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Crises e oportunidades
O Brasil enfrentou uma de suas piores crises hídricas dos últimos 91 anos e, por consequência, passou também por uma grave crise energética. Com isso, os apagões tidos antes como uma mera lembrança de tempos longínquos, voltaram a assombrar o país.
Diferentemente de 2001, quando houve os últimos apagões, o Brasil de 2021 tem sua matriz energética bem mais diversa, mas ainda assim dependente das hidrelétricas. Um relatório do Ministério de Minas e Energia em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostrou que, em 2020, a dependência das hidrelétricas caiu para 65,2%, ou seja, 421 dos 651,3 TWh gerados. O principal motivo é o aumento da capacidade de produção de outras fontes: biomassa, eólica, gás natural, carvão e derivados, nuclear, derivados de petróleo e solar.
Gráfico 1. Matriz Elétrica Brasileira em 2020.
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2022)
A energia de biomassa é aquela resultante da queima de matérias-primas orgânicas, não englobando combustíveis fósseis, apesar de estes serem derivados do ramo vegetal e mineral. Essa energia advém de diversas fontes, entre elas: da moagem da cana-de-açúcar, de restos de madeira, carvão vegetal, casca de arroz, capim-elefante e outras biomassas.
Uma das fontes renováveis para produção de energia é a utilização da biomassa cana de açúcar (bagaço, pontas e palhas da cana). A energia elétrica produzida pela cana de açúcar representou mais de 60% do total produzido pela fonte biomassa, ou seja, dos 58,7 TWh gerados pela biomassa, a geração de energia elétrica a partir da cana de açúcar representou, aproximadamente, 35,2 TWh do total disponível para o Brasil. Isso corresponde a quase metade da energia produzida pela Usina de Itaipu no ano de 2020 (aproximadamente 76 TWh).
O uso de resíduos de cana como fonte de energia possui tendencia de crescimento e serve para complementar o Sistema Integrado Nacional (SIN). A produção de energia elétrica a partir da cana de açúcar no Centro-Sul do Brasil ocorre de forma sazonal em período coincidente com baixos regimes hidrológicos, por consequência quando há maior necessidade de geração termelétrica. Em entrevista a Reuters, Newton Duarte, presidente da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia), disse que usinas de cana poderiam entregar energia entre R$ 300 e R$ 400 por megawatt-hora (MWh), enquanto hoje há usinas térmicas com custo superior a R$ 1.000 por MWh acionadas para atender à demanda.
Além disso, a produção a partir dessa fonte apresenta Baixa Emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), sendo uma alternativa para se alcançar a meta de redução das emissões estabelecidas até 2030. Tem proximidade com o centro de distribuição, por ter produção concentrada no centro-sul do país, região onde se observa o maior consumo de energia, contribuindo assim para atenuar o efeito da perda pelo armazenamento e transporte de energia a longas distancias.
Segundo o relatório do EPE, caso todo o bagaço gerado na produção sucroalcooleira fosse destinado à exportação de energia, com a eficiência média das usinas vencedoras dos leilões, estima-se que, em 2024, haveria cerca de 7.100 GW (gigawatts) disponíveis para comercialização, o que representa 10% da produção anual da usina de Itaipu. Indica ainda que o potencial técnico de exportação de energia a partir da biomassa de palhas e pontas de cana de açúcar seriam 11.700 GW.
A geração elétrica em larga escala a partir do bagaço é uma boa oportunidade para a redução dos custos de produção do álcool - em até 36% no caso mais favorável (Walter et al., 1993) - e pode, também, trazer benefícios do ponto de vista ambiental, estimular a atividade econômica a nível regional e reduzir custos na expansão do setor elétrico.
Para isto é necessário a construção de um plano para setor sucroenergético, apontando os caminhos a curto, médio e longo prazo. A execução de um programa bem orientado de difusão dessa tecnologia, além de parcerias público-privada com intuito de desenvolver e melhorar tecnologias. Construir e aprimorar a legislação a fim de desenvolver um arcabouço legal que garanta estabilidade jurídica, aumento nas compras governamentais e possíveis incentivos ao setor a fim de incentivar investimentos nas usinas com consequente aumento na eficiência e produtividade e, por fim, estabelecer metas, prazos, orçamentação necessária, punições cabíveis a fim de gerar previsibilidade. Com o crescimento do país, a demanda por energia crescerá e este será um setor de elevada importância na geração de energia para o país no futuro.
O setor sucroalcooleiro do Brasil exerce papel de relevância no cenário energético nacional, através da produção do etanol e biodiesel para consumo no setor de transportes e da oferta interna de eletricidade, a partir da biomassa de cana. Deve-se, portanto incentivar e apresentar perspectivas para que o setor possa investir, ainda mais nesse segmento, a fim de contribuir tanto com a produção de energias limpas e por consequência a preservação do meio ambiente, quanto na economia com a diversificação produtiva e geração de novos empregos.
 
 
 Autor: Nicolas da Costa Alecrim

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