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DCV0411 - Direito Família - Prof. Zanetti - Separação Judicial

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Direito Civil – 26.04.2011 – William 
Separação judicial 
Aula com monitor 
O casal José e Maria era casado e não tinha filhos. Maria se apaixonou por outro e cometeu adultério. 
José requereu em juízo a separação judicial e requereu ainda que a Maria deixasse de usar seu nome, o 
indenizasse por danos morais e ainda fosse deferido provimento jurisdicional para eximi-lo de pagar 
alimentos, em virtude da culpa de Maria. Maria foi citada, apresentou contestação e reconvenção, 
argumentando que José não deveria requerer a separação judicial e em decorrência da emenda 
constitucional deveria ocorrer o divórcio direto, além do quê os outros pedidos não poderiam ser objeto 
dessa mesma ação, havendo a necessidade de propositura de ação autônoma para resolver essa questão. 
A sentença deve decidir a necessidade de decretação da separação judicial, bem como sua existência. 
Ainda deve considerar os outros pedidos, se são objeto dessa ação ou não (sem se preocupar com o mérito 
das questões relativas ao nome, culpa). 
Questão da separação judicial 
Há ainda o instituto da separação judicial? Ela cabe nessa situação? A Emenda Constitucional para todos 
os fins extinguiu o instituto da separação judicial? 
Existem três visões acerca da questão 
a. A Emenda acabou com a separação judicial; 
b. A existência da separação judicial depende do consensualismo; 
c. Nada mudou, o importante é o CC e o fato de a Emenda dispor sobre a possibilidade do divórcio 
direto, mas sem excluir o que está previsto no CC. 
A jurisprudência tem entendido que o divórcio pode ser feito de maneira direta mesmo, ou seja, o 
entendimento “c” não prevaleceu no judiciário. Cumpre esclarecer que a emenda não revogou 
expressamente a separação judicial. O monitor opina que é comum as pessoas se separarem e depois se 
reconciliarem. 
A separação judicial tem vantagens, o sujeito fica desobrigado à fidelidade, ao dever de coabitação e etc. 
Se a pessoa depois de três meses conhecer outra pessoa com a qual quer casar, ela pode simplesmente 
pedir o divórcio, sem ter que esperar o divórcio. Esse aspecto prático torna plausível assumir que ainda 
existe a separação judicial. 
Com relação ao caso prático, não há consenso entre o casal, o divórcio é litigioso e não caberia, ainda que 
assuma existente, a separação judicial. Partindo do pressuposto de que a emenda extinguiu os outros 
requisitos para requerimento do divórcio, se ela requereu o divórcio, ainda que ele tenha pedido a 
separação judicial, o pedido do divórcio deve prevalecer. 
Com relação à questão do nome, dos danos morais decorrentes do adultério, considerando-se que o 
divórcio agora é simplesmente uma declaração. Aqui entra a questão da economia processual e tudo 
deveria ser resolvido nessa ação. Pra quê entrar com uma ação pra discutir o divórcio e depois com outra 
para discutir nome, culpa... 
A controvérsia que surge é: como a EC removeu os requisitos para a parte requerer o divórcio, alguns 
autores defendem que a ação ficou “esvaziada”, todos esses elementos (culpa e tal) não são mais 
necessários para obtenção do divórcio. Portanto, a ação poderia ser apenas uma forma de protelar a 
decisão acerca do divórcio. 
Culpa 
A culpa não importa mais para se alcançar. Para alguns autores pode ser discutida depois, entre os ex-
cônjuges. 
Professor citou o exemplo de um julgado no qual o desembargador cindiu os capítulos da sentença. Em 
um ele declarou o divórcio. Em outro decidiu que as outras seriam dirimidas em procedimentos de 
liquidação. O professor criticou a saída, por considerá-la pouco técnica do ponto do processo civil. 
DIREITO DE FAMÍLIA – 03/05 – Monitor José Luiz Barreto - Gilson 
Tema da aula: UNIÃO ESTÁVEL (UE) - [a aula teve comentários do monitor + tempo para exercícios 
+ resolução dos exercícios] 
Primeiramente o monitor listou a legislação “recente” sobre o tema: CC/1916; CF/88; L. 8.971/94; 
L. 9.278/96 e CC/02, sendo que as duas leis foram ab-rogadas pelo CC/02 e não devem ser motivo de 
estudo. 
Requisitos: 
• Sexos diferentes 
[nota do escriba: a aula aconteceu um dia antes da decisão favorável do STF sobre a união 
estável entre pessoas do mesmo sexo] 
• Convivência – duradoura, contínua, pública e “animus” de constituir família 
• Ausência de impedimentos 
• Ausência de união estável 
CC/16 - Concubinato: 
• Puro – convivência; aparência de casamento; sem impedimentos (no CC/02: equivale à UE) 
• Impuro – com impedimento legal (no CC/02: equivale ao concubinato) 
CC/02 – praticamente a repetição das leis ab-rogadas 
REQUISITOS 
CC/02 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada 
na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a 
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. 
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu 
consorte. 
1) Diversidade de sexos 
 O monitor comentou que o STJ, até então, não reconhecia a união estável entre iguais (citou que há 
julgado considerando a “impossibilidade jurídica do pedido”, mas não o especificou), mas apenas a 
sociedade civil. 
2) Convivência 
 Exigem-se qualificações para se distinguir do namoro: 
• Duradoura – CC/02 não prescreve quanto tempo, mas menor que 2 anos é difícil, embora haja 
decisões considerando apenas 1 ano. 
• Contínua 
• Pública – tem que se mostrar para terceiros 
• “Animus” – intenção de constituir família 
o Intenção de “ser” agora uma família, não uma intenção futura 
o Diferente de querer apenas os efeitos jurídicos da UE 
o Co-habitação não é requisito, apenas indício do “animus” 
o Regra geral, não morar junto demonstra intenção de não constituir família 
o Ter filhos é prova significativa do “animus” 
3) Impedimentos – art. 1.723, § 1º e art. 1.521 
Quando há impedimento legal para se casar, não há UE, exceto quando o cônjuge casado estiver 
separado de fato ou judicialmente. Se não há UE por impedimento, considera-se concubinato. 
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem 
concubinato. 
Resolução dos Exercícios 
1) João e Maria, após três anos de namoro, ficam noivos e resolvem passar a morar juntos no apartamento 
de João. Antes de Maria se mudar para a casa de João, o casal celebra um “contrato de namoro”, firmado 
por duas testemunhas, no qual se estipulava que a relação dos dois era somente uma relação de namoro, 
sendo que a convivência na mesma casa não geraria os efeitos de uma união estável. O contrato ainda 
previa que, durante o tempo em que o casal vivesse junto, não haveria comunhão de bens: os bens 
adquiridos por cada um deles pertenceriam exclusivamente àquele que o adquirira. Após quatro anos de 
convivência ininterrupta, durante os quais João adquiriu em seu nome outros dois imóveis e um carro, o 
casal se separa. Maria, que está desempregada e sem condições de se sustentar, ajuíza uma ação de 
reconhecimento de União Estável cumulada com pedido de alimentos e partilha dos bens adquiridos por 
João durante o tempo em que eles viveram juntos. Pergunta: a ação deveria ser julgada procedente? 
Resp) O monitor disse que o “contrato de namoro” descaracteriza o “animus”, mas, após tanto 
tempo de convivência, será que não haveria uma revogação tácita do contrato? E o contrato não 
poderia ser umatentativa de renúncia “em bloco”? Para ele, pode-se afastar por contrato apenas o 
regime de bens, conforme o art. 1.7251 do CC/02, o resto seria irrenunciável. Portanto, o contrato 
vale apenas em relação ao regime de bens, ou seja, a ação deveria ser julgada parcialmente 
procedente (exceto quanto à partilha de bens). 
 
2) Dona Flor era casada há muito anos com o Sr. Teodoro, com quem, apesar do respeito e admiração 
mútuos, mantinha um relacionamento morno e sem paixão. Certa feita, Dona Flor conhece o charmoso 
Vadinho, por quem se apaixona e com quem imediatamente começa a ter um caso amoroso. No início do 
affair, passam a se encontrar às escondidas. A paixão dos amantes aumenta e, logo, eles passam a criar 
uma rotina fixa de encontros. Em pouco tempo, o Sr. Teodoro toma notícia de quem é o amante de sua 
companheira, do local e horários em que eles se encontram, mas, sem forças para reagir, aceita, 
resignado, aquela situação. Aos poucos, vai-se institucionalizando um hábito regular dessa vida a três, 
com alternância de semanas. Numa semana, D. Flor vivia no lar conjugal com seu marido, Teodoro, e na 
outra semana, D. Flor vivia no modesto apartamento de Vadinho. O relacionamento entre D. Flor e V. 
 
1
 Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da 
comunhão parcial de bens. 
 
estava longe de ser somente sexual: D. Flor e V. adquiriram amigos em comum, com quem viajavam e 
saíam juntos. Nas semanas que passavam juntos, os dois apresentavam-se como um verdadeiro casal em 
velórios, casamentos, festas, jantares e toda sorte de eventos sociais. Conheciam os pais um do outro e 
chegaram a passar um natal na casa da mãe de V.. De fato, era muito mais correto dizer que D. Flor tinha 
dois maridos do que dizer que ela tinha um marido e um amante. Com o passar do tempo, no entanto, V., 
como costumava acontecer com suas conquistas, perdeu o interesse em D. Flor e rompeu o 
relacionamento com ela. Dois meses depois, ao se ver sufocado por dívidas, ele ajuizou uma ação 
declaratória de reconhecimento de UE, cumulada com pedido de alimentos para ele (que era 
desempregado), bem como partilha dos bens adquiridos por D. Flor no período em que perdurou o 
relacionamento dos dois. 
a) O pleito de V. deveria ser acolhido? 
b) O resultado deveria ser diferente se, ao invés de ser casado com o T., D. Flor vivesse em UE com ele? 
c) O resultado da demanda deveria ser diferente se T. e V. morassem em cidades diferentes e se V. 
desconhecesse por completo que D. Flor era casada/convivia com T.? 
Resp) [neste momento o monitor passou a responder com alguma rapidez, por conta do adiantado 
da hora] 
a) Existe impedimento para reconhecimento da UE, pois D. Flor não era separada de fato. 
b) Segundo o STJ, não pode haver UEs concomitantes e vale a relação mais antiga. Neste caso, falta 
o requisito “ausência de união estável” 
c) Seria o caso de casamento putativo, pois haveria boa-fé de V.. Regra geral, deveria se reconhecer 
todos os efeitos. 
 c.1) Pergunta: Existe UE “putativa”? Pela doutrina sim, mas o STJ não afirma nem que existe 
nem que não existe. 
3) Após alguns anos de convivência em UE com Celeste, Palharis decide se separar e abandonar o lar de 
convívio. O motivo da separação era digno de uma peça rodrigueana: Palharis se apaixonara por 
Lurdinha, a irmã caçula de Celeste, e a paixão era correspondida: estavam mantendo um caso amoroso 
em segredo há vários meses. Palharis foi morar com Lurdinha e, um mês depois, para o amargor de 
Celeste, com quem Palharis sempre quiser permanecer em UE sem se casar, o novo casal anuncia para 
toda família, esfuziante, que oficializara sua união e acabara de contrair núpcias em uma cerimônia 
secreta, a dois. Celeste, tomada de ódio e ressentimento, ajuíza então uma ação declaratória de nulidade 
do casamento celebrado entre sua irmã e Palharis. Responda: 
a) a ação deve ser julgada procedente? 
b) se ao invés de casar com Lurdinha, Palharis houvesse se casado com a formosa viúva, D. Carminha, 
mãe de Celeste, o resultado da ação deveria ser diferente? 
Resp) [Ficou para a próxima aula.] 
Direito Civil – 06.05.2011 - William 
União Estável 
Pessoas de sexo diferentes – Derrubado pelo STF; 
Convivência contínua, duradoura e com animus de constituir família; 
Ausência de impedimento para casar – Se o casal não puder casar também não pode viver em União 
Estável, haverá então o concubinato; 
Ausência de uniões estáveis concomitantes, salvo quando há boa-fé, ou seja, união estável putativa. 
Efeitos da União Estável 
1. Criação de vínculo familiar e todos os deveres a ele inerentes (lealdade, fidelidade, etc). O mais 
importante desses deveres é o dever de pagar alimentos; 
2. Comunhão de bens. Constituída a União Estável, o casal passa a viver em regime de comunhão 
parcial de bens. 
Primeira observação: Os companheiros podem alterar o regime de bens? Sim, as partes podem, 
por meio de contrato escrito (instrumento particular) alterar o regime de bens: 
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações 
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 
Segunda observação: relativa ao exercício dado em aula: Pessoa de mais de 70 anos entra com 
uma ação para reconhecer a união estável e a partilha dos bens. Tem que ser procedente? Sim, 
com relação à união estável e aos alimentos, mas não haveria partilha por causa do art. 1641. 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: 
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; 
 
Dúvida: e se o sujeito vive em união estável até os 70 anos e depois resolve converter em 
casamento? Tudo bem, o regime de bens será o que eles escolherem. 
Terceira observação: Fausto vive em união estável com a Margarida. Ela tinha bens antes da união 
estável, adquiriu outros durante a união e os alienou sem o consentimento do Fausto. 
Há a regra no CC da outorga conjugal (no casamento). No regime de bens, a alienação de qualquer 
bem imóvel necessita outorga conjugal, ainda que tenha sido adquirido antes da união estável. No 
caso da união estável, por não haver registro público, não haverá anotação no cartório de registro 
de imóveis do fato de o sujeito ter união estável e não haverá necessidade formal de outorga 
conjugal. Na união estável, portanto, se uma das pessoas vende um bem que é seu, não há 
problema. Se o bem for adquirido na constância da união estável, cabe perdas e danos; 
 
3. União estável gera relação de parentesco, iguais às do casamento; 
4. A pessoa passa a ser herdeira da outra (monitor não entrou muito na questão porque não tivemos 
sucessões ainda). Há diferenças, porém, com relação ao casamento. A jurisprudência entende que 
o companheiro não é herdeiro necessário, pois a lei tipificou o herdeiro necessário e a 
interpretação deve ser restrita. Há várias outras regras que diferem o casamento da união estável 
quanto à herança, porém não serão comentadas. 
OBS: o companheiro é herdeiro, porém não é herdeiro necessário. 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. 
 
Existe no Código Civil, porém, o direito real de habitação prescrito pelo artigo 1831: 
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da 
participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à 
residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. 
O companheiro tem esse direito? Então, havia uma lei de 1996 que foi ab-rogada pelo CC cujos 
artigos foram todos reproduzidos pelo CC, menos o artigo do direito real de habitação. No 
entanto, o STJ entende que é possível conferir ao companheiro o direito real de habitação. 
 
5. Posso adotar crianças em união estável? Sim, isso está no ECA (art. 42). O CC não fala quase 
nada sobreadoção. Os homossexuais não podiam adotar crianças por não terem união estável. A 
tendência é que agora possam adotar também, mas ainda é algo a ser decidido. 
 
Direito de Família – 10/05/2011 – Nelise 
Aula com o Monitor 
Parentesco 
 O Livro do parentesco é meio estranho. A seção começa com a parte geral que é basicamente o 
que veremos essa semana e depois passa às regras de presunção de filiação provenientes do Direito 
Romano e que não fazem mais sentido algum hoje em dia, com o exame de DNA. Parte depois para 
adoção e poder familiar, que tem mais a ver com casamento. Depois vem reconhecimento de filhos que 
veremos na aula que vem. 
 O que é o parentesco? Em suma é uma relação jurídica, provocada pelo vínculo biológico de 
família, de descendência. Todo vínculo biológico é de descendência ou é por relações similares, que 
imitam essa relação biológica e que a Lei atribui efeitos como adoção, parentesco sócio-afetivo, 
afinidades. 
 São 4 os tipos de parentesco: 
1) Natural ou consangüíneo (mais tradicional) – gerado pelo vínculo biológico da descendência. 
2) Civil ou por Adoção 
3) Por Afinidade – gerado pelo casamento ou união estável 
4) Sócio-afetivo – veremos na aula que vem 
Estes tipos podem ser classificados ainda pelas linhas. Há dois tipos de linhas: a reta ou vertical 
(ascendentes e descendentes); e a colateral ou transversal (cujo vínculo é estabelecido por pessoas que 
descendam de ascendentes comuns seus). Por sua vez, essas linhas são divididas em graus. O grau da 
linha reta é bem fácil de contar: Meu pai é meu parente de 1° grau, meu avô de 2°, meu bisavô 3°, e assim 
por diante, ilimitadamente. Na colateral vamos até o ancestral comum e descemos até o parente. Meu 
irmão: Subo até meu pai (1), desço para ele (2), meu sobrinho: vou até meu pai (1), desço no meu irmão 
(2), e desço pro meu sobrinho (3). O limite é até o 4° grau. Depois dele não é mais parente. 
Há ainda uma classificação pouco utilizada quanto ao parentesco colateral: Pode ser dividido em 
unilateral ou bilateral dependendo do fato de o colateral ter dois ou um ancestral comum com você. 
Irmão por parte de pai: É parente colateral, de 2° grau unilateral. Tem parente colateral de 1° grau? Não é 
possível, o mínimo é de 2° grau. 
Neste momento o prof. deu alguns exercícios para serem feitos em sala. Infelizmente não tenho os 
enunciados, mas segue a discussão conforme o áudio: 
1) Quando começa o parentesco natural? Com a concepção. Você tem efeitos do parentesco 
antes do nascimento. O nascituro tem proteções. Herança é uma delas. 
Quando termina? Em vida, com a adoção. A adoção acaba com o parentesco natural. E o 
adotado vira parente civil de toda a família dos adotantes. A morte extingue o parentesco? Não porque 
temos efeitos da sucessão relacionados ao parentesco. Na verdade, esta discussão sobre a morte não é 
muito útil aqui. A pergunta foi feita para discutirmos a adoção. Quando eu viro um parente adotivo? Com 
o registro da sentença de adoção. É um processo de jurisdição voluntária. 
Quando os ascendentes herdam? Morri, não tinha mulher, nem filhos. Tenho pais e avós vivos. 
Pais herdam. 
Poder familiar não tem nada a ver com parentesco. O que acontece é que quando o pai natural 
perde o poder familiar ele está sujeito a perder o parentesco por adoção. 
2) É possível alguém ter simultaneamente parentesco civil e natural com todo mundo (não só com 
meus pais)? Ressalva-se que permanecem os impedimentos: não posso me casar com minha irmã, p.ex. 
Mas tem alguma situação em que eu posso continuar a ter o parentesco natural e o civil, segundo o 
ECA? A única ocasião é quando uma pessoa casa e o cônjuge ou companheiro adota o filho do outro. Ou 
seja, meu padrasto me adota e eu viro parente civil dele, mas minha mãe continua sendo minha 
parenta. Terei um tronco da família natural e outro adotivo, parentesco misto. 
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive 
sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. 
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o 
adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. 
E quando uma tia adota a criança? O prof. não tinha certeza da resposta, mas ele acha que o 
parentesco natural é extinto e nasce o civil, reconfigurando as relações. P. ex.: Meu primo vira meu 
irmão. 
3) Quando começa o parentesco por afinidade? Com o casamento ou união estável. Quando 
termina? Com o divórcio (sentença desconstitutiva) ou separação de fato, no caso da união estável 
(sentença declaratória). Termina o parentesco para todo mundo? Não. Qual o único parente que 
permanece para sempre? Sogras ou enteados. Na linha reta, os por afinidade permanecem. Os 
colaterais não. 
Quais os efeitos civis importantes do parentesco natural? Alimentos, sucessões, legitimidade. 
Para quê? Vejam o art. 12 do CC: 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e 
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o 
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
O morto tem direitos de personalidade. Mas quem tem legitimidade para defender estes direitos? Os 
parentes. 
Mas tem um caso de legitimidade mais importante ainda que não está no Código: Legitimidade para 
pedir danos morais. Se alguém morre culposamente, quem tem direito à indenização? A jurisprudência 
não é consolidada a respeito, mas sabemos que o parentesco tem algo a ver com isso. Dependentes do 
morto podem pedir alimentos para o que matou. Danos morais não são só para dependentes. Minha mãe 
não é dependente e pode pedir. 
Outro efeito: Tutela. Pais são incapazes de exercer o poder familiar sobre os filhos e têm que indicar 
alguém. Se não indicam, a lei cria uma ordem de quem exercerá a tutela do menor, em que o parentesco é 
importante. 
Outro efeito civil é o poder familiar. Inclusive direito de visita. E por fim, impedimentos 
matrimoniais. 
Tem outros efeitos em outras áreas do direito também, como em direito penal. 
Quais são os efeitos do parentesco por afinidade na esfera civil? Impedimento por linha reta. 
Alimentos? Não. Efeitos sucessórios? Não. Legitimidade para defender os direitos de personalidade do 
morto? Não. Tutela? Tem uma regra que diz que o sujeito que não é parente pode se escusar... Poder 
familiar? Não. Só tem os impedimentos. Não é mais fácil então dizer que não pode casar com a sogra e 
ponto final? Não, porque isso é só na esfera civil. Os efeitos se dão mais naquelas situações em que 
alguém é parcial, que está impedido de realizar um ato por ser parente. P. ex., na esfera eleitoral: você não 
pode contratar alguém para trabalhar no seu gabinete por ser parente por afinidade. Este também não pode 
testemunhar em processo criminal porque é considerado suspeito. Aqui você quer proteger terceiros e não 
o núcleo familiar. 
Os efeitos do parentesco por adoção são todos os efeitos do natural. Os filhos adotivos têm todos 
os direitos dos filhos naturais. O único efeito a mais, então, é distinguir o parentesco natural. 
 
Direito de Família - 13/05/2011 - Tairo 
− Tema da aula: Relações de Parentesco 
 
 Antes de explicar o parentesco socioafetivo, primeiro ponto da aula, o professor fez um resumo 
rápido das outras formas de parentesco, vistas nas aulas anteriores: 
 
 1- Parentesco Natural: começa com o nascimento, e, importante, não acaba com a morte. Se meu 
neto nasce depois de minha morte, ele terá vínculo de parentesco comigo. Isso é importante para a 
proteção de determinados direitos relativos à personalidade, por exemplo. 
 Importante: a única situação na qual acaba o direito de parentesco natural é a adoção. Quando 
alguém é adotado, ganha uma nova família, e todos os seusantigos parentes não são mais seus parentes. 
O único efeito que permanece com relação à antiga família, na adoção, são os impedimentos 
matrimoniais (o adotado não pode casar com sua mãe biológica, entre outros impedimentos). 
 A adoção, por sua vez só termina com uma nova adoção. As consequências da morte são as 
mesmas da relação natural, não extinguem o vínculo de parentesco. 
 
 2- Parentesco por Afinidade: começa com o casamento ou união estável, e termina com o 
divórcio ou com a dissolução da união estável. Tem poucos efeitos na esfera civil, praticamente apenas 
para a previsão de impedimentos matrimoniais. 
 Se o parentesco por afinidade possui tão poucos efeitos na esfera civil, por que ele existe? Não 
seria mais simples prever que não se pode casar com a sogra, por exemplo, ao invés de criar uma relação 
de parentesco só para isso, se fosse esse o único propósito? Na realidade, grande parte das regras que se 
usam do parentesco por afinidade não são de direito civil, mas de direito público. São regras que têm 
fundamento na possível parcialidade desses parentes, por causa do parentesco por afinidade, e que 
preveem restrições para eles (regras de direito administrativo, eleitoral, processual etc). Meus parentes 
por afinidade não podem testemunhar por mim, por exemplo. 
 
 3- Parentesco Civil (adotivo): é o parentesco por adoção. Tem os mesmos efeitos do parentesco 
natural, com um adicional: a extinção do parentesco anterior. 
 
 4- Parentesco Socioafetivo: é o mais “estranhão” entre todas as formas de parentesco, mas, 
mesmo assim, aparece muitas vezes nos tribunais. A doutrina e a jurisprudência não deram um desenho 
dogmático muito claro para ele. A palavra “socioafetivo” sequer está no Código Civil. 
 A discussão sobre essa forma de parentesco surgiu a partir da alteração do art. 1.593 frente ao CC 
de 1916. São os dois textos abaixo: 
 
Código de 1916: O parentesco é legítimo, ou ilegítimo, segundo procede, ou não de casamento; 
natural, ou civil, conforme resultar de consanguinidade, ou adoção. 
 
Código de 2002: Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade 
ou outra origem. 
 
 O CC de 1916 previa como única hipótese para o parentesco civil a adoção. O código atual, por 
sua vez, alterou a redação do artigo, prevendo para o parentesco civil o termo outra origem. A partir 
disso, a doutrina passou a entender que era possível o estabelecimento de outros tipos de parentesco 
civil que não o por adoção. Porém, não se verificou uma preocupação real da doutrina em fixar os 
contornos do novo tipo de parentesco, como os seus pressupostos, quando surge, quando cessa etc. Isso é 
ainda um pouco nebuloso. 
 
 Qual o requisito para verificarmos o parentesco socioafetivo, qual a sua origem? 
 Apesar do nome, não é a existência de afeição ou algo parecido. Na opinião do professor, o 
requisito é a posse do estado de filiação. Ou seja, é o reconhecimento de alguém que não é filho, nem 
adotado, mas que vive como se fosse filho, foi criado como se fosse filho – é uma situação de fato. 
 (O professor fez algumas observações sobre o porquê de ser uma “posse” do estado de filiação. 
Disse que no direito é muito comum estendermos parte dos efeitos da propriedade a quem apenas possui a 
posse da coisa. Seria uma relação parecida, em que se estendem parte dos efeitos das relações de 
parentesco natural e civil ao parentesco socioafetivo, pois o filho teria uma “posse” da condição de filho, 
e não a “propriedade” da mesma). 
 
 E quais são os pressupostos dessa posse do estado de filiação? 
 - O primeiro deles é que ela deve ser pública, ou seja, deve ser público que a pessoa viva ou tenha 
sido criada como filha. 
 - Além disso, a relação precisa também ser duradoura. O professor citou os casos de pessoas que, 
depois de viverem um tempo com seus supostos filhos, descobrem que não existe parentesco 
consanguíneo entre eles, e os abandona. O Estado não pode reconhecer, nesse caso, a existência de um 
parentesco socioafetivo. 
 - Por último, o estado de filiação dever ser contínuo, e deve haver um animus filiandi. Em outras 
palavras, deve existir a intenção de constituir a relação de parentesco, e o filho por parentesco 
socioafetivo deve ser tratado de fato como filho. Aquele que não é tratado como filho não está na 
posse do estado de filho. Quanto ao animus, a questão não é querer ter os efeitos jurídicos decorrentes do 
parentesco, a pessoa pode até desconhecê-los. O importante é que ela queira reconhecer no filho uma 
unidade familiar, queria tratá-lo enquanto filho. 
 
 Quando começa o parentesco socioafetivo? 
 Não é necessária uma sentença para a constituição do parentesco socioafetivo. Ele é decorrente de 
uma situação de fato, não precisa de uma sentença que o constitua, como acontece na adoção, por 
exemplo. O máximo que uma sentença faria seria uma declaração da existência da relação de parentesco 
socioafetivo. Porém, mesmo sem uma sentença declaratória, posso pleitear em juízo os efeitos da relação 
socioafetiva que existe de fato: em um inventário, o filho de parentesco socioafetivo pode já pedir parte 
dos bens na condição de filho. Não é necessário entrar antes com uma ação que declare a existência do 
parentesco socioafetivo, para depois, em outra ação, pleitear os direitos próprios dessa relação. 
 O parentesco socioafetivo começa, portanto, com o início da posse do estado de filiação. 
 
 Quando acaba o parentesco socioafetivo? 
 O professor colocou para a sala uma pergunta: com a extinção da posse do estado de filiação, 
termina também a relação de parentesco socioafetivo? Na opinião dele, não, o parentesco continua 
existindo mesmo com o fim da posse. Uma vez que se consolidou a posse do estado de filiação e o 
parentesco socioafetivo, ele não se dissipa mais, da mesma forma que acontece nas outas formas de 
parentesco. Porém, não há jurisprudência ou doutrina sobre o assunto. 
 
 - Foi feita uma pergunta para o professor sobre o caso de alguém manter um filho em relação 
socioafetiva imaginando que o mesmo seja seu filho biológico. O professor defendeu a posição de que 
não é relevante para o estabelecimento da relação de parentesco o conhecimento dessa condição de fato. 
Esse tipo de conhecimento é válido para anular negócios jurídicos, pois o sujeito não completaria o 
negócio se soubesse de determinado fato. Ou seja, uma questão que seria atinente à validade do negócio 
jurídico. Na opinião do professor, não é possível falar em validade em relações de parentesco. 
 - Outra pergunta: é possível cumular o parentesco socioafetivo com o natural? Para o professor, a 
relação de parentesco socioafetiva extingue a relação de parentesco natural anterior, assim como acontece 
na adoção. Há inclusive jurisprudência no Rio Grande do Sul a qual diz que é possível que o filho escolha 
em qual relação de parentesco quer permanecer. De qualquer forma, com a existência do pai biológico, é 
muito improvável a existência de uma relação de posse do estado de filiação e de parentesco socioafetivo. 
 
 Efeitos do parentesco socioafetivo: 
 Tem todos os efeitos do parentesco natural. Na opinião do professor, porém, os efeitos devem ser 
interpretados de forma mais restritiva, já que se baseiam numa situação de fato. Os efeitos do parentesco 
poderiam ser reconhecidos contra os pais, por exemplo, mas não contra os avós. 
 
 Qual o tipo de parentesco socioafetivo mais comum que existe? É a chamada adoção à brasileira: 
pai ausente, mãe em novo casamento registra o filho como filho também do novo marido. É uma fraude, 
em tese até um crime (falsidade ideológica). Há quem argumente que não é possível a alteração do 
reconhecimento do filho nesse caso, pois ele é irrevogável (art. 1.610 do CC). Porém, o que está em 
questão não é a revogação do reconhecimento (a revogação é uma manifestação de vontade contrária à 
anteriormente dada), mas sim uma declaração de vontade nula. 
Direito de Família – 20.05.11 – William 
Adoção 
• Escopo históricoNa vigência do CC16 o escopo principal não era proteger o adotado, mas sim dar filhos a quem não tinha, 
ou seja, era a preservação da continuidade familiar (a herança também). A adoção prolongava a vida 
familiar, tanto que só poderia adotar aquele que contasse com mais de 50 anos e não tivesse filho(s) 
natural(is). 
Hoje, o objetivo principal é a proteção da criança (do adotado). Toda legislação sobre o tema tem como 
fundamento a preservação deste objetivo (art.43 do ECA). Só pode haver adoção se houver benefício para 
o adotado. 
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos 
legítimos. 
Cadastro Nacional de Adoção 
Criado em 2008, é uma ideia muito boa, embora não implantada totalmente. Criou-se uma lista nacional 
dos interessados em adotar, o que cria uma facilitação para as compatibilidades. A média de adoções é de 
aproximadamente três por dia e o número de interessados é bem superior ao dos adotandos. Esta 
superação (a princípio incoerente) se dá em função das preferências impostas por aqueles que querem 
adotar (em geral, brancas, novas – bebês –, sem doenças e etc.). 
• Disciplina 
Fundamentalmente, o regramento é o ECA, para os menores de 18 anos; e para os maiores, no que 
couber. 
• Pressupostos (com enfoque no direito privado): 
- Excepcionalidade: para garantir toda a proteção e afins à criança adotanda, a adoção funciona como a 
última instância (o último recurso) para tais objetivos. Quer dizer, deve ocorrer o esgotamento dos 
recursos de manutenção do adotado na família natural ou ampliada para, somente após este esgotamento, 
recorrer-se da adoção. 
- Idade: adotante deve ser maior de 18 anos e precisa ser pelo menos 16 anos mais velho que o adotado. 
- Consentimento: evidentemente que além do adotante deve haver o consentimento: (i) dos adotandos, 
quando maiores de 12 anos; e (ii) dos pais naturais ou representantes legais, salvo se o poder familiar tiver 
sido extinto. 
- Processo Judicial: é necessário sentença, sendo que para os menores de 18 anos ocorre na Vara da 
Infância e Juventude e, para os maiores de 18 anos, na Vara da Família. O pressuposto do processo 
judicial se justifica para (i) evitar a fraude; e (ii) para garantir que o adotado vá para uma família que 
tenha condições de criar o adotado. Justamente para isto, durante o processo judicial diversas visitas à 
família e vários acompanhamentos (inclusive com psicólogos) são feitos antes da prolação de sentença. 
- Benefício EFETIVO: fundamentalmente, o que vai se buscar é se o adotado se deu bem com a família e 
se a família é estável. Assim, a adoção deve ser fundada em motivos legítimos, e da adoção deve decorrer 
vantagens reais (ao adotado). 
• Efeitos da Adoção (Eficácia) 
- Vínculo: é a consequência principal, extinguindo-se o vínculo com a família anterior e formando-se um 
novo vínculo com a família nova (adotiva). A legislação é inteligente neste particular, pois o Registro 
Civil é feito novamente e aquele que o verifica observa o vínculo com a família atual. Todavia, continua a 
permanência dos impedimentos matrimoniais (os dados do Registro são acessíveis no momento do 
matrimônio, somente neste momento). 
- Pessoais: surgimento do parentesco com toda a família; transferência/surgimento do poder familiar; e o 
adotado receberá o nome (ou do pai ou da mãe). Uma particularidade é a possibilidade da alteração do 
prenome da criança (tanto por vontade dos adotantes como do adotado). 
- Patrimoniais: sucessão; alimentos (pais devem alimentos para os filhos, bem como o inverso); e pais 
têm usufruto dos filhos, inclusive os adotados. 
- Termo inicial: é o trânsito em julgado da sentença que concede a adoção. 
Direito Civil (Família) – 24.05.2011 – William 
Alimentos 
A tradição do direito brasileiro é que o varão paga os alimentos, mas nem sempre é assim. A ação de 
alimentos é a ação mais comum no Tribunal de Justiça de São Paulo. 
Prestação de alimentos tem por escopo satisfazer as necessidades de quem não pode fazê-lo por si só. 
Existem várias categorias de alimentos, podemos determina-las de acordo com alguns critérios: 
Quanto à extensão, existem os alimentos civis e os alimentos naturais. O exemplo usado pelo professor 
de alimento civil foram as “aulas de piano do Júnior”. 
Quanto à fonte, podem ser: 
• -Legítimos: parentesco, matrimônio e união estável 
• -Voluntário: contrato e testamento 
• Ressarcitórios: casos legais, por exemplo: homicídio. O sujeito que mata um pai de família passa a 
ter a necessidade legal de prover alimentos. 
Quanto à finalidade: 
• definitivos: acordo homologado judicialmente ou sentença 
• provisórios: fixados na ação de alimentos (não é plausível fazer com que o alimentado espere pelo 
trânsito em julgado para receber os alimentos) 
• provisionais: também são provisórios, o que causa muita confusão doutrinária e jurisprudencial. 
São fixados em ação cautelar, a hipótese mais comum é a ação de paternidade, durante a qual 
devem ser pagos os alimentos ainda que haja apenas uma suspeita de paternidade. 
 
Disciplina dos alimentos 
Pressupostos são quatro: 
1- Parentesco: casamento ou união estável 
2- Necessidade do alimentado 
3- Possibilidade do alimentante 
Necessidade e possibilidade formam um binômio importante em matéria de alimentos. 
4- Proporcionalidade 
Exercício baseado em texto publicado pela Folha de São Paulo em 30.03.2011 
Depois de examinar o texto, esclareça se a decisão do STJ nele narrada encontra abrigo no atual Código 
Civil. 
Pela primeira vez, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que os avós maternos também podem ser 
incluídos como responsáveis pelo pagamento de pensão alimentícia para os netos. 
A decisão abre precedente para que os tribunais apliquem esse entendimento. 
O questionamento sobre a participação dos avós maternos nas pensões ocorreu porque o Tribunal de 
Justiça de São Paulo considerou que os avós paternos deveriam assumir o pagamento do benefício caso o 
pai da criança não o fizesse. 
Inconformados, os avós paternos recorreram ao STJ para dividir a obrigação com os avós maternos. 
O STJ considerou legal o pedido baseado no Código Civil, que estipula que os parentes mais próximos 
podem ser acionados para garantir o direito à alimentação. 
O caso foi provocado por uma mãe que entrou com ação contra os avós paternos. 
Ela alegava que o pai de seus filhos não vinha cumprindo o pagamento de 15 salários mínimos e, por isso, 
os avós paternos deveriam complementar o valor. Os nomes são mantidos em sigilo. 
Segundo alguns especialistas em direito de família, apesar de a decisão ser inédita no STJ, parte dos 
tribunais estaduais já a aplicava. 
"Agora a jurisprudência foi consolidada", disse o juiz José Dantas Paiva, da AMB (Associação dos 
Magistrados Brasileiros). Para ele, a decisão é positiva. "Afinal, filhos e netos não têm culpa". 
O advogado Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de 
Família), não concorda. "Avós maternos não deveriam ser implicados porque a mãe já faz a parte dela. O 
mundo masculino sai ganhando de novo", disse. 
 
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os 
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. 
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, 
faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. 
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar 
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a 
prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma 
delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. 
 
Os artigos acima resolvem a questão, mas vamos aos comentários do professor: 
Alimentos são devidos entre cônjuges e companheiros.Imaginemos o fotógrafo de guerra, solteiro, que é 
alvejado e precisa de alimentos. Ele pode pedir alimentos à própria mãe, porém essa só pode pagar 50% 
do valor estipulado necessário. O avô/avó serão obrigados a pagar. Se avô/avó não puderem pagar, pode-
se obrigar o bisavô/bisavó e assim por diante (art. 1696). 
Se os ascedentes não puderem pagar ou não houver mais ascendentes, os filhos podem ser obrigados ao 
pagamento, sempre de acordo com o binômio necessidade/possibilidade (supra). Se os descendentes não 
puderem pagar, devem pagar os irmãos (art. 1697). Professor chamou atenção para o fato de que não há 
diferença entre irmãos bilaterais ou unilaterais (também chamados germanos). 
 
Características do dever de prestar alimentos 
• Divisível, ou seja, não há solidariedade; 
• Condicional, subsiste contanto sejam mantidos os termos do binômio 
• Recíprocos, ou seja, o devedor pode ser credor em algum momento. O pai deve ao filho, mas um 
dia o filho poderá dever para o pai; 
• Mutável, ou seja, podem variar os pressupostos necessidade e possibilidade. Se o avô ganha na 
loteria ele pode pagar mais ao alimentando (neto, filho, quem quer que seja). On the other hand, se 
ficar pobre pagará menos ou nada. 
• Transmissível. Simples: obrigação de alimentos passa para o espólio. 
 
Existe uma polêmica no direito processual sobre se a sentença da ação de alimentos faz coisa julgada ou 
não. Para o professor Zanetti é besteira, até porque existe a ação revisional de alimentos, que serve para 
discutir alterações no binômio. 
Conclusão: decidiu corretamente o STJ. Avós são parentes em 1º grau do alimentando, por isso se aplica 
a regra do art. 1.698 da Lei 10.406/032. 
 
Direito de Família – Monitor Zé Luiz – 27.05.11 - Aline 
Exercícios: 
1. Bruno ajuizou ação conta seu pai, Alberto. Logo no inicio do processo, o juiz fixou alimentos 
provisórios no valor de R$500,00, tendo Alberto religiosamente pago todas as prestações 
alimentícias. Três anos depois, apos uma demorada fase instrutória, o juiz da causa, entendendo 
que Bruno tem capacidade de se sustentar com seus próprios rendimentos e que não precisa da 
 
2
 É o Código Civil, mongol... 
ajuda do pai, profere sentença de improcedência da ação e determina que Bruno restitua a Alberto 
todo o valor recebido durante esses três anos. A sentença encontra amparo na lei brasileira? 
2. Adriana se casou com Roberto e com ele teve um filho, o Pedrinho. O caso se divorciou quando 
Pedrinho contava com apenas 3 anos de idade. A guarda de Pedrinho ficou com Adriana. A 
sentença de divorcio determinou que Roberto pagasse R$1.000,00 por mês a título de alimentos a 
Pedrinho e R$500,00 por mês de alimentos a Adriana. Roberto nao pagou uma única parcela dos 
alimentos devidos a sua ex-mulher e a seu filho e Adriana nao os executou judicialmente. Passam-
se seis anos. Adriana ajuíza uma execução de alimentos cobrando os alimentos vencidos durante 
todos os últimos seis anos e mais o que se vencerem durante o processo. O valor pleiteado por 
Adriana é devido? 
3. D. Zelda e o Sr. Mariano, após muitos anos de casado, resolveram se divorciar. D. Zelda, que não 
tinha meios para se sustentar e dificilmente conseguiria arranjar emprego, preferiu, ao invés de 
receber pensão alimentícia do ex-marido, ficar com um rentável imóvel comercial pertencente 
exclusivamente ao Sr. Mariano e que, pelas regras do regime de bens por eles adotado, não 
entraria na comunhão. Os dois celebram então uma escritura de partilha extrajudicial na qual 
coube a D. Zelda o imóvel comercial pertencente exclusivamente ao Sr. Mariano e na qual D. 
Zelda renunciou ao direito a pensão alimentícia. Quatro anos depois, D. Zelda, por conta de má 
gestão de seus rendimentos, acabou perdendo todos os bens que lhe couberam na partilha, 
inclusive o imóvel comercial que ela fizera questão de ficar. Sem nenhum meio de renda para se 
sustentar e com filhos e pais já falecidos, D. Zelda ajuíza uma ação de alimentos contra o Sr. 
Mariano. A ação de D. Zelda deve ser julgada procedente? 
Características dos Alimentos 
Quanto ao Dever: Quanto ao Direito: 
- Divisível - Personalíssimo - Irrepetível 
- Recíproco - Impenhorável - Irrenunciável 
- Condicional e mutável - Incompensável - Intransmissível 
- Transmissível - Imprescritível - Irretroativo 
 
Início e Término Execução: 
Começa: necessidade 1- Execução 
Comum 
Termina (três hipóteses): 2- Desconto 
1- fim da necessidade (presumida após os 18 anos, ou até os 
24 anos) 
3- Prisão 
2- Casamento ou União Estável 
3 - Indignidade (I - art. 1962; II - art. 1814; III - art. 597) 
 
Quanto ao dever: 
Divisível 
O dever de alimentos é divisível, sendo que os coobrigados devem pagar somente o que devem; não há 
solidariedade nos alimentos. 
É possível, no entanto, que aquele que figura no polo passivo da ação de alimentos chame ao processo 
seus coobrigados, sendo que aquele não será garante dos que não pagarem. Se um deles deixar de pagar, 
isso não quer dizer que o outro terá que pagar o valor integral da obrigação. 
O que ocorre é a divisão proporcional à capacidade de pagamento. 
Recíproca 
Todo aquele que é alimentante é um potencial alimentando. Os direitos de alimentando são recíprocos 
com o alimentante. Ou seja, só devo alimentos para quem posso pedir alimentos, eventualmente. 
Condicional e Mutável 
Os alimentos são de acordo com a necessidade e capacidade, sendo que a sentença só faz coisa julgada 
formal, e não material. 
Todavia, por ser coisa julgada (formal), para que haja uma alteração, deve haver uma Ação Revisional de 
Alimentos. 
Transmissível 
O dever de pagar alimentos é transmitido causa mortis. O espólio do alimentante deve pagar alimentos. É 
importante observar isso ocorre não somente em relação às dívidas (alimentos) vencidas, mas também 
quanto à obrigação de alimentos, ou seja, o espólio deve pagar as dívidas futuras. 
Quanto ao direito: 
Personalíssimo 
Significa que não se pode ceder ou herdar o direito de alimentos. 
Impenhorável 
Créditos normais são penhoráveis; contudo, os alimentícios não o podem ser. 
Incompensáveis 
Ex.: devem-me alimentos, porém, devo dinheiro a quem me deve – não pode ocorrer a compensação, e 
caso haja execução de alimentos, esta segue independentemente da outra dívida. 
Imprescritível 
No exercício 02, o Pedrinho tem direito a receber tudo, tantos os vencidos quanto os vincendos, pois, 
sendo menor, o prazo de prescrição não corre para ele (art. 3o). Já a Adriana tem direito a receber as 
dívidas dos dois últimos anos (art. 205 CPC). Os dois têm direito a receber as dividas que estão por 
vencer, pois não houve ação revisional. 
É importante saber diferenciar duas coisas aqui: dívidas vencidas de alimentos e o dever de pagar 
alimentos. Por que o prazo de prescrição para as dividas é tão curtinho assim, de dois anos? Porque a 
importância está na necessidade, se o sujeito conseguiu ficar dois anos sem receber aquilo, talvez o valor 
não seja tão importante assim. 
Mas se eu nunca cobrei do meu pai alimentos, posso cobrar assim que presentes certos requisitos; não 
tenho um prazo para poder cobrar. 
Irretroativo 
O que não foi cobrado não pode ser exigido. Ou seja, é um crédito diferenciado; nas sentenças 
condenatórias comuns, a sentença reconhece um crédito; já na ação de alimentos, reconhece-se uma 
obrigação, e não uma dívida. 
Irrepetível 
O que for pago a mais não poderá ser recebido de volta. 
Na questão 01, portanto, o devedor não terá o valor que pagou indevidamente de volta. Se o juiz fixou 
errado, o problema é do devedor de alimentos, mesmo que aquele reconheça que errou. 
Importante não confundir irretroatividade com prescrição! Na primeira, não houve nem sentença. 
Irrenunciável 
Pelo CC, qualquer alimento é irrenunciável. Assim, a D. Zelda poderia entrar com Ação de Alimentos. 
Assim também entende o STF: 
STF Súmula nº 379 Acordo de Desquite - Renúncia aos Alimentos 
No acordo de desquitenão se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, 
verificados os pressupostos legais. 
No entanto, o STJ tem entendido que para cônjuge/companheiros é possível renunciar aos alimentos, mas 
os alimentos parentais continuam sempre irrenunciáveis. Então, pelo STJ, a ação da D. Zelda seria 
improcedente. 
Intransmissível 
Decorrência natural da característica de ser personalíssimo. 
Início e Término 
Sempre quando há necessidade dos alimentos e não há meios de se sustentar. Quanto ao término: 
I- Entende-se, presumidamente (cabe prova em contrário), que até os 18 anos o alimentando tem 
necessidade. Se o individuo continuar estudando (faculdade), presume-se que a necessidade se 
estende até os 24 anos. 
II- Também acaba com um novo Casamento ou União Estável (seja o parental ou o conjugal). 
III- “Indignidade”: o CC não define, mas é possível fazer uma interpretação “análoga”. São casos em 
que a pessoa é excluída da herança, quando atenta contra a vida do alimentante, etc. Discussão 
quanto à necessidade de pagamento de alimentos quando uma parte não colabora e depois 
pede alimentos. 
Execução 
Comum 
 Desconto: Diretamente no salário, quando celetista ou quando funcionário público. 
 Prisão Civil: Só é possível pedir prisão civil pelos três últimos alimentos devidos. Ou seja, pedida 
a prisão, se o alimentante pagar os três últimos débitos, não ocorrerá a prisão e as demais dívidas serão 
pagas pelas demais vias executivas. 
Observação: 
Quanto ao idoso, por força de seu estatuto, este sim pode cobrar os alimentos de apenas um devedor 
solidário (e os demais serão garantes deste que paga/pagou). 
Alimentos gravídicos: Também a mulher grávida pode pedir alimentos do pai com o qual não vive, para 
ajudar nas despesas da gestação. 
Dir. Família – 31/5/11 
 
Exercício de Verdadeiro ou Falso sobre alimentos: 
 
1 – A fixação dos alimentos tem sempre em vista, de um lado, a possibilidade do devedor e, de 
outro, a necessidade do credor. Verdadeiro. 
2 – Os alimentos civis restringem-se ao mínimo indispensável para assegurar a subsistência do 
alimentado. Falso; estes são os alimentos naturais. 
3 – A prestação alimentícia própria tem por objeto o pagamento de pensão. Falso; esta é a 
prestação alimentícia imprópria. 
4 – O dever de prestar alimentos é solidário. Falso; esse dever é divisível. 
5 – O dever de prestar alimentos é recíproco. Verdadeiro. 
6 – O direito à prestação alimentícia pode ser compensado. Falso. 
7 – A prestação de alimentos não comporta repetição. Verdadeiro. 
8 – O sogro está legalmente obrigado a prestar alimentos à nora. Falso. 
9 – A responsabilidade dos avós quanto aos alimentos é complementar. Verdadeiro. 
10 – A presunção de paternidade é o suficiente para determinar o pagamento de alimentos à 
mulher grávida. Verdadeiro, sobretudo pela impossibilidade de realização de teste de DNA na gestação; 
a propósito, estes são os alimentos gravídicos. 
 
Tutela 
Por Clóvis Beviláqua: “Tutela é o encargo civil, conferido a alguém pela lei, ou em virtude de 
suas disposições, para que administre os bens, proteja e dirija a pessoa do menor que não se ache sob a 
autoridade de seu pai ou de sua mãe.” 
A Tutela é, portanto, incompatível com o poder familiar, só podendo existir quando da 
inexistência dele. 
Quanto à origem, pode ser ordinária – subdividindo-se em testamentária, legítima e dativa -, 
estatal ou irregular. A estatal abrange os índios, e a irregular termina por constituir gestão de negócios, 
instituto já estudado em outra disciplina do DCV. Somente a forma ordinária foi vista na aula. 
1) Testamentária: com a morte dos pais, nomeia-se o tutor indicado no testamento – por ambos 
genitores. Essa modalidade também se verifica pelo intermédio de escritura pública, e é necessário que os 
pais tenham plenitude do poder familiar ao tempo da morte. Como o anseio do instituto é o progresso do 
menor, há sujeição ao controle judicial, segundo o qual pode o magistrado nomear tutor que acredite ser 
melhor do que o escolhido por testamento. 
2) Legítima: se não houver testamento ou documento autêntico nomeando tutor, os parentes 
consangüíneos tutelarão – ascendentes, na ordem de proximidade, e colaterais, até o 3º grau (titios). Essa 
ordem também pode ser modificada pelo magistrado, tendo em vista a razão de controle judicial citada. 
3) Dativa: se não for possível nomear parentes consanguíneos – seja por inexistência, 
inidoneidade ou escusa (a ser estudada na próxima aula) destes -, será qualquer pessoa idônea o tutor, 
desde que residente no mesmo domicílio do menor. Resta claro, assim, o caráter subsidiário dessa 
modalidade. 
Por fim, os casos de falta de legitimação para exercício de tutela: 
a) impossibilidade de livre administração dos próprios bens, a exemplo dos pródigos; 
b) existência de relações jurídicas entre tutor cogitado e menor, a exemplo de quando o primeiro é 
credor ou devedor do segundo, ou aquele propôs ação judicial em face deste; 
c) inimizade com o menor ou seus pais, ou exclusão expressa, por estes realizada, de determinadas 
pessoas do rol de candidatos; 
d) condenação por crimes contra a família, os costumes e outros, como furto ou roubo; 
e) verificação de mau procedimento - a exemplo de drogados, sem-vergonha, ociosos e malfazejos 
em geral – ou abuso em tutorias anteriores; 
f) exercício de função pública incompatível com a boa administração da tutela, a exemplo dos 
servidores que carecem de dedicação exclusiva ao labor, não lhes sobrando tempo para criar criança ou 
adolescente. 
A respeito desse último item, em razão da dificuldade do mestre em exemplificar concretamente 
uma função pública tão laborativa, tomo a liberdade de citar a dos Técnicos Administrativos da edilidade 
municipal paulistana, intrépidos e esbanjadores que são na desincumbência das obrigações públicas. 
 
CIVIL – FAMÍLIA – 03/06/2011 – Prof. Zanetti - Gilson 
ESCUSA (CC/02, art. 1.736 a 1.739) 
Na aula passada foram vistos os casos em que a pessoa não pode ser tutor. Porém há alguns casos em que 
a pessoa pode se recusar a ser o tutor, que serão vistos na aula de hoje. 
Slide (“Escusa”) 
Casos em que a pessoa “pode cair fora” da tutela, são itens praticamente óbvios que estão no art. 1.736: 
- mulher casada – após o casamento, a mulher pode declinar de ser tutora – o professor comentou que esta 
seria uma “desigualdade” constitucional, porém, bastante discutível, já que a justificativa precisa ser 
plausível para o tratamento diferenciado entre homens e mulheres, que constitucionalmente são iguais. 
Exemplificou com a licença maternidade, esta sim devendo ser diferenciada entre a mãe e o pai. Para o 
professor este item seria inconstitucional; 
- maiores de 60 anos – aqui já faz mais sentido, pois o “idoso” já teria dado sua parcela de sacrifício; 
- mãe com mais de 3 filhos– a mulher já tem muito trabalho para cuidar dos filhos, não poderia se 
responsabilizar por mais uma criança; 
- enfermos – apenas para os casos graves, doenças comuns não são motivos aceitos para a escusa; 
- domicilio longínquo (longe mesmo, segundo palavras do próprio professor) – embora o tutelado deva 
morar com o tutor, a tutela recai também sobre os bens, que podem estar muito distantes do domicílio do 
tutor; 
- tutor ou curador – quem já tem tal responsabilidade, pode se escusar; 
- militares em serviço. 
A tutela recai sobre o tutelado e sobre os bens, educação, proteção e alimentos, inclusive sobre todos os 
deveres que cabem aos pais. Detalhe interessante é que o tutelado menor de 12 anos deve ser ouvido (o 
que não significa que todas as suas vontades devam ser atendidas pelo tutor). (art. 1.740) 
Mas quando o tutor deve pagar os alimentos? Qual a ordem, quem paga primeiro? (1) Pais; (2) 
Ascendentes; (3) Descendentes (hipótese muito pouco provável); (4) Colaterais até 2º grau; (5) Tutor. 
BENS DO TUTELADO (CC/02, arts. 1.747 a 1.750) 
 
 
Neste momento o prof. distribuiu uma lista de exercícios e pediu que se resolvesseprimeiramente sem 
consulta ao CC, pois, segundo ele, engana-se quem diz que direito de família está mais para o bom senso 
do que para as leis. 
Inclusive começou a correção falando da opção “aceitar doações” que, a princípio, podemos pensar que se 
trata de um poder ordinário do tutor, sem interferência do juiz. Mas não, pois depende sim de prévia 
autorização judicial, já que a doação pode carregar algum passivo, alguma despesa que não compense o 
aceite da doação. Daí cabe ao juiz decidir se vale a pena ao menor receber a doação. 
Ex.: recebe uma casa em doação, mas a casa precisa de amplas reformas, condomínios em atraso e há 
dívidas enormes de IPTU. Para deixar a “casa em ordem”, as despesas seriam tantas que inviabilizariam o 
recebimento do imóvel em doação. Ou então o imóvel doado está localizado no Pará, em meio a conflitos 
com sem-terras, grileiros e madeireiros, e o tutelado reside em São Paulo. A dificuldade em administrar 
tal imóvel pode levar o juiz a impedir a efetivação da doação. 
Mas a correção do exercício 1 ficou assim: 
A) Poderes ordinários (art. 1.747) 
- alienar bens móveis destinados à venda – ex.: o menor herda uma fábrica de peças automotivas e as 
peças devem ser vendidas sem autorização judicial (nos bens imóveis a autorização é necessária) 
- alugar imóveis do menor (linguagem antiga: “arrendamento de bens de raiz”; bens de raiz = imóvel) – 
antigamente se fazia necessária a autorização judicial e até mesmo alugar era por hasta pública, o que 
dificultava a locação. Hoje, com o CC/02, não precisa nada disso. 
- receber quantias devidas ao menor. 
B) Precisam de autorização judicial (art. 1.748) 
- alienação de imóveis – deve ser precedida de uma avaliação judicial, para poder ser vendido por um 
preço condizente com o mercado; 
- transigir – transação, espécie de contrato com obrigações recíprocas, ou seja, o menor pode perder nesta 
situação; 
- aceitar doações – já explicado no início da correção. 
Detalhe interessante aqui é que a autorização judicial também pode ser posterior à prática do ato. Caso 
não tenha havido a autorização prévia, o ato praticado pelo tutor é “ineficaz” (o professor buscou uma 
palavra mais correta para explicar este item, mas não encontrou), mas depois que o juiz autoriza o ato 
recupera sua eficácia e é considerado válido. 
C) Vedadas (art. 1.749) 
- dispor dos bens do menor a título gratuito; 
- constituir-se cessionário de crédito do menor – por causa do conflito de interesses 
- adquirir os bens do menor – também há conflito de interesses 
GARANTIAS 
A instituição da tutela tem praticamente os mesmos propósitos do poder familiar, mas o tutor é visto com 
um pouco menos de confiança que os pais. Os pais não são fiscalizados com a mesma intensidade que o 
tutor. O juiz está sempre a acompanhar a atuação do tutor. O MP também age nesse sentido, pois examina 
as prestações de conta dos tutores. O poder público deve zelar pelo bem estar do tutelado. Mas por outro 
lado, a tutela é um ônus para o tutor, já que a obrigação de zelo seria do Estado, embora atualmente o 
peso que recai sobre o tutor seja menor. 
Termo especificado dos bens e seus valores – deve ser apresentado no início da tutela, pois a fiscalização 
se dá praticamente na evolução patrimonial. 
Ex.: Eike Batista morre. Os herdeiros herdam uma quantia vultosa, que dá trabalho para administrar. 
Patrimônio considerado – pode ser exigida caução, mas apenas neste caso e se houver dúvida quanto à 
idoneidade do tutor. Caso seja de reputação reconhecida, dispensa-se a caução. 
PROTUTOR (slide) (art. 1.742) 
Também para os casos de patrimônio expressivo, o protutor, nomeado pelo juiz, pode exercer ampla 
fiscalização sobre a evolução patrimonial do tutelado, além daquela exercida pelo poder judiciário e MP. 
No caso em que há conflito de interesses entre o tutor e o tutelado. Ex.: tutor e tutelado são acionistas na 
mesma empresa e os dois têm direito a voto, sendo que possuem posições antagônicas sobre o rumo que a 
empresa deve tomar. Para evitar o conflito de interesses, já que o tutor seria o representante do menor 
tutelado e votaria em seu lugar, nomeia-se um curador (especial) apenas para aquela assembléia, apenas 
para votar pelo tutelado. O próprio MP pode pedir o curador. O mais importante aqui é que o protutor não 
pode ser o curador, ele só fiscaliza. 
Colega pergunta se o tutor pode ser uma pessoa jurídica (PJ). Para o professor, é bem provável que não 
possa, talvez o protutor possa ser uma PJ, ele não demonstrou certeza. 
REMUNERAÇÃO (slide) (art. 1.752) 
O CC/02 prevê o ressarcimento dos custos do tutor, sendo que o tutor também pode receber algum tipo de 
remuneração, proporcional à importância dos bens a serem administrados. Isto porque, diversamente do 
que ocorre com os pais, o tutor não tem direito a receber os frutos dos bens do tutelado, neste caso os 
frutos são do tutelado. 
O professor chamou a atenção para um pequeno problema, que não seria uma ilegalidade: a remuneração 
somente irá ocorrer se a criança tutelada for “abonada”. Mas normalmente os casos de tutela envolvem 
menores carentes, com famílias pobres também, e, neste caso, o tutor não vai receber nada. Situações 
como esta “deveriam” ser obrigação do Estado, que simplesmente “passa a bola” para o particular, o 
tutor. 
PRESTAÇÃO DE CONTAS (slide) (arts. 1.755 a 1.757) 
A idéia é que o juiz e o MP fiscalizem a atuação do tutor. Pode haver até responsabilização criminal do 
tutor dependendo da conduta do tutor. Por isso a importância da prestação de contas, que deve ser bem 
detalhada, a cada 2 anos, embora tenha que apresentar um balanço anualmente. O Juiz pode diminuir os 
prazos para apresentação da prestação de contas. 
E se o tutelado for adolescente? O tutor responde por danos causados pelo menor? 
Com 15 anos, vai a uma festa e acaba bebendo sem moderação, causando danos materiais à casa. O tutor 
responde pelos danos? Os pais responderiam, pois são os “garantes”. 
O tutor também, portanto, o tutor responde pelos danos causados pelo menor. 
EXTINÇÃO DA TUTELA (slide) (art. 1.763) e EXTINÇÃO DA FUNÇÃO (slide) (art. 1.764) 
- Maioridade (18 anos) ou emancipação. 
- Reconhecimento ou adoção – os pais (reconhecidos ou adotivos) passam a ser responsáveis pelo menor. 
Em geral, casos práticos mostram que a tutela é concedida para aqueles que já querem adotar a criança (o 
processo de adoção dura, em geral, de um ano a um ano e meio). Daí, quando ocorre a adoção, o menor 
passa a ter os pais adotivos e a tutela se extingue. Mas pode acontecer também de o pai aparecer e 
reconhecer o filho, que é outro caso de extinção da tutela. 
Se o tutelado sofre um acidente e passa a necessitar de cuidados especiais ou então não consegue mais 
expressar sua própria vontade, é nomeado um curador, passa de tutela para curatela (art. 1.767). 
Pode haver extinção do encargo de tutor, mas não a tutela: 
- a tutela tem o prazo de 2 anos, podendo o tutor aceitar a prorrogação ou não, o juiz não pode ordenar a 
prorrogação de oficio. Com a expiração do termo, deve ser nomeado outro tutor, caso o tutor atual não 
queira a prorrogação; 
- superveniência de escusa legítima – ex: tutora que já é mãe de 2 filhos, fica grávida e tem gêmeos, 
passando a ter 4 filhos; tutor que atinge a idade de 60 anos durante o exercício da tutela; 
- o tutor pode ser removido pelo juiz (remoção) caso não cumpra plenamente suas funções. 
Mais uma vez o professor cita o problema dos tutelados menores abandonados, pois as regras acima 
serviriam apenas às tutelas de menores “abonados” e não dos abandonados.

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