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Citogenética Anomalias cromossômicas: Responsáveis por grande proporção de todas as perdas gestacionais, deficiência intelectual, malformações congênitas e papel importante na patogênese do câncer. Estão presentes em quase 1% de todos nativos, 2% de todas as gestações em mulheres > 35 anos e metade de todos os abortos espontâneos do 1° trimestre. Indicações clínicas para análise cromossômica: Problemas de crescimento e desenvolvimento precoce: falha no crescimento, malformação múltiplas, deficiência intelectual, fácies dismórfica, baixa estatura e genitália ambígua. Natimortos e morte neonatal. Neoplasias: praticamente todos os cânceres são associados a uma ou mais anomalias. Gestação em mulher de idade avançada: risco aumentado de anomalias nos fetos de mãos com idade > 35 anos. Obtendo células para análise cromossômica: Qualquer núcleo pode ser utilizado para fazer cariótipo (cultura de sangue periférico, biópsia de pele, linfócitos, medula óssea). Células obtidas antes do nascimento: amniócitos através da amniocentese (cultura); células das vilosidades coriônicas (sem necessidade de cultura). Amniocentese: Método de amostragem do fluido amniótico que se insere uma agulha por via transabdominal na cavidade amniótica. Agulha inserida através das paredes abdominal e uterina (evitando placenta e feto) no saco amniótico que rodeia o feto. 10-30 mL de líquido é retirado contendo células expelida da pele, do trato respiratório e do trato urinário do feto. Células são separadas por centrifugação e cultivadas em laboratório. Utilizado no diagnóstico de transtornos genéticos e do desenvolvimento fetal. Geralmente realizada na 16° semana de gravidez. Punção de vilosidades coriônicas (CVS): Método de amostragem de células coriônica fetais (tecido fetal que faz parte da placenta) inserindo um cateter através da vagina (transcervical) ou parede abdominal no útero (transabdominal). Normalmente realizado na 8° ou 9° semana de gravidez. p.s: Amniocentese e CVS podem ser acoplados com testes de DNA genômico para diagnóstico pré-natal de alelos mutantes. ● Cariótipo Quantidade e o aspectos dos cromossomos eucariotos, ou seja, conjunto completo de cromossomos em uma espécie ou em um organismo individual. Analisa-se o comprimento, posição dos centromeros, padrão de bandas e qualquer diferença entre os cromossomos. 1. Colheita: 5 mL de sangue e separação. 2. Montagem da cultura: meio de cultura (antibióticos) e soro fetal bovino; adicionar fito-hemaglutinina; cultivo em estufa a 37°C, por 72 horas. 3. Bloqueio da divisão celular: colquicina que impede a formação do fuso mitótico (acúmulo de metáfases). 4. Colheita da cultura: hipotonização e centrifugação (KCl 0,075) - entumecimento dos linfócitos, eliminação eritrócitos e separação das cromátides. 5. Fixação: 3 metanol:1 ácido acético. 6. Coloração: bandeamento G, C, Q e R. 7. Análise microscópica. ● Identificação cromossômica À medida que os cromossomos se condensam e tornam-se visíveis durante a divisão celular, certos aspectos estruturais podem ser reconhecidos. Cromossomos replicados - cromátides irmãs. Centrômero (constrição primária): região em que as fibras dos microtúbulos se ligam durante a divisão celular - cinetócoro; localização confere a cromossomo a sua forma característica. Braço curto: p. Braço longo: q. Constrição secundária (RON). Cromossomos sexuais: X e Y em seres humanos; tamanhos e formas diferentes. Cromossomos autossomos - não sexuais: pares 1 ao 22. I. Telocêntrico: centrômero na extremidade terminal. II. Acrocêntrico: centrômero próximo a extremidade (cromossomos 13, 14, 15, 21, 22 e Y). III. Submetacêntrico: braços q e p são desiguais (cromossomos 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 17, 18 e X). IV. Metacêntrico: braços q e p aparentemente do mesmo tamanho (cromossomos 1, 3, 16, 19 e 20) ● Cariótipo - bandeamento Tratamento com tripsina e coloração com Giemsa. Bandas claras e escuras intercaladas. - Bandas G mais escuras: ricas em AT (pobre em genes) - heterocromatina. - Bandas G mais claras: ricas em GC (rica em genes) - eucromatina. Identificação de alterações estruturais e pareamento dos cromossomos. Interpretação de bandas e sub-bandas: Sequência: cromossomo, braço, região, banda, sub banda. Ex: 12q24.2 Cromossomo 12; braço longo; região 2; banda 4 e sub banda 3 = contém 5 genes. Bandeamento Q: Coloração pela quinacrine mostarda e examinado por microscopia fluorescente. Bandas brilhantes ou turvas com diferente intensidade de fluorescência. Bandas brilhantes e ricas em AT e bandas opacas ricas em GC. Importância: detecção de deleções, inversões e duplicações em humanos. Bandeamento C: Lâminas tratadas por várias lavagens de hidróxido de bário e corados com Giemsa. Coloração de DNA altamente repetitivo (centrômero, heterocromatina constitutiva, telômeros, DNA satélite). *Banda heterocromática aumentada: pode acarretar problemas no pareamento e não-disjunção dos cromossomos ou influenciar na expressão de alguns genes, resultando em prole anormal, abortos ou mortes neonatal. Bandeamento R: Cromossomos aquecidos, antes da coloração, apresentam bandas reversas. Alta temperatura, desnatura proteínas e do DNA de constituição AT-rica, mantendo o DNA GC-rico com a configuração original. Pode ocorrer a utilização tanto de corantes fluorocromos (acridina laranja) como de convencional (Giemsa). Usado para detector deleções ou translocações que envolve regiões dos telômeros, ou cromossomos de difícil coloração em G ou Q. ● Citogenética molecular FISH - Fluorescent In Situ Hybridization: Técnica de mapeamento físico de DNA em que uma sonda de DNA marcada com fluorocromo é hibridizada ao cromossomo ou núcleo interfásico e visualizado em microscópio de fluorescência. Material (núcleo interfásico ou cromossomos metafásicos): tecidos preservados, tecidos fixados em formol, preparações para citogenética convencional, amostras de sangue periférico, medula óssea e as amostras pré-natais como vilosidade coriônica, líquido amniótico, sangue fetal e material de abortamento. *Onco-hematologia: identificação de anormalidades cromossômicas em leucemia/câncer. *Genética constitucional: diagnóstico de síndromes genéticas específicas. *Diagnóstico pré-natal: detecção de aneuploidias cromossômicas. Preparação da lâmina (DNA alvo). Desnaturação: DNA alvo e sonda foramida a 70°C ou estufa T° de ~80°C. Hibridização sonda/DNA (estufa a 37°C - câmara úmida - overnight). Lavagem pós-hibridização: tampão (citrato de sódio). Detecção da sonda e contra coloração: iodeto de propídeo (PI) ou DAPI. ● Alterações Cromossômicas Cromossomos autossômicos e/ou sexuais. 1. Numéricas: a. Poliploidias: adição de lote haploide n. Triploidia 3n; Tetraploidia 4n. b. Aneuploidias: perda ou adição de cromossomos. Monossomia (2n-1) - Síndrome de Turner; Trissomia (2n+1) - S. de Down, de Edwards e de Klinefelter. 2. Estruturais: Delecões, duplicações, translocações (recíprocas ou robertsonianas), inversões e inserções. → Alterações cromossômicas numéricas Euploidia: Composição cromossômica normal de um indivíduo, ou seja, 23 cromossomos. Gametas haploides e células somáticas diploides são euploides. Quando ocorre a adição de lote haploide échamada de poliploidia ou heteroploidia. São considerados anormais porque os cromossomos adicionais expressam produtos gênicos extra que provocam anomalias. Poliploidias Triploidia (3n) - 69, XXX ou 69, XYY: Número cromossômico três vezes o número haploide de todos os autossomos e sexuais. Os recém-nascidos triploides têm múltiplas anormalidades: macrocefalia, dedos dos pés e das mãos fundidos, malformações na boca, olhos e genitais. Não sobrevivem por muito tempo. Tetraploidia (4n) - 92, XXXX ou 92, XXYY: Número cromossômico 4 vezes o número haploide: 4 cópias de todos autossomos e sexuais. Incompatível com a vida. Erro mitótico no embrião inicial (todos cromossomos duplicados migram para uma das células filhas) e fusão de dois zigotos diploides. Origem das euploidias: Triploidia: - ocorre por dispermia, ou seja, dupla contribuição paterna na fertilização, resultando em fertilização simultânea de dois espermatozóides ou fertilização de um espermatozoide 2n; - anomalia meiótica, não ocorrendo a disjunção meiótica (erro na meiose I ou II) resultando num óvulo ou espermatozoide diploide. *Na meiose I: não disjunção dos cromossomos homólogos, todos gametas serão anormais. *Na meiose II: produz duas células haploides normais e duas células anormais, uma com uma cópia extra de um cromossomo e outra em um cromossomo. Aneuploidias Cromossomos autossômicos: Síndrome de Down (47, X?, +21) Síndrome de Edwards (47, X?, +18) Síndrome de Patau (47, X?, +13) Cromossomos sexuais: Síndrome de Turner (45, X) Síndrome de Klinefelter (47, XXY) Síndrome da trissomia do X (47, XXX) Síndrome XYY (47, XYY) Síndrome de Down: Única trissomia autossômica que permite a sobrevivência na idade adulta - embora poucos tenham 50 anos. Características: hipotonia, braquicefalia com occipital plano, aspectos faciais dismórficos, pescoço curto, ponte nasal baixa, orelhas de baixa implantação e com aparência dobrada, boca aberta com a língua protrusa, mãos curtas, manchas na íris, 40% tem defeitos cardíacos congênitos. Fatores que podem causar a S. Down: predisposição genética, exposição a radiação, infecção viral e níveis anormais de hormônios. *Idade materna é o principal fator de risco (< 30 anos - 1:1.000; 35 anos - 1:400; >45 - 1:25); 94% das não-disjunções ocorrem na mãe. Porque a idade materna é um fator de risco? - A meiose não é completa até a ovulação → ovócitos I são formados no desenvolvimento embrionário e a meiose I é concluída somente na ovulação, durante este tempo, eventos intracelulares ou agentes ambientais podem aumentar o risco de não disjunção. - Seleção materna - embriões cromossômicos anormais normalmente resultam em abortos espontâneos → esse mecanismo torna-se menos efetivo quando aumenta-se a idade. Trissomia simples em 95% dos casos, devido uma não disjunção meiótica materna. (meiose I = aprox. 75%; meiose II = aprox. 25%; meiose paterna II = aprox. 5%). Translocação robertsoniana rob (14;21) em 4% dos casos devido uma translocação do 21q; podendo resultar em prole normal, indivíduos com S. Down ou prole inviável. Translocação 21q21q em 1,6% dos casos, onde o cromossomo é composto de 2 braços q. Síndrome de Edwards (+18) - (47, XY ou XX+18): Incidência: 1/6000 nascimentos. Sobrevida de 2 a 4 meses. Em 95% dos casos, são abortados espontaneamente. Características: hipertonia, deformação da mandíbula inferior, pequenos ao nascer, crescem lentamente, punhos cerrados, mal formações cardíaca, esterno curto, “pé de cadeira de balanço”. Trissomias completas ou translocação envolvendo todo ou quase todo o cromossomo 18. Síndrome de Patau (+13) - (47, XY ou XX+13): Incidência: 1/10000 nascimentos. 50% dos indivíduos afetados morrem no 1° mês. Malformações faciais, defeitos oculares, dedos extras, malformações do SNC, defeitos cardíacos congênitos, fendas labial e palatina. Pais de crianças com S. Patau são mais velhos (média de 32 anos) do que os pais que têm filhos normais. Síndrome de Turner (45,X) - monossomia X: Incidência; 1/2500 sexo feminino. Resulta em esterilidade feminina. Características: baixa estatura, peito largo, ovários rudimentares, inchaço das mãos e pés, pode apresentar constrição da aorta, sem retardo mental, pescoço alado. Cariótipo: - 45,X → (40-60%) - Mosaicos 45,X/46,XX → (15%) - 46,X,i(Xq) → 10% - Mosaicos 45,X/46,X,i(Xq) → (8%) - Deleções 46,XXq- ou 46,XXp- → (6%) - Outros mosaicos 45,X/? → (8%) Síndrome de Klinefelter (47, XXY): Incidência: 1/1000 sexo masculino. Comprometimento intelectual. Características: altos e magros, pênis e testículos pequenos, ginecomastia, infertilidade, dificuldade de aprendizagem. Em 50% dos casos, o cromossomo X é derivado da mãe; em 50% pode ser erro de meiose I paterna. Mosaicismo (15%) = 46, XY/47, XXY. Formas variantes: fenótipos mais graves são 48, XXYY; 48, XXXY e 48, XXXXY. → Alterações cromossômicas estruturais Rearranjos estruturais resultam da ruptura dos cromossomos seguida pela reconstituição em uma combinação anormal. São menos frequentes do que aneuploidias. Balanceado: conjunto cromossômico possui o complemento normal do material cromossômico - normalmente não apresentam efeito fenotípico). a. Inversões: cromossomo sofre duas fraturas e é reconstituído - invertido; não provoca fenótipo anormal - maioria; apresenta risco de gerar gametas anormais. Paracêntricas → não inclui o centrômero e as rupturas ocorrem em um braço do cromossomo. Pericêntricas → inclui o centrômero e a ruptura ocorre uma em cada braço. *Casos raros - fenótipo: Inv(8)(p23.1q22.1); Inv(3)(p25q21). b. Translocações: envolve a troca de segmentos de dois cromossomos, geralmente não homólogos. c. Translocações recíprocas: ruptura de cromossomos não homólogos com a troca recíproca dos segmentos; geralmente só 2 cromossomos envolvidos - número total de cromossomos normais; são comuns em 1 a cada 600 neonatos; alto risco de produção de gametas desbalanceados. d. Translocações robertsonianas: ruptura de dois cromossomos acrocêntricos (13, 14, 15, 21 e 22)que se fundem próximo a região do centrômero - consequência = perda dos braços curtos; cariótipo 45 cromossomos, sendo 1 cromossomo com braços longos; a perda dos braços curtos não é deletéria devido a presença de genes RNAr. Não balanceado: material cromossômico ausente ou adicional. a. Deleções: perda de um segmento resultando em desequilíbrio cromossômico; portador monossômico para informação genética (homólogo normal e homólogo removido). - Deleção terminal: simples quebra, sem união das extremidades. - Deleção intersticial: dupla quebra, perda de um segmento inteiro e depois união. Síndrome do Cri Du Chat (5p-) 46,XX ou XY, del (5p) Incidência: 1=50000 nascidos vivos. Caracterizada por deficiência intelectual (QI médio ~35), microcefalia, hipertelorismo (aumento da distância entre as órbitas), baixa implantação da orelha. Taxas de mortalidade elevada. Choro infantil que se assemelha a do miado do gato. b. Duplicações: repetição de um segmento cromossômico, causando um aumento do número de genes ou outras sequências; maioria resultante de crossing over desigual entre cromátides homólogas durante a meiose, produzindo segmentos adjacentesduplicados ou deletados. c. Cromossomo em anel: geralmente, originam-se da quebra de ambos os braços de um cromossomo com a subsequente fusão das extremidades perda de segmento distal; pode ocorrer em todos os cromossomos, mais comum no 13 e 18; pode resultar em monossomia das regiões onde ocorreram as deleções; é visto com frequência em anomalias congênitas e está relacionado a deficiência mental e mal formações.
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