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Resumo - Marcadores bioquímicos da função renal

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Marcadores bioquímicos da 
função renal 
Os biomarcadores da função renal podem ser analisados 
com base no plasma ou na urina do paciente, de modo que 
pode ser feita um estimativa da natureza e severidade da 
lesão renal, estabelecendo a melhor estratégia terapêutica. 
Dentre os principais marcadores da função renal tem-se 
creatinina, taxa de filtração glomerular ou clearence de 
creatinina, cistatina C, ureia e outras proteínas/enzimas. 
1) Creatinina 
A creatinina é o marcador mais utilizado para mensurar a 
função renal na prática clínica, apesar de ser um metabólito 
que sofre interferência de algumas variáveis, sendo dosada 
pelo método colorimétrico. É um composto nitrogenado 
derivado de aminoácidos (arginina e glicina), sendo que no 
córtex renal é expresso uma enzima denominada AGAT, que 
será crucial para formação dos dois principais metabólitos, a 
ornitina e o GAA. No fígado, o GAA será convertido em 
creatina e homocisteína com auxílio da GAMT (precisa de 
metionina). A creatina atinge a circulação e pode chegar a 
diferentes tecidos, mas principalmente nos músculos 
esqueléticos, coração e cérebro, já que funciona como um 
tampão energético. A creatina irá permanecer cerca de 25% 
nesses locais, sendo que 75% será convertido pela creatina 
quinase em fosfocreatina. 
A creatina tende a ser metabolizada em fosfocreatina, já que 
é um composto rapidamente metabolizado e que pode sanar 
rapidamente a demanda energética muscular contínua pela 
presença da molécula de fosfato. A formação de creatinina é 
gerada de forma espontânea e não enzimática (derivada da 
fosfocreatina ou da creatina), ocorrendo ciclização e 
desidratação, sendo também uma explicação da geração de 
fosfocreatina ser maior. Assim que a creatinina chega ao leito 
vascular ela será um metabólito inerte e não tóxico que não 
tem outro destino a não ser a filtração glomerular, de modo 
que é um excelente marcador para a função renal. A CK 
funciona como um marcador clínico de lesão, já que a rota de 
produção de fosfocreatina é ativada constantemente. 
 
Existem fontes exógenas de creatina que devem ser 
consideradas, como leite, carnes e peixes, sendo que a 
demanda fisiometabólica necessária é de cerca de 1 a 2 
gramas por dia, tanto de síntese endógena como exógena 
(em pacientes normais, podendo alterar em idosos, atletas, 
pós-operatório e algumas patologias). Em patologias ou 
situações de alterações bruscas da massa muscular 
(aumento ou diminuição) ou ingesta proteica não se deve 
medir a creatinina. A creatinina é medida no plasma e na 
urina, mas os valores séricos são mais confiáveis, já que é 
produzida endogenamente. A creatinina é um importante 
marcador por: 
 Ser fisiologicamente inerte e não tóxica; 
 Não se ligar a proteínas plasmáticas; 
 Ser filtrada pelos glomérulos; 
 Não ser reabsorvida nem secretada pelos túbulos renais; 
 Não estar sujeita a destruição, síntese ou 
armazenamento renal; 
 Ser fácil e precisamente determinável no plasma e na 
urina. 
A inulina é considerada um excelente marcador de função 
renal – ainda em modelo experimental. Ela será 100% filtrada 
pelo glomérulo, mas deverá ser ingerida, sendo um 
polissacarídeo de frutose com uma molécula de glicose 
associada. 
2) Cistatina C 
É um importante marcador para se estimar a taxa de filtração 
glomerular, sendo que não sofre a influência de fatores 
externos, como ingesta proteica e massa muscular, já que 
será sintetizada por todas as células nucleadas no 
organismo, sendo abundante no leito vascular, precisando 
apenas do aporte de aminoácidos para se formar. 
A cistatina C será uma proteína da classe das 
cisteinoproteinases, tendo baixo peso molecular e função 
inibitória, de modo que inibe e modula a ação de outras 
proteínas da mesma classe. Sua estrutura ativa é terciária e 
ativamente filtrada pelo glomérulo, sendo que a transição 
entre a forma ativa e o dímero inativo funciona como 
mecanismo de controle desse marcador. 
A cisteína uma vez ativada será sempre ativa, podendo 
participar do controle de metástases, de processos 
inflamatórios e controla também o metabolismo lisossomal 
por inibir proteínas lisossomais das células que precisam ser 
repostas, auxiliando na renovação lisossomal. Geralmente as 
proteínas do nosso corpo são marcadas para destruição 
quando cumprem sua função, gerando então um contínuo 
pool endógenos de aminoácidos. Todavia, a cistatina C será 
filtrada pelo glomérulo e excretada, não gerando um pool de 
aminoácidos. 
 
A cistatina C é um método mais caro, já que não usa o método 
colorimétrico para realização da dosagem sérica, e sim a 
nefelometria. Enquanto isso, a creatinina é dosada pelo 
método colométrico, sendo feita em maiores quantidades por 
ser mais barata, apesar de depender de fatores externos 
como quantidade de CK e de massa muscular. Ambos os 
metabólitos são nitrogenados e produzidos de forma 
endógena e constantemente. 
3) Marcadores tubulares 
São marcadores da função renal prevalente nas células 
tubulares proximais e distais, como: 
 Molécula de injúria renal (KIM-1): glicoproteína 
transmembrana cuja produção é regulada pelo túbulo 
renal proximal na vigência de IRA 
 Lipocalina associada à gelatinase de neutrófilo 
(NGAL): é expressa pelos neutrófilos e células epiteliais, 
incluindo as células do túbulo renal proximal. Admite-se 
que o papel fisiológico do NGAL seja reduzir a lesão das 
células tubulares por diminuir a apoptose e aumentar a 
proliferação dessas células. 
 Proteína ligante de ácido graxo tipo hepática (L-
FABP): encontrada no citoplasma das células do túbulo 
proximal. 
Quando as taxas de filtração glomerular diminuem, tem-se 
aumento de KIM-1 e NAGL, sendo marcadores importantes 
de lesão renal. 
4) Taxa de filtração glomerular ou clearence de 
creatinina 
Clearence é a quantidade de sangue ou plasma 
completamente liberada de uma substância, por unidade de 
tempo, através da filtração. A filtração glomerular depende da 
pressão hidrostática e coloidosmótica do glomérulo e da 
pressão na cápsula de Bowman, sendo que seus níveis 
normais variam de 80 a 140 ml/min, em que uma insuficiência 
renal aguda cursa com filtração de < 50 mL/min. 
Como a creatinina é minimamente reabsorvida e secretada, 
sua taxa de filtração é praticamente equivalente à taxa de 
excreção, funcionando bem como um marcador de filtração. 
 
A urina 24h é feita pela determinação do fluxo urinário para 
calcular a massa ou o volume de uma substância eliminada 
na unidade de tempo, minimizando variações circadianas 
e/ou aleatórias. A coleta em 24 horas reduz a influência do 
ritmo circadiano sobre o volume urinário, já que o eixo 
hipotálamo hipófise controla a diurese, essa que sofre 
alterações de eliminação durante o dia. 
Como valores de referência para a cistatina C tem-se de 0,5 
a 1mg/dL e para a creatinina 0,4 a 1,4 mg/dL (até 1,2 mg/dL 
em mulheres). Os baixos valores séricos de referência 
indicam que a eliminação está adequada. Se esses valores 
aumentarem, significa que existem problemas no glomérulo, 
de modo que a filtração e a eliminação renal desses 
metabólitos reduz. Um conjunto de alta concentração de 
creatinina sérica e baixa taxa de filtração glomerular prediz 
uma lesão renal. 
 
Todavia, nota-se que 50% dos pacientes possuem taxa de 
filtração glomerular inferior a 80 mL/min, fato que cursa com 
oligúria e eliminação de menos que 400 mL de urina por dia. 
assim, faz-se necessário exames complementares caso 
tenha TGF alterado e todos os marcadores normais. 
Como causas do dano renal tem-se isquemia, doenças 
autoimunes, hipertensão, desordens metabólicas, infecções, 
toxinas, entre outras. 
A RIFLE é uma conduta terapêutica para monitoramento da 
função renal. Irá levar em conta: 
 Risco 
 Injúria 
 Falência 
 Perda 
 Estágio final 
Essa classificação define três classes de gravidade da IRA 
(risco, lesão e falência) baseado em três critérios: aumento 
relativo da creatinina sérica,queda da filtração glomerular 
(GFR), e diminuição do fluxo urinário por quilo de peso. 
Também pode ser feita a dosagem isolada da cistatina C. 
 
5) Urina I 
Verifica as variáveis físicas da urina, como aspecto, cor, pH, 
densidade, proteínas, glicose, corpos cetônicos, pigmentos 
biliares, urobilinogênio, nitrito, hemoglobina e elementos 
figurados.

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