Prévia do material em texto
Logística – Conceitos e Aplicações SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 658 74 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Logística – Conceitos e Aplicações – Brasília: SEST/SENAT, 2016. 1. Logística. 2. Logística empresarial. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 5 Unidade 1 | Definição e Importância da Logística 6 1 Definição e Importância da Logística 7 1.1 Origem da Logística 8 1.2 Definição de Logística 9 1.3 Importância da Logística 10 Atividades 11 Referências 12 Unidade 2 | Objetivos e Razões para o Surgimento da Logística 13 1 Objetivos da Logística 14 2 Razões para o Surgimento da Logística 20 Atividades 23 Referências 24 Unidade 3 | A Cadeia Logística 25 1 O Que É uma Cadeia Logística? 26 2 Exemplo de Cadeia Logística 28 Atividades 38 Referências 39 Unidade 4 | As Atividades da Logística 40 1 Atividades Logísticas 41 2 Atividades Primárias da Logística 42 2.1 Processamento de Pedidos 43 2.2 Manutenção de Estoques 43 2.3 Transporte 45 4 3 Atividades de Apoio da Logística 47 3.1 Armazenagem 47 3.1.1 Razões para Armazenar Produtos 48 3.1.2 Funções dos Depósitos 49 3.2 Manuseio De Materiais 51 3.3 Embalagem de Proteção 52 3.4 Obtenção 52 3.5 Programação do Produto 53 3.6 Manutenção de Informação 53 Atividades 54 Referências 55 Unidade 5 | A Evolução da Logística 56 1 Primeira Fase da Evolução da Logística 57 2 Evolução da Logística: Segunda Fase 60 3 Evolução da Logística: Terceira Fase 62 4 Evolução da Logística: Quarta Fase – Supply Chain Management 65 Atividades 71 Referências 72 Gabarito 73 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Logística – Conceitos e Aplicações! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 30 horas e foi organizado em 5 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | Definição e Importância da Logística 3h Unidade 2 | Objetivos e Razões para o Surgimento da Logística 6h Unidade 3 | A Cadeia Logística 7h Unidade 4 | As Atividades Logísticas 7h Unidade 5 | A Evolução da Logística 7h 6 UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA 7 Unidade 1 | Definição e Importância da Logística 1 Definição e Importância da Logística Você tem ouvido a palavra logística inúmeras vezes? Pois, ela está na moda! Apesar disso, não se trata de um modismo passageiro. Nós iremos compreender que ela tem uma importância fundamental para se obter vantagens competitivas (reduções de custos, melhoria do atendimento ao cliente) nos negócios. Responda a um rápido exercício escolhendo a melhor definição para a logística. 1. ( ) Logística consiste na organização e gestão das atividades de um evento, por exemplo, um congresso, um seminário. 2. ( ) A logística de uma empresa consiste no planejamento de suas atividades de produção. 3. ( ) A logística refere-se à construção de estradas, portos, aeroportos e ferrovias, no Brasil. 4. ( ) A gestão da movimentação das mercadorias (matérias-primas e produtos prontos para o consumo) e das informações que as colocam em movimento desde um ponto de origem da matéria-prima até o ponto de consumo do produto acabado, numa determinada cadeia produtiva é mais conhecida como logística. 5. ( ) A logística é o conjunto de todas as atividades realizadas numa organização (empresa, organização governamental etc.) sejam elas financeiras, de produção, de recursos humanos, de comercialização ou de distribuição. 6. ( ) A organização das eleições para prefeito, governador ou presidente, com a alocação dos eleitores aos seus respectivos locais de votação pode ser entendida como logística. 8 Você percebeu como há diferentes maneiras possíveis de se conceituar a logística em nosso país. Provavelmente, você já ouviu no rádio, na televisão ou das pessoas, ou leu em jornais e revistas a maioria dessas expressões como sendo a definição da palavra logística. Na verdade, a palavra sofreu certa “banalização” nos últimos tempos em nosso país. Em outras palavras, ela começou a ser empregada para definir qualquer processo de organização de atividades em diferentes setores, áreas ou domínios. No entanto, dentre as opções que apresentamos só existe uma que traz a definição correta de logística, tal qual ela foi concebida há alguns anos e tal qual ela é entendida nos meios acadêmico e produtivo. Qual opção você assinalou? Pois bem, a definição correta de logística é a alternativa 5, que fala da gestão dos fluxos de mercadorias desde os fornecedores até o consumidor final. 1.1 Origem da Logística O termo “logística” tem origem na língua francesa. Ele vem do verbo loger, que em francês significa alojar. A palavra logística foi pela primeira vez utilizada pelos militares durante a Segunda Guerra Mundial, entre os anos 1940 e 1945, no século passado. c Você sabia que ela era usada para designar as atividades relativas ao transporte, ao abastecimento e ao alojamento das tropas nos campos de batalha? Pois veja, desde aquela época, a logística já era importante fator para o sucesso das missões militares. Já imaginou o que poderia acontecer se as armas e munições não estivessem disponíveis no campo de batalha para os soldados, no momento em que elas fossem necessárias? Para que tudo corresse bem era necessário que houvesse uma logística eficiente. Em outras palavras, era preciso que se planejasse e se fizesse uma organização das atividades necessárias para disponibilizar as armas e munições aos soldados, no momento em que eles delas necessitassem. Vamos apresentar agora as definições mais utilizadas para a logística. 9 1.2 Definição de Logística A definição mais tradicional e ampla para a logística empresarial foi dada pelo Council Of Logistics Management em 1991, nos Estados Unidos, na voz dos estudiosos Bowersox e Closs. Essa organização é um conselho de profissionais, acadêmicos e empresas que trabalham pela divulgação, desenvolvimento e pesquisa na área de logística. A definição é a seguinte: Logística é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender às necessidades do cliente (BOWERSOX; CLOSS, 1991). Note que ela pode perfeitamente ser ilustrada pela seguinte figura: Figura: Definição de Logística Fonte: Novaes, 2001. Fluxo e armazenagem Processo de planejar, operar, controlar Fonte: Novaes (2001) Ao ponto de destino Do ponto de origem De forma econômica, eficiente e efetiva Satisfazendo as necessidades e preferências dos clientes Matérias - primas Produtos em processo Produtos acabados Informações Dinheiro 10 1.3 Importância da Logística Veja o que dizem os autoresLambert, Stock e Vantine em seu livro “Administração Estratégica da Logística”, publicado aqui no Brasil, em 1998: 1. Quantas vezes você foi a uma loja comprar um produto que havia sido anunciado e não o encontrou na prateleira? 2. Alguma vez você já comprou um produto por correio, por telefone e recebeu a mercadoria errada? 3. Você já enviou uma encomenda a um cliente e o pacote chegou avariado ou nem chegou? 4. Algum fornecedor já descumpriu os prazos de entrega, causando atrasos ou mesmo interrupções noseu processo de produção ou até a perda de um cliente? 5. Qual foi a última vez que lhe prometeram entregar um produto em alguns dias e levaram semanas? 6. Por que sempre parece que as encomendas para outros países levam muito mais tempo para chegar do que as entregas domésticas? Essas são algumas perguntas que evidenciam todo tipo de problemas que encontramos no dia a dia de nossas empresas e de nossas vidas. São típicos problemas gerados por uma logística ineficiente. A logística tem papel fundamental para a solução desses tipos de problemas. Estima-se que no Brasil os gastos com as atividades logísticas correspondam a cerca de 12,7% do PIB (CNT,2016), com base no fato de que os gastos com transportes correspondem a 6,8% do PIB e que na média o transporte corresponde a 60% dos custos logísticos. Os custos logísticos também correspondem a 19% da receita total, de forma que a redução desses custos resulta em maior lucro para a organização. 11 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Logística é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender às necessidades do cliente. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Estima-se no Brasil que os gastos com as atividades logísticas correspondam a cerca de 6% do PIB. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 12 Referências BALLOU, R. H. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. FLEURY, P. C. Logística integrada. In: FLEURY, P. C.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (Orgs.). Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas,2000. LALONDE, Bernard J.; GRABNER, John R.; ROBESON, James F. Integrated Distribution Systems: A Management Perspective. International Journal of Physical Distribution and Logistics Management, United Kingdom, n. 1, p. 43-49, 1970. LAMBERT, D. M; STOCK, J. R.; VANTINE, J. G. Administração Estratégica da Logística. São Paulo: Vantine Consultoria, 1998. LAVALLE, C. Pesquisa Benchmark – Serviço ao Cliente. Relatório de Pesquisa. Rio de Janeiro: Coppead/CEL, 2001. NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2001. _______. Sistemas Logísticos: Transporte, Armazenagem e Distribuição Física de Produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 1989. WOOD Jr., Thomaz; ZUFFO, Paulo Knörich. Supply chain management. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 3, jul./set. 1998, p. 55-63. 13 UNIDADE 2 | OBJETIVOS E RAZÕES PARA O SURGIMENTO DA LOGÍSTICA 14 Unidade 2 | Objetivos e Razões para o Surgimento da Logística Nesta unidade, nosso propósito é estudar junto com você os objetivos da logística e trazer um pouco de história, relembrando os principais acontecimentos do mundo dos negócios que tiveram influência no surgimento da logística. Vamos lá! 1 Objetivos da Logística Como podemos observar os objetivos são minimizar custos e maximizar o serviço fornecido ao cliente. Vamos detalhar um pouco mais esses dois objetivos! a) Primeiro Objetivo: Minimizar Custos Totais Nós vimos que a logística é a responsável pela movimentação das mercadorias entre os pontos de fornecimento e os pontos de consumo, não é mesmo? Pois bem, para conseguir movimentar e gerenciar as mercadorias é necessário realizar algumas atividades. e As atividades necessárias para a gestão e movimentação das mercadorias entre dois pontos geográficos são chamadas de atividades logísticas. Atingir Nível de serviço Custos totais 15 Alguns exemplos de atividades são: o transporte, os pedidos, o estoque, a armazenagem de produtos, a embalagem etc. Simplificando, poderíamos apenas dizer que essas atividades são as geradoras dos chamados custos logísticos. Então, a atividade de transporte gera o custo de transporte, a de pedidos gera o custo com os pedidos de compra, a de manutenção de estoques gera o custo com estoques, a de embalagem o custo com embalagem, e assim por diante para todas as atividades logísticas. É, portanto, a soma dos custos das diferentes atividades que a logística visa minimizar. Esta soma é chamada de Custo Logístico Total. Vamos a um exemplo prático de um problema logístico que pode ser analisado sob o ponto de vista dos custos logísticos totais! Determinar a frequência em que se deve comprar um determinado item para a empresa, seja ela do ramo industrial, de transportes ou comercial, é um dos problemas importantes que o profissional de logística precisa resolver. e Frequência pode ser entendida aqui como o número de vezes que se compra um artigo durante determinado período de tempo. Por exemplo: minha empresa compra computadores 2 vezes por mês. Essa é a frequência de aquisição de computadores na minha empresa. Há alguns fatores que influenciam a decisão sobre a frequência da compra: • Quanto maior a frequência de compra, ou seja, se as compras forem realizadas em intervalos de tempo menores, maior será o custo com transportes, já que serão compradas menores quantidades, elevando o custo unitário do frete; • Quanto maior a frequência de compra, menores serão os custos com estoques, uma vez que menos capital será imobilizado; • Quanto maior a frequência de compra, maiores serão os custos com os pedidos, pois estes últimos serão efetuados mais vezes em determinado período; • O custo total da logística é o somatório dos custos das diversas atividades envolvidas no processo. 16 A maior preocupação ao definir a frequência da compra é determinar o intervalo ótimo de tempo para as aquisições (tempo decorrido entre uma compra e a seguinte), de forma a minimizar o custo logístico total. Observe a figura, a seguir, que traz um gráfico com as curvas de custo das atividades logísticas (eixo Y) em função da frequência da compra (eixo X). Veja que as curvas têm esse formato porque estão em acordo com os fatores que influenciam a decisão sobre a frequência da compra. e Agora já sabemos que o custo total das atividades logísticas é dado pelo somatório dos custos de todas as atividades envolvidas no processo ou no problema que vai ser tratado. Outro conceito importante relativo aos custos logísticos é o do trade-off. Em português essa expressão pode ser entendida como um processo de compensação de custos. Como podemos explicá-lo? Vamos voltar ao gráfico da frequência de compras que acabamos de estudar. Note que os custos de transporte aumentam com o aumento da frequência da compra (observe a evolução da curva de custos de transporte), assim como os custos de pedidos. Contrariamente, os custos de estoque reduzem-se com o aumento da frequência da compra. Esse efeito inverso que a frequência da compra tem nos custos das diversas atividades logísticas é chamado de compensação de custos ou trade-off. Assim, a decisão da frequência da compra levando em conta os custos logísticos deve ser orientada pelo conceito de compensação de custos e deve procurar a frequência que minimize o custo logístico total. No gráfico, apresentado na página anterior a frequência ótima de compra está marcada com a linha que parte do ponto mínimo da curva de custo total e encontra o eixo das abcissas(frequência de compra). Frequência Ótima $ Frequência de Compras Custo Total Custo de Transporte Custo de Processamento Custo de Estoque 17 e A grande maioria das decisões logísticas leva em consideração o custo logístico total das atividades necessárias para a execução do trabalho. O objetivo é a minimização dos custos logísticos totais. É importante também ressaltar que as atividades de transporte e de estoques originam grande parte dos custos logísticos totais. Vamos agora estudar o segundo objetivo da logística? b) Segundo Objetivo: Maximizar o Nível de Serviço Logístico ao Cliente Você lembra que a definição de logística dizia que era importante servir o consumidor de acordo com suas necessidades e de forma eficiente e efetiva? Então, torna-se fundamental oferecer serviços logísticos de qualidade. Como isso pode ser feito? Através de uma boa gestão dos fluxos de bens e serviços! A qualidade do gerenciamento dos fluxos de bens e serviços define o que se entende por nível de serviço logístico. Há três fatores fundamentais para identificar o nível de serviço logístico ao cliente: • disponibilidade; • desempenho; • confiabilidade. a) Disponibilidade É a capacidade da empresa de ter o produto em estoque (disponível) no exato momento em que ele é desejado pelo cliente. Duas empresas vendem o mesmo produto. A empresa “A” tem o produto disponível quando o cliente o procura em 95% dos casos. Já a empresa “B” consegue ter o produto pronto para ser vendido ao cliente em 67% dos casos. Pergunta-se: Qual empresa tem o melhor serviço logístico ao cliente? A resposta, evidentemente, é a empresa “A”, pois ela consegue atender quase a totalidade dos seus clientes. Mas como se consegue maior disponibilidade do produto? 18 Resposta: Aumentando a quantidade de produto em estoque. A empresa estará, então, com níveis de serviço mais elevados. b) Desempenho O desempenho avalia se o nível de serviço ao cliente está condizente com o que foi acordado no contrato de compra e venda ou de prestação do serviço firmado entre o fornecedor e o cliente. O desempenho pode ser medido por alguns fatores: • Velocidade: é o tempo decorrido entre a solicitação de um produto ao fornecedor (pedido) até a chegada do item ao cliente. Normalmente, a velocidade é expressa em termos de prazo de entrega. Esse fator dá ideia da agilidade que o fornecedor tem para prestar o serviço. Em geral, o prazo de entrega é expresso em dias e algumas vezes em semanas ou meses. • Flexibilidade: é a capacidade da empresa de lidar com solicitações extraordinárias de serviço dos clientes. O desempenho logístico de uma empresa está relacionado, muitas vezes, com a forma como são tratadas situações inesperadas. Na logística, há algumas situações típicas que exigem flexibilidade da empresa no atendimento a seus clientes. Eis algumas delas: • mudanças ocasionais nos serviços de entrega; • entregas emergenciais; • introdução de novos produtos no mercado; • retirada de produtos do mercado; • troca de produtos fornecidos com defeitos. Danos à mercadoria: compreende as avarias, roubos e extravios ocorridos com a mercadoria desde o despacho até a chegada ao cliente. Este parâmetro é normalmente expresso em porcentagem de produtos danificados no total de produtos encomendados. 19 c) Confiabilidade Trata-se da variação em torno dos prazos fixados para o atendimento ao cliente, para a entrega das mercadorias etc. Nessa ótica, uma empresa confiável seria aquela que obedece aos prazos acordados em contrato para disponibilizar o produto. Em muitas ocasiões na logística é melhor para o cliente escolher um fornecedor que exige um prazo mais longo para entregar sua mercadoria, mas que cumpre com rigor esse prazo, do que selecionar um fornecedor que promete um prazo bem mais curto, mas não o cumpre na maioria das vezes. Poderíamos então resumir o nível de serviço na seguinte figura: Vamos agora exemplificar, citando alguns parâmetros comumente usados para avaliar o nível de serviço logístico praticado pelas empresas no atendimento das solicitações dos clientes: • tempo de ciclo do pedido (tempo decorrido entre o pedido e a entrega do produto ao cliente); • disponibilidade de estoque; • tempo de entrega (tempo de transporte); • confiabilidade (variação no prazo de entrega); • porcentagem dos pedidos atendidos completamente e proporção dos pedidos atendidos com exatidão; • facilidade de substituir produtos defeituosos; Nível de serviço logístico DesempenhoVelocidade Confiabilidade 20 • restrições ao tamanho dos pedidos; • porcentagem de avarias e danos nos produtos; • reclamações dos clientes; • porcentagem de itens em falta no depósito do fornecedor a qualquer instante. Uma pesquisa de satisfação do cliente, realizada por Lavalle (2001) em São Paulo e no Rio de Janeiro, procurou determinar o percentual de clientes varejistas insatisfeitos com o nível de serviço logístico fornecido pelas indústrias na distribuição de seus produtos. Três aspectos do nível de serviço foram considerados: • a disponibilidade do produto; • a confiabilidade do prazo de entrega (consistência); • o tempo de ciclo do pedido (tempo decorrido entre a transmissão do pedido de compra e o recebimento da mercadoria). A tabela a seguir traz os resultados encontrados em percentuais de insatisfação entre os anos de 1994 e 2001. 2 Razões para o Surgimento da Logística Alguns acontecimentos e mudanças ocorridos ao longo do tempo motivaram e deram forças para o desenvolvimento da logística. Na unidade 5 deste curso, detalharemos com você os diversos períodos da evolução da logística nas organizações, no Brasil e no mundo, até chegarmos à fase em que ela se encontra atualmente. Porém, já descreveremos aqui alguns fatos que determinaram seu surgimento e crescimento (NOVAES, 1989). Dimensões do Serviço 1994 1995 1997 1998 1999 2000 2001 Disponibilidade de Produto 30% 41% 31% 31% 26% 25% 26% Coonsistência do Prazo de Entrega 40% 71% 45% 67% 56% 56% 40% Tempo de Cicli do Pedido 19% 45% 35% 38% 35% 28% 19% 21 a) Alta Crescente dos Preços do Petróleo Os preços dos derivados do petróleo subiram apreciavelmente nas últimas décadas. Como eles são insumos básicos do setor de transportes, então as tarifas de fretes também aumentaram consideravelmente, elevando em consequência os custos logísticos. Isso gerou a necessidade de se pesquisar soluções mais racionais para os problemas de transporte e de movimentação de produtos. b) Congestionamento Crescente nas Regiões Urbanas Com o crescimento das grandes regiões metropolitanas, os problemas de coleta e distribuição de mercadorias tornaram-se cada vez mais complexos. Os congestionamentos de tráfego implicam não somente em gastos mais elevados com combustível, manutenção, mão de obra de motoristas e ajudantes etc., como também reduzem bastante as horas de utilização produtiva dos veículos, visto que eles permanecem presos no tráfego por longas horas. c) Aumento nas Taxas de Juros O aumento do custo do dinheiro, materializado pelas altas taxas de juros cobradas pelo mercado financeiro, eleva os custos com estoques de mercadorias. Pense na seguinte situação: quando você compra mercadorias e deixa-as disponíveis para os clientes na prateleira de seu comércio, você está imobilizando seu capital. Você poderia, ao invés de colocar seus recursos financeiros em produtos, aplicá-lo na poupança, por exemplo. Então, há um custo para se manter mercadorias em estoque. Quanto maiores forem as taxas de juros, maior será esse custo, não é mesmo? d) Evolução Tecnológica e Mercadológica dos Processos de Fabricação de Produtos Você se lembra que antigamente havia poucas opções de produtos disponíveis aos consumidores?Isso não tem muito tempo! Na década de 1970, por exemplo, no Brasil as montadoras de automóveis eram poucas e fabricavam um número reduzidíssimo de modelos, opcionais e tipos de acabamento para os veículos. Hoje, há uma gama quase que infinita de opções de cores, de opcionais, de tipos de veículos, de fabricantes. Esse fenômeno pode ser, também, notado para diversos outros setores produtivos, tais como, produção de ferramentas, de artigos para escritório, de computadores, de alimentos etc. Esses sistemas de produção ditos “flexíveis” geram obviamente maiores problemas de estocagem de produtos, 22 de distribuição, de transporte, porque geram um número muito maior de itens com consumo individual relativamente menor. Pense na dificuldade de gestão logística de um grande hipermercado que precisa monitorar os fluxos e o abastecimento de cerca de 40 mil itens diferentes em suas prateleiras. Isso evidencia a necessidade de se desenvolver técnicas apropriadas de logística para os negócios. e) Evolução da Informática O desenvolvimento da informática tanto na forma de hardwares (máquinas e computadores) como na forma de softwares (programas e aplicativos para as máquinas) foi de grande auxílio para a solução de problemas logísticos cada vez mais complexos. Hoje a maioria dos produtos tem como se fosse uma “carteira de identidade”, graças ao desenvolvimento da informática e da tecnologia da informação. Essa “carteira de identidade” é o código de barras impresso nas embalagens dos produtos. Nele pode-se acumular uma série de informações úteis ao gerenciamento dos fluxos dos produtos entre os fornecedores e os clientes, são exemplos dessas informações: o nome do fornecedor do produto, o preço, a série de fabricação, a data de validade, entre outras. Observe que grande parte dos produtos com os quais lidamos possui um código de barras. f) Ampliação das Alternativas para o Transporte de Mercadorias Há várias modalidades de transporte para a movimentação das mercadorias (transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, aquaviário e dutoviário). Além das modalidades individuais, pode-se também combinar duas ou mais modalidades de transporte para realizar a movimentação dos produtos. Isso resultou numa maior gama de opções de movimentação e maior concorrência entre os vários modais, o que acarreta, em geral, redução dos custos de transporte. Porém, esse aumento de opções implica na necessidade de serviços melhor estruturados e articulados, mais uma razão para que a logística cresça e se estabeleça com força. 23 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. A logística é a responsável pela movimentação das mercadorias entre os pontos de fornecimento e os pontos de consumo. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. A confiabilidade trata da variação em torno dos prazos fixados para o atendimento ao cliente, para a entrega das mercadorias etc. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 24 Referências BALLOU, R. H. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. FLEURY, P. C. Logística integrada. In: FLEURY, P. C.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (Orgs.). Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas,2000. LALONDE, Bernard J.; GRABNER, John R.; ROBESON, James F. Integrated Distribution Systems: A Management Perspective. International Journal of Physical Distribution and Logistics Management, United Kingdom, n. 1, p. 43-49, 1970. LAMBERT, D. M; STOCK, J. R.; VANTINE, J. G. Administração Estratégica da Logística. São Paulo: Vantine Consultoria, 1998. LAVALLE, C. Pesquisa Benchmark – Serviço ao Cliente. Relatório de Pesquisa. Rio de Janeiro: Coppead/CEL, 2001. NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2001. _______. Sistemas Logísticos: Transporte, Armazenagem e Distribuição Física de Produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 1989. WOOD Jr., Thomaz; ZUFFO, Paulo Knörich. Supply chain management. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 3, jul./set. 1998, p. 55-63. 25 UNIDADE 3 | A CADEIA LOGÍSTICA 26 Unidade 3 | A Cadeia Logística 1 O Que É uma Cadeia Logística? É importante dizer que qualquer cadeia logística é formada por um conjunto de nós e elos. • Os nós são as partes estáticas da cadeia: são os depósitos, os armazéns, as indústrias, as lojas existentes no trajeto entre as fontes de matérias-primas (os fornecedores) e os consumidores finais (em geral, as famílias). • Já os elos são as ligações existentes entre os nós, viabilizados pelo transporte, que estabelece a comunicação entre os vários pontos da cadeia. Numa cadeia logística, muito frequentemente, podem existir depósitos intermediários, entre a indústria e um atacadista ou entre este e um varejista. O que irá determinar o número de pontos é a natureza do mercado, o tipo de produto, o número de clientes, os custos das diferentes alternativas, entre outros fatores. Observações: • Entre os elos destaca-se a atividade de transporte. • Nos diversos nós há mercadoria parada em estoque. Ela aguarda a procura do consumidor. • Em qualquer nó da cadeia a atividade de entrada da mercadoria na empresa é chamada de suprimento físico. Por outro lado, a saída da mercadoria da empresa para o cliente é chamada de distribuição física. 27 Veja na figura a seguir um exemplo de cadeia logística encontrada com frequência na prática: Figura: Uma cadeia logística completa Fonte: Novaes, 2007 Matéria Prima Componentes pré-montados Transporte Manufatura Transporte Transporte Consumidor final Loja 1Loja 2Loja 3Loja n Centro de distribuição do varejista Componentes soltos Suprimento da Manufatura Distribuição Física Fonte: NOVAES, 2001. 28 De uma maneira mais simples, uma cadeia logística genérica também pode ser representada pelo seguinte esquema: Figura: A cadeia logística genérica 2 Exemplo de Cadeia Logística Suponha que um determinado produto precise de insumos (matérias-primas) para ser produzido. Por exemplo: para a montagem de um automóvel há necessidade de peças elétricas e de pneus entre outros itens. Esses componentes, chamados matérias- primas, vão ser fornecidos à montadora por diversas empresas. São os chamados fornecedores da montadora. Convencionou-se chamar de suprimento físico a parte que trata da entrada dos produtos na empresa, no caso a montadora. Na empresa será fabricado o produto acabado, que será distribuído ao mercado (concessionárias, agências de automóveis, revendas de carros), para ser vendido ao consumidor final. A etapa de distribuição do produto acabado ao mercado (saída do produto da fábrica) é chamada de distribuição física. Portanto, conclui-se que uma cadeia logística é formada por, no mínimo, três agentes de trocas: o fornecedor, a empresa e o cliente. É comum também dizer que a logística empresarial é a conjunção do suprimento físico ou administração de materiais e a distribuição física (veja figura da cadeia logística). Fornecedores Suprimento Físico Fábrica/Empresa Logística de Produção Cliente Distribuição Física 29 Vamos detalhar o funcionamento de duas cadeias logísticas: a) A cadeia do suco de laranja encaixotado em embalagens do tipo ”tetra pack”. b) A cadeia do automóvel. Comecemos pelo suco de laranja! Passo 1 Quais são os principais insumos para a produção do suco? Passo 2 Os fornecedores vendem os insumos para quem? Passo 3 Quem leva os insumos dos fornecedores até a indústria? Um transportador. No Brasil, em geral, o transporte é feito por caminhão, utilizando as rodovias. Passo 4 Depois de processado e embalado na indústria para onde vai o suco? Ele pode ser adquirido por grandes atacadistas, que são empresas que compram das indústrias em grandesquantidades e em seguida vendem o produto para as lojas de varejo (supermercados, mercearias, padarias etc.). Essas últimas vendem o produto diretamente ao consumidor final. A indústria também pode comercializar o suco diretamente para as empresas de distribuição. Passo 5 Entre a indústria e o atacado e entre este e o varejo há o transporte que faz a movimentação do produto. A mesma coisa acontece entre o varejo e o local de consumo final (nossas casas, restaurantes, bares) do suco de laranja. Passo 6 Há diversas formas de se produzir o suco e distribuí-lo no mercado. Essa forma que nós descrevemos é apenas uma das alternativas possíveis. Nosso exemplo procura ilustrar o caso mais geral da cadeia do suco de laranja. Vamos então organizar um esquema / desenho que mostre os diversos nós e elos da cadeia logística do suco de laranja? 30 Figura: Cadeia logística do suco de laranja Fornecedores Água Indústria Processadora de Suco de laranja Atacadistas Consumidores finais Supermercados Mercearias e mercados Restaurantes e bares Hotéis, hospitais e outros AçúcarLaranja Transporte Elos Transporte individual Transporte Transporte individual Corante Embalagem 31 Agora vamos detalhar uma possível cadeia do automóvel! e Cabe destacar novamente que a cadeia logística que nós acabamos de descrever é uma opção para fazer o produto sair do fornecedor e chegar ao consumidor final. Há casos em que existem vários outros nós entre fornecedores e usuários finais: são os depósitos, os intermediários, os distribuidores etc. Passo 1 Quais são os principais fornecedores? São fornecedores de bancos, pneus, tintas, peças e componentes. Passo 2 Como é feito o transporte dos insumos e componentes até a montadora? É feito por caminhões que saem dos fornecedores e entregam os produtos diretamente na montadora. Passo 3 A montadora fabrica o veículo e o estoca no seu pátio. Passo 4 A montadora distribui os veículos para as concessionárias autorizadas ou para as agências de veículos. Ela pode também vendê-los diretamente ao consumidor final. Passo 5 O transporte dos veículos é feito em caminhões conhecidos como cegonhas. Passo 6 O consumidor compra o veículo nas concessionárias ou nas agências. 32 Figura: Exemplo de uma cadeia logística do automóvel Figura: Alternativas de canais de distribuição Fornecedores Montadora Transporte Transporte em caminhões cegonha Consumidores Agências de automóveisConcessionárias Transporte individual TintasBancos Peças e componentes Pneus Acessórios Alternativas de canais de distribuição Indústria Indústria Indústria Indústria Indústria Atacado Atacado Atacado Indústria Indústria Indústria Repres. Comercial Filial Filial Varejo ConsumoConsumoConsumoConsumoConsumoConsumoConsumoConsumo VarejoVarejoVarejoVarejoLoja- Virtual Pedido- Eletrônico 33 Vamos agora conhecer quais são os fluxos que existem numa cadeia logística, são eles: • físicos ou materiais (produtos, matérias-primas, componentes, equipamentos etc.); • de informações; • financeiros. Qual é a direção dos fluxos nas cadeias logísticas? Observe a figura a seguir que simula uma cadeia logística com três nós (fornecedor, empresa industrial e cliente). Figura: Fluxos logísticos Nos primórdios da logística, a produção das mercadorias era do tipo “empurrada”. Em outras palavras, era normalmente a indústria e seus fornecedores que definiam os produtos que iriam colocar no mercado à disposição dos consumidores. Assim, na época, a informação de hábitos, gostos e desejos de consumo das pessoas não eram tão importantes para o processo de fabricação dos bens. A ClienteFornecedor Empresa Industrial B C Onde: A = Fluxo de informações B = Fluxo físico C = Fluxo financeiro 34 Com a evolução da tecnologia, com as mudanças de hábitos de consumo das pessoas, com o aumento considerável da demanda, com as exigências crescentes dos consumidores e com o aumento da concorrência entre as empresas, entre outros fatores, a informação vinda do consumidor final passou a ser fundamental para os produtores de bens e serviços. Hoje é o consumidor que define qual produto, de qual cor, com quais características ele deseja consumir. Por isso, os produtores precisam escutá-lo e produzir os bens solicitados. É o que se convencionou chamar de produção “puxada”. Ou seja, é o cliente que determina o que, quanto e quando o produto será fabricado. Neste sentido, você pode observar na figura dos fluxos logísticos o seguinte: • Primeiro ocorre um fluxo de informações que parte do cliente em direção aos fornecedores. Num segundo momento, ocorre o fluxo material que parte dos fornecedores e vai para o cliente final. Há, ainda, o fluxo financeiro que corresponde à remuneração paga pelo cliente pelo recebimento dos bens e serviços de seus fornecedores. c Você acredita que os fluxos tenham somente essas direções nas cadeias logísticas? Caso você tenha respondido negativamente, você estará com absoluta razão. A própria evolução da logística e dos negócios impôs novas direções aos fluxos nas cadeias: a) A informação atualmente anda nos dois sentidos Após fazer um pedido, uma solicitação ao fornecedor, o cliente precisa estar informado acerca do andamento de sua aquisição. O que ele quer normalmente saber? • Quando receberá o produto no seu estabelecimento. • Qual transportador entregará sua mercadoria. • Qual tipo de embalagem ou acondicionamento será colocado no produto. • Que manuais de instalação e de assistência técnica acompanharão o produto. 35 Hoje muitas empresas transportadoras e organizações industriais disponibilizam aos seus clientes informações precisas e atualizadas sobre o andamento dos pedidos na internet. Basta acessar o site do fornecedor, digitar o número do pedido ou da nota fiscal e o cliente obterá rapidamente as informações de que necessita. b) O fluxo material também passou a ter os dois sentidos Os processos de reaproveitamento de embalagens, de resíduos e de reuso dos produtos depois de utilizados pelos consumidores exigiu que uma logística ao contrário fosse criada. Hoje existe o que se convencionou chamar de logística reversa. Ela trata da gestão dos fluxos materiais e de informação desde os pontos de consumo até os pontos de origem. Você já ouviu falar dos chamados “recall” que as montadoras de automóveis realizam frequentemente com seus clientes? E o exemplo do fabricante de “achocolatado” que recolheu recentemente vários lotes do produto do mercado por ter identificado erro na fórmula de fabricação? São exemplos típicos de situações em que há necessidade de logística reversa! Então, no que ela consiste? Quando algum sistema ou peça de um dado tipo de veículo lançado recentemente no mercado pelo fabricante apresenta algum defeito ou problema que compromete a sua qualidade ou o torna perigoso para a segurança do usuário, a montadora faz uma chamada na televisão e nos jornais de grande circulação, convocando todos os proprietários daquele tipo de veículo para comparecer à fábrica ou às concessionárias para que o problema seja sanado. É necessário montar uma operação logística com suprimentos de novas peças para realizar com sucesso a empreitada. Outro exemplo, bem atual e recente de logística reversa consiste no recolhimento pelos fabricantes das baterias usadas de telefones celulares nos mercados nos quais eles vendem seu produto. Aqui, a razão é outra: não se trata de reaproveitar o bem, mas sim de retirá-lo do mercado porque contém na sua composição material nocivo à saúde humana, e, portanto, não pode simplesmente ser despejado na natureza. 36 c) O fluxo financeiro, em função das mudanças nosoutros dois fluxos, também passou a ter duplo sentido Antes os recursos monetários eram repassados pelos clientes finais para as contas correntes dos fabricantes e de seus fornecedores. Atualmente com o advento da logística reversa o fluxo financeiro também existe dos fornecedores e fabricantes para os clientes finais. Como isso se explica? Ora, as embalagens e produtos reutilizáveis e recicláveis têm seu valor e são, portanto, vendidos para as empresas que os reprocessam. h Note como a logística é importante: até mesmo no reaproveitamento do lixo gerado pelas pessoas, contribuindo com preservação do meio ambiente e com a geração de empregos. 37 Qual é a conclusão a que nós chegamos? A figura anterior dos fluxos logísticos deve ser atualizada. Figura: Fluxos logísticos atuais Note agora que todos os fluxos têm as duas direções, ou seja, partem do fornecedor em direção ao cliente e do cliente em direção ao fornecedor. A ClienteFornecedor Empresa Industrial B C Onde: A = Fluxo de informações B = Fluxo físico C = Fluxo financeiro 38 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Qualquer cadeia logística é formada por um conjunto de nós e elos. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Uma cadeia logística é formada por, no mínimo, três agentes de trocas: o fornecedor, a empresa e o cliente. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 39 Referências BALLOU, R. H. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. FLEURY, P. C. Logística integrada. In: FLEURY, P. C.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (Orgs.). Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas,2000. LALONDE, Bernard J.; GRABNER, John R.; ROBESON, James F. Integrated Distribution Systems: A Management Perspective. International Journal of Physical Distribution and Logistics Management, United Kingdom, n. 1, p. 43-49, 1970. LAMBERT, D. M; STOCK, J. R.; VANTINE, J. G. Administração Estratégica da Logística. São Paulo: Vantine Consultoria, 1998. LAVALLE, C. Pesquisa Benchmark – Serviço ao Cliente. Relatório de Pesquisa. Rio de Janeiro: Coppead/CEL, 2001. NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2001. _______. Sistemas Logísticos: Transporte, Armazenagem e Distribuição Física de Produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 1989. WOOD Jr., Thomaz; ZUFFO, Paulo Knörich. Supply chain management. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 3, jul./set. 1998, p. 55-63. 40 UNIDADE 4 | AS ATIVIDADES DA LOGÍSTICA 41 Unidade 4 | As Atividades da Logística Nesta unidade, vamos conhecer com um pouco mais de detalhes as diversas atividades que compõem a logística e que permitem uma gestão mais eficiente dos fluxos de matérias- primas, produtos acabados e informações ao longo das cadeias logísticas, unindo os fornecedores aos seus clientes. Também veremos quais são as principais funções de cada atividade e como elas contribuem com os objetivos finais da logística: a redução do custo logístico total e a melhoria do nível de serviço ao cliente. 1 Atividades Logísticas A figura, a seguir, traz as atividades logísticas existentes tanto na parte de entrada dos produtos na empresa, o suprimento físico, como na fase de saída dos produtos da organização e a distribuição física. Repare que as atividades são categorizadas em primárias e de apoio. Elas estão presentes tanto no suprimento físico como na distribuição física. Primárias Transpote Estocagem Proc. Pedidos Suprimento Distribuição Apoio Armazenagem Manuseio Embalagem Programação Informações Apoio Armazenagem Manuseio Embalagem Obtenção Informações 42 2 Atividades Primárias da Logística Por que o transporte, a estocagem e o processamento de pedidos são considerados atividades primárias na logística? Você tem ideia do motivo para elas serem categorizadas desta maneira? Vamos às razões. Elas são consideradas primárias por três motivos: a) Elas são responsáveis pela maior parcela do custo logístico total. Chegam a atingir até 2/3 do custo logístico total em alguns setores. b) São consideradas essenciais para a coordenação e o cumprimento da tarefa logística, qual seja, a de disponibilizar os bens e serviços aos clientes com custo logístico mínimo e com bom nível de serviço. c) Elas compõem o que se chama de ciclo crítico para atendimento aos clientes. O que é o ciclo crítico? É formado pelo conjunto das atividades realmente indispensáveis para a integralização do fluxo de produtos e informações entre um fornecedor e seu cliente. Sem elas a tarefa logística não se concretiza. O ciclo crítico das atividades logísticas primárias é ilustrado pela figura a seguir: Figura: Ciclo crítico das atividades logísticas Cliente Processamento dos pedidos dos clientes (inclui transmissão) TransporteManutenção de estoque 43 Como ele funciona na prática? Em primeiro lugar um cliente solicita ao seu fornecedor os produtos de que necessita (faz o pedido e o transmite ao fornecedor). O fornecedor verifica seus estoques, processa e monta o pedido e, em seguida, entrega a mercadoria a um transportador que vai movimentá-la até o cliente. Essa é uma das cadeias logísticas mais simples que existem. Você lembra das cadeias logísticas do suco de laranja e do automóvel? Elas eram bem mais complexas, não é mesmo? Vamos agora examinar em que consiste cada uma das três atividades primárias? O que você acha de iniciarmos pelo processamento de pedidos? Afinal é o pedido que dá início à operação. Você notou isso? 2.1 Processamento de Pedidos A atividade de processamento de pedidos influencia diretamente o tempo necessário para levar bens e serviços aos clientes. É com ela que se inicia a movimentação de produtos e a entrega de serviços. 2.2 Manutenção de Estoques Nossa segunda atividade primária é a manutenção de estoques. Depois do cliente ter feito sua solicitação de aquisição de determinada mercadoria, o fornecedor verificará se ele tem o produto disponível, na quantidade e na forma desejada em estoque. Em caso positivo, ele repassará a mercadoria imediatamente ao transportador que, por sua vez, a entregará. Caso não haja o produto disponível e para atender ao pedido, então o fornecedor terá que produzi-lo ou encomendá-lo a outro fornecedor, antes de entregar a mercadoria. Se essa última situação acontecer, o prazo de entrega ou ciclo do pedido será evidentemente maior para atender ao cliente. É por esse motivo que o estoque é importante na logística, pois ele permite que os tempos necessários para um cliente receber o produto sejam reduzidos. Isso significa oferecer melhor nível de serviço logístico. 44 Quando a empresa não tem estoque disponível para atender ao cliente num prazo de tempo aceitável, poderá perdê-lo. Ele poderá procurar o produto num fornecedor que o tenha para pronta entrega. Você concorda que isso acontece seguidamente mesmo no nosso dia a dia? Quantas vezes você já chegou em um açougue para comprar determinado tipo de carne e não o encontrou disponível? Você provavelmente procurou outro açougue onde havia a mercadoria desejada. c Percebeu como é importante a empresa ter o produto disponível no momento certo? Há, porém um outro lado da moeda! Você sabe o que ele mostra? Manter produtos em estoque custa dinheiro! Lógico, você estará com o dinheiro parado na prateleira. Conclusão: manter estoque gera dinheiro, mas, também custa dinheiro! Como Assim? Há um trade-off (você lembra do conceito?) entre a redução do custo de perda de clientes (custo de não serviço) quando temos o produto disponível e o custo de manter o produto na prateleira à espera de um comprador (custo com estoque). Vamos representar esse trade-off na figura a seguir? Noteque quanto maior for a quantidade de produto disponível na empresa, maior será o custo com estoque. Em compensação teremos menor custo de não serviço com vendas perdidas (os clientes encontrarão com maior frequência o produto que procuram caso a disponibilidade seja maior). Isso é o que as curvas do gráfico querem mostrar. Figura: Nível de estoque e seus custos logísticos $ Observação: a atividade de transporte será apresentada na Unidade 5 deste componente curricular. Nível de Estoque Custo Total Custo de Estoque Custo não serviço 45 2.3 Transporte A atividade de transporte é aquela que viabiliza a movimentação dos produtos entre os pontos de produção e os pontos de consumo nas cadeias logísticas. Ela é uma atividade essencial na logística porque nenhuma firma pode realizar negócios sem movimentar suas matérias-primas ou produtos de alguma forma. O transporte refere-se aqui aos vários modais e meios utilizados para se movimentar mercadorias. Como modalidades de transporte nós temos a rodoviária, a ferroviária, a aquaviária, a aérea e a dutoviária. Logicamente cada modalidade tem seus meios, os veículos. A seguir são apresentados os principais veículos de carga utilizados em cada modalidade: a) Transporte rodoviário = caminhões. b) Transporte aéreo = aviões e helicópteros. c) Transporte aquaviário = navios, barcos e lanchas. d) Transporte ferroviário = trens. e) Transporte dutoviário = dutos. f) Transporte multimodal = combinação de dois ou mais modais. A administração da atividade de transporte envolve geralmente decisões quanto à escolha do modal ou da combinação de modais (multimodalidade) que será utilizada para movimentar produtos, quanto aos roteiros que os veículos devem seguir para entregas e coletas de mercadorias, quanto à utilização da capacidade dos veículos, quanto ao dimensionamento da frota, entre outras. E qual é o papel do transportador moderno nas cadeias logísticas? Até pouco tempo atrás, o papel do transportador nas cadeias logísticas era de simplesmente deslocar os produtos de um ponto da cadeia a outro. Sua missão era de vencer espaços geográficos. 46 Com o desenvolvimento da logística, o transporte passou a ser fundamental para que seus objetivos sejam atingidos: melhorar níveis de serviço aos clientes e reduzir o custo logístico total. Assim, além de vencer as restrições espaciais (distâncias entre dois pontos), deslocando as mercadorias, a atividade de transporte e os transportadores passaram a ter papel de maior destaque na cadeia logística. Não basta mais deslocar mercadorias. É preciso também: • cumprir os prazos de entrega (restrição de tempo); • entregar os produtos sem danificá-los; • procurar soluções logísticas para os problemas de forma a reduzir os custos logísticos totais; • fornecer informações acerca do produto em tempo real durante o transporte; • contribuir para a melhoria do serviço ao cliente; • oferecer soluções de multimodalidade para os clientes; • atuar em parceria com fornecedores e clientes do produto; • oferecer serviços logísticos adicionais – Operador Logístico. Você notou que o papel do transportador evoluiu bastante tanto em termos de tarefas que ele executa como em importância nas cadeias logísticas? Ele é quem estabelece a ligação entre os diversos agentes da cadeia. Hoje o transporte tem muito mais atribuições numa cadeia logística do que há algum tempo atrás. E você sabe o que é um Operador Logístico? Operadores logísticos são empresas prestadoras de serviços logísticos aos participantes de uma cadeia. Eles nasceram do fenômeno de terceirização dos serviços de armazenagem e transporte, principalmente, por parte das empresas industriais, que queriam se dedicar mais à sua atividade fim, deixando as tarefas logísticas como a distribuição, o suprimento, o atendimento ao cliente, entre outras, por conta de empresas especializadas nesse tipo de atividade. 47 3 Atividades de Apoio da Logística Além das atividades primárias, há uma série de atividades adicionais que apoiam o transporte, a manutenção de estoques e o processamento de pedidos. São as atividades de apoio: • armazenagem; • manuseio de materiais; • embalagem de proteção; • obtenção; • programação de produtos; • informações. Nós vimos, anteriormente, que as atividades de apoio ocorrem tanto no suprimento físico como na distribuição física. A exceção fica por conta da obtenção que faz parte do suprimento e tem como equivalente a programação de produtos na distribuição física. Vamos conhecer o significado e a função de cada uma delas! 3.1 Armazenagem A atividade de armazenagem diz respeito ao espaço necessário para manter produtos em estoque. Assim, a armazenagem pode ser feita em uma loja, em uma indústria, em um supermercado, em um depósito de uma empresa transportadora, em um centro de distribuição etc. Aqui, nós trataremos depósito e armazém como sinônimos, pois as diferenças existentes entre os dois são muito pequenas. 48 Ao contrário do transporte que estabelece a ligação entre dois participantes das cadeias logísticas, a armazenagem acontece, na grande maioria das vezes, em locais fixos, nos nós das cadeias logísticas. É nos nós que estão localizados os depósitos ou armazéns para a estocagem dos produtos. 3.1.1 Razões para Armazenar Produtos Você sabe quais são as razões básicas para que uma empresa necessite de espaço físico para estocar mercadorias? Elas são quatro, segundo Ballou (1993): 1. Para reduzir custos de transporte e produção; 2. Para coordenar o suprimento e a demanda; 3. Para as necessidades do processo produtivo; 4. Por considerações de marketing. Vamos detalhá-las? a) Redução de custos de transporte e produção Quando nós temos espaço de armazenagem disponível para estocar produtos, então podemos juntar uma maior quantidade de produtos e transportá-los até os clientes em veículos maiores, em uma única vez. Isso reduz o custo com transporte. Da mesma forma, os custos de produção podem ser reduzidos quando são fabricados lotes maiores de produtos. Para isso, há necessidade de espaço para estocar os produtos até que sejam entregues aos clientes. b) Coordenação do suprimento e demanda Essa razão é diretamente relacionada com as empresas que fabricam produtos com demanda sazonal. Por exemplo, pense nas indústrias que fabricam ovos de páscoa, aparelhos de ar condicionado e brinquedos natalinos. Essas empresas vendem seus produtos numa época bem definida do ano: na páscoa, no verão e no natal. Em geral, 49 elas montam esquemas de produção ao longo de todo o ano, pois custa menos produzir volumes constantes, e formam estoques em seus depósitos para vender o produto na época da demanda. c) Necessidades de produção Há produtos que têm a armazenagem como uma etapa de seu processo de produção. Eles precisam ficar guardados certo tempo até que estejam prontos para o consumo. Pois bem, produtos como queijos, vinho e outras bebidas alcoólicas necessitam de um período de tempo estocados para atingirem a maturação ou o envelhecimento. Nesse caso o depósito é uma necessidade do processo produtivo. d) Considerações de marketing Para o marketing das empresas é de suma importância que haja disponibilidade do produto no mercado. A armazenagem próxima dos mercados consumidores proporciona essa disponibilidade e permite que se realizem entregas mais rápidas. A melhoria do serviço ao cliente pode ter efeito positivo nas vendas. 3.1.2 Funções dos Depósitos Os depósitos têm funções bem determinadas. Vamos estudá-las agora para que você consiga identificar o papel e a importância desses edifícios chamados também de facilidades logísticas? As funções básicas dos depósitos são de prestar serviços aos usuários. Esses serviços sãoclassificados em quatro tipos: abrigo, consolidação, transferência ou transbordo e agrupamento de produtos. Como cada um dos tipos de serviço funciona? a) Abrigo de produtos É o uso mais óbvio de um depósito para armazenagem de produtos. Ele serve para guardar mercadorias, dando-lhes proteção e também para oferecer outros tipos de serviço como a rotação de estoques, o envelhecimento do produto, reparos nas mercadorias etc. 50 b) Consolidação de mercadorias Este tipo de depósito serve para reunir mercadorias que vêm de vários pontos de fornecimento e seguem para um mesmo destino, seja para participar como matéria- prima ou componentes do processo produtivo de um outro bem, ou mesmo para serem armazenados no ponto de venda ao consumidor final. Com o depósito intermediário, localizado entre fornecedores e produtores ou comerciantes, consegue-se reduzir os custos logísticos de transporte. Você já sabe a razão para isso, não é mesmo? Caso não a tenha ainda claramente na memória, discuta com o seu tutor. A figura, a seguir, traz um esquema de funcionamento de um depósito de consolidação de matérias-primas, originárias de três localidades diferentes, que servirão como insumos para o processo de fabricação de um bem. c) Transferência ou transbordo de mercadorias Uma das formas mais populares do uso de depósitos é desagregar ou fracionar quantidades de mercadorias transferidas, em geral das fábricas, para as quantidades menores solicitadas pelos clientes. Na transferência ou transbordo ocorre, na maioria das vezes, a mudança de meio de transporte. Por exemplo: da fábrica até o depósito de transbordo, transportam-se mercadorias em grandes quantidades, por trem. Para distribuir as mercadorias em menores quantidades para os diversos clientes a partir do depósito de transbordo, usam-se caminhões. Essa situação é ilustrada pela figura a seguir. Depósito de transbordo ou transferência Fábrica 40.000 Kg Cliente C Cliente B Cliente A 3.000 Kg 1.000 Kg 2.000 Kg 51 d) Agrupamento de produtos Um uso bastante frequente e especializado para os depósitos é o agrupamento de itens de produtos. Em geral, ele é utilizado por empresas que possuem uma grande linha de produtos e os fabricam em diversas plantas industriais. Uma vez que os clientes compram a linha completa é mais econômico entregar a produção das diversas plantas em um único depósito e, em seguida, agrupar os diferentes itens conforme os pedidos e entregá-los em uma carga única aos clientes. Os atacadistas e distribuidores de produtos utilizam os depósitos como centrais de distribuição, comprando itens diferentes de diversos clientes e agrupando-os num único local para distribuir a gama completa de itens aos pontos de venda. 3.2 Manuseio De Materiais O manuseio ou movimentação de materiais está associado à armazenagem e também apoia a manutenção de estoques. Seu objetivo primordial é a separação das cargas nos depósitos de acordo com as necessidades dos clientes. Há três atividades principais que compõem o manuseio de cargas nos depósitos: • o recebimento das mercadorias; • a movimentação interna; • a expedição de mercadorias. Alguns problemas importantes a solucionar nesta atividade são a seleção do equipamento de movimentação, a definição dos procedimentos para a preparação dos pedidos nos depósitos, as normas para recebimento e expedição de mercadorias, os métodos de conferência para recebimento de produtos, entre outros. 52 3.3 Embalagem de Proteção A embalagem visa proteger os produtos de quebras e avarias durante as etapas de movimentação e de manuseio ao longo da cadeia logística. Mas é só isso que ela proporciona como vantagem à movimentação dos produtos? É evidente que não! A embalagem também serve para a promoção e uso do produto. Em geral, as empresas utilizam a embalagem como instrumento de marketing e de promoção de vendas para os produtos. Exemplo: um brinquedo acondicionado em uma caixa bonita, com desenhos agradáveis, atrai muito mais as crianças, aumentando suas vendas. Por outro lado, a embalagem também serve como instrumento para melhorar a eficiência da logística, principalmente, na distribuição dos produtos. Uma embalagem projetada corretamente facilita as atividades de manuseio, transporte e armazenagem. Quando suas dimensões e design são desenvolvidos de forma racional, permitem obter uma maior produtividade no carregamento e descarregamento dos veículos, sejam eles manuais ou automáticos. Também permitem um maior aproveitamento dos espaços de estocagem nos depósitos. Você percebeu que de uns tempos para cá muitos produtos de consumo que compramos (brinquedos, móveis, bicicletas etc.) são desmontados e embalados? Qual é a razão para isso? Os fabricantes e distribuidores estão usando a embalagem para proteger, para promover as vendas e para ganhar espaços nos depósitos, lojas e mesmo no transporte. 3.4 Obtenção A obtenção é atividade exclusiva do suprimento de produtos nas empresas. É ela que coloca os produtos disponíveis para a cadeia logística. Algumas tarefas típicas da obtenção numa cadeia logística são: • Seleção das fontes de suprimento: em geral, há diversos fornecedores para um mesmo produto. Qual deles a empresa escolherá? Isso é tarefa da atividade de obtenção; 53 • Determinação das quantidades de produtos que devem ser adquiridas; • Programação das compras (itens, quantidades, cores, frequência de aquisição); • Definição da forma pela qual o produto é adquirido (embalado, a granel, em lotes mínimos). 3.5 Programação do Produto Enquanto a obtenção trata da gestão dos fluxos de suprimento (entrada dos produtos nas empresas), a programação do produto trata dos fluxos de distribuição (saída dos produtos da empresa). Refere-se às decisões tomadas dentro da empresa: quais quantidades devem ser produzidas por tipo de item, quando e onde devem ser fabricadas. 3.6 Manutenção de Informação Você percebeu que nenhuma das atividades logísticas apresentadas, anteriormente, poderia ser executada de maneira correta e eficiente sem as informações necessárias para o planejamento, operacionalização e controle da cadeia logística? A manutenção de uma base de dados nas empresas com informações importantes sobre a localização dos clientes, os volumes de vendas, os prazos de entrega, os níveis de estoques, os transportadores parceiros, dá sustentação para uma gestão logística eficiente da cadeia e das atividades primárias e de apoio. 54 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. O ciclo crítico é formado pelo conjunto das atividades realmente indispensáveis para a integralização do fluxo de produtos e informações entre um fornecedor e seu cliente. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. A obtenção é atividade exclusiva do suprimento de produtos nas empresas. É ela que coloca os produtos disponíveis para a cadeia logística. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 55 Referências BALLOU, R. H. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. FLEURY, P. C. Logística integrada. In: FLEURY, P. C.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (Orgs.). Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas,2000. LALONDE, Bernard J.; GRABNER, John R.; ROBESON, James F. Integrated Distribution Systems: A Management Perspective. International Journal of Physical Distribution and Logistics Management, United Kingdom, n. 1, p. 43-49, 1970. LAMBERT, D. M; STOCK, J. R.; VANTINE, J. G. Administração Estratégica da Logística. São Paulo: Vantine Consultoria, 1998. LAVALLE, C. Pesquisa Benchmark – Serviço ao Cliente. Relatório de Pesquisa. Rio de Janeiro: Coppead/CEL, 2001. NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2001. _______. SistemasLogísticos: Transporte, Armazenagem e Distribuição Física de Produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 1989. WOOD Jr., Thomaz; ZUFFO, Paulo Knörich. Supply chain management. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 3, jul./set. 1998, p. 55-63. 56 UNIDADE 5 | A EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA 57 Unidade 5 | A Evolução da Logística Nesta unidade, vamos apresentar a evolução do conceito de logística integrada, para que você compreenda todos os conceitos relacionados com a supply chain management (gerenciamento da cadeia de suprimento). Para isso, vamos dividir o estudo da evolução da logística em quatro fases: • Na primeira fase, o gerenciamento está voltado para a administração de materiais, destacando-se a gestão dos estoques. • Na segunda fase, o gerenciamento concentra-se na distribuição dos produtos com a otimização dos sistemas de transporte. • Na terceira fase, a grande preocupação é com a implantação da logística integrada, unindo os diferentes participantes da cadeia de suprimentos (o fornecedor, o cliente, o transportador etc.). A tecnologia da informação assume importante papel na evolução da logística nesta fase, com destaque para a troca eletrônica de dados e o comércio eletrônico. • Na quarta fase, a perspectiva dominante passa a ser o gerenciamento da cadeia de suprimento – supply chain management. Nesta fase, procura-se aprimorar a integração incorporando ao processo novas técnicas de gerenciamento dos negócios, como por exemplo, a resposta eficiente ao consumidor – ECR. Nela predominam amplas alianças e parcerias entre as empresas. 1 Primeira Fase da Evolução da Logística Ela iniciou-se logo após o final da segunda guerra mundial. Na época, as indústrias se aproveitaram da grande capacidade ociosa existente, pois reduziram a produção de armas, de veículos militares e de munições, e adequaram as suas instalações e equipamentos para fabricar bens duráveis e semiduráveis (geladeira, fogão, carro, sapatos e etc.) a fim de atender ao crescente consumo da população. 58 Vale lembrar que nesta época não existiam computadores, tampouco a Internet, elementos que facilitam a comunicação entre quem produz e quem vende as mercadorias. Desta maneira, as informações e os produtos circulavam mais lentamente na cadeia. Para superar o problema da lentidão em movimentar os produtos nas cadeias, as empresas necessitavam formar grandes estoques. Nessa época, o estoque era a atividade chave para o bom desempenho da cadeia logística. Não se podia trabalhar com estoques mínimos porque a chance de faltar o produto para entregar ao consumidor era alta. Assim, ele funcionava como um amortecedor entre os diversos segmentos. Os estoques de produtos e de matérias-primas estavam localizados nos vários nós da cadeia: nos depósitos da fábrica, nos centros de distribuição, nas lojas de varejo e até mesmo em trânsito (estoque que estava sendo transportado). Assim, a quantidade de mercadorias paradas (em estoque) em toda a cadeia era muito grande, acarretando um custo bem elevado. A figura, a seguir, ilustra essa situação. Figura: Estoque na Cadeia Logística Estoque de matérias-primas nos fornecedores Estoque de insumos e de produtos acabados na fábrica Estoque em trânsito Estoque de produtos Estoque de produtos acabados no varejo 59 Ainda hoje, há empresas no Brasil que se encontram nesta primeira fase de desenvolvimento da logística. A maior preocupação para elas é o gerenciamento de seus estoques ou a administração dos materiais. Elas desenvolvem, basicamente, as funções de estocagem, de compras e de movimentação de materiais (transporte de produto). Cada uma dessas funções na empresa é de responsabilidade de um departamento ou setor, que trabalha de forma isolada. Outra preocupação das empresas nessa fase era com a redução dos preços dos fretes, que tinham mais importância que a qualidade do serviço de transporte. Esta fase caracteriza-se por empresas que atuam internamente de maneira desintegrada. Os diversos departamentos exercem suas funções isoladamente, não há preocupação com seu desempenho como um todo, mas apenas com o desempenho individual de cada setor. A figura, a seguir, retrata essa situação. Note que não há comunicação entre as funções ou setores da empresa. Figura: Funções internas das empresas fragmentadas Compras Empresa F o r n e c e d o r e s C l i e n t e s Controle de materiais Produção Vendas Distribuição 60 2 Evolução da Logística: Segunda Fase Na segunda fase de desenvolvimento da logística, a atuação das empresas já era apoiada por algum nível de integração. Nela as empresas trocavam informações mais frequentemente. Os produtos eram fabricados por orientação do departamento de marketing. Nessa época, os produtos começaram a ser fabricados em diversos modelos e cores. Veja o caso dos eletrodomésticos (fogão, geladeiras, televisões etc.): logo que eles começaram a ser produzidos em grandes volumes, não apresentavam diferenças de um fabricante para o outro e os consumidores tinham poucas opções de escolha nas lojas. Foi a partir dessa fase que as fábricas começaram a produzir os eletrodomésticos com mais cores (antes a cor predominante era o branco). Também, outros produtos começaram a fazer parte do dia a dia do consumidor, principalmente os produtos alimentícios, como novas bebidas, café solúvel, sorvetes, entre outros. O impacto dessas mudanças para a logística ocorreu com o aumento do volume de estoques e de serviços (transporte, armazenagem) em toda a cadeia de suprimento, uma vez que havia maior número de produtos e diferentes modelos do mesmo produto espalhados pelos diversos pontos da cadeia. As empresas preocupavam-se com a administração de materiais (controle de estoques), mas também com a administração da distribuição dos produtos, com foco principal na otimização do sistema de transporte. No ambiente interno das empresas, iniciou-se a integração entre as funções e departamentos em torno de três gerências: gerência de materiais, gerência de fabricação (gerência de produção) e gerência de distribuição. Já no ambiente externo, as empresas incrementaram a troca de informações entre elas, visando dar maior agilidade à movimentação de produtos na cadeia de suprimento. 61 A figura, a seguir, retrata a integração funcional no ambiente interno da empresa, mostrando os três níveis de gerência: materiais, produção e distribuição. Figura: Integração Funcional da Empresa Alguns acontecimentos ocorridos nessa fase condicionaram o desenvolvimento da logística e tiveram forte impacto na atividade de transporte: • Crise do petróleo: na década de 1970 houve súbitos aumentos no preço do petróleo. Isso fez com que o preço dos combustíveis aumentasse consideravelmente, encarecendo as atividades de transporte. As empresas foram então obrigadas a procurar soluções mais criativas e mais otimizadas para movimentar as cargas, o que favoreceu o desenvolvimento da logística. • Aumento das aglomerações urbanas: com o aumento das aglomerações urbanas, provocado pelo aumento da natalidade e pelo êxodo rural, as dificuldades de deslocamento de veículos multiplicaram-se nas cidades. Houve então a necessidade de se procurar novas soluções logísticas e de transporte para coletar e distribuir cargas nos centros urbanos cada vez mais congestionados. • Aumento dos custos da mão de obra: essa situação ocorreu principalmente nos países desenvolvidos, o que se refletiu diretamente nos preços dos fretes. • As empresas buscaram algumas soluções logísticas para fazer frente a esses acontecimentos. Veja duas delas, descritas a seguir: o Utilização intensiva da multimodalidade: consiste no uso combinado de vários meios de transportepara realizar a movimentação de produtos de um ponto a outro, com o objetivo de reduzir custos. Empresa Fluxo material Fluxo de Informações Gerência de distribuição Gerência de Materiais Gerência de produção 62 o Uso mais intensivo da informática: os computadores e os programas computacionais (os chamados softwares) passaram a ser mais utilizados para realizar controle de estoques, para o planejamento da produção e da distribuição de produtos. A busca da integração da cadeia de suprimento era feita, em geral, entre duas empresas (o fornecedor e a indústria, a indústria e o cliente). 3 Evolução da Logística: Terceira Fase Nesta fase, a perspectiva dominante é a logística integrada, com foco na visão sistêmica da empresa (considerando todos os departamentos ou setores integrados para trabalhar com um objetivo comum: melhorar o serviço aos clientes e reduzir os custos logísticos). A integração dá-se com o apoio da tecnologia da informação. Agora, pode-se dizer que a empresa funciona como um só corpo: todas as decisões são tomadas em conjunto, envolvendo todos os seus setores. Vamos a um exemplo? O lançamento de um novo modelo de fogão para atender ao consumidor será discutido não só pela unidade de produção, mas também pelo departamento de aquisição da matéria-prima adequada para a fabricação do produto e pelo setor responsável pela distribuição final do fogão para as lojas que o revendem ao consumidor. Com os outros agentes que formam a cadeia logística, a integração dá-se de forma dinâmica (as decisões são tomadas em curto espaço de tempo). Assim, a empresa integra seu sistema com os agentes com quem tem uma relação direta (fornecedores e clientes). Por exemplo, se a empresa representada na figura, abaixo, for uma fábrica de fogões, então ela se relaciona diretamente com seu fornecedor, no suprimento, e com as lojas que compram o produto (seus clientes), na distribuição. Por outro lado, não existe ainda uma integração direta entre os fornecedores da fábrica e as lojas varejistas que vendem o produto. Veja, a seguir, a ilustração dessa situação: 63 Figura: Integração parcial da Cadeia Logística e O desenvolvimento da logística nesta fase baseou-se no intercâmbio eletrônico de informações (a troca eletrônica de dados entre as empresas). Você sabe o que quer dizer EDI? Esta fase começou no final da década de 1980, mas ainda está sendo implementada por muitas empresas. Foi o avanço da informática que possibilitou o acesso rápido à informação. O uso do código de barras, hoje comum na maioria das cadeias de suprimento, teve início nesta época (anos 80). Você lembra-se dele? g Saiba tudo sobre o código de barras e as etiquetas inteligentes que auxiliam no fluxo de informações entre os agentes da cadeia de suprimentos. Acesse o link a seguir e confira! www.codigodebarrasean.com Pense no exemplo de um supermercado: à medida que o consumidor passa o produto no check-out (caixa), os leitores de código de barras acumulam as informações nele contidas no computador da empresa, que repassa a informação ao estoque da loja e ao fornecedor, de forma que a reposição do produto passa a ser automática, otimizando Informações Transporte Empresa F o r n e c e d o r e s C l i e n t e s Suprimento Produção Distribuição 64 o suprimento do produto para a loja e para as gôndolas. É um típico exemplo da tecnologia da informação (EDI, código de barras, softwares de controle de estoques e computadores) a serviço da logística. Uma tendência marcante desta fase é a busca do estoque zero. Isso significa dizer que as empresas envolvidas na cadeia logística tentam reduzir ao máximo seus produtos em estoque, imprimindo maior velocidade à movimentação dos produtos e utilizando com maior intensidade e com mais eficiência a tecnologia da informação. O avanço no intercâmbio de dados entre empresas e entre empresas e o consumidor final, possibilitou que as transações comerciais (compra e venda de produtos) chegassem a lugares e clientes nunca antes imaginados. g A prática do comércio eletrônico entre as empresas e entre elas e o consumidor apareceu e se intensificou nesta fase, acesse o link a seguir e conheça informações interessantes sobre esse tipo de comércio. Visite-o! www.codigodebarrasean.com Você pode estar pensando: O que a logística tem a ver com o comércio eletrônico? Ora, nesse tipo de comércio é necessário ter uma estrutura empresarial e um planejamento logístico similar ao do comércio tradicional. Logo, toda a estrutura logística para movimentar o produto até o consumidor final, no tempo certo, na quantidade certa, no lugar certo e com o mínimo custo, será fundamental para o sucesso da empresa. 65 4 Evolução da Logística: Quarta Fase – Supply Chain Management Na quarta fase da evolução da logística, a perspectiva dominante é a integração completa entre todos os agentes que participam de uma cadeia de suprimento (é o que se chama de supply chain management). A característica principal é a integração estratégica, entre todos os agentes, incluindo fornecedores, a empresa e os agentes presentes nos canais de distribuição. As empresas, ao invés de tratarem suas operações pontualmente (trabalhando duas a duas para melhorar suas operações), passam a tratar a questão de forma estratégica. Por exemplo: no lançamento de um novo produto, a logística passa a ser usada em toda a cadeia de suprimento para se buscar um número maior de clientes. Agora, as informações de todas as empresas que fazem parte da cadeia são compartilhadas e analisadas em conjunto, para criar um novo produto que atenda às expectativas do consumidor e que tenha um preço compatível. Para isso são formadas parcerias entre as empresas com o objetivo de reduzir custos e abrir novos mercados. A figura, a seguir, ilustra a cadeia de suprimentos integrada. Figura: Cadeia de suprimentos integrada e Note que agora todos os agentes da cadeia comunicam-se diretamente uns com os outros. Todos estão articulados para atingir um objetivo comum, qual seja: atender bem o cliente e reduzir os custos logísticos. Fluxo de produtos Fluxo de informações Empresa Fornecedor ClientesSuprimento Produção Distribuição 66 No Brasil, são poucas as empresas que estão na quarta fase da evolução da logística. Destacam-se os setores: automobilístico; confecções e informática. Mas, na verdade, a grande maioria das empresas brasileiras encontra-se na primeira ou na segunda fase. Novaes (2001) apresenta algumas características importantes da evolução da logística nesta fase. Nós as reproduziremos a seguir: • Postergação (atrasar uma operação): algumas empresas de confecção atrasam uma operação com o objetivo de reduzir as incertezas da cadeia de suprimento. Um exemplo característico é o atraso deliberado no processo de tingimento (dar cor à roupa). Primeiro o tecido é produzido numa cor neutra (cinza), a sua coloração definitiva só é feita, quando já se sabe quais são as cores preferidas pelo consumidor naquele ano. Esta operação é realizada com o objetivo de evitar que o produto fique encalhado nas prateleiras pela escolha de cores que não têm a preferência dos consumidores. Assim, as empresas fabricam uma camiseta, por exemplo, com uma cor neutra, enviam-na ao local de venda, onde ela será tingida na cor de preferência do comprador. • Empresas virtuais (empresas ágeis): vimos na fase anterior que hoje é comum a compra de produtos através da Internet. Algumas empresas para serem mais rápidas no atendimento de um pedido do consumidor montam suas fábricas ao lado de grandes aeroportos. Quando recebem um pedido, elas acionam, através da Internet as fábricas de componentes, que enviam o lote pedido por via aérea para a fábrica de