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DEF0416 - Tributário - Prof Heleno - 2011

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1 
 
Direito Tributário I – Monitora Renata – 10.05.11 – SEMINÁRIO – Gilson/Renato 
Nesta e na próxima semana, as aulas de terça e quarta serão trocadas, com os seminários acontecendo nas aulas 
de terça, em razão de viagens do professor à Brasília. Alguns temas do seminário serão dados pelo professor na 
aula de amanhã. 
 
Questão 01. À luz do conceito de Estado Federal, qual a importância da repartição de competências e 
da discriminação de rendas prescritas pela Constituição? 
Sem a repartição de competências e sem a discriminação de rendas é impossível a existência de um Estado 
Federal, pois sem a independência financeira (vinculada a independência tributária), não haveria a autonomia dos 
entes estaduais e municipais. 
Se não houvesse a discriminação das percentagens das rendas (por exemplo, parte do IR vai para os estados; 
parte do ICMS vai para os municípios; além das próprias receitas advindas da arrecadação dos tributos da 
competência de cada um), tais entes não conseguiriam sobreviver, pois dependeriam de a União para tudo, não 
haveria um federalismo verdadeiro. 
Assim, a repartição de competência tributária (a CF dizer quem pode cobrar o quê em termos de tributos) e a 
divisão/repartição da arrecadação entre os entes são essenciais para se garantir o federalismo, pois sem dinheiro 
ninguém é independente de verdade, não há autonomia. 
Colega comentou sobre a questão da possibilidade de bitributação em caso de conflito de competência. A 
monitora disse que as competências constitucionais são divididas em (i) competências materiais e (ii) 
competências territoriais. Por exemplo, a competência para instituir o IPVA é dos estados, que é a competência 
material. Caso o veículo esteja registrado no estado de São Paulo, a competência é do estado de SP, que é a 
competência territorial. 
Pelo que entendi do áudio, outro colega comentou que não via a necessidade da repartição de competências na 
instituição dos tributos para a manutenção do federalismo, pois a União poderia instituir todos os tributos e 
depois repartir a arrecadação entre todos os entes. 
A monitora comentou que existe uma discussão em pauta sobre o IVA (Imposto sobre o Valor Agregado), de 
competência da União, que viria a substituir o ICMS, o ISS e o IPI. Um dos pontos mais discutidos em relação ao 
IVA é sobre como seria o critério de repartição entre os entes, o que gera muita discussão política, já que cada 
ente quer garantir sua parte na divisão da arrecadação. 
Mas o importante é que os entes tenham alguma renda garantida, seja por meio de uma competência 
constitucional para cobrar um tributo, seja pela renda constitucionalmente garantida. Daí que monitora 
concordou parcialmente com o comentário do colega, pois, em sua opinião, seria possível a previsão de um 
imposto único, desde que se tenha a repartição da arrecadação garantida constitucionalmente. Isto quer dizer 
que não poderia haver somente a previsão para o Imposto Único “e ponto”, sem a previsão da repartição prevista 
na CF, de qual seria a participação de cada ente na arrecadação deste imposto único, garantida 
constitucionalmente. Não poderia deixar para a União estabelecer quem leva o que, nem ser a divisão objeto de 
discussão política. Caso isto ocorresse, o Federalismo iria por água abaixo. 
Questão 02 - O que é sistema constitucional tributário? 
É o regime jurídico de cada tributo e as limitações constitucionais ao poder de tributar, que é a proteção do 
contribuinte. Sobre este assunto, o professor vai falar na aula de amanhã e a gente volta a falar no seminário da 
semana que vem. 
2 
 
Quais são as particularidades do princípio da legalidade em matéria tributária, nos termos da 
Constituição brasileira? 
Já falamos deste assunto quando tratamos da anterioridade. Contudo, alguns tributos têm efeito extrafiscal muito 
importante (IOF, II, IE e IPI), tributos com os quais o poder executivo tem que trabalhar com alguma rapidez. 
Então, esses tributos não estão sujeitos nem à anterioridade em relação à mudança de alíquota, que poderia 
mudar de um dia para o outro. 
Esses tributos também têm uma certa flexibilidade em relação à legalidade, pois não faria sentindo ter que passar 
pelo Congresso se você precisa intervir de um dia para o outro, como o IOF-câmbio, por exemplo. 
A legalidade tributária está no art.150, I, da CF/88. Já as mitigações da legalidade estão previstas no art.153, §1º, 
alcançando os tributos dos incisos I, II, IV e V do art. 153 (II, IE, IPI e IOF). Outra exceção constitucional, não muito 
discutida, porém importante, é a prevista no art.177, §4º e “b” (CIDE – Petróleo). 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
(...) 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos 
impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. 
(...) 
Art. 177. Constituem monopólio da União: 
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou 
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes 
requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 33, de 2001) 
(...) 
Saiu uma MP semana passada alterando completamente a regulamentação do etanol, sendo que um dos pontos 
trabalhados é justamente em relação do CIDE-Petróleo. Este tributo tem alíquota específica (X reais por litro) que 
pode ser alterada pelo poder Executivo (através de medida provisória), que usa dessa prerrogativa para regular os 
preços da gasolina e do etanol, como tem acontecido nos últimos dias. 
Relacione legalidade formal com legalidade material, tipicidade, discriminação constitucional de 
competências, tipologia dos tributos, capacidade contributiva (objetiva e subjetiva) e normas gerais (art. 
146, III, “a”). 
O professor vai explicar o tema amanhã, mas em síntese: 
Material é aquela que diz que qualquer contribuinte só é obrigado a pagar o tributo se houver lei instituindo e 
obrigando ao pagamento. 
Formal é o direito de ver observada a legalidade material perante o Judiciário. 
3 
 
Tipicidade: no direito tributário é também chamada de legalidade estrita e está vinculada ao art. 97 do CTN (que 
diz tudo o que precisa constar na lei que institui o tributo). 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
 I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
 II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
 III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu 
sujeito passivo; 
 IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
 V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela 
definidas; 
 VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditostributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. 
 § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. 
 § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da 
respectiva base de cálculo. 
 
Discriminação constitucional de competência: só pode ter uma lei vinculada à competência que a CF outorga 
àquele ente. 
Capacidade contributiva: a legalidade é uma forma de se cumprir a capacidade contributiva, pelo qual se tem que 
os impostos devem ser graduados conforme a capacidade do contribuinte, nos termos da lei. (art.145, §1º da CF) 
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, 
facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos 
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 
Relação da legalidade com a norma geral: diz o art.146 sobre as normas gerais em matéria tributária, que devem 
ser definidas por lei complementar e, logo, devem ser previstas/definidas por lei (esta é a relação). 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: 
 
DEF–0416 – Direito Tributário I – Aula de 11/MAI/11 – Resp.: Paulo Dantas 
 
Esta foi a primeira aula do 2º bimestre, cujo conteúdo didático tratará de todo o fluxo entre os artigos 150 a 
152 da Constituição Federal, que dispõem sobre as limitações ao poder de tributar. 
Segundo o professor, essa primeira aula será mais teórica, mas nas próximas aulas passaremos a ver os 
princípios tributários, competências e imunidades tributárias. 
 
Encontramos, no Título VI da Constituição Federal, o Capítulo relativo ao Sistema Tributário Nacional. 
Segundo o professor, esse termo compreende: 
• a noção de tributo; 
• os princípios tributários; 
• as limitações ao poder de tributar; 
• a distribuição de competências. 
 
O Sistema Tributário Nacional não é simplesmente o conjunto de tributos do país, mas algo que: 
1. Traz a discriminação de rendas do federalismo, tanto com relação: 
a) à FONTE de receitas (competências materiais): nos países unitários, o governo central institui um 
tributo e distribui o produto aos demais entes (municípios, por exemplo); no federalismo cooperativo 
brasileiro, os entes têm competência para criar, cobrar e administrar tributos. 
4 
 
b) à distribuição do PRODUTO dos tributos (CF, art. 157 e seguintes): os impostos da União são 
compartilhados com Estados e Municípios, e os impostos dos Estados são compartilhados com os 
Municípios de seu território, formando um jogo coordenado de financiamento da estrutura estatal. 
2. Estabelece as limitações constitucionais ao poder de tributar, basicamente agrupadas em duas 
categorias: 
a) PRINCÍPIOS protetivos (como isonomia, legalidade etc.). 
b) GARANTIAS: que podem se subdividir em formais (processuais) e materiais (como as imunidades). 
 
Todavia, diante desse quadro, algumas DÚVIDAS surgem: 
1. Podemos considerar o Sistema Tributário Nacional realmente um sistema? 
Para considerarmos que estamos diante de um sistema, é necessário identificar a existência de elementos 
coordenados entre si segundo critérios axiológicos (critérios próprios, valoração própria do STN). 
Ao examinar nosso STN, vemos que os impostos, por exemplo, não podem ser imaginados para existir 
isoladamente1. Logo, a interpretação deve ser sistemática, buscando enxergar os tributos em harmonia. 
A terminologia “Sistema Tributário Nacional” foi utilizada pela primeira vez por Adolph Wagner, grande 
financista alemão, no final do século XIX. Segundo ele, “não se pode ter uma justaposição de impostos e 
entender isso como um sistema”. 
Assim, a concepção de um Sistema Tributário Nacional foi uma tentativa de racionalizar, de evitar dois ou 
mais tributos incidindo sobre um mesmo fato econômico. No Brasil, obtivemos um relativo sucesso nesse 
objetivo com os impostos, mas enfrentamos problemas com as contribuições. 
 
2. Qual a relação do Sistema Tributário Nacional com a soberania? O poder de tributar seria o reflexo 
de uma soberania tributária? 
Segundo o professor, NÃO! Podemos usar o termo “soberania tributária” como a soma de todas as 
competências dos Municípios, Estados, Distrito Federal e União, mas nenhum ente isolado exerce essa 
soberania de forma ampla, apenas sua competência. O poder de tributar é submetido aos limites definidos 
pelas competências e pelos princípios e garantias protetivos. Dessa forma, a soberania (ILIMITADA) se 
dispersa em pólos de competência (LIMITADA). 
 
3. O Sistema Tributário Nacional faz parte da Constituição material ou formal? 
A partir da década de 1950, a idéia de “Constituição material” (conceito restritivo) foi superada, passando 
todas as normas constitucionais a terem a mesma hierarquia. Não há mais diferença entre as matérias que estão 
na Constituição. 
Podemos até utilizar a terminologia “Constituição Tributária”, uma Constituição material, pois ela está bem 
definida. Mas não podemos confundi-la com a definição antiga, mas como uma demarcação da matéria 
tributária. 
 
1
 Nota do escriba: para ilustrar o que o professor quis dizer, basta ver, por exemplo, a cobertura (praticamente plena) que 
proporcionam os impostos sobre circulação (IPI, ICMS, ISS, ITBI, ITCMD). Grosso modo, caso a circulação de bens e/ou 
serviços seja onerosa, incidirá IPI, ICMS, ISS ou ITBI (às vezes, cumulando-se, como é o caso do IPI e ICMS); caso seja 
gratuita, incidirá o ITCMD. Também grosso modo, caso o objeto circulado (onerosamente) seja um bem imóvel, incidirá o 
ITBI; caso seja um bem móvel (mercadoria) ou serviços de transporte ou comunicação, incidirá o ICMS; caso seja um serviço 
previsto na lista, incidirá o ISS; caso o serviço seja considerado etapa de industrialização, incidirá o IPI. Ou seja, é qualquer 
que seja a atividade envolvida na circulação, dificilmente escapará da incidência de um imposto. 
Da mesma forma, sobre determinada atividade de circulação, deverá, via de regra, incidir apenas um desses impostos. 
Qualquer conflito de competência deve ser dirimido levando-se em conta que os impostos acima devem coexistir 
harmonicamente. 
5 
 
O traço distintitivo da matéria tributária é que tudo está submetido à rigidez constitucional, não podendo 
ser alterado por lei ordinária (em especial, as cláusulas pétreas do federalimo e das garantias individuais 
relativas ao STN). 
 
4. Existe um dever fundamental de pagar tributos (na acepção do autor português José Casalta 
Nabais)? 
Segundo o professor Heleno, em algumas Constituições, como a da Bulgária e a da Turquia, SIM. Tal 
dever se apresenta na relação entre Fisco e contribuinte (matéria fortemente discutida na quebra de sigilo 
bancário por administrações tributárias – é preciso equilibrar a relação entre competências e garantias). 
O que seriam “deveres fundamentais”? Deveres especiais para a comunidade e que podem, por ela, serem 
exigidos. Haveria, assim, uma prevalência do coletivo sobre o individual. 
Diante disso, o prof. Heleno não assume a existência, no Brasil, do dever fundamental de pagar tributos. 
Somente se submete à incidência dos tributos aquele que dá causa ao fato gerador e apenas no momento (e na 
medida) de sua ocorrência. 
 
5. O Sistema Tributário Nacional exige critérios próprios de interpretação? Ou, em outras palavras, 
qual a FUNÇÃO do STN e COMO INTERPRETÁ-LO? 
Segundo Peter Häberle (posição com que o prof. Heleno concorda), todos os cidadãos são, ao mesmo 
tempo,destinatários e intérpretes da Constituição. 
A função do STN, segundo o prof. Heleno, é gerar 2 efeitos: 
• CERTEZA JURÍDICA2: relativa à previsibilidade da ordem jurídica (o que pode o Estado no tempo e 
no espaço). Tem a ver, dentre outras coisas, com as soluções de conflitos de competência. 
• SEGURANÇA JURÍDICA: no caso do STN, relativa à definição objetiva de competências e o 
estabelecimento de princípios protetivos (como o do não-confisco e o da capacidade tributária). 
 
O prof. Heleno recomendou a leitura do Recurso Extraordinário nº 3, de 1890! Segundo ele, uma aula de 
Direito Constitucional! Nota do escriba: tentei, sem sucesso, encontrar o julgado na web... 
Diante disso, como se pode interpretar o STN? O prof. Heleno identifica alguns critérios que devem ser 
levados em conta: 
• critério da pré-compreensão constitucional – o STN (bem como toda a Constituição) não pode ser 
estudado “em tiras”, mas levando em conta seu histórico. É um critério muito utilizado pelo STF. 
• critério de unidade da Constituição (na acepção do jurista alemão Konrad Hesse) – não se pode 
estudar somente os artigos que tratam de tributos, mas toda a Constituição, de forma a evitar as 
contradições aparentemente existentes. 
• critério de concordância entre fins e meios – os fins guardariam relação com a tarefa de prover 
rendas para o Estado e os meios estariam relacionados com as competências e limites. 
• critério da força normativa da Constituição3 – relaciona-se com a rigidez constitucional e com a 
permanente interpretação das leis conforme a Constituição (aqui não estamos falando do 
 
2Para ilustrar a diferença entre esses conceitos: “A segurança jurídica é fato, portanto, de caráter objetivo, manifestando-se 
concretamente através de um direito definido. A certeza jurídica é o valor, ou seja, aquilo em que se pode confiar porque tem 
validez. Expressa o estado de conhecimento da ordem jurídica pelas pessoas. "A Segurança é objetiva, visível, publicada, está 
nas leis ... Certeza é confiança em algo que a Segurança projeta em cada um de nós: a Segurança externa nos dá Certeza 
interna”. Exemplificando, a estrada legalmente sinalizada representa a segurança jurídica. É fato concreto. O condutor do 
veículo, seguindo todas as normas de trânsito, percorre a estrada com a certeza de agir direito, sem perigo de errar. Essa é a 
confiança do indivíduo nas leis, que lhe permite agir corretamente.” 
3
 Mais sobre o princípio (ou critério) da força normativa da Constituição: “Idealizado por Konrad Hesse, considera que toda 
norma jurídica precisa de um mínimo de eficácia, sob pena de não ser aplicada. Assim, este princípio estabelece que, na 
6 
 
mecanismo hermenêutico de controle de constitucionalidade por parte do STF, mas de um princípio 
geral de interpretação). 
 
Direito Tributário – 17/05 – Seminário 
 
INTRODUÇÃO 
 
Para o professor Ricardo Lobo Torres, todos os princípios do Direito Tributário derivam do princípio da 
Segurança Jurídica, o qual, por sua vez, deriva basicamente do tripé República, Federalismo e Democracia. 
 
 A Segurança Jurídica lato sensu possui três vertentes: a Certeza, a Liberdade e a Justiça. 
Quando nos deparamos com um determinado princípio em nosso ordenamento, podemos nos questionar em 
qual destas três vertentes o mesmo se encaixa. 
Assim, por exemplo, o princípio da isonomia é melhor englobado pelo valor Justiça. O mesmo ocorre em 
relação à capacidade contributiva. Um outro exemplo que pode ser dado é o da imunidade de cobrança de tributos 
de templos religiosos e partidos políticos, que melhor se encaixa no valor Liberdade. 
O valor com o qual trabalharemos nesta aula é o valor Certeza. O Direito Tributário é muito focado no 
princípio da legalidade estrita, de forma muito semelhante ao que ocorre no Direito Penal. No valor “certeza” há 
pouca margem para certas discussões subjetivas. “Ou é ou não é”, segundo a professora. Por exemplo, não se 
discute o aspecto subjetivo da anterioridade. Ou ela existe em determinada situação ou não existe. 
Quais são os princípios ligados à certeza? Entre outros temos: legalidade, irretroatividade, anterioridade, 
não discriminação em razão da origem e do destino, etc. Esta classificação dos princípios perante os valores 
(Certeza, Liberdade ou Justiça) se dá de forma intuitiva. 
 
EXERCÍCIOS 
 
A ideia é trabalhar com os acórdãos apresentados em aula (vide arquivo em anexo), apontando-se como se aplica o 
valor Certeza nos mesmos. Isto deve ser feito tendo-se em vista desde as normas gerais do Direito, até os princípios 
específicos do Direito Tributário. A classe foi dividida em 3 grupos, e foram dados 10 minutos para que cada grupo discutisse 
seu respectivo acórdão. Ao fim deste tempo, passou-se para a discussão das questões apresentadas. 
QUESTÃO 01 
 
Só há federalismo de fato se houver dinheiro destinado aos entes federados. Trata-se aqui de duas 
questões combinadas: a repartição de competências, que consiste na definição de qual órgão federado pode 
instituir determinado tributo, e com quais limitações; e a repartição do produto, ou seja, repartição do dinheiro, 
por meio dos Fundos de Participação. 
 
interpretação constitucional, deve-se dar primazia às soluções que possibilitem a atualização de suas normas, garantindo-
lhes eficácia e permanência. 
Para Konrad Hesse as normas jurídicas e a realidade devem ser consideradas em seu condicionamento recíproco. A norma 
constitucional não tem existência autônoma em face da realidade. A constituição não configura apenas a expressão de um ser, 
mas também de um dever ser. Assim, a Constituição para ser aplicável deve ser conexa à realidade jurídica, social, política, 
no entanto ela não é apenas determinada pela realidade social, mas também determinante em relação a ela.” 
7 
 
Os artigos da CF que tratam deste assunto são os de número 157 a 162, os quais se englobam sob o Título 
VI (Da Tributação e do Orçamento), Capítulo I (Do Sistema Tributário Nacional), Seção VI (Da Repartição 
das Receitas Tributárias). 
Justamente a partir desta questão da repartição do dinheiro arrecadado se dá a discussão da chamada 
“guerra fiscal”, principalmente em relação à cobrança do ICMS. 
 
QUESTÃO 02 
 
Acórdão 01: 
 
O acórdão discute duas questões: se se pode considerar as chamadas cláusulas pétreas como itens 
hierarquicamente superiores em relação a outras normas, no âmbito da CF originária, quando houver conflito 
entre os dispositivos desta; e se o STF pode declarar inconstitucional determinado dispositivo do Poder 
Constituinte Originário, em face de eventual conflito com outro dispositivo deste tipo. 
 A resposta é “não”, dado o princípio da rigidez constitucional. Seria ilógica a ideia de “norma originária 
inconstitucional”. 
Ocorre situação semelhante em relação aos princípios. Muitas vezes, estes são incompatíveis entre si. No 
entanto, cabe à Teoria dos Princípios (?) compatibilizá-los. Assim, por exemplo, a livre iniciativa plena encontra 
limites na ideia de proteção ao trabalho. Deve-se, nestes casos, fazer um sopesamento entre os princípios. No 
âmbito do Direito Tributário, deve-se procurar fazer o mesmo. 
Há dois incisos nas cláusulas pétreas4 que claramente se aplicam ao Direito Tributário: o Federalismo e a 
proteção aos Direitos Humanos. As questões que envolvem o direito do contribuinte estão protegidas por estes 
dois aspectos. 
 
4
 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
(...) 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
8Houve uma discussão em sala em relação ao fato de que o Federalismo se aplica ao Direito Tributário de 
forma clara, enquanto os Direitos Humanos necessitam de um esforço maior de incorporação, havendo maior 
margem de manobra de discussão em relação a sua aplicação no Direito Tributário.5 
Acórdão 2: 
 
 
Discute-se aqui o conflito entre os artigos 246 e 1467 da CF. O primeiro diz que, na falta de 
regulamentação específica de lei, a competência dos entes federados é plena para a legislação tributária. Já o art. 
146 afirma que há necessidade de LC regulamentando tal cobrança por parte dos entes federados. 
Com a revogação do art. 155, II8, questionou-se a competência do Estado de São Paulo para cobrança do 
adicional do IR. Com tal revogação, houve a dúvida se os Estados teriam competência plena para fazer esta 
 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
5
 Discutiu-se a existência de algumas teorias de aplicação dos Direitos Humanos ao Direito Tributário. Falou-se sobre o 
“mínimo necessário à sobrevivência”, limite a partir do qual não poderá haver tributação, senão as pessoas passariam fome e 
isso contrariaria os Direitos Humanos. Questão delicada seria a de como calcular este mínimo em um sistema tributário como 
o nosso, bastante complexo. Sabe-se que os brasileiros pagam cerca de 40% do PIB em impostos, mas como calcular cada 
caso individual, se é que isso é possível? Parte da doutrina defende que vale o esforço tentar realizar este cálculo, e outra 
parte defende que deve-se ter em conta apenas o cálculo geral. Enfim, esta discussão surgiu paralelamente à matéria dada 
em aula, não estando diretamente relacionada à mesma. Por isso está nesta nota de rodapé e não no texto da transcrição 
propriamente dito. 
6
 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
(...) 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
 
7
 Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
 
8
 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir: 
9 
 
cobrança, dada a inexistência de LC regulamentando o assunto. O STF então decidiu que no âmbito do Direito 
Tributário aplica-se o art. 146, uma vez que este é mais específico em relação ao art. 24, que trata de questões de 
âmbito mais genérico. 
Dessa forma, garantiu-se o fortalecimento do federalismo e o respeito aos contribuintes, pois sem a 
existência de uma LC, haveria uma zona de indefinição muito grande, com falta de uniformidade na cobrança de 
Estado para Estado, etc. 
A legalidade no âmbito do Direito Tributário é mais restrita do que no âmbito do Direito em geral. 
A ideia original na CF-88 era a de copiar o modelo dos EUA, onde há dois IR´s: um federal e outro estadual 
(um em cada Estado). No nosso caso, haveria o IR proprimente dito e um IR adicional. Mas isto foi revogado em 
1993, pela EC 03, pois havia muita confusão. Esta EC pode ser considerada como a primeira grande reforma 
tributária pós CF-88. 
Este sistema sequer chegou a existir de fato, sendo revogado antes de sua aplicação na realidade. 
 
Acórdão 3: 
 
Discute-se se há grau de hierarquia entre as normas da CF propriamente dita e as ADCT´s. 
 
II - adicional de até cinco por cento do que for pago à União por pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas nos respectivos territórios, a título 
do imposto previsto no art. 153, III, incidente sobre lucros, ganhos e rendimentos de capital. 
10 
 
Reposta: não há. A CF é um todo, não havendo antinomia entre seus dispositivos, estejam eles localizados 
onde estiverem. O ADCT 339 foi feito pelo constituinte original, não havendo nenhum motivo para entendê-lo 
como inferior em relação ao restante da CF, ou seja, ele possui a mesmo grau de proteção do restante do texto 
constitucional. 
Este Ato refere-se aos precatórios pré-CF/88 vencidos então há mais de dez anos, e diz que os mesmos 
poderiam ser usados para pagamento de tributos. Foi uma decisão política dos constituintes. 
Os ADCT´s não podem ser considerados inconstitucionais. Antes, ao contrário, por razão de lógica, são 
parte integrante da CF. 
Dificilmente tal norma será um dia revogada. Há poucos precatórios deste tipo “na praça”, sendo que a 
grande maioria deles foi paga pelos entes devedores. Houve um tempo em que o INSS brigava na Justiça para não 
pagar, mas esta discussão já se encontra superada. 
TRIBUTÁRIO – 18/05/2011 – Prof. Heleno - Gilson 
Nota do Escriba: apesar de ser quarta-feira, esta foi uma aula dupla, trocada com a terça-feira, que teve apenas uma aula. 
Na aula passada vimos a estrutura do sistema tributário nacional, competências e limitações. 
Hoje veremos as limitações relativas aos princípios tributários, que ao lado das imunidades e de outras formas de 
limitação ao poder de tributar, correspondem aos direitos e garantias fundamentais em matéria tributária. 
Estas limitações ao poder de tributar devem se compreendidas sempre como normas jurídicas, normas de 
competência, que são regras objetivas, normas-princípios e normas-garantias (que podem ser materiais ou formais). 
São os princípios das regras ou mesmo a imunidade tributária que visam conferir concretização ou efetividade a 
direitos vinculados sobre a forma de princípios ou mesmo regras de limitação ao poder de tributar. Como o ordenamento 
jurídico é garantista, de algum modo, todas essas regras visam conferir alguma garantia geral inédita ao sistema. Existem 
então normas dirigidas a essa finalidade precípua que é a garantia. Por exemplo, a liberdade religiosa tem a proteção de uma 
garantia material através da imunidade tributária (CF, art. 150, VI, b). 
As garantias podem ser materiais (como essas imunidades tributárias, que são normas objetivas) ou formais (como 
são as normas processuais – HC, MI, MS etc) e são garantias contra atos advindos do poder público. Como o poder de 
tributar emana necessariamente do poder público, obviamente deve-se impor limitações ao exercício do poder de tributar. 
Em geral, quando esse fala em direitos fundamentais, a Constituição primeiro estabelece os direitos e em seguida 
limita esses direitos. No direito tributário, as competências já são estabelecidas de forma demarcada, com limitações de 
competência e também através de normas-princípios e normas-garantias. 
Na próxima aula veremos as imunidades tributárias e hoje os princípios constitucionais tributários, principalmente 
aqueles voltados para a justiça da tributação. 
O sistema tributário visa a assegurar uma tributação protetiva dos direitos e liberdades individuais. Por isso mesmo, 
é fundamental compreender a estrutura fisiológica [?] da constituição. 
Dentre os princípios tributários, existem dois grupos de princípios que convivem lado a lado e que são aqueles que 
têm a função certeza e os que têm a função justiça. Mas isto não significa que os princípios de função certeza não 
signifiquem justiça. 
 
9
 Art. 33 [ADCT]. Ressalvados os créditos de natureza alimentar, o valor dos precatórios judiciais pendentes de pagamento na 
data da promulgação da Constituição, incluído o remanescente de juros e correção monetária, poderá ser pago em moeda 
corrente, com atualização, em prestações anuais,iguais e sucessivas, no prazo máximo de oito anos, a partir de 1º de julho 
de 1989, por decisão editada pelo Poder Executivo até cento e oitenta dias da promulgação da Constituição. 
Parágrafo único. Poderão as entidades devedoras, para o cumprimento do disposto neste artigo, emitir, em cada ano, no 
exato montante do dispêndio, títulos de dívida pública não computáveis para efeito do limite global de endividamento. 
 
11 
 
No surgimento do Estado moderno, os grandes vetores axiológicos eram: legalidade para proteger a liberdade e a 
igualdade para servir como instrumento de justiça, embora tenha se verificado historicamente que a legalidade por vezes foi 
utilizada para oprimir as liberdades individuais. De qualquer maneira, tudo isso deve servir para se efetivar a segurança 
jurídica efetiva e concretizar os fundamentos de um estado democrático de direito. 
A CF/88 é rica em princípios, muito mais do que qualquer outra. Primeiro vamos ver o grupo da função certeza, que se 
perfaz na legalidade. 
• Princípio da Legalidade, mas não apenas formal (do art. 5º, II), mas também a legalidade material ou da tipicidade 
ou da tipologia tributária. São várias as terminologias utilizadas pela doutrina, mas vamos ficar com a tipicidade. 
a) Tipicidade - porque a lei precisa trazer todos os elementos do tributo, como fato gerador, contribuinte, base de 
cálculo, alíquota etc. Essa função especificadora da tipicidade é que garante o conteúdo material que obedeça à legalidade 
material. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (...) 
A CF/88 em seu art. 150, I, trata da legalidade estrita para instituição do tributo, instituição esta que demanda a 
tipicidade. 
Pela distribuição de competência, temos outro princípio: 
b) Vedação à Analogia – não pode haver tributo instituído por analogia por qualquer pessoa política, a competência de 
cada um encontra limite nas competências definidas na Constituição. 
Ex: ISS – serviço – recauchutagem de pneus? Industrialização ou serviço? Se for industrialização, cabe ICMS e não pode o 
município utilizar a analogia e instituir o ISS. 
ex: locação de bens móveis (ex. do ex.: locação de andaimes) é serviço? Para o STF, através de súmula vinculante, não é 
serviço, portanto não cabe ISS. Não se poderia utilizar analogia para instituir tributo sobre a locação de bens móveis. 
c) Lei Complementar (LCp) na função de instituir norma geral em matéria tributária e garantir a eliminação de conflitos 
de competência definindo fato gerador/FG, base de cálculo/BC e contribuintes dos impostos, conforme art. 146, III, “a” da 
CF/88. 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
(...) 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, 
bases de cálculo e contribuintes; 
(...) 
Portanto, para a instituição dos tributos autorizados pela constituição devem ser observadas a criação por lei, a 
tipicidade, vedada a analogia e através de LCp, visando a certeza da segurança jurídica e do sistema tributário nacional. 
Mas não são apenas esses critérios, temos ainda princípios relacionados à temporalidade – já se falou sobre estes 
princípios em outras aulas: 
• Princípio da Irretroatividade; 
• Princípio da Anterioridade; 
• Princípio da Anualidade; 
• E também temos as garantias constitucionais relativas à estabilidade das relações no tempo: coisa julgada, direito 
adquirido e ato jurídico perfeito - art. 5º, CF. 
Em relação à espacialidade, há os princípios que também já foram vistos em aulas passadas: 
• Princípio da Vedação às Limitações ao tráfego de pessoas ou bens do art. 150, V; 
• Princípio da Não-discriminação Tributária do art. 152; e 
• Princípio da Uniformidade Geográfica do art. 151, I. 
12 
 
Todos esses princípios relativos à espacialidade podem ser alegados pelos contribuintes e têm relação com o princípio da 
unidade econômica do federalismo. Qualquer contribuinte tem o poder de alegar estes direitos contra o Estado, que o 
professor prefere chamar de direito subjetivo fundamental. 
Até aqui vimos os princípios relacionados à legalidade, que é o principal dessa primeira parte, e toda essa legalidade é 
especificadora dessa materialização constitucional. 
Passamos então para a função justiça do ordenamento, onde temos um grupo de princípios que norteiam a justiça 
global – justiça tributária do ordenamento – e a justiça individual – de cada contribuinte, caso a caso. O grande princípio 
desta segunda parte é o: 
• Princípio da Isonomia ou Igualdade Tributária 
• Princípio da Não Discriminação 
Pelo princípio da isonomia, todos são iguais. Mas deve ser somado ao princípio da não discriminação, pois não basta a 
igualdade em matéria tributária, pois os fatos que são alcançados pela tributação são fatos reveladores que ninguém é igual 
a ninguém. Os artigos relativos a esses dois princípios são o art. 5º caput e o art. 150, II. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação 
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; (...) 
O art. 150, II, trata da igualdade em uma situação equivalente. 
• Princípio da Capacidade Contributiva 
 Os contribuintes estão em situação equivalente diante de fatos representativos de uma riqueza: portanto, o critério 
para discriminar os contribuintes só pode ser a capacidade contributiva. Pode-se notar que este é o critério que aparece no 
art. 145, § 1º, em matéria de impostos: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: 
(...) 
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à 
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o 
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 
Além da capacidade contributiva, este mesmo artigo traz outro princípio: 
• Princípio da Pessoalidade 
Este princípio é vinculado à capacidade contributiva e reforça a isonomia, com o fim de uma justiça sistêmica. 
Se tratarmos todos os contribuintes igualmente, será feita uma injustiça absurda. Ex: alíquotas do IR, 27,5% apenas para 
quem ganha mais. Para quem ganha menos, a alíquota é menor. Para quem ganha menos ainda, abaixo de certo limite, há a 
isenção. 
Por isso, a progressividade – quanto maior capacidade contributiva, maior o imposto – significaria uma justiça tributária, 
porque se todos fossem tributados a uma alíquota de 20% sobre a renda, para quem ganha 1,5 mil o sacrifício seria enorme, 
afetando até mesmo a sua condição de existência (alimentação, moradia, saúde etc). Já para quem ganha 5 mil, o sacrifício 
seria menor. Para quem ganha 50 mil, a afetação dos 20% sobre sua renda seria mínima para sua condição de existência. 
Portanto, os efeitos da alíquota de 20% não seriam iguais para todos os contribuintes e gerariam uma injustiça tributária. 
Existem critérios técnicos para que se tribute de acordo com a capacidade contributiva, que são a proporcionalidade, a 
progressividadee a não cumulatividade, no caso de tributos indiretos. 
Proporcionalidade 
A regra do sistema tributário é que todos os tributos sejam proporcionais, ou seja, têm que ter alíquota, deve ser 
gravado por uma proporção. E que a alíquota seja igual para todos, um percentual da riqueza que mede a capacidade 
econômica do contribuinte. 
Progressividade 
13 
 
A CF/88 optou pela progressividade, mas não para todos os impostos, pois ela é taxativa ao prever quais os impostos que 
serão progressivos (o professor citou IR e IPTU). 
Em alguns países, há cerca de 30 alíquotas sobre o ganho. Mas há também a regressividade após certa alíquota, a fim de 
estimular o contribuinte a continuar a crescer, se desenvolver e auferir mais renda. Cada ordenamento tem sua opção. No 
Brasil optou-se apenas pela progressividade, regra geral, não há regressividade (exceção: ITR, que tem uma regressividade 
segundo a utilização da terra, pois quem utiliza a terra, tem uma alíquota menor de ITR). 
Pergunta do colega sobre a possibilidade de adoção da regressividade no caso do IR aqui no Brasil. Segundo o professor, 
trata-se de um aspecto cultural, já que nos países onde se adotam a regressividade, as diversas alíquotas já existem há muito 
tempo, sendo que em nosso país, as alíquotas mudam a cada 10 ou 20 anos, não proporcionando um ambiente propício para 
a regressividade. 
[Aproveitou e contou a história sobre o IR nos EUA e a criação dos paraísos fiscais (em resumo, os paraísos fiscais foram 
criados pelos próprios americanos, justamente para se fugir da alta tributação do IR). Lá não tem PIS, COFINS, ICMS, ISS, mas 
tributa-se muito o lucro e os dividendos, o que acaba ficando pior que aqui. Já aqui no Brasil não há uma cultura de tributação 
sobre o lucro, é baseado basicamente em consumo e produção. Contou até uma história do sogro dele, que é empresário.] 
Pergunta [que eu não escutei] da colega sobre IPTU e progressividade: o professor entende que EC 31 (que instituiu a 
progressividade do IPTU) é inconstitucional, pois já existia uma progressividade pelo valor do imóvel (quanto maior o valor do 
imóvel, mais se paga de imposto), já que o IPTU não incide sobre uma renda, mas sim sobre uma riqueza imobilizada. Ex.: a 
senhora idosa, viúva de um empresário muito rico, que, após a morte do marido, recebe apenas a pensão do INSS (2 mil por 
mês) e precisa pagar um IPTU de 40 mil pela mansão em que mora no Jardim Europa. 
A progressividade do imóvel – aumentar a alíquota do IPTU proporcionalmente ao aumento do valor do imóvel (CF, art. 
156, § 1º, I) – pode não ser justa, pois o dono do imóvel caro pode não ser mais tão rico no ano que vem. O proprietário de 
um imóvel de 7 milhões e 700 mil pode não ter a mesma renda daqui a alguns anos e não conseguir pagar o IPTU. 
Qual a lógica dessa progressividade? Pode pagar mais imposto o proprietário de um imóvel de R$ 7.700.000,00 do que 
aquele que tem um imóvel de R$ 100.000,00, ou seja, a capacidade contributiva do primeiro é bem maior que a do segundo. 
No caso do imóvel, a capacidade contributiva objetiva é o fato, ou seja, a propriedade imobiliária. A capacidade subjetiva 
deve necessariamente ser um reflexo da propriedade imobiliária, ou seja, os critérios para determinação da capacidade 
contributiva subjetiva devem advir da situação material, da capacidade objetiva. 
Essa progressividade em razão do valor do imóvel é diferente da progressividade no tempo (CF, art. 182, § 4º, II), que 
existe para que o contribuinte possa adequar o imóvel ao planejamento urbano, construindo uma habitação ou algo útil 
naquele terreno. 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
I - propriedade predial e territorial urbana; 
(...) 
§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:(Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 29, de 2000) 
I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
(...) 
 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o 
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. 
(...) 
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do 
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: 
(...) 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; 
(...) 
Pergunta do colega se poderia haver diferença de alíquotas entre imóveis residenciais e comerciais? O professor disse 
que pode, pois os critérios podem ser diversos, ainda que não sejam os mais justos. 
Ex: no litoral, quanto mais próximo do mar, maior alíquota do IPTU; se for mais longe, alíquotas reduzidas. Não 
funcionaria no Rio de Janeiro, por exemplo, por conta dos morros e favelas próximos ao litoral. Dessa forma, também o 
critério renda seria um diferencial, mas o IPTU não é sobre a renda. 
14 
 
Outro ex: Em Madri (Espanha), no entorno da Casa Real, os imóveis estavam todos degradados. A tributação ficou isenta 
por 15 anos para que os proprietários pudessem recuperar os imóveis, o que realmente aconteceu. Hoje a região é muito 
valorizada. 
Não cumulatividade 
Para os impostos indiretos – ICMS, IPI – a não cumulatividade é um critério de justiça, pois estes tributos são plurifásicos, 
pois existe uma cadeia entre a produção e o consumidor final. 
Ex: arroz industrializado – plurifases: MP (matéria prima do agricultor) + I (indústria) + A (atacadista) + V (varejista) + C 
(comerciante). Se houver a cumulatividade, haverá o somatória das alíquotas inter fases (18 + 18 + 18 +18), resultando em 
uma alíquota muito superior ao final da cadeia. No entanto, com a não cumulatividade, gera-se crédito do imposto em cada 
fase, que é debitado na operação posterior, resultando na cobrança do imposto apenas na última fase. 
 
 18% 18% 18% 18% CUMULATIVIDADE 
MP------------------ I ---------------------- A -----------------------V--------------------C 
 - 18% - 18% - 18% NÃO CUMULATIVIDADE 
 
Quanto às taxas, talvez a capacidade contributiva pudesse ser considerada apenas como limite máximo, já que ela trata 
do poder de polícia e de serviços públicos. 
Para as contribuições, o art. 195, §§ 12 e 13, da CF/88, estabeleceu outros critérios para autorizar a não cumulatividade 
do PIS e da COFINS (ex.: uso intensivo de mão de obra, tipo de atividade desempenhada), diferentes da capacidade 
contributiva, pois nas contribuições há outros valores envolvidos, como por exemplo, a solidariedade tributária e o princípio 
da universalidade da seguridade social. 
Mas tudo isso tem limites e alguns autores utilizam o gráfico abaixo, chamado pelo professor de “gráfico da preguiça 
mental” (obviamente ele se declarou contra a utilização deste expediente): 
 
NÃO CONFISCO (limite máximo) 
 
 
Capacidade contributiva 
 
 
MÍNIMO EXISTENCIAL (limite mínimo) 
 
Segundo os que adotam este gráfico, a capacidade contributiva estaria entre dois limites: o não confisco (que seria o 
máximo) e o mínimo existencial (que seria o mínimo). 
O professor detesta, pois há uma confusão de conceitos: 
- Mínimo existencial é uma garantia típica de imunidade tributária, para proteger da tributação toda situação necessária 
à sobrevivência – saúde, educação, moradia etc (art. 6º, CF) 
Ex.: o IR não incide sobre um certo valor (limite) que seria o mínimo existencial, a partir deste limite começam a incidir as 
alíquotas. 
Outro ex.: o ICMSteria alíquotas mínimas para os bens considerados essenciais (ex: alimentos da cesta básica), o que 
configura o principio da essencialidade. Obs.: existe uma distorção no caso dos remédios, que tem alíquotas altas. 
No plano do não confisco: 
• Princípio do Não Confisco: 
15 
 
O não confisco não pode ser considerado como o definidor do limite máximo, pois, por vezes, uma alíquota de 75% não 
caracteriza confisco. Por exemplo, 75% no uísque, 100% nos cigarros. No entanto, em outros casos, uma alíquota de 10% já 
poderia ser considerada confiscatório. Por ex., 10 % sobre o valor do imóvel seria confiscatório, pois em 10 anos o valor total 
do imóvel seria pago em impostos. Para o professor, o que deve ser considerado é o efeito confiscatório. 
O professor comentou ainda sobre um exemplo que envolve Simples Nacional, o ICMS e substituição tributária [nota do 
escriba: é um assunto muito complicado e não há a menor chance de cair em prova, pois nem é objeto de estudos neste 
Direito Tributário I]. “Resumindo” a conclusão de todo o comentário, os estados se utilizam do sistema Simples Nacional e da 
substituição tributária e acabam ficando com uma parcela do ICMS que não lhes pertence, o que ele chamou de confisco 
sistêmico. 
 
[ao final da aula, o professor pediu desculpas à sala, inclusive devendo ser estendida aos ausentes, pela mudança no horário 
das aulas nesta e na semana passada, avisando que na semana que vem as aulas retornam ao seu horário normal] 
 
Direito Tributário – Prof. Heleno – William – 24.05.2011 
Imunidade tributária 
Tema muito importante, de grande aplicabilidade por tratar-se de um complemento ao capítulo das 
competências e às limitações ao poder de tributar. Trata-se de tema muito relevante no Brasil, mas inexistente na 
doutrina estrangeira. A imunidade tributária cumpre, no plano constitucional, a mesma função das isenções 
tributárias no plano ilegal. Podemos falar num conceito amplo de desoneração tributária, o que poderia envolver 
uma série de conceitos como imunidade, isenção, anistia. 
Com isso nós teríamos um quadro genérico do que a norma tributária permite para evitar o imposto. A imunidade 
mutila a norma de competência. Só quem tem competência para tributar tem competência para isentar. 
Exemplo: União tem competência para instituir imposto sobre a renda, no entanto estão isentos os partidos 
políticos, entidades religiosas, etc. Esses são casos de imunidade tributária porque decorrem da própria CF. O 
legislador, por vez, pode criar isenções aos tributos criados pelo legislador. Por isso, imunidade e isenção são 
conceitos diversos. 
Descumprir uma imunidade equivale a descumprir a CF. 
Aspectos importantes: 
Função da norma de imunidade – depende do tipo da imunidade. Temos imunidades tributárias propriamente 
ditas e imunidades que não são imunidades num sentido próprio (professor as chama de imunidade impropria). A 
diferença é: 
• Imunidades próprias devem sempre ter uma função de garantia. Elas são garantias no sentido material, 
ou seja, no plano desse sistema tributário nacional nós vamos encontrar normas que são regras de 
competência, normas que são princípios afirmativos de direito e normas de garantia. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios: 
“Sem prejuízo de outras garantias” quer dizer que o texto envolve garantias constitucionais. A garantia 
tem como objetivo proteger os direitos. Por exemplo, os partidos políticos não pagam tributos pois a CF 
entende que isso estimula a criação de partidos e o debate político.] 
 
• Imunidades impróprias: não garantem um direito fundamental, apenas geram um efeito desoneratório 
indireto (ex: gás natural, não se pode tributar na origem, apenas no destino). São formas objetivas de 
16 
 
não-tributação ou de exclusão material das competências sem garantias de liberdades fundamentais ou 
do federalismo. 
As consequências básicas são fáceis de ser compreendidas: as imunidades quando protegem direitos e liberdades 
fundamentais estão amparadas por cláusula pétrea; enquanto que as demais não estão, e podem ser retiradas 
por emenda constitucional (ex.: havia na CF 88 uma regra de não-tributação dos rendimentos das pessoas de mais 
de 65 anos. Foi excluída em 1993 por uma emenda constitucional). 
Regra fundamental da imunidade: 
Imunidade de Impostos 
Próprias: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
VI - instituir impostos sobre: 
 a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
 b) templos de qualquer culto; 
 c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das 
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
 d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
São defendias várias garantais fundamentais, tais como liberdade de culto, liberdade de informação, de imprensa. 
No caso da alínea “c” está a única exceção a imunização tributária decorrente da CF. 
Impróprias: 
Art. 151. É vedado à União: 
 I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, 
ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio 
do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; 
 II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os 
proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; 
 III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 
 
 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
 VI - propriedade territorial rural; 
 § 3º - O imposto previsto no inciso IV: 
 II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; 
 
Outras imunidades impróprias encontram-se nos seguintes artigos: 
 Art.153, § 4º, II e § 5º; art.155, §º 2, X; art.156, §º 2, I e §3º, II; art.184, §5º 
Há ainda as imunidades de taxas e contribuições, embora tenha havido alguma discussão na doutrina quanto à 
existência das últimas, professor se recusou a perder tempo com esse assunto, entendendo-o superado. 
Imunidades de Taxas: 
Art. 5º, XXXIV – Direito de petição independente do pagamento de taxas, obtenção de certidões. 
Aos comprovadamente pobres, é assegurado o direito de registro. Habeas corpus e outros remédios constitucionais 
são imunidades de taxas, ensino público é imunidade de taxa, dentro outros. 
Art.208, I, §1º; art.226, §1º; art.230, §1º 
17 
 
Imunidades de Contribuições: 
Art.41, §2º; art.149, §2º, II; art.195, II e §2 
Voltando, então, às imunidades de impostos, que é o grupo mais complexo. 
Imunidade recíproca: 
• “a) patrimônio, renda ou serviços", uns dos outros;” 
Importantíssima, visa evitar tributação recíproca entre as pessoas de direito público interno. Contudo, existem 
limites (art. 150, §2º e §3º). 
Art. 150... 
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, 
no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, 
relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em 
que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nemexonera o promitente comprador da 
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. 
 
• “b) templos de qualquer culto;” imunidade decorrente da liberdade de culto, não há limite para tipo de 
culto. Porém há os limites do §4º 
 § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, 
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. 
Qual a extensão do conceito de templo? Onde começam e terminam as finalidades essenciais? Se consultarmos 
as normas do IPTU notaremos que as restrições por este impostas tornam difícil o exercício dessa isenção. 
Tudo o que for renda, patrimônio ou serviço do templo está alcançado pela imunidade. Templo de candomblé 
está sob imunidade? Sim, mas ele tem uma lojinha do lado que vende estátuas e coisas relacionadas. As 
mercadorias serão tributadas? Não, porque aquilo é parte do culto. Mas o pai de santo comercializa serviços, faz 
simpatias, trabalhos (sei lá, sinto muito, não vou pesquisar o que faz o pai de santo) poderá ser tributado? Não 
pode ser tributado pelo ISS, nem pelo ICMS, nem pelo PIS/COFINS, nem IPTU. Só pode ser tributado pelo Imposto 
de Renda. Se o pai de santo resolve vender o terreiro, os tributos não podem alcançar a venda do imóvel. Se o pai 
de santo mora numa casa ao lado do terreiro, a casa também não pode ser tributada, tampouco o 
estacionamento que o pai de santo mantém no terreno ao lado. Agora, se o pai de santo tem outros imóveis ou 
fizer aplicações financeiras, esses bens não serão tributados. Ainda, se ele fizer investimentos e reverter o 
dinheiro em favor do culto, do templo ou de atividades sociais, o investimento também não será tributado. 
E o dinheiro doado (dízimo)? Essa é a grande briga dos evangélicos! Professor não respondeu objetivamente... 
A partir de que momento a instituição religiosa goza da imunidade? Tema que varia na jurisprudência. Para alguns 
é no momento da fundação e para outros no momento do reconhecimento do órgão público competente. 
• “d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.” 
O papel limita a imunidade? Ou seja, livro eletrônico é imune? A bíblia do Cid Moreira goza de imunidade 
tributária? A frase “e o papel destinado a sua impressão” indica que é só o livro de papel. Álbum de figurinha? 
Imune. Lista telefônica? Imune, embora extremamente patrocinada por anunciantes. Assim sendo, o CD-bíblia do 
Cid Moreira deveria ser imune. Pela lógica, ou o Supremo limitaria a imunidade ao livro em papel, ao jornal 
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impresso ou à revista impressa ou ampliaria o campo material da imunidade. O Supremo entendeu pela 
ampliação e estendeu ao jornal eletrônico, livro em CD e coisas assim. 
• “c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais 
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os 
requisitos da lei;” 
A polêmica aqui diz respeito às entidades sem fins lucrativos. Qualquer atividade lucrativa e estranha às 
finalidades dessas entidades sofrerá a incidência de impostos. É muito difícil, no entanto, definir o que é 
instituição de ensino sem fim lucrativo quando se consideram instituições como FAAP, FGV, que cobram 
mensalidades altíssimas e são relativamente elitistas. Professor falou inclusive de uma faculdade em Canoas que 
tinha um museu de carros antigos imenso, tudo protegido pela imunidade tributária. 
O fato de a instituição cobrar mensalidades altas não quer dizer que ela vá ter um fim lucrativo. Pode investir em 
cultura e outras coisas. A PUC, por exemplo, cobra caríssimo na faculdade de Direito, mas cobra mensalidades 
pequenas em cursos como história, ciências sociais e outros que não têm muita demanda. 
Quando o art. 150, VI, c, fala em requisitos da lei, não é lei ordinária, é lei complementar porque estamos 
tratando de limitações ao poder tributar. Todas limitações na forma de lei ordinária são inconstitucionais. Essas 
limitações estão no art. 15 do CTN: 
Esqueçam o caput porque ele está alinhado com a CF 46. Quais são os requisitos das entidades referidas? 
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades 
nele referidas: 
 I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 
104, de 10.1.2001) 
 II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; 
 III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua 
exatidão. 
 § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode 
suspender a aplicação do benefício. 
 § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com 
os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. 
Há sempre os abusos. Por exemplo, sujeito cria uma escola e não distribui lucros, mas faz pagamentos altíssimos a 
título de pro labore. A solução é a desconsideração (aplicação do § 1º) do período em que houve o abuso. 
A entidade de ensino só precisa comprovar os requisitos do art. 14 do CTN. No caso das entidades de assistências 
sociais há requisito de certificação de que é entidade de assistência social. 
Tributário – 25/05/11 - seminário 
1.a) Imunidade sob a perspectiva do contribuinte é uma garantia constitucional. Sob a perspectiva do ente 
tributante, a imunidade é uma regra de demarcação de competência, porque, no caso da imunidade, não existe 
sequer competência para instituir o tributo. 
Diferença de imunidade e isenção: na imunidade, a CF não deu competência para o ente cobrar o tributo. 
Na isenção, o ente tem competência pra cobrar o tributo, mas ele não cobra por outras razões, como políticas ou 
econômicas. 
Enquanto a imunidade está no nível constitucional, de competência, a isenção está no nível infra-legal. 
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Em princípio, as isenções têm que ser instituídas por lei. Porém, isenção de PIS E COFINS é dada por 
decreto da união, mas deveria ser por lei! 
1.b) A visão de imunidade pode ser aplicável a taxas e contribuições? Sim. Existe imunidade a taxas e a 
contribuições. 
Imunidade é qualquer supressão de competência do entre tributante por débito tributado, independente de 
ser imposto ou taxa. 
1.c) Questão super debatida no STF. Não ter fins lucrativos. O art. 14 do CTN fala dos 3 requisitos para 
concessão de imunidade. 
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades 
nele referidas: 
 I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; 
 II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; 
 III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua 
exatidão. 
 § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode 
suspender a aplicação do benefício. 
 § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com 
os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. 
A Lei 9532/97 traz mais requisitos para a concessão de imunidade. A receita tem cancelado a imunidade de 
vários entes. 
Quando a constituição fala "na forma da lei", a constituição está tratando da lei complementar do código 
tributário, ou a constituição está dando brecha para qualquer lei ordinária? Essa discussão está emvoga hoje. 
Praticamente 80% das faculdades brasileiras privadas são entidades imunes, sem fins lucrativos. Só que 
elas querem remunerar os dirigentes. Então, há grande discussão sobre isso. 
1.d) Imunidade recíproca e seus limites. 
Ex: Art 150, VI, a, da Constituição: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: 
VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
A imunidade recíproca só se aplica a impostos. 
1.e) Em quais hipóteses as atividades de tributar podem ser alteradas por emendas? 
Não há resposta certa. Naquelas que não são abrangidas pela garantia dos direitos fundamentais ou do 
federalismo. E no caso do Art. 149 (receitas decorrentes de exportação): poderia! É uma burrice em termos de 
política econômica, mas em termos de direito, ok. 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e 
de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado 
o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que 
alude o dispositivo. 
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: 
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I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; 
 
Direito Tributário I – Prof. Heleno – 31.05.11 – Aula XII - Renato 
Competência Tributária (propriamente dita) 
Todos os temas vistos até o momento coincidem com este, sendo que já se tratou do assunto quando estudado o 
Sistema Tributário Nacional; as Imunidades; Fontes do direito Tributário; e outros. 
Conceitos: 
Primeiramente, importa observar a existência de duas perspectivas da expressão “competência tributária”: uma 
(i) formal e outra (ii) material. 
Quanto ao primeiro, o conceito formal de competência tributária é diretamente vinculado à noção de validade10 
(noção esta de validade que se verifica tanto nas leis como nos atos da Administração), a qual se resume a: 
Norma Jurídica (válida) = (Órgão + Competência) + Processo Específico 
Ou seja, em termos formais, deve-se compreender o papel desta competência tributária como sendo o de 
completar a validade das normas emitidas pelos órgãos por meio de um devido processo. 
Em outras palavras: campo formal da competência tributária é conteúdo inerente à validade, que conjuntamente 
ao próprio órgão, estabelece um limite de atuação deste dentro do Ordenamento jurídico. 
Como se extrair da definição acima, o estudo da competência pressupõe um estudo (uma observação) dos 
próprios órgãos; sendo necessário compreender a teoria organicista do Estado: este, como instituição, só age e 
manifesta sua vontade por meio dos (seus) órgãos que a própria Constituição institui (é o “princípio da 
organização do Estado”). 
No mesmo âmbito, vale destacar que um órgão representa a especialização das funções do Estado e, então, as 
funções do órgão são as funções do próprio Estado (funções estas que são as próprias competências). Nas 
palavras do professor Lorival Vila Nova, “um órgão é uma porção de competências”, pois todas as competências 
são uma distribuição da soberania do Estado. Todavia, observe-se que a competência tributária é inerente a um 
órgão específico das pessoas políticas do Estado, o seu respectivo órgão legislativo. Somente estes órgãos é que 
poderão exercer tal competência, e este é o grande conteúdo da competência tributária. 
Ainda do ponto de vista formal, ao se falar em “competência tributária”, necessário perceber-se que o que está se 
discutindo é uma norma presente na Constituição, norma esta que é uma regra de estrutura (e não uma norma 
de conduta – que (i) obriga; ou (ii) proíbe; ou (iii) permite). As normas de competência tributária não estão 
relacionadas a um agir da pessoa de seu destinatário; mas, como já mencionado, tais regras de competência são 
relacionadas à verificação da validade de outras normas. 
Normas de estrutura são aquelas que dizem sobre como criar outras regras; seriam espécies de “normas sobre 
normas”, que dizem qual o órgão, qual a competência, qual o procedimento, relativos a outras normas. Como 
tais, continuam sendo regras, com a diferenciação que não estabelecem condutas.11 
 
10
 Este conceito de validade já fora visto anteriormente quando tratada a validade geral (ou “de sentido amplo”): a validade 
de qualquer norma jurídica pressupõe uma relação entre Órgão e Competência, por meio de um devido procedimento 
(também chamado processo específico). Toda norma, para ser válida, requer tal identificação (necessária) entre órgão e 
competência, num devido processo. 
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Neste ponto, Robert Alexy esclarece que as normas de competência, não sendo normas de permissão ou normas 
de obrigação, seriam, portanto, normas que estabelecem espécie de “poder para”; um poder para uma ação 
possível (ou “capacidade de ação do órgão”), a qual diferenciaria a norma de competência como Regra de 
Validade das normas de conduta em geral. Ex.: o órgão legislativo da União tem competência para instituir o 
Imposto sobre Grandes Fortunas; se não o instituir, a União não será punida; não há qualquer 
inconstitucionalidade por omissão, pois é uma ação institucional que só será exercida caso a União queira, e não 
uma norma de conduta de obrigação ou de permissão que, caso descumprida, possa gerar uma sanção. 
Evidencia-se, então, muito útil esta coerência no tratamento das competências como normas de validade (normas 
de estrutura, portanto – poder para instituir leis em matéria tributária, e não regra de conduta). 
Já no segundo campo, do conceito material, este se traduz na definição de qual atividade é exercida em 
decorrência unicamente da competência em matéria tributária. Desta perspectiva material, então, a principal 
função da competência tributária é, considerando-se a relação existente entre esta competência e a atribuição de 
poder de tributar decorrente do federalismo, o exercício do poder de legislar em matéria tributária, poder este 
que será exercido exclusivamente pelos legislativos de cada uma das quatro pessoas políticas. 
Assim, numa máxima síntese, a competência tributária (material) é o poder de legislar em matéria tributária. 
O poder de legislar surge mediante a distribuição de competências no plano do federalismo (é uma decorrência 
do princípio federativo), para assim autorizar as pessoas políticas a exercer a suas funções legislativas (o que inclui 
o poder de tributar). 
Importante ressaltar que, como já fora dito em outras aulas, não existe propriamente um poder de tributar mas 
sim competências, como poderes limitados de cada uma das pessoas políticas; e o “poder de tributar” seria, no 
máximo, a somatória de todas estas competências. 
Então, também se pode dizer que a competência tributária seria um “poder de tributar parcial”; ou seja, é uma 
parte de poder que as pessoas políticas têm de e para tributar. 
Competência Tributária e competências decorrentes 
A partir do momento que o legislador exerce a competência em matéria tributária, criando leis desta natureza, 
surge neste momento (por um efeito obrigatório de “parametricidade” – sic), algo fundamental: a competência 
administrativa. 
Esta competência administrativa só existe porque a competência legislativa (tributária) foi exercida; se esta não 
for exercida não há que se falar em competência administrativa. Assim, “antes da competência administrativa 
deve ser a competência legislativa”. Uma vez criado o tributo, surgirão múltiplas competências administrativas 
(p.ex.: para instituir obrigações acessórias; para fiscalizar os tributos; para arrecadar os tributos; para realizar 
procedimentos de cobrança; procedimentos para sancionar; e etc.).11
 Alguns autores defendem que sejam regras de conduta. Mas para o professor, tais teorias são inúteis, pois na prática o 
legislador não está obrigado a fazer ou deixar de fazer algo por força das normas de competência tributária. A ação do 
legislador, na seara das normas de competência, pode resultar numa norma constitucional ou inconstitucional (o que é uma 
consequência do agir dentro ou fora da competência, pois, em virtude das normas de estrutura, a sanção aplicada é a própria 
invalidade da norma que seja contrária àquela de estrutura). Em contra partida, restritamente nas normas de conduta, seu 
descumprimento gerará uma sanção de, p.ex., reparação de dano, ou de proibição, ou etc. 
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Justamente por serem decorrentes do exercício da competência legislativa, tais competências/funções 
administrativas não são importantes no estudo da competência tributária; lembrando que esta é a instituída 
constitucionalmente para repartir o “poder de tributar” (poder de legislar em matéria tributária). 
Destarte, leis de isenção, leis sancionatórias, leis administrativas e todas demais advirão/decorrerão da 
competência tributária (e não a compõem), de tal forma que o núcleo material de competência (tributária) 
presenta na Constituição pressupõe só o exercício da competência na instituição do tributo. Em outras palavras, a 
partir daí, haverá um desdobramento dessa competência para isentar, sancionar, criar procedimentos, 
fiscalizações e todos os demais agires da Administração. 
Modelos de Constituição (quanto a distribuição de competências) 
No campo tributário propriamente dito, é preciso identificar modelos de constituição quanto à distribuição de 
competências. 
 Constituição SEM Competências Tributárias 
Só mencionam o princípio da Legalidade; Não há uma limitação constitucional prévia; Assim, nesse modelo, a 
Constituição apenas enuncia o princípio da Legalidade em matéria tributária e se basta nisto. Ex.: Constituição 
italiana – só diz que “os tributos serão cobrados por lei”, sem dizer especificamente quais impostos, taxas ou etc. 
 Constituição COM estabelecimento de Competências Genéricas 
A CF prescreve que alguns entes do federalismo (ou o Estado unitário) instituirão “impostos e taxas”, ou 
“impostos e contribuições”, ou etc. Ou seja, há uma previsão de algumas espécies de tributos, não se restringindo 
apenas a uma legalidade genérica (há uma previsão de quais tributos serão criados; mas ainda assim, de forma 
genérica). Ex.: Suécia, Áustria, Dinamarca, Costa Rica. 
 Constituição de Garantias Tributárias 
Nestas, não se prevê a competência diretamente, mas estão estabelecidas algumas garantias que irão limitar 
diretamente o poder de tributar. Não há um poder amplo, pleno e abrangente dos entes políticos para instituírem 
qualquer tributo. Ex.: Constituição Portuguesa. 
 Constituição Analítica 
Há uma prévia distribuição de competências tributárias específicas por cada pessoa política. Já se sabe com 
previsibilidade e segurança quais sãos as competências da U, dos E, DF e M. 
Sendo o modelo que prevalece predominantemente no Brasil, nossa CF apresenta uma diferenciação importante 
em relação às Constituições dos demais países. Em nossa CF, há uma tipificação prévia de todas as competências 
das diversas pessoas políticas, uma a uma (ou seja, há total previsão das competências). 
No nosso caso: competências em Impostos da U – art.153 e art.154 (competência Residual); competência dos M – 
art.156; e etc. 
Limitações à Competência Tributária 
Outro aspecto importante desta distribuição de competências no Brasil é que esta, por se tratar de normas, está 
submetida a algumas limitações: 
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 - Limitação Interna: a competência está delimitada pelo seu próprio âmbito material. P.ex.: IR – é 
necessário saber o que é Renda, e dentro deste conceito de direito privado poder-se-á identificar quais os limites 
imanentes da competência. 
 - Limitação Colateral: decorre das demais competências. Ou seja, Renda será aquilo que não for 
Propriedade, Patrimônio, Faturamento, Serviço, etc.; será aquilo que não possa confundir-se com outros 
conteúdos. Assim, ao passo que a competência apresenta um limite próprio imanente, os demais conceitos 
também servirão como limitação externa. 
Este é um exercício que deve ser feito sempre que houver dúvida se um imposto incide sobre determinada 
materialidade. Quer dizer, verificar se o conceito que se pretende examinar está ou não abrangido pela 
competência a partir do interior desta ou se está abrangido por outra hipótese de competência, se não se 
enquadra em uma competência externa àquela analisada. 
 - Limitação de Normas Fundamentais (ou de Garantias): são delimitações feitas pela própria Constituição, 
operadas pelas liberdades que esta institui. Robert Alexy chega a dizer que os direitos fundamentais teriam uma 
função de normas negativas de competência, o que é exato: em regra, todas as liberdades operam desta forma, 
negando competência ao Estado para agir sobre aquela liberdade (um ex. de exceção a esta concepção são os 
pedágios – que são “restrições” ao direito de ir e vir). 
 - Limitação territorial: será vista com maior detalhamento mais adiante. 
Tais limitações são muito importantes para se compreender a funcionalidade das normas de competência. 
Competência Tributária e Federalismo 
Outro aspecto, também importante, diz respeito ao papel das competências no federalismo. 
As competências tributárias representam uma negação ao centralismo na figura da União. Isso significa, a 
contrário senso, que só é possível falar em competência tributária a partir de um exame da unidade de Poder. 
No Estado Unitário, todo poder está concentrado num Legislativo único; então, este órgão detêm poderes plenos 
em matéria tributária. Já no federalismo, este poder se dispersa entre as unidades (central e periféricas – uma 
União com suas competências, 27 Estados e DF com as mesmas competências uns dos outros, e 5.575 Municípios 
com as mesmas competências uns dos outros). 
Com isto, pelo Federalismo e pela previsão do art.64, §4º da CF, tem-se uma espécie de proibição de retrocesso 
em matéria de competência tributárias impositivas. É vedado o retorno ao centralismo de competências (que 
devem ser distribuídas). E por isso é absurdo falar em Imposto Único no Brasil, porque é exatamente o que a CF 
veda; esta prevê que, no mínimo, cada pessoa política tenha um imposto (ou seja, no mínimo devem existir 04 
impostos diversos). 
Por ser vedada qualquer EC tendente a abolir o Federalismo, qualquer emenda que tente extinguir competências 
tributárias é equivalente a uma que extinga competências do federalismo (pois envolve a autonomia dos entes) e, 
mais, equivalem a um regresso ao centralismo do Estado. Isto significa dizer que existe um princípio de proibição 
de retrocesso ao centralismo das competências tributárias. 
Este princípio estabelece, p.ex., que as competências não podem ser centralizadas na União para distribuição 
posterior entre os demais entes. Isto ruiria o Federalismo e, também, transformaria E e M em Autarquias da U, 
geridas financeira e diretamente por esta. 
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Então, a descentralização de competências do federalismo impõe, necessariamente, também a descentralização 
financeira. 
Características (especiais) da competência tributária 
Diante deste federalismo e das funções das normas de competência, alguns autores como PBC, Roque Carraza e o 
próprio mestre, mencionam características das competências Tributárias. São características que diferenciam as 
tributárias das demais competências constitucionais. 
Todas as pessoas políticas têm suas competências, e isto em várias matérias, distribuídas pela CF. Todavia, as 
competências tributárias apresentam algumas características peculiares12: 
Roque Carraza Paulo de Barros Carvalho Heleno 
Privatividade Indelegabilidade Originariedade 
Facultatividade Irrenunciabilidade Incaducabilidade 
Incaducabilidade

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