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Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Tutoria Problema 1 – Módulo 1 Tema: Alterações fisiológicas da gravidez e o pré-natal. Problemática: As consequências biopsicossociais voltadas para a realidade de jovens com falta de educação sexual. Objetivo 01: Descrever as alterações fisiológicas na gravidez; Introdução As alterações fisiológicas observadas na gestação são decorrentes, principalmente, de fatores hormonais e mecânicos, e os ajustes verificados no organismo da mulher devem ser considerados normais durante o estado gravídico, embora determinem, por vezes, pequenos sintomas que afetam a saúde da paciente. Alterações Sistêmicas 1. Postura e deambulação A postura da gestante se altera, precedendo mesmo a expansão de volume do útero gestante. Quando, porém, a matriz, evadida da pelve, apoia-se à parede abdominal, e as mamas, dilatadas e engrandecidas, pesam no tórax, o centro de gravidade se desvia para frente, e todo o corpo, em compensação, projeta-se para trás. Essa situação torna-se mais nítida quando a gestante está de pé, visto que, para manter o equilíbrio, empina o ventre, provocando a lordose da coluna lombar. Amplia-se a base do polígono de sustentação, os pés se afastam, e as espáduas (ombros) se projetam para trás. Grupamentos musculares que ordinariamente não têm função nítida ou constante passam a atuar, estirando-se e contraindo-se, e sua fadiga responde pelas dores cervicais e lombares, queixa comum. A gestante, ao andar, lembra, com seus passos oscilantes e mais curtos, a deambulação dos gansos – marcha anserina. A base de sustentação ampliada e os ângulos que formam os pés com a linha mediana aumentados, principalmente à direita, por conta do dextrodesvio uterino, conferem peculiaridades à sua movimentação. As articulações apresentam maior mobilidade durante a gestação, notadamente as sacroilíacas e a sínfise pubiana. Atribui-se à relaxina, secretada pela placenta, a frouxidão dos ligamentos, especialmente da sínfise pubiana, que pode alargar cerca de 4 mm nas primíparas e 4,5 mm nas multíparas. As mudanças na mecânica do esqueleto são devido a ação hormonal que aumenta a frouxidão ligamentar e mudanças biomecânicas que provocam modificações estruturais na estática e dinâmica do esqueleto. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed 2. Metabolismo Glicídico As alterações no metabolismo materno são necessárias para suprir as exigências suscitadas pelo rápido crescimento e desenvolvimento do concepto durante a gravidez. Na gravidez, as alterações do metabolismo glicídico são notáveis: Em razão de outra estrutura ter sido associada, o concepto, consumidor de glicose, a mãe vê-se submetida à permanente demanda de glicose. Diante de período prolongado de jejum, o feto continua a extrair glicose e aminoácidos da gestante, em taxas idênticas às observadas nos períodos de alimentação (parasitismo verdadeiro). A fim de prover suprimento ininterrupto de glicose e de aminoácidos para o concepto, a gestante faz ajustes importantes: não consome mais indiscriminadamente a glicose como antes, e, à medida que a gravidez se desenvolve, a sua utilização periférica diminui, graças à elaboração de hormônios contrainsulares pela placenta. O consumo contínuo de glicose pelo concepto e seu rápido transporte através da placenta influenciam profundamente o metabolismo dos carboidratos na gestante. A gravidez exibe aumento na resistência à insulina ao final do 2º trimestre podendo chegar à aproximadamente 80% no termo. Níveis elevados de hormônio lactogênio placentário humano (hPL), hormônio do crescimento placentário humano (hPGH) e adipocinas (leptina, adiponectina, TNF-α, IL-6) estão todos implicados no processo. Os níveis de hormônio lactogênio placentário humano elevam-se rapidamente no 1º e no 2º trimestre e alcançam o seu máximo nas últimas 4 semanas da gravidez. O efeito diabetogênico do hormônio lactogênio placentário humano resulta na mobilização de lipídios na forma de ácidos graxos livres (AGL). Esses AGL serviriam como fonte de energia, poupando glicose e aminoácidos, que estarão disponíveis para o feto. No 3° trimestre, após a administração de glicose, observa-se hiperinsulinismo pós- prandial. Não há hiperinsulinismo nas pacientes com limitada capacidade de elaborar o hormônio e que irão apresentar o diabetes gestacional. O efeito inibitório da insulina na lipólise é significativamente reduzido durante o 3 o trimestre quando comparado ao de outras fases do ciclo gestatório. 3. Metabolismo Lipídico Durante a gestação, a mãe tem de adaptar o seu metabolismo para fazer frente à contínua demanda fetal de nutrientes através da placenta, a fim de suprir o seu desenvolvimento. Quantitativamente, a glicose e os aminoácidos são os nutrientes mais abundantes que atravessam a placenta, e a dependência do feto a essas substâncias é bem conhecida. Todavia, a placenta é praticamente impermeável aos lipídios, exceto aos ácidos graxos livres (AGL) e aos corpos cetônicos. Não obstante, alterações marcantes no metabolismo lipídico materno durante a gestação têm importantes implicações no crescimento fetal. Duas alterações consistentes no metabolismo materno durante a gestação são o acúmulo de lipídios nos tecidos da gestante e a hiperlipidemia gestacional. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed • Metabolismo do tecido adiposo materno O aumento do peso materno durante a gestação corresponde ao crescimento da unidade fetoplacentária e ao acúmulo dos seus próprios tecidos, especialmente o relacionado com a elevação de lipídios nos depósitos de gordura. Esse fenômeno, comum na gravidez humana e de alguns animais, ocorre durante os primeiros 2/3 da gestação e é responsável pela maior parte do acréscimo de peso materno, excluindo o decorrente do concepto, e parece estar diretamente relacionado com a hiperfagia, pois desaparece com a restrição alimentar. Esse aumento nos depósitos de gordura maternos é especialmente decorrente da lipogênese aumentada; ele corresponde à elevação na síntese de ácidos graxos e do glicerídio glicerol, indicando que a formação dos triglicerídios está exaltada. A tendência de acumular gordura cessa durante o último trimestre da gravidez, quando o metabolismo lipídico se transmuda para estado catabólico, em virtude de diversas alterações coincidentes que ocorrem no tecido adiposo, como: (1) O aumento da atividade lipogênica diminui rapidamente; (2) A atividade lipolítica torna-se exaltada talvez comandada pelo hormônio lactogênio placentário humano em razão de sua ação similar à do hormônio do crescimento. O aumento da atividade lipolítica do tecido adiposo eleva a liberação de AGL e de glicerol na circulação materna, na qual eles alcançam grandes concentrações no plasma. A transferência placentária desses dois produtos lipolíticos é baixa, e o fígado materno é o principal receptor. Após serem convertidos no fígado em suas respectivas formas ativas, AGL em acil-CoA e glicerol no glicerol-3-fosfato, eles podem ser utilizados para a esterificação, na síntese dos triglicerídios, produção de corpos cetônicos, por meio da utilização do AGL, ou formação de glicose no que concerne ao glicerol. No final da gestação, a transferência aumentada de AGL e de glicerol ao fígado em decorrência da lipólise nos tecidos adiposos justifica a exaltada esterificação e a subsequente liberação hepática na forma de triglicerídios da lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL). A síntese de corpos cetônicos torna-se altamente incrementada durante o final da gestação sob condições de jejum, e o uso desses produtos pelos tecidos maternos reduz o consumo de glicose, que assim fica disponível de ser transferidapara o feto. No final da gravidez, a gliconeogênese a partir do glicerol está aumentada, poupando aquela proveniente dos aminoácidos, que são transportados para o feto. Conclui-se que o feto se beneficia dos produtos finais do metabolismo decorrente da atividade lipolítica do tecido adiposo materno. Os corpos cetônicos cruzam livremente a placenta e podem ser utilizados como combustível fetal ou mesmo como substratos para a síntese de lipídios no cérebro. Finalmente, a atividade lipolítica intensa do tecido adiposo durante o final da gestação também favorece os tecidos maternos, pois nesse estágio a utilização periférica de glicose é bastante diminuída pela resistência à insulina, e os produtos lipolíticos – especialmente AGL e corpos cetônicos – podem ser utilizados como combustíveis alternativos, poupando a glicose. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed • Hiperlipidemia materna Durante a gravidez normal há aumento constante nos triglicerídios plasmáticos e pequeno acréscimo no colesterol. Essa hiperlipidemia corresponde ao enriquecimento proporcional de triglicerídios nas frações lipoproteínas, mesmo naquelas que os transportam em baixas concentrações, tais como a lipoproteína de baixa densidade (LDL) e a lipoproteína de alta densidade (HDL). O maior acúmulo absoluto nos triglicerídios no plasma, contudo, corresponde ao VLDL. Essas lipoproteínas são utilizadas no fígado, e os triglicerídios que elas carregam são derivados do AGL e do glicerol, que também são sintetizados no próprio órgão ou o alcançam a partir da circulação, na qual são liberados pela lipólise do tecido adiposo, que está muito aumentada no final da gestação. A produção acentuada dos triglicerídios VLDL e sua remoção diminuída da circulação em decorrência da menor atividade da lipoproteína lipase (LPL) no tecido adiposo são os principais fatores responsáveis pelo aumento dos triglicerídios VLDL durante a gestação. A abundância de triglicerídios VLDL no plasma materno contribui para o acúmulo de triglicerídios nas outras lipoproteínas. Um desses fatores é o aumento da atividade da proteína de transferência do éster de colesterol (CETP), que catalisa a transferência de triglicerídios do VLDL para as lipoproteínas pobres nesses lipídios, LDL e HDL, enquanto a de éster de colesterol ocorre no sentido contrário. Outro fator contribuinte para o mesmo efeito é a diminuição da atividade da lipase hepática (HL) que também é observada no final da gravidez. A HL controla a conversão do HDL2b no final da gestação. • Ácidos Graxos Essenciais Os ácidos graxos essenciais (AGE) referem-se a lipídios que não podem ser sintetizados pelo organismo e devem provir da alimentação. As duas famílias de ácidos graxos essenciais – ômega-3 e ômega-6 – são requeridas para funções fisiológicas, incluindo transporte de oxigênio, armazenamento de energia, papel na membrana celular e regulação da inflamação e da proliferação celular. Na gravidez, os AGE são necessários para o desenvolvimento da unidade fetoplacentária no início da gestação, e o ácido docosaexanoico (DHA), um tipo de ômega-3 derivado de peixe marinho, é vital para a homeóstase materna, assim como o desenvolvimento do cérebro e da retina fetal durante todo o 3º trimestre. Os AGE são benéficos para a mãe, prevenindo doenças cardiovasculares, câncer do colo e doenças imunológicas, assim como são indispensáveis para o desenvolvimento cerebral e visual do concepto. 4. Metabolismo Proteico A concentração da maioria dos aminoácidos está reduzida na gravidez. As proteínas totais, embora aumentem em valores absolutos pela hemodiluição plasmática, têm suas concentrações diminuídas. As de albumina sofrem redução nítida, enquanto é menor a queda das gamaglobulinas. Os teores de alfa e de betaglobulinas e os de fibrinogênio, ao contrário, ascendem. 5. Metabolismo hidroeletrolítico Uma das alterações sistêmicas mais notáveis observadas na gravidez é a retenção de líquido (8 a 10 ℓ), intra e extracelular, mas especialmente responsável pelo aumento do Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed volume plasmático. Essa alteração hidreletrolítica é decisiva para que ocorram outras modificações importantes, tais como o aumento do débito cardíaco e o do fluxo plasmático renal. O acréscimo do volume plasmático é maior na gravidez gemelar e menor naquela complicada pelo crescimento intrauterino restrito (CIR) e pela pré-eclâmpsia. O provável mecanismo para essa adaptação é a retenção de sódio, determinada principalmente pela maior secreção de aldosterona pela suprarrenal, a despeito do efeito natriurético da progesterona. Para conservar o sódio, quando a taxa de filtração glomerular aumenta em torno de 50%, surge na gravidez mecanismo compensatório representado pelo sistema renina-angiotensina. A renina é elaborada pelo aparelho justaglomerular renal e age, em última análise, estimulando a secreção de aldosterona pelo córtex suprarrenal, via angiotensina. A aldosterona é responsável pelo aumento da reabsorção tubular de sódio, preservando a homeóstase materna. Concluindo, o sódio deverá ser conservado para prover quantidade adicional indispensável à expansão tecidual e dos compartimentos líquidos, durante a gestação. Na verdade, a concentração de sódio plasmática encontra-se ligeiramente diminuída na gestação, assim como a osmolaridade total. A gestante parece aceitar esse nível de osmolaridade, sem elevar a diurese. Por outro lado, o limiar de sede na gravidez está alterado de tal sorte que a gestante sente vontade de ingerir líquido com nível mais baixo de osmolaridade do que a não gestante. Do mesmo modo, há redução acentuada também da pressão oncótica, determinada principalmente pela queda na concentração de albumina plasmática de cerca de 20%. O significado dessa alteração é o de que a pressão oncótica é o fator mais relevante para o equilíbrio de Starling, vale dizer, o grau de passagem de líquido através dos capilares (inclusive dos capilares glomerulares). Assim, a diminuição da pressão oncótica do plasma é responsável pelo aumento da taxa de filtração glomerular renal (TFG) observada na gravidez, além de contribuir para o desenvolvimento do edema periférico, trivial até mesmo na gravidez normal. Em resumo, os fatores responsáveis pela retenção de líquido estão descritos a seguir: (1) Retenção de sódio; (2) Novo nível de osmolaridade; (3) Diminuição do limiar da sede; (4) Redução da pressão oncótica. As consequências da retenção de líquido são: (1) Redução na concentração de hemoglobina (2) Redução do hematócrito (3) Diminuição da concentração de albumina (4) Aumento do débito cardíaco (5) Elevação do fluxo plasmático renal (6) Edema periférico. 6. Metabolismo do Cálcio Grande quantidade de cálcio (e de fósforo) é transferida contra gradiente de concentração da mãe para o feto (transporte ativo). Para isso, a absorção de cálcio no intestino dobra na gravidez, consequência também do Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed nível duplamente elevado de vitamina D3 de origem placentária e materna renal. Na verdade, o nível de PTH no soro diminui na gestação, o que é compensado pelo acréscimo do peptídio relacionado com a paratireoide (PTHrP) de origem fetal e placentária. O PTHrP elevado na gravidez, produzido pela paratireoide fetal e pela placenta, contribui para o aumento da vitamina D3, o decréscimo da concentração de PTH e a regulação do transporte transplacentário da mãe para o feto. 7. Alterações hemodinâmicas no sistema cardiovascular As maiores alterações hemodinâmicas vistas na gravidez incluem o aumento do débito cardíaco, do volume sanguíneo, por causa principalmente do volume plasmático, da redução da resistênciavascular periférica e da pressão sanguínea. Essas alterações já aparentes no início da gravidez alcançam o seu máximo no 3º trimestre (28 a 32 semanas) e permanecem relativamente constantes até o parto. Elas contribuem para o ótimo crescimento e desenvolvimento do feto e protegem a mãe das perdas fisiológicas de sangue no parto. O início da gravidez é caracterizado por vasodilatação periférica, provavelmente consequência do aumento do óxido nítrico, fator vasoativo, relaxante, elaborado pelo endotélio vascular. O acréscimo significativo da frequência cardíaca já pode ser observado na gestação de 5 semanas, e isso contribui para a elevação do débito cardíaco (débito cardíaco = volume sistólico × frequência cardíaca). Todavia, a elevação do volume sistólico apenas é observada várias semanas depois, possivelmente pela expansão do volume plasmático. A elevação progressiva na frequência cardíaca materna prossegue até 28 a 32 semanas, com um acréscimo de 10 a 15 bpm (10 a 20%), se comparado ao ritmo existente fora da gravidez. Há igualmente aumento progressivo no volume sistólico durante a primeira metade da gestação em razão do maior volume plasmático. Em consequência, o débito cardíaco, que em média era de 5 ℓ/min fora gravidez, eleva-se para aproximadamente 7 ℓ/min em torno de 28 a 32 semanas da gestação (acréscimo de 40 a 50%), estabilizando-se até o parto. A despeito do aumento acentuado do volume sanguíneo e do débito cardíaco, há redução da pressão arterial, em virtude do decréscimo da resistência vascular periférica. A pressão arterial sistólica e a diastólica estão diminuídas de 5 a 10 mmHg no 2 o trimestre, atingindo valores médios de 105/60 mmHg. No 3 o trimestre, a pressão se eleva e se normaliza no termo. A pressão venosa nos membros inferiores aumenta cerca de três vezes, em virtude da compressão que o útero determina nas veias pélvicas, em particular na posição de pé, parada, quando há maior aprisionamento de sangue nas pernas e nas coxas. Há, na gravidez, tendência à hipotensão, lipotimia, ortostática, edema dos membros inferiores, varicosidades e hemorroidas. No pós-parto imediato, o útero se contrai firmemente, e mais uma vez há autotransfusão sanguínea (aproximadamente 300 mℓ), que aumenta o débito cardíaco em 60 a 80%. De fato, a partir de 6 a 8 semanas de pós-parto o débito cardíaco reassume seus valores não gravídicos. Constituem as alterações cardiovasculares mais relevantes: (1) Aumento da frequência cardíaca (10 a 20%) (2) Aumento do volume sistólico (10%) (3) Aumento do débito cardíaco (40 a 50%) (4) Diminuição da pressão arterial média (10%) Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed (5) Diminuição da resistência vascular periférica (35%). 8. Sistema Sanguíneo A alteração marcante no volume plasmático observada na gravidez normal causa diluição da maioria dos fatores circulantes. De particular interesse é a hemodiluição das hemácias. Embora a produção de eritrócitos esteja elevada na gravidez, com pico de cerca de 15% em torno de 32 semanas, ela é ofuscada pela elevação de 40% do volume plasmático. Assim, os índices hematológicos que dependem do volume plasmático tendem a decrescer: contagem de hemácias, hematócrito, concentração de hemoglobina. É a clássica “anemia fisiológica da gravidez”, confundida frequentemente com o estado de anemia ferropriva. A gestante requer maior quantidade de ferro alimentar para suprir as suas necessidades e as do feto, e, na verdade, há aumento na absorção desse elemento no intestino. Durante a gravidez, as necessidades de ácido fólico estão aumentadas de 50 para 400 μg por dia. Há pesquisas comprovadas de que a suplementação de ácido fólico (0,4 mg/dia) 1 mês antes da gravidez e no 1º trimestre reduz expressivamente os defeitos do tubo neural (DTN) e outras malformações. Ao contrário das hemácias, os leucócitos têm a sua concentração majorada na gestação, podendo alcançar, no termo. A concentração de plaquetas exibe, por outro lado, pequeno decréscimo. Fala-se inclusive em trombocitopenia gestacional, no 3º trimestre. Há igualmente alterações importantes na coagulação sanguínea durante a gravidez e, nesse contexto, caracterizadas por estado de hipercoagulabilidade. Ocorre aumento significante de diversos fatores da coagulação, notadamente do fibrinogênio, que pode atingir 400 a 600 mg/dℓ, no 3º trimestre, e redução da atividade fibrinolítica. Portanto, as principais alterações hematológicas ocorridas na gestação são: Diminuição: o Número de hemácias o Concentração de hemoglobina o Hematócrito Aumento: o Leucócitos o Concentração de fibrinogênio. 9. Sistema Urinário Tanto o sistema urinário superior como o inferior sofrem diversas modificações anatômicas e fisiológicas durante a gravidez. • Modificações Anatômicas Os rins se deslocam para cima pelo aumento do volume uterino e aumentam em tamanho cerca de 1 cm em virtude do acréscimo do volume vascular renal e do espaço intersticial. Uma das mais significantes alterações do sistema urinário observadas na gravidez é a dilatação da sua porção superior que já ocorre a partir de 7 semanas em até 90% das gestantes e pode persistir até 6 semanas do pós-parto. Considera-se que essa hidronefrose fisiológica resulte tanto de fatores hormonais quanto mecânicos. O útero expandido diretamente comprime os ureteres, enquanto a progesterona inibe a musculatura lisa ureteral, determinando ureteroectasia. A dilatação ureteral é mais pronunciada à direita em virtude da dextrorrotação uterina, estando o ureter esquerdo relativamente protegido pela sigmoide. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed A dilatação do sistema urinário superior pode aumentar a estase urinária, predispondo a gestante a infecções urinárias, pielonefrite e nefrolitíase. Não obstante essa hidronefrose possa, por vezes, causar dor, exigindo analgésicos e até colocação de stents, ela é considerada fisiológica. No sistema urinário inferior, a anatomia da bexiga está distorcida pela compressão direta do útero gravídico. A bexiga é deslocada anteriormente, com expansão lateral, pari passu com a compressão do útero aumentado na cúpula vesical. Além disso, os níveis circulantes elevados de estrogênios determinam hiperemia e congestão da mucosa uretral e vesical. Há também redução da resposta contrátil do colo vesical a estímulos alfa-adrenérgicos e diminuição do suporte pélvico da parede vaginal anterior e da uretra, alterações que podem contribuir para a incidência elevada de incontinência urinária na gravidez. • Modificações Fisiológicas Com o aumento do débito cardíaco e a diminuição da resistência vascular sistêmica observados na gestação, há concomitante aumento do fluxo plasmático renal e da taxa de filtração glomerular, que podem estar aumentados. A elevação da TFG resulta em diminuição da creatinina plasmática, que alcança em média valores de 0,5 a 0,8 mg/dℓ. Isso causa repercussões importantes, uma vez que a excreção renal de determinados medicamentos pode estar alterada e os valores de cretinina no soro indicativos de insuficiência renal podem ser mais baixos. A glicosúria é fisiológica na gravidez e se deve ao aumento da TFG que excede o limite da reabsorção tubular da glicose. Desse modo, não é indicativa de diabetes na gestação, assim como não serve para o seu rastreamento. Igualmente, a proteinúria (microalbuminúria) é fisiológica na gravidez, sendo normais valores de proteína na urina de até 300 mg/dia. A despeito do enorme trabalho urinário na gravidez, o volume urinário não está acrescido. Até 80% da urina filtrada é absorvida nos túbulos proximais. A frequência urinária decorre da compressão do útero gravídico na bexiga. Por fim, entram em jogo os mecanismos compensatórios (sistema renina-angiotensina)responsáveis pela retenção de sódio observada na gravidez. 10. Sistema Respiratório A expansão do volume sanguíneo e a vasodilatação da gravidez resultam em hiperemia e edema da mucosa do sistema respiratório superior. Essas alterações predispõem a gestante a congestão nasal, epistaxe e até mesmo a alterações da voz. Alterações marcantes na caixa torácica e no diafragma caracterizam a gravidez. Com o relaxamento dos ligamentos das costelas, o ângulo subcostal aumenta de 68 para 103°. Os diâmetros anteroposterior e transverso do tórax aumentam 2 cm cada um, resultando na expansão da circunferência torácica de 5 a 7 cm. Embora o diafragma se eleve aproximadamente 4 cm pelo aumento do útero gravídico, sua função não é comprometida; na verdade, sua excursão está incrementada de 1 a 2 cm. A complacência da parede torácica, todavia, diminui com o evoluir da gestação, aumentando o trabalho da respiração. Já no 1º trimestre da gestação o volume- minuto, o produto do volume-corrente (tidal Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed volume) pela frequência respiratória, aumenta 30 a 40%, refletindo a elevação do volume-corrente, pois a frequência respiratória não se altera. A expansão da caixa torácica e o aumento do estímulo respiratório criam o volume-corrente elevado. A progesterona parece desempenhar papel fundamental no estímulo do centro respiratório no sistema nervoso central. Pela elevação da cúpula do diafragma estão diminuídos o volume de reserva expiratório e o volume residual, em cerca de 20%, o que se reflete na capacidade residual funcional, também reduzida em 20%. A hiperventilação da gravidez facilita as trocas gasosas nos pulmões. Tanto o PO2 no ar alveolar quanto o no sangue arterial se elevam. O consumo de oxigênio aumenta de 15 a 20% para fazer frente à massa materno- fetal adicional e ao trabalho cardiorrespiratório da gestação. A já referida hiperventilação da gravidez ocasiona alcalose respiratória compensada, com diminuição do PCO2 < 30 mmHg, embora haja modesto aumento no PO2 (101 a 104 mmHg). A diminuição do PCO2 é compensada pelo aumento da excreção urinária de bicarbonato, cuja concentração diminui no plasma; por isso, o pH arterial não sofre alteração significativa (pH = 7,4), caracterizando a alcalose respiratória compensada. Portanto, as principais modificações respiratórias são: o Frequência respiratória sem alteração o Volume-corrente e volume-minuto aumentados cerca de 30 a 40% o Capacidade residual funcional diminui 20% o o Hiperventilação fisiológica o o Dispneia (em 60 a 70% das gestantes). 11. Sistema Digestivo No 1 o trimestre é frequente o aparecimento de náuseas e vômitos (50 a 90% das gestantes), levando, em geral, à anorexia, embora uma quantidade equivalente de mulheres relate melhora no apetite e parcela considerável admita “desejos” por certos alimentos. A base fisiológica das náuseas, habitualmente matinais, é desconhecida, embora possa estar relacionada com níveis crescentes de gonadotrofina coriônica humana (hCG) e de estrogênios. A gengivite, no ciclo gestatório, assim como fora dele, é consequente ao acúmulo da placa bacteriana na margem gengival, e se apresenta com eritema, sangramento e intumescimento da zona afetada, bem como extremo desconforto para a paciente. Durante os dois primeiros trimestres há redução na secreção gástrica de ácidos, explicando a incidência reduzida de úlcera péptica e a remissão das porventura preexistentes. O sistema gastrintestinal (esôfago, estômago, vesícula, intestino) permanece atônico durante toda a gestação. Os fatores determinantes são hormonais, os mesmos que relaxam a musculatura de artérias, veias e ureteres. Uma consequência imediata é a alta incidência de pirose, combinação do relaxamento do esfíncter gastresofágico ao aumento de pressão intra-abdominal, essa condicionada pela presença do útero gravídico. A atonia do cólon explica a grande frequência da constipação intestinal. A vesícula fica hipotônica, distendida, com bile viscosa e com grande tendência de formar cálculo. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed 12. Sistema Endócrino As alterações fisiológicas da gravidez determinam aumento de 40 a 100% na produção dos hormônios tireoidianos para atender às necessidades maternas e fetais. Anatomicamente, a tireoide sofre moderado aumento de volume de 10 a 20% causado por hiperplasia e maior vascularidade. Não há bócio, pois esse aumento é fisiológico. A tireoide materna mostra aumento da vascularidade e alguma hiperplasia, mas bócio declarado não ocorre, a menos que haja deficiência de iodo na alimentação ou doença da tireoide. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingesta de 150 μg de iodo/dia para adultos e 200 μg/dia para gestantes. O aumento da depuração renal de iodo na gravidez e a quantidade significativa de iodo transferida para o feto, que no final da gravidez passa a produzir seus próprios hormônios, causa mínima hipotireoxinemia, mas não bócio, em áreas de suficiência de iodo. A carência de iodo se manifesta por elevada hipotireoxinemia, com aumento de TSH e da tireoglobulina (TBG), com significativa hipertrofia da tireoide. 13. Pele e Fâneros Cerca de 50% das gestantes exibem estrias no abdome, no decurso do último trimestre, por vezes encontradas também nos seios (estrias gravídicas ou víbices). Inicialmente vermelhas, tornam-se, mais tarde, brancas ou nacaradas, persistindo indelevelmente. Há aumento na pigmentação da linha alva do abdome inferior (linea nigra), da vulva, das aréolas mamárias e da face (cloasma). A hipertricose é fenômeno fisiológico durante a gravidez (pelos na face e em outras regiões, crescimento mais acentuado dos cabelos), com unhas muito quebradiças e surgimento do eritema palmar e da hipertrofia das glândulas sudoríparas e sebáceas. 14. Vulva e Vagina Sob a influência dos estrogênios, o epitélio vaginal se espessa durante a gravidez e há aumento da sua descamação, o que resulta maior secreção vaginal. Essa secreção tem pH mais ácido do que o existente na mulher não gestante, para proteger contra a infecção ascendente. A vagina também aumenta a sua vascularização com a gravidez. A vulva e a vagina tumefazem-se, experimentam amolecimento e têm sua coloração alterada. A vulva pigmenta-se e o sítio lindeiro à extremidade inferior da vagina perde o róseo característico, tomando a cor vermelho- vinhosa, entreabertos ninfas e grandes lábios (sinal de Jacquemier). 15. Útero Há imediato amolecimento na região correspondente ao local da implantação, progredindo por todo o órgão e pelas outras estruturas pélvicas. É a diminuição da consistência subordinada à embebição gravídica e à redução do tônus, precocemente notadas especialmente no istmo, determinando o sinal de Hegar. Simultaneamente o órgão aumenta, inicialmente de modo desigual, mais acentuada a expansão na zona de implantação, o que lhe impõe forma assimétrica (sinal de Piskacek). A matriz de piriforme passa a globosa, e o toque dos fundos de saco laterais revela essa morfologia (sinal de Nobile-Budin), enquanto o pulso da artéria uterina pode ser percebido. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed De volume crescente, o corpo do útero mantém a configuração esférica até o 4 o a 5 o mês, quando o alongamento predomina sobre os diâmetros transversos, conferindo à víscera forma cilíndrica. A expansão do istmo, levando à incorporação de sua cavidade à do corpo, acentua, nos últimos meses, a cilindrificação da matriz. Nos primeiros 2 meses o útero é órgão exclusivamente pélvico; com 12 semanas torna-se perceptível ao palpar abdominal, o que depende do panículo adiposo e da musculatura da parede. O crescimento subsequente pode ser acompanhado, mês a mês, delimitando-seo fundus e medindo-se a altura em relação à sínfise púbica. O útero sofre aumento dramático no seu peso (de 4 a 70 g na não gestante, para 1.100 a 1.200 g na gestante a termo) e no seu volume (de 10 mℓ para 5 ℓ) durante a gravidez. O número de células miometriais aumenta no início da gestação (hiperplasia) e, depois, permanece estável. O aumento da massa do miométrio, na gravidez, decorre de: o Hipertrofia dos elementos musculares: aumento de volume dos preexistentes. É a hipertrofia menos nítida na cérvice o Hiperplasia dos elementos musculares: aumento quantitativo de miócitos, atribuído primeiramente à divisão das miocélulas, mas, na realidade, proveniente da metaplasia de elementos indiferenciados o Aumento do tecido conectivo (ou conjuntivo), assim das células como das fibras, e dos líquidos intersticiais (embebição gravídica). É também muito maior a vascularização Pontos-chave O volume sanguíneo e o débito cardíaco aumentam em 40 a 50% na Gravidez. Durante a gestação ocorre anemia fisiológica porque o aumento do volume plasmático é maior do que o de hemácias. A pressão sanguínea normalmente diminui durante o segundo trimestre da gravidez e retornar níveis pré gravídicos próximo ao termo. Durante a gravidez a leucocitose é fisiológica. A gravidez é estado de hipercoagulabilidade e está associada a risco elevado de doenças tromboembólicas venosa. Alteração respiratória mais importante é a hiperventilação e decorrência do aumento do volume-corrente. O consumo de oxigênio na gravidez aumenta cerca de 15 a 20% para fazer jus ao acréscimo das necessidades metabólicas. O hidroureter e a hidronefrose fisiológicos se desenvolvem durante a gestação, principalmente à direita, determinando estase urinária que predispõem a infecção. A filtração glomerular renal e o fluxo plasmático renal aumentam acentuadamente durante a gravidez, determinando redução nos níveis sanguíneos de ureia e creatinina e presença de glicose na urina (glicosúria). O aumento dos níveis da progesterona ocasiona esvaziamento gástrico mais lento diminuição da motilidade intestinal, relaxamento do esfíncter esofágico e redução do tônus venoso, fatores que contribuem para a pirose, dor retroesternal, constipação, hemorróidas e varizes. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Objetivo 02: Compreender a rotina do pré-natal; Atualmente, no Brasil, é reconhecida a importância de se ter um acompanhamento abrangente no pré-natal, que inclua não só as questões biológicas, mas, também, outros aspetos relevantes ao desenvolvimento infantil, como a saúde emocional da mãe, o apoio que ela encontra nos familiares, no trabalho, na escola e na comunidade, bem como orientações sobre a importância da construção do vínculo com o bebê e da participação do pai. O pré-natal deve começar assim que a mulher descobre que está grávida. No Brasil, a partir desse momento, o Ministério da Saúde recomenda que sejam realizadas no mínimo seis consultas (uma no primeiro trimestre da gravidez, duas no segundo e três no terceiro), Sendo ideal é que a primeira consulta aconteça no primeiro trimestre e que, até a 34ª semana, sejam realizadas consultas mensais. Entre a 34ª e 38ª semanas, o indicado seria uma consulta a cada duas semanas e, a partir da 38ª semana, consultas toda semana até o parto, que geralmente acontece na 40ª semana, mas pode durar até 42 semanas. O atendimento proporcionado nessas consultas deve ser registrado e monitorado no Cartão da Gestante, pelos profissionais envolvidos, utilizado nas unidades básicas de Saúde do País e também pelos profissionais que a atenderão no parto. Por meio desse monitoramento, é possível fazer o acompanhamento, o diagnóstico e o tratamento de doenças pré-existentes ou das que podem surgir durante a gravidez. Durante o pré-natal, a gestante deve receber informações sobre seus direitos, hábitos saudáveis de vida (alimentação, exercícios etc.), medicamentos que precisa tomar e os que deve evitar e as mudanças que ocorrem durante a gravidez, como a maior incidência de sono e alterações no ritmo intestinal. Também tem de receber informações sobre sinais de risco em cada etapa da gravidez, como lidar com dificuldades de humor, temores em relação à sua saúde e a saúde do bebê, enjoos, inchaço, manchas na pele, sinais de parto etc. ➢ As consultas O pré-natal segue um protocolo para o monitoramento da saúde da gestante e do feto. Inclui anamnese, exame físico e análise de exames laboratoriais e de imagem. No entanto, é muito importante que as gestantes aproveitem o momento da consulta para colocar suas dúvidas, preocupações, experiências a fim de ampliar o diálogo com os profissionais de saúde. ➢ Exames Laboratoriais Os exames de rotina para triagem de situações clínicas de maior risco no pré- natal é solicitado no acolhimento da mulher no serviço de saúde, imediatamente após o diagnóstico de gravidez. Alguns exames solicitados deverão ser repetidos no início do 3º trimestre da gestação. ➢ Exames complementar de rotina são: o Hemograma completo – repetir entre 28-30 semanas. o Grupo sanguíneo e fator Rh. o Sorologia para sífilis (VDRL); repetir entre 28-30 semanas. o Glicemia em jejum – repetir entre 28-30 semanas; em gestantes sem fator de risco para diabetes e se o resultado da primeira glicemia for menor que 85 mg/dL. o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG – 75g, 2h) – para os casos triados com fator de risco para diabetes gestacional presente e/ou com Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed glicemia de jejum inicial maior ou igual a 85mg/dL. o Exame sumário de urina (Tipo I). o Urocultura com antibiograma para o diagnóstico de bacteriúria assintomática – repetir entre 28-30 semanas. o Sorologia anti-HIV – repetir entre 28- 30 semanas. o Sorologia para toxoplasmose, IgG e IgM – repetir trimestralmente se for IgG não reagente. o Sorologia para hepatite B (HBSAg). o Protoparasitológico de fezes. o Colpocitologia oncótica. o Bacterioscopia da secreção vaginal – avaliação de perfil bacteriológico do conteúdo vaginal por critério de Nugent, indicada para pacientes com antecedente de prematuridade, possibilitando a detecção e o tratamento precoce da vaginose bacteriana, idealmente antes da 20ª semana. o Cultura específica do estreptococo do grupo B, coleta anovaginal entre 35- 37 semanas. o Ultrassonografia obstétrica – Caso a gestante inicie o pré-natal precocemente o primeiro ultrassom pode ser realizado entre 10º à 13º semana e deve se repetir entre 20º á 24º semanas. ➢ Vantagens do pré-natal A assistência do pré-natal bem estruturada pode promover a redução dos partos prematuros e de cesárias desnecessárias, de crianças com baixo peso ao nascer, de complicações de hipertensão arterial na gestação, bem como da transmissão vertical de patologias como o HIV, sífilis e as hepatites. No entanto, para que essa assistência seja efetiva, é importante que abarque os seguintes aspectos: • Captação precoce – quanto antes a gravidez for diagnosticada e a gestante receber os cuidados da equipe perinatal, mais precocemente poderão ser detectados problemas passíveis de controle ou de cura. Frequência e periodicidade adequadas – é preciso garantir que a gestante receba o atendimento necessário em seis consultas, no mínimo, durante a gravidez. • Extensão de cobertura – é fundamental que a assistência atinja 100% das gestantes de uma cidade, de um estado e de todo o País. No entanto, dados oficiais do Ministério da Saúde do Brasil, de 2011, indicam que 4,6% de mulheres grávidas estavam sem assistência de pré-natal. Qualidade – de nada adianta captar precocemente e oferecer o número adequado de consultas se não houver uma prática que garantatecnologias atuais, apropriadas e precisas que causem impacto positivo da saúde perinatal, fortalecendo a integralidade. Qualidade do atendimento pré-natal Para que haja, de fato, um atendimento que promova qualidade de vida à gestante, ao bebê e à família, algumas iniciativas são essenciais. A primeira está relacionada ao formato do atendimento que, para se prestar aos objetivos reais do pré-natal, precisa ser multiprofissional. Isso significa contar com a ação de médicos obstetras e ginecologistas, médicos de família, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, educadores físicos e fisioterapeutas. No entanto, não adianta ter todos os profissionais atuando se esse trabalho não for integrado e, sobretudo, centrado nas necessidades das gestantes para que ocorra a troca de conhecimentos e Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed a busca compartilhada de soluções para cada impasse detectado. Outro aspecto a ser considerado para o total êxito do pré-natal é o apoio comunitário, intimamente relacionado ao conceito de saúde-doença, reforçando a ideia de que a saúde é produzida nos diferentes espaços. Por isso, a importância de os cidadãos e as comunidades trabalharem no sentido de garantir uma melhor qualidade de vida, estimulados pela implantação de ações e políticas públicas que promovam a intersetorialidade e o bem-estar coletivo. Por exemplo, no caso do pré-natal de gestantes adolescentes é fundamental envolver a família e a escola como elementos da rede de suporte social para que atuem na incorporação de hábitos saudáveis, assegurando seus direitos. Além da tradicional abordagem fisiológica da gestante e do feto, é essencial que o pré- natal amplie seu foco, garantindo acolhimento à futura mãe, repleta de dúvidas, possíveis medos e ansiedade. Por isso, recomenda-se que o pai da criança acompanhe as consultas. Além de ajudar a mãe a sentir-se mais segura e protegida, ele começa a estabelecer um maior vínculo com o filho, trazendo benefícios não só à gestante e a ele mesmo, mas especialmente, ao bebê. O atendimento psicológico (a psicoprofilaxia) à gestante pode ser dar nas consultas individuais e nos grupos de discussão ou educativos propiciados pela equipe de Saúde para envolver a futura mãe, seu parceiro e a família e que devem ser uma estratégia transformadora e apoiadora da família grávida. Objetivo 03: Refletir sobre as repercussões biopsicossociais na gravidez na adolescência; Observações: As no Programa de saúde familiar está presente a prevenção da gravidez na adolescência houve uma mudança no padrão de fecundidade brasileiro da década de 70 para de 90, mulheres de 15 a 19 anos a taxa de fecundidade desse grupo dobrou, sendo assim, isso impos que a abordagem do profissional da saúde deve ser orientação, métodos contraceptivos, cuidados na gravidez e com o recém- nascido. Importância da educação sexual na escola; Compete ao ministério da educação e da estratégia de saúde da família esse papel, já que muitas vezes os pais têm dificuldade e/ou constrangimento em ensinar tal assunto aos filhos. A falta da informação e apoio familiar também pode acarretar em outros problemas como aborto clandestino ou evasão escolar. Como também, conservar sobre o assunto é uma questão de segurança desde antes da adolescência até ao que se relaciona à relação sexual. Importância de contraceptivos, como a camisinha e o ensino da prevenção precoce para ISTs e gravidez. Ensinar para que serve o sexo para evitar evasao e abandono como no caso citado. A menarca recente predispõe a sexarca mais recente, a gravidez precoce não necessariamente é indesejada, fatores como escolaridade, etilismo, abuso de drogas, abandono dos pais, faz com que haja maior risco de gravidez na adolescência. Importância da visita ao ginecologista após a primeira menstruação tanto para ensinar Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed sobre sexualidade, anticoncepção e também para acrescentar sobre o autoconhecimento do próprio corpo, fazendo um acompanhamento para dispor informações imprescindíveis para o crescimento feminino. Divulgação em tv e redes sociais atingem uma população com poder aquisitivo maior enquanto existem pessoas que não tem acesso a esse tipo de tecnologia. As adolescentes encontram maiores dificuldades em conciliar os estudos com os cuidados com a criança, o que resulta em interrupção e acabam por retardar o ingresso no mercado de trabalho. Objetivo 04: Discutir como é feito o diagnóstico na gravidez, os métodos de cálculo da idade gestacional e data provável do parto. Diagnóstico O diagnóstico da gravidez pode ser feito pelo médico ou pelo enfermeiro da unidade básica, de acordo com: Existem três maneiras diferentes de se diagnosticar a gravidez. Essas três maneiras são o método clínico, o ultrassonográfico e o hormonal. Diagnóstico clínico: É comum subdividir a descoberta da gravidez pelo método clínico em três partes. A primeira é a "presunção" o segundo é de "probabilidade" e terceiro são os sinais de certeza. Sinais de Probabilidade Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Diagnóstico Hormonal: O diagnóstico Hormonal é baseado na identificação sanguínea ou na urina do hormônio Gonadotrofina coriônica Humana (HCG). Esse hormônio é produzido pelo ovo. Uma semana após a fertilização esse hormônio já é produzido em quantidades suficientes pelo trofoblasto para ser detectado. Existem tipos diferentes de teste para a detecção. Esses são os testes Imunológicos, radio-imunológicos e o teste de ELISA. Em geral, após um atraso entre 10 e 14 dias, os testes possuem sensibilidade entre 97 e 99 por cento. Mulheres em uso de psicotrópicos, com proteinúria ou no climatério (pela reação cruzada com o LH) podem gerar falsos positivos. Diagnóstico Ultrassonográfico Hoje é mandatório o uso de ultrassom transvaginal no primeiro trimestre da gravidez. Com 4 a 5 semanas, aparece pela primeira vez o saco gestacional que é uma formação arredondada de contornos nítidos na ultrassonografia. É já na 6 ou 7 semana que através do eco embrionário se detecta a pulsação cardíaca do feto. Cálculo da Idade Gestacional A idade gestacional é calculada considerando o tempo transcorrido a partir da DUM. Na caderneta da gestante, você poderá observar que a cada consulta esse intervalo é calculado, sendo o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da avaliação divido por sete (resultado em semanas). Data Provável do Parto A gravidez é datada do 1º dia do último período menstrual. A duração média da gestação é de 280 dias (40 semanas), e isso fornece a data provável do parto, assumindo que: o O ciclo é de 28 dias o A ovulação ocorreu geralmente no 14 o dia do ciclo o O ciclo foi normal, ou seja, não ocorreu imediatamente após a parada de contracepção oral ou após gravidez anterior. Na prática usa-se a regra de Nägele, que consiste em adicionar à data da última menstruação 7 dias e mais 9 meses (ou menos 3 meses, quando se faz o cálculo retrógrado). Por exemplo, se a última menstruação foi em 10 de novembro (mês 11), temos 10 + 7 = 17, e 11 – 3 = 8, portanto, 17 de agosto (mês 8) será a data provável do parto. Aparentemente, a gravidez, assim avaliada, não teria os 280 dias de duração média que lhe foram atribuídos (9 × 30 = 270 + 7 = 277). No entanto, há correspondência perfeita: no decurso de 9 meses, como norma, 3 ou 4 têm 31 dias e essa diferença (de 1 dia) torna a regra de Nägele a mais aproximada dos referidos 280 dias Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. MONTENEGRO, CAB.; REZENDE F. Obstetrícia Fundamental.13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 2. SASS, N; OLIVEIRA, LG. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 3. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br /wp- content/uploads/2019/07/304_Manual _Pre_natal_25SET.pdf
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