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EROSÃO ÁCIDA Ecossistema bucal DEFINIÇÃO A erosão dentária é a perda ou desgaste da camada externa que reveste e protege os dentes, que gradativamente vai diminuindo de tamanho e ao mesmo tempo expõe para o meio bucal a camada interna (chamada dentina). Isso acontece porque ocorre um amolecimento do esmalte do dente, que vai sofrendo um desgaste acentuado, ocorre de maneira muito discreta, não visível a olho nu, e de forma indolor, provocado por um processo químico de dissolução do esmalte por ácido, e sem nenhum envolvimento de bactérias. A erosão ácida está ligada ao consumo de bebidas e alimentos ácidos, tornando-a mais susceptível à abrasão. Este desgaste ou abrasão pode ocorrer também devido à escovação. FATORES ETIOLÓGICOS A perda de estrutura dental provocada pela desmineralização ocorre devido ao contato com substâncias ácidas, provenientes de fontes intrínsecas ou extrínsecas: → AGENTE INTRÍSECO: corresponde ao ácido clorídrico presente no suco gástrico, que pode atingir a cavidade bucal devido a vômitos recorrentes, como ocorre nos casos de desordens somáticas (alcoolismo crônico, gravidez e refluxo gastresofágico) e psicossomáticas (bulimia, anorexia). → AGENTES EXTRÍNSECOS: bebidas e alimentos ácidos como sucos, frutas, refrigerantes, vinagre, chás, bebidas alcoólicas são considerados as principais fontes exógenas de agentes erosivos. Medicamentos como vitamina C mastigável também podem causar erosão dental. Além disso, fatores ocupacionais podem implicar em maior predisposição às lesões erosivas, como o trabalho em indústrias de bateria e de galvanização, local em que os operários são expostos a vapores ácidos. Degustadores de vinho e nadadores profissionais também estão entre os grupos de risco. Mesmo que a presença desses fatores determine a susceptibilidade e a gravidade da erosão, outros aspectos podem modular os danos causados ao dente. São estes: → QUÍMICOS: pH, capacidade tampão, tipo de ácido, adesão à superfície dental, propriedades quelantes e concentração de cálcio, fosfato e flúor relacionados à bebida ácida; → BIOLÓGICOS: fluxo, composição, capacidade tampão e pH salivares, características da película adquirida, conteúdo inorgânico e pH crítico de dissolução dentais; → COMPORTAMENTAIS: hábitos dietéticos e de higiene bucal praticados pelo indivíduo, apertamento ou ranger dos dentes, regurgitação, vômitos, uso de drogas e ocupações. ASPECTOS CLÍNICOS Clinicamente, as lesões de erosão caracterizam-se por uma superfície lisa, fosca e transparente, com a borda em esmalte intacto na margem gengival, presença de depressões e concavidades nas superfícies, perda da morfologia dental, aparência de restauração com sobrecontorno, e em casos mais graves, exposição da dentina e/ou tecido pulpar. → SINAIS INICIAS: sensibilidade e descoloração; → SINAIS AVANÇADOS: descoloração acentuada, fissuras e sensibilidade severa. Comumente, encontra-se a interação entre erosão e abrasão – fenômeno que envolve a perda de estrutura dental devido à interposição de partículas abrasivas. Neste caso, a superfície desmineralizada pelo contato com substâncias ácidas apresenta-se mais vulnerável ao desgaste abrasivo, decorrente da escovação, por exemplo. Adicionalmente, o desgaste por fadiga também pode estar associado aos demais fenômenos, agravando os danos ao dente. Na cavidade bucal, o desgaste por fadiga manifesta-se como lesões de abfração e resulta da incidência de cargas oclusais e incisais excessivas e forças excêntricas na superfície dental. CONSEQUÊNCIAS Além da perda parcial ou total da estrutura dentária, outros aspectos são visualizados: → BRILHO E TEXTURA: a superfície dentária perde o seu brilho e textura, tornando-se macia à medida que o esmalte é desgastado; → COR: os dentes tornam-se amarelados à medida que o esmalte vai diminuindo de espessura, sobressaindo a cor amarela da dentina subjacente (primeiros sintomas); → TRANSLUCÊNCIA: os bordos incisais tornam-se mais finos, fazendo com que o dente pareça mais translúcido; → ESTRUTURA: surgem pequenos traços de desgaste dos bordos incisais fragilizados devido à menor espessura do dente (fases mais avançadas); PREVENÇÃO E CONTROLE As abordagens para prevenção da formação e controle da progressão de lesões de erosão visam ao reconhecimento de indivíduos sob risco, à identificação de lesões em estágios iniciais e à máxima preservação de estrutura dental. A principal estratégia de prevenção e controle das lesões é a eliminação do agente etiológico. Para isso, é essencial que haja conscientização e orientação sobre as causas do desgaste. Todavia, embora simples na teoria, a eliminação do fator causal, muitas vezes, é difícil de ser alcançada, pois pode envolver condições médicas, psicológicas ou sociais. Além disso, com a progressão da perda de estrutura dental, pode ocorrer sensibilidade dolorosa. Sugere-se, assim, que sejam empregadas estratégias que proporcionem: • O tratamento das condições sistêmicas; • A diminuição da frequência e severidade dos desafios erosivos; • A remineralização e o aumento da resistência da superfície dental; • A neutralização dos ácidos presentes no fluido bucal; • A potencialização dos mecanismos de defesa salivares; • A proteção mecânica do elemento dental; • A redução da influência de outros fenômenos de desgaste associados.
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