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Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 1 SITUAÇÃO PROBLEMA 02 – LIGEIRAMENTE GRAVIDA 1. DESCREVEER AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DA GRAVIDEZ (HORMONAL, MORFOLÓGICAS, METABÓLICAS E IMUNOLÓGICAS – POR TRIMESTRE). As alterações locais e sistêmicas que acontecem durante a gestação decorrem de ações hormonais que visam favorecer o crescimento e desenvolvimento do feto. As alterações podem ser compreendidas em sistêmicas (oriundas da ação hormonal) e locais (crescimento do útero gravídico). No entanto, algumas alterações podem agravar doenças ou condições preexistentes da mulher, produzindo sintomas que mesmo sendo fisiológicos são incômodos. Dessa forma, cabe aqui nós clínicos saber reconhecer as alterações fisiológicas que acontece durante a gravidez para que possamos diferencia-las frente alterações patológicas que podem vir aparecer ao longo das consultas de pré-natal. MODIFICAÇÕES CUTÂNEAS As modificações cutâneas observadas na gestação decorrem da ação dos hormônios progesterona estrógeno causando alterações na pigmentação, vascularização e atrofia. A gestante apresenta uma hiperpigmentação evidenciada decorrente da hipertrofia do lobo intermediário da hipófise o qual é responsável pelo metabolismo da pró- opiomelanocorticotrofina em betaendorfina e alfamelanotropina. Tal hipertrofia causa aumento na libração da alfamelanotropina exerce uma função estimulante aos melanócitos o que justifica a hiperpigmentação das gestantes. Desse modo, podemos notar na face (cloasma ou Melasma da gestação), escurecimento da linha alba (linha nigra), escurecimento das aréolas, do períneo e axilas as quais costumam desaparecer após o parto e pioram quando expostas ao sol. No que tange a vascularização é observado a presença de eritema palmar, teleangiectasias, hipertricose, secreção sebácea exacerbada (deixando a pele oleosa) e sudorese. Por fim, a atrofia é evidenciada na presença de estrias oriunda do estiramento de Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 2 fibras colágenas e diminuição da hidratação da pele. Tais alterações podem ser observadas na parte baixa do abdômen, mamas, nádegas e coxas. MODIFICAÇÕES OSTEOARTICULARES O peso adicional oriundo da gravidez faz com que o centro de massa da gestante se modifique, desestabilizando seu equilíbrio. De forma compensatória seu eixo descola-se para manter o equilíbrio favorecendo o aparecimento involuntário da lordose lombar. A gestante projeta sua barriga para frente e o tórax para trás. Além disso, outra medida compensatória é o aumento da base da marcha, ocasionado um andar oscilante, lento e curto denominado de marcha anserina. Tais alterações modificam a anatomia da coluna vertebral, sobretudo a região lombar com a diminuição dos espaços intervertebrais. Com efeito, é comum as pacientes relatarem sintomas referente a compressão radicular (lombalgia), sobretudo no final da gestação. Outra queixa bastante comum é a cervicalgia causada pela flexão excessiva. Podemos observar ainda decorrente as alterações anatômicas a compressão e estiramento dos nervos ulnar e medianos resultando em dor e parestesias nos membros superiores. Quanto as articulações observam- se um relaxamento e frouxidão causada pela embebição gravídica (aumento do teor de sódio e aumento de líquido nos tecidos), sobretudo nas articulações do quadril, pube, sacroilíaca e sacrococcígena. Podemos observar e forma fisiológica a disjunção de até 12 mm da articulação púbica. Como causa dessas alterações podemos notar a ação do estrogênio em aumentar a vascularização e hidratação dos tecidos cartilaginosos, enquanto a progesterona e a relaxina diminuem o tônus da musculatura. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 3 MODIFICAÇÕES DAS MAMAS (PRESUNÇÃO) A mastalgia é uma das queixas bastante frequentes nas gestantes, surgindo logo nas primeiras semanas. Em torno na 5ª semanas as mamas iniciam o processo congestão por aumento de volume a partir da hipertrofia e hiperplasia dos componentes glandulares. No 2° trimestre da gestação a progesterona, os estrógenos e a prolactina expandem os alvéolos mamários. Na 8ª semanas podemos observa a hiperpigmentação da aréola e hipertrofia das glândulas mamárias periareolares (tubérculos de Montegomery). A partir das 16ª semana é possível observar a extração do colostro e aumento da vascularização venosa da mama, sinal de Hunter. Durante esse processo de hiperplasias e hipertrofia do tecido glandular a mama pode apresentar estrias oriundas da distensão das fibras de colágeno. Durante todo o período da gestação as mamas são preparadas para produção do leite materno com o aumento do tecido glandular. Os hormônios estrogênio e progesterona aumenta a concentração de receptores de prolactina no tecido glandular, tornando-o mais respondível as concentrações desse hormônio. Com o final da gestação a progesterona cai e a prolactina passa a ser estimulada por estímulo tátil de sucção do recém-nascido no mamilo da puérpera. A ocitocina também participa do processo aumentando a contração dos ductos mamários para expulsar o leite materno. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 4 MODIFICAÇÕES NO APARELHO REPRODUTIVO (PROBABILIDADE) O útero principal órgão envolvido no processo da gestação apresentam enormes alterações durante o processo, sofrendo uma hiperplasia e hipertrofia muscular. Sua capacidade é aumentada requerendo um reforço na sua sustentação e nutrição. Desse modo, observa-se aumento do tecido conectivo, vascular e linfático. O seu crescimento sofre influencia direta dos níveis de estrogênio, sendo que o mesmo não é simétrico, promovendo uma leve rotação do seu eixo para direita. O útero não gravídico é um órgão restrito a cavidade pélvica. Com o avanço da gravidez o mesmo se expande podendo chegar até o epigástrio. Desse modo, a partir da 12ª semana de gestação é possível palpar o útero logo acima da sínfise púbica; na 16ª semana de gestação o útero é palpável no meio do caminho entre a cicatriz umbilical e a sínfise púbica; na 20ª semana de gestação o útero atinge a cicatriz umbilical e, em torno da 40ª semana de gestação o útero tangencia o apêndice xifoide. A cérvice uterina modifica sua aparência oriunda do aumento da vascularização e hipertrofia do órgão. A região torna-se mais arroxeada e amolecida, podendo haver a everção do epitélio colunar, tornando a ectocérvice mais sangrante aos mínimos contatos. O colo uterino é protegido por um tampão mucoso o qual é eliminado horas antes do trabalho de parto iniciar. As trompas de forma análoga ao útero apresentam hiperplasia, hipertrofia e aumento da vascularização, modificando sua localização à medida que o útero se expande. A vagina apresenta uma coloração violácea devido à embebição gravídica. Além disso, podemos notar o aumento do comprimento e largura e afrouxamento do tecido conjuntivo. O aumento da vascularização favorece o aumento da secreção vaginal, sendo ela de aspecto leitoso por conter células descamadas. O pH vaginal diminui pela ação dos lactobacilos na degradação do glicogênio e produção de ácido lático. MODIFICAÇÕES RESPIRATÓRIAS Durante a gestação a gestante passa por alterações no sistema respiratório as quais ficam mais evidentes durante a 37ª semana. Há o aumento do diâmetro transverso, alargamento dos ângulos subcostais e elevação do músculo diafragma em 4 cm. Com isso, observa-se um aumento na movimentação do diafragma favorecendo uma expiração mais Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 5 demorada e, consequentemente um aumento do volume corrente de ar. Cabe destacar que a frequência respiratória e a capacidade vital não se alteram, mas o volume minutocresce de 7,5 litros, para 10,5 litros. Como consequência dessas alterações anatômicas observamos o aumento na PaO2 materna e diminuição na PaCO2 (facilita o transporte de CO2 do feto para mãe). A progesterona apresenta a capacidade de interagir com centro respiratório promovendo uma hiperventilação e uma alcalose respiratória compensada. Nas vias aéreas observa-se ainda uma vasodilatação, edema de mucosa, congestão nasal e aumento das secreções. Desse modo, torna-se comum observar a queixa de dispneia nas pacientes. Por conta das alterações respiratórias podemos observar alterações no equilíbrio acidobásico da gestante associado a hiperventilação e a alcalose respiratória compensada. O bicarbonato reduz (compensatório) de forma crônica, chegando em torno de 22. O aumento discreto do pH desloca a curva de dissociação de oxigênio na hemoglobina favorável a hemoglobina materna, promovendo o aumento de sua afinidade. Contudo, em pH alcalino há a estimulação química na síntese de difosfoglicerato (2-3DGP) que impede a hemoglobina materna de interagir com o oxigênio (efeito Bohr). Com efeito, torna-se a hemoglobina fetal com mais afinidade com oxigênio, facilitando a sua passagem na placenta. MODIFICAÇÕES HEMODINÂMICAS No coração é possível observar alterações que compõem o conjunto de sinais e sintomas dentro da síndrome hipercinética. Tal síndrome pode ser entendida pela redução da resistência vascular periférica e redistribuição dos fluxos sanguíneos, aumentando a velocidade do sangue nos vasos. Com isso, é sabido que a frequência cardíaca aumenta em 10-15 bpm a partir da 4ª semana, contribuindo para o aumento do débito cardíaco e volume sistólico observados. O posicionamento anatômico do coração se altera, devido a elevação do diafragma em 4 cm, desviando-o para cima e para esquerda (à radiografia pode dar a impressão de aumento da silhueta cardíaca). Ao eletrocardiograma podemos observar um discreto desvio para a esquerda do eixo cardíaco. Quanto a ausculta sopros sistólicos podem estar presentes (aumento da velocidade sanguínea, aumento do fluxo sanguíneo nas artérias mamárias e redução da viscosidade). Por fim, extrassístoles e desdobramento de primeira bulha pode também estar presentes. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 6 O débito cardíaco aumenta consideravelmente (aumento da frequência cardíaca de do volume plasmático) chegando ao dobro por volta da 32ª semana. A hipervolemia gestacional serve como ferramenta para suprir as necessidades fetais e minimizar as perdas durante o parto. Podemos observar aumento do débito cardíaco na gestante em duas situações: na posição decúbito lateral, pois na posição supina observa-se a compressão da veia cava inferior pelo útero gravídico; e durante o trabalho de parto as metrossístoles (contração do diafragma e da musculatura abdominal responsáveis por deslocar o útero para baixo e para posterior, comprimem os vasos aumentando o débito cardíaco). Cabe destacar que após 6-8 semanas os níveis do DC retornam ao normal. A redução da resistência periférica venosa decorre pela ação da progesterona, prostaglandinas e estrogênio sobre os vasos. A placenta funciona ainda como fístula arteriovenosa redistribuindo o fluxo sanguíneo para manutenção do feto. Por outro lado, o cérebro, fígado e músculos não apresentam alteração no fluxo sanguíneo, enquanto os rins, útero, pele aumenta consideravelmente. O nível mínimo da RVP é identificado a partir da 20ª semana de gestação. Um fato interessante é que podemos observar uma refratariedade vascular à ação da vasoconstritora do SRAA. A pressão arterial da gestante apresenta uma queda mais evidente a partir do 2° trimestre associado a redução da RVP. O componente da PA que cai mais drasticamente é PAD em torno de 10-15 mmHg, enquanto o PAS 5-10 mmHg. A pressão venosa aumenta consideravelmente associado ao crescimento do útero por o mesmo comprimir os vasos pélvicos e a veia cava inferior. Desse modo, há o surgimento de edema nos membros inferiores, formação de varizes e hemorroidas decorrente da congestão avançada. Decorrente ao aumento do útero as gestantes podem desenvolver a síndrome da hipotensão supina decorre a redução do retorno venoso nessa posição. Isso acontece quando a grávida se encontra em decúbito dorsal por mais 5 minutos e muda para posição decúbito lateral. Há a queda do DC acarretando em reflexo vagal de hipotensão, bradicardia e lipotimia. Tal distúrbio pode ser corrigido rapidamente quando a gestante é colocada na posição decúbito lateral esquerdo. Por isso a importância do uso de meias compressivas para aumentar o retorno venoso das pacientes. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 7 MODIFICAÇÕES HEMATOLÓGICAS É sabido que durante a gestação há o aumento do volume plasmático em cerca de 40- 50% com pico na 34ª semana. Tal situação permite o aumento da volemia da gestante configurando como uma resposta compensatória a demanda de aporte sanguíneo pelo útero gravídico e pelas possíveis perdas durante o parto. Seus níveis retornam ao normal cerca de 3 semanas após o parto. Durante a gestação podemos evidenciar uma eritrocitose em 20-30% do valor absoluto. Tal modificação surge como uma forma de suprir a demanda energética que os tecidos, sobretudo a placenta, demanda. Desse modo, na 20ª semana podemos identificar uma discreta reticulocitose. Por outro lado, é visto uma redução do hematócrito, valores até 30%, dando origem o que se domina de anemia fisiológica da gestação (fruto da hemodiluição). Gestantes que recebem o ferro suplementar apresentam menos queda do Ht, sendo a suplementação importante para compensar a produção dos eritrócitos, bem como para auxiliar na produção das hemácias fetais. Quando ao leucograma notamos uma discreta leucocitose com acúmulo de neutrófilos segmentados, possuindo uma contagem de até 15.000. Há uma redução bastante evidente do efeito de quimiotaxia e aderência dos leucócitos frente aos processos inflamatórios, o que torna a gestante mais susceptível às infecções como pielonefrite e pneumonia. Pacientes que doenças reumatologias apresentam melhora da sintomatologia durante a gravidez oriunda dessa queda da ação do sistema imunológico. A contagem de plaquetas também se mostra reduzida, tal fenômeno pode ser explicado pela hemodiluição e/ou pelo aumento da destruição das mesmas pelo baço. Quanto aos fatores de coagulação é visto uma modificação tornando a gestante bastante vulnerável a processos trombóticos, pelo aumento da hipercoagulabilidade. Desse modo, é visto aumento dos níveis de fibrinogênio, dímero-D, agentes pró-coagulantes, fatores VII, VIII e IX aumentados, bem como o fator de von Willebrand, associado a queda dos fatores fibrinolíticos. Tal estado de hipercoagulabilidade favorece o aparecimento de TVP e TEP. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 8 MODIFICAÇÕES METABÓLICAS Durante a gestação a gestante ganha cerca 12,5 Kg de aumento ponderal conferido pelo feto, líquido amniótico, placenta, crescimento das mamas, aumento do volume plasmático e retenção de água e sais. O balanço hídrico da gestante evidencia uma retenção de água, sendo bastante comum ao final do dia a queixa de edema nos membros inferiores. Tal situação pode ser justificada pelo aumento da pressão hidrostática nos membros. Além disso, observa-se o aumento da ação da aldosterona retendo sódio de forma compensatória por ativação do SRAA. Quanto as proteínas as gestantes apresentam o aumento da concentração de proteínas plasmáticas, enquanto os níveis de aminoácidos estão reduzidos. Podemos observar ainda queda da albumina plasmática e das gamaglobulinas. No que tange o metabolismo dos carboidratos observamos a formação de um estado diabetogênico com presença de hipoglicemiade jejum (roubou ou sequestro dos níveis de glicose pelo feto, haja vista apenas ela apresenta a capacidade de atravessar a placenta por difusão facilitada), hiperglicemia pós-prandial (a gestante passa a usar os ácidos graxos como fonte energética, poupando, assim, a glicose para o feto) e a hiperinsulinemia (ocasionada pela resposta ao aumento da glicemia). Todas essas mudanças podem ser justificadas pela ação de hormônios, sendo um em especial: hormônio lactogênico placentário o qual age como contrainsulínico dificultando o uso da glicose pelos tecidos periféricos da gestante. Como resposta a gestante passa a utilizar os ácidos graxos como sua principal fonte energética. Cabe destacar que tais alterações aumentam os níveis de resposta do pâncreas frente a elevação da concentração de glicose. Desse modo, as gestantes que não conseguem aumentar os níveis de insulina durante a gravidez podem desenvolver a famosa diabetes gestacional. MODIFICAÇÕES ELETROLÍTICAS Como já foi dito acima a gestante apresenta uma reabsorção de sódio em função da ativação do SRAA o que permite a formação do líquido aminiótico. Embora a taxa de filtração glomerular se mostre elevada, a reabsorção aumenta na mesma proporção. Por outro lado, os níveis de cálcio e magnésio apresentam uma redução, sobretudo o cálcio por conta da redução da albumina. A necessidade de ferro se encontra aumentada na gestante para permitir que a mesma aumente a sua massa eritrocitária. Por tanto, sabemos da importante recomendação de suplementação com sulfato ferroso, 30-60 mg/dia, a partir da metade da gravidez e durante toda lactação ou por até três meses pós-parto sem lactação. Há uma diminuição também do elemento iodo, devido o aumento de sua depuração. Para tanto, a reposição dietética ou suplementar se faz necessária. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 9 MODIFICAÇÕES ENDÓCRINAS A hipófise anterior apresenta uma hipertrofia durante a gestação, culminando no aumento da secreção de prolactina. Lembrar que a prolactina vai apresentar seus pulsos de hormônios derivados do reflexo de sucção do recém-nascido. Quanto a função tireoidiana observamos uma estimulação pelo hCG, devido a sua semelhança bioquímica com o TSH. Pensando nisso, temos hipertrofia da glândula. Além disso, há um aumento nas globulinas carreadoras de hormônios. Com isso, temos aumento compensatório dos hormônios T3 e T4 a fim de manter suas concentrações livres adequadas. Desse modo, a gestante mantém um hipertireoidismo subclínico às custas do hCG. MODIFICAÇÕES GASTROINTESTINAIS As modificações gastrointestinais observadas nas gestantes são oriundas do próprio crescimento do útero gravídico que acaba comprimindo todas as estruturas presentes no abdômen. Com isso, o esvaziamento do estômago e o fluxo intestinal torna-se mais lento, tendo como resultado a sensação de plenitude gástrica (podemos prescrever protetores gástricos a depender da situação), constipação e formação de hemorroidas. A pirose e o refluxo gastroesofágico podem ser queixas observadas durante a gestação, sendo fruto ou do relaxamento do esfíncter cárdia ou do aumento da pressão abdominal exercida para útero. Em relação as enzimas hepáticas notam-se um aumento acentuada da fosfatase alcalina, sendo que as demais se encontram com valores dentro da normalidade. Outro problema bastante comum nas gestantes é o aumento da formação de cálculos biliares pela lentificação do fluxo gástrico. Por tanto, orientações durante o pré-natal se fazem importantes a fim de educar a gestante quanto sua alimentação (comer várias vezes durante o dia, ingerir mais fibras). Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 10 MODIFICAÇÕES URINÁRIAS Observa-se o aumento do rim em 30% oriundo da sua hipertrofia e do aumento do fluxo plasmático. O aumento da vascularização aliado com redução da resistência vascular facilita o aumento da filtração glomerular. Como consequências, podemos notar a perdas de alguns nutrientes pela excreção (aminoácidos ou vitaminas hidrossolúveis), e redução da ureia e creatinina (aumento do clearance de creatinina). Além disso, pode observar uma dilatação pielocalicial à direita. Quanto ao ureter o mesmo apresenta-se comprimido pelo crescimento uterino mais evidente à direita. Contudo, a progesterona contribui para seu relaxamento e redução da peristalse. Aumento da estase acentuando no aparecimento de ITU. Devemos Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 11 2. DISCUTIR O ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL (ROTINA, EXAMES, ORIENTAÇÕES, VACINAS – POR TRIMESTRE). A assistência pré-natal de toda gestante é preconizado pelo Ministério da Saúde como um direito de toda mulher, sendo um momento único para educar a paciente, orientar os cuidados gerais, identificar alterações que possam comprometer o crescimento e desenvolvimento adequado do feto e prevenir desfechos desfavoráveis. O MS ressalta ainda a importância da participação do parceiro junto com a gestante para que ambos possam ser orientados de forma correta. Desse modo, podemos entender que objetivo principal do pré-natal é assegurar no fim da gestação uma criança saudável e um bem estar materno- fetal. O MS preconiza que o mínimo de consultas durante o pré-natal devam ser 06, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre. Embora o MS deixe bem claro que o mínimo sejam seis consultas é sabido que o ideal é que a rotina aconteça mensalmente até 28ª semana, quinzenalmente da 28ª até 36ª semana e semanalmente da 36 até 41ª semana. A “alta” do pré-natal só acontece quando ocorre o parto. O MS preconiza que o acompanhamento da gestante deve ser realizado na própria atenção básica com anamnese e exames físicos, bem como a solicitação de exames complementares. Inicialmente a paciente deve ser investigada quando ao risco de gravidez, sendo constantemente analisado, pois gestações que o risco real é identificado necessita de intervenção e encaminhamento para centro de referência. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 12 O diagnóstico da gestação atualmente é realizado de forma simples e com grande acurácia devido à grande disponibilidade de métodos laboratoriais e ultrassonográficos que permite a avaliação correta. O diagnóstico deve ser compreendido da seguinte maneira: clínico, laboratorial e ultrassonográfico. O diagnóstico laboratorial consiste na dosagem do hormônio hCG liberado pelo corpo lúteo com pico na 10ª semana de gestação. O mesmo pode ser dosado pela urina (teste imunológico) ou no sangue (radiológico de melhor acurácia sem interferência de outros hormônios quantificando sobretudo a subunidade beta do hormônio). Vale lembrar que beta hCG dobra sua concentração em cerca de 3 dias, sendo uma informação útil na avaliação e acompanhamento da paciente. Níveis acima de 1000 UI/L asseguram a presença de 95% das gestações. SINAIS CLÍNICOS Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 13 Diagnóstico ultrassonográfico ● A ultrassonografia obstétrica pode ser realizada por via transabdominal ou transvaginal (USGTV). Esta última é a preferida, pois admite uma melhor visualização das estruturas ovulares. ● A avaliação ultrassonográfica da idade gestacional é mais precisa da 6ª até a 13ª semana de gravidez, período em que se emprega como parâmetro o Comprimento Cabeça-Nádega (CCN) do embrião. AS ESTRUTURAS EMBRIONÁRIAS E FETAIS PODEM SER OBSERVADAS PELA USGTV A PARTIR DA: » 4ª semana – saco gestacional (estrutura anelar); » 5ª semana – vesícula vitelina; » 6ª a 7ª semana – eco embrionário e sua pulsação cardíaca; » 11ª a 12ª semana – cabeça fetal; » 12ª semana – placenta. ANAMNESE A história clínica das gestantesdeve ser realizada de forma semelhante a um paciente qualquer. Devendo conter aspectos do seu estado atual, antecedentes pessoais, familiares, história fisiológica e hábitos sociais. O desejo da gravidez e interrogar se a mesma foi planejada faz parte desse bate-papo inicial. Vale destacar que entrevistar o parceiro é uma atitude importante. A idade da gestante é um dado inicial importante, sendo que as melhores condições fisiológicas para gestão se encontram entre as faixas etárias 18-35 anos, enquanto nos extremos podemos notar o aumento da probabilidade riscos (prematuridade, por exemplo). Em toda gestante não podemos esquecer de reconhecer sua história ginecológica (menarca, regularidade dos ciclos, DUM, cálculo para idade gestacional e data provável do parto). Para o cálculo da idade gestacional através da DUM devemos calcular quantos dias percorreram do primeiro dia da última menstruação e dividir por 7. Para data provável somamos 7 ao número de dias, diminuir 3 para meses posteriores a março ou somar 9 ao número do mês. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 14 Sendo assim, o número de gestações, a via de parto, com quanto tempo o parto aconteceu, se necessitou de algum procedimento ou apresentou alguma intercorrência deve ser questionado nesse momento. EXAME FÍSICO Ao exame físico não podemos esquecer da antropometria sendo importante para cálculo do IMC e acompanhamento do ganho ponderal da gestante ao longo do pré-natal. O foco do exame físico deve ser para o sistema gineco-obstétrico, mas não devemos ignorar a palpação de pulsos, aferição de sinais vitais como nossa rotina. Em relação a parte ginecológica observamos a hipertrofia das glândulas mamárias, escurecimento da aréola, aumento do útero de acordo com o tempo. Aqui não podemos esquecer das manobras Leopold-Zweifel. Tal manobra é dividida em quatro tempos: (1) examinador se posiciona ao lado direito da paciente em decúbito dorsal e palpa a parte superior do abdômen para determinar o fundo do útero e para qual polo o feto está deslocado; (2) o examinador desliza a suas mãos do fundo do útero para as laterais em direção ao polo inferior para que possa determinar precisamente a posição fetal, seu dorso e seus membros, a fim de auxiliar na ausculta do batimentos cardíacos do feto; (3) o examinador palpa a região pélvica da gestante a fim de avaliar a apresenção da parte cefálica do feto na região. Tal palpação deve ser realizada com o polegar e o dedo médio verificando a mobilidade dessa região. Quando a apresentação é alta o polo balança de um lado para o outro; (4) o examinador volta suas costas para a parte cefálica da paciente e coloca suas mãos sob as fossas ilíacas a fim de avaliar o grau de penetração do feto. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 15 Não podemos esquecer da medida da altura do fundo uterino, sendo ela realizada a partir da 20ª semana até a 32ª semana. O resultado corresponde com a idade gestacional. Durante a realização da técnica a gestante deve estar com a bexiga vazia, pois é notado uma diferença de até 3 cm quando a bexiga está cheia. A ausculta dos batimentos cardíacos fetais pode ser realizada através do sonar a partir das 10-12ª semana ou pelo pinard a partir 20ª semana. A solicitação de exames complementares segue uma rotina básica determinada pelo MS afim de identificar possíveis doenças previsíveis que possam ser tratadas durante a gestação. De modo geral solicita-se exames do seguinte modo: • Tipagem sanguínea e fator Rh (1ª consulta); • Coombs indireto (repetido com 28, 32, 36 e 40 semanas, se a paciente for Rh negativo); • Hemograma (1ª consulta e 3º trimestre); • Glicemia de jejum (1ª consulta e 3º trimestre); • Teste de tolerância para glicose com 75 g entre 24 e 28 semanas; • Urinocultura e urina tipo I (ambos na 1ª consulta e no 3º trimestre); • Sorologia para hepatite B (HbsAg) (1ª consulta e 3º trimestre); Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 16 • Sorologia para toxoplasmose IgM e IgG (a cada 2-3 meses caso a paciente seja suscetível); • Teste rápido de triagem para síålis e/ou VDRL/RPR (1ª consulta) e VDRL (3º trimestre); • Teste rápido diagnóstico anti-HIV (1ª consulta); • Anti-HIV (1ª consulta e 3º trimestre). Se a glicemia jejum for <85 mg/dl e não tiver fator de risco, o rastreamento é negativo e a gestante repete o exame no 3º trimestre. Se a Glicemia de jejum for >110mg/dl, deve-se repetir o exame, e caso mantenha acima desse valor, o diagnóstico de diabetes gestacional está confirmado. Se a glicemia jejum for entre 85 e 110mg/dl ou apresentar fatores de risco (história família positiva, sobrepeso ou obesidade, macrossomia ou diabetes gestacional) deve ser realizado o teste oral de tolerância de glicose (TOTG 75g) entre 24 e 28 semanas. No TOTG é confirmado se a glicemia de jejum for >110mg/dl ou a glicemia após duas horas for >140mg/dl. TOXOPLASMOSE NA GRAVIDEZ O toxoplasma gondii é um parasita intracelular que vive na forma de oocisto, taquizoíto e bradizoíto, sendo eliminado no meio ambiente pelas fezes de gatos. A infecção humana por esse protozoário acontece pela ingestão de “ovos” ou das próprias larvas em comidas mal higienizadas ou mal cozidas ou assadas. Durante a parasitemia a mãe infectada pode passar a infecção via placenta para o feto, uma atenção importante para imunocomprometidas. A infecção fetal pode resultar em complicações como abortamento, catarata, estrabismo, icterícia, calcificações intracranianas difusas, microcefalia, crescimento uterino restrito, surdez e hepatoesplenomegalia. A transmissão fetal acontece de forma mais evidente com o avançar a gestação, sendo diretamente proporcional. Por outro lado, o acometimento fetal mais grave é visto em idade gestacional mais precoce. A toxoplasmose na gestação ganha grande importância, pois ela pode ser diagnosticada e tratada durante a gestação. O diagnóstico é alcançado pelos exames laboratoriais, haja vista que o quadro clínico é bastante pobre e pouco fidedigno com a infecção. Desde de 2012 o MS preconiza o rastreio de toxoplasmose através da dosagem dos anticorpos IgM e IgG. O anticorpo IgM apresenta pico após a primeira semana da infecção, tendo seus níveis de concentração reduzido ao longo dos meses. Normalmente atribui seu pico a uma infecção aguda, entretanto o IgA se mostra mais fidedigno para tal determinação. O IgG apresenta pico após duas semanas, sendo detectável por toda a vida. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 17 Na presença dos dois anticorpos positivos o teste de avidez pelo IgG deve ser solicitado a fim de confirmar que a infecção é aguda ou deve-se solicitar o IgA. O diagnóstico é alcançado com um teste de avidez baixa (< 30%) infecção aguda e avidez alta (> 60%) infecção antiga. Pacientes que apresenta teste entre esse intervalo podem ser tratados. Quando as gestantes apresentam idade gestacional superior a 16 semanas (4 meses) e com os dois anticorpos positivos, o teste de avidez do IgG é desnecessário, pois não garante se a infecção ocorreu antes da gestação, devendo ter seu tratamento iniciado. O diagnóstico fetal pode ser alcançado pelo PCR do líquido aminiótico a partir da 16ª semana. Vale destacar frente a um diagnóstico de toxoplasmose aguda o MS recomenda a USG mensal em busca das complicações, embora um resultado normal não afastar infecção congênita. O tratamento materno é realizado com o uso da espiramicina 1g, VO, de 8/8 horas até o parto. O tratamento do feto é realizado com a tríplice sulfadiazina, 1,5g, VO, de 12/12 horas, associada a pirimetamina, 25mg, VO, de 12/12 horas e ácido folínico 10mg, VO, uma vez ao dia. O MS recomenda tratamento fetal na presença de diagnóstico materno a partir da 30ªsemana. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 18 Em pacientes imunocomprometidas a reativação da infecção pode se apresentar. Desse modo, é recomendado o rastreio a cada trimestre. AVALIAÇÃO DA URINA DA GESTANTE Como abordado anteriormente a respeito das modificações fisiológicas encontradas na gestante, no que tange o trato urinário é visto o aumento da ocorrência de infecções, redução do peristaltismo, aumento da produção de urina, glicosúria e aminoacidúria. Devido tais alterações o MS recomenda o rastreio de infecção na gestante através do EAS e urinocultura no primeiro e terceiro trimestre. As gestantes podem ser classificadas como assintomáticas ou sintomas frente as queixas urinárias comuns, por exemplo uma cistite. Sendo assim, classifica-se uma gestante como bacteriúria assintomática frente o resultado de pelo menos 105 UFC/mL nas amostras de urinocultura. Tais pacientes devem ser tratadas, pois cerca de 25% evoluem para uma infecção aguda sintomática. O tratamento da bacteriúria assintomática ou sintomática é realizado com uso nitrofurantoína 100mg, VO de 6/6 horas por 3 a 7 dias ou amoxicilina 500 mg, VO, de 8/8 horas por 3 a 7 dias. (não podemos prescrever quinolonas pelo risco de teratogenicidade). Pacientes após duas semanas do tratamento deve ter solicitada uma nova urinocultura, sendo repetida mensalmente até o parto. Na presença de duas cistites na gestação Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 19 recomenda-se a extensão do tratamento até o parto podendo ser realizada com metade da dose das drogas citadas acima. USO DA USG NA GESTAÇÃO O uso da USG na gestação apresenta grandes divergências. No que tange a recomendação do MS é contrária a solicitação da USG na gestação, isso porque ainda não há evidências concretas que seu uso na rotina reduz morbimortalidade perinatal ou materna. A evidência que existe frente ao exame é que permite a determinação da idade gestacional através do índice crânio-nádega a partir do segundo trimestre (20ª semana), na detecção de gestações múltiplas ou manifestações congênitas clinicamente não indetectáveis. A USG do 1º trimestre (11-14 semanas) tem como objetivo calcular a idade gestacional através da medida do comprimento cabeça-nádega e diâmetro do saco gestacional; rastrear alterações cromossômicas através da translucencia nucal e atestar a vitalidade fetal através dos batimentos cardíacos. A 2ª morfológica (entre 18 e 24 semanas) pretende estudar a morfologia dos órgãos fetais e identificar possíveis malformações. A idade gestacional nessa fase é obtida pelo comprimento do fêmur e do diâmetro biparietal fetal. RASTREIO E PROFILAXIA PARA ESTREPTOCOCO DO GRUPO B Devido à gravidade e prevalência da infecção neonatal por estreptococo do grupo B (GBS) vem sendo recomendado a profilaxia antibiótica intraparto para todas as gestantes com fatores de risco (trabalho de parto com <37 semanas; temperatura intraparto >38ºC ou aminorrexe há mais de 18h) ou aquelas com cultura positiva. Recomenda-se que gestantes com 36-37 semanas sejam rastreadas por swab vaginal. E aquelas colonizadas devem receber ATB (Penicilina G) durante o trabalho de parto ou no momento da aminorrexe; por outro lado, o MS não recomenda o rastreamento e nem o uso de antibióticos durante o parto para pacientes com fatores de risco. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 20 AVALIAÇÃO DA NUTRIÇÃO A avaliação da gestante deve ser feita em toda consulta, sobretudo aliado as medidas antropométricas. A desnutrição materna parece não exercer efeitos negativos quando ao desenvolvimento intelectual do feto, mas o seu comprometimento na maturação dos sistemas é notório. As gestantes devem aumentar a ingesta de calorias 300kcal/dia e ingesta de proteínas 1g/kg/dia. A suplementação de alguns micronutrientes se faz necessário, em especial dois: o ferro e ácido fólico. A prescrição de ferro deve ser realizada para toda gestante e mantida até a amamentação. O MS recomenda o uso de sulfato ferroso a partir da 20ª semana, sendo mantido até 3 meses após o parto. A dosagem segue de acordo com os níveis de hemoglobina. Outro micronutriente que necessita de suplementação é o ácido fólico, sendo recomendado numa dose de 0,4mg/dia para evitar defeitos no tubo neural como espinha bífida, encefalocele e anencefalia. O ministério da saúde dispõe de medicações na dosagem de 5mg/dia. Os demais nutrientes não devem ser repostos na rotina, tendo sua situação avaliada caso a caso. VACINAÇÃO DA GESTANTE Vacinas compostas de partículas ou vírus inativados podem ser dadas com segurança, enquanto vírus atenuados não devem ser administrados (sarampo, caxumba, rubéola). • DTPa (TÉTANO, COQUELUXE E DIFTERIA): A DTPa é utilizada como reforço ou complementação do esquema de vacina dupla adulta (difteria e tétano). A vacina deve ser administrada em cada gravidez, a partir da 20ª semana, visto que os anticorpos possuem curta duração. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 21 • INFLUENZA: O MS recomenda essa vacina para todas as gestantes em qualquer período gestacional. • HEPATITE B: A vacinação é recomendada para evitar a contaminação da gestante e prevenir a transmissão vertical. O Ministério da Saúde, em seu Manual de Pré-natal, recomenda a vacinação para todas as gestantes após o primeiro trimestre. • RAIVA: A vacinação contra a raiva deve ser administrada em caso de exposição ao vírus. • RUBÉOLA: É altamente recomendável a vacinação para rubéola antes de planejar a gestação, mas a vacina é CONTRAINDICADA na gravidez. Só deve ser aplicada até no máximo um mês antes de engravidar. Segundo o Ministério da Saúde, a sorologia para rubéola não deve ser feita de rotina, exatamente pelo fato de não se poder tomar nenhuma conduta no caso de uma infecção fetal Obs: Febre amarela: Em situações de exposição inevitável, como viagens a áreas endêmicas, a vacina de febre amarela pode ser administrada, pois o risco da doença durante a gestação é maior do que o risco da vacinação. Obs: Para gestantes suscetíveis expostas ao vírus da varicela, recomenda-se a administração de imunoglobulina para varicela-zóster (VZIG) até 96 horas após o contato, com o intuito de reduzir as complicações maternas graves decorrentes da infecção. Não se sabe se essa medida é capaz de prevenir a ocorrência da varicela congênita. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 22 3. CARACTERIZAR A IMPORTÂNCIA E COMO É FEITO O ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO DO FETO. A medida da altura uterina visa ao acompanhamento fetal e a detecção precoce de alterações. Usa-se como indicador a medida da altura uterina e sua relação com o número de semanas de gestação. Serão consideradas parâmetros de normalidade para crescimento uterino o percentil 10 (para o limite inferior) e o percentil 90 (para o limite superior). Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 23 Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 24
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