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Caderno Instrumentos do Direito Privado na Proteção do Meio Ambiente - Prof Patricia Iglesia - P2

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Instrumentos do Direito Privado na Proteção do Meio Ambiente 
 2ª prova 
Profa. Patrícia Iglecias 
 
06.05.2013 
Função social da propriedade e responsabilidade por áreas contaminadas 
̶ Função social da propriedade: Evolução do vínculo com a terra, na metade do 
século XX começa-se a pensar que o direito à propriedade não é um direito tão 
absoluto assim. 
̶ Ocorre a chamada publicização da propriedade; hoje fala-se não só na função 
social da propriedade, mas também na função ambiental. 
̶ Função social da propriedade rural, menção ao aspecto ambiental na CF – art. 
186: utilização adequada dos recursos. Aqui, essa noção do aspecto ambiental 
fica claro. Porém o 182, que trata da política urbana, dá um outro conceito – 
atende-se a função social quando atendidas as exigências do Plano Diretor. 
̶ Código Civil, art. 1228, §1º: “e de modo que sejam preservados, (...), a flora, a 
fauna, o equilíbrio natural, evitando a poluição etc.” 
̶ Função social: poder-dever. “Atividade finalisticamente dirigida à tutela do 
interesse de outrem.” 
̶ Diferença básica entre direito de propriedade e usufruto: no segundo caso só se 
tem o uso e o fruto, o usufrutuário não tem direito à substância da coisa. Não 
estaria a função socioambiental trazendo a visão de ser o proprietário apenas 
usufrutuário? Afinal, não pode esgotar o bem ambiental. 
̶ Diferença entre função socioambiental e limitações ao direito à propriedade. 
Função social é mais ampla que as limitações do direito civil (que estão muito 
relacionadas ao direito de vizinhança, relacionadas a aspectos externos). A 
função está relacionada aos aspectos intrínsecos. Há mesmo aqueles que 
defendem que a propriedade É uma função socioambiental, já que esta é 
intrínseca (não cumprindo a função, não há proteção alguma). Mas a Profa. 
segue a outra corrente, de que a propriedade TEM uma função socioambiental 
(já que não existe um confisco da coisa em caso de não-cumprimento, existe 
direito à indenização – ao menos o conteúdo mínimo é protegido). 
̶ Assim, a propriedade atende a uma satisfação pessoal (do proprietário), e 
também social (um direito-garantia da sociedade). Dupla titularidade da 
propriedade: o titular e a sociedade (interesse difuso) 
̶ Reflexo prático: possibilidade de impor ao proprietário a obrigação de fazer e 
não fazer 
̶ (Observação aleatória: Temos que tomar o cuidado de justificar nossas hipóteses 
por meio de uma construção teórica que esteja alicerçada em um sólido 
embasamento jurídico – não adianta tentar “fazer o bem” com um embasamento 
jurídico fraco.) 
̶ Bem socioambiental: o que é? É aquele considerado relevante para as presentes 
e futuras gerações. 
̶ Direito civil: diz-se que a obrigação ambiental seria uma obrigação propter rem. 
o Mas não é possível o abandono liberatório – não deixo de ter aquela 
responsabilidade em função do abandono (Ex: áreas contaminadas). Qual 
a regra? Responsabilizar o alienante ou o adquirente? Geralmente, pensa-
se em responsabilidade do adquirente. Mas isso não pode ser aplicado 
em todos os casos! Imagine-se a contaminação de uma área na qual, 
posteriormente, é construído um conjunto habitacional do Minha Casa, 
Minha Vida – seria o “pobre coitado” responsável pela contaminação? 
Boa-fé objetiva, etc. (Sabia da contaminação? Manteve-a, não fez nada 
para promover a recomposição?...). Ex-proprietário sempre deveria ser 
responsabilizado. Poder-se-ia falar no nexo causal jurídico, analisar cada 
um dos casos. Inviável falar em responsabilidade do adquirente em todos 
os casos. 
̶ Próxima aula: Lei Estadual de Áreas Contaminadas 
 
20.05.2012 (faltei na última aula) 
̶ Conferência Livre, 18 de junho: Embalagens 
̶ Lei 12.305/10 
̶ Sociedade de consumo e informações ao consumidor, direito à informação 
̶ Tendência do brasileiro de não informar, quando na verdade a informação pode 
inclusive ser benéfica ao produtor, porque informando ele diminui a sua própria 
responsabilidade 
̶ Muita informação, mas infelizmente muito rasa 
̶ Às vezes, a reciclagem não é tão vantajosa – minimizar a produção de resíduos é 
fundamental 
̶ Redução, reutilização e reciclagem – essa ordem pode ser alterada dependendo 
do caso  viabilidade técnica e econômica 
̶ Trabalhar com resíduos também é trabalhar com o atendimento das necessidades 
do consumidor 
̶ Produção e consumo sustentáveis, que está associado à ideia da equidade 
intergeracional 
̶ Limites físicos e estratégias sociais que possam administrar os recursos da 
natureza – Enrique Leffe. 
̶ Resíduo sólido: objeto, material ou substância ou bem descartado, resultante de 
atividades humanas a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se 
está obrigado a proceder. Pode ser sólidos, semissólidos, gases ou líquidos. 
Sempre será considerado sólido quando se torne inviável o lançamento em 
corpos públicos ou efluentes 
̶ Resíduo: deve ter destinação ambientalmente adequada 
̶ Rejeito: não pode mais sofrer um processo de destinação, vai para a disposição 
em aterro. 
̶ Matéria-prima secundária: aproveitável em outro processo produtivo. Acaba 
sendo irrelevante para nós, porque adotamos a denominada “visão objetiva” 
sobre o resíduo, não importa a parte intencional, o que se pretende fazer com o 
resíduo. 
̶ A lei também fala na completa eliminação de lixões, prevista para ocorrer até 
2014 (uhum, certeza.) 
̶ Diretiva Europeia 156/91 – primeira regra tinha um Anexo com todos os objetos 
que seriam considerados resíduos 
̶ Hoje: Se a pessoa vai se desfazer daquilo, tem a intenção ou obrigação, será 
resíduo. 
̶ Detentor no e possuidor: qual a diferença? Teoria de Hering – elemento objetivo 
faz a diferença, é um dispositivo de lei: arts. 1198 e 1208 do CC, que trabalham 
com a mera detenção 
o Detentor: ex – caseiro, protege o bem para o possuidor. Atos violentos, 
clandestinos ou precários, que não induzem em posse (quem pega um 
relógio e sair correndo, não é posse, só detenção. Ou então quem 
empresta algo para outra pessoa, nunca vai ter a posse, só a detenção – 
precariedade) 
̶ O que usar no Brasil? Detenção ou posse? O problema é que a posse no Brasil é 
mais ampla que o direito francês, por exemplo (onde locatários são considerados 
meros detentores, enquanto no Brasil seria possuidor) 
̶ Utilizamos posse, porque no nosso contexto essa ideia é mais próxima, porque 
abarca mais pessoas. A noção de detenção é muito limitada. 
̶ Res derelicta – coisa abandonada. Perda de propriedade, utilizada tanto para 
bens móveis como imóveis. No caso dos resíduos, entretanto, o abandono não 
gera perda de responsabilidade sobre ele. 
̶ Bem socioambiental – tudo aquilo que é relevante para as presentes e futuras 
gerações pode ser considerado um bem ambiental. Ficam sujeito ao que 
chamamos de “dupla titularidade”, pertencem ao titular e à sociedade também. 
̶ Resíduos devem ser considerados bens ambientais para a proteção da própria 
sociedade  Enunciado 565 da Sexta Jornada do STJ (março de 2013): não 
ocorre a perda da propriedade pelo abandono de resíduos sólidos, que são 
considerados bens socioambientais nos termos da Lei 12.305/12. 
 
03.06.2013 
Seguros Ambientais 
̶ Lei estadual de áreas contaminadas prevê o seguro ambiental, decreto teve que 
permitir uma certa flexibilização porque o mercado não oferece esse tipo de 
seguro 
̶ Dificuldade: e quando a área já está contaminada? Como se pode fazer um 
seguro nesse caso? 
̶ Seguros ambientais ainda não estão integrados na cultura empreendedora no 
Brasil 
̶ Definição de seguro: seguradora garante um interesse legítimo do segurado 
mediante o pagamento de um prêmio em relação a riscos pré-determinados. 
̶ Principais tipos de riscos cobertos: poluição gradual e poluição acidental 
̶ Demanda: se origina de duas necessidades 
o Desenvolvimento de atividades com um potencial impacto ao meio 
ambiente 
o A sociedade demanda também a eficaz e rápida reparação se ocorrer um 
dano ambiental 
̶ Ajudam para oseguro, por trazerem insegurança aos agentes: 
o O conceito amplo do poluidor (pode ser o direto e indireto), o que traz 
bastante incerteza para investimentos na área 
o O conceito de solidariedade entre os poluidores 
o A responsabilidade objetiva; não é necessário a demonstração do 
dolo/da culpa 
̶ Responsabilidade contratual geralmente é definida entre os agentes, mas isso 
não vincula terceiros, é apenas entre as partes 
̶ Seguro ambiental surge por conta dessas incertezas 
̶ Oferta: na área ambiental, é bastante incipiente no Brasil. Pools de seguradoras. 
̶ Objeto: previsões legais 
o 1. PNMA, lei de 1981: instrumentos econômicos – seguro; foi trazido 
por uma alteração de 2006. Mas só cita o seguro ambiental; 
o Lei de Áreas Contaminadas: seguro pode ser uma das exigências do 
Poder Público no gerenciamento de uma área contaminada – Plano de 
Remediação;  não existe ainda, no mercado, empresa preparada para 
oferecer este tipo de seguradora 
o Política de Resíduos Sólidos: faculdade de o órgão ambiental exigir 
seguro ambiental quanto ao licenciamento de atividades 
geradoras/operadoras de resíduos sólidos perigosos 
̶ Observa-se, assim, que desde 2006 os seguros ambientais estão entrando na 
legislação. 
̶ Riscos que podem ser cobertos: 
o Poluição acidental/súbita: fato externo à vontade do segurado, 
imprevisto, e súbito. Elemento temporal é bastante importante nas 
apólices deste tipo de risco, que geralmente determinam que esta 
poluição deve ocorrer em 72 horas. 
o Poluição gradual, decorrente do desenvolvimento da atividade normal do 
empreendedor: é por este tipo de poluição que os seguros entraram na 
seara ambiental. Este tipo de cláusula era bastante restritivo, hoje 
começam a surgir seguros que tratam da poluição ambiental gradual de 
forma específica (a partir da década de 70) 
 Poluição cumulativa: ao longo do tempo 
 Poluição sinérgica: junto com outros empreendedoras 
̶ Para cobertura do seguro, a seguradora exige o cumprimento da legislação 
ambiental, se houver descumprimento deliberado pela empresa a seguradora não 
cobrirá o dano 
̶ Dever da comunicação do sinistro à seguradora 
̶ Casos não cobertos: pagamento obviamente se limita ao contratado por meio da 
apólice 
̶ Os seguros cobrem a responsabilidade civil ambiental, e não a penal e 
administrativa (mas muitas vezes as maiores multas estão relacionadas a essas 
duas últimas responsabilidades! dificuldade) 
̶ Danos cobertos: amianto, material nuclear 
̶ Hoje, as melhores apólices cobrem no máximo 35 milhões de reais 
̶ Seguros obrigatórios: 
o Hoje, só existe na Lei de Áreas Contaminadas e na legislação de resíduos 
sólidos perigosos (e apenas quando o órgão ambiental o exigir) 
o Projetos de Lei sobre o assunto já existem, mas isto será apenas mais 
uma taxa para o empreendedor? Analogia com o seguro obrigatório de 
trânsito

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