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FISIOLOGIA-DA-GESTAÇÃO-E-DO-PARTO

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4 
2 FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO ............................................................. 5 
2.1 Principais alterações fisiológicas, nutricionais e metabólicas no 
período gestacional ............................................................................................. 5 
2.1.1 Alterações fisiológicas .................................................................... 7 
2.1.2 Alterações nutricionais ................................................................. 13 
2.1.3 Alterações metabólicas ................................................................ 14 
2.2 Sinais e sintomas comuns na gestação decorrentes das mudanças 
fisiológicas...... ................................................................................................... 15 
2.2.1 Náuseas e vômitos ....................................................................... 16 
2.2.2 Alterações no paladar e no apetite ............................................... 17 
2.2.3 Picamalácia .................................................................................. 18 
2.2.4 Constipação intestinal .................................................................. 18 
2.2.5 Pirose ........................................................................................... 19 
2.3 Principais hormônios envolvidos no período gestacional e suas 
funções........... ................................................................................................... 21 
2.3.1 Gonadotrofina coriônica humana ................................................. 22 
2.3.2 Progesterona ................................................................................ 24 
2.3.3 Estrogênio .................................................................................... 25 
3 MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NA GESTAÇÃO ................................. 27 
3.1 Peso ............................................................................................ 27 
3.2 Sistema cardiovascular ............................................................... 28 
3.3 Sistema hematológico ................................................................. 30 
3.4 Sistema respiratório .................................................................... 31 
 
3 
 
3.5 Sistema gastrintestinal ................................................................ 32 
3.6 Sistema tegumentar .................................................................... 34 
3.7 Sistema endócrino ...................................................................... 35 
3.8 Sistema reprodutivo .................................................................... 37 
3.9 Sistema urinário .......................................................................... 42 
3.10 Sistema musculoesquelético ...................................................... 44 
3.11 Diferenças fisiológicas relacionadas com idade e raça ou etnia . 45 
4 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO PERÍODO GESTACIONAL . 48 
4.1 Gestação ..................................................................................... 49 
4.2 Alterações anatômicas e fisiológicas .......................................... 50 
4.3 Pré-natal...................................................................................... 50 
4.4 Avaliação física ........................................................................... 51 
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor 
e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos 
ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, 
as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO 
O primeiro trimestre gestacional é caracterizado por grandes modificações 
biológicas, devido à intensa divisão celular que ocorre nessa fase. A saúde do 
embrião dependerá da condição nutricional pré-gestacional da mãe não somente 
quanto às suas reservas energéticas, mas também quanto às de vitaminas, minerais 
e oligoelementos. A natureza biológica seria muito contraditória se assim não fosse, 
pois, nesse período, a mulher, em virtude de sua nova fase hormonal, sofre 
manifestações de enjoos e vômitos que a submetem à privação alimentar. No 
entanto, mesmo que essa mãe passe o dia se alimentando apenas de biscoito e 
água e que perca peso (dentro dos limites considerados adequados), isso não 
acarreta prejuízos para o feto (VENTURI, 2020). 
As principais adaptações maternas à gestação são, em grande parte, 
mediadas pela placenta, considerada uma interface funcional entre mãe e feto, a 
qual secreta hormônios e fatores de crescimento na mãe com efeitos fisiológicos. É 
importante que o nutricionista entenda as mudanças fisiológicas normais que 
ocorrem na gravidez, pois isso o ajudará a diferenciar as adaptações normais das 
anormalidades e, assim, promover um melhor atendimento nutricional para a 
gestante (VENTURI, 2020). 
 
2.1 Principais alterações fisiológicas, nutricionais e metabólicas no 
período gestacional 
O primeiro trimestre gestacional é caracterizado por grandes modificações 
biológicas, devido à intensa divisão celular que ocorre nessa fase. A saúde do 
embrião dependerá da condição nutricional pré-gestacional da mãe não somente 
quanto às suas reservas energéticas, mas também quanto às de vitaminas, minerais 
e oligoelementos. A natureza biológica seria muito contraditória se assim não fosse, 
pois, nesse período, a mulher, em virtude de sua nova fase hormonal, sofre 
manifestações de enjoos e vômitos que a submetem à privação alimentar. No 
 
6 
 
entanto, mesmo que essa mãe passe o dia se alimentando apenas de biscoito e 
água e que perca peso (dentro dos limites considerados adequados), isso não 
acarreta prejuízos para o feto (VENTURI, 2020). 
Os segundo e terceiro trimestres integram outra etapa para a gestante, na 
qual as condições ambientais exercerão influência direta no estado nutricional do 
feto. O ganho de peso adequado, a ingestão de nutrientes, o fator emocional e o 
estilo de vida serão determinantes para o crescimento e o desenvolvimento normais 
do feto. Essa etapa abrange 28 semanas, aproximadamente, um período 
relativamente curto em decorrência da importância que se assume quanto às 
condições de morbimortalidade materna e fetal. Por esse motivo, a disciplina da 
gestante, relacionada com os seus hábitos de vida e a qualidade da assistência pré-
natal, será responsável pelas consequências imediatas e futuras, tanto para a mãe 
quanto para a criança (VITOLO, 2008). O Quadro 1, a seguir, apresenta essa 
diferenciação celular nos períodos gestacionais e o aumento de peso do feto nas 
últimas 10 semanas (VENTURI, 2020). 
 
Quadro 01 - Diferenciação celular nos períodos gestacionais e aumento de 
peso do feto nas últimas 10 semanas 
 
Fonte: Diferenciação celular nos períodos gestacionais e aumentode peso do feto nas 
últimas 10 semanas 
 
 
 
7 
 
2.1.1 Alterações fisiológicas 
A seguir, serão apresentadas as principais alterações fisiológicas que 
ocorrem durante o período gestacional (VENTURI, 2020). 
 
 Composição corporal e ganho de peso: 
 
Com base em vários estudos realizados com mulheres grávidas, foi 
estabelecido que o peso médio a ser ganho durante uma gestação a termo de 40 
semanas é de 13 a 14 kg. Em média, esse nível de ganho de peso está associado 
a um ótimo resultado da gestação, sendo utilizado como base para se estimar 
componentes de mudanças de peso em mulheres grávidas saudáveis (VENTURI, 
2020). 
O indicador mais utilizado atualmente para se determinar o ganho de peso 
na gestação é o índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional, porém os pontos 
de corte recomendados para classificar desnutrição, eutrofia e excesso de peso em 
mulheres no período pré-gestacional são diferentes daqueles referidos para a 
avaliação do perfil nutricional de mulheres adultas de uma determinada população. 
Observa-se que o ponto de corte mínimo para classificar eutrofia, quando se avalia 
o estado pré-gestacional de gestantes, é de 19,8 kg/m2 , ou seja, abaixo desse 
valor, a mulher é considerada desnutrida. Entretanto, ressalta-se que a avaliação 
do estado nutricional para mulheres da população geral utiliza o ponto de corte de 
IMC inferior a 18,5 kg/m2 para considerá-la desnutrida. O maior ponte de corte para 
se identificar desnutrição de mulheres antes da gravidez tem como objetivo captar 
o maior número possível de mulheres com baixa reserva energética e, assim, 
direcioná-las para atendimento diferenciado, visando a diminuir os riscos de 
desnutrição intrauterina e as complicações materno-fetais decorrentes desse 
processo (VITOLO, 2008). 
Portanto, o aumento do peso materno depende do estado nutricional pré- -
gestacional. As mulheres que apresentavam desnutrição antes de engravidar 
devem ganhar mais peso, ao passo que as mulheres que apresentavam sobrepeso 
 
8 
 
ou obesidade antes de engravidar devem ganhar menos peso. O Quadro 2, a seguir, 
apresenta o ganho de peso de acordo com o estado nutricional pré-gestacional 
(VENTURI, 2020). 
 
 
Quadro 02 - Ganho de peso da gestante de acordo com o estado 
nutricional pré-gestaocional 
 
Fonte: Adaptado de Instituto de Medicina dos EUA (IOM) 1992 apud Vitolo (2008). 
O Quadro 3, a seguir, mostra que o feto é responsável pelo maior ganho de 
peso total, seguido do líquido amniótico e da placenta. O restante é devido ao 
aumento dos tecidos maternos, incluindo o útero e as glândulas mamárias, o tecido 
adiposo (gordura), o sangue materno volume e o líquido extracelular. 
Aproximadamente 5% do ganho de peso total ocorre nas primeiras 10 a 13 semanas 
de gravidez; o restante ocorre relativamente de modo uniforme durante o resto da 
gravidez, a uma taxa média de aproximadamente 400 a 450 g por semana 
(VENTURI, 2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Quadro 03 - Peso de cada componente da gestação 
 
Fonte: Adaptado de Williamson (2006). 
O ganho de peso excessivo durante a gravidez está associado a uma série 
de complicações, similares àquelas associadas ao excesso de peso e à obesidade 
(p. ex., pressão arterial elevada e diabete gestacional). Além disso, o ganho de peso 
extremo durante a gravidez provavelmente levará ao excesso de peso e à 
obesidade da mãe pós-parto. Em contrapartida, o baixo ganho de peso gestacional 
em mulheres que, antes de engravidarem, apresentavam baixo peso ou peso 
normal está associado ao risco de ter um bebê pequeno para a idade gestacional 
(PIG) (VENTURI, 2020). 
 
 Composição e volume sanguíneos: 
 
O volume plasmático começa a aumentar já nas primeiras 6 a 8 semanas 
de gravidez e aumenta em aproximadamente 1.500 ml até a 34ª semana. O 
aumento do volume está relacionado com o tamanho fetal, mas não com o tamanho 
da mãe ou do seu volume plasmático pré-gestacional (VENTURI, 2020). 
A massa de eritrócitos normalmente aumenta em cerca de 200 a 250 ml 
durante a gravidez, e esse aumento é maior quando o ferro é suplementado de 
forma correta. O transporte de oxigênio é elevado pelo aumento da massa de 
 
10 
 
eritrócitos, que serve para atender a uma maior demanda de oxigênio à medida que 
o feto cresce e os órgãos aumentam (VENTURI, 2020). 
Concentrações plasmáticas de lipídeos, vitaminas lipossolúveis e certas 
proteínas transportadoras também aumentam durante a gravidez, porém há uma 
queda nas concentrações de albumina, da maioria dos aminoácidos e de muitos 
minerais e vitaminas hidrossolúveis. Essa queda pode ocorrer, em parte, devido ao 
aumento da filtração glomerular, que resulta em aumento da excreção urinária 
desses nutrientes. Entretanto, menores concentrações circulantes de nutrientes não 
são geralmente indicativas de estado nutricional alterado (VENTURI, 2020). 
Durante a gestação, é muito comum ocorrer anemia, também chamada de 
anemia dilucional ou causada pela hemodiluição, que resulta do aumento do volume 
de plasma em relação aos eritrócitos. A anemia é detectada entre o final do segundo 
e terceiro trimestres, com pico em 30 a 34 semanas. O nível médio de hemoglobina 
é de cerca de 12,5 g/dl. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a 
anemia ocorre quando o nível de hemoglobina é inferior a 11 g/dl, sendo classificada 
como grave quando esse nível é inferior a 7 g/dl e classificada como muito grave 
quando é inferior a 4g/dl, necessitando de tratamento urgente, para evitar o 
desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva (AKINLAJA, 2016). 
O uso frequente de suplementação com ferro na gravidez tem sido 
associado a uma redução na anemia materna, pois apenas cerca de 6% das 
mulheres grávidas apresentaram um nível de hemoglobina inferior a 11 g/dl. 
 
 Sistema circulatório: 
 
As mudanças no sistema circulatório durante a gravidez são profundas e 
começam no início da gravidez, de forma que, após oito semanas de gestação, o 
débito cardíaco aumenta em 20%. O evento primário é provavelmente a 
vasodilatação periférica, mediada por fatores dependentes do endotélio, incluindo a 
síntese de óxido nítrico, regulada pelo estradiol, e, possivelmente, pelas 
prostaglandinas vasodilatadoras (PGI2). A vasodilatação periférica leva a uma 
queda de 25 a 30% na resistência vascular sistêmica, e, para compensar isso, o 
 
11 
 
débito cardíaco aumenta em cerca de 40% durante a gravidez. Isso é conseguido 
predominantemente por meio de um aumento no volume sistólico, mas também, em 
menor grau, por um aumento na frequência cardíaca. O débito cardíaco máximo é 
encontrado em cerca de 20 a 28 semanas de gestação, ocorrendo uma queda 
mínima no período de gestação (SOMA-PILLAY et al., 2016). 
Há um efeito profundo da posição corporal materna sobre o perfil 
hemodinâmico tanto da mãe como do feto. Na posição supina, a pressão do útero 
gravídico sobre a veia cava inferior causa uma redução no retorno venoso ao 
coração e, consequentemente, uma queda no volume sistólico e no débito cardíaco. 
Virar da posição lateral para a posição supina pode resultar em uma redução de 
25% no débito cardíaco. Portanto, as mulheres grávidas devem ter cuidado e se 
deitar em posição lateral sempre que possível. Se a mulher tiver que ser mantida 
de costas, a pelve deve ser girada de modo que o útero caia para o lado da veia 
cava inferior e o débito cardíaco e o fluxo sanguíneo uteroplacentário sejam 
otimizados. A redução do débito cardíaco está associada à redução do fluxo 
sanguíneo uterino e, portanto, à perfusão placentária, o que pode comprometer o 
feto (VITOLO, 2008). 
 
 Trato gastrintestinal: 
 
As mudanças fisiológicas e anatômicas que ocorrem durante a gestação 
têm o potencial de criar condições únicas, potenciando o desconforto gastrintestinal. 
Em virtude disso, as queixas relacionadas com o trato gastrintestinal são 
extremamentecomuns na gravidez, com a maioria das mulheres experimentando 
pelo menos um sintoma, como azia ou constipação. Embora esses sintomas 
possam ser parte de uma gravidez saudável e raramente causem efeitos nocivos a 
longo prazo para a mãe ou para o bebê, eles podem causar desconforto e angústia 
significativos (VENTURI, 2020). 
As mudanças anatômicas ocorrem à medida que o útero aumentado e o 
feto em crescimento comprimem os órgãos intra-abdominais, passando de um 
órgão pélvico para um órgão abdominal, o que resulta em compressão e 
 
12 
 
deslocamento dos órgãos abdominais (intestinos e estômago). O esfíncter 
esofágico inferior, que normalmente ajuda a evitar que o conteúdo ácido e 
estomacal viaje para cima, diminui os seus tônus, permitindo que o conteúdo 
gástrico se mova até o esôfago. As pressões gástricas aumentam progressivamente 
em direção ao final da gravidez, aumentando o potencial de refluxo gastresofágico. 
O aumento da presença de ácido no esôfago pode levar à erosão do tecido mucoso, 
contribuindo ainda mais para o desconforto gastresofágico (JOHNSON; SAFFREY; 
TAYLOR, 2019). 
A pressão sobre o cólon sigmoide, a partir do útero em expansão, cria uma 
barreira, contribuindo para a frequente incidência de constipação. Os efeitos 
hormonais são acrescentados aos efeitos dessas mudanças anatômicas na 
gravidez, com potencial para influenciar significativamente o trato gastrintestinal. O 
estrogênio e os níveis de progesterona são aumentados durante a gestação, e a 
progesterona, em particular, está implicada em um suave relaxamento muscular. 
No entanto, embora esse relaxamento muscular tenha um papel vital na 
manutenção de uma gravidez saudável, ele acaba por afetar indiscriminadamente 
outros sistemas corporais, incluindo o trato gastrintestinal, pois o peristaltismo é 
diminuído, contribuindo para o refluxo e a constipação (VENTURI, 2020). 
A pressão sobre o cólon sigmoide, a partir do útero em expansão, cria uma 
barreira, contribuindo para a frequente incidência de constipação. Os efeitos 
hormonais são acrescentados aos efeitos dessas mudanças anatômicas na 
gravidez, com potencial para influenciar significativamente o trato gastrintestinal. O 
estrogênio e os níveis de progesterona são aumentados durante a gestação, e a 
progesterona, em particular, está implicada em um suave relaxamento muscular. 
No entanto, embora esse relaxamento muscular tenha um papel vital na 
manutenção de uma gravidez saudável, ele acaba por afetar indiscriminadamente 
outros sistemas corporais, incluindo o trato gastrintestinal, pois o peristaltismo é 
diminuído, contribuindo para o refluxo e a constipação contribui para a constipação 
e, subsequentemente, o risco de hemorroidas (JOHNSON; SAFFREY; TAYLOR, 
2019). 
 
13 
 
2.1.2 Alterações nutricionais 
A gestação está associada ao aumento das necessidades de energia, 
incluindo o custo de energia resultante de uma elevada taxa metabólica basal 
(TMB). Essa elevação na TMB resulta do aumento do consumo de oxigênio, devido 
ao aumento do trabalho com relação à circulação materna, à respiração e à função 
renal e ao aumento da massa tecidual. A magnitude do aumento da TMB durante a 
gravidez varia consideravelmente entre as mulheres, porém os fatores responsáveis 
por essa variação não são completamente conhecidos (VENTURI, 2020). 
Assim, vários fatores adicionais podem ser responsáveis pela variabilidade 
na resposta da TMB à gravidez, como, por exemplo, a variação na magnitude do 
aumento do trabalho cardíaco. Esse aumento é considerado responsável por 
aproximadamente 40% do aumento no consumo de oxigênio no final do 1º trimestre 
e 25% do aumento no final do 2º trimestre. Além disso, os aumentos nas 
concentrações séricas do fator de crescimento I (IGF-I) semelhante à insulina 
durante a gravidez estão relacionados com o aumento da TMB, pois sabe-se que 
tais concentrações estão correlacionadas com o peso corporal durante a gravidez 
e variam em resposta à ingestão de alimentos, de modo que refletem a situação 
nutricional materna (LOF et al., 2020). 
A gestação causa um aumento de 2 a 3 vezes na necessidade de ferro, não 
apenas para a síntese de hemoglobina, mas também para o feto e para a produção 
de certas enzimas. Há um aumento de 10 a 20 vezes na necessidade de ácido fólico 
e um aumento de duas vezes na necessidade de vitamina B12. O feto médio requer 
cerca de 30 g de cálcio para manter os seus processos fisiológicos, porém a maior 
parte desse cálcio é transferida para o feto durante o 3º trimestre e deriva do 
aumento da absorção dietética pela mãe (VENTURI, 2020). 
Há uma diminuição na concentração sérica total de cálcio durante a 
gravidez, em virtude, principalmente, de uma redução nos níveis séricos de 
albumina devido à hemodiluição, resultando em uma diminuição na fração ligada à 
albumina do cálcio. Entretanto, a fração fisiologicamente importante — o cálcio 
sérico ionizado — permanece inalterada. Portanto, os níveis séricos maternos de 
 
14 
 
cálcio são mantidos durante a gravidez e as necessidades fetais são supridas pelo 
aumento da absorção intestinal, que dobra a partir da 12ªsemana de gestação. O 
pico da demanda de cálcio ocorre apenas no 3º trimestre, e o aumento precoce na 
absorção desse nutriente pode permitir que o esqueleto materno armazene cálcio 
com antecedência (SOMA-PILLAY et al., 2016). Além disso, os níveis séricos de 
vitamina D aumentam na gestação, e esse aumento é diretamente responsável pelo 
aumento da absorção intestinal de cálcio (VENTURI, 2020). 
 
2.1.3 Alterações metabólicas 
As alterações nas secreções hormonais maternas levam a mudanças na 
utilização de carboidratos, gorduras e proteínas durante a gravidez. A gravidez é 
um estado diabetogênico, e as adaptações no metabolismo da glicose permitem o 
desvio da glicose para o feto, a fim de promover o seu desenvolvimento, mantendo 
uma nutrição materna adequada. As células β-pancreáticas secretoras de insulina 
sofrem hiperplasia, o que resulta no aumento da secreção de insulina e no aumento 
da sensibilidade insulínica no início da gravidez (KAMPMANN et al., 2019). 
A resistência materna à insulina tem início no 2º trimestre e seu pico no 3º 
trimestre, em decorrência do aumento da secreção de hormônios diabetogênicos, 
como lactogênio placentário humano, hormônio do crescimento, progesterona, 
cortisol e prolactina. Esses hormônios causam uma diminuição da sensibilidade 
insulínica nos tecidos periféricos, como adipócitos e músculo esquelético, 
interferindo na sinalização do receptor de insulina. O efeito dos hormônios 
placentários sobre a sensibilidade insulínica torna-se evidente no pós-parto, quando 
há uma diminuição repentina na resistência insulínica. Os níveis de insulina são 
aumentados tanto no estado de jejum quanto no pós- -parto na gravidez. Os níveis 
de glicose no jejum, no entanto, são diminuídos devido a (LOF et al., 2020): 
 
 aumento do armazenamento de glicogênio tecidual; 
 aumento do uso de glicose periférica; 
 
15 
 
 aumento do uso de glicose periférica; 
 aumento do uso de glicose periférica; 
 
 
As mudanças nos níveis hormonais também ajudam a garantir que a massa 
muscular materna seja conservada, pois impedem que ela seja utilizada para 
fornecer energia ou aminoácidos para o feto. A taxa de acúmulo de nitrogênio 
aumenta dez vezes ao longo da gravidez, sem aparentemente nenhum aumento no 
equilíbrio de nitrogênio. Além disso, ocorre uma redução de 30% na síntese de ureia 
e uma queda em concentração de ureia plasmática no último trimestre de gravidez. 
Isso sugere que a decomposição de aminoácidos pode ser suprimida, 
representando um mecanismo de economia de proteínas. Evidências também 
sugerem que a proteína pode ser armazenada no início da gravidez e utilizada em 
um estágio posterior para atender às exigências do feto em crescimento (VENTURI, 
2020). 
As respostas adaptativasajudam a atender ao aumento da demanda por 
nutrientes, independentemente do estado nutricional da mãe. Tais respostas 
homeostáticas incluem o aumento da absorção de ferro e cálcio. Outros minerais, 
como o cobre e o zinco, também podem mostrar melhor absorção. Há uma redução 
da excreção urinária de alguns nutrientes, incluindo a riboflavina e a taurina (SOMA-
PILLAY et al., 2016). O aumento da secreção do hormônio aldosterona, 
particularmente no final da gravidez, pode levar ao aumento da reabsorção de sódio 
dos túbulos renais, o que pode encorajar a retenção de fluidos (VENTURI, 2020). 
 
2.2 Sinais e sintomas comuns na gestação decorrentes das mudanças 
fisiológicas 
A seguir, serão apresentados os principais sinais e sintomas que ocorrem 
durante a gestão decorrentes das mudanças fisiológicas. 
 
 
16 
 
2.2.1 Náuseas e vômitos 
Sintomas de enjoo, náuseas e vômitos (particularmente nas primeiras 20 
semanas gestacionais) são relatados por cerca de 50 a 80% das mulheres grávidas. 
As causas desses sintomas geralmente estão relacionadas com os próprios 
hormônios e ocorrem por uma variedade de gatilhos, incluindo cheiros de alimentos, 
perfume e fumaça de cigarro (VENTURI, 2020). 
O fator mais implicado nessas condições é a produção de gonadotrofina 
coriônica humana (hCG). A ligação entre hCG e náuseas é baseada, em grande, 
parte na relação temporal entre o pico da condição e o pico da produção de hCG, 
ambos ocorrendo entre 12 e 14 semanas de gestação. Além disso, náuseas e 
vômitos são frequentemente piores em mulheres grávidas com condições 
associadas a níveis elevados de hCG, tais como gestações gemelares e fetos com 
síndrome de Down. Esses sintomas também têm sido associados ao histórico da 
gestante, devido, possivelmente, a um mecanismo vestibular comum e ao histórico 
de enxaquecas. As mulheres que têm histórico de náuseas ao tomar contraceptivos 
orais contendo estrogênio parecem estar correndo um risco maior para esses 
problemas (VENTURI, 2020). 
A localização do corpo lúteo também pode servir como fator de risco para 
náuseas e vômitos. Estudos ultrassonográficos têm mostrado que mulheres 
grávidas experimentam mais náuseas e vômitos quando o corpo lúteo está presente 
no ovário direito. Isso pode ser devido a diferenças na drenagem venosa entre os 
ovários esquerdo e direito e uma maior concentração de esteroides sexuais quando 
o corpo lúteo está no lado direito (LEE; SAHA, 2011). 
Uma maior ingestão diária de gordura total antes da gravidez, 
principalmente gordura saturada, aumenta o risco de hospitalização para náuseas 
e vômitos. Já o uso de vitaminas antes e/ou no início da gravidez estão associados 
a uma diminuição do risco desses problemas. Embora a maioria das mulheres com 
náuseas e vômitos de gravidez tenha sintomas limitados ao primeiro trimestre, uma 
pequena porcentagem delas tem um curso prolongado, com sintomas que se 
estendem até o parto. Mulheres com náuseas e vômitos graves durante a gravidez 
 
17 
 
podem ter hiperêmese gravídica, uma condição distinta que, se não for tratada, 
pode levar a uma morbidade maternal e fetal significativa (VENTURI, 2020). 
O consumo de refeições mais secas, como biscoitos ou pães, e com alto 
teor de carboidratos em curtos intervalos (p. ex., a cada 2–3 horas) frequentemente 
proporciona alívio desses sintomas. Outras orientações para gestantes com 
náuseas e vômitos são (VITOLO, 2008): 
 
reduzir o volume e aumentar o fracionamento das refeições (8 vezes ao 
dia); 
consumir alimentos energéticos e de fácil digestão; 
evitar alimentos gordurosos; 
evitar líquidos nas refeições; 
consumir gengibre ou alimentos que o contenham; 
realizar suplementação com vitamina B6. 
 
2.2.2 Alterações no paladar e no apetite 
Mudanças no paladar e no apetite também são comuns na gestação. 
Algumas mulheres experimentam aumento no apetite, o que pode ser causado por 
alterações hormonais ou devido à utilização de substratos energéticos maternos 
pelo feto. A hiperfagia durante a gravidez pode aumentar a ingestão de alimentos 
em 20% (VENTURI, 2020). 
O desenvolvimento de desejos também é relatado com frequência, sendo a 
maioria deles por produtos lácteos e alimentos doces ou densos em energia. As 
aversões comuns incluem chá e café, álcool, alimentos fritos, carnes com molho e 
ovos. Na prática, as mulheres geralmente aprendem muito rápido quais alimentos 
evitar (VENTURI, 2020). 
 
 
 
18 
 
2.2.3 Picamalácia 
Picamalácia é uma condição em que substâncias não alimentares são 
consumidas. As práticas de picamalácia mais comuns na gestação são pagofagia 
(i.e., ingestão excessiva de gelo), geofagia (i.e., ingestão de terra/barro), amilofagia 
(i.e., ingestão de goma, principalmente de lavanderia), consumo de miscelâneas 
(combinações atípicas) e de frutas não maduras (AYETA et al., 2015). As razões 
para o desenvolvimento dessa condição são desconhecidas, mas há indícios de 
que possa ser um comportamento adaptativo que representa uma necessidade 
fisiológica ou “desejo” por uma substância não nutritiva. Alguns autores também 
acreditam que haja uma deficiência de nutrientes, como cálcio e ferro (VENTURI, 
2020). 
Em geral, a prevalência de pica ocorre em populações negras ou latinas 
com baixas condições socioeconômicas, que mantêm uma cultura muito forte dessa 
condição, passando de geração para geração. Evidências mostram que, embora 
ocorra com bastante frequência, a picamalácia é subnotificada, devido ao 
constrangimento da mulher em falar sobre isso ou à falta de atenção do obstetra ou 
outro profissional da saúde em perguntar sobre o fato (VENTURI, 2020). 
A principal implicação nutricional é a substituição de alimentos por essas 
substâncias não alimentares, o que pode levar à ingestão inadequada de nutrientes 
essenciais. Além disso, essas substâncias podem conter compostos tóxicos ou 
interferir na absorção de alguns nutrientes. A associação entre pica e anemia 
materna e fetal, pré-eclâmpsia, mau funcionamento do cólon, infestações 
helmínticas e mortes infantis é particularmente preocupante (CORBETT; RYAN; 
WEINRICH, 2003). 
 
2.2.4 Constipação intestinal 
Com frequência, as gestantes sofrem de constipação intestinal, a segunda 
queixa principal na gravidez, somente atrás das náuseas. Estima-se que até 40% 
 
19 
 
das mulheres sofrerão sintomas de constipação em algum estágio de sua gravidez. 
As causas são complexas, mas ocorrem provavelmente devido aos efeitos 
fisiológicos sobre o trato gastrintestinal causados pela progesterona, que diminuem 
a contração muscular e, consequentemente, o peristaltismo intestinal. Também há 
declínio na atividade física e mudanças na dieta (VENTURI, 2020). 
Ao final da gestação, a constipação também pode ser influenciada por 
efeitos motores, pois os movimentos combinados do trato gastrintestinal e do útero 
podem impedir o movimento das fezes sólidas, a obstrução das defecações e o 
início da constipação. O crescimento fetal no final da gravidez também pode causar 
mal-estar intestinal (CULLEN; O’DONOGHUE, 2007). 
As mulheres grávidas são aconselhadas a aumentar a sua ingestão de fibra 
(particularmente cereais integrais), beber de 2 a 3 litros de água e outros líquidos 
por dia e fazer exercícios leves, como caminhadas, a fim de aliviar a condição. 
Outras considerações incluem a mudança do tipo de suplemento de ferro utilizado, 
pois estes podem agravar os sintomas da constipação (VENTURI, 2020). 
Além de ser um sintoma incômodo, a constipação também tem o potencial 
para causar danos permanentes. Há evidências de que o esforço para defecar pode 
danificar o nervo pudendo e prejudicar a função de suporte da musculatura do 
assoalho pélvico. Além disso, a constipação é um fator importante no 
desenvolvimento do prolapso uterovaginal (CULLEN; O’DONOGHUE, 2007). 
 
2.2.5 Pirose 
A pirose ou azia é definida como uma sensação de “queimadura” na partesuperior do trato digestório, incluindo a garganta. Na maioria das mulheres grávidas, 
a azia também está relacionada com esofagite. Como as complicações associadas 
à azia durante a gravidez são raras (p. ex., esofagite erosiva), a endoscopia superior 
e outros testes são raramente necessários. Portanto, o diagnóstico de azia é 
principalmente clínico (VENTURI, 2020). 
 
20 
 
A pirose é um dos sintomas gastrintestinais mais comuns em mulheres 
grávidas, com uma incidência na gravidez de 17 a 45%. Em alguns estudos, 
verificou-se que a prevalência de azia aumentou de 22%, no primeiro trimestre, para 
39%, no segundo trimestre, e para entre 60 e 72%, no terceiro trimestre (VAZQUEZ, 
2015). 
As causas da pirose durante a gravidez são multifatoriais. O aumento das 
quantidades de progesterona ou de seus metabólitos causa relaxamento da 
musculatura lisa, o que resulta em uma redução do tônus gástrico e da motilidade 
e em uma pressão esofágica mais baixa. Além disso, foi descoberto que, durante a 
gravidez, o esfíncter esofágico inferior é deslocado para a cavidade torácica (uma 
área de pressão negativa), o que permite a passagem de alimentos e ácido gástrico 
do estômago para o esôfago, levando à inflamação do esôfago e a uma sensação 
de queimadura. À medida que a gravidez progride, a pressão do útero crescente 
sobre o conteúdo gástrico pode agravar a azia, embora alguns autores acreditem 
que fatores mecânicos tenham um papel menor. A azia também pode ser causada 
por esvaziamento gástrico anormal, atraso no trânsito do intestino delgado e por 
alguns medicamentos tomados durante a gravidez, tais como os antieméticos 
(VAZQUEZ, 2015). 
A maioria dos casos de azia melhora com modificações no estilo de vida. 
As gestantes que fumam ou bebem álcool devem ser aconselhadas fortemente a 
se abster desses hábitos. Mudanças na dieta podem ser benéficas para algumas 
mulheres. No entanto, apesar dessas medidas, a gravidade da azia pode aumentar 
ao longo da gravidez (VITOLO, 2008). 
Outras orientações alimentares para gestantes com azia são: 
 
 evitar o consumo de café, álcool, chás pretos, refrigerantes, fritura, 
gordura e chocolate; 
 mastigar adequadamente os alimentos; 
 realizar as refeições em um ambiente tranquilo e sem pressa; 
 consumir pequenas porções de alimentos; 
 não comer antes de se deitar; 
 
21 
 
 evitar alimentos que sejam conhecidos por causar azia. 
 
2.3 Principais hormônios envolvidos no período gestacional e suas 
funções 
A placenta, que forma a interface funcional que separa as circulações 
materna e fetal, é importante para intermediar as adaptações fisiológicas maternas. 
Ela secreta uma infinidade de hormônios na circulação materna, os quais modulam 
a sua fisiologia e transferem o oxigênio e os nutrientes disponíveis para o feto. 
Esses hormônios desempenham papéis cruciais na condução das adaptações 
fisiológicas maternas durante a gravidez. Dada a amplitude e a profundidade das 
funções hormonais na gestação, pode-se argumentar que a placenta é o mais 
complexo de todos os órgãos endócrinos humanos. A produção hormonal se inicia 
logo após a concepção e mesmo antes da implantação, como evidenciado pela 
identificação no soro materno da hCG apenas alguns dias após a ovulação em um 
ciclo fértil (VENTURI, 2020). 
Durante os estágios iniciais da formação dos blastocistos, as células que 
formarão a placenta — os trofoblastos — se distinguem das células que formarão o 
embrião, chamadas nesta fase de citotrofoblastos. Durante a implantação e a 
formação das vilosidades, os citotrofoblastos que estão em contato direto com o 
fornecimento de sangue materno começam a fundir as suas membranas celulares 
coletivas e se tornam uma grande e singular estrutura multinucleada, conhecida 
como sinciciotropoblasto, a principal fonte de síntese de hormônio placentário 
subsequente, cujos produtos são secretados diretamente na circulação materna. O 
sinciciotrofoblasto impede a maioria dos hormônios maternos (assim como os 
produtos farmacêuticos e muitos outros agentes) de atravessar para a circulação 
fetal. Assim, o feto pode desfrutar de sua própria homeostasia endócrina de acordo 
com o seu programa de desenvolvimento (KUO; HACKNEY; MESIANO, 2016). A 
Figura 1, a seguir, apresenta a anatomia de uma placenta. 
 
 
 
22 
 
 
Figura 01 - Anatomia da placenta e seus componentes. 
 
Fonte: Placenta... (2020, documento on-line). 
2.3.1 Gonadotrofina coriônica humana 
A hCG, também conhecida como o hormônio da gravidez, tem um papel 
importante na reprodução humana. Vários estudos têm demonstrado a parte crucial 
da hCG no estabelecimento e na manutenção da gestação, por meio da fixação da 
placenta e do desenvolvimento embrionário precoce. Além disso, a hCG tem sido 
utilizada em protocolos de reprodução assistida, imitando a ação de hormônio 
luteinizante (LH) durante a fase folicular tardia para induzir a maturação e a 
ovulação do folículo final e dos ovócitos (HEIDEGGER; JESCHKE, 2018). 
A hCG é secretada por células formadas na placenta. Uma vez realizada a 
fertilização, a camada de trofoblasto do blastocisto em desenvolvimento começa a 
produzir e secretar a hCG em grandes quantidades. O principal papel da hCG é 
manter o corpo lúteo funcionando, para que este continue a produzir estrogênio e 
progesterona. Portanto, os níveis de hCG começam a reduzir quando a placenta é 
desenvolvida o suficiente para se tornar o maior produtor desses dois hormônios. 
Outras funções da hCG são (VITOLO, 2008; HEIDEGGER; JESCHKE, 
2018): 
 
 
23 
 
 estimular a produção de testosterona fetal, ajudando, assim, a 
desenvolver os órgãos sexuais masculinos; 
 aumentar a produção de corticosteroides e a supressão das 
respostas dos linfócitos maternos. Essa ação é pensada para 
diminuir a resposta da mãe ao lado fetal da placenta. Em outras 
palavras, ela ajuda a mãe a não reagir ao feto e à placenta como 
corpos totalmente estranhos. 
 
Os níveis de hCG podem ser detectados primeiro por um teste de sangue, 
cerca de 11 dias após a concepção, e cerca de 12 a 14 dias após a concepção por 
um teste de urina. A quantidade de hCG produzida e secretada pela camada 
trofoblasto aumenta, até atingir um pico de cerca de 8 semanas de gravidez (120–
130 IU/ml). Em seguida, ela diminui em quantidade, atingindo um mínimo de cerca 
de 16 semanas (20–30 UI/ml) e permanecendo lá durante o resto da gravidez. Como 
os níveis de hCG são baixos após 16 semanas, os testes de gravidez de rotina 
realizados após esse período podem ser negativos (KUO; HACKNEY; MESIANO, 
2016). 
Em gestações de alto risco, incluindo aquelas em perigo de aborto 
espontâneo, os níveis de hCG são monitorados sequencialmente. Acredita-se que 
o aumento de hCG no início da gravidez seja uma das causas de náuseas ou enjoo 
matinal na gravidez. Portanto, na gravidez normal, os enjoos matinais no início da 
gravidez talvez estejam associados a um resultado mais bem- -sucedido. Como a 
náusea sinaliza que uma quantidade abundante de hCG está presente, é mais 
provável que haja um suprimento adequado de progesterona para evitar o aborto 
espontâneo (VENTURI, 2020). 
Em contrapartida, doenças anormalmente graves podem exigir investigação 
para gravidez múltipla, ou gravidez molar hidatidiforme. Os níveis de hCG são mais 
altos com gravidez múltipla (uma maior quantidade de trofoblasto é produzida) e 
gestações molares hidatidiformes (que apresentam um crescimento excessivo do 
trofoblasto). As gestações molares podem estar associadas ao desenvolvimento de 
 
24 
 
neoplasias malignas e devem ser cuidadosamente acompanhadas (HEIDEGGER; 
JESCHKE, 2018). 
 
2.3.2 Progesterona 
Durante as primeiras 10 a 12 semanas de gestação, o corpo lúteo do ovário 
produz a maior parte da progesterona. Após esse tempo, a placenta produz 
progesterona suficiente, permitindo que o corpo lúteo diminua a produção. Contudo,os precursores da progesterona não provêm do feto, como ocorre com o estrogênio, 
sendo sintetizados a partir do colesterol materno. 
Uma das funções da progesterona é o equilíbrio da ação do estrogênio, 
reduzindo o tônus de muitos dos tecidos do corpo, incluindo o útero. Sabe-se que o 
estrogênio aumenta a contratilidade do músculo uterino, o que aumenta a força, o 
tônus e a capacidade dos músculos uterinos de se contraírem em preparação para 
o parto. A progesterona tem o efeito oposto, pois inibe a contratilidade do miométrio 
e, consequentemente, as contrações uterinas. Isso permite que o blastocisto seja 
implantado, desenvolva-se e proteja-se contra a expulsão do feto em 
desenvolvimento. Após a 12ª semana, normalmente há contrações irregulares e 
indolores, que duram alguns segundos. A progesterona diminui a sua ação próximo 
ao momento do parto, deixando o estrogênio, a fim de aumentar a contratilidade 
uterina (VENTURI, 2020). 
A progesterona também diminui a sensibilidade à oxitocina, que aumenta a 
frequência e a força das contrações uterinas. Ao final da gravidez, o nível de 
progesterona pode cair para 250 mg/dia. À medida que a progesterona diminui, a 
sensibilidade à oxitocina aumenta. 
Junto ao estrogênio, a progesterona possui as seguintes funções (KUO; 
HACKNEY; MESIANO, 2016): 
 
 desenvolver o endométrio uterino, ou revestimento do útero, para 
prepará-lo para a implantação; quando os níveis de progesterona e 
 
25 
 
estrogênio são altos o suficiente para manter o endométrio, o 
blastocisto é implantado; 
 promover a deposição de gordura materna, a fim de fornecer uma 
reserva de energia para a gravidez e a lactação; 
 preparar os seios para a lactação, pois, embora o estrogênio seja 
responsável pelo aumento do crescimento ductal, a progesterona 
estimula o desenvolvimento de lobos e lóbulos no seio; 
 relaxar ou diminuir o tônus, uma vez que a progesterona é 
responsável pela diminuição do tom do sistema vascular, do trato 
gastrintestinal, do sistema renal, do músculo liso do trato respiratório 
e do sistema musculesquelético; 
 aumentar a sensibilidade ao dióxido de carbono; 
 aumentar a temperatura corporal; 
 inibir a ação da prolactina; como resultado, a produção de leite se 
inicia somente após a entrega da placenta. 
 
2.3.3 Estrogênio 
Os estrogênios mais comuns no ser humano são: estradiol (em sua maioria 
secretado pelos ovários), estrone e estriol (em sua maioria secretado pela placenta). 
Durante a gestação, há um grande aumento da quantidade de estriol em relação ao 
estrone e ao estradiol. As glândulas suprarrenais fetais e a placenta interagem, a 
fim de produzir estrogênio em quantidades apropriadas (KUO; HACKNEY; 
MESIANO, 2016). As glândulas suprarrenais do feto fornecem precursores 
essenciais para a produção de estriol na placenta, portanto, um feto vivo e saudável 
e a placenta são necessários para produzir níveis ideais de estrogênio; esse é um 
exemplo da unidade placenta/fetal (VENTURI, 2020). 
O fígado materno conjuga o estriol, e este é excretado em sua urina. O nível 
de estriol urinário aumenta gradualmente até a 12ª semana de gravidez e, depois, 
 
26 
 
mais rapidamente até o final. A medição do estriol na urina materna tem sido 
historicamente utilizada como um indicador do bem-estar fetal e placentário. 
O estrogênio apresenta muitas funções durante a gestação, como as 
descritas a seguir (KUO; HACKNEY; MESIANO, 2016): 
 
 agir como tecido de construção, aumentando o tamanho ou o número 
de tecidos, vasos e células sanguíneas; 
 ser responsável pela proliferação do endométrio uterino, 
aumentando a profundidade e a consistência do revestimento uterino 
e preparando-o para a fixação do embrião; 
 aumentar o tamanho do útero e do espessamento da parede uterina, 
pois, durante a gestação, o útero aumenta de tamanho para 
acomodar o feto em desenvolvimento, por meio de hiperplasia 
(aumento do número de células), hipertrofia (aumento do tamanho 
das células) das células musculares e alongamento do útero. O útero 
cresce de 60 gramas de peso para 1.200 gramas, com um aumento 
de volume de 10 ml para 2 a 10 litros de líquido; 
 aumentar o tamanho da genitália externa, pois as paredes vaginais 
se tornam espessas e facilmente distensíveis, além de aumentar a 
vascularização; 
 ser responsável por um aumento no sangue, na linfa e no 
fornecimento de nervos para o útero e para todo o corpo. O aumento 
considerável do número e do tamanho dos vasos no leito uterino 
causa uma diminuição na resistência vascular uterina e, como 
resultado, o sangue flui mais livremente para o útero; 
 contribuir para o aumento do tamanho das mamas, principalmente 
do tecido alveolar. O número e o tamanho dos dutos e dos lobos 
aumentam, bem como a vascularização, os mamilos e as aréolas. As 
glândulas de Montgomery aparecem como pequenas elevações nas 
aréolas; 
 
27 
 
 fazer os túbulos renais reterem mais sódio e água, levando a um 
aumento significativo no volume sanguíneo; 
 ser responsável pelas alterações da pele, como estrias, 
hiperpigmentação, telangiectases e eritema palmar; 
 causar aumento da acidez na vagina. O glicogênio no epitélio vaginal 
se decompõe, resultando em aumento do ácido láctico. Pensa-se 
que o pH mais baixo (3,5 a 6) impede infecções em algum grau e 
altera o crescimento de bactérias patogênicas na vagina; 
 reduzir a secreção gástrica de ácido clorídrico e pepsina, levando à 
 diminuição da absorção de gordura e ao aumento de transtornos 
digestivos e náuseas. 
 
 
3 MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NA GESTAÇÃO 
Durante a gestação, várias mudanças ocorrem no corpo. Algumas revelam-
se óbvias, enquanto outras são menos notáveis (ORSHAN, 2011). 
 
3.1 Peso 
A média de ganho de peso durante a gestação de um só feto é de 
aproximadamente 12 a 14 kg para as mulheres com IMC (índice de massa corporal) 
normal pré-gestação (Institute of Medicine [IOM], 1990). Uma média de 12 kg é 
distribuída entre feto, líquido amniótico e placenta (6 kg); útero e mamas (1 kg); 
volume aumentado de sangue (2 kg); líquido extracelular (1,5 kg); e reservas 
maternas; (1,5 kg) (Luppi, 2001). Durante os primeiros dias após o parto, a mulher 
excreta o líquido adicional na urina, após perder os hormônios placentários 
retentores do líquido. Ver o Capítulo 3 para uma discussão mais detalhada sobre 
 
28 
 
as recomendações para o ganho de peso, dependendo do peso e do IMC da mulher 
antes da gestação (ORSHAN, 2011). 
O ganho de peso recomendado para gestações múltiplas é mais elevado, 
pelo menos 20 kg para uma gestação de gêmeos (IOM, 1990). A maior parte desse 
ganho de peso ocorre nos dois últimos trimestres (ORSHAN, 2011). 
 
3.2 Sistema cardiovascular 
Importantes alterações ocorrem no sistema cardiovascular da mulher 
durante a gestação. Essas mudanças são necessárias para a circulação placentária 
e fetal adequada (ORSHAN, 2011). 
Devido ao tamanho uterino aumentado, o coração materno passa para uma 
posição superior e mais transversa, parecendo maior no exame radiográfi co. A 
pressão sanguínea permanece inalterada apesar do maior volume de sangue; na 
verdade, diminui ligeiramente durante o segundo trimestre (cerca de 5 a 10 mmHg 
para a sistólica e a diastólica), voltando aos valores pré-gestacionais no terceiro 
trimestre. Essas alterações podem ser resultantes da maior produção de 
prostaglandinas ou da resistência vascular alterada (Cunningham et al., 2005; 
Luppi, 2001). 
O volume de sangue materno começa a subir no primeiro trimestre, 
aumenta de forma mais significativa durante o segundo trimestre e, depois, em um 
ritmo mais lento, no terceiro trimestre, estabilizando nas últimas semanas de 
gestação. Nos estágios finais desta, cerca de 500 mL de sangue fluem através da 
circulação materna para a placenta a cada minuto, e o volume de sangue no parto 
está aproximadamente 45% acima dos valores pré-gestacionais,atingindo 1.500 
mL (Cunningham et al., 2005). Os níveis aumentados de aldosterona e de estrógeno 
são os principais responsáveis; esses hormônios fazem com que os rins retenham 
mais líquido. O maior volume de sangue promove a circulação adequada para a 
placenta, garantindo oxigênio e nutrientes apropriados para o feto em 
desenvolvimento. Também ajuda a compensar a perda de sangue sofrida durante 
 
29 
 
o parto, que tende a variar de 500 a 600 mL no parto vaginal a até 1.000 mL no 
parto cesáreo (Bridges et al., 2003). 
Devido ao volume de sangue e ao metabolismo basal aumentados, o débito 
cardíaco materno aumenta 30 a 40% para 5 a 7 L/min, em geral até as 27 semanas 
de gestação, quando atinge um platô até o termo (Luppi, 2001). O volume de 
batimento aumenta cerca de 50% (Luppi, 2001). O pulso da mulher aumenta quase 
10 batimentos por minuto, principalmente no segundo trimestre, com uma mudança 
mínima durante o terceiro trimestre (Guyton e Hall, 2006). 
Quando a gestante deita na posição supina, sobretudo no terceiro trimestre, 
quando o feto apresenta o maior estirão de crescimento, pode apresentar o que é 
denominado de síndrome da hipotensão postural supina. São características dessa 
síndrome a tontura, o desfalecimento e as palpitações. Isso ocorre pela pressão do 
útero grávido comprimindo a veia cava contra as vértebras. A oclusão da veia cava 
diminui o fluxo de sangue das extremidades, causando a diminuição do débito 
cardíaco e a hipotensão. Trata-se de uma condição potencialmente perigosa, 
porque provoca diminuição da circulação placentária e subsequente redução de 
oxigênio para o feto. Uma medida preventiva para a hipotensão postural supina é 
dizer à mulher, no início da gestação, para evitar deitar-se em decúbito dorsal, 
deitando-se, então, de lado ou sentando-se verticalmente. Uma medida corretiva é 
a mulher deitar-se em decúbito lateral, de preferência sobre o lado esquerdo, ou 
colocar um apoio sob seu quadril direito (ORSHAN, 2011). 
O edema nas extremidades inferiores pode resultar do retorno venoso 
prejudicado causado pela pressão do feto em crescimento sobre as áreas pélvica e 
a femural (Cunningham et al., 2005). O edema piora com as varicosidades, 
especialmente se a gestante fi car de pé ou sentar-se por um período prolongado. 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
Quadro 04 - Mudanças fisiológicas na gestação e épocas esperadas 
 
Fonte: Orshan (2011). 
A hiperêmese gravídica, forma mais grave da náusea e do vômito, pode ser 
diagnosticada em mulheres cujos sintomas duram além de três meses ou 
representam efeitos perigosos para a saúde. Os exemplos desses efeitos incluem 
perda de peso, desidratação, desequilíbrio eletrolítico, cetonúria e cetonemia. As 
clientes com essa condição podem exigir hospitalização e reposição de líquidos e 
eletrólitos. Qualquer fisiopatologia subjacente deve ser descartada (ORSHAN, 
2011). 
 
3.3 Sistema hematológico 
O volume do plasma aumenta 45 a 50% até o termo, atingindo 1.200 a 1.300 
mL. A eritropoiese resulta do aumento do estrógeno e da progesterona e 
acompanha esse líquido aumentado, resultando na elevação da massa de glóbulos 
vermelhos, pois o volume de glóbulos vermelhos aumenta 20 a 30%, para 250 a 
450 mL (Luppi, 2001). Como o aumento no volume de glóbulos vermelhos é 
relativamente menor do que o do plasma, ocorre a hemodiluição, muitas vezes 
denominada de anemia fisiológica da gestação (Cunningham et al., 2005, Luppi, 
2001). Isso ocorre, com mais frequência, durante o segundo trimestre; no terceiro, 
o volume de plasma diminui, enquanto a massa de glóbulos vermelhos continua a 
 
31 
 
aumentar (Cunningham et al., 2005). Por essa razão, a anemia é definida como 
menos de 11 g/dL (110 g/L) no primeiro e no terceiro trimestres e como menos de 
10 g/dL (100 g/L) durante o segundo. 
A maioria das gestantes exige alguma suplementação de ferro. As mulheres 
podem iniciar a gestação com reservas relaativamente baixas de ferro, devido à 
exaustão que ocorre durante as menstruações. O feto exige em torno de 300 mg/dia 
de ferro (Beckmann et al., 2002); a mulher necessita de 500 mg/dia adicionais de 
ferro, principalmente no segundo trimestre, devido ao aumento da massa de 
glóbulos vermelhos circulantes (Scholl, 2005). Além dessa necessidade crescente 
de ferro está o fato de que a diminuição da acidez gástrica pode prejudicar a 
absorção desse elemento. Portanto, muito profi ssionais de saúde prescrevem a 
suplementação de ferro durante a gestação, para prevenir anemia (Scholl, 2005). 
A necessidade de ácido fólico também aumenta durante a gestação, para 
prevenir a anemia megaloblástica materna (glóbulos vermelhos grandes não 
funcionantes), a qual tem sido vincula da a maior risco de defeitos no tubo neural 
(Findlay, 2000; Viteri e Berger, 2005). Como o ácido fólico ajuda a sintetizar o DNA 
necessário para o rápido crescimento celular, idealmente, as mulheres deveriam 
iniciar sua ingesta pelo menos três meses antes de engravidar (Health Canada, 
2003). Recomenda-se que todas as mulheres em idade reprodutiva que podem 
engravidar consumam 400 µg/dia (0,4 mg/dia) de ácido fólico (Health Canada, 2003; 
March of Dimes, 2003). Essa ingesta extra ajuda a mulher a produzir glóbulos 
vermelhos adicionais e sustenta o crescimento placentário e fetal. Também pode 
ajudar a diminuir outros defeitos congênitos, como fenda palatina, lábio leporino e 
alguns defeitos cardíacos (Findlay, 2000; van Rooij, 2004). 
 
3.4 Sistema respiratório 
A gestação afeta o sistema respiratório mais notadamente nos estágios fi 
nais. Em consequência das crescentes demandas de oxigênio dos tecidos fetais e 
maternos, a quantidade de oxigênio que a mulher usa aumenta em quase 20% no 
 
32 
 
fi nal da gestação (Luppi, 2001). Uma quantidade correspondente de dióxido de 
carbono também se forma. Os efeitos dessas mudanças, que se acredita serem 
causadas pela progesterona, são o aumento do esforço respiratório, a dispneia 
ocasional e a diminuição de PaCO2 ligeiramente abaixo do normal (Cunningham et 
al., 2005; Luppi, 2001). 
O feto em crescimento pressiona e desloca o diafragma para cima. Esse 
acúmulo causa uma sensação distinta de falta de ar, especialmente durante os 
estágios finais. Uma vez ocorrida a insinuação (movimento da cabeça fetal na 
pelve), a mulher apresenta alívio da dispneia e pode respirar novamente com 
facilidade (ORSHAN, 2011). 
 
3.5 Sistema gastrintestinal 
No início da gestação, muitas mulheres apresentam náusea e vômito. 
Mesmo que os pesquisadores sustentem a hipótese de que a causa pode ser o 
aumento do nível da gonadotropina coriônica humana (hCG) e do estrógeno, não 
se estabeleceu uma etiologia clara. Náusea e vômito são comumente denominados 
de “enjoo matinal” porque muitas mulheres os apresentam ao levantarem-se de 
manhã. O enjoo matinal, na realidade, não é uma boa descrição, no entanto, porque 
pode ocorrer a qualquer hora do dia. Tende a desaparecer no terceiro mês de 
gestação (ORSHAN, 2011). 
A hiperêmese gravídica, forma mais grave da náusea e do vômito, pode ser 
diagnosticada em mulheres cujos sintomas duram além de três meses ou 
representam efeitos perigosos para a saúde. Os exemplos desses efeitos incluem 
perda de peso, desidratação, desequilíbrio eletrolítico, cetonúria e cetonemia. As 
clientes com essa condição podem exigir hospitalização e reposição de líquidos e 
eletrólitos. Qualquer fi siopatologia subjacente deve ser descartada (ORSHAN, 
2011). 
Muitas mudanças no sistema gastrintestinal ocorrem de forma 
predominante no segundo e no terceiro trimestres. As mulheres podem apresentar 
 
33 
 
azia à medida que o feto em crescimento desloca o estômago. O relaxamento do 
esfi ncter cardioesofágico, resultante dos efeitos da progesterona, também pode 
causar refl uxo do conteúdo gástrico para o esôfago, aumentando a azia (Beckmann 
et al., 2002). A diminuição da motilidadeintestinal resulta da pressão do feto em 
crescimento sobre o intestino e dos efeitos da progesterona, provocando 
constipação. A vesícula tende a tornar-se lenta, possivelmente devido aos efeitos 
da progesterona sobre a musculatura lisa. A estase subsequente da bile e o 
aumento dos níveis de colesterol na gestação podem predispor as mulheres a 
colelitíase (Lindseth e Bird-Baker, 2004). 
 
 
Figura 02 - O útero e o feto em crescimento empurram o fígado para cima, 
comprimem o estômago e a bexiga e deslocam o diafragma para cima. 
 
Fonte: Orshan (2011). 
 
 
34 
 
3.6 Sistema tegumentar 
A pigmentação extra aparece com frequência, causada pelo aumento do 
hormônio melanócito-estimulante, secretado pela hipófi se e pelos efeitos 
melanócito-estimulantes do estrógeno e da progesterona (Cunningham et al., 2005; 
Luppi, 2001). Uma linha escura (linha nigra) pode ser visível a partir do esterno até 
a pube, separando o abdome verticalmente em dois hemisférios Áreas mais escuras 
também podem aparecer sobre a face, principalmente sobre o nariz e as bochechas 
– cloasma. O cloasma também é chamado de “máscara da gestação”. Uma vez que 
diminuam os hormônios melanócito-estimulantes, no período pós-parto, a 
pigmentação aumentada geralmente desaparece (Cunningham et al., 2005). Tal 
pigmentação pode aparecer novamente com o uso de contraceptivos orais (Luppi, 
2001). 
À medida que a gestação avança, a pele abdominal fica distendida. Isso 
resulta em pequenas rupturas na camada conjuntiva da pele, ocasionando o que é 
denominado de estrias gravídicas. Essas marcas tendem a suavizar após o parto 
do bebê, tornando- -se mais prateadas ou brancas, embora nunca desapareçam 
completamente. As estrias também podem aparecer nas mamas, ao aumentarem, 
e em outras partes do corpo em caso de grande ganho de peso. Algumas mulheres 
usam hidratantes, inclusive manteiga de cacau, na tentativa de diminuir essas 
mudanças no corpo. Outras também acreditam que a massagem que acompanha 
a aplicação desses produtos é benéfi ca na prevenção ou na diminuição das 
mudanças na pele (ORSHAN, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
Figura 03 - As mudanças na pele na gestação incluem a linha nigra e as 
estrias gravídicas. 
 
Fonte: Orshan (2011). 
Com o progresso da gestação, o músculo reto pode distender-se ao ponto 
de separar-se. Isso é conhecido como diástase. Se ocorrer, pode aparecer uma 
forma de pirâmide no abdome inferior quando a mulher levantar a cabeça de uma 
superfície plana, pois os músculos subjacentes protruem através da separação. Se 
a diástase ocorrer, a cliente deve evitar exercícios abdominais até 1 a 2 semanas 
após o parto e evitar levantar peso, pois podem exacerbar a separação e provocar 
o desenvolvimento de uma hérnia (ORSHAN, 2011). 
3.7 Sistema endócrino 
A maior mudança no sistema endócrino é causada pela placenta, que 
produz vários hormônios, incluindo grandes quantidades de estrógeno e 
progesterona, hCG, somatomamotropina coriônica humana ou lactógeno 
placentário humano (hPL), relaxina e prostaglandinas (Guyton e Hall, 2006). 
 
 O estrógeno causa o aumento das mamas e do útero. 
 
 
36 
 
 A progesterona ajuda a manter o endométrio, inibe a contratilidade 
uterina e auxilia no desenvolvimento das mamas. 
 
 As células trofoblásticas da placenta secretam hCG no início da 
gestação; e este estimula a progesterona e o estrógeno, que ajudam 
a manter a gestação até a placenta poder assumir essa função, com 
cerca de sete semanas de gestação. 
 
 A placenta secreta hPL aproximadamente na vigésima semana de 
gestação; o hPL age como um antagonista da insulina, liberando os 
ácidos graxos para energia, a fi m de que a glicose esteja disponível 
para o crescimento fetal. 
 
 A relaxina é responsável por amaciar o colágeno nas articulações e 
na cérvice; também desempenha um papel na inibição das 
contrações uterinas. 
 As prostaglandinas afetam a contratilidade da musculatura lisa, a tal 
ponto que alguns pesquisadores teorizam que sua diminuição 
poderia desencadear o trabalho de parto (Guyton e Hall, 2006). 
 
A glândula tireoide aumenta até 50% durante a gestação, causando 
aumento na liberação da tiroxina. A maior secreção de hormônios 
adrenocorticoides, juntamente com a tiroxina aumentada, provoca aumento da taxa 
metabólica basal (TMB) (Guyton e Hall, 2006). Como consequência, a gestante tem 
a sensação de calor excessivo, que também está relacionada com o aumento do 
volume de sangue. A glândula paratireoide também aumenta ligeiramente, 
implicando necessidade crescente de cálcio e vitamina D (ORSHAN, 2011). 
 
 
37 
 
3.8 Sistema reprodutivo 
As mudanças relacionadas com a gestação afetam o útero, a cérvice, os 
ovários, a vagina e as mamas. A mudança mais óbvia é no útero, que aumenta 
gradualmente para englobar o feto em crescimento (ORSHAN, 2011). 
 
 
 Útero 
O útero tem crescimento constante e previsível durante a gestação. 
Aumenta de peso de 50 para 1.100 g. Sua capacidade passa de 10 para 5.000 mL. 
A parede uterina aumenta de 1 para 2 cm, embora, no final da gestação, ela afine, 
de forma que fique elástica e com apenas cerca de 1,5 cm de espessura 
(Cunningham et al., 2005). 
Com aproximadamente seis semanas de gestação, o segmento uterino 
inferior, logo acima da cérvice, torna-se bastante macio. O profissional pode verificar 
esse achado realizando o exame bimanual, no qual põe um dos dedos da mão na 
vagina enquanto usa a outra mão para palpar o abdome. A pessoa que examina 
mal será capaz de sentir o segmento uterino inferior, ou este parecerá 
extremamente fino. O útero flexiona-se com facilidade sobre a cérvice. Esse 
amaciamento é denominado como sinal de Hegar. 
As contrações uterinas começam com cerca de 12 semanas de gestação e 
duram enquanto esta durar; sua intensidade aumenta à medida que a gestação 
avança. A mulher pode começar a sentir contrações de Braxton-Hicks, que 
contribuem para a perfusão placentária aumentada, como ondas através do útero, 
no início do terceiro trimestre. Tais contrações são palpáveis e visíveis nas fitas do 
monitor. Durante o último mês de gestação, podem aumentar tanto que a cliente as 
confunde com as do trabalho de parto. A maioria das clientes é ensinada sobre 
contrações de Braxton-Hicks, na expectativa de que sejam capazes de distinguir 
entre estas e as verdadeiras contrações do trabalho de parto. A pesquisa sugere, 
no entanto, que ensinar sobre as contrações Braxton-Hicks antes de 37 semanas 
de gestação ocasiona confusão (Poole et al., 2001). Sempre que a mulher aprender 
 
38 
 
sobre isso, é essencial que os enfermeiros também forneçam ensino abrangente 
sobre os sinais de trabalho de parto prematuro) (ORSHAN, 2011). 
 
Figura 04 - O sinal de Hegar na gestação é o amolecimento do segmento 
uterino inferior imediatamente acima da cérvice. Na palpação, a área torna-se 
difícil de sentir ou parece extremamente fina; além disso, o útero flexiona-se com 
mais facilidade sobre a cérvice. 
 
Fonte: Orshan (2011). 
 
Em torno de 20 a 24 semanas, a parede uterina torna-se fina o suficiente 
para permitir que um examinador habilidoso palpe o contorno do feto. Essa 
palpação, denominada de manobra de Leopold, auxilia o profi ssional a determinar 
a posição do feto. Também facilita a ausculta do coração fetal. Essas duas 
investigações são apresentadas posteriormente neste capítulo (ORSHAN, 2011). 
A altura do fundo (parte superior do útero) deve corresponder à semana 
gestacional. Por exemplo, com 28 semanas de gestação, a distância da pube ao 
fundo deve ser de aproximadamente 28 cm. Com 34 semanas de gestação, deve 
ser de 34 cm. Com cerca de 38 semanas na primigesta, a altura uterina diminui ao 
nível da altura de 36 semanas. Esse fenômeno, denominado de insinuação, ocorre 
quando a cabeça fetal encaixa na pelve em preparação para o parto (ORSHAN, 
2011). 
Os profissionaisde saúde podem medir a altura da sínfise ao fundo de duas 
maneiras. Usando o primeiro método, o enfermeiro coloca uma extremidade da fita 
 
39 
 
métrica na sínfise púbica da cliente e a estende até acima da curva do fundo. Ao 
usar o segundo método, o enfermeiro coloca novamente uma extremidade da fita 
métrica na sínfise púbica da mulher; estende, então, a fita até a curva do fundo, mas 
para antes de ultrapassar a curva. Qualquer dos métodos é aceitável; no entanto, 
todos os profissionais devem usar consistentemente o mesmo método, a fim de 
prevenir discrepâncias nas medidas (ORSHAN, 2011). 
 
 Cérvice 
 
A cérvice torna-se mais vascularizada e edemaciada em resposta ao 
aumento de estrógeno circulante da placenta (Cunningham et al., 2005). O aumento 
da vascularidade torna a cérvice violeta-escura em vez de rosa-clara. Já o aumento 
do líquido entre as células causa o amolecimento da cérvice; esse amolecimento, o 
sinal de Goodell, é significativo. A consistência da cérvice não grávida é similar à 
ponta do nariz, enquanto a da cérvice grávida é como a do lobo da orelha. 
Imediatamente antes do trabalho de parto, a cérvice amolece mais até poder ser 
comparada com a consistência de manteiga. O achado é uma característica de 
“estar maduro” para o parto (ORSHAN, 2011). 
 
Figura 05 - O enfermeiro avalia a altura da sínfise até o fundo uterino com 
uma fita métrica. 
 
Fonte: Orshan (2011). 
 
40 
 
 
 Ovários: 
 
A ovulação cessa devido à retroalimentação do estrógeno e da 
progesterona, produzidos pelo corpo lúteo (no início da gestação) e pela placenta 
(mais tarde). Essa retroalimentação causa a cessação da secreção do hormônio 
folículo-estimulante (FSH), que, por sua vez, ocasiona amenorreia (ORSHAN, 
2011). 
 
 Vagina: 
 
O epitélio da vagina sofre modificações resultantes do estrógeno circulante. 
A maior vascularização muda a cor da parede vaginal, do rosa pré-gestação para o 
violeta profundo (sinal de Chadwick). O aumento do estrógeno também afeta o 
epitélio vaginal e o tecido subjacente, fazendo com que se tornem hipertróficos e 
enriquecidos com glicogênio. À medida que as glândulas endocervicais hipertrofiam 
e aumentam, formam um revestimento forte de muco, o opérculo. Esse tampão de 
muco serve como uma barreira para prevenir a entrada das bactérias na vagina, 
impedindo, assim, infecção no feto e nas membranas (ORSHAN, 2011). 
O pH das secreções vaginais muda de um valor alcalino acima de 7 para 
um valor ácido de 4 ou 5. A principal causa é a bactéria Lactobacillus acidophilus, 
que prolifera no ambiente enriquecido com glicogênio (Cunningham et al., 2005). 
Essa mudança de pH tem efeitos favoráveis, porque ajuda a prevenir a invasão 
bacteriana da vagina durante a gestação. Isso também tem, no entanto, efeitos 
desfavoráveis, porque proporciona um ambiente que encoraja o crescimento de 
Candida albicans, uma infecção fúngica que causa prurido, ardência e secreção 
branca semelhante ao queijo. Embora o tratamento da C. Albicans vise 
principalmente promover o conforto, também é necessário para prevenir a 
transmissão para o recém- -nascido ao passar pelo canal vaginal no parto. O 
 
41 
 
tratamento pode incluir miconazol, clotrimazol ou nistatina (Cunningham et al., 
2005). 
 
 Mamas: 
 
As alterações nas mamas resultam dos altos níveis de estrógeno e 
progesterona circulantes e do aumento do fluxo de sangue (Murray, 2003). Durante 
o primeiro trimestre, as mulheres podem relatar sintomas como formigamento, 
plenitude ou sensibilidade. À medida que a gestação evolui, o tamanho das mamas 
aumenta de aproximadamente 45 g na décima semana para cerca de 405 g na 
quadragésima semana (Frase e Cooper, 2003). As clientes necessitam de um sutiã 
maior para acomodar o tamanho aumentado das mamas (ORSHAN, 2011). 
As aréolas escurecem e aumentam de tamanho. As glândulas sebáceas da 
aréola (tubérculos de Montgomery) ficam maiores e, às vezes, protuberantes. As 
secreções dessas glândulas ajudam a manter os mamilos íntegros e previnem o 
ressecamento e as rachaduras durante a lactação. Veias azuladas podem tornar-
se proeminentes sobre as mamas, pois aumenta a vascularização para a área. Na 
décima sexta semana, os mamilos podem começar a eliminar colostro, um líquido 
fino, aguado, rico em proteínas, que é o precursor do leite materno (ver Cap. 21). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Figura 06 - Durante a gestação, as mamas da mulher crescem. As aréolas 
escurecem e aumentam, e as glândulas sebáceas tornam-se maiores e podem fi 
car protuberantes. 
 
Fonte: Orshan (2011). 
3.9 Sistema urinário 
Durante o primeiro trimestre, a gestante pode apresentar maior frequência 
urinária até que o útero se eleve para fora da pelve e alivie a pressão sobre a bexiga. 
Essa frequência retorna nos estágios finais da gestação ao ocorrer a insinuação e 
a cabeça fetal pressionar a bexiga (ORSHAN, 2011). 
A água total do corpo aumenta em cerca de 6,5 litros no final da gestação 
(Cunningham et al., 2005). Durante a gravidez, os rins da mulher devem filtrar não 
apenas os resíduos maternos, mas também os fetais. Os rins também devem ser 
 
43 
 
capazes de lidar com o aumento do fluxo de sangue renal. O tamanho do rim 
aumenta quase 1,5 cm (Luppi, 2001). O índice de filtração glomerular e o fluxo de 
plasma renal começam a aumentar no início da gestação, para preencher a maior 
necessidade do sistema circulatório. No início do segundo trimestre, o índice de 
filtração glomerular aumenta em torno de 50% e permanece nesse nível durante o 
tempo de gestação restante (Cunningham et al., 2005; Luppi, 2001). Por sua vez, o 
fluxo de plasma renal aumenta de 30 a 60% ao mesmo tempo, mas diminui do final 
da gestação até o termo, quando está cerca de 50% acima do da mulher não grávida 
(Cunningham et al., 2005; Luppi, 2001). Como consequência dessas elevações, 
diminuem os níveis de nitrogênio da ureia sanguínea (BUN) e de creatinina. Já os 
aminoácidos e as vitaminas hidrossolúveis são perdidos em maiores volumes na 
urina (ORSHAN, 2011). 
 
Figura 07 - A frequência urinária na gestação está relacionada com a 
mudança de posição do útero à medida que o feto cresce. (A) No início da 
gestação, a pressão do útero contra a bexiga provoca o aumento da frequência 
urinária. (B) No segundo trimestre, a posição uterina muda, aliviando a pressão na 
bexiga. (C) No fi nal da gestação, o útero mais uma vez é pressionado sobre a 
bexiga, aumentando a frequência. 
 
Fonte: Orshan (2011). 
 
 
44 
 
O aumento do índice de filtração glomerular, do hormônio antidiurético 
(ADH), das prostaglandinas e da progesterona e a diminuição da resistência 
vascular fazem com que a mulher excrete sódio. O corpo eleva a reabsorção de 
sódio nos túbulos para ajudar na manutenção da osmolaridade. A progesterona 
causa maior resposta do sistema renina-angiotensina-aldosterona, que provoca 
aumento da produção de aldosterona, a qual, por sua vez, auxilia na reabsorção de 
sódio. O estrógeno e o cortisol também têm um efeito na crescente absorção de 
sódio (Cunningham et al., 2005; Luppi, 2001). 
O índice mais alto de filtração glomerular ocasiona maior filtração de glicose 
nos túbulos renais. Como a reabsorção de glicose pelas células tubulares ocorre 
em um fluxo fixo, alguma glicose será eventualmente eliminada pela urina durante 
a gestação. Da mesma forma, a glicose é eliminada na urina em níveis mais baixos 
de glicose sérica (ORSHAN, 2011). 
Os ureteres aumentam de diâmetro devido ao elevado nível de 
progesterona. A compressão ureteral do útero aumentado e do plexo venoso 
ovariano e a pressão dos ureteres contra a borda pélvica podem provocar 
hidronefrose e hidroureter (Cunningham et al., 2005). A pressão sobre a uretra pode 
resultar em esvaziamento inadequado da bexiga e infecção subsequente. Durante 
o final da gestação, o útero aumentado pode causar pressão sobrea bexiga, 
ocasionando estase urinária e pielonefrite, se não aliviada. Essas infecções são 
significativas, porque aumentam o risco de trabalho de parto prematuro (Maloni, 
2000). 
 
3.10 Sistema musculoesquelético 
As necessidades de cálcio e de magnésio aumentam porque os ossos fetais 
estão em formação e os níveis plasmáticos estão baixos. A ingesta de cálcio deve 
ser de 1.300 mg/dia nas gestantes de 18 anos ou menos e de 1.000 mg/dia naquelas 
com mais de 18 anos (National Institutes of Health [NIH], 2003). A ingesta de 
magnésio deve ser de 400 mg/dia para as primeiras e de 350 mg/dia para as últimas 
 
45 
 
(NIH, 2003). Os suplementos de cálcio têm demonstrado proteger os bebês contra 
o baixo peso ao nascer (Merialdi et al., 2003). Alguns estudos demonstram que a 
suplementação de cálcio é eficaz na redução da incidência de pré-eclâmpsia 
(Merialdi et al., 2003), enquanto outros não encontraram nenhum efeito (Roberts et 
al., 2003). 
À medida que a gestação progride, as articulações pélvicas tornam-se mais 
flexíveis sob a influência da relaxina. Essa maior flexibilidade facilita o parto do feto, 
mas também pode causar desconforto para a mulher. Às vezes, a sínfise púbica 
separa-se até 3 a 4 mm, provocando dificuldade para caminhar (ORSHAN, 2011). 
O peso crescente do feto e a protrusão do abdome causam lordose, uma 
curvatura anterior anormal da coluna na região lombar, enquanto a mulher tenta 
manter o centro de gravidade. Ela pode, posteriormente, apresentar dor lombar 
crônica (ORSHAN, 2011). 
 
3.11 Diferenças fisiológicas relacionadas com idade e raça ou etnia 
Muitas mudanças fisiológicas são comuns a todas as mulheres durante a 
gestação, independentemente da idade, da raça ou da etnia. Algumas diferenças, 
no entanto, são exclusivas de de terminadas faixas etárias ou de pessoas de uma 
raça ou etnia específica (ORSHAN, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
Figura 08 - Mudanças progressivas na postura materna durante a 
gestação. 
 
Fonte: Orshan (2011). 
As mães adolescentes que ainda não completaram seu crescimento talvez 
tenham maior risco de complicações relacionadas, incluindo a desproporção 
cefalopélvica (DCP), que aumenta a chance de parto cesáreo. Elas têm maior risco 
de ter bebês com baixo peso ao nascer, trabalho de parto prematuro e hipertensão 
induzida pela gestação (HIG), embora alguns estudos sugiram que o risco de HIG 
está mais relacionado com a paridade do que com a idade (Barron, 2001; Steve-
Simon et al., 2002). Tais riscos são maiores em adolescentes mais jovens, 
especialmente nas que concebem até dois anos após a menarca (Steven-Simon et 
al., 2002). Riscos como nutrição inadequada, má saúde e questões relacionadas 
com a pobreza também podem ter efeitos negativos sobre a gestação (Stevens-
Simon et al., 2002). 
As mulheres acima de 35 anos apresentam maiores incidências de 
condições preexistentes, como diabete e hipertensão (Ozalp et al., 2003). A 
 
47 
 
hipertensão preexistente aumenta o risco de desenvolvimento de descolamento 
prematuro da placenta e de hipertensão induzida pela gestação, que podem resultar 
em recém-nascidos de baixo peso (Poole et al., 2001). O risco para parto cesáreo 
é maior para essas mulheres (Kozinsky et al., 2002). Têm sido levantadas dúvidas 
sobre as taxas mais elevadas de parto prematuro e cesáreo estarem relacionadas 
com a maior incidência de complicações maternas ou simplesmente com o aumento 
da idade (Kozinsky et al., 2002; Tough et al., 2002). 
Existem poucos estudos identificando as diferenças entre os grupos 
minoritários ou as alterações entre as mulheres em idade reprodutiva nesses 
grupos. As mulheres mexicano-americanas geralmente dão à luz bebês com maior 
peso do que as afro-americanas e as brancas com fatores de risco similares (Berry, 
1999). Os bebês de baixo peso ao nascer que são filhos de mulheres mexicano-
americanas têm, no entanto, um índice de mortalidade mais alto do que qualquer 
dos dois outros grupos. Um estudo (Braveman et al., 2001) constatou que as afro-
americanas tinham três vezes mais probabilidade e as asiático-americanas duas 
vezes mais chance de dar à luz um bebê com baixo peso ao nascer do que as 
brancas, independentemente de idade, paridade, educação ou nível de pobreza 
(ORSHAN, 2011). 
Várias doenças ou alterações que podem afetar a gestação parecem ser 
prevalentes em mulheres em idade reprodutiva de diferentes antecedentes étnicos 
ou raciais. A incidência de diabete é maior entre as nativas americanas e as afro-
americanas. A tuberculose é mais prevalente nas primeiras e nas asiáticas. A 
hipertensão preexistente é mais frequente em afro-americanas, assim como a 
anemia falciforme. A doença de Tay-Sachs é mais comum na população judaica 
Ashkenazi. Já a talassemia é mais comum nas mulheres do Mediterrâneo, do 
Oriente Médio e do sudeste da Ásia (Callister, 2001b). 
As afro-americanas têm maior risco de morrer por causas relacionadas com 
a gestação, como hemorragia, hipertensão induzida pela gestação e embolia 
pulmonar, do que as mulheres brancas (Anachebe e Sutton, 2003). Algumas razões 
sugeridas para essa diferença incluem acesso diferenciado ao cuidado, bem como 
qualidade e conteúdo do atendimento (Anachebe e Sutton, 2003). As afro-
 
48 
 
americanas e as de outras minorias étnicas apresentam maior índice de mortalidade 
neonatal do que as brancas (ORSHAN, 2011). 
 
4 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO PERÍODO GESTACIONAL 
Nas últimas décadas, o enfoque da assistência ao pré-natal, ao parto e à 
maternidade em si tem sido bem diferenciado. Os programas inter e 
multidisciplinares de preparação para o parto, caracterizados pelo desenvolvimento 
de métodos educativos, atenção psicológica e preparo físico específico, estão se 
tornando comuns, e cada vez mais procurados pela maioria das gestantes (SILVA 
et al., 2018). 
Durante a gestação, o organismo feminino sofre diversas alterações 
anatômicas e funcionais, logo é necessário que a gestante seja orientada a se 
preparar para este período. A fisioterapia é, segundo o COFFITO (Conselho Federal 
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), “uma área de conhecimento em saúde, que 
estuda os distúrbios cinéticos e sinérgicos funcionais que acometem os órgãos e 
sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas ou por 
condições adquiridas”. Nesse sentido, o fisioterapeuta se apresenta capaz de 
colaborar e proporcionar a melhora da qualidade de vida da gestante (SILVA et al., 
2018). 
Na gravidez, o corpo sofre várias mudanças como o aumento da cintura, do 
quadril, das glândulas mamárias; há uma mudança do centro de gravidade, 
aumentando a curvatura lombar e provocando o aparecimento de algias posturais, 
como as lombalgias, ou mesmo as lombociatalgia, Outras dificuldades aparecem 
como déficit respiratório, dificuldade na digestão, aumento da frequência cardíaca, 
alterações hormonais, e edema em membros. Essas dores aumentam 
principalmente se a mulher apresentar queixa antes de engravidar. Além disso, 
esses sintomas podem perdurar no período pós-parto e continuar interferindo com 
sua rotina diária e, consequentemente, em sua qualidade de vida (SILVA et al., 
2018). 
 
49 
 
No período gestacional, devido as mudanças corporais da mulher, o 
fisioterapeuta trabalha exercícios respiratórios, relaxamento, correção postural, 
flexibilidade e alongamento como também, exercícios de preparação para o parto, 
realizando estímulos de ganho de força muscular de membros inferiores, 
superiores, lombar, abdômen, e atua nas alterações do assoalho pélvico, onde 
procura o fortalecimento deste para diminuir as consequências na hora do parto e 
a incontinência urinária (SILVA et al., 2018). 
O fisioterapeuta além de atuar sobre as mudanças fisiológicas, patológicas 
atua também no emocional de uma gestante, também com profissional de suporte 
à parturiente, usando diversos

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