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Organização do Estado

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DESCRIÇÃO
A organização do Estado e a repartição de competências entre os entes federativos como pilares do Estado Federal.
PROPÓSITO
Compreender a estrutura do Estado brasileiro é importante para sua formação como profissional e cidadão, além de contribuir para a
consolidação de nossa jovem democracia.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos a Constituição Federal para entender os termos específicos da área.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer o federalismo, com suas espécies, características e sua relação com o Estado Federal
MÓDULO 2
Analisar o sistema de repartição de competências, com suas técnicas e seus princípios definidores
MÓDULO 3
Identificar os princípios constitucionais da Administração Pública
INTRODUÇÃO
A federação, como forma de Estado Moderno que combina distribuição do poder entre um governo central e diversos governos periféricos
regulada por uma Constituição, é uma obra do século XVIII. Mais precisamente, trata-se de fórmula criada pelos norte-americanos.
Desde então, essa forma de organização estatal difundiu-se em escala mundial. De fato, os séculos XIX e XX conheceram uma proliferação
sem precedentes de Estados Federais (África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Canadá,
Comores, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Etiópia, Índia, Malásia, México, Micronésia, Nepal, Nigéria, Paquistão etc.). Atualmente, o
federalismo encontra expressão em 25 Estados dos 192 reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que é entidade
intergovernamental criada para promover a cooperação internacional.
Desde 1889, o Brasil também tem adotado essa forma federativa de Estado, caracterizada pela descentralização política, autonomia dos
entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e existência de uma Constituição. Essas diferentes entidades políticas
autônomas formam, por meio de um vínculo indissolúvel, um Estado soberano. Por conta disso, não há um direito de secessão em um
Estado federado (ato de abandono dos integrantes da federação para fundar um novo país).
A partir desse modelo federativo, a Constituição Federal brasileira, de 1988, instituiu um sistema de repartição de competências vertical e
horizontal entre os entes, utilizando o critério da preponderância de interesses: à União competem matérias de interesse geral ou nacional
(CRFB, art. 21); aos Estados-membros competem os temas de interesse regional (CRFB, art. 25, §1º); aos municípios competem os
assuntos de interesse local (CRFB, art. 30, I); ao Distrito Federal compete a temática de interesse regional e local (CRFB, art. 32, § 1º).
Dentro dessa organização do Estado, a Administração Pública brasileira foi estruturada com base nos princípios constitucionais da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Esses são os assuntos que iremos explorar em nossos módulos.
MÓDULO 1
 Reconhecer o federalismo, com suas espécies, características e sua relação com o Estado Federal
CONCEITOS
FEDERALISMO
Embora tidos, por vezes, como sinônimos, os conceitos de federalismo e federação tecnicamente são distintos.
FEDERALISMO
Segundo Ronald Watts (2008, p. 8), o federalismo é uma ideia normativa que se refere à defesa de um governo de várias camadas que
combina elementos de unidade e diversidade, preservando e promovendo identidades distintas dentro de uma união política maior.


FEDERAÇÃO
A federação é um termo descritivo que se refere a um sistema político que incorpora essa ideia, compondo o governo central (federal) e as
unidades constituintes regionais de governos (estaduais e/ou municipais), sendo que cada ordem desse governo possui poderes específicos
delegados a ela por uma Constituição que não é unilateralmente alterável.
 ATENÇÃO
Não podemos confundir: enquanto a federação é uma forma de Estado adotada no Brasil, o federalismo é a ideia, a teoria, o estudo, que
fundamenta a criação dessas federações.
No vídeo a seguir, falaremos sobre as diferentes espécies de federalismo.
PRINCÍPIO FEDERATIVO
O princípio federativo é previsto nas Constituições de uma grande variedade de países, apresentando um desenvolvimento distinto em
virtude de peculiaridades históricas e políticas próprias de cada nação. É um dos assuntos mais instigantes do Direito constitucional, não
apenas por ser originário de um dos monumentos do constitucionalismo moderno – a Constituição americana, de 1787 –, mas por se
encontrar em permanente evolução e aperfeiçoamento, especialmente em relação às repartições de competências entre as entidades
federadas.
PRINCÍPIO FEDERATIVO
Tal princípio federativo caracteriza o Estado Federal, identificado como uma aliança de estados, que renunciam à sua independência,
mas não à sua autonomia, em prol dos interesses comuns previstos na celebração de um pacto de união denominado Constituição
Federal.
Adotada no Brasil desde 1891, a federação é a forma de Estado nascida na república, com o Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889, cuja
consolidação se deu na Constituição de 1891 em seu art. 1º.
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Fonte:Shutterstock
 Constituição de 1891. Fonte: Domínio público / Acervo Arquivo Nacional
As Constituições posteriores mantiveram a forma federativa de Estado, porém a de 1988 elevou o número de entes federativos, com inclusão
do município, passando a adotar um sistema com três níveis políticos e administrativos: federal, estadual e municipal.
 
Fonte:Shutterstock
 Capa da Constituição do Brasil, de 1988. Fonte: Domínio público / Acervo Arquivo Nacional
MUNICÍPIOS
O Brasil é o único Estado federado em que os municípios possuem um alto grau de autonomia, não se subordinando aos Estados-
membros nem à União.
A FEDERAÇÃO BRASILEIRA É COMPOSTA PELA UNIÃO, PELOS
ESTADOS, PELO DISTRITO FEDERAL E PELOS MUNICÍPIOS, MEDIANTE
UM VÍNCULO INDISSOLÚVEL, NÃO SENDO PERMITIDO, PORTANTO, O
DIREITO DE SECESSÃO. ORA, O ARTIGO 1º DA CONSTITUIÇÃO É
CLARO AO AFIRMAR QUE A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
SERÁ “FORMADA PELA UNIÃO INDISSOLÚVEL DOS ESTADOS E
MUNICÍPIOS E DO DISTRITO FEDERAL”.
DIREITO DE SECESSÃO
O direito de secessão seria a prerrogativa de se retirar da federação.
 ATENÇÃO
A tentativa de secessão pode ocasionar, inclusive, uma intervenção federal, na forma do art. 34, I, da CRFB/88.
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Além disso, a federação brasileira recebe proteção especial no art. 60, § 4º, I, que a considera cláusula pétrea, de maneira que não pode ser
abolida por meio de reformas constitucionais. Isto é, não é possível, por meio de uma emenda constitucional, alterar a forma de Estado da
federação no Brasil. A única maneira, juridicamente possível, seria mediante uma nova Constituição.
SOBERANIA E AUTONOMIA
A distinção entre soberania e autonomia é indispensável quando estudamos a federação, forma de organização do Estado adotada pelo
Brasil.
SOBERANIA
Soberania é o atributo que se dá ao poder do Estado em razão de ser ele juridicamente ilimitado. Um Estado não deve obediência jurídica a
nenhum outro Estado. Isso o coloca, pois, em um lugar de coordenação com os demais integrantes da cena internacional e de superioridade
dentro do seu próprio território. O poder inerente na soberania não admite limitação externa. Conquanto existam distinções quanto ao poderio
político, econômico e militar, juridicamente todos os Estados são iguais: um não possui poder sobre o outro além daquele exercido por meio
do consenso.

AUTONOMIA
Autonomia é a margem de discrição que uma pessoa possui para decidir sobre os seus negócios, mas sempre delimitada pelo próprio Direito.
Trata-se de uma margem de liberdade, na forma da lei, e é um fenômeno existente na esfera interna dos Estados, distinguindo o quociente
de liberdade que cada pessoa jurídica de direito interno possui. Também pode ser política, quando a subdivisão interna tem o poder de fazer
leis, ou administrativa, quando o novo centro tem liberdade somente paraexecutar, cumprir as ordens do poder central. Como se observa, só
haverá autonomia se existir mais de um centro de competências e decisões.
NO BRASIL, UNIÃO, ESTADOS E DISTRITO FEDERAL SÃO
AUTÔNOMOS. JÁ A SOBERANIA É ATRIBUTO EXCLUSIVO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, QUE É REPRESENTADA
INTERNACIONALMENTE PELA UNIÃO.
QUAL É A DIFERENÇA ENTRE FORMA DE ESTADO E FORMA DE
GOVERNO?
A forma de Estado é o modo pelo qual o Estado organiza o povo e o território e estrutura o seu poder relativamente a outros poderes de
igual natureza, que a ele ficarão coordenados ou subordinados. Como exemplo, temos o estado unitário, as federações e as confederações.
Veja cada um deles a seguir:
ESTADO UNITÁRIO
FEDERAÇÃO
CONFEDERAÇÃO
ESTADO UNITÁRIO
1) Unitário puro: há uma centralização do poder. 
 
2) Unitário descentralizado administrativamente: as decisões políticas são centralizadas, mas as execuções dessas decisões políticas são
delegadas. 
 
3) Unitário descentralizado administrativamente e politicamente: aqui há uma descentralização administrativa das decisões políticas tomadas,
mas as entidades são dotadas de autonomia para execução das decisões tomadas pelo governo central. Diante disso, podem decidir, no
caso concreto, o que é mais conveniente ou oportuno fazer. No estado unitário, apesar de poder haver a descentralização, poderá regredir à
centralização, o que não ocorre na federação.
FEDERAÇÃO
Nesse modelo, ocorre a descentralização do poder, mediante a distribuição de parcelas de administração política entre os entes federados
que são autônomos e se reúnem por um vínculo indissolúvel para formação de um estado soberano, com previsão na Constituição, não se
admitindo o direito de secessão. Ex.: CRFB/88.
CONFEDERAÇÃO
Tem características distintas em relação à federação. A primeira delas é a soberania. Enquanto a federação origina da união de estados
autônomos com o objetivo de compor uma unidade soberana, a confederação define-se por ser a união de estados soberanos. Nesse
modelo, os estados que se reúnem não abrem mão de sua soberania, podendo a qualquer momento sair da confederação, ou seja, admite-
se o direito de secessão. Outra diferença é que a confederação nasce a partir de um tratado internacional, pois os estados são soberanos.
A forma de governo é o conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder sobre a
sociedade, bem como as relações entre governantes e governados. São basicamente duas as formas de governo:
REPÚBLICA
Suas características básicas são: 
 
I) eletividade dos governantes; 
II) temporalidade do exercício do poder; 
III) representatividade popular; 
IV) responsabilidade do governante, que inclusive deve prestar contas.
MONARQUIA
Suas características são: 
 
I) hereditariedade do governo; 
II) vitaliciedade no governo; 
III) inexistência de representação popular, pois quem coloca o governante lá é o seu sangue.
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O BRASIL ADOTA COMO FORMA DE ESTADO A FEDERAÇÃO E COMO
FORMA DE GOVERNO A REPÚBLICA.
O QUE É SISTEMA DE GOVERNO E REGIME DE GOVERNO?
No sistema de governo, há uma preocupação de como se dá a relação entre os poderes Executivo e Legislativo.
SISTEMA PRESIDENCIALISTA
SISTEMA PARLAMENTARISTA
SISTEMA PRESIDENCIALISTA
Há uma maior independência entre o Poder Executivo e o Legislativo. É característica do presidencialismo: o presidente da república
acumula as funções de chefe de estado (na esfera internacional) e chefe de governo (na esfera interna), além de ser o chefe da
administração pública federal. O governante tem um mandato com prazo certo.
SISTEMA PARLAMENTARISTA
Há uma colaboração entre o Executivo e o Legislativo. O chefe do Executivo, que é chefe do Estado, escolhe o primeiro-ministro, que
exercerá a função de chefe de governo, permanecendo na chefia enquanto obtiver a maioria parlamentar, pois depende do apoio do
parlamento.
O regime de governo é o modo como um governo comporta-se no poder, e se divide basicamente em dois:
 
autor/shutterstock
REGIME DEMOCRÁTICO
Há participação popular.
 
autor/shutterstock
REGIME AUTOCRÁTICO
Não há participação popular.
O BRASIL ADOTA A REPÚBLICA COMO SISTEMA DE GOVERNO E A
DEMOCRACIA COMO REGIME DE GOVERNO.
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODA FEDERAÇÃO
Apesar de cada estado federativo apresentar características peculiares, inerentes às suas realidades locais, encontramos alguns pontos em
comum, que podem ser assim esquematizados:
• Descentralização política. 
• Constituição rígida como base jurídica. 
• Inexistência do direito de secessão (ou o princípio da indissolubilidade do vínculo federativo), lembrando que a forma federativa de Estado é
cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I, CRFB/88). 
• Soberania do Estado Federal. 
• Auto-organização dos Estados-membros: por meio da elaboração de suas Constituições estaduais. 
• Órgão representativo dos Estados-membros: no Brasil, o Senado Federal. 
• Guardião da Constituição: no Direito brasileiro, o Supremo Tribunal Federal (STF). 
• Mínimo de dois níveis de governo, um com jurisdição sobre todo país e o outro com jurisdição regional.
 
Fonte:Shutterstock
 Mapa político do Brasil. Fonte: Wikimedia
ESPÉCIES DE FEDERALISMO
QUANTO À ORIGEM
FEDERALISMO POR AGREGAÇÃO
Esse tipo de federalismo nasce quando Estados soberanos renunciam a uma parcela de sua soberania para instituir um ente único, passando
a ser autônomos. O Estado Federal passa a ser soberano e os Estados-membros autônomos. É o que ocorreu com os EUA, que surgiram a
partir da reunião das 13 colônias norte-americanas.
A federação norte-americana surgiu de um movimento centrípeto, o poder foi dos estados periféricos para o centro.
FEDERALISMO POR DESAGREGAÇÃO OU SEGREGAÇÃO
Nessa espécie de federalismo, o poder central (Estado Unitário) é repartido para outros entes. Foi o que aconteceu no Brasil, onde um
Estado Unitário repartiu sua competência com outros entes, e esse movimento foi centrífugo (saiu do centro).
QUANTO À REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA
FEDERALISMO DUALISTA OU DUAL
Nesse modelo, há uma relação de coordenação entre a União e os estados, atrelada por meio de uma repartição horizontal de competências.
Não há hierarquia entre a União e os Estados-membros; estão situados no mesmo plano e cada um tem suas normas próprias (competências
determinadas pela CRFB); há um equilíbrio entre eles. Foi adotado pelos EUA até a crise de 1929.
FEDERALISMO COOPERATIVO
Almeja-se o meio-termo entre o federalismo dualista e o federalismo por integração. Há uma repartição horizontal de competências, mas
algumas delas ficam sob a tutela da União. É o caso da Federação Alemã, dos EUA e do Brasil (pós-CRFB/88).
QUANTO AO TRATAMENTO DOS ENTES FEDERATIVOS
FEDERALISMO SIMÉTRICO
É aquele que permite a identificação das características dominantes, frequentemente encontradas nos outros estados. Há uma simetria entre
a federação e as demais federações existentes (outros países). Podem ser destacadas algumas características:
• Possibilidade de intervenção federal nos Estados-membros. 
• Poder Judiciário dual, ou seja, há um Poder Judiciário estadual e um Poder Judiciário federal. 
• Poder constituinte originário com sede na União e poder constituinte decorrente com sede nos Estados-membros, em relação à Constituição
estadual é poder constituinte. 
• Organização bicameral do Poder Legislativo (na esfera federal).
FEDERALISMO COOPERATIVO
É aquele no qual há um rompimento com as linhas tradicionais definidoras do federalismo simétrico, em razão do funcionamento do sistema
federal. Há uma realidade heterogênea entre os entes federados.
Uma prova da assimetria do federalismo brasileiro é a possibilidade de concessões de incentivos tributários regionais com a finalidade de
promover o equilíbrio entre os entes das diferentes regiões do país.
O BRASIL ADOTOU O FEDERALISMO ASSIMÉTRICO, A EXEMPLO DA
BÉLGICA E DO CANADÁ.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) (COSEAC- 2019 - UFF - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO) CELSO RIBEIRO BASTOS PONTUA QUE “FOI
A FORMA MAIS IMAGINOSA JÁ INVENTADA PELO HOMEM PARA PERMITIR A CONJUGAÇÃO DAS
VANTAGENS DA AUTONOMIA POLÍTICA COM AQUELAS OUTRAS DEFLUENTES DA EXISTÊNCIA DE UM
PODER CENTRAL”, AO ABORDAR A FORMA DE ESTADO ADOTADA PELO BRASIL, QUE É A:
A) Confederativa
B) Republicana
C) Federativa
D) Democrática
2) QUANTO ÀS ESPÉCIES DE FEDERALISMO, O BRASIL ADOTOU UM MODELO DE:
A) Federalismo por agregação, federalismo cooperativo e federalismo simétrico.
B) Federalismo por desagregação, federalismo dual e federalismo assimétrico.
C) Federalismo por agregação, federalismo dual e federalismo assimétrico.
D) Federalismo por desagregação, federalismo cooperativo e federalismo assimétrico.
GABARITO
1) (COSEAC - 2019 - UFF - Assistente em Administração) Celso Ribeiro Bastos pontua que “foi a forma mais imaginosa já inventada
pelo homem para permitir a conjugação das vantagens da autonomia política com aquelas outras defluentes da existência de um
poder central”, ao abordar a forma de Estado adotada pelo Brasil, que é a:
A alternativa "C " está correta.
 
O Brasil tem adotada a forma federativa de Estado desde 1889. A Constituição Federal de 1988 deixa claro, inclusive, que a forma federativa
de Estado é clausula pétrea, que não pode ser abolida por meio de reformas constitucionais, como é o caso de emenda constitucional (art.
60, §4º, I, da CRFB/88)..
2) Quanto às espécies de federalismo, o Brasil adotou um modelo de:
A alternativa "D " está correta.
 
O Brasil adota um modelo de federalismo cooperativo, pois há uma repartição horizontal de competências. Quanto à origem, é marcado por
um federalismo de desagregação, uma vez que tínhamos um Estado Unitário que repartiu sua competência com outros entes criando um
Estado Federal. E possuímos ainda um federalismo assimétrico, em razão das desigualdades regionais.
MÓDULO 2
 Analisar o sistema de repartição de competências, com suas técnicas e seus princípios definidores
CONCEITOS
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
É adotada, em maior parte das Constituições do mundo, uma técnica pela qual o constituinte distribui, com base na natureza e no tipo
histórico de federação, as atribuições de cada unidade federativa, preservando-lhes a autonomia política no âmbito do Estado Federal.
Aplica-se, então, o princípio da predominância do interesse.
O PRINCÍPIO DA PREDOMINÂNCIA DO INTERESSE TEM A FINALIDADE
DE NORTEAR A REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS DAS ENTIDADES
POLÍTICAS, TOMANDO COMO REFERÊNCIA A NATUREZA DO
INTERESSE AFETO A CADA UMA DELAS.
Assim, à União competem as matérias de interesse geral ou nacional (CRFB, art. 21); aos Estados-membros competem os temas de
interesse regional (CRFB, art. 25, §1º); aos municípios competem os assuntos de interesse local (CRFB, art. 30, I); ao Distrito Federal
compete a temática de interesse regional e local (CRFB, art. 32, § 1º).
 ATENÇÃO
Porém, há casos em que esse princípio não restringe as competências entre os entes federados. Isso ocorre porque há assuntos que tanto
são pertinentes ao interesse local, como do país inteiro, por exemplo, a hipótese da transposição do rio São Francisco, da devastação da
floresta Amazônica, da seca no Nordeste etc.
MODELO DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
A repartição de competências pode ser vista sob as seguintes vertentes:
 
autor/shutterstock
MODELO HORIZONTAL
Não há concorrência entre os entes federativos, ou seja, cada um exerce suas competências nos limites fixados pela Constituição. Também
não há relação de subordinação ou hierarquia entre esses entes.
 
autor/shutterstock
MODELO VERTICAL
A União outorga a diferentes entes federativos a competência para atuar na mesma matéria, porém há uma subordinação, eis que irão atuar
sobre a mesma matéria em um chamado condomínio legislativo. Isto é, a União irá legislar sobre as normas gerais e os estados irão legislar
sobre as normas específicas, as quais não podem contrariar as normas gerais. Sob esse ponto de vista, é possível verificar uma relação de
subordinação, e há uma repartição vertical da competência. Ex.: competência legislativa concorrente.
NO BRASIL, PREDOMINA, NA CRFB/88, O MODELO HORIZONTAL DE
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA. ESSA COMPETÊNCIA POSSUI
ESPÉCIES, PODENDO SER LEGISLATIVA E ADMINISTRATIVA. ANTES DE
SEGUIR NOSSO ESTUDO, É IMPORTANTE CONHECER AS
CARACTERÍSTICAS DE CADA ENTE FEDERATIVO.
ENTES FEDERATIVOS
A CRFB/88 estabelece que a organização político-administrativa da república compreende a União, os estados, o Distrito Federal e os
municípios, todos autônomos. Os territórios federais não têm autonomia, sendo uma descentralização da União, mera autarquia federal.
UNIÃO
A União é a pessoa jurídica de direito público interno. A pessoa jurídica de direito público externo é a República Federativa do Brasil. Todavia,
a União representa a República Federativa do Brasil (art. 18 da CRFB/88). Portanto, cabe à União exercer as prerrogativas da república nas
relações internacionais. E essas prerrogativas são de atribuições exclusivas da União.
DE ACORDO COM O ART. 18, § 1º, A CAPITAL FEDERAL É BRASÍLIA. 
 
A UNIÃO TEM TANTO COMPETÊNCIA NÃO LEGISLATIVA –
ADMINISTRATIVA OU MATERIAL –, COMO COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
PARA FAZER LEIS. 
 
DO PONTO DE VISTA INTERNO, DA MESMA FORMA QUE OS ESTADOS,
O DISTRITO FEDERAL E OS MUNICÍPIOS, A UNIÃO É UM ENTE
AUTÔNOMO.
A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 19, algumas proibições à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, como,
estabelecer cultos religiosos ou Igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; recusar fé aos documentos públicos;
criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
COMPETÊNCIA NÃO LEGISLATIVA (ADMINISTRATIVA OU MATERIAL) DA
UNIÃO
A competência não legislativa (administrativa ou material) da União pode ser assim esquematizada:
EXCLUSIVA DA UNIÃO
Prevista no art. 21, e não pode ser atribuída a qualquer outro ente federativo.
O art. 21 estabelece que compete exclusivamente à União:
Manter relações com os Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais: é quem representa a República Federativa do
Brasil.
Declarar a guerra e celebrar a paz.
Assegurar a defesa nacional.
Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente.
Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal.
Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico.
Emitir moeda, entre outros.
COMUM (CUMULATIVA, ADMINISTRATIVA OU PARALELA)
Prevista no art. 23, é comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Em relação à
competência comum, de maneira bastante interessante, o art. 23, parágrafo único, estabelece que as leis complementares fixarão as normas
para a cooperação entre a União e os estados, o Distrito Federal e os municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbito nacional.
EXEMPLO
A Lei Complementar nº 140/2011, que regulamentou os incisos III, VI e VII do art. 23. Não havendo definição da cooperação nos termos da lei
complementar, eventual conflito de políticas governamentais deverá ser dirimido levando-se em consideração o critério da preponderância de
interesses: os mais amplos devem prevalecer sobre os mais restritos.
Cabe destacar algumas condutas no exercício dessa competência comum prevista no art. 23: I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e
das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagensnaturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros
bens de valor histórico, artístico ou cultural; entre outros.
Em 2020, na ADI 6341, o STF entendeu que os prefeitos e os governadores também podem adotar medidas de combate ao coronavírus
(quarentena, isolamento social etc.) considerando que são providências relacionadas com a proteção da saúde, sendo, portanto, matéria que
é de competência comum da União, dos estados, do DF e dos municípios, na forma do art. 23, II, da CF/88.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO
A competência legislativa da União pode ser assim definida:
PRIVATIVA
Todas as matérias previstas no art. 22. Apesar de ser competência privativa, a União, por meio de lei complementar, poderá autorizar os
estados (e o DF) a legislarem sobre questões específicas das matérias previstas no referido art. 22. Deixamos claro: somente por lei
complementar e apenas questões específicas.
Como exemplos dessa competência privativa legislativa prevista no art. 22, podemos citar: I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente
perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço postal; VI - sistema monetário e
de medidas, títulos e garantias dos metais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII - comércio exterior e
interestadual; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e
aeroespacial; XI - trânsito e transporte; entre outros.
Vale lembrar que, segundo a súmula vinculante 2 do STF: “É inconstitucional a lei ou o ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre
sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias”.
Sobre a situação disposta na súmula, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a expressão “sistema de sorteios”, constante do art. 22, XX,
da CRFB/88, alcança os jogos de azar, as loterias e similares, dando interpretação que veda a edição de legislação estadual sobre a matéria,
em razão da competência privativa da União, estando a atividade dos bingos abrangida no preceito veiculado citado, que é categórico ao
estipular a competência da União para legislar sobre os sorteios. Dessa forma, caso haja a aprovação de lei ou ato normativo estadual ou
distrital sobre a matéria, haveria vício de inconstitucionalidade, em razão de a matéria ser privativa da União.
NOTA
A súmula vinculante é um mecanismo constitucional de uniformização da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que possui força
normativa sobre os órgãos do Poder Judiciário, bem como sobre toda a administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual
e municipal.
CONCORRENTE
O art. 24 define as matérias de competência concorrente da União, dos estados e do Distrito Federal, como direito tributário, financeiro,
penitenciário, econômico e urbanístico; orçamento; juntas comerciais; custas dos serviços forenses; produção e consumo; entre outros
(sugerimos que leia integralmente o art. 24). Em relação a essas matérias, a competência da União limitar-se-á a estabelecer as normas
gerais, cabendo aos estados editar as normas específicas.
Em caso de inércia da União, inexistindo uma lei federal sobre a norma geral, os estados e o Distrito Federal poderão suplementar a União e
legislar, também, sobre as normas gerais, exercendo a competência legislativa plena. Se a União resolver legislar sobre a norma geral, a
norma geral que o estado (ou o Distrito Federal) havia elaborado terá a sua eficácia suspensa, no ponto em que for contrária à nova lei
federal sobre a norma geral. Caso não sejam conflitantes, passam a conviver, perfeitamente, a norma geral federal e a estadual (ou a
distrital).
Observe-se que se trata de suspensão da eficácia e não revogação, pois, caso a norma geral federal que suspendeu a eficácia da norma
geral estadual seja revogada por outra norma geral federal, que, por seu turno, não contrarie a norma geral feita pelo estado, esta última
voltará a produzir efeitos (lembre-se de que a norma geral estadual apenas teve a sua eficácia suspensa).
ESTADOS-MEMBROS
Os estados federados são autônomos em decorrência de sua capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e
autolegislação. Trata-se de autonomia, e não soberania, na medida em que a soberania é um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil.
Vejamos:
AUTO-ORGANIZAÇÃO
AUTOGOVERNO
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
AUTO-ORGANIZAÇÃO
De acordo com o art. 25, caput, os estados se organizarão e serão regulados pelas leis e Constituições que adotarem, observando-se,
sempre, as regras e os preceitos estabelecidos na CRFB (trata-se de poder constituinte derivado decorrente).
AUTOGOVERNO
Os arts. 27, 28 e 125 estabelecem as regras para a estruturação dos “Poderes”: Legislativo: Assembleia Legislativa; Executivo: governador
do estado; Judiciário: tribunais e juízes.
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
Arts. 18 e 25 a 28 – regras de competências legislativas e não legislativas.
Para a criação de novos Estados-membros, o art. 18, § 3º, estabelece a necessidade de plebiscito e de lei complementar do Congresso
Nacional, pelo processo de fusão, cisão ou desmembramento.
 ATENÇÃO
Os Estados-membros têm tanto competência não legislativa como legislativa.
COMPETÊNCIA NÃO LEGISLATIVA (ADMINISTRATIVA OU MATERIAL)
DOS ESTADOS-MEMBROS
COMUM (CUMULATIVA, CONCORRENTE, ADMINISTRATIVA OU PARALELA)
RESIDUAL 
(REMANESCENTE OU RESERVADA)
COMUM (CUMULATIVA, CONCORRENTE, ADMINISTRATIVA OU PARALELA)
Trata-se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a União, os estados, o Distrito Federal e os
municípios; e descrita no art. 23.
RESIDUAL (REMANESCENTE OU RESERVADA)
São reservadas aos estados as competências administrativas que não lhe sejam vedadas, ou a competência que sobrar (eventual resíduo),
após a enumeração dos outros entes federativos (art. 25, § 1º).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DOS ESTADOS-MEMBROS
Como a terminologia indica, trata-se de competências, constitucionalmente definidas, para elaborar leis. Elas foram assim definidas para os
Estados-membros:
EXPRESSA
RESIDUAL (REMANESCENTE OU RESERVADA)
DELEGADA PELA UNIÃO
CONCORRENTE
SUPLEMENTAR
EXPRESSA
Art. 25, caput → qual seja, a capacidade de auto-organização dos Estados-membros, que se regerão pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios da CRFB/88.
RESIDUAL (REMANESCENTE OU RESERVADA)
Art. 25, § 1º → toda competência que não for vedada está reservada aos Estados-membros.
DELEGADA PELA UNIÃO
Art. 22, parágrafo único → a União poderá autorizar os estados a legislarem sobre questões específicas das matérias de sua competência
privativa prevista no art. 22 e incisos. Tal autorização, conforme já alertamos, dar-se-á por meio de lei complementar.
CONCORRENTE
Art. 24 → a concorrência para legislar dar-se-á entre a União, os estados e o Distrito Federal, cabendo à União legislar sobre as normas
gerais e aos estados, sobre as normas específicas.
SUPLEMENTAR
Art. 24, §§ 1º ao 4º → no âmbito da legislação concorrente, como vimos, a União limita-se a estabelecer as normas gerais, e os estados, as
normas específicas. No entanto, em caso de inércia legislativa da União, os estados poderão suplementá-la, regulamentando as regras
gerais sobre o assunto, sendo que, na superveniência de lei federal sobre a norma geral, a aludida norma estadual geral (suplementar) terá a
sua eficácia suspensa, no que for contrária à lei federal sobre as normas gerais editada posteriormente.
OUTRAS COMPETÊNCIAS
EXPLORAÇÃO DE GÁS CANALIZADO
CRIAÇÃO DE REGIÕES METROPOLITANAS
EXPLORAÇÃO DE GÁS CANALIZADO
Compete aos estados a exploração diretamente, ou mediante concessão, na forma da lei,vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.
CRIAÇÃO DE REGIÕES METROPOLITANAS
A criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes (art. 25,
§3º), as quais devem ser criadas por lei complementar com o objetivo de planejar e executar funções públicas de interesse comum.
No vídeo a seguir, falaremos mais sobre as competências dos Estados.
MUNICÍPIOS
No Direito estrangeiro, o município é comumente subordinado ao Direito estadual, embora seja, em alguns casos, assegurado um conteúdo
mínimo da autonomia municipal.
No Brasil, em trajetória histórica peculiar, o município possui existência jurídica desde a colônia, antecede à província e teve sua autonomia
crescentemente reconhecida, atingindo o ápice na Constituição de 1988.
Os municípios têm capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação.
AUTO-ORGANIZAÇÃO
AUTOGOVERNO
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
AUTO-ORGANIZAÇÃO
Art. 29, caput – os municípios organizam-se por meio de lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de 10 dias, e
aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal, na
Constituição do respectivo Estado e o preceituado nos incisos I a XIV do art. 29 da CRFB/88.
AUTOGOVERNO
Elegem, diretamente, o prefeito, vice-prefeito e os vereadores (confira incisos do art. 29).
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
Art. 30 – regras de competência que serão oportunamente estudadas. O STF, ao destacar a essência da autonomia municipal, estabeleceu
que a autoadministração implica capacidade decisória quanto aos interesses locais, sem delegação ou aprovação hierárquica (ADI 1.842).
 ATENÇÃO
Os municípios não possuem Constituição, mas sim lei orgânica.
Como dissemos, trata-se de autonomia, e não de soberania, uma vez que a soberania é um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil. Internamente, os entes federativos são autônomos, na medida de sua competência, constitucionalmente definida, delimitada e
assegurada.
A CRIAÇÃO, A INCORPORAÇÃO, A FUSÃO E O DESMEMBRAMENTO DE
MUNICÍPIOS, FAR-SE-ÃO POR LEI ESTADUAL, DENTRO DO PERÍODO
DETERMINADO POR LEI COMPLEMENTAR FEDERAL, E DEPENDERÃO
DE CONSULTA PRÉVIA, MEDIANTE PLEBISCITO, ÀS POPULAÇÕES DOS
MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS, APÓS DIVULGAÇÃO DOS ESTUDOS DE
VIABILIDADE MUNICIPAL, APRESENTADOS E PUBLICADOS NA FORMA
DA LEI (ART. 18, §4º, DA CRFB/88).
COMPETÊNCIAS NÃO LEGISLATIVAS (ADMINISTRATIVAS OU
MATERIAIS) DOS MUNICÍPIOS
As competências não legislativas (administrativas ou materiais) dos municípios podem ser assim definidas:
COMUM (CUMULATIVA, CONCORRENTE, ADMINISTRATIVA OU PARALELA)
PRIVATIVA (ENUMERADA)
COMUM (CUMULATIVA, CONCORRENTE, ADMINISTRATIVA OU PARALELA)
Trata-se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, nos termos do art. 23.
PRIVATIVA (ENUMERADA)
Art. 30, III a IX.
 SAIBA MAIS
Segundo a súmula vinculante 38, “é competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial”.
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS DOS MUNICÍPIOS
As competências legislativas dos municípios podem ser assim definidas:
EXPRESSA
INTERESSE LOCAL
SUPLEMENTAR
PLANO DIRETOR
EXPRESSA
Art. 29, caput – o município auto-organiza-se por meio de lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de 10 dias, e
aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na
Constituição do respectivo estado.
INTERESSE LOCAL
Art. 30, I – o município pode legislar sobre as peculiaridades e necessidades ínsitas à localidade, como, por exemplo, ao disciplinar sobre o
tempo de espera na fila em bancos.
SUPLEMENTAR
Art. 30, II – estabelece competir aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber e à luz do interesse local.
PLANO DIRETOR
Art. 182, § 1º – o plano diretor deverá ser aprovado pela Câmara Municipal, sendo obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes.
Serve como instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
Deixamos claro que a competência dos municípios se limitará a suplementar a legislação federal e a estadual existentes no que couber e
sempre à luz do interesse local.
 SAIBA MAIS
Segundo a Súmula vinculante 49 do STF: “Ofende o princípio da livre concorrência a lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.”
PARA O STF, A LIVRE CONCORRÊNCIA É UM PRINCÍPIO PROTEGIDO
PELA CRFB/88, EM SEU ART. 170, IV; E O MUNICÍPIO, AO PROIBIR QUE
UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL SE INSTALE, EM DETERMINADA
ÁREA DA CIDADE, PELO SIMPLES FATO DE JÁ EXISTIR OUTRO ALI EM
FUNCIONAMENTO, IMPEDE A LIVRE CONCORRÊNCIA, SENDO TAL
MEDIDA UMA AFRONTA AO PRÓPRIO PRINCÍPIO DA ISONOMIA, NÃO
TRAZENDO NENHUM BENEFÍCIO PARA O ORDENAMENTO URBANO
NEM PARA A POPULAÇÃO LOCAL.
DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal (DF) é uma unidade federada autônoma, visto que possui capacidade de auto-organização, autogoverno,
autoadministração e autolegislação:
AUTO-ORGANIZAÇÃO
AUTOGOVERNO
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
AUTO-ORGANIZAÇÃO
Art. 32, caput – estabelece que o DF se regerá por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias e aprovada por
2/3 da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal.
AUTOGOVERNO
Art. 32, §§ 2º e 3º – eleição de governador e vice-governador e dos deputados distritais.
AUTOADMINISTRAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
Regras de competências legislativas e não legislativas, que serão estudadas a seguir.
Algumas outras regras devem também ser lembradas:
Impossibilidade de divisão do Distrito Federal em municípios.
Autonomia parcialmente tutelada pela União: CRFB art. 21, XIII e XIV, e art. 22.
Em relação às chamadas competências do DF, este possui as competências reservadas aos estados e as competências reservadas aos
municípios. Nem todas as competências dos estados foram outorgadas ao DF, como é o caso em que compete à União organizar e manter o
Poder Judiciário, a Defensoria Pública, o Ministério Público, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.
 
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O PODER JUDICIÁRIO DO DF É O PODER DA UNIÃO. CABE RESSALTAR
QUE A POLÍCIA CIVIL, A POLÍCIA MILITAR E O CORPO DE BOMBEIROS
MILITAR DO DISTRITO FEDERAL SÃO SUBORDINADOS AO GOVERNO
DO DISTRITO FEDERAL, MAS SERÃO ORGANIZADOS E MANTIDOS
PELA UNIÃO.
O DF possui as seguintes competências:
COMPETÊNCIA NÃO LEGISLATIVA (ADMINISTRATIVA OU MATERIAL) DO
DF
Comum (cumulativa ou paralela)
Trata-se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a União, os estados, o Distrito Federal e os
municípios, prevista no art. 23 da CRFB/88.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DO DF
No tocante à competência legislativa, o art. 32, § 1º, estabelece que ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas
reservadas aos estados e municípios. Assim, tudo o que foi dito a respeito dos estados aplica-se ao DF, bem como o que foi dito sobre os
municípios no tocante à competência para legislar também a ele se aplica.
TERRITÓRIOS FEDERAIS
Apesar de terem personalidade, os territórios não são dotados de autonomia política. Trata-se de mera descentralização administrativo-
territorial da União, qual seja, uma autarquia que, conforme expressamente previsto no art. 18, § 2º, integra a União.
 SAIBA MAIS
Antes da CRFB/88 existiam 3 territórios federais: a) Roraima e Amapá foram transformados em estados (art. 14, caput, ADCT); b) Fernando
de Noronha foi extinto, sendo a sua área reincorporada ao Estado de Pernambuco (art. 15, ADCT).
APESAR DE NÃO EXISTIREM, PODEM SER CRIADOS TERRITÓRIOS
FEDERAIS NO BRASIL, NA FORMA DO ART. 18, §§ 2º E 3º, CRFB/88,
MEDIANTE LEI COMPLEMENTAR.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) SOBREA REPARTIÇÃO E DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA E ADMINISTRATIVA OPERADA
PELA CONSTITUIÇÃO, É CORRETO AFIRMAR:
A) É competência dos Estados a emissão de moeda.
B) Compete à União legislar privativamente sobre o Direito penal.
C) Os estados possuem competência para sobre matéria de interesse local.
D) Os territórios são entes federativos.
2) (FCC - 2009 - TRT - 7ª REGIÃO (CE) - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - EXECUÇÃO DE
MANDADOS) AS COMPETÊNCIAS DO DISTRITO FEDERAL PARA A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
SÃO:
A) Aquelas fixadas em Lei Complementar de iniciativa da União.
B) As mesmas reservadas para os municípios, apenas.
C) As mesmas reservadas para os Estados-membros e municípios.
D) As mesmas reservadas para os Estados-membros, apenas.
GABARITO
1) Sobre a repartição e definição da competência legislativa e administrativa operada pela Constituição, é correto afirmar:
A alternativa "B " está correta.
 
Segundo o art. 22, I, da CRFB/88, compete privativamente à União legislar sobre o Direito penal.
2) (FCC - 2009 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Execução de Mandados) As competências do Distrito
Federal para a prestação dos serviços públicos são:
A alternativa "C " está correta.
 
A questão está correta porque o DF cumula as competências que cabem tanto aos estados quanto aos municípios. Assim, o DF presta os
serviços públicos reservados aos estados e municípios. Como exemplo, compete ao DF a exploração direta, ou mediante concessão de
serviços locais de gás canalizado (art. 25, § CF), competência esta dos entes federados, bem como compete aos municípios organizar e
prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluindo o de transporte coletivo (art.
30, V, CF).
MÓDULO 3
 Identificar os princípios constitucionais da Administração Pública
CONCEITOS
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Não há apenas um conceito de Administração Pública, razão pela qual haverá o conceito a depender do enfoque: material e formal.
Sob o enfoque material (objetivo), conceitua-se a Administração Pública como um conjunto de funções ou atividades de natureza
essencialmente administrativa, consistentes em realizar concreta, direta e imediatamente os fins constitucionalmente conferidos ao Estado.
Nesse sentido, a Administração Pública é a própria função administrativa atribuída, predominantemente, ao Poder Executivo.
A doutrina apresenta quatro hipóteses da Administração Pública em sentido material:
POLÍCIA ADMINISTRATIVA
FOMENTO DA INICIATIVA PRIVADA
INTERVENÇÃO
SERVIÇO PÚBLICO
POLÍCIA ADMINISTRATIVA
Trata-se das restrições de atividades privadas em benefício do interesse público. É a atividade em sentido material. A atividade da polícia
administrativa é fiscalizar, por exemplo, os estabelecimentos comerciais, orientando os comerciantes sobre o risco de expor à venda produtos
deteriorados ou impróprios para o consumo.
FOMENTO DA INICIATIVA PRIVADA
É o incentivo à iniciativa privada, a fim de que possa orientar a maneira pela qual essa iniciativa irá atuar. Por exemplo, podemos destacar a
possibilidade de financiamento oferecida pela Administração Pública, sob condições especiais, para a construção de hotéis e outras obras
ligadas ao desenvolvimento do turismo; para a organização e o funcionamento de indústrias relacionadas com a construção civil.
INTERVENÇÃO
Compreende a intervenção na propriedade privada, como ocorre, por exemplo, nas desapropriações por interesse social ou por necessidade
pública; e a intervenção no domínio econômico para fins de regular as atividades estatais de disciplina, a normatização e fiscalização dos
agentes econômicos, como é o caso da criação das agências reguladoras (Anvisa, ANS, Anac etc.).
SERVIÇO PÚBLICO
Confere utilidades à população em geral. Serviço público é a Administração Pública em sentido material. A própria Constituição Federal é rica
em exemplos de serviços públicos, em especial os previstos no artigo 21, como o serviço postal e correio aéreo nacional (inciso X), os
serviços de telecomunicações (inciso XI), os serviços e as instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético.
 ATENÇÃO
Há apenas uma exceção no sentido de que a intervenção não configurará Administração Pública em sentido material, que será a hipótese em
que o Estado age diretamente no domínio econômico, como é o caso de atividade bancária (ex.: Banco do Brasil).
Sob o enfoque formal (subjetivo), a Administração Pública não seria o quê, mas quem é. Trata-se de um conjunto de órgãos e de pessoas
jurídicas que o nosso ordenamento jurídico identifica como Administração Pública, não importando a atividade que estes órgãos estejam
exercendo.
O Direito brasileiro adota o critério formal de Administração Pública, pois a preocupação aqui é com quem estão tratando.
Esses órgãos poderão ser integrantes da administração direta (desconcentração), mas também poderão ser entidades da administração
indireta (descentralização), como são as autarquias, as fundações, as sociedades de economia mista e as empresas públicas.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Os princípios de uma ciência são as proposições básicas que condicionam todas as estruturações subsequentes. Em outras palavras, são
as ideias fundamentais ou os alicerces de determinada ciência. Muitas vezes, os princípios podem afastar a aplicação de regras, em
reconhecimento contemporâneo à extrema valorização dos princípios no sistema jurídico atual.
 
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A DOUTRINA JURÍDICA CONTEMPORÂNEA RECONHECE, NOS
PRINCÍPIOS JURÍDICOS, FUNÇÕES MUITO MAIS RELEVANTES DO QUE
A MERA VALIA NA OMISSÃO DA LEI (ART. 4° DA LINDB). OS PRINCÍPIOS
ORIENTAM A ELABORAÇÃO, A INTERPRETAÇÃO E A APLICAÇÃO DAS
NORMAS DE DIREITO. POSSUEM, POR SI PRÓPRIOS, FORÇA
NORMATIVA.
A Constituição Federal, em seu art. 37, trata expressamente dos princípios que orientam a Administração Pública: legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
 DICA
Dica mnemônica: LIMPE 
Legalidade 
Impessoalidade 
Moralidade 
Publicidade 
Eficiência
Vamos estudá-los!
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A primeira observação a ser realizada refere-se à importância desse princípio para um Estado Democrático de Direito como o nosso.
Ele traduz uma das mais expressivas conquistas da humanidade, isto é, possibilitar que as divergências, os conflitos, as tensões se resolvam
não pelo primado da força, mas pelo império da lei.
Nesse cenário é que se justifica sua presença na Constituição de todos os países, não sendo outra a realidade disposta em todos os textos
constitucionais brasileiros.
Com base para o Estado Democrático de Direito, está sua inclusão no título relativo aos direitos fundamentais, mais precisamente no art. 5º,
II, que traz a fórmula por demais conhecida, mas que se pede vênia para reproduzir em razão de sua pertinência: “Art. 5º (...) II — ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”
 
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 Fonte: Valery Evlakhov / Shutterstock
Cuida-se, como se observa, de uma regra primordial, porque está a revelar que a imposição de comportamentos unilaterais pelo Poder
Público apenas será permitida se tiver respaldo em lei, impedindo, dessa maneira, a legitimação de atitudes arbitrárias por parte dos
detentores desse poder.
Em outras palavras, essa regra constitui, simultaneamente, uma proteção para o direito dos administrados e uma limitação, uma fronteira
para a atuação do Poder Público.
Assim, se é verdade que, por força dos interesses que representa, pode a Administração impor unilateralmente comportamentos, não é
menos verdade que essa imposição só será permitida se tiver respaldo em lei.
Por isso, o princípio da legalidade, sob a ótica da Administração, estabelece que a Administração só pode agir se houver uma determinação
legal ou uma autorização legal.
 
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 Fonte: BCFC / ShutterstockA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NÃO PODE ATUAR CONTRARIAMENTE À
LEI TAMPOUCO ALÉM DA LEI, POIS SÓ ATUA SEGUNDO A LEI.
Portanto, teremos uma ilegalidade, quer quando o ato administrativo for editado sem a existência de lei anterior, quer quando inovar em
relação a ela.
 EXEMPLO
Para melhor visualização, cite-se a impossibilidade de um edital de concurso estabelecer exigências para os candidatos que não tenham
previsão anterior na lei que disciplina a carreira.
Não se trata de uma conclusão gratuita: advém da expressa disposição contida na Constituição Federal, em seu art. 37, II, em especial
quando deixa consignado que a investidura em cargos e empregos públicos depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo, na forma prevista em lei.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
O princípio da impessoalidade da Administração possui uma dupla finalidade:
ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA VOLTADA PARA O INTERESSE PÚBLICO
A atuação da Administração Pública deve sempre visar ao interesse público.
VEDA A PROMOÇÃO PESSOAL DO ADMINISTRADOR
Quem atua é o Estado, e não o governante.
Essa vedação quanto ao administrador encontra previsão no art. 37, §1º, que estabelece que a publicidade dos atos, dos programas, das
obras, dos serviços e das campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dessa
publicidade não podem constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
 EXEMPLO
Qualquer atitude tomada pelo administrador, durante o desenvolvimento do concurso, que vise ao favorecimento gratuito de pessoas
determinadas, deve ser imediatamente fulminada por agressão ao princípio ora comentado.
Do mesmo modo exige-se, como regra geral, para a viabilização de contratação de serviços, a abertura de certame licitatório visando à
escolha da proposta mais vantajosa para o interesse público, respeitados os termos previstos no edital.
PRINCÍPIO DA MORALIDADE
O conceito da previsão do princípio da moralidade na CRFB/88 é a ideia de tornar jurídica a moral.
A exigência de atuação ética passa a ganhar contorno no mundo do dever ser, vindo a ser uma norma jurídica. Com isso, o ato imoral
também passa a ser um ato ilegal, podendo inclusive ser anulado pelo Poder Judiciário.
 EXEMPLO
Isso é facilmente percebido na ação popular, em que, segundo a CRFB/88, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Ou seja, se o ato ofender a moralidade administrativa, não estará
dentro do mérito administrativo, podendo ser reconhecida a nulidade do ato.
O §4º, do art. 37, trata de maneira qualificada sobre a moralidade administrativa, isto é, os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
O STF decidiu a questão sobre o nepotismo, que é violador do princípio da moralidade. Para o STF, a Constituição veda o nepotismo,
inclusive o nepotismo cruzado.
 ATENÇÃO
A própria CRFB/88 veda o nepotismo quando consagra o princípio da moralidade, que é uma norma. Essa decisão do STF levou à edição da
súmula vinculante 13, que diz que a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
viola a Constituição Federal (nepotismo cruzado).
Neste vídeo, falaremos sobre o conteúdo jurídico da moralidade administrativa.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade pode ser definido como o dever de divulgação oficial dos atos administrativos (art. 2º, parágrafo único, V, da Lei nº
9.784/99).
Tal princípio encarta-se em um contexto geral de livre acesso dos indivíduos a informações de seu interesse e de transparência na atuação
administrativa.
Esse princípio possui duas vertentes:
PUBLICAÇÃO EM ÓRGÃO OFICIAL
Essa exigência funciona como requisito para que os atos administrativos possam ter efeitos: sendo ato interno ou externo da administração.
TRANSPARÊNCIA
A atuação da Administração Pública deve ser transparente. Neste caso, há controle da administração pelos administrados, pois a coisa é
pública.
Essa obrigação é oriunda da natureza dos interesses que representa quando atua, consolidada também pelo conceito de “República” (res
publica, coisa pública), cuja previsão consta do art. 1º da CRFB/88.
 ATENÇÃO
O artigo 5º, inciso XXXIII, da CF, que reconhece a todos o direito de receber dos órgãos públicos as informações do seu interesse particular
ou coletivo ou geral. No entanto, os órgãos públicos poderão obstar esse acesso quando o sigilo for imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado.
Vale ainda citar que o inciso X, do mesmo artigo, dispõe que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas.
Tal dispositivo, inegavelmente, também constitui limitação à publicidade dos atos.
Havendo recusa indevida da publicidade dos atos administrativos, pode ser o caso do mandado de segurança ou do habeas data.
HABEAS DATA
Habeas data é um remédio constitucional, previsto no artigo 5º, inciso LXXII, destinado a assegurar que um cidadão tenha acesso a
dados e informações pessoais que estejam sob posse do Estado brasileiro, ou de entidades privadas que tenham informações de
caráter público.
Com efeito, tratando-se de informações personalíssimas, a negativa administrativa abre oportunidade à propositura de habeas data nos
termos do art. 5º, LXXII, da CF.
SE AS INFORMAÇÕES FOREM, NO ENTANTO, TÃO SOMENTE DE
INTERESSE PARTICULAR OU COLETIVO, SOLICITADAS COM BASE NO
INCISO XXXIII, SUA NEGATIVA ABRE ENSEJO À PROPOSITURA DE
MANDADO DE SEGURANÇA, EM CARÁTER RESIDUAL.
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PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
A Emenda Constitucional 19 acrescentou o princípio da eficiência ao caput do art. 37.
O princípio da eficiência é uma consequência do modelo denominado de administração gerencial, que vai se opor ao sistema burocrático.
A ideia é fazer com que a administração se aproxime ao máximo e, na medida do possível, da ideia ou dos princípios, que orientam o setor
privado, desburocratizando sua atuação.
São características da ideia de administração gerencial:
RESULTADOS E METAS DA ADMINISTRAÇÃO
A ideia de administração gerencial está diretamente ligada à ideia de resultado.
AMPLIAÇÃO DA AUTONOMIA DOS ENTES FEDERATIVOS
Para obter resultados, é possível aumentar as autonomias das instituições. A partir daí, surge o controle finalístico, ficando para trás a ideia
de controle da atividade meio, que é típico do sistema burocrático. Essa burocracia fomenta a corrupção.
 EXEMPLO
Podemos citar a previsão constitucional, inserida pela EC 19, do contrato de gestão: a autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
órgãos e das entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e
o poder público, que tenha por objeto fixar uma meta de desempenho para o órgão ou à entidade (parte do §8º do art. 37).
 EXEMPLO
Outro exemplo é o aumento do prazo de duração do estágio probatório para os servidores públicos de dois para três anos, conforme a
previsão estabelecida no art. 41, caput, da CRFB/88, buscando, com isso, um controle mais duradouro da eficiência de tais servidores.VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) A NOSSA CONSTITUIÇÃO (CFRB/88), EM ESPECIAL O SEU ART. 37, ESTABELECE QUE A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DE QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO, DOS ESTADOS,
DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS OBEDECERÁ AOS SEGUINTES PRINCÍPIOS:
A) Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
B) Liberdade de Expressão, de Moradia, de Ir e Vir, ao Pagamento.
C) Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Paciência.
D) Legalidade, Impessoalidade, Publicidade e Eficiência e Liberdade de Moradia.
2) O PRINCÍPIO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL EXPRESSO QUE DISPÕE QUE TODA E QUALQUER
ATIVIDADE ADMINISTRATIVA DEVE SER AUTORIZADA POR LEI (NÃO O SENDO, A ATIVIDADE É ILÍCITA) É O
PRINCÍPIO DA:
A) Moralidade
B) Legalidade
C) Mediunidade
D) Procrastinação
GABARITO
1) A nossa Constituição (CFRB/88), em especial o seu art. 37, estabelece que a Administração Pública direta e indireta de qualquer
dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos seguintes princípios:
A alternativa "A " está correta.
 
Os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência estão previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal.
2) O princípio administrativo constitucional expresso que dispõe que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada
por lei (não o sendo, a atividade é ilícita) é o princípio da:
A alternativa "B " está correta.
 
O princípio da legalidade traz a ideia que a Administração Pública só poderá fazer aquilo que a lei permite.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde 1889, o Brasil é um Estado Federal composto por unidades autônomas, unidas pelo pacto federativo da Constituição e sem direito a
separação. A Federação Brasileira foi formada por segregação, ou seja, havia um Estado unitário que se descentralizou, criando várias
unidades autônomas. Além disso, adotamos um federalismo assimétrico e cooperativo.
Esse federalismo cooperativo desencadeou um sistema vertical e horizontal de repartição de competências no Brasil, baseado no critério da
preponderância de interesses: à União competem matérias de interesse geral ou nacional (CRFB, art. 21); aos Estados-membros competem
os temas de interesse regional (CRFB, art. 25, §1º); aos municípios competem os assuntos de interesse local (CRFB, art. 30, I); ao Distrito
Federal compete a temática de interesse regional e local (CRFB, art. 32, § 1º).
Dentro da organização do Estado, cumpre advertir que os princípios da Administração Pública estudados configuram normas fundamentais
que deverão ser cumpridas quando no exercício de atividades administrativas. A relação de princípios, prevista no art. 37, da CF, surge,
contudo, apenas como um conjunto de normas mínimas que deve ser seguido pelo administrador, mas que longe está de esgotar o tema.
Assim, as Constituições estaduais e as leis orgânicas municipais podem ampliar o rol desses princípios.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. São Paulo: Celso Bastos Editora, 2002.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Forense, 2020.
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 35. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Atlas, 2019.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito constitucional descomplicado. 19. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2020.
WATTS, Ronald. Comparing federal systems. Montreal: Institute of intergovernamental Relations, 2008.
ZIMMERMANN, Augusto. Teoria geral do federalismo democrático. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. ed., rev., atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2019.
EXPLORE+
Para aprofundar seu conhecimento sobre federalismo, leia a obra O federalista, de Alexander Hamilton. O livro retrata o surgimento do
federalismo norte-americano, fonte de inspiração para a criação de inúmeras federações ao redor do mundo, inclusive a brasileira.
Assista ao filme O patriota, que retrata a guerra civil nos EUA.
CONTEUDISTA
Thiago Aleluia Ferreira de Oliveira
 CURRÍCULO LATTES
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