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Telecomunicações - Rádio CPTM 1 Manutenção de Sistemas de Alta Tensão Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 2 CPTM Via Permanente Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 3 Manutenção de Sistemas de Alta Tensão © CPTM\SENAI-SP, 2018 1ª Edição Elaboração Robinson Tomageski Morales Revisão Ana Célia Calvo Mardegan Equipe CFP “Eng.º James C. Stewart” -1.41 CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos Centro de Formação Profissional – “Engº James C. Stewart” - 1.41 Unidade de Gestão Corporativa SP Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 1000 – V. Anastácio São Paulo - SP CEP 05092.040 Telefone (0XX11) 3619-7301 Home page http://www.cptm.com.br SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de São Paulo Av. Paulista, 1313 - Cerqueira César São Paulo - SP CEP 01311-923 Telefone SENAI on-line (0XX11) 3146-7000 0800-55-1000 E-mail Home page senai@sp.senai.br http://www.sp.senai.br mailto:Senai@sp.senai.br http://www.sp.senai.br/ Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 4 CPTM Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 5 Sumário 1 UM POUCO DE HISTÓRIA ..................................................................................................................... 7 1.1 Energia elétrica ....................................................................................................................................... 7 2 CONVERSÃO DE ENERGIA ................................................................................................................. 11 2.1 Gerador Elétrico Elementar ................................................................................................................. 12 2.1.1 Princípio de funcionamento .................................................................................................................... 12 2.1.2 Descrição do funcionamento .................................................................................................................. 13 2.1.3 Classificação dos geradores quanto ao tipo de corrente produzida ...................................................... 14 3 ENSAIOS ELETROMECÂNICOS .......................................................................................................... 17 4 ALTERNADORES.................................................................................................................................. 19 4.1 Classificação quanto à potência ......................................................................................................... 19 4.1.1 Alternador de Pequena Potência ........................................................................................................... 19 4.1.2 Alternador de Grande Potência .............................................................................................................. 20 4.1.3 Alternadores Trifásicos ........................................................................................................................... 20 4.2 A famosa raíz de três ........................................................................................................................... 22 4.2.1 Tensão de Fase e Tensão de Linha:...................................................................................................... 22 5 TRANSFORMADOR TRIFÁSICO ......................................................................................................... 27 5.1 Definição ............................................................................................................................................... 27 5.2 Partes Principais .................................................................................................................................. 27 5.3 Funcionamento básico ........................................................................................................................ 27 5.4 Principais perdas de um Trafo ............................................................................................................ 28 5.4.1 Histerese ................................................................................................................................................ 29 5.4.2 Correntes parasitas ou de Foucault ....................................................................................................... 30 6 SISTEMA DE POTÊNCIA ...................................................................................................................... 31 6.1 Geração de Energia Elétrica ................................................................................................................ 31 6.2 Subestações ......................................................................................................................................... 31 6.3 Linha de Transmissão (LT) .................................................................................................................. 32 6.3.1 Linha de Subtransmissão (LST) ............................................................................................................. 33 6.4 Aterramento .......................................................................................................................................... 40 6.4.1 Procedimentos para a execução do aterramento temporário ................................................................ 43 6.4.2 Procedimentos para o aterramento da linha: ......................................................................................... 44 6.5 Perdas no sistema de transmissão .................................................................................................... 46 6.5.1 INDICADORES DE PERDAS ................................................................................................................. 48 7 SISTEMA ELÉTRICO-FERROVIÁRIO .................................................................................................. 51 7.1 Subestação ........................................................................................................................................... 51 7.1.1 Classificação das subestações .............................................................................................................. 52 7.1.2 Cabine de Seccionamento e Paralelismo .............................................................................................. 64 7.1.3 Manobras em subestações .................................................................................................................... 65 7.1.4 Características dos equipamentos das subestações ............................................................................. 68 7.2 Seccionador .......................................................................................................................................... 83 7.3 Disjuntor ................................................................................................................................................ 85 7.3.1 Tipos de disjuntores quanto aos meios de extinção do arco voltaico .................................................... 86 Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 6 CPTM 7.4 Retificador ............................................................................................................................................. 93 7.5 Filtro deHarmônicas ............................................................................................................................ 96 7.6 Para-raios .............................................................................................................................................. 99 7.7 Contador de descargas atmosféricas .............................................................................................. 101 7.8 Relê ...................................................................................................................................................... 102 7.9 Sistemas auxiliares ............................................................................................................................ 106 7.9.1 SACA .................................................................................................................................................... 106 7.9.2 SACC .................................................................................................................................................... 106 8 MANUTENÇÃO DE SUBESTAÇÕES E CABINES PRIMÁRIAS ....................................................... 109 8.1 Equipamentos e instrumentos necessários para a manutenção .................................................. 111 8.2 Manutenção das linhas de distribuição de energia ........................................................................ 112 9 CIRCUITO DE REDE AÉREA DE TRAÇÃO (REDE AÉREA) ............................................................ 113 9.1 Descrição e aplicação ........................................................................................................................ 114 9.1.1 Sustentação Mecânica ......................................................................................................................... 114 9.1.2 Isolador ................................................................................................................................................. 114 9.1.3 Catenária .............................................................................................................................................. 116 9.2 Sistema de distribuição ..................................................................................................................... 119 9.2.1 Seccionamento ..................................................................................................................................... 119 9.3 Manutenção da rede aérea ................................................................................................................ 120 9.3.1 Poligonação ou zigue-zague ................................................................................................................ 120 9.3.3 Fio de Contato ...................................................................................................................................... 122 9.3.4 Cabo mensageiro ................................................................................................................................. 123 9.4 Peças e acessórios de Rede Aérea .................................................................................................. 127 9.4.1 Garras Paralelas e Garras Simples ...................................................................................................... 128 9.4.2 Suspensórios ........................................................................................................................................ 128 9.4.3 Estabilizadores de Linha ...................................................................................................................... 128 9.4.4 Isoladores ............................................................................................................................................. 128 9.4.5 Ferragens de suporte ........................................................................................................................... 129 9.4.6 Postes de Concreto .............................................................................................................................. 129 9.4.7 Chaves de faca ..................................................................................................................................... 129 9.4.8 Cabos alimentadores ........................................................................................................................... 130 10 TRABALHO EM ALTA TENSÃO ........................................................................................................ 131 10.1 Programas de interrupções ............................................................................................................... 131 10.2 Operação programada ....................................................................................................................... 131 10.3 Operação de emergência ................................................................................................................... 132 REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 133 ANEXO A ....................................................................................................................................................... 135 Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 7 1 Um pouco de história 1.1 Energia elétrica É um tipo especial de energia, por meio da qual podemos produzir os mais variados tipos de trabalho: mecânico, calórico, sonoro, luminoso, radiação e outros. Ela é a mais versátil e nobre de todas as formas de energia; sendo então muito importante seu enfoque integrado no contexto do Desenvolvimento Sustentável, na busca da utilização harmônica e adequada dos recursos naturais, visualizando a maior eficiência da cadeia entre si, desde a geração (produção) até a utilização (usos finais), passando pela Transmissão, Subtransmissão, Distribuição e a sua interação equilibrada (sustentável) com o meio ambiente. Muito da tecnologia, hoje em uso, deve-se a grandes pioneiros eempreendedores da eletricidade. Seus nomes e feitos são aquiregistrados como tributo de reconhecimento pela grande constribuição. James Watt - 1736 – 1819 (Escocês) • Mecânico, concebeu o princípio da máquina a vapor, que possibilitou a • revolução industrial. • A unidade de potência útil foi dada em sua homenagem (watt). Alessandro Volta - 1745 - 1827 (Italiano) • Em 1800 anunciou a invenção da bateria. • A unidade de força eletromotriz foi criada em sua homenagem (volt). André Marie Ampère - 1775 - 1836 (Francês) • Iniciou pesquisa em 1820 sobre campos elétricos e magnéticos a partir do anunciado de Oersted (Oe – intensidade de campo magnético). • Descobriu que as correntes agiam sobre outras correntes. • Elaborou completa teoria experimental e matemática lançando as bases do eletromagnetismo. • A unidade de corrente elétrica foi escolhida em sua homenagem (ampère). Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 8 CPTM Georg Simon Ohm - 1789-1854 (Alemão) • Em 1827 enunciou a lei de Ohm. • Seu trabalho só foi reconhecido pelo mundo científico em 1927. • As unidades de resistência, reatância e impedância elétrica foram escolhidas em sua homenagem (ohm). Michael Faraday - 1791-1867 (Inglês) • Físico e químico, em 1831 descobriu a indução eletromagnética. • Constatou que o movimento de um imã através de uma bobina de fio de cobre causava fluxo de corrente no condutor. • Estabeleceu o princípio do motor elétrico. • Considerado um dos maiores experimentalistas de todos os tempos. • A unidade de capacitância é em sua homenagem (F). Joseph Henry - 1797-1878 (Americano) • Descobriu a indutância de uma bobina.• Em sua homenagem seu nome foi dado à unidade de indutância (henry). Gustav Robert Kirchhoff - 1824–1887 (Alemão) • Em 1847 anunciou as leis de Kirchhoff para correntes e tensões. Thomas Alva Edison 1847-1931 (Americano) • Em 1879 inventou a lâmpada elétrica. • Patenteou 1100 invenções: cinema, gerador elétrico, máquina de escrever, etc. • Criou a Edison General Electric Company. • Foi sócio da ‘General Electric Company’. • Instalou em 1882 a primeira usina de geração de energia elétrica do mundo com fins comerciais, na área de Wall Street, Distrito Financeiro da cidade de New York. A Central gerava em corrente contínua, com seis unidades geradoras com potência total de 700 kW, para alimentar 7200 lâmpadas em 110 V. O primeiro projeto de êxito de central elétrica havia sido instalado no mesmo ano em Londres, com capacidade degeração para 1000 lâmpadas. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 9 William Stanley - 1858-1968 (Americano) • Em 1885/6 desenvolveu comercialmente o transformador. Nikola Tesla - 1856-1943 (Croata-Americano) • Em 1888 inventou os motores de indução e síncrono. • Inventor do sistema polifásico. • Responsável pela definição de 60 Hz como freqüência padrão nos EUA. • A unidade para densidade de fluxo magnético é em sua homenagem (T). George Westinghouse - 1846-1914 (Americano) • Inventor do disjuntor a ar. • Comprou a patente do recém inventado transformador dos ingleses Lucien Gaulard e John D. Gibbs. • Comprou a patente do motor elétrico de Tesla. • Em 1886 organizou a Westinghouse Electric Company. • Venceu a batalha das correntes contra Edison. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 10 CPTM Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 11 2 Conversão de energia A energia elétrica ou eletricidade é urna fonte intermediária entre a fonte primária e a sua aplicação final. Para que tal processo ocorra é necessário realizar uma série de transformações e conversões de energia. Esquema básico da energia e suas fases Para que uma fonte de energia primária seja transformada em outra forma de energia é necessário que ocorra uma conversão, essa conversão da forma de energia é realizada por meio de dispositivos ou mecanismos desenvolvidos engenhosamente pelo homem. Há alguns anos o homem vem aprimorando e desenvolvendo essas técnicas de conversão de energia. A conversão eletromagnética de energia, como a entendemos hoje, relaciona as forças elétricas e magnéticas do átomo com a força mecânica aplicada à matéria em movimento. Como resultado dessa relação, a energia mecânica pode ser convertida em energia elétrica, e vice-versa, por meio de máquinas elétricas, ou seja, a energia mecânica é transformada em energia elétrica por meio de um gerador e a energia elétrica poderá ser convertida em mecânica por meio de um motor elétrico. Todos os sistemas de conversão de energia, denominados de Sistema de Geração de Eletricidade ou Centrais Geradoras de Energia Elétrica (hidrelêtrica, termelétrica, eólica etc), utilizam o gerador como equipamento de conversão. Fonte Primária de Energia Sistema de Conversão Energia Elétrica Gerador Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 12 CPTM 2.1 Gerador Elétrico Elementar Para entender como a energia mecânica é transformada em energia elétrica por meio de uma máquina conversora de energia é necessário estudar e entender o funcionamento de uma máquina elétrica clássica denominada de Gerador Elementar. 2.1.1 Princípio de funcionamento O princípio da indução eletromagnética utiliza o movimento entre o ímã e um condutor ou entre o condutor e um ímã. Todas as vezes que um condutor elétrico está sujeito a uma variação de campo magnético, produz-se nesse condutor, uma corrente elétrica. É sempre o condutor que produz eletricidade ao cortar as linhas de campo do ímã, entretanto, para a produção contínua da eletricidade, é necessário manter um movimento contínuo e uniforme do condutor, em relação ao ímã. Variação do condutor em um campo Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 13 Um meio mais prático é o de imprimir ao condutor um movimento circular dentro do campo magnético do ímã. Variação Circular dentro de um campo magnético 2.1.2 Descrição do funcionamento Tendo-se uma bobina girando num campo magnético, as variações de fluxo do polo Norte e do polo Sul sucedem-se na rotação. Isso faz com que seja gerada na bobina uma força eletromotriz (F.E.M.) alternada senoidal. Esquema simples de um gerador O sentido da corrente no condutor varia ao variar a polaridade magnética indutora. Pode- se construir dessa forma um alternador elementar. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 14 CPTM 2.1.3 Classificação dos geradores quanto ao tipo de corrente produzida GERADOR CA = ALTERNADOR GERADOR CC = DÍNAMO 2.1.3.1 CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS Ambos possuem as mesmas características de funcionamento, a diferença para que seja possível o alternador gerar em corrente alternada e o dínamo gerar em corrente contínua, está na disposição mecânica do conjunto comutador (coletores / escovas). No alternador, existe um anel coletor em contato permanente para cada escova. Já no dínamo, existe apenas um anel coletor bipartido, onde o contato com as escovas é feito em alternâncias, conforme o movimento do eixo do gerador. Indutor - É a classificação elétrica das bobinas que produzem o campo magnético necessário à criação do fenômeno da indução magnética. Induzido - É a classificação elétrica das bobinas que sofrem a ação do campo magnético do indutor e que produzem a energia elétrica. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 15 2.1.3.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS Rotor - É a parte móvel (enrolamentos ou bobinas) do alternador. Estator - É a parte estática (enrolamentos ou bobinas) do alternador. Excitatriz - É a fonte de alimentação, em CC, aplicada no indutor, para a produção do campo magnético. Essa corrente pode proceder de um conjunto de baterias, de um retificador etc. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 16 CPTM Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 17 3 Ensaios Eletromecânicos 1. Resistência Ôhmica dos Enrolamentos A resistência ôhmica dos enrolamentos se refere ao valor da resistência do condutor elétrico (fio de cobre esmaltado). Nesse teste é possível verificar se o fio tem continuidade e comparar a resistência ôhmica dos enrolamentos, permitindo identificar possíveis desequilíbrios realizados pelo gerador na produção de energia elétrica. Antes de executar esse procedimento, verificar se todas as pontas dos fios estão abertas, ou seja, desconectadas. Para isso, utilizamos o ohmímetro. 2. Teste de resistência de isolação Com esse ensaio, conseguimos avaliar a isolação entre os enrolamentos e entre os enrolamentos e a carcaça, identificando possíveis fugas de correntes. O aparelho utilizado é o megômetro. 3. Verificação das escovas e anéis coletores Esse procedimento consiste, primeiramente, em verificar visualmente as condições físicas desses componentes, identificando assim, se as escovas e os anéis coletores estão desgastados. 4. Verificação dos componentes mecânicos Aqui é feita uma inspeção visual da carcaça do gerador se não há trincas ou se não há nada que impeça a movimentação do rotor. Nesse momento é verificado as condições dos rolamentos. 5. Medição da tensão de saída Sendo um gerador trifásico, a medição das três fases deve ser feita e verificado se estão balanceadas. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 18CPTM Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 19 4 Alternadores São geradores que produzem corrente alternada. Essas máquinas são empregadas na maioria das centrais de geração de energia elétrica. 4.1 Classificação quanto à potência • Pequena Potência – tensão máxima produzida até 600V. • Grande Potência – tensão produzida acima de 600V. 4.1.1 Alternador de Pequena Potência Quando classificado “alternador de pequena potência”, a excitatriz é ligada ao estator e a produção de energia elétrica é feita pelo rotor. Nesse caso, o estator é o indutor e o rotor é o induzido. Nesse tipo de alternador, os polos magnéticos estão colocados na parte fixa da máquina (estator), e para que esses polos sejam criados, os mesmos são alimentados por uma fonte de corrente contínua, a qual é chamada de excitatriz. Alternador de pequena potência A força eletromotriz é retirada pelo processo de comutação de contatos deslizantes (coletor/escovas). A produção de energia elétrica, nesse tipo de alternador, está limitada a 600V, visto que os comutadores(coletores escovas) seriam danificados pelos faiscamentos produzidos. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 20 CPTM 4.1.2 Alternador de Grande Potência Quando classificado “alternador de grande potência”, a excitatriz é ligada ao rotor e a produção de energia elétrica é feita pelo estator. Nesse caso, o rotor é o indutor e o estator é o induzido. Nesse tipo de alternador, os polos magnéticos estão colocados na parte móvel da máquina (rotor), e para que esses polos sejam criados, os mesmos são alimentados por uma fonte de corrente contínua, a qual é chamada de excitatriz. Alternador de grande potência Observação: a tensão de uma excitatriz é de aproximadamente 5% do valor da tensão gerada. 4.1.3 Alternadores Trifásicos O alternador trifásico, como seu nome sugere, possui três enrolamentos monofásicos dispostos de forma que as tensões induzidas fiquem defasadas de 120°. Um diagrama esquemático de um estator trifásico, mostrando todas as bobinas, fica muito complicado, tornando-se difícil ver o que realmente acontece. O diagrama esquemático simplificado mostrado na Fig. (a) mostra todas as bobinas de uma fase concentradas numa só. Nas Figuras (b) e (c), temos a representação de um alternador trifásico com os enrolamentos do estator ligados em estrela e em triângulo, respectivamente. Não se representa o rotor para maior simplicidade. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 21 (A) (B) (C) (a) Enrolamento 3φ da armadura (b) Ligação em estrela ou Υ. (c) Ligação em triângulo ou Δ. As formas de ondas das tensões geradas em cada fase e defasadas de 120° elétricos no tempo, estão representadas na figura abaixo. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 22 CPTM 4.2 A famosa raiz de três Uma das grandes dúvidas dos estudantes de Elétrica é o conceito de Tensão de Fase e de Tensão de Linha e como deve ser aplicada nos cálculos de sistemas trifásicos. Este artigo tem por finalidade esclarecer um pouco este tema que causa tanta dúvida e é de fundamental importância para todos os profissionais e estudantes que trabalham com a parte de energia e sistemas de potência. 4.2.1 Tensão de Fase e Tensão de Linha: Em resumo temos o seguinte conceito, • Tensão de Fase: Tensão medida entre uma ponta de uma bobina e o neutro (conexão comum entre uma das pontas de cada bobina) do gerador ou do trafo. • Tensão de Linha: Tensão medida entre as pontas de duas bobinas do gerador ou do trafo, com exceção do terminal de neutro (N). Aplicando este conceito para as ligações Estrela(Y) e Triângulo(∆), teremos as seguintes configurações. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 23 Como vimos no artigo anterior, num gerador, as fases estão defasadas em 120o, conforme o desenho abaixo do plano cartesiano com os vetores de tensão de cada fase. Adotando-se os valores para as tensões: VR (tensão de fase R)= 0V VS (tensão de fase S)= 127V VT (tensão de fase T)= 127V VST (tensão de linha ST) β (ângulo entre VS e VT) Teremos assim, pela lei dos cossenos: Ou seja: Substituindo-se os valores na expressão acima, a tensão de linha VST será: VST2 = 127² + 1272 – (2 * 127 * 127 * cos120) VST2 = 127² + 1272 – (2 * 127 * 127 * (-1/2) VST2 = 1272 + 1272 – (-1 * 127 * 127) VST2 = 1272 + 1272 + (127 * 127) VST2 = 1272 + 1272 + 1272 VST = √3 * 1272 VST = √3 * √1272 Como VST é a tensão de linha e127V é a tensão de fase, concluímos que: “A tensão de linha, num sistema trifásico, será sempre a tensão de fase multiplicada pela raíz de três”. “O quadrado da tensão VST, é igual a soma dos quadrados das tensões VS e VT, menos duas vezes o produto das tensões Vs e VT, multiplicado pelo cosseno do ângulo formado por VS e VT”. VST² = VS²+VT²-(2*VS*VT*COSβ) VST = 127*√3 Vlinha = Vfase*√3 Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 24 CPTM Ou a tensão de fase: São conceitos fisicamente diferentes, definidos como: Fator de potência: é indicado usualmente pela expressão e representa o ângulo de defasagem da tensão em relação à corrente, além de representar a relação entre a potência real P (ativa, efetivamente transformada em trabalho) e a potência aparente S. A potência aparente é a soma vetorial da potência ativa e da potência reativa Q, potência esta que não realiza trabalho e é transferida e armazenada nos elementos passivos (capacitores e indutores) do circuito. 𝑐𝑜𝑠𝜑 𝑃 𝑆 = 1000. 𝑃(𝑘𝑊) √3. 𝑈. 𝐼 Rendimento: também conhecido pelo símbolo η, representa a relação entre a potência real ou útil Pu (efetivamente transferida para a ponta do eixo) e a potência total absorvida da rede Pa, ambas são potências ativas. Matematicamente é: η% = 𝑃𝑢(𝑊) 𝑃𝑎(𝑊) = 1000. 𝑃(𝑘𝑊) √3. 𝑈. 𝐼. 𝑐𝑜𝑠𝜑 η% = 736. 𝑃(𝑐𝑣) √3. 𝑈. 𝐼. 𝑐𝑜𝑠𝜑 . 100% 𝑉𝑓𝑎𝑠𝑒 = 𝑉𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 √3 Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 25 Exercícios 1) Nas figuras abaixo, temos duas linhas de distribuição de energia elétrica alimentadas por transformadores, sendo um com ligação estrela e o outro com ligação triângulo. Em cada uma das linhas foram colocados alguns voltímetros, observe também que só um dos voltímetros, em cada linha de distribuição, está registrando o valor da tensão. Sendo assim, calcule os demais valores que serão registrados pelos demais voltímetros. V1= _________V V2= _________V V3= _________V V4= _________V V5= _________V V6= _________V V1= _________V V2= _________V V3= _________V V4= _________V V5= _________V V6= _________V Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 26 CPTM Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 27 5 Transformador trifásico 5.1 Definição De forma geral, transformador ou Trafo, é uma máquina elétrica estática, capaz de modificar os níveis de tensão e corrente, por meio do efeito da indução magnética. 5.2 Partes Principais Basicamente são três partes: • enrolamento primário • enrolamento secundário • núcleo de ferro magnético Circuito básico de um transformador 5.3 Funcionamento básico Os enrolamentos primário e secundário, são enrolados em formas próprias e dispostos em um núcleo de ferromagnético. O enrolamento primário ao ser alimentado com energia elétrica em corrente alternada, produz um campo magnético, que é conduzido pelo núcleo de ferromagnético até oenrolamento secundário. A variação da corrente alternada produz um campo magnético, também variável. Esse campo variável ao ser conduzido pelo núcleo, até o enrolamento secundário, por meio do efeito da indução magnética, desloca os elétrons do fio que compõe esse enrolamento(secundário), gerando a tensão elétrica. Essa tensão gerada será proporcional em função da relação de espiras entre os enrolamentos primário e secundário. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 28 CPTM Transformador Trifásico Transformador Trifásico fora do tanque O transformador pode ser: Elevador de tensão: quando o nível de tensão do secundário for maior que o nível de tensão do primário. Neste caso, o número de espiras do enrolamento secundário é maior que o enrolamento do primário. Abaixador de tensão: quando o nível de tensão do secundário for menor que o nível de tensão do primário. Neste caso, o número de espiras do enrolamento secundário é menor que o enrolamento do primário. OBS: Quando os dois enrolamentos possuírem o mesmo número de espiras, o transformador terá no secundário a mesma tensão do primário. Este tipo de Trafo é denominado isolador de tensão. 5.4 Principais perdas de um Trafo As maiores perdas de um Trafo estão no núcleo e nos enrolamentos No núcleo são duas: • Histerese • Corrente parasitas ou correntes de Foucault Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 29 5.4.1 Histerese Quando o ferro do núcleo não está magnetizado, seus domínios magnéticos (ímãs moleculares) estão dispostos de maneira desordenada e aleatória. Porém, ao aplicar uma força magnetizante, os domínios se alinham com o campo aplicado. Se invertemos o sentido do campo, os domínios também inverterão sua orientação. Num transformador, o campo magnético muda de sentido muitas vezes por segundo, de acordo com o sinal alternado aplicado. E o mesmo ocorre com os domínios do material do núcleo. Ao inverter sua orientação, os domínios precisam superar o atrito e a inércia. Ao fazer isso, dissipam uma certa quantidade de potência na forma de calor, que é chamada de perda por histerese. Em determinados materiais, a perda por histerese é muito grande. O ferro doce é um exemplo. Já no aço, esse tipo de perda é menor. Por isso, alguns transformadores de grande potência utilizam um tipo de liga especial de ferro-silício, que apresenta uma perda por histerese reduzida. Esse tipo de problema também aumenta junto com a frequência do sinal. Um transformador que apresenta baixa perda nas frequências menores, pode ter uma grande perda por histerese ao ser usado com sinais de frequências mais altas. A histerese produz-se devido ao gasto de energia para inverter os dipolos durante uma mudança de campo magnético. Cada molécula de uma substância é um pequeno ímã. Num material desmagnetizado esses ímãs estão desorganizados anulando os efeitos magnéticos. A- BARRA DESMAGNETIZADA Num material magnetizado esses ímãs estão organizados de modo que seus campos magnéticos estão alinhados e numa mesma direção B – BARRA MAGNETIZADA https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro_doce https://pt.wikipedia.org/wiki/Transformador https://pt.wikipedia.org/wiki/Liga https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ferro-sil%C3%ADcio&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Freq%C3%BC%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia https://pt.wikipedia.org/wiki/Dipolo Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 30 CPTM 5.4.2 Correntes parasitas ou de Foucault As correntes de Foucault são correntes fechadas, induzidas na massa de um metal em um campo magnético e, quando uma lâmina condutora entra em um campo, há uma variação de fluxo que provoca uma força eletromotriz. Essa força eletromotriz é induzida na lâmina que, por sua vez, permite o movimento dos elétrons livres do metal em circuitos fechados de correntes. A corrente de Foucault pode produzir resultados como a dissipação de energia por efeito Joule, causando um grande aumento de temperatura. O aumento da temperatura permite, por exemplo, que tais correntes sejam utilizadas como aquecedores em um forno de indução. No entanto, em alguns casos (como nos circuitos eletrônicos), a dissipação por efeito Joule é um resultado bastante indesejável, porque pode danificar os seus componentes. Para diminuir ou evitar a dissipação por efeito Joule, utiliza-se frequentemente os materiais laminados ou construídos por pequenas placas isoladas entre si. Também conhecido como efeito capilaridade ou skin effect, o efeito peculiar em condutores é uma manifestação particular de corrente de Foucault. Neste caso particular, a corrente elétrica tende a fluir na periferia de um condutor retilíneo e longo. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 31 6 Sistema de Potência 6.1 Geração de Energia Elétrica Na geração de energia elétrica é produzida uma tensão alternada, a qual é expressa por uma onda senoidal, com frequência fixa e amplitude que varia, conforme a modalidade do atendimento, em alta, média e baixa tensão e conforme a necessidade de consumo. Isso significa que a energia elétrica passará por processos de adequações de tensão e de corrente. 6.2 Subestações É uma instalação elétrica de alta potência. Contém equipamentos para a transmissão e distribuição de energia elétrica, além de equipamentos de proteção e controle. Funciona como ponto de controle e transferência em um sistema de transmissão de energia elétrica, direcionando e controlando o fluxo energético, transformando os níveis de tensão e funcionando como pontos de entrega para consumidores industriais. Durante o percurso entre as usinas e as cidades, a eletricidade passa por diversas subestações, em que aparelhos chamados transformadores aumentam ou diminuem a sua tensão. Ao elevar a tensão elétrica no início da transmissão, os transformadores evitam a perda excessiva de energia ao longo do percurso. Ao rebaixarem a tensão elétrica perto dos centros urbanos, permitem a distribuição da energia por toda a cidade. Apesar de mais baixa, a tensão utilizada nas redes de distribuição ainda não está adequada para o consumo residencial imediato. Por isso, se faz necessária a instalação de transformadores menores, instalados nos postes das ruas, para reduzir ainda mais a tensão que vai para as residências, estabelecimentos comerciais e outros locais de consumo. É importante lembrar que o fornecimento de energia elétrica no Brasil é feito por meio de um grande e complexo sistema de subestações e linhas de transmissão, interligadas às várias usinas de diversas empresas. Assim, uma cidade não recebe energia gerada por uma única usina, mas por diversas usinas - hidrelétricas, termelétricas ou nucleares - que constituem o chamado Sistema Interligado Nacional (SIN). https://pt.wikipedia.org/wiki/Pot%C3%AAncia_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transmiss%C3%A3o_de_energia_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_de_energia_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transmiss%C3%A3o_de_energia_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transmiss%C3%A3o_de_energia_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_de_energia https://pt.wikipedia.org/wiki/Tens%C3%A3o_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Eletricidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Subesta%C3%A7%C3%B5es https://pt.wikipedia.org/wiki/Transformadores https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Linhas_de_transmiss%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrel%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_termel%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Nuclearhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Interligado_Nacional Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 32 CPTM As subestações podem ter características que as classificam como: • Elevadoras: elevam o nível de tensão. • Abaixadoras: rebaixam o nível de tensão. • Retificadoras: transformam a corrente alternada (CA) em corrente contínua (CC). • Conversoras: convertem a corrente contínua (CC) em corrente alternada (CA). Os equipamentos que uma subestação possui serão abordados logo mais adiante. Subestação de energia 6.3 Linha de Transmissão (LT) A linha de transmissão liga as grandes usinas de geração às áreas de grande consumo. Em geral, apenas poucos consumidores com um alto consumo de energia elétrica são conectados a essas redes em que predomina a estrutura de linhas aéreas. A segurança é um aspecto fundamental para as redes de transmissão. Qualquer falta nesse nível pode levar a descontinuidade de suprimento para um grande número de consumidores. A energia elétrica é permanentemente monitorada e gerenciada por um centro de controle. O nível de tensão depende do país, mas, normalmente, o nível de tensão estabelecido está entre 220 kV e 765 kV. Basicamente, uma linha de transmissão é constituída por torres, postes, isoladores e cabos condutores de eletricidade. A transmissão da energia elétrica pode ser feita em CA ou CC e em vários níveis de tensão. Todo o arranjo (tipo de torre, nível de tensão, comprimento da linha, bitola dos cabos condutores, configuração dos cabos) depende de estudos econômicos que indicarão a melhor opção. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 33 Linhas de transmissão 6.3.1 Linha de Subtransmissão (LST) A linha de subtransmissão recebe energia da rede de transmissão com objetivo de transportar energia elétrica a pequenas cidades ou importantes consumidores industriais. O nível de tensão está entre 35 kV e 160kV. É o caso da CPTM que recebe energia em 88kV ou 138kV. Em geral, o arranjo das redes de subtransmissão é em anel para aumentar a segurança do sistema. A estrutura dessas redes é, em geral, em linhas aéreas; por vezes cabos subterrâneos próximos a centros urbanos fazem parte da rede. A permissão para novas linhas aéreas está cada vez mais demorada devido ao grande número de estudos de impacto ambiental e oposição social. Como resultado, é cada vez mais difícil e caro para as redes de subtransmissão alcançarem áreas de alta densidade populacional. Os sistemas de proteção são do mesmo tipo daqueles usados para as redes de transmissão e o controle é regional. Da mesma forma que a LT, a linha de subtransmissão (LST) é constituída por torres, postes, isoladores e cabos condutores de eletricidade. Embora a distância a ser percorrida seja bem menor que a da LT, tem, também, por finalidade, levar essa tensão a um centro de distribuição primário, mais próximo de consumidores. http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwi_sZ-5yarNAhWMPpAKHTylDqQQjRwIBw&url=http://www.areac.pt/portal/index.php/links-uteis&bvm=bv.124272578,d.Y2I&psig=AFQjCNGKr8eu5BILPHIgsLIi5jSP2VG1wA&ust=1466093443151235 Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 34 CPTM Linha de subtransmissão Linha de Distribuição Primária (LDP) – Normalmente, a tensão padrão nesse ponto é 13,8kV. A tensão ainda percorrerá longos trechos urbanos. Contudo, as indústrias trabalham com vários níveis de tensão, 220V, 380V e 440V. Sendo assim, a concessionária fornecerá os 13,8kV e a própria indústria fará as adequações de tensões necessárias. Além disso, é necessário ter alguns equipamentos que proporcionem: a segurança do sistema elétrico, a redistribuição das tensões e a medição do consumo. Esse local físico que contém esses equipamentos é chamado de Cabine Primária. Entrada de energia Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 35 Cabine Primária de Média Tensão (MT) Linha de Distribuição Secundária (LDS) - inferior a 1kV, representa o nível final na estrutura de um sistema de potência. Um grande número de consumidores do setor residencial é atendido pelas redes em BT (baixa tensão). Tem por finalidade transportar a energia elétrica trazida pela LDP para alimentar diretamente os consumidores finais residencial e industrial. Classificação dos níveis de tensão Menor ou igual a 1kV – Baixa Tensão (BT) Acima de 1kV até 35kV - Média Tensão (MT) Acima de 35kV até 230kV – Alta Tensão (AT) Acima de 230kV até 765kV – Extra Alta Tensão (EAT) Acima de 765kV – Ultra Alta Tensão (UAT) Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 36 CPTM Padrão de instalação de distribuição primária/secundária Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 37 A CPTM possui instalações atendidas por linhas de distribuição primária e distribuição secundária, ao longo do trecho da via férrea para a alimentação, principalmente, do sistema de sinalização, conforme figura anterior. Para isso são necessários alguns procedimentos para a abertura e o fechamento dos seccionadores com proteção à fusível (Chave Matheus). Qualquer manobra a ser executada em sistemas de potência deverá seguir os procedimentos de operações e segurança adotados pela empresa para evitar acidentes de trabalho. Regras gerais para manobras e trabalhos em sistemas de energia: • nunca ir sozinho ao local, para executar algum trabalho ou operação de manobra; • nunca executar algum trabalho ou operação de manobra sem ter consciência do que irá fazer; • tendo dúvidas, procure o chefe responsável pelos serviços para saná-las. É melhor não executar os serviços, do que fazê-lo com dúvidas: seja responsável. • seja observador com relação à segurança. Olhe sempre pela segurança e pela segurança do seu companheiro, assim como o seu companheiro deve olhar pela segurança dele e pela sua. Nenhum seccionador deve ser aberto com carga, salvo alguns seccionadores fabricados para essa finalidade. Para a operação de abertura e fechamento dos seccionadores com fusíveis, somente poderá ser executada se a demanda for conhecida e se não ultrapassar o limite de 75kVA (5A em 13,8kV e 2A em 34,5kV). Procedimento geral para manobras de abertura e de fechamento de seccionadores com fusíveis (Matheus). Manobra de abertura do seccionador com fusível, conforme a sequência abaixo: 1- ter a ordem de serviço (OS); 2- ter autorização de acesso ao trecho; 3- ter autorização para a manobra de abertura do seccionador; 4- estar devidamente paramentado com os EPIs; 5- abrir e retirar os porta-fusíveis dos seccionadores. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 38 CPTM Manobra de fechamento do seccionador com fusível, conforme a sequência abaixo: 1- ter autorização para a manobra de fechamento do seccionador; 2- estar devidamente paramentado com os EPIs.; 3- recolocar os porta-fusíveis e fechar os seccionadores. Seccionador com Fusível (Matheus) Elo Fusível Parte “sensora” integrante de um fusível, por onde circula a corrente elétrica, quando instalado em um circuito elétrico. Tem a finalidade de se romper, quando o limite de corrente exceder o valor ao qual foi dimensionado, abrindo dessa forma o circuito elétrico e impedindo que os equipamentos danifiquem. Elo Fusível Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 39 Tipos de Elos Fusíveis Os elos fusíveis são designados como tipos H, K e T, conforme indicado a seguir: a) tipo H – elos fusíveis de alto surto, de ação lenta para correntes transitórias elevadas (a corrente transitória de magnetização de transformador, por exemplo). Não admitem trabalhar com correntes acima dos valores nominais. Geralmente, são usados para protegerem transformadores de pequenaspotências (até 75 kVA); b) tipo K – elos fusíveis rápidos com relação de rapidez variando entre 6 (para elo fusível de corrente nominal 6 A) e 8,1 (para elo fusível de corrente nominal 200 A); c) tipo T – elos fusíveis lentos com relação de rapidez variando entre 10 (para elo fusível de corrente nominal 6 A) e 13 (para elo fusível de corrente nominal 200 A). Os termos “rápido” e “lento” são utilizados apenas para indicar a rapidez relativa entre os elos fusíveis K e T. Os elos fusíveis de distribuição dos tipos H, K e T devem ser previstos para serem instalados em bases e porta-fusíveis conforme as respectivas padronizações e nas condições normais de serviço de acordo com a NBR 7282. INSTALAÇÃO CONSUMIDORA TENSÃO NOMINAL POTÊNCIA TOTAL DE TRANSFORMADORES (KVA) 13,8 kV 23,0 kV CHAVES (A) ELOS (H, K, EF) CHAVES (A) ELOS (H, K, EF) ATÉ 15 50 1 H 50 --------------- ATÉ 30 50 2 H 50 2 H ATÉ 45 50 3 H 50 2 H ATÉ 50 50 3 H 50 2 H ATÉ 75 50 5H 50 3H ATÉ 100 100 6 K 100 5 H ATÉ 112,5 100 6 K 100 5 H ATÉ 150 100 8 K 100 6 K ATÉ 225 100 10 K 100 6 K ATÉ 250 100 12 K 100 8 K ATÉ 300 100 15 K 100 10 K ATÉ 400 100 20 K 100 12 K ATÉ 500 100 25 k 100 15 k ATÉ 600 100 30 k 100 20 k ATÉ 750 200 30 EF 200 20 EF ATÉ 1000 200 40 EF 200 25 EF ATÉ 1500 200 65 EF 200 40 EF ATÉ 2000 200 80 EF 200 50 EF ATÉ 2500 200 100 EF 200 65 EF Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 40 CPTM 6.4 Aterramento Visando a um maior grau de segurança para os trabalhadores, é necessário que sejam colocados em prática vários procedimentos e meios de segurança no ambiente de trabalho. Um dos principais é o aterramento temporário do circuito ou do sistema. O aterramento é a ligação do equipamento e/ou das linhas condutoras de energia com a terra, por meio de cabos condutores. Dessa forma, se a linha for energizada acidentalmente, durante um processo de manutenção, será permitida a fuga de corrente para a terra, preservando a integridade humana. O aterramento deve ser feito antes e depois do ponto de intervenção do circuito, ou seja, os trabalhadores deverão estar entre os pontos de aterramentos e, se houver derivações do circuito, essas também deverão ser aterradas. A energização indevida pode ser causada por: • erros de manobra; • contato acidental com outros circuitos energizados, situados ao longo do circuito; • tensões induzidas por linhas adjacentes ou que cruzam a rede; • queda de condutores elétricos de outros circuitos em cima da linha desenergizada; • vandalismo; • descargas atmosféricas. Para cada classe ou tipo de tensão, existe um tipo de aterramento temporário. O kit básico de aterramento temporário contém: • vara ou bastão de manobra em material isolante, com cabeçotes de manobra; • grampos condutores – para conexão do conjunto de aterramento com os condutores e a terra; • cabos de aterramento de cobre, extra flexível e isolado; • trado ou haste de aterramento – para ligação do conjunto de aterramento com o solo. Deve ser dimensionado para propiciar baixa resistência de terra e boa área de contato com o solo. Hastes de 1,2m a 1,5m; • bolsa para transporte. Nas subestações, por ocasião da manutenção dos componentes, os componentes do aterramento temporário são conectados à malha de aterramento fixa já existente. Todo o aparato de aterramento temporário deve ser removido ao final dos serviços e antes da liberação para energização do circuito. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 41 Kit básico de aterramento temporário Aterramento de linha trifásica Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 42 CPTM Distâncias dos aterramentos temporários em relação à área de execução da manutenção. Aterramento da linha sem derivação Aterramento da linha com derivações Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 43 6.4.1 Procedimentos para a execução do aterramento temporário Como já foi descrito anteriormente, antes de executar o aterramento na linha, tendo já sido executada a manobra de desligamento da energia elétrica, é necessário, também, o uso do aparelho de detecção de tensão, a fim de prevenir acidente por causa da energização indevida. Aparelho detector de tensão Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 44 CPTM Esses aparelhos detectam com total segurança a presença de tensão por aproximação em instalações elétricas de corrente alternada com condutores sem blindagens, tais como linhas de distribuição, subestações, cubículos etc. Sua utilização é indispensável nos serviços de manutenção em instalações elétricas, para permitir ao eletricista, certificar-se de que o local de trabalho está desenergizado, antes de instalar o conjunto de aterramento temporário, garantindo, assim, a execução dos serviços com total segurança. 6.4.2 Procedimentos para o aterramento da linha: 1- providenciar o desligamento do circuito; 2- estar devidamente paramentado com os EPIs; 3- verificar se não há tensão nas linhas(fases), utilizando o aparelho detector de tensão acoplado ao bastão isolante; 4- conectar o grampo terra no ponto de aterramento; 5- conectar os grampos fase nas respectivas fases da linha, utilizando o bastão isolante e observando se, com a aproximação, há a formação de arco voltaico. Em caso afirmativo, paralisar a operação e checar a linha. Procedimentos para a retirada do aterramento da linha: 1- estar devidamente paramentado com os EPIs; 2- retirar os grampos fase das respectivas fases, utilizando o bastão isolante; 3- desconectar o grampo terra do ponto de aterramento; 4- providenciar o restabelecimento da energia. Antes de iniciar essa operação, verificar se todo material utilizado na manutenção foi recolhido (instrumentos de medida, ferramentas, panos, cordas etc.). Verificar se todos os envolvidos foram evacuados da área de manutenção e alertados sobre o início da manobra de retirada dos aterramentos para iniciar o restabelecimento da energia. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 45 Visão geral do sistema de Potência Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 46 CPTM Tensões Nominais Padronizadas no Brasil Os níveis de tensões praticados no Brasil são: 765 kV, 525 kV, 500 kV, 440 kV, 345 kV, 300 kV, 230 kV, 160 kV, 138 kV, 132 kV, 115 kV, 88 kV, 69 kV, 34,5 kV, 23 kV, 13,8 kV, 440 V, 380 V, 230V, 220 V, 127V, 110 V. 6.5 Perdas no sistema de transmissão As principais perdas no sistema de transmissão de energia elétrica são: • perdas na isolação – os detritos em suspensão na atmosfera e as intempéries contribuem para que os isoladores que suportam o condutor elétrico fiquem impregnados por uma camada que se torna condutiva, fazendo com que surja uma corrente de fuga pelo isolador, passando para a estrutura de sustentação em direção a terra; Isoladores impregnados de sujeira Isoladores limpos Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 47 • perdas ôhmicas – são as perdas decorrentes da resistência do condutor elétrico. Essa resistência é diretamente proporcional ao comprimento do condutor. • efeito corona – são as perdas decorrentes da ionização do ar em torno do fio condutor. O campo magnético, gerado pela circulação de corrente no fio condutor, faz com que alguns elétrons do ar que estão em volta desse fio se desloquem, gerando uma corrente de fuga. Como o ar não é um bom condutor elétrico, esse deslocamento de elétrons é “forçado”, o resultado é a emissão de luz e um zumbido característico “z z z z z”. O efeito corona normalmente aparece nas superfícies dos condutores das linhas de transmissão de energia elétrica em consequência dos níveis de tensão de operaçãoe das condições climáticas onde estão construídas. Esse efeito ocorre devido às partículas de ar, de poeira e à alta umidade (vapor d’água) encontrada em torno dos condutores que, quando submetidos a um campo elétrico muito elevado e intenso, tornam-se ionizados e, como consequência, emitem luz. É bom ressaltarmos que os efeitos corona provocam perdas de eletricidade que podem variar de alguns quilowatts até algumas centenas de quilowatts por quilômetros, principalmente quando as linhas de transmissão ficam sob condições adversas de chuva ou garoa. Além dessas perdas, o sistema de transmissão possui ao longo do trecho subestações, onde existem equipamentos que produzem perdas que também são consideradas para efeito de cálculo. Vale salientar que as perdas em um sistema de energia são calculadas conforme parâmetros e metodologias adotadas pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) conforme abaixo: 1- estabelecer a metodologia e os procedimentos para obtenção dos dados necessários para apuração das perdas dos sistemas de distribuição de energia elétrica; 2- definir indicadores para avaliação das perdas nos segmentos de distribuição de energia elétrica; 3- estabelecer a metodologia e os procedimentos para apuração das perdas dos sistemas de distribuição de energia elétrica. Efeito corona Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 48 CPTM Premissas para o cálculo das perdas: 1- é adotado o valor de referência de 0,92 para o fator de potência utilizado nos cálculos das perdas nos segmentos: 2- as cargas são consideradas distribuídas de forma equilibrada nas fases das redes do Sistema de Distribuição em Média Tensão (SDMT). 3- são consideradas perdas adicionais de 15% sobre o montante de perdas técnicas calculadas para as redes dos Sistemas de Distribuição em Baixa Tensão; 4- as perdas nos transformadores são baseadas nos valores normatizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT; 5- para determinação da resistência ôhmica, a temperatura de operação dos condutores elétricos é considerada constante e igual a 55 ° C; 6- são consideradas perdas adicionais de 5% sobre o montante de perdas técnicas totais, excluindo- se as perdas apuradas por medição, devido às perdas técnicas produzidas por efeito corona em conexões, sistemas supervisórios, relês fotoelétricos, capacitores, transformadores de corrente e de potencial, e por fugas de correntes em isoladores e para-raios; 7- A distribuidora deve apresentar avaliação das perdas por segmento, detalhando a metodologia utilizada no estudo. 6.5.1 INDICADORES DE PERDAS A ANEEL apurará os valores de perdas técnicas em megawatt-hora (MWh) estratificando os valores para cada segmento, conforme os indicadores a seguir definidos: Energia Fornecida - EF: energia ativa efetivamente entregue e medida, ou estimada, nos casos previstos pela legislação, às unidades consumidoras, outras distribuidoras e consumidores livres, mais o consumo próprio, em megawatt-hora (MWh); Energia Injetada - EI: energia ativa efetivamente recebida e medida de um agente, em megawatt- hora (MWh); Energia Passante - EP (i): total de energia ativa que transita no segmento (i), em megawatt-hora (MWh); Perdas Técnicas do Segmento - PTS (i): perdas técnicas para cada segmento, em megawatt-hora (MWh); Perdas Técnicas - PT: corresponde à soma das perdas técnicas de todos os segmentos, em megawatt-hora (MWh); Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 49 Perdas na Distribuição - PD: corresponde à diferença entre a Energia Injetada – EI e a Energia Fornecida – EF, em megawatt-hora (MWh); Perdas Não Técnicas - PNT: corresponde à diferença entre as Perdas na Distribuição – PD e as Perdas Técnicas – PT, em megawatt-hora (MWh); Além dos montantes em energia elétrica, deverão ser apuradas as relações percentuais, conforme os seguintes indicadores: Índice de Perdas Técnicas nos Segmentos – IPTS (i): percentual de perdas técnicas em relação à energia que transita em cada segmento. Percentagem de Perdas Técnicas – PPT: percentual de perdas técnicas em relação à energia injetada. Percentagem de Perdas na Distribuição – PPD: perdas totais representadas percentualmente em relação à energia injetada. Percentagem de Perdas Não Técnicas – PPNT: percentual de perdas não técnicas em relação à energia injetada. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 50 CPTM Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 51 7 Sistema Elétrico-Ferroviário Podemos descrever o sistema elétrico ferroviário, basicamente, como um conjunto de instalações e equipamentos eletrônicos e eletromecânicos que têm como função o fornecimento de energia elétrica em corrente contínua CC para alimentação dos trens e também o fornecimento de energia elétrica em corrente alternada para o sistema de sinalização. Existem duas configurações do sistema elétrico ferroviário: Trecho das linhas 7 Rubi / 10 Turquesa; linhas 11 Coral / 12 Safira; e linha 8 composta por: • Subestações Abaixadoras e Retificadoras • Cabines de Seccionamento e Paralelismo • Rede Aérea de Tração Trecho da linha 9 Esmeralda, composto por: • Subestações Abaixadoras e Retificadoras • Rede Aérea de Tração Apresentamos, abaixo, cada parte do sistema elétrico para que se forme uma ideia do que é o sistema de eletrificação ferroviário. 7.1 Subestação A subestação é um local físico que contém a instalação elétrica de alta potência e os equipamentos necessários para a adequação dos níveis de tensão e também os equipamentos de proteção e controle para a alimentação da Rede-Aérea de tração e, consequentemente, a alimentação dos trens e unidades elétricas. Esses equipamentos são: transformadores, disjuntores, seccionadores, medidores etc. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 52 CPTM 7.1.1 Classificação das subestações • SE elevadora: aumenta o nível de tensão com o objetivo de melhorar o rendimento na transmissão, diminuindo as perdas na linha de transmissão. • SE rebaixadora: reduz o nível de tensão, adequando os valores para a fase de distribuição e cargas individuais. • SE retificadora: converte a tensão CA em CC por meio de diodos retificadores. • SE conversora: converte a tensão CC em CA, por meio de componentes semicondutores: tiristores. 7.1.1.1 SUBESTAÇÃO REBAIXADORA RETIFICADORA (SE) No sistema elétrico ferroviário da CPTM, as subestações são do tipo rebaixadora e retificadora. Recebem a energia elétrica de uma concessionária em níveis padrões de 88kV ou 138kV e, por meio de transformadores, é feito o primeiro rebaixamento de tensão para 34,5 kV. Essa tensão seguirá três caminhos: • um alimentará outras subestações que não têm possibilidade de serem alimentadas pela concessionária (denominadas subestações secundárias ou subalimentadas). • o outro alimentará o sistema de sinalização, mas ainda é necessário que se faça o rebaixamento de tensão para: a) 4,4 kV – se forem subestações das linhas 11 e 12 b) 6,6 kV - se forem subestações das linhas 8 e 9 c) 13,2 kV – se forem subestações das linhas 7 e 10 • O último caminho alimentará o sistema de rede aérea de tração. Para isso, deverá ser feito outro rebaixamento de tensão para 3000V e ainda ser retificado para corrente contínua, feito por grupos retificadores. Dentro de uma subestação, rebaixadora/retificadora são encontrados os seguintes equipamentos: • transformadores de potência; • seccionadores; • disjuntores; • retificadores; • TC – transformador de corrente; • TP – transformador de potencial; • relês; • painéis de controle e de comando; • No break e conjunto de baterias; • fusíveis; • para-raios; • aparelhos de medição e de proteção.7.1.1.2 CABINE DE SECCIONAMENTO E PARALELISMO Local físico com disjuntores extrarrápidos, interligados na rede aérea de tração. Essas cabines estão instaladas entre as subestações ao longo do trecho, com três finalidades: 1- proteger o sistema de alimentação contra sobrecargas na rede aérea de tração. 2- criar seccionamentos na rede aérea de tração, com objetivo de diminuir o trecho a ser desligado, quando for necessária a intervenção da manutenção. 3- equalizar as cargas nas redes aéreas de tração, devido ao paralelismo formado pelos disjuntores. Os trens da CPTM são elétricos e para alimentá-los, ao longo de seus 278km de linhas férreas, existem subestações distribuídas estrategicamente, para que os trens possam circular eficientemente, sem que haja queda de tensão ou sobrecargas no sistema elétrico. Essa extensão de linha está dividida em trechos conforme segue abaixo: Linha 7 – Rubi / Linha 10 – Turquesa (Jundiaí à Estação Luz – Luz a Rio Grande da Serra) Essas linhas possuem oito Subestações e sete Cabines Seccionadoras. Das oito Subestações, quatro são primárias, ou seja, recebem energia diretamente da concessionária (Elektro ou Eletropaulo) e as quatro restantes são subalimentadas em 34,5kV, fornecidos pelas subestações primárias por meio das linhas de subtransmissão existentes ao longo da via. Não esquecendo de que nesse trecho existem as cabines de seccionamento e paralelismo entre as subestações. A potência total retificada que alimenta os trens nesse trecho é de 71 MVA, distribuídos conforme tabela abaixo: Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade CS Rio Grande da Serra SE Mauá 8 MW 02 linhas de 34,5 kVca provenientes da SE São Caetano 04 linhas de 13,2 kVca Alimentação constante da SE Mauá e alternativa para SE Pari caso falte Eletropaulo 06 linhas de 34,5 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Santo André São Caetano 12 MW 02 linhas de 88 kV ca da Eletropaulo 04 linhas de 34,5 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 54 CPTM Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade CS Ipiranga SE Pari 12MW 02 linhas de 88 kVca da Eletropaulo 04 linhas de 34,5 kVca Alimentação constante para SE Eng. São Paulo e alternativa para as Subestações de Tietê e São Caetano 08 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Nothman Tietê 12MVA 02 linhas de 88 kVca da Eletropaulo 04 linhas de 34,5 kVca Alimentação constante para SE de Caieiras e alternativa para as SEs Morato e Pari 04 linhas de 13,2 kVca Sinalização 08 linhas de 3 kVcc Tração Elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Vila Clarice Jaraguá 8MVA 04 linhas de 34,5 kVca provenientes 02 de Tietê e 02 de Caieiras 04 linhas de 13,2 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVca Tração Elétrica dos trens 220Vca Serviços auxiliares internos Caieiras 6MVA 02 linhas de 88 kVca da Eletropaulo 04 linhas de 13,2 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVca Tração Elétrica dos trens 220Vca Serviços auxiliares internos Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 55 Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade CS Baltazar Fidelis Francisco Morato 9MVA 02 linhas de 138 kVca Elektro 04 linhas de 34,5 kVca Alimentação constante para SE de Campo Limpo e alternativa para as SEs Tietê e Caieiras 04 linhas de 13,2 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração Elétrica dos trens CS Botujuru Campo Limpo 4MVA 02 linhas de 34,5 kVca provenientes da SE de Fco.Morato 04 linhas de 13,2 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração Elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Subestação primária de Caieiras Cabine seccionadora Vila Clarice Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 56 CPTM Linha 11 – Coral / Linha 12 – Safira (Luz à Estação Estudantes - Brás à Estação Calmon Viana) Essas linhas possuem oito Subestações Primárias e nove Cabines Seccionadoras, sendo cinco da Linha 11 e quatro da Linha 12.Todas recebem energia diretamente da concessionária Eletropaulo. A potência total retificada que alimenta os trens nesse trecho é de 68 MVA, distribuídos conforme tabela abaixo: Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade CS Rio Grande da Serra Eng. São Paulo 12 MVA 02 linhas de 34,5 kVca provenientes da SE PARI 04 linhas de 4,4 kVca (futuro 13,2 kVca) Sinalização 08 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Eng. Sebastião Gualberto 9 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 04 linhas de 4,4 kVca Sinalização 08 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Goulart Ermelino Matarazzo 9 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 04 linhas de 4,4 kVca (futuro 13,2 kVca) Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Manoel Feio Eng. Manoel Feio 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Bandeirantes 04 linhas de 4,4 kVca (futuro 13,2 kVca) Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Calmon Viana 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Bandeirantes 06 linhas de 4,4 kVca Sinalização 06 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Vila Matilde Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 57 Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade CS Patriarca Patriarca 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 04 linhas de 4,4 kVca (futuro 13,2 kVca) Sinalização 06 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Arthur Alvin Itaquera 9 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 04 linhas de 4,4 kVca (futuro 13,2 kVca) Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Guaianazes Futura SE Guaianazes CS Jundiapéba Brás Cubas 6 MVA 02 linhas de 88 kVca Bandeirante 04 linhas de 4,4 kVca (futuro 13,2 kVca) Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Estudantes Subestação Eng.º São Paulo Cabine seccionadora Estudantes Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 58 CPTM Linha 8 – Diamante / Linha 9 - Esmeralda (Júlio Prestes à Amador Bueno – Osasco à Grajaú) Essas linhas possuem nove Subestações Primárias e quatro Cabines Seccionadoras. Das nove Subestações, seis são da Linha 8, e três da Linha 9, e recebem energia diretamente da concessionária Eletropaulo em 88kV. As cabines seccionadoras são todas da Linha 8. A potência total retificada que alimenta os trens nesse subsistema é de 59 MVA, distribuídos conforme tabela seguinte: Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade Li n h a 8 → CS Júlio Prestes Barra Funda 4 MW 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Lapa Imperatriz Leopoldina 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVccTração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Presidente Altino Osasco 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos CS Quitaúna Santa Terezinha 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Jandira 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Santa Rita 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 59 Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade Lin h a 9 → Cidade Dutra 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Morumbi 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Jaguaré 8 MVA 02 linhas de 88 kVca Eletropaulo 02 linhas de 6,6 kVca Sinalização 04 linhas de 3 kVcc Tração elétrica dos trens 220 Vca Serviços auxiliares internos Subestação Vila Lobos Cabine seccionadora de Quitaúna Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 60 CPTM 7.1.1.3 VISÃO GERAL DO SISTEMA ELÉTRICO FERROVIÁRIO (Subestação, Cabine de Seccionamento e Paralelismo e Rede Aérea de Tação) Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 61 Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 62 CPTM Subestação e Cabines Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 63 Exercícios Quais as tensões padrões de entrada nas subestações da CPTM? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Quais as tensões padrões de energia que as subestações fornecem para os sistemas de: a) Sinalização Linhas 08 e 09 ___________________________________________________ b) Sinalização Linhas 07 e 10 ___________________________________________________ c) Sinalização Linhas 11 e 12 ___________________________________________________ d) Rede Aérea _______________________________________________________________ As três finalidades das cabines seccionadoras instaladas nas linhas da CPTM, são _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ O que significa uma subestação alimentada e uma subalimentada? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 64 CPTM 7.1.2 Cabine de Seccionamento e Paralelismo Observando o diagrama do Sistema Elétrico Ferroviário a seguir, entre as Subestações estão instaladas as Cabines de Seccionamento e Paralelismo das linhas da Rede Aérea de Tração, que têm como finalidade: • proteger o sistema contra sobrecargas ocasionadas por anomalias dos motores de tração dos trens; • equalizar as cargas nas redes aéreas; • criar pontos de seccionamento entre as subestações, facilitando, assim, a manutenção da rede aérea, diminuindo os trechos desligados o que reduz as interferências na circulação dos trens. Diagrama do Sistema Elétrico Ferroviário Manutenção de Sistemas de Alta Tensão CPTM 65 Essas cabines possuem equipamentos específicos, ou seja, disjuntores e seccionadores. O diagrama acima apresenta as subestações (A e B), a cabine de seccionamento e paralelismo (C), as Redes Aéreas de Tração e a maneira como estão interligadas, formando o sistema elétrico ferroviário. Podemos verificar que existem secções, ou seja, pontos isolados na Rede Aérea, chamados GAPs. Esses GAPs (A1, B1 e C1) da Rede Aérea RA1, estão instalados com o objetivo de permitir que a Rede Aérea seja dividida em trechos. Cada trecho será alimentado por dois ramais de alimentação de energia (3kVcc) fornecidos por duas subestações ligadas em paralelo. Essa ligação, no diagrama, está representada pela ligação em paralelo dos ramais de energia a2 de 3kVcc da SE (A) e o ramal b1 da SE (B), entre os GAPs A1 e B1 da Rede Aérea 1. Em função da capacidade de carga, ou seja, do potencial de fornecimento de energia elétrica, foi dimensionada a distância entre as subestações. Essa distância é de aproximadamente 15 km. Sendo assim, surge um problema. Quando um trem está entre os GAPs A1 e B1 e estando mais próximo da SE A, e, obviamente, mais distante da SE B, e se o trem apresentar algum problema que cause uma sobrecarga na alimentação de energia (queda de rede aérea, fuga de corrente, sobrecarga nos motores de tração dos trens etc.), o sistema de proteção da SE A atuará, desligando o ramal de energia a2, mas o sistema de proteção do ramal b1 da SE B, que deveria “perceber” essa situação e desligar esse ramal, pode não atuar, em função da distância, mantendo o trem alimentado, o que poderá agravar o ocorrido. Para solucionar esse problema, foi pensado em instalar, entre as SE A e B, um sistema de proteção idêntico ao das SE já instalado nos ramais que alimentam a Rede Aérea, sistema esse formado por disjuntores específicos para CC e seccionadores. Esse sistema de proteção é chamado de Cabine de Seccionamento e Paralelismo ©. Com isso, essa cabine, além de proteger o sistema de alimentação da rede aérea dos trens, permite a equalização das cargas nas redes aéreas. Ao mesmo tempo, facilita para a manutenção o desligamento de trechos menores e, obviamente, interfere menos na circulação dos trens. 7.1.3 Manobras em subestações As operações de manobras nas subestações são necessárias, a fim de desligar circuitos de alta tensão para a manutenção do sistema elétrico ferroviário. Para se desligar um circuito elétrico, são necessárias algumas operações de abertura e/ou fechamento de disjuntores e de seccionadores numa dada sequência para que sejam evitados danos aos equipamentos e acidentes aos operadores. Manutenção de Sistemas de Alta Tensão 66 CPTM Sequência de manobra de desligamento: • estar devidamente paramentado com os EPIs; • desligar todos os disjuntores, partindo da saída de energia, em direção à entrada; • desligar todos os seccionadores, partindo da saída de energia, em direção à entrada; • aterrar;
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