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Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 1 Transplantes Introdução O transplante é um processo de remoção de células, tecidos ou órgãos, chamados de enxertos, de uma pessoa para outra ou, em casos raros, de um animal para uma pessoa ou até mesmo de uma pessoa para ela mesma. Quem recebe o enxerto é denominado receptor ou hospedeiro. Já quem doa o enxerto chama-se doador. Localização do enxerto: Ortotópico- caso seja posto em sua localização anatômica normal. Ex: lóbulo hepático do doador no local onde ficaria esse lóbulo no receptor. Heterotópico- caso seja posto em localização anatômica distinta. Ex: enxerto da veia safena foi posto no miocárdio na cirurgia de reconstrução. Transfusão é a transferência de células sanguíneas ou do plasma de uma pessoa para outra. Relação entre os transplantes mais comuns: Portanto, dá para ver que o rim é o órgão mais transplantado no mundo, seguido pelo fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino. Tipos de transplante: Auto-enxerto- é o autotransplante, como não envolve outro indivíduo, não ocorre rejeição. Ex: enxerto de pele em queimadura. Isoenxerto ou sinenxerto- é o transplante de indivíduos geneticamente idênticos da mesma espécie, então também não ocorre rejeição. Ex: transplante entre gêmeos idênticos. Aloenxerto- é o transplante clínico mais recorrente, pois são indivíduos geneticamente distintos, mas da mesma espécie, então pode ocorrer rejeição, por isso precisa da imunossupressão. Ex: transplante renal e hepático. Xenoenxerto- é o transplante de indivíduos de espécies distintas, então sempre ocorre rejeição e precisa da imunossupressão. Ex: transplante do pâncreas suíno no humano. Quanto as terminologias, temos: Iso- é a mesma genética da mesma espécie Alo- é geneticamente diferente na mesma espécie Xeno- espécies distintas, então, automaticamente, têm genéticas diferentes Princípios gerais da imunologia do transplante A rejeição é um processo de falência do enxerto por alguma reação inflamatória e imunológica adaptativa, com as características de memória e especificidade presentes, além imunológica inata através da célula NK. Quando há a remoção do órgão, acaba-se interrompendo o aporte sanguíneo, então normalmente gera-se isquemia nesse órgão por conta da expressão do DAMP (padrão molecular associado ao dano) que estimula a célula NK do hospedeiro se não tiver MHC singênico no enxerto. A molécula reconhecida como estranha no aloenxerto (o mais frequente) é denominada Aloantígeno, sendo que, o linfócito que reage com ele, chama-se Linfócito Alorreativo. Já a molécula estranha no xenoenxerto é denominada Xenoantígeno que, por sua vez, é reagida com o Linfócito Xenorreativo. Resposta imunológica adaptativa ao aloenxerto Primeiro, é necessário sabermos que grande parte dos antígenos que estimulam a resposta imunológica (RI) adaptativa contra o aloenxerto, na Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 2 verdade, são proteínas codificadas por genes polimórficos distintos de pessoa a pessoa. Essas proteínas são os MHC’s que, por sua vez, determinam se o enxerto é compatível ou não com o sistema imune do hospedeiro. Para isso, temos as regras básicas pro transplante: O órgão transplantado entre 2 indivíduos geneticamente idênticas (gêmeos) não é rejeitado. O órgão transplantado entre 2 indivíduos geneticamente NÃO idênticas quase sempre é rejeitado. O órgão singênico de um doador com MHCa (MHC da linhagem A) se for transplantado pro receptor MHCa não será rejeitado, afinal o órgão é denominado singênico porque ambos são da mesma linhagem de MHC. O órgão transplantado de um doador com MHCb para um receptor MHCa é rejeitado completamente. Nesse caso, o órgão é alogênico, pois os 2 indivíduos são da mesma espécie, mas são geneticamente distintos. O órgão cosanguíneo parental transplantado de um doador com MHC b para um receptor híbrido (MHCa e MHCb) não é rejeitado. O órgão transplantado de um híbrido (MHCa e MHCb) para um receptor MHCa é rejeitado, pois o doador tem MHCa e o MHCb, já o receptor só tem MHCa, então vai dar ruim se entrar em contato com o MHCb do doador. Um fato relevante de relembrarmos é que o MHC se liga ao peptídeo e o apresenta para o linfócito T que, por sua vez, é importante para a rejeição forte e rápida. Outra observação é que o MHC humano é o antígeno leucocitário humano, também conhecido como HLA, então se uma hora eu falar MHC e outra hora HLA, é a mesma coisa porque só estou falando do humano e não do MHC de outro animal. OBS do Teva: a resposta imune frente ao transplante é a produção de anticorpos e TH1, TH2 e TH17 na tentativa de eliminar o enxerto, então para evitarmos isso, fazemos a imunossupressão. Fatores de rejeição MHC distintos apresentam uma rejeição rápida, pois são apresentados diretamente ao linfócito T Antígeno de histocompatibilidade secundário apresenta uma rejeição lenta, só que não sabe- se muito bem o que é esse antígeno, só é conhecido que ele existe Reconhecimento do aloantígeno pelo linfócito T A molécula alogênica do MHC do enxerto pode ser apresentada ao linfócito T de 2 formas, são elas: Direta- a apresentação não é processada, pois a célula dendrítica/APC do doador está com o MHC dele, aí o linfócito TCD4 efetor reconhece o MHC do doador presente na APC e libera citocinas que estimulam o linfócito TCD8 efetor a se diferenciar em CTL/citotóxico, a fim de matar o enxerto A forma direta do alorreconhecimento ocorre quando o sistema imune do receptor reconhece o MHC intacto do doador. Indireta- a apresentação tem que ser processada, pois a célula dendrítica/APC do receptor reconhece, processa o MHC do enxerto/doador e põe pra dentro dela. Só que essa APC tem seu próprio MHC que se junta ao TCD4 para ativá-lo. A partir dessa ativação do TCD4, podem ocorrer 2 eventos: o 1°-TCD4 efetor envia o MHC do doador pro macrófago do receptor presente no enxerto. Aqui nesse caso, o macrófago e o TCD4 vão produzir citocinas inflamatórias e vão lesar o enxerto através dessa inflamação o 2°-TCD4 sensibiliza linfócito B a virar plasmócito e produzir anticorpo MHC- específico do doador a fim de lesar o enxerto através desse anticorpo OBS: a indireta é quando a APC do receptor vai pro enxerto, pega o aloantígeno presente nele, o leva até o linfonodo regional e é exibido pro TCD4 ou TCD8. É Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 3 mais demorada (5 a 7 dias), pois o MHC do doador é processado pelo MHC do receptor. Questão do Teva: Por que o reconhecimento direto é mais rápido que o indireto? Porque as células que reconhecem o MHC do doador direto/não processado têm em mais quantidade do que aquelas que reconhecem o MHC processado do doador, então a direta é mais rápida porque não precisa processar nada. Essa parte do reconhecimento do aloantígeno pelo linfócito T é bem complexa, então essa imagem abaixo demonstra tudo que falei, caso eu não tenha conseguido expressar muito bem essa complexidade. Ativação e função efetora do linfócito T alorreativo Ativação A resposta do linfócito T frente ao enxerto é iniciada no linfonodo que o drena. Então, no enxerto tem a APC do doador, aí essa APC vai até o linfonodo da região e apresenta em sua superfície MHC I ou MHC II alogênicos não processados. Com isso, os linfócitos TCD4 ou TCD8 serão ativados das 2 formas que falei acima, direta ou indireta. Reação mista de linfócitos/MLR É uma cultura onde têm linfócitos do receptor e do doador. Antigamente era usada como um teste de previsão de rejeiçãodo enxerto pelo linfócito T. Coestimulação da resposta do linfócito T frente ao aloantígeno Para ativar o linfócito T alorreativo, é necessário que esse linfócito reconheça o aloantígeno antes, além de ser coestimulado pela célula B7 na APC. Essa coestimuação é importante para ativar o linfócito T alorreativo naive e para gerar memória desse linfócito. A rejeição do aloenxerto é inibida por agentes bloqueadores de B7, ou seja, a coestimulação que o B7 faz no linfócito T ajuda na rejeição, então ele é bloqueado na terapia para que o enxerto não seja rejeitado. Função efetora do linfócito T alorreativo Os linfócitos TCD4 e TCD8 alorreativos causam a rejeição do enxerto de formas distintas, são elas: TCD4- o TCD4 auxiliar se diferencia em TCD4 efetor que produz citocinas com função de danificar o enxerto através da inflamação. TCD8- o TCD8 alorreativo se diferencia em CTL que, por sua vez, se reconhecer o aloantígeno pela forma direta, pode até matar o enxerto. No entanto, se reconhecer o aloantígeno pela forma indireta, ele até danifica, mas não mata. Ativação do linfócito B alorreativo e sua produção de aloanticorpos O linfócito B naive reconhece e processa o MHC alogênico. Com isso, ele apresenta os peptídeos que ele acabou de processar para o linfócito TCD4 que, por sua vez, já foi ativado previamente por esses peptídeos só que eles foram apresentados pela célula dendrítica e não pelo linfócito B. Então, a ativação do linfócito B alorreativo é um exemplo de apresentação indireta de aloantígenos. Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 4 No entanto, é bom lembrar que o anticorpo específico do doador contra o aloantígeno não-HLA também corrobora com a rejeição. Tipos de rejeição Hiperaguda Ocorre quando há oclusão trombótica da vasculatura do enxerto em questão de minutos após o vaso sanguíneo do hospedeiro ser anastomosado ao vaso do enxerto. É mediada por anticorpos preexistentes da circulação do hospedeiro que se ligam aos antígenos endoteliais do doador, sendo que, essa ligação entre o anticorpo do receptor com o antígeno endotelial do doador ativam o complemento. O complemento junto do anticorpo acabam induzindo a cascata de trombose intravascular. Antigamente, a IgM anti-ABO era a principal causa de rejeição hiperaguda, mas atualmente só há prosseguimento com o transplante se o sistema ABO for idêntico, então geralmente nos dias atuais a rejeição hiperaguda é oriunda de alguma exposição prévia a esse antígeno por: transfusão, transplante prévio e gestações, sendo que, essas 3 causas produzem IgG contra o enxerto. Então, a rejeição hiperaguda do aloenxerto ocorre pela presença de IgG do receptor contra o MHC do receptor ou IgG do receptor contra aloantígenos do endotélio vascular. RPA/PRA- Painel de Anticorpo Reativo Aqui mede-se o anticorpo anti-HLA circulante do paciente à espera do transplante Como evitar a rejeição hiperaguda? Anti-CD20 para eliminar linfócito B antes do transplante, plasmaferase ou depleção de IgG com proteína A Normalmente na rejeição hiperaguda não adianta aumentar a dose do imunossupressor. Aguda A rejeição aguda é um processo lesivo por linfócitos T alorreativos e anticorpos que danam o parênquima e a vascularização do enxerto. O tempo de início dessa rejeição depende do período necessário para a geração de novos linfócitos T efetores alorreativos e anticorpos em resposta ao enxerto. Atualmente, pode ocorrer depois de dias, meses ou anos após o transplante, caso a imunossupressão for reduzida. Um fato interessante é que ocorre em 50% dos transplantes hepáticos e cerca de 60 a 75% dos renais. A rejeição aguda é baseada em 2 padrões que coexistem, ou seja, trabalham em conjunto, são eles: Celular- mediada por linfócitos. O linfócito TCD8 (citotóxico/CTL) mata as células do parênquima e as endoteliais do enxerto. O linfócito TCD4, por sua vez, lança citocinas que ajudam na inflamação. Portanto, há um infiltrado celular de TCD4 e TCD8 específicos para esse aloantígeno do enxerto que, juntos, promovem inflamação e morte do enxerto. Humoral- mediada por anticorpos. O aloanticorpo se liga ao aloantígeno na célula endotelial vascular e, consequentemente, acarreta na lesão endotelial e trombose intravascular que, convenhamos, juntos destroem o enxerto. Quando o aloanticorpo se liga na superfície da célula endotelial, ele consegue ativar o complemento local que, por sua vez, faz a lise dessa célula através do trio parada dura Perforina + Granzima + Granulisina, além de recrutar e ativar neutrófilos, formando trombos. Essa ligação entre aloanticorpo e aloantígeno acarretam na Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 5 maior expressão de moléculas pró- inflamatórias e pró-coagulantes . O aloanticorpo, através da sua porção Fc, consegue se ligar ao neutrófilo e célula NK que também vão destruir o endotélio. Exemplo de rejeição aguda de um material da USP: Crônica É a maior causa de rejeição atualmente! O transplante renal consegue sobreviver cerca de 10 anos em 60% dos transplantados mesmo com a imunossupressão presente. Ela ocorre depois de meses, anos ou até décadas, sendo que ela pode ser fruto da rejeição aguda ou não, então não necessariamente toda rejeição crônica é a progressão da aguda. OBS: galera, o Teva não deu esses 3 exemplos abaixo de rejeição, mas estava no livro, então vou pôr aqui só pra complementar o conhecimento. Rejeição crônica renal e cardíaca geram: Oclusão vascular e fibrose intersticial Rejeição crônica pulmonar gera: Espessamento da via aérea inferior, então acaba gerando a Bronquiolite Obliterante Rejeição crônica hepática: Fibrose dos ductos biliares A partir daqui ele deu... A lesão dominante da rejeição crônica é a oclusão arterial, pois as células da musculatura lisa da túnica íntima arterial se proliferam demais, então geralmente temos isquemia no enxerto por rejeição crônica. Tá, mas por que essa oclusão acontece? Porque há ativação do linfócito TCD4 (alorreativo específico pra esse antígeno) e, com isso, esse TCD4 libera uma pancada de citocinas distintas que aumentam a espessura desse vaso pelo aumento da proliferação das células musculares lisas vasculares. Prevenção e tratamento da rejeição do aloenxerto Tipos de doador Vivo: Se o doador for um familiar do receptor, há menor chance de rejeição, pois tem maior compartilhamento de alelos dos genes polimórficos, como o MHC, por exemplo. Se o doador não tem relação familiar nenhuma com o receptor, tem maior chance de rejeição. Cadáver: O cadáver é a fonte de qualquer órgão transplantado e é o único doador que pode doar o coração, por motivos óbvios né gente. Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 6 Aqui temos um assunto polêmico que é o paciente com morte cerebral, de acordo com o Abbas, esse tipo de paciente é considerado um doador cadáver, mas tem artigo que diz que não pode e tem que ser considerado como um doador vivo, mas vamos focar no Abbas que é o soberano da imunologia. O cara que acabou de morrer por algum traumatismo também pode doar, é raro isso acontecer, mas pode ocorrer sim. A chance do enxerto do cadáver sobreviver é bem menor quando comparada a chance do vivo. Redução da imunogenicidade do aloenxerto Tem como função, minimizar a diferença alogênica entre doador e receptor através: Tipagem sanguínea ABO Determinação do HLA expresso pelo doador e pelo receptor, então faz basicamente a tipagem tecidual Detecção de anticorpos pré-formados no receptor contra o HLA do doador Detecção de anticorpospré-formados do receptor que se ligam ao antígeno do doador, isso chama-se prova cruzada Como evitar a rejeição hiperaguda O antígeno do grupo sanguíneo ABO do enxerto é selecionado para fazer o teste, sendo que, esse teste é feito mais no caso de transplantes renais e cardíacos. Se o paciente tiver IgM específico para o antígeno do grupo sanguíneo ABO alogênico do doador, vai gerar uma reação hiperaguda e o transplante não é feito, pois o médico sabe que vai dar ruim. Aqui, mistura-se hemácias do paciente com anticorpos anti-A e anti-B, se o paciente aglutinar a mistura de sua hemácia com o anti-A, significa que ele reagiu contra ele. A mesma coisa vale pro anti-B, mas daqui a pouco eu explico melhor a tipagem ABO na transfusão sanguínea. Tipagem de HLA Quanto maior a quantidade de alelos MHC compatíveis entre doador e receptor, melhor a sobrevida do enxerto. Nós até podemos pedir a tipagem de HLA-C, HLA-DQ e HLA-DP, mas eles tem baixo polimorfismo, então o que pedimos mesmo é a tipagem de HLA-A, HLA-B e HLA-DR. Esses 3 HLA’s geram 2 alelos cada, portanto, no total são 6 alelos, sendo que, quanto maior o número (variando de 1 a 6), maior a compatibilidade do receptor e do doador. A ausência da incompatibilidade antigênica significa melhor sobrevida dos enxerto, então se eles 2 tiverem os 6 alelos compatíveis pode preparar a festa, porque vai dar bom. A sobrevida de enxertos com 2 a 6 incompatibilidades de HLA é MUITO pior do que aquela com nenhuma incompatibilidade ou apenas 1 incompatibilidade antigênica. Resumo da ópera: o transplante vai ser bem sucedido se tiver 0 ou 1 incompatibilidade antigênica entre os 6 alelos dos HLA’s do receptor e doador. Se tiver 2 ou mais incompatibilidades, é quase certo que vai dar ruim. Imunossupressão Qual é a função da imunossupressão? Ela serve para tratar a rejeição do enxerto através da redução de linfócitos TCD4 e CLT’s que medeiam, principalmente, a rejeição aguda. No entanto, a imunossupressão deixa o sujeito mais propenso a desenvolver infecções e tumores relacionados ao agente viral. Então, não é difícil encontrar um imunossuprimido com defesas viral e outros patógenos intracelulares reduzidas. Ela existe com a finalidade de inibir ou matar o linfócito T. Temos várias classes, são elas: Inibidores da via de sinalização do linfócito T Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 7 A ciclosporina é um peptídeo fúngico que se liga a proteína celular ciclofilina e formam um complexo que inibem a calcineurina que é importante para ativar o NFAT (fator de transcrição nuclear de linfócitos) e a transcrição de IL-2, entre outras citocinas. O tracolimo se liga a proteína ligante de FK506 e juntos formam um complexo que inibem a calcineurina, igual a ciclosporina e ciclofilina. Resumo dos inibidores da via de sinalização do linfócito T: Ciclosporina + ciclofilina = complexo que inibe calcineurina Tracolimo + FK506 = complexo que inibe calcineurina o A calcineurina é importante pra ativar a transcrição de linfócitos e de IL-2. Inibição da proliferação de linfócito T por fatores de crescimento Rapamicina/Sirolismo inibe a proliferação do linfócito T que é mediada por fatores de crescimento, sendo que, a Rapamicina se liga ao FKBP e inibe uma enzima chamada mTOR (promove a sobrevivência e a proliferação celular). Antimetabólitos Matam o linfócito T em proliferação, mas é usado em associação com outro fármaco para tratar a rejeição ao enxerto. O principal antimetabólito é o Micofenolato de Mofetila (MMF). Bloqueio da função de anticorpos anti-linfócitos São usados na rejeição aguda. As globulinas antitimócitos matam os linfócitos T circulantes porque ativam o complemento e fazem a fagocitose pela opsonização. OBS: o bloqueio da coestimulação também reduz a rejeição aguda. AINES O principal anti-inflamatório é o Corticoesteróide que é usado frequentemente para reduzir a inflamação do aloenxerto. Quais imunossupressores são mais usados? AINES Anticorpos mono e policlonais Inibidores da calcineurina Antiproliferativos Como induzir a tolerância doador-específica? Através de 3 formas: Bloqueio do coestimulador- suprime a resposta imune contra o aloenxerto de forma momentânea, então não é usado a longo prazo Quimerismo hematopoiético- é uma forma boa, mas não é a ideal, pois é necessário fazer transfusão de células sanguíneas do doador para o receptor e, com isso, inibe-se a rejeição. No entanto, como nem tudo são flores, não há boa disponibilidade de doadores adequados de células-tronco hematopoiéticas disponíveis por aí. Transferência ou indução de Tregs- sabe-se que o Treg regula a quantidade de linfócitos T, então na teoria seria muito bom ter bastante Treg pra diminuir a quantia de linfócitos T, mas esse processo ainda está em curso. Transplante hepático O transplante hepático é o diferentão de todos os transplantes, pois o fígado frequentemente sobrevive e funciona normalmente sem ou com pouca terapia imunossupressora. Os médicos gostam de usar o termo “Tolerância Operatória” ao se referirem ao transplante hepático sem imunoterapia. Transplante Xenogênico O grande problema é que os anticorpos naturais no receptor humano causam rejeições hiperagudas ao enxerto xenogênico (não-humano). O xenoenxerto normalmente é rejeitado porque são espécies diferentes, nesse contexto, temos o porco como o escolhido. Mas por que ele é escolhido? Pois nas visões fisiológicas e anatômicas internas ele é parecido com o humano, mas na visão imunológica não. Como fazermos um xenoenxerto ser aceitável? Ainda está em curso, mas basicamente o profissional tira uma célula muscular fetal do porco, introduzo o Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 8 DNA humano (Ips/Célula-tronco humana) que é responsável pela produção do órgão que ele quer, aí cresce o cultivo dessa célula híbrida. Depois de várias reações, ele extrai o óvulo não fecundado anucleado, faz mais um monte de coisa que não vem ao caso e origina o órgão, o problema é que não dá muito certo a longo prazo, então os pesquisadores estão fazendo porcos transgênicos especialmente para as proteínas reguladoras do complemento humanas, só que isso ainda é muito discutido no conselho de ética médica. Transfusão de sangue O sistema de aloantígenos mais importante na transfusão sanguínea é o Sistema ABO, sendo que, o paciente que não expressa um antígeno para certo grupo sanguíneo acaba produzindo IgM contra ele, por isso é importante fazer a tipagem sanguínea antes da transfusão. Caso não faça a tipagem sanguínea antes e a transfusão não for compatível, ocorre uma reação hemolítica imediata mediada por complemento e, com isso, há lise de hemácias no fígado e no baço pelos macrófagos. Os antígenos do grupo ABO são carboidratos ligados a lipoproteínas da superfície celular e tem um alelo herdado do pai e outro da mãe. Alelo O- é desprovido de atividade enzimática, expressa apenas o antígeno H, é homozigoto e não consegue adicionar nenhum açúcar no terminal do antígeno H Alelo A- tem uma enzima que transfere o açúcar n-acetilgalactosamina terminal para o antígeno H. Quem é do tipo A tem 3 origens possíveis: o AA- homozigoto, pai doou A e a mãe doou A o AO- heterozigoto, pai doou A ou O e a mãe doou o outro o AB- heterozigoto, o pai doou A ou B e a mãe doou o outro Alelo B- tem uma enzima que transfere a galactose terminal para o antígeno H. Quem é do tipo B tem 3 origens possíveis: o BB- homozigoto, pai doou B e a mãe doou B o BO- heterozigoto, pai doou B ou O e a mãe doou o outro o AB- heterozigoto, pai doouA ou B e a mãe doou o outro Tipos sanguíneos O- produz anticorpos IgM anti-A e anti-B, então não têm antígenos/alelos A ou B A- produz anticorpos IgM anti-B e tem o antígeno A B- produz anticorpos IgM anti-A e tem o antígeno B AB- não produz anticorpo nenhum e têm os antígenos A e B Então na transfusão sanguínea, conseguimos perceber que a escolha do doador é baseada na expressão de antígenos e na resposta de anticorpos do receptor contra ele. Rh O antígeno Rhesus, vulgo Rh, é uma proteína de superfície celular codificada pelo gene RhD, então: Quem é Rh negativo não é tolerante ao RhD Quem é Rh positivo é tolerante ao RhD Isso é importante para sabermos a reação hemolítica dos fetos em desenvolvimento. Laura Crespo- 2026.2- transcrição baseada majoritariamente do Abbas e algumas anotações da aula. 9 Eritroblastose fetal/doença hemolítica do recém-nascido O pai é Rh +, mas a mãe é Rh -, se o primeiro filho nascer Rh +, na hora do parto, há uma mistura entre o Rh- da mãe com o Rh+ da criança e, com isso, a mãe desenvolve anticorpos IgG anti-Rh. Se a mãe tiver outro filho Rh+ é um grande problema, pois a memória imunológica faz com que os anticorpos IgG anti-Rh maternos passem para a criança, podendo gerar a eritroblastose fetal. Essa patologia é prevenida através da administração de anticorpos anti-RhD na mãe dentro de 72h após o nascimento da primeira criança Rh+ que a sensibilizou a produzir IgG anti-Rh para que, caso ela tenha outra gestação onde a criança é Rh+, esses anticorpos não invadam o sistema circulatório do feto e causem os problemas da eritroblastose fetal. Transplante de Células-tronco hematopoiéticas/CTH Importância do transplante de CTH: Paciente com hemoglobina anormal Tratamento de alguns tipos de leucemia- essa é a principal função desse transplante, então ele é indicado no tratamento de leucemia e pré-leucêmico, são exemplos: o Leucemia linfoide crônica o Leucemia mieloide crônica Paciente com quimio ou radioterapia ablativa Para o paciente realizar esse transplante, ele precisa estar EXTREMAMENTE imunossuprimido, sendo que, isso é um problema, pois geralmente acarreta em alguma imunodeficiência ou a GVHD posteriores ao transplante. As CTH’s alogênicas são rejeitadas mesmo por um hospedeiro minimamente imunocompetente, então elas podem ser rejeitadas por células do sistema imune adaptativo ou por células NK, por exemplo. Esse transplante, muitas vezes, acarreta na GVHD (Doença do Enxerto versus Hospedeiro) ou Imunodeficiência. GVHD- é gerada pela reação do linfócito T do enxerto com o aloantígeno do hospedeiro, então normalmente ocorre quando o receptor está imunocomprometido e é incapaz de rejeitar as células alogênicas do enxerto (principalmente contra antígenos de histocompatibilidade secundários e não de MHC, afinal se fosse de MHC não teria feito transplante pra início de conversa). Imunodeficiência- a radio e quimioterapias usadas na preparação do receptor/hospedeiro, podem fazer a depleção de células de memória e plasmócito, então o paciente pode não voltar a produzir linfócitos tão cedo ou até mesmo pode nunca mais produzí-los. Então esse paciente fica muito mais suscetível à infecção viral (principalmente Citomegalovírus), bacteriana e fúngica.
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