeza, layout, dentre outros. O perfil torna-se, portanto, um componente de comunicação essencial, na medida em que vai influenciar a decisão de compra do consumidor. Devido à intangibilidade do serviço, um cliente, ao entrar em um local de prestação Produto Preço Praça Promoção MARKETING TRADICIONAL 4 Ps 4 Ps dos Serviços Perfil Processos Procedimentos Pessoas Documento não controlado - AN03FREV001 38 de serviços, busca evidências que apoiem sua decisão. Já os processos devem permitir que os serviços sejam desempenhados de forma organizada e com qualidade, para satisfazer a clientela. Deve-se fazer uso de fluxograma, sendo que o objetivo dos processos deve ser facilitar a vida dos clientes. Las Casas (2002) sugere que um bom processo só é completo se o nível de contato com os clientes for satisfatório. A qualidade deste contato é fundamental. Por isso, muitas empresas levam a sério os procedimentos de atendimento ao cliente, terceira variável, especificando uma espécie de código e regras para serem seguidas pelos funcionários, em sintonia com a imagem que deseja projetar. A maior parte dos investimentos na área de serviços é registrada na mão de obra. Serviços são feitos, basicamente, por pessoas. Assim, ressalta Kotler (2000), o pessoal de uma organização é essencial para a qualidade da prestação de serviços. Como a maioria dos serviços é fornecida por pessoas, a seleção, o treinamento e a motivação dos funcionários podem fazer uma enorme diferença na satisfação do cliente. Complementa o autor que “o ideal seria que os funcionários exibissem competência, interesse, capacidade de resposta, iniciativa, habilidade de resolver problemas e boa vontade. (KOTLER, 2000, p. 455). A questão da intangibilidade é fundamental no momento do profissional de Marketing decidir sobre quais estratégias adotar para um programa de Marketing eficiente para determinado serviço. Há consenso entre os autores de que quanto mais intangível um serviço, mais ele se afasta do Marketing tradicional. Considerando esta definição: Os tipos de Marketing de serviços se polarizam em função de dois tipos de estratégias básicas: o Marketing de relacionamento, que depende do contato íntimo e permanente com os clientes e no qual ganham importância e confiança a qualidade percebida pelos clientes, e o chamado Marketing de ocasião, que indica aqueles clientes que buscam vantagens imediatas e oportunidades. Conforme a colocação nesses espectros ocorre as diferenças de elementos de composto de Marketing. Por exemplo, as empresas que se localizam mais próximas ao espectro de ocasião darão maior ênfase à comunicação pela propaganda, ao passo que as empresas que estão localizadas no lado do Marketing de relacionamento darão maior ênfase à venda pessoal (LAS CASAS, 2002, p. 27). Kotler (2000) explica que o Marketing de serviços baseia-se em um triângulo com três vertentes – Marketing interativo (entre clientes e funcionários), Marketing interno (relação entre funcionários e empresa) e Marketing externo (relação entre Documento não controlado - AN03FREV001 39 empresa e clientes), conforme exemplificamos na figura abaixo: FIGURA 4 - AS TRÊS VERTENTES DO MARKETING DE SERVIÇOS FONTE: Adaptado de Kotler, 2000. Kotler observa que o Marketing externo é o processo normal de preparo, determinação de preço, distribuição e promoção de um serviço aos clientes. Já Marketing interno seria o processo de treinamento e motivação feito com os funcionários para que atendam bem aos clientes. Nos dizeres do autor, esta é uma das vertentes mais importantes para o Marketing de serviços. Toda a organização deve conhecer e entender a importância da estratégia adotada. Já Marketing interativo pode ser entendido como “a habilidade dos funcionários em servir ao cliente. O cliente julga o serviço não apenas pela sua qualidade técnica, mas também pela sua qualidade funcional. Assim, os prestadores de serviços devem sempre ter em mente oferecer um “alto toque pessoal”, assim como uma ‘alta tecnologia’”. (KOTLER, 2000) Kotler (2000) também ressalta que as três tarefas a serem enfrentadas pelas empresas prestadoras de serviços são: aumentar a diferenciação, a qualidade dos serviços e a produtividade. Estas três tarefas interagem. No entanto, segundo o autor, o maior desafio é o fato de as inovações mais importantes no setor de serviços serem facilmente copiadas. Porém, a empresa que introduzir inovações regularmente alcançará uma sucessão de vantagens temporárias sobre suas concorrentes. MARKETING INTERATIVO MARKETING EXTERNO MARKETING INTERNO Documento não controlado - AN03FREV001 40 9 NOVAS TENDÊNCIAS DE MARKETING Observa-se que contemporaneamente o Marketing tem sofrido rápidas transformações, obrigando assim as organizações a reverem suas estratégias. Questões relacionadas à gestão hierárquica piramidal, centralização, dentre outras, estão sendo substituídas por inovadoras formas de gestão que exigem um constante renovar e aprimoramento de estratégias. A tecnologia da informação tem revolucionado o Marketing a tal ponto que fatores como rapidez e flexibilidade ganham destaque e importância. Conforme destaca Las Casas (2002), a informação passou a ser um dos elementos chaves na gestão estratégica e a forma de obtê-la é considerada como um diferencial. Dessa forma, estruturas ágeis e flexíveis, adaptadas ao ambiente instável e mutante, são necessárias para que se possam obter resultados satisfatórios. Las Casas destaca alguns elementos do Marketing globalizado, que seriam: a) Globalização Os mercados são internacionais. Países unem-se em blocos e a economia está mudando de enfoque. As empresas necessitam se adequar às novas tendências, preparando-se para atuar em diferentes mercados com diferentes exigências. É necessário conhecer diferentes mercados para alcançar os objetivos organizacionais. b) Planos EconômicosA incerteza faz parte de diferentes planos econômicos, inclusive do brasileiro. Os gestores devem estar atentos aos sinais da economia, bem como das demais variáveis externas, para fazer as necessárias adaptações no plano de Marketing. Documento não controlado - AN03FREV001 41 c) Qualidade As empresas que não perseguirem programas de qualidade estarão sem vantagem competitiva no novo milênio. d) Valorização do consumidor Valoriza-se a satisfação dos clientes. e) Valorização dos colaboradores A motivação dos colaboradores deve ser uma constante, principalmente quando se pensa na ótica de que o Marketing deve ser uma filosofia organizacional. No Módulo 5, destaca-se a importância da tecnologia da informação na prática do Marketing contemporâneo e de que forma este pode influenciar na obtenção dos resultados almejados. Contemporaneamente, observa-se que o Marketing está presente em diferentes instituições. Pequenas empresas também adotaram o conceito de Marketing, assim como organizações sem fins lucrativos, como instituições do terceiro setor e órgãos do governo. Conforme destacam Nickels & Wood (1999), apesar de as organizações sem fins lucrativos não existirem para obter lucro, elas ainda precisam saber quem são seus clientes e como satisfazer seus desejos e necessidades de uma forma financeiramente responsável. Vive-se o Marketing em uma perspectiva global. Os consumidores podem escolher entre fornecedores de diversos países, assim como os fornecedores podem atingir consumidores além das fronteiras geográficas. Conforme Nickels & Wood (1999) ressaltam, cada pessoa na organização, independentemente de seu local de trabalho, está trabalhando para satisfazer as necessidades e desejos dos clientes, onde quer que eles estejam. É fazendo uso dos princípios de Marketing que se cria a fidelização com os clientes. Estabelecida a confiança, os clientes estarão voltando, fornecendo lucros para a Empresa. Cobra (1994) destaca características das empresas que terão destaque no atual Marketing internacional: - aquelas que adotam técnicas de Marketing de alto nível, concorram elas ou não em mercados globais; Documento não controlado - AN03FREV001 42 - aquelas que estão constantemente realizando benchmarking de seus processos em relação às melhores práticas do mundo; - realizam melhorias contínuas que fortalecem o relacionamento com clientes e parceiros ao longo da cadeia de valor; - os departamentos de Marketing não carregam mais sozinhos a responsabilidade pela construção de relacionamentos. Cada colaborador divide a responsabilidade. 10 ABC DO MARKETING FIGURA 5 FONTE: Arquivo pessoal do autor Nickels & Wood (1999) apresentam o ABC do Marketing. Estes seriam os princípios que garantiriam o diferencial para as organizações que vivenciam o Marketing numa perspectiva mundial. Ao sintetizá-lo, têm-se os seguintes: - Antes de tudo, seja orientado para o cliente; Deve-se estabelecer uma relação de troca mutuamente benéfica para o cliente. - Benchmarking com relação aos melhores do mundo. O objetivo é alcançar os melhores, e se possível, mais longe. - Continuamente melhorar seu produto e seu desempenho. Documento não controlado - AN03FREV001 43 As necessidades dos clientes estão sempre mudando e, dessa forma, os produtos e serviços oferecidos devem estar sempre melhorando e se adequando às necessidades dos clientes. - Desenvolva o melhor pacote de valor. A partir da pesquisa, conhece-se o que o cliente valoriza. A partir daí, os produtos devem contemplar essas necessidades, e mais: com o diferencial em relação aos clientes. - Empowerment dos empregados. O empowerment permite que os empregados de todos os níveis da organização utilizem o seu poder e capacidade de tomarem decisões para que decidam e se movimentem no sentido de satisfazer os clientes. - Foco no relacionamento. Deve-se atrair novos clientes, assim como reforçar o relacionamento com os atuais. O fortalecimento das relações com fornecedores, varejistas e outros grupos de interesse também são fundamentais. - Gerar Lucro e atender outros objetivos organizacionais. O resultado do ABC do Marketing seria a geração do lucro para as organizações. -----------------------FIM DO MÓDULO I--------------------------- Documento não controlado - AN03FREV001 44 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação Documento não controlado - AN03FREV001 45 CURSO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. Documento não controlado - AN03FREV001 46 MÓDULO II INTRODUÇÃO Neste segundo Módulo do curso discute-se o Marketing de Relacionamento. Apresentam-se suas principais dimensões, assim como o Processo Universal do Marketing de Relacionamento. Ao final, relaciona-se a importância do Planejamento Estratégico com o Marketing de Relacionamento. 11 MARKETING CONTEMPORÂNEO Considera-se que o Marketing não ocorre sem que advenha uma troca, a ação de comercializar ou vender algo de valor. O cliente busca a satisfação de suas necessidades. Nickels & Wood (1999) definem que uma troca de Marketing ocorre apenas quando existem três elementos, que seriam: 1- Duas ou mais pessoas ou organizações possuem algo de valor para negociar; 2- Ambas as partes estão dispostas e podem negociar aquilo que possuem por outra coisa à qual dão valor; 3- As partes são capazes de se comunicar uma com a outra no que diz respeito à troca. E mais, segundo os autores, na troca de Marketing, tanto o vendedor quanto o cliente devem se beneficiar. A troca tem de ser mutuamente benéfica. Durante esta troca, enquanto o vendedor recebe dinheiro, o cliente recebe o produto. Aqui se entende produto como sendo um bem, um serviço ou uma ideia que o cliente adquire para satisfazer uma necessidade ou desejo por meio da força do dinheiro ou algo mais de valor. Bens são produtos como canetas, computadores, celulares. Serviços são produtos como educação, assistência médica ou outro benefício valioso. Já ideias se Documento não controlado - AN03FREV001 47 constituem pensamentos ou imagens que empresas e organizações sem fins lucrativos promovem para que clientes, empregados e outros aumentem seus conhecimentos ou para contribuir com seu bem-estar. 12 MARKETING TRANSACIONAL E MARKETING DE RELACIONAMENTO Neste capítulo inicia-se discutindo as características do Marketing Transacional. Após, destacam-se as principais dimensões do Marketing de Relacionamento. 12.1 MARKETING TRANSACIONAL Por várias décadas a maior parte das organizações abordou o Marketing como um conjunto de transações não interligadas entre o vendedor e o cliente. Conforme explicam Nickels & Wood (1999), no Marketing transacional os vendedores colocam o foco em trocas individuais e isoladas que satisfazem as necessidades de um cliente em uma hora e local determinado. Nesta perspectiva, os vendedores tendem a concentrar mais atenção na atração de novos clientes para futuras trocas do que em estimular trocas adicionais desenvolvendo relacionamentos mais estreitos com os clientes atuais. Em razão da ênfase nas novas trocas, os vendedores, assim como os clientes,desenvolvem pouca confiança ou compromisso no relacionamento. Com isso os clientes aprenderam rapidamente a procurar a melhor oferta e escolheram os produtos principalmente com base no preço. O resultado foi que muito dos vendedores teve de enfatizar a redução dos preços, o que, por sua vez, reduziu os lucros, assim como, ocasionou em demissões e cortes nos custos. Porém, os anos passaram. Muda-se o contexto econômico mundial. A lucratividade aparece como questão primordial e a competição internacional cresce em níveis altíssimos. Com isso, as empresas na contemporaneidade estão cada vez Documento não controlado - AN03FREV001 48 mais interessadas em promover a lealdade, assim como o compromisso com o cliente. Observa-se que o conceito de Marketing vem sofrendo adaptações e evoluções para continuar cumprindo seu intento de estar alinhado aos objetivos da empresa, potencializando seu valor, por meio de aumento de vendas, diferenciação de mercado, aumento de segmentos, aumento do fluxo de caixa livre da empresa, distinção de reputação, captação e retenção de clientes, dentre outros. Surge então uma nova perspectiva, o Marketing de relacionamento e, por conseguinte, o desenvolvimento do posicionamento da marca, direcionado para um público específico, com comunicação diferenciada e agregação de valor para o cliente, a partir de: - recursos (ativos) estratégicos direcionados para os segmentos clientes da empresa; - desenvolvimento de lealdade; - retenção de clientes por meio da satisfação. No próximo item aprimorar-se-á este conceito. 12.2 MARKETING DE RELACIONAMENTO O Marketing de Relacionamento foi considerado durante muito tempo como uma abordagem que se referia apenas às relações entre o comprador e o vendedor, por meio dos quais a organização buscaria estabelecer, fortalecer e desenvolver relações de longo prazo (VAVRA, 1993). Em 1983, quando surgiu a terminologia marketing de relacionamento, referia-se ao aprimoramento da relação com os clientes como forma de alcançar maior competitividade das empresas e maior satisfação dos clientes. Em 1995, Berry definiu marketing de relacionamento como sendo a atração, a manutenção e, em organizações multisserviços, o aumento de relacionamentos com clientes. Enfatizou ainda que a atração de novos clientes deveria ser vista apenas como um passo intermediário no processo de marketing, solidificar Documento não controlado - AN03FREV001 49 relacionamentos, transformar clientes indiferentes em leais e servi-los é que deveria ser considerado marketing (LAS CASAS, 2002). Com o passar das décadas, o Marketing de relacionamento se consolidou como um novo paradigma que consiste na introdução de novas relações de troca no mercado. Passa-se do foco compras/transações para a retenção/relações. Consiste, conforme Zeithaml & Bitner (2003), em uma nova filosofia de se fazer negócios, em uma orientação estratégica que privilegia a manutenção e o aperfeiçoamento dos atuais clientes, e não na conquista de novos clientes. Na perspectiva dos autores esta filosofia pressupõe que os clientes preferem ter um relacionamento continuado a trocar continuamente de fornecedores. Esclarece Cobra (1994) que seria mais acessível financeiramente manter um cliente que atrair um novo. No Marketing antigo, as empresas frequentemente se concentravam na conquista dos clientes, mas, na sequência davam pouca atenção aquilo que deveriam fazer a fim de que os mesmos fossem mantidos. Ao adotar a teoria do Marketing de relacionamento, muda-se a forma de se pensar, na cultura organizacional e nos sistemas de remuneração e premiação dos colaboradores. Ressalta-se, segundo Zeithaml & Bitner (2003) que esta filosofia tem de perpassar todo o contexto organizacional. Atualmente o Marketing de relacionamento constitui-se em um processo de estabelecer e manter relacionamentos de longo prazo mutuamente benéficos entre organizações e seus clientes, empregados e outros grupos de interesse. Gordon (1991, p. 31) conceitua Marketing de Relacionamento como um “processo contínuo de identificação e criação de novos valores dos clientes individuais e compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria”, voltando desta forma às questões de interação do cliente à empresa. Nickels & Wood definem que as palavras-chaves desta nova perspectiva de Marketing são manter e longo prazo. Trazem o seguinte conceito: O Marketing de Relacionamento é colocar o cliente em primeiro lugar, desenvolvendo relacionamentos lucrativos com ele, tendo como objetivo estabelecer relacionamentos mutuamente satisfatórios ao longo do tempo, a fim de ganhar e reter o cliente em longo prazo. (NICKELS & WOOD, 1999, p. 41). Documento não controlado - AN03FREV001 50 Levitt (1990) compreende que o Marketing de Relacionamento funciona como um “casamento” do cliente com a organização, cujas partes possuem expectativas distintas e necessidades específicas. O autor aborda ainda que o sucesso em Marketing, assim como no casamento, traduz-se em um relacionamento inevitável de interdependência. Interdependência esta que leva a organização a não somente pensar na prestação de serviço como um simples complemento, mas elevar tal abordagem a uma visão mais concreta de satisfação do cliente. O quadro a seguir demonstra as principais diferenças entre o Marketing transacional e o Marketing de relacionamento: MARKETING TRANSACIONAL MARKETING DE RELACIONAMENTO 1. Ênfase em conquistar novos clientes 1. Ênfase em manter os clientes atuais, bem como conquistar novos 2. Orientação para o curto prazo 2. Orientação para o longo prazo 3. Interesse em realizar uma única venda 3. Interesse em vendas múltiplas e relacionamentos duradouros 4. Compromisso limitado com os clientes 4. Alto nível de compromisso com os clientes 5. Pesquisa sobre as necessidades dos clientes utilizada para completar uma transação 5. Pesquisa contínua a respeito das necessidades dos clientes utilizadas para melhorar o relacionamento 6. Sucesso significa realizar uma venda 6. Sucesso significa lealdade do cliente, compras repetidas, recomendações dos clientes e baixa rotatividade dos clientes 7. Qualidade é uma preocupação da produção 7. Qualidade é uma preocupação de todos os empregados 8. Compromisso limitado com os serviços 8. Alto grau de compromisso com o serviço A partir dos anos 90 observa-se que os papéis do comprador e do fornecedor se inverteram: os clientes deixaram de ser “garimpados” para serem tratados como especiais e “cultivados”. Atualmente, os clientes exigem que o Documento não controlado - AN03FREV001 51 fornecedor ofereça flexibilidade, disponibilidade, criatividade e preço vantajoso. Dessa forma, são necessárias novas técnicas para descobrir esses atributos, para que as organizações tenham sucesso em um mundo de desejos, preferências, comportamentos e lealdades diferentes de clientes em constante mutação. 13 APRIMORANDO O CONCEITO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Para Kotler, o Marketing de Relacionamento envolve todas as etapas que as empresas assumem para conhecer os clientes e atendê-los melhor, tendo como tarefa criar forte lealdade dos consumidores (KOTLER, 2000). Na percepção de Vavra (1993), a partir da perspectiva do cliente, a compra passa a ser encarada como um relacionamento, em que o mesmo sente o desejo ou a necessidade por uma interação continuada com a organização de venda. Dessa forma, os objetivos de Marketing focados no cliente são: Obter pleno valor de duração de cada consumidor, Aumentar esse valor Mantê-lo cada vez mais crescente, Utilizar os lucros excedentes do sucesso para custear a conquista de novos clientes. Compreende-se que o compromisso com o Marketing de relacionamento deva vir da alta administração
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