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Caderno títulos de crédito - Balmes - Aulas

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1 
 
 
DIREITO COMERCIAL 
Contratos e Títulos de Crédito em Espécie 
 
Prof. Balmes Vega Garcia 
Aulas expositivas 
2 provas 
 
 
 
 
 
 
AULA 1 
24 de fevereiro 
 
Introdução do Curso 
 
À essa altura do curso, já ficou claro que os contratos e os títulos de crédito são institutos tão 
importantes para o direito quanto a propriedade. 
 
O programa da disciplina estará disponível no sistema Júpiter. A ideia é que a disciplina seja uma 
continuação da disciplina de fundamentos que foi ministrada semestre passado. 
 
Inicialmente, serão abordados contratos de compra e venda e seus elementos essenciais; a 
compra e venda internacional; os contratos de colaboração... 
 
Essa ideia de colaboração é chave para compreender os contratos empresariais. Os contratos 
empresariais, diferente dos civis, são feitos em massa e por profissionais, características essas que 
são essenciais na aplicação desses no caso concreto. O prisma, nesse caso, deve levar em conta 
essa característica. Há uma rede de relações que se regulam e, ao meso tempo, criam-se entre 
empresas, gerando uma relação de cooperação e parceria entre cliente e fornecedor. 
 
A questão da boa-fé objetiva, no âmbito empresarial, é muito mais reforçada diante desse caráter 
de colaboração. No âmbito empresarial, são dois profissionais, com objetivos comerciais, que 
celebram o contrato, enquanto no contrato civil estes aspectos não são enfatizados. 
 
Quando há dezenas de relações inter-empresariais, a boa-fé objetiva é importante até mesmo 
para a sobrevivência do mercado, visto que um contrato muitas vezes leva à reflexos a todo um 
mercado. 
 
Agência, distribuição, consignação, franquia... todos esses podem ser considerados contratos de 
colaboração. 
2 
 
 
Num segundo momento, veremos contratos que visam o financiamento da atividade empresarial, 
como o mútuo, financiamento de crédito, alienação fiduciária, penhor, projetos de 
financiamento... 
 
Depois veremos diversos outros contratos, que fecharão a primeira parte da nossa disciplina. 
 
No que tange aos títulos de crédito – alocados ao fim do curso -, nós falaremos dele em espécie, já 
que na disciplina anterior já houve a caracterização geral. Letra de câmbio, declarações 
cambiárias, cheques, letras de instituições financeiras, nota promissória, duplicata mercantil, ação 
cambial, títulos de crédito de valores mobiliários, crédito bancário, CDC... todos esses serão temas 
da segunda parte desse programa. 
 
Bibliografia 
 
Em relação à bibliografia, é muito importante conhecer os livros de Túlio Ascarelli, 
especificamente sua obra específica sobre títulos de crédito – Teoria Geral dos Títulos de Crédito. 
 
Destaca-se as obras do professor Bugareli, Contratos Mercantis, e a obra do professor Fan Martins 
– Contratos e Obrigações Comerciais, da Ed. Atlas (difícil encontrar). 
 
Além disso, a obra de Faturização do Direito Brasileiro e a outra do Newton de Lucca 
 
Contrato de Distribuição, da Paula Forgioni, é o mais recente e interessante. 
 
O clássico de Orlando Gomes também é relevante, assim como Brandão Lopes, o da Nova Lei do 
Cheque, e o curso de Rubens Requião. 
 
O professor também destaca uma obra do professor Mauro Penteado (organizador), feita na pós 
graduação, sobre títulos de crédito. É uma obra recente, facilmente encontrada em livrarias. Há 
outra obra do Mauro Penteado muito legal também. 
 
 
AULA 2 
3 de março 
 
Recomendações de Leitura: Teoria Geral da Empresa, Rachel Stejn. 
 
Noções Preliminares 
 
Esquema passado na lousa: 
 
 
3 
 
 
A = pessoa jurídica (empresa) 
a = pessoa física 
 
Os contratos empresariais apontam para relações de cooperação entre as partes. No caso dos 
contratos com consumidor, há a figura hipossuficiente: o consumidor. Há uma grande discussão 
em torno de se o consumidor pode ser pessoa jurídica ou apenas pessoa física – discussão essa 
travada no âmbito do direito do consumidor – focaremos, dessa forma, no âmbito do Novo Código 
Civil. 
 
 ''Insumo x Consumo: o CDC fala do consumidor final, aquele que exaure o bem 
 com aquisição. Já o insumo é algo que é usado numa cadeia produtiva, para 
 manufaturar, produzir. Lembrando que há ainda a figura do consumidor 
 intermediário (ex. Comércio, atacado/varejo), que também é regulada pelo NCC1. 
 
Nos contratos civis, temos muitas vezes uma exaustão com a celebração de um contrato: Caio 
aliena sua bicicleta a Mévio. Caio provavelmente nunca mais verá sua bicicleta, quicá Mévio. Isso 
não ocorre nas relações empresariais, que são contínuas. No entanto, ambas relações são regidas 
pelo mesmo diploma: com a revogação do Código de 1916 e da maior parte do Código Comercial, 
todas as relações empresariais são regidas pelo Novo Código Civil. Ou seja, a norma é a mesma, 
porém a realidade é diferente. 
 
 
 
Essa nova situação leva a uma nova interpretação do magistrado pois, sendo a norma a mesma, os 
princípios são similares. Há uma jurisprudência ainda em construção para resolver essas questões. 
 
Mais um parênteses: o Código Comercial brasileiro veio antes do Código Civil. 
Normalmente, aquele é uma evolução deste, já que o CC é um regramento das 
relações básicas da sociedade. Tal fato deveu-se à necessidade da Coroa definir as 
relações comerciais – claro, devemos lembrar que não havia um vácuo legislativo, 
 
1 Conforme conceito de relação de consumo passado na aula de Direito do Consumidor, no dia 25/2/2010: 
''A relação de consumo se caracteriza por uma oferta indiscriminada de bens por parte produtores e 
fornecedores para um público que exaurem esses bens (ou seja, acaba neles, é o destinatário final)''. 
Assim, podemos imaginar que há situações em que uma relação entre duas pessoas jurídicas pode ser 
considerada uma relação de consumo. Lembrando que o CDC não exclui pessoas jurídicas de serem 
consideradas consumidores. 
A B
CONTRATO EMPRESARIAL (NCC)
'a'' b'' CONTRATO CIVIL (NCC)
A 'b'' CONTRATO COM CONSUMIDOR (CDC)
Contratos Civis NORMA + REALIDADE X = C
Contratos Empresariais NORMA + REALIDADE Y = C`
4 
 
já que vigoravam no Brasil as Ordenações Filipinas. 
 
 
Contratos de compra e venda 
 
Contrato bilateral, sinalagmático, comutativo, oneroso e consensual. 
 
Código Civil: 
 
 Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a 
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. 
 
Tal artigo é uma influência direta do BGB. 
 
No direito brasileiro, o contrato de C/V não transfere por si só o domínio: gera obrigação de dar 
que acompanha a do adimplemento (no Código Civil Francês, por exemplo, há a transferência). A 
C/V cria uma obrigação de caráter pessoal. A propriedade decorrerá da tradição (coisas móveis) ou 
do registro (coisas imóveis), e não do contrato. 
 
O contrato de C/V existe somente pelo consentimento das partes, tornando-se perfeito e acabado, 
não produzindo efeitos reais; decorrem disso apenas efeitos pessoais, gerando para o vendedor a 
obrigação de entregar a coisa e, para o comprador, a de pagar o preço. 
 
Seus principais elementos são: 
 
a) consentimento (consensus) – pode se manifestar por todos os meios possíveis, escritos, 
verbais, simbólicos ou tácitos. Materializa-se com mais força quando as partes são 
simétricas. 
b) coisa (res) - certa ou determinada, ou determinável. A coisa deve ser existente ou a existir 
(potencial) no momento do contrato. Deve ainda ser Individualizada, disponível ou 
alienável (suscetível de ingressas no comércio). Outras características: corpórea ou 
incorp'rea, singular ou coletiva, fungível ou infungível. No âmbito empresarial, o termo 
mais usado é mercadoria. 
c) preço (pretium) – contra-prestação pela aquisição do bem. Corresponde ao ingresso da 
coisa no patrimônio do comprador e a saída do numerário, para que haja compra e venda.O vínculo constitui-se com o consenso, porém a transação do domínio ocorre com a entrega do 
bem, ou efetivação do registro, ressalvadas as vendas condicionadas, em que o contrato só se 
reputa perfeito depois de verificada a condição. Ex. Reserva de domínio: 
 
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a 
propriedade, até que o preço esteja integralmente pago. 
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e 
depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros. 
 
5 
 
O vínculo gera direito pessoal: para o comprador o direito de receber a coisa e, para o vendedor, o 
preço respectivo; em outras palavras a obrigação de entregar e a de pagar, com os deveres 
correlatos (embalar a coisa, transportá-la, realizar seguro, firmar documentos...). 
Assim, a tradição nos contratos de compra e venda consiste na entrega da posse. O título da 
propriedade é o contrato por si mesmo, que é anterior a tradição. 
 
AULA 3 
10 de março 
 
Continuação dos contratos de compra e venda 
 
No contrato de compra e venda clássico, há a comutatividade, a equivalência das prestações, 
existindo certeza em relação a ambas. Tal fato é inverso ao contrato aleatório - a aquele em que 
não há certeza em relação a uma das prestações. Ex. Lavra de petróleo. 
 
O regime jurídico do contrato é, sobretudo, o CC e o CDC, que sombreia a nossa área em diversas 
situações, já que ambos falam de empresas. 
 
Os contratos podem ter em seu núcleo uma figura como a compra e venda; no entanto, agregam-
se a esses contratos diversas obrigações, das mais diversas, que versam sobre aspectos logísticos, 
de marketing, de exclusividade etc. que o tornam um contrato complexo, com cláusulas que 
traduzem essa complexidade. A essência de um contrato de fornecimento pode ser compra e 
venda, mas as cláusulas tornam o contrato muito além disso, visto a relação de parceria que há 
nas relações inter empresariais. 
 
Formação e conclusão: O sistema vigente repousa sobre as premissas e requisitos aos contatos em 
geral, considerando-se perfeito o ajuste no momento em que as partes acordam quanto à coisa e 
ao preço. 
 
A venda realiza-se: 
 pelo contato direto no estabelecimento 
 indiretamente, através de representantes, intermediários, por diferentes veículos de 
comunicação; 
 por meio de máquinas próprias (através da inserção de moedas, tickets, cartões 
magnéticos) 
 
As obrigações principais envolvidas são: 
 Vendedor – entregar a coisa, garantir o comprador quanto a vícios redibitórios e evicção; 
responder pelas despesas da tradição e pelos riscos da coisa; emitir a documentação 
necessária. 
 Comprador – pagar o preço; receber a coisa; assinar a documentação correspondente e 
devolver o título emitido quando for o caso. 
 
As obrigações correlatadas envolvidas podem ser: 
 Vendedor – embalar e acondicionar a coisa; entregá-la com os acessórios próprios; fazê-la 
chegar ao destino; providenciar a documentação para despacho; 
6 
 
 Comprador – pagar conforme os costumes próprios; diligenciar para o recebimento; arcar 
com despesas e encargos. 
 
Sempre que não se proceder à imediata realização e não se tratar de modalidade especial de 
tradição, a coisa deve ser entregue no local, no prazo e nas condições ajustadas no contrato. 
 
Caso seja executado por escrito, o deve conter (principais cláusulas): 
 
 qualificação das partes 
 individualização da coisa e dos acessórios; 
 preço e condições de pagamento; 
 eventuais reajustes e encargos; 
 forma, local e modo de pagamento; 
 acondicionamento e embalagem 
 transporte 
 Vícios e defeitos 
 Responsabilidade das partes; 
 Etc. 
 
É muito comum o uso de anexos afim de individualizar a coisa e explicar seus acessórios, 
caracterizando-a de maneira adequada. 
 
A técnica contratual estadunidense costuma incluir um verdadeiro glossário de termos que são 
empregados naquele contrato. Usa-se, assim, uma cláusula de definições, explicando o que cada 
instituto significa naquele contrato específico. 
 
Ex. Serão utilizados os seguintes termos e definições neste 
contrato: 
 
Garantias 
 
A existência e previsão das garantias ocorre mesmo em contratos de adesão, para assegurar o 
comprador quanto a vícios da coisa e defeitos de fabricação. É comum, dessa forma, a edição de 
certificados de garantia, acompanhados de manuais de instrução, com explicações detalhadas 
sobre a estrutura e o funcionamento dos bens, sobretudo aparelhos, dispositivos, máquinas e 
aparatos de uso industrial e comercial. Incluem-se, ainda, disposições tendentes à perfeita 
absorção técnica de uso e fruição natural do comprador. 
 
Parênteses: Os contratos de adesão representam um problema 
para a teoria tradicional do contrato, pois nega a negociação, o 
ajuste, base de toda a teoria. 
 
Na própria documentação de venda, ou mediante a apresentação das notas de aquisição, 
assegura-se os vendedores ou fabricantes ao comprador a plena satisfação de seus direitos sobre 
o bem adquirido. 
 
 
 
7 
 
Outras disposições relevantes 
 
(a maioria que o prof. Disse foram cópia do código – artigos 481 a 504) 
 
Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por contado do vendedor, e os do preço por 
conta do comprador (ex. Desvalorização da moeda, flutuação cambial). 
 
Na próxima aula, falaremos de algumas modalidades de contrato de compra e venda, a saber: 
 vendas condicionadas – possuem condição resolutiva ou suspensiva 
 vendas complexas – quando envolvem operações de venda formadas pela combinação de 
elementos de tipos diferentes 
 vendas especiais – questões envolvendo aspectos de álea, imprevisão. 
 
 
 
AULA 4 
17 de março 
 
 
Venda Aleatória 
 
Um dos contratantes assume o risco pela existência da coisa mesmo que não venha, sem culpa ou 
dolo da alienante, a lográ-la 
 
contrato perfeito e acabado de alienação de bens, tendo como objeto da obrigação coisa 
suscetível de não vir a existir, total ou parcialmente, ou existente, porém sujeita a risco – risco por 
acidente pois o objeto é coisa incerta ou de expressão incerta. 
 
O melhor exemplo disso é a safra, ou petróleo. O dinheiro enta antes para o agricultor, e há uma 
expectativa do comprador de uma certa quantidade ou qualidade da safra. O comprador compra 
antecipadamente a safra, para que o produtor possa realizar seus investimentos. No entanto, 
como a coisa é futura e incerta, está sujeita a riscos. Caso ocorra isso, o agricultor deverá arcar 
com esses riscos. 
 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou 
fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes 
assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi 
prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda 
que nada do avençado venha a existir. (RISCO DO VENDEDOR) 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, 
tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer 
quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de 
sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em 
quantidade inferior à esperada. (EMPTIO REI SPERETAE – RISCO DO 
COMRPADOR) 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não 
haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. (RISCO DO VENDEDOR) 
8 
 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, 
mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o 
alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou 
de todo, no dia do contrato (RISCO DO COMPRADOR). 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente 
poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro 
contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se 
considerava exposta a coisa.Há inexistência de equivalência imediata na posição das partes, em função do evento ser futuro e 
incerto. O ajuste compreende a esperança ou a expectativa da existência da res. 
 
Art. 459 - Riscos respeita à quantidade que, no futuro, pode ser maior ou menor, face à esperada; 
alienante faz jus ao preço em qualquer quantidade que venha a existir a coisa, desde que não 
labore com culpa. Se nada sobrevier, não haverá alienação, devendo o preço recebido ser 
restituído. 
 
Art. 460 - Compreende ainda as avenças de coisas existentes submetidas a risco em que o 
alienante tem direito ao preço, mesmo na perda, dano ou depreciação do bem (risco do 
comprador). 
 
Venda sobre documento 
 
“A venda sobre (ou contra) documentos tem por finalidade dar mais agilidade às 
transações mercantis que envolvam venda de mercadorias. Por sua natureza, 
apenas pode ter por objeto coisa móvel. A obrigatoriedade da tradição da coisa é 
satisfeita com a entrega ao comprador de documento representativo, para que 
seja exigível o pagamento do preço. O vendedor se libera da obrigação de entregar 
a coisa remetendo ou entregando ao comprador o título representativo da 
mercadoria”2 
 
Representada por documento a res alienadas, procede-se a tradição ficta, não se permitindo, por 
defeito de qualidade ou de estado, a abstenção do comprador ao cumprimento da obrigação. 
Vincula-se à satisfação do preço, com a simples entrega do título e da documentação 
correspondentes. Há um deslocamento para o comprador, que o cupa o lugar da coisa, que depois 
é entregue. O comprador irá retirar em algum lugar a coisa depois. 
 
Substitui-se, na venda sobre documento, a tradição da coisa pela entrega do seu título 
representativo. Assim, se estiver em ordem a documentação, o comprador não pode recusar o 
pagamento, sob alegação de qualidade ou do estado da coisa vendida, exceto se o defeito já 
houver sido comprovado. 
 
São muito comuns na venda de equipamentos. 
 
O pagamento deve ser efetuado na data e lugar da entrega dos documentos, salvo estipulação em 
contrário. Existindo os documentos entregues ao comprador com apólice de seguro cobrindo os 
 
2 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Parte Especial. Das várias espécies de contrato 
9 
 
risco do transporte, estes correrão por conta do comprador, exceto se na conclusão do contrato 
soubesse o vendedor da perda ou avaria da coisa. 
 
Acordado o pagamento via instituição financeira, cabe a esta realizá-lo contra entrega de 
documentos, sem obrigação de verificar a coisa alienada, por ela não respondendo. 
 
Nas vendas internacionais, o crédito documentado busca minimizar os riscos dessas operações em 
razão de suas características. Assim, a letra de câmbio é sacada contra o comprador, com os papéis 
representativos da mercadoria, para aceito, ou para pagamento, ficando retida no banco 
designado até o efetivo pagamento. O sistema opera com a intermediação de um banco, que abre 
crédito a favor do exportador, expedindo-lhe carta correspondente, vinculando-se aquele, com a 
confirmação, ao negócio e, assim, garantindo às partes a conclusão e execução da venda. Esse 
sistema faz muito sentido se pensarmos na questão cambial entre os países. 
 
 
Art. 529. Na venda sobre documentos, a 
tradição da coisa é substituída pela entrega do seu 
título representativo e dos outros documentos 
exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos 
usos. 
Parágrafo único. Achando-se a documentação 
em ordem, não pode o comprador recusar o 
pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou 
do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já 
houver sido comprovado. 
Art. 530. Não havendo estipulação em 
contrário, o pagamento deve ser efetuado na data 
e no lugar da entrega dos documentos. 
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao 
comprador figurar apólice de seguro que cubra os 
riscos do transporte, correm estes à conta do 
comprador, salvo se, ao ser concluído o contrato, 
tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da 
coisa. 
Art. 532. Estipulado o pagamento por 
intermédio de estabelecimento bancário, caberá a 
este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, 
sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela 
qual não responde. 
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a 
recusa do estabelecimento bancário a efetuar o 
pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, 
diretamente do comprador. 
 
 
 
10 
 
Vendas sobre cláusulas de transporte e seguro 
 
Quanto às vendas especiais, citam-se ainda as qualificadas em relação ao local de entrega e às 
despesas, nomeadamente, de transporte e seguro. 
 
 
Tais cláusulas operam efeitos, sobretudo, mediante concertação entre os interessados, que as 
inserem nos contratos celebrados, submetendo-os condicionalmente as regras expostas. Exemplo 
de cláusulas incoterms3: 
 
 Cláusula CIF - cost, insurance and freight – despesas por conta do vendedor, inclusão no 
custo total; 
 Cláusula FOB – free on board – entrega deve ser efetuada a bordo do navio, cabendo ao 
comprado frete e seguro. 
 Cláusula C&F – cost and fright – vendedor arca com despesas de transporte e comprador 
com as de seguro. 
 Cláusula FAS – free alongside ship – entrega se efetua no porto de embarque, cumprindo 
ao comprador despesas de embarque, transporte e seguro; 
 Cláusula FOT – free on train – incumbe ao vendedor colocar a mercadoria no vagão do 
trem. 
 
 
Vendas complexas 
 
Tal combinação gera o nascimento de negocio jurídico distinto; em que a venda se agregam a 
prestação de serviços, o fornecimento de informações, a entrega sucessiva do bem, manutenção 
dos estoques e outras obrigações. 
 
O elemento desencadeador de categoria é a alienação de bens, compreendendo ou não 
fornecimento de serviços ou mão de obra e de produtos, acompanhada de diferentes itens, bem 
como reposição de fornecimento; garantias; inserção, ou não, de exclusividade; observância de 
tabela de preços; fixação de prazos para pagamento. 
 
Reportam-se às regras gerais de teoria contratual, tendo como referencial mais próximo do regime 
de compra e venda, em função do núcleo obrigacional de fundo. 
 
 
Contrato de Fornecimento 
 
Agregam-se outros interesses e obrigações à compra e venda. Há continuidade na obrigação de 
entregar, com execução repetida da prestação do fornecedor, que entrega o objeto com 
determinada periodicidade, transferindo a respectiva propriedade, com ou sem fruição do serivço. 
O preço é pago adiantado a cada entrega, conforme convenção, mas sempre em função dos 
produtos alienados. 
 
 
3 Camara de comércio internacional. ? 
11 
 
Comporta cláusula de exclusividade – muito importante no caso de fornecimento de know how e 
tecnologia. Requer aviso prévio com antecedência compatível para a cessação do vínculo. 
 
É importante lembrar que há diversas normas que regulam fornecimento de direitos de 
propriedade intelectual, pois o Estado possui grande interesse na regulação desses. O órgão que 
cuida disso é o INPI. 
 
Venda Internacional 
Obs. Trecho ministrado na aula de 24/3. 
 
Carta de Crédito – instrumento desenvolvido no mediterrâneo, na época Medieval. Com 
autorização do banco do vendedor (exportador), o banco do comprador (importador) transfere 
um crédito em nome do vendedor para o banco do vendedor. Feito isso, a documentação do 
vendedor é expedida, pelo banco do vendedor, para o banco do comprador. A partir daí, o 
vendedor pode emitir uma letra de câmbio e receber o pagamento. 
 
 
 
A figura do banco é necessária. Os bancos não servem somente como avalistas; pela 
complexidade, há normas do Banco Central que exigem que bancos participem dessas operações 
visando regular transações de câmbio. Nacionalmente, as partes de um mesmo país também 
podem utilizar a carta de crédito, visando regular financeiramente a operação4 
 
Os problemasna entrega da coisa normalmente são assumidos pelo comprador, causando certo 
desconforto a primeiro momento. No entanto, esses contratos possuem diversas garantias, como 
de seguro, pois é uma alienação com interesses além da própria tradição – como, por exemplo, a 
conquista de mercado pelo exportador. 
 
Devemos lembrar mais uma vez que não estamos diante de relações Caio-Tício. Há a existência de 
uma parceria, com duração indeterminada, ou seja, o vendedor tem muito interesse em minimizar 
os riscos da entrega, pois isso pode gerar novos negócios e mercados para si. 
 
A documentação substitui o ato de entrega da coisa (tradição ficta). 
 
 
 
 
 
 
4 CC, Art. 532: Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a este efetuá-lo 
contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não responde. 
 Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efetuar o pagamento, 
poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador. 
Carta de Crédito
BANCO 1 BANCO 2
Documentação
COMPRADOR Título de Crédito VENDEDOR
(importador) (exportador)
12 
 
 
 
AULA 5 
24 de março 
 
 
Embora a aula pareça curta, o professor passou o maior tempo da aula retomando temas da aula 
anterior. Assim, complementou-se as anotações de aulas anteriores. 
 
 
Contratos Interempresariais 
 
As empresas que costumamos falar nesse curso são típicas produtoras de bens. Porém, muitas 
dessas empresas oferecem outros serviços e ou negócios além de seus bens. A empresa busca, 
assim, uma especialização, visando tornar-se competitiva. 
 
Um valor importante para as empresas é a informação. A empresa precisa diminuir ao máximo o 
risco de suas operações através do máximo de informações acerca do mercado, consumidores e 
clientes. Essas informações tem um custo – gerando um dilema: internalizar essas informações e 
custos ou buscar no mercado essas informações – através de outras empresas e plataformas 
especialistas, que oferecem informações e soluções visando o melhor atendimento às demandas 
das empresas. 
 
Essas formas empresariais disponíveis no mercado se interpõe entre o produtor e o consumidor 
final, traduzindo-se juridicamente em contratos como agência, representação, distribuição, 
mandato, concessão e comissão. 
 
 
 
 
 
 
No esquema temos o produtor A que vende seus produtos ao consumidor final C através de 
intermediários – B e D. Houve a especialização do um serviço – vendas -, pois A não possui as 
informações de mercado necessárias para o sucesso nas vendas, a passo que B e D especializaram-
se nisso. 
 
 
AULA 6 
7 de abril 
 
Contrato de Representação Mercantil Autônoma 
 
B
A C
D
13 
 
 
CAPÍTULO XII 
Da Agência e Distribuição 
Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em 
caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação 
de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização 
de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a 
distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser 
negociada. 
Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao 
agente para que este o represente na conclusão dos contratos. 
Art. 711. Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao 
mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica 
incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de nela tratar 
de negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes. 
Art. 712. O agente, no desempenho que lhe foi cometido, deve 
agir com toda diligência, atendo-se às instruções recebidas do 
proponente. 
Art. 713. Salvo estipulação diversa, todas as despesas com a 
agência ou distribuição correm a cargo do agente ou distribuidor. 
Art. 714. Salvo ajuste, o agente ou distribuidor terá direito à 
remuneração correspondente aos negócios concluídos dentro de 
sua zona, ainda que sem a sua interferência. 
Art. 715. O agente ou distribuidor tem direito à indenização se 
o proponente, sem justa causa, cessar o atendimento das 
propostas ou reduzi-lo tanto que se torna antieconômica a 
continuação do contrato. 
Art. 716. A remuneração será devida ao agente também 
quando o negócio deixar de ser realizado por fato imputável ao 
proponente. 
Art. 717. Ainda que dispensado por justa causa, terá o agente 
direito a ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao 
proponente, sem embargo de haver este perdas e danos pelos 
prejuízos sofridos. 
Art. 718. Se a dispensa se der sem culpa do agente, terá ele 
direito à remuneração até então devida, inclusive sobre os 
negócios pendentes, além das indenizações previstas em lei 
especial. 
Art. 719. Se o agente não puder continuar o trabalho por 
motivo de força maior, terá direito à remuneração correspondente 
aos serviços realizados, cabendo esse direito aos herdeiros no caso 
de morte. 
Art. 720. Se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer 
das partes poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de noventa 
14 
 
dias, desde que transcorrido prazo compatível com a natureza e o 
vulto do investimento exigido do agente. 
Parágrafo único. No caso de divergência entre as partes, o juiz 
decidirá da razoabilidade do prazo e do valor devido. 
Art. 721. Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no 
que couber, as regras concernentes ao mandato e à comissão e as 
constantes de lei especial. 
 
 
Ajuste através do qual uma das partes (representantes), em favor e por conta da outra 
(representado) colhe e encaminha pedidos, realizando-se a posteriori o negócio jurídico entre os 
interessados. Constitui contrato de intermediação entre os interessados (recepção de clientela 
pelo representante para posterior efetivação da venda pelo representado). 
 
O representante não negocia, apenas faz intermediação, aproximação entre as partes do negócio, 
sendo uma prestação de serviço. Diferentemente age o comissário, que negocia em nome 
próprio, assumindo todos os riscos desse ajuste, por conta de outrem, em que sempre há o 
elemento de compra e venda. Também difere do contrato de mandato, quando este age em conta 
e nome de outrem estritamente conforme a sua procuração. 
 
O produtor escoa seus produtos através do contrato de representação – essa atuação do 
distribuidor pode significar ou não uma compra e venda. Para o prof. Bittar, a distribuição 
pressupõe uma compra e venda; para a prof. Paula Forgioni, a compra e venda pode ocorrer, mas 
essa não é a natureza do contrato. 
 
O fato da distribuição relacionar-se com a res não pressupõe que o distribuidor possua a res. 
Assim, podemos entender como um contrato de logística, em que o único objetivo seja o 
escoamento da produção. 
 
 
Contratos de Concessão 
 
Surgiu com a demanda da indústria automobilística de escoar sua produção, através das 
concessionárias, criando um verdadeiro sistema privado de concessão. Nesse contrato, o produtor 
negocia e ajusta com empresas comerciais, autônomas, a atuação destas, com exclusividade, na 
colocação/escoamento dos seus produtos acabados no mercado. Nesse sistema, o modus 
operandi é sempre definido pelo concedente, ''controlando'' o concessionário. 
 
O produtor confere a concessão de vendas mediante imposição prévia das condições, 
compreendendo a própria estruturação do negócio. Há integração, mas sempre de empresas 
juridicamente independentes. 
 
Interessante notar que sempre imaginamos o controle de determinada empresa por outra através 
de mecanismos societários. No caso da concessão/franquia, estamos falando de um controle por 
via contratual, mecanismos externos às estruturas societárias. 
 
15 
 
Esses contratos são quase sempre de adesão, pois as montadoras, no caso específico, acabam 
impondo às concessionárias suas regras e modelagem comercial. Há, claro, exceções: ex. Produtor 
X Grupo Pão de Açúcar. 
 
É um contrato de colaboração,complexo, que envolve grande fidelidade entre as partes, 
pressupondo exclusividade, parceria, cooperação, supervisão geral do concedente, licença de uso 
de marca (quase sempre). 
 
Trata-se de um contrato bilateral, oneroso e cumulativo, com prazo indeterminado (ou 
determinado com mínimo de 5 anos), de execução contínua e intuito persona. 
 
Ao concessionário, é garantido o fornecimento de produtos, conforme as cotas definidas em 
contrato. 
 
A remuneração do concessionário é a diferença dos preços de tabela na venda dos produtos. 
 
 
Contrato de Franquia 
 
Principal lei: 8.955/94. 
 
O elemento central desse contrato são os direitos de propriedade intelectual – afinal, aproveita-se 
a notoriedade, potencial e expressão da marca do franqueador. Diferencia-se da concessão no fato 
de que, embora haja em ambos a supervisão, as obrigações são muito mais rígidas na franquia, já 
que até mesmo o ponto é definido pelo franqueador – controle enorme. O franqueado beneficia-
se da experiência comercial e estrutura de negócios do franqueador. 
 
O franqueador é remunerado por royalties pelos direitos de propriedade intelectual e percentual 
sobre o faturamento. 
 
O contrato de franquia pode envolver também licensing e merchandising. 
 
O franqueador fornece toda orientação mercadológica, além de assistência 
comercial/técnica/financeira. 
 
A prof. Vera Helena classifica as franquias em algumas espécies: 
 Franquia de produção: franqueador é industrial que ambiciona criar mercado mais ágil 
para seus produtos, delegando sua comercialização a uma rede de franqueadores 
conhecidos do público mediante o mesmo título do estabelecimento. Ex. Vila Romana. 
 Franquia de distribuição: atacadista adquire bens de terceiros fornecedores e repassa ao 
franqueado para sua comercialização. Ex. Postos de gasolina. 
 Franquia de serviços: objeto da oferta são determinados serviços, conhecidos do público 
e que contam com assistência técnica do franqueador. Ex. Escolas de idioma. 
 Franquia Industrial: franqueador é o fabricante, cedendo produtos, direito de uso de 
marca, transferindo tecnologia (know-how) e estratégia de distribuição. Ex. Coca-Cola. 
 
O prof. Bittar faz uma classificação diversa, mais simples: 
16 
 
 Franquia de Produto – compreende uso da marca e mecanismos de fabricação, sem 
limites territoriais; 
 Franquia de Negócios – contempla todas técnicas desenvolvidas para operacionalização 
da atividade, além dos sinais distintivo,s mas com definição territorial. 
 
 
AULA 7 
14 de abril 
 
COMPLETAR TABELA DE DIFERENÇAS E EXPLICAR REPRESENTAÇÃO X AGENCIA, 
 
A prova será dia 12 de maio. 
 
 
Introdução a Aula 
 
Jurisprudência para estudo: TJ/SP Apelação 122.337-4/2. Nessa jurisprudência, temos o apelante a 
Brahma, e uma revendedora como apelada. A revendedora possui autonomia e identificação 
comercial própria. 
 
 
Vamos refletir um pouco sobre os contratos que vimos nas últimas aulas. 
 
Vejam o gráfico: 
 
 
A palavra controle pode ser incomoda para alguns, visto que são empresas autônomas. No 
entanto, parece estar ser a palavra mais apropriada, visto que não há somente fiscalização, mas 
também regras contratuais a seguir que assemelham muito a ideia de um controle. Por exemplo, 
numa franquia do Mc Donalds, podemos perceber uma influência tão grande da marca 
franqueadora que sempre imaginamos estar no próprio Mc Donalds, e não numa empresa 
autônoma – trata-se da identificação comercial. 
 
Nesse campo, temos que ter ideia de que a força da marca cresce conforme o vetor do gráfico. A 
marca representa nada ou muito pouco na identificação comercial numa hipótese de contrato de 
distribuição; mas possui grande força, hegemônica, no contrato de franquia. Essa ideia é basilar 
em nosso curso. 
 
Visto isso, falaremos hoje de dois outros contratos: os contratos de comissão e contratos de 
consignação. 
Relação Contratual
A B
Contrato de `Contrato de Contrato de 
Distribuição Concessão Franquia
maior controle de A sobre B
17 
 
 
 
Contrato de Comissão 
 
Incumbência referente a negócios mercantis outorgada pelo comitente a empresario do setor para 
agir, em seu próprio nome, por conta do outorgante. 
 
Trata-se de um contrato bilateral, comutativo, oneroso, consensual,.intuitu personae, 
normalmente de duração indeterminada. 
No contrato de comissão5 - típico contrato intuita persona -, a propriedade da coisa nunca fica 
com o comissário, que fará a venda da coisa em seu nome, e não do comitente. Basicamente, O 
comissário alienará algo em seu nome, sobre sua responsabilidade, porém sem ter sua 
propriedade. Por essa operação, ele recebe uma comissão, que é sua remuneração. 
 
 
Importante destacar isso: o comissário vende em nome próprio, não possuindo mandato para 
negociar em nome do comitente. O terceiro, a quem o comissário vende a coisa, não possui 
qualquer ação ou relação com o comitente. É uma relação jurídica interna, contrariamente ao 
mandato – em que há duas relações jurídicas (B relaciona-se com C em nome de A). 
 
No caso de vício da coisa, C tem ação contra B, que possui regresso contra A. Afinal, para C, a 
figura de A nem existe na relação jurídica entre eles. C, assim, não possui nenhuma ação contra o 
comitente A, pois as obrigações são assumidas diretamente pelo comissário B, que com eles 
contrata. 
 
 
5 Definição do curso de Contratos Jurídicos da GV: ''A comissão é um contrato de colaboração 
empresarial, mas ao contrário do mandato, o comissário não representa, nos negócios que pratica, o 
comitente. O comissário adquire ou vende bens à conta do comitente, mas contrata em nome próprio, e não 
em nome da empresa a que presta colaboração (art. 693). A comissão, na linguagem antiga do Código 
Comercial, seria um mandato sem representação. Isto porque o mandato mercantil implica necessariamente a 
representação para realizar negócios comerciais em nome do mandante, enquanto o comissário não age em 
nome, e sim por conta do comitente. Com o outro contratante (isto é, o comprador), quem se vincula é o 
comissário e não o comitente. 
 A presença do comissário cria uma certa barreira entre o comitente e os terceiros que negociam com 
o comissário, em função do encargo contratual. O comissário, garantindo o anonimato para o comitente, 
confere-lhe maior segurança, porque só o comissionário trava relações jurídicas com os clientes, evitando ao 
principal interessado nas operações suportar ações da parte da clientela. O agente comercial, por sua vez, não 
aparece no negócio que ele agenciou e que fnalmente será concretizado diretamente pelo preponente. Como 
ressalta RUBENS REQUIÃO, “o representante comercial, agindo em nome e no interesse do representado, 
não é atingido pelos atos que pratica, dentro dos poderes que recebeu. 
 Na comissão mercantil, o comissário age em seu próprio nome, sendo em face do terceiro o 
responsável pelo ato praticado, muito embora o tenha realizado por conta e no interesse do comitente”. Na 
agência, portanto, o único responsável perante o cliente é o comitente. Os produtos do comitente são postos à 
disposição do comissário, por meio de uma consignação, que o credencia a vendê-los aos consumidores em 
nome próprio. Perante estes, o vendedor é o comissário e não o comitente. No contrato de agência, o 
vendedor é sempre o preponente, ainda que se confram poderes ao agente para concluir e executar a venda. A 
atuação é de um representante (mandatário) do vendedor, e não de um vendedor propriamente dito.'' 
A B
 C
18 
 
Assim, podemos falar que inexiste na comissão a figura da representação, assumindo o comissário 
responsabilidades pessoais com terceiros com os quais contrata (pode-se falar, até, de um 
mandato sem representação) 
 
Essa relação distingue-se dos contratos de consumo, em que o consumidor pode entrar com ação 
contra o vendedor ou contrao fornecedor. 
CAPÍTULO XI 
Da Comissão 
Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a 
aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu 
próprio nome, à conta do comitente. 
Art. 694. O comissário fica diretamente obrigado para 
com as pessoas com quem contratar, sem que estas 
tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, 
salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das 
partes. 
 
Art. 695. O comissário é obrigado a agir de 
conformidade com as ordens e instruções do comitente, 
devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, 
proceder segundo os usos em casos semelhantes. 
Parágrafo único. Ter-se-ão por justificados os atos do 
comissário, se deles houver resultado vantagem para o 
comitente, e ainda no caso em que, não admitindo demora 
a realização do negócio, o comissário agiu de acordo com 
os usos. 
 
Art. 696. No desempenho das suas incumbências o 
comissário é obrigado a agir com cuidado e diligência, não 
só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda 
para lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se podia 
esperar do negócio. 
Parágrafo único. Responderá o comissário, salvo 
motivo de força maior, por qualquer prejuízo que, por ação 
ou omissão, ocasionar ao comitente. 
 
Art. 697. O comissário não responde pela insolvência 
das pessoas com quem tratar, exceto em caso de culpa e 
no do artigo seguinte. 
 
Art. 698. Se do contrato de comissão constar a 
cláusula del credere6, responderá o comissário 
 
6 Normalmente o comissário não responde pela solvabilidade de seus clientes. Pode ser de seu interesse 
assumir esse risco perante o comitente. Essa é a cláusula del credere, em que o comissário assume os 
riscos calculados do negócio, fazendo jus, dessa forma , a uma remuneração maior. Quando não há essa 
cláusula, A assume o risco da insolvência (art. 697). 
19 
 
solidariamente com as pessoas com que houver tratado 
em nome do comitente, caso em que, salvo estipulação em 
contrário, o comissário tem direito a remuneração mais 
elevada, para compensar o ônus assumido. 
 
(...) 
 
Contratos de consignação – ou contratos estimatórios 
 
 
No contrato de consignação – ou contratos estimatórios, A fornece a coisa a B. A partir do 
momento em que B faz a venda da coisa, aperfeiçoa-se a compra, e B passa a dever para A. Há, 
nesse caso, uma transferência de propriedade somente no momento da venda de B para um 
terceiro, que paga uma remuneração para A. 
 
Ou seja, a simples tradição não opera translação do domínio de A para B. Essa transferência só se 
aperfeiçoa a partir do momento em que B aliena a C. Os bens, enquanto não vendidos a terceiros, 
continuam a pertencer ao consignante, mas enquanto em poder do consignatário, incumbe a este 
a responsabilidade pela guarda e conservação dos mesmos. 
 
É um contrato unilateral (as obrigações são assumidas pelo consignatário), consensual, real, 
aleatório, e em que há alternatividade das obrigações assumidas pelo consignatário: Ao receber a 
coisa, B possui duas opções; ou pagar a coisa, conforme o valor ajustado; ou restituir a coisa. 
 
CAPÍTULO III 
Do Contrato Estimatório 
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega 
bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a 
vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se 
preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa 
consignada. 
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de 
pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua 
integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele 
não imputável. 
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de 
penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, 
enquanto não pago integralmente o preço. 
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de 
lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição. 
 
O consignatário atua em nome próprio, recebendo remuneração relativa a diferença de preço 
praticado e não percentual estabelecido. A obrigação de pagar a coisa surge apenas no término do 
prazo estipulado, em que devem ser devolvidas as mercadorias restantes, deduzidas do preço as 
parcelas referentes. 
 
20 
 
A responsabilidade pelo vício da coisa é solidária entre o consignatário e consignante. 
 
 
 
AULA 8 
28 de abril 
 
Continuação da Aula Anterior 
 
O contrato de mandato é mais antigo que o contrato de comissão. Este traz novos mecanismos, 
que aperfeiçoam esta espécie. No mandato, o mandatário deve sempre apresentar uma 
procuração, enquanto o comissário atua em nome próprio – essa figura veio para que os 
comitentes pudessem buscar mercados mais distantes, cujo controle e conhecimento não 
estivesse tão próximo. Na Idade Média/Renascentista, a figura do comissário ganhou importância, 
tendo em vista a ampliação dos mercados e as proibições de comércio por estrangeiros em certas 
praças. Buscava-se, assim, um comerciante local, que conhecesse bem a praça. 
 
O comissário atua sempre em seu nome, nunca em nome do comitente, obrigando-se 
diretamente com pessoas que contrata, sempre no interesse do comitente, justificando 
remuneração adequada. Ele aliena e também adquire bens, que não lhe pertencem – ou seja, não 
são de sua propriedade - e sim do comitente. 
 
Um importante doutrinador, J. X. Carvalho, compara o contrato de comissão com a figura 
mitológica do bicho de duas cabeças, tendo em vista a dupla relação exercida: internamente, de 
mandatário do comitente, e externamente, entre o comissário e o terceiro – este que muitas vezes 
nem sabe da existência do comitente. 
 
Na franquia, ocorre um fenômeno contrário: é o franqueado que praticamente não aparece 
perante o terceiro, que só vê o franqueador (Mc Donalds). Há uma hegemonia absoluta da marca, 
e nem há interesse do franqueado em aparecer – já que ele se aproveita da força da marca. 
 
Já o contrato de consignação possui uma interessante discussão doutrinária: a Prof. Vera Helena 
defende que, quando o consignatário B efetua a venda, ele materializa duas operações 
simultâneas: adquire de A e vende a C (revenda). Já a professora Paula Forgioni – seguida pela 
maior parte da doutrina - rechaça essa ideia, sustentando que, da mesma maneira do contrato de 
comissão, aliena-se a res de A, sendo que B não materializa a propriedade (venda). 
 
No contrato de distribuição/agência, sempre ocorre a revenda – essa é a posição esmagadora da 
doutrina. Porém, alguns poucos autores falam, com base no artigo 710, que não há essa revenda, 
já que a expressão à sua distribuição não caracteriza a propriedade. 
 
Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em 
caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação 
de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização 
de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a 
distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser 
negociada. 
 
21 
 
O que diferenciaria um contrato de concessão com um de distribuição? Na concessão, há a 
exclusividade como característica marcante e necessária, além da marca, ambas que são 
facultativas na distribuição. 
 
Lembrando sempre que mandato, comissão e consignação tem em seu núcleo a ideia de 
intermediação. 
 
Aspectos Financeiros dos contratos de comissão: a questão do crédito sempre se revelou um 
obstáculo à atividade empresarial. Em muitas situações, o comissário também acumula uma 
função financeira, viabilizando créditos para o comitente. Embora isso não seja tão comum – o 
comitente também funciona como banqueiro do comissário -, muitas vezes este adianta o crédito 
para viabilizar aquela operação – isso era muito comum quando, na Europa, havia diversas 
moedas e urgência na realização de negócios. Para o comitente, é muito importante que o 
comissário possua liquidez, para que não se percam oportunidades de negócio devido à falta de 
créditos.No contrato de comissão, os lucros das operações realizadas pertencem a A, que também é 
responsável pelos prejuízos. Por isso a necessidade de maior remuneração no caso de uma 
cláusula del credere. 
 
 
AULA 9 
5 de maio 
 
NÃO VIM

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