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Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed TUTORIA Problema 2, Módulo 2 - Síndromes Hipertensivas na gestação. Problemática: Objetivo 01:Discutir síndromes hipertensivas da gestação (inclusive aspectos epidemiológicos, conceitos básicos e fatores de risco) Dados Epidemiológicos Os dados do Ministério da Saúde mostram a hipertensão na gestação como a maior causa de morte materna no país, sendo responsável por cerca de 35% dos óbitos com uma taxa de 140 - 160 mortes maternas/100.000 nascidos vivos. Em relação à mortalidade perinatal, a taxa nacional é de 150/1000 partos, se forem considerados os diagnósticos de prematuridade, sofrimento fetal, crescimento fetal restrito, a hipertensão está assinalada como a maior causa dos óbitos fetais ou do recém-nascido. Embora ainda se afirme que há subestimação das estatísticas, a sua incidência calculada para o nosso país é de 1,5% para a pré- eclâmpsia (PE) e 0,5 % para a eclampsia. A pré-eclampsia é uma doença bastante peculiar uma vez que ocorre principalmente em primigestas em países desenvolvidos ela é vista em cerca de 6% das gestantes sendo 2 ou 3 vezes maior em países subdesenvolvidos. Suas manifestações clínicas podem ser definidas pelo desenvolvimento gradual de hipertensão, proteinúria e edema generalizado. Os quadros hipertensivos na gestação acometem aproximadamente 10% das gestações no mundo, sendo a pré-eclâmpsia responsável por 3%-5% dos casos. Quanto à incidência, de acordo com a classificação da pré-eclâmpsia em precoce (abaixo de 34 semanas) e tardia (acima de 34 semanas), a primeira responde por 0,3% a 0,8% dos casos, e a segunda por 2,2% a 2,7%. Os quadros de pré-eclâmpsia são responsáveis por 10%-15% da morbidade e mortalidade materno-fetais, apresentando altos custos para o sistema de saúde e possuem sua fisiopatologia ainda não completamente estabelecidas Introdução Pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo menos duas medidas. Considera-se pressão sistólica o primeiro ruído (aparecimento do som) e a pressão diastólica o quinto ruído de Korotkoff (desaparecimento do som). A pressão arterial deve ser mensurada com a gestante sentada, com o braço no mesmo nível do coração e com um manguito de tamanho apropriado. Se for consistemente mais elevada em um braço, o braço com os maiores valores deve ser usado para todas as medidas. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Dentro das síndromes hipertensivas gestacionais deve-se dar uma atenção especial a pré-eclâmpsia ou doença hipertensiva específica da gravidez que ocorre como forma isolada ou associada à hipertensão arterial crônica e está associada aos piores resultados, maternos e perinatais Classificação Hipertensão crônica Observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após o parto. Uma pessoa hipertensa apresenta valores iguais ou acima de 140mmHg X 90mmHg quando se mede a pressão arterial em repouso. Hipertensão gestacional A hipertensão gestacional é definida pela PA ≥140/90 mmHg em duas ocasiões com um intervalo de, pelo menos, 4 horas após a vigésima semana de gestação em uma paciente previamente normotensa, sem a presença de proteinúria (<300 mg em 24 horas) ou outra característica clínica indicativa de pré-eclâmpsia. Uma vez que ela surja, a hipertensão gestacional costuma permanecer pelo resto da gravidez, mas tende a desaparecer dentro das 12 primeiras semanas após o parto. Doença Hipertensiva específica da gestação Esta patologia caracteriza-se por hipertensão acompanhada de proteinúria e/ou edema, sendo estes chamados de tríade da DHEG. Sinteticamente a DHEG se manifesta pela a ocorrência de dois quadros clínicos principais: pré-eclampsia e eclampsia Pré-eclâmpsia/eclampsia A pré-eclâmpsia (PE) é uma complicação da gravidez caracterizada por pressão arterial elevada e em muitos casos concentrações elevadas de proteínas na urina. Normalmente aparece após as 20 semanas de gravidez. Na doença grave pode haver ruptura de glóbulos vermelhos, baixa concentração de plaquetas, função do fígado deficiente, disfunção renal, inchaço, falta de ar devido a líquido nos pulmões, ou distúrbios visuais. A pré-eclâmpsia aumenta os riscos de maus resultados para a mãe e para o bebê. Se não for tratada, pode resultar em convulsões, quando é definida como eclâmpsia. É definida por níveis tensionais maiores ou iguais a 140X90 mmHg, aferidos em duas ocasiões e com intervalo de 4 horas, identificados pela primeira vez após 20 semanas de gestação, associado a proteinúria. Na ausência de proteinúria, a suspeita se fortalece quando o aumento da pressão aparece acompanhado por cefaleia, distúrbios visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento de enzimas hepáticas. OBS.: Pode acontecer antes de 20 semanas, em casos de doença trofoblástica gestacional – tipo de neoplasia de placenta- ou hidrópsia fetal OBS.: Proteinúria: excreção de 0,3g de proteínas ou mais em urina de 24 horas, ou 1+ ou mais na fita em duas ocasiões, em uma determinação de amostra única sem evidência de infecção. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed A pré-eclâmpsia é classificada em leve ou grave, de acordo com o grau de comprometimento. Considera-se grave quando presente um ou mais dos seguintes critérios: Pressão arterial diastólica igual/maior que 110mmHg Proteinúria igual/maior que 2,0g em 24 horas ou 2+ em fita urinária Oligúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora) Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais) Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatia Plaquetopenia Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue periférico Outros sinais que podem sugerir o diagnóstico são: • Acidente vascular cerebral • Sinais de insuficiência cardíaca, ou cianose • Presença de RCIU (restrição de crescimento intrauterino) e/ou oligohidrâmnio A eclâmpsia caracteriza-se pela presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. Pode ocorrer na gravidez, no parto e no puerpério imediato. Pode ser: Pré-eclâmpsia isolada É quando a gestante manifesta pré- eclâmpsia sem possuir hipertensão crônica prévia. Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica É o surgimento de pré-eclâmpsia em mulheres com hipertensão crônica ou doença renal. Nessas gestantes, essa condição agrava-se e a proteinúria surge ou piora após a 20ª semana de gravidez. Pode surgir trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mm3) e ocorrer aumento nas enzimas hepáticas. Hipertensão gestacional (sem proteinúria) Como a proteinúria pode aparecer tardiamente, o diagnóstico será retrospectivo, sendo necessário afastar pré- eclâmpsia. Deve-se seguir as condutas clínicas e obstétricas recomendadas para pré- eclâmpsia. (1) Hipertensão transitória da gravidez: a pressão retorna ao normal até 12 semanas após o parto (diagnóstico retrospectivo) (2) Hipertensão crônica: a elevação da pressão arterial persiste além de 12 semanas após o parto. É o surgimento de proteinúria (> 0,3 g/24h) após a IG de 20 semanas em portadora de Hipertensão Crônica, ou um aumento adicional da proteinúria em quem já apresentava aumento prévio, ou ainda um aumento súbito da Pressão Arterial em quem apresentava níveis controlados previamente, ou alteração clínica ou laboratorial característica de PE. Sara Luiza CostaSilva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed O edema ocorre com muita frequência em gestantes e por isso não deve ser usado como discriminador neste esquema de classificação. Fatores de Risco Diversos fatores estão associados ao maior risco de DHEG. Acredita-se que fatores como idade materna avançada, história familiar de DHEG, obesidade, gestação múltipla, doença trofoblástica gestacional, DHEG em gestação pregressa, entre outros, podem ser apontados como fatores predisponentes. Além disso, a maioria dos casos dessa doença, cerca de 75%, ocorre em mulheres nulíparas. Nesses casos, a doença é mais observada em pacientes com hipertensão arterial pré- gravídica ou quando há troca de parceiro. No entanto, independente da paridade, na gestação múltipla a doença hipertensiva tende a ocorrer em idades gestacionais mais precoces quando comparadas a gestações únicas e são mais graves. Em relação ao nível socioeconômico, não há evidências conclusivas de que isso possa ter relação com a síndrome hipertensiva. Porém, a eclâmpsia e a síndrome HELLP são mais frequentes nas camadas socioeconômicas menos favorecidas. Apesar de não ser consenso, formas mais avançadas da doença hipertensiva pode decorrer do fato de que há falta de assistência pré-natal ou assistência médica precária nas classes menos favorecidas. Um fator bem estabelecido é a maior presença de DHEG em extremos de idade, ou seja, abaixo dos 18 e acima dos 40 anos. Isso pode ser relacionado a nuliparidade em pacientes mais jovens e nas mulheres com idade avançada, a hipertensão arterial essencial, embora mais frequente, favorece a instalação da DHEG. Alguns estudos evidenciaram a predisposição hereditária à DHEG, por meio da participação de polimorfismos de alguns genes. Ademais, a obesidade é um grande fator contribuinte para as síndromes hipertensivas, sendo que quanto maior o índice de massa corporal (IMC), maior o risco de DHEG. Sabe-se que o mecanismo fisiopatológico está relacionado à intolerância à glicose, o mesmo motivo que o risco de DHEG em pacientes com diabetes pré-gestacional é de cerca de 20%. Vale lembrar que a DHEG está presente com maior frequência nos casos de doença trofoblástica gestacional e também nessa condição, surge em idades gestacionais mais precoces. A doença trofoblástica é a única situação em que a DHEG pode se manifestar em idades gestacionais inferiores a 20 semanas. Estudos recentes demonstram que a incidência total de DHEG, assim como a das formas graves da doença, é maior nas mulheres que desenvolveram essa patologia em gestação anterior, quando comparadas a nulíparas. Por isso, gestantes com história prévia de DHEG merecem atenção especial em nova gestação. Por fim, sabe-se que gestantes com trombofilias, como a síndrome antifosfolípide e formas hereditárias (mutação do fator V de Leiden, mutação do gene da protrombina e deficiências de antitrombina) tem maior chances de ter doenças hipertensivas, pois estas são associadas a manifestações tromboembólicas venosas, arteriais e da microcirculação que pode predispor a pré- eclâmpsia ou acelerar a sua evolução. Existem diversos fatores que aumentam o risco de desenvolver as SHG, como: (1) Diabetes (2) Doença renal (3) Obesidade (4) Gravidez múltipla Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed (5) Primiparidade, (6) Idade superior a 30 anos (7) Antecedentes pessoais ou familiares de pré-eclâmpsia e/ou hipertensão arterial crônica (8) Raça negra Objetivo 02:Descrever mecanismos fisiopatológicos da pré-eclampsia e suas complicações; Fisiopatologia A fisiopatologia da pré-eclâmpsia ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que se trata de uma patologia multifatorial, tendo sido descrito fatores imunológicos, genéticos e ambientais para a sua instalação. Levando ao acometimento de vários órgãos maternos. Em uma gestação normal, as artérias espiraladas uterinas são transformadas de vasos de alta resistência em vasos de baixa resistência para prover uma adequada implantação e crescimento do feto e isso se dá pela invasão trofoblástica das camadas arteriais. Nas mulheres que desenvolvem a pré- eclâmpsia, a invasão trofoblástica deixa de ocorrer, ou ocorre de maneira inadequada, resultando em vasos de alta resistência e circulação placentária com baixo fluxo. A isquemia placentária e a hipóxia determinam lesão do endotélio vascular, agregação plaquetária bem como obstrução do fluxo sanguíneo placentário. A hipoxia placentária também aumenta a produção de peróxidos lipídicos que prejudicam a síntese de prostaciclina, potente vasodilatador. A síntese do óxido nítrico potente vasodilatador parece também estar afetada na pré- eclâmpsia. Estágios: O primeiro estágio da doença é caracterizado pela falha na invasão trofoblástica, mantendo artérias espiraladas de alta resistência e isquemia placentária, sendo que esse ocorre no primeiro trimestre da gestação até a 18ª semana. Os fatores de risco conhecidos para inadequada invasão trofoblástica são autoanticorpo do receptor do sistema renina-angiotensina, deficiência de células Natural Killer (NK) deciduais, fatores genéticos, estresse oxidativo, dentre outros fatores. No segundo estágio, a má invasão trofoblástica e a isquemia placentária levam a placenta a produzir e lançar na circulação sistêmica substâncias antiangiogênicas em detrimento das pró-angiogênicas com importante desequilíbrio e predomínio da vasoconstrição, e ocorre entre a 18ª e 25ª semanas de gestação. Os mais conhecidos e estudados pró-angiogênicos são o Vascular Endotelial Growth Factor (VEGF) e Placental Growth Factor (PlGF), que estão diminuídos, e o receptor solúvel de VEGF e PlGF denominado sFlt-1, que está aumentado, levando, portanto, a um desequilíbrio e predomínio do quadro de vasoconstrição sistêmica generalizada. O terceiro estágio da doença acontece após 20 semanas e é caracterizado pelas manifestações clínicas secundárias ao predomínio do vasoespasmo arterial generalizado levando à hipertensão arterial, à lesão renal com proteinúria e a lesões de órgão-alvo com acometimento hepático, no sistema nervoso central e no sistema de coagulação. Fatores Fatores imunológicos: na DHEG ocorre uma resposta inflamatória exacerbada que impede a placentação adequada. Isso Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed pode ser resultado de: excesso de carga antigênica fetal, ausência de anticorpos bloqueadores (que teriam um efeito protetor contra a imunidade celular materna), ativação de polimorfonudeares e do complemento, além da liberação de citocinas citotóxicas e interleucinas. Fatores genéticos: histórico familiar, fator de necrose tumoral (TNF), linfotoxina-alfa, interleucina-1 beta. Teoria de comprometimento das ondas de invasão trofoblástica Em circunstâncias normais, as artérias espiraladas uterinas passam a ter baixa resistência para prover adequada implantação e crescimento fetal. Este processo de alteração da resistência vascular se dá pela invasão trofoblástica das camadas arteriais. Acontece que nas mulheres que desenvolvem a pré-eclâmpsia, não ocorre ou ocorre inadequadamente a invasão trofoblástica, resultando em vasos de alta resistência e circulação placentária com baixo fluxo. A isquemia placentária e a hipóxia determinam a lesão endotelial, a agregação plaquetária, assim como a obstrução do fluxo sanguíneo placentário. Além disso, a hipóxia placentária também aumenta a produção de peróxidos lipídicos que prejudicam a síntese de prostaciclina (vasodilatador). Um outro achado é que a produção de NO (óxido nítrico) também parece estar comprometida na pré-eclâmpsia, dificultando ainda mais a vasodilatação Complicações ➔ Maternas A principais complicações maternas dos quadros de pré-eclâmpsia são: Manifestações clínicas:Os sintomas da eclâmpsia incluem: Convulsões; Dor de cabeça intensa; Hipertensão arterial; Aumento de peso rápido devido à retenção de líquido; Inchaço das mãos e pés; Perda de proteínas pela urina; Zumbidos nos ouvidos; Dor de barriga intensa; Vômitos; Alterações de visão. OBS.: As crises convulsivas na eclâmpsia costumam ser generalizadas e têm duração de cerca de 1 minuto, podendo evoluir para coma. E essas levam ao aumento da morbimortalidade materna e à admissão em unidade de terapia em intensiva. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Síndrome HELLP DEFINIÇÃO: A Síndrome HELLP é considerada uma variante da pré-eclampsia grave caracterizada por quadros de Hemólise, Elevação das enzimas hepáticas e Plaquetopenia. É observada em mulheres grávidas com Pré-eclâmpsia ou eclampsia que manifestam alterações no fígado e anormalidades na coagulação sangüínea. QUADRO CLÍNICO: O quadro clínico típico que ocorre na segunda metade da gestação é a presença de dor epigástrica ou no quadrante superior direito (90% das pacientes), particularmente associada a náuseas e vômitos (50% das pacientes), hemorragia gastrointestinal e edema. É importante lembrar que a hipertensão e a proteinúria podem estar ausentes ou serem apenas ligeiramente anormais. Alguns pacientes podem apresentar vários sinais e sintomas, nenhum deles característico de pré- eclampsia grave; por isso, recomenda-se avaliação laboratorial para todas as gestantes com alguns destes sintomas. COMPLICAÇÕES: Insuficiência cardíaca e pulmonar, hemorragia interna, acidente vascular cerebral e outras complicações graves para a mãe. Ela também pode ocasionar o deslocamento prematuro da placenta, da parede uterina, o que pode resultar em morte fetal; outras complicações para o feto podem incluir o crescimento uterino restrito e SARA (Síndrome da angústia respiratória). Exames para pré-eclâmpsia: hemograma, TGO, TGP, proteinúria de 24h, EAS, Bilirrubinas, ácido úrico, ureia, creatinina, DHL. OBS.: Sinais de Gravidade: • Aumento das transaminases (TGO e TGP) - são enzimas do fígado que têm seus níveis sanguíneos aumentados, quando existe lesão nas células hepáticas. • Fígado em sofrimento • Necrose e Isquemia • Compressão da cápsula de Glisson gera a dor. OBS.: Proteinúria ocorre pela lesão glomerular – diminui a taxa de filtração das proteínas (“passa o que não deveria passar”). OBS.: Ocorre micro-coágulos em todo o sistema, o que pode ocasionar isquemia e necrose (obstruem os capilares). OBS.: Saber porque na pré-eclâmpsia grave há presença de esquizócitos (eritrócitos fragmentados) em esfregaço de sangue periférico. Objetivo 03: Compreender o tratamento com sulfato de magnésio na pré-eclampsia e eclampsia; A resolução da doença requer a interrupção da gestação. Uma vez estabelecido o diagnóstico, deve-se tomar a decisão de realização do parto ou conduta expectante, em função da idade gestacional, da vitalidade e maturidade fetal e da gravidade da doença. O sulfato de magnésio é a droga de escolha para o controle das convulsões eclâmpticas. O melhor tratamento para pré-eclâmpsia Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed continua sendo o pré-natal correto, o diagnóstico e tratamento clínico precoce e o adequado momento para a interrupção da gestação que é o tratamento definitivo. A administração de sulfato de magnésio a 50% pela equipe de enfermagem ocorre na pré-eclâmpsia grave e eclampsia. Uma importante medida terapêutica é a utilização do sulfato de magnésio,uma droga ideal tanto para a profilaxia como para o tratamento das convulsões eclâmpticas, indicando a efetividade e segurança da droga, que reduz significativamente o risco de convulsões, bem como o de morte materna. Os possíveis efeitos colaterais da administração parenteral do sulfato de magnésio são hipotensão, náuseas, vômitos, sensação de calor, rubor, fraqueza muscular, vertigem e irritação no local da aplicação. Estes efeitos são as principais razões para solicitação das pacientes de parar o tratamento. Além disso, podem ocorrer depressão respiratória e hemorragia pós- parto. Não existe um consenso da literatura sobre o tempo, duração, dose e via de administração do sulfato de magnésio. Resumindo: HAG e pre-eclâmpisia leve ➔ 37 semanas • Parto é o tratamento definitivo • Seguimento ambulatorial o CTG semanal a partir de 30s o USG com Doppler mensalmente • Não prescrever anti´hipertensivos • Corticoide em gestantes com < 34 semanas Pré-eclâmpsia superajuntada e pré- eclâmpsia grave ➔ Até 34 semanas • Estabilização • Sulfato de Magnésio o Pritchard ➔ 4Giv + 10g IM + 5g IM a cada 4 horas o Zuspan ➔ 4g IV + 1 a 2g/h o Silbai ➔ 6g IV + 2 a 3g/h • Corticoide • Durante o internamento – CTG diária a partir de 30s • USG com Doppler semanal • Antihipertensivos – Objetivo: PA 140- 155X100-90 mmHg • Drogras: Metildopa, Pindolol, Nifedipina, Hidralazina (pode ser usada via IV • Parto logo após estabilização – não aguardar corticoide • Prevenção e Prognóstico o Eclmâmpsia ➔ mortalidade 10-15% e perinatal 30% o Principal causa da morte: AVCh 60% o Pré-eclâmpsia ➔ mortalidade rara, exceção HELLP, Perinatal 15% o Quanto mais precoce pior Mecanismo de Ação: O aumento da concentração do magnésio extracelular causa vasodilatação e atenua os agonistas que induzem a vasoconstricção, enquanto concentrações diminuídas causam vasoconstricção e potencializam os agonistas que causam vasoconstricção. O mecanismo exato deste processo é incerto, mas provavelmente é influenciado pelas concentrações de cálcio que é o maior determinante da contração do músculo liso vascular. No espaço extracelular, o magnésio atua inibindo o transporte transmembrana do cálcio, diminuindo a entrada do cálcio com consequente diminuição da ação contrátil dos agentes vasoativos e no espaço intracelular atua como um antagonista do cálcio, modulando a ação vasoconstrictora. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Finalidade: • Diminuir a irritabilidade neuromuscular. • Bloquear a liberação da acetilcolina na junção neuromuscular. • Deprimir o centro vasomotor. • Deprimir o a irritabilidade do sistema nervoso central (SNC). Indicações: • Prevenção de convulsões recorrentes em eclampsia • Prevenção de desenvolvimento de eclâmpsia em mulheres com pré- eclâmpsia grave. Objetivo 04: Discutir o impacto psicossocial da perda fetal na família e como agir para dar más notícias aos familiares; Como dar a notícia à família O impacto psicossocial da perda fetal na família. Uma perda na gravidez pode ser tão estressante que os pais podem não conseguir superar o pesar, adaptar-se à perda ou manter sua autoestima, o que interfere em gestações subsequentes, assim como no relacionamento do casal. Os pais estão frequentemente muito chocados e a perda abala seu processamento das explicações do médico. O medo que os pais têm de terem causado, eles mesmos, a tragédia ocorrida. Tem situações onde a gestante expressa preocupação por seus atos na gravidez que possam ter contribuído para o óbito fetal, como fumar (cigarro ou maconha), ingerir bebidas alcoólicas e usar drogas. Nessa hora não se deve recriminar ou culpar, mas sim, apoiar a relação dos pais, que é tão importante para o bem-estar de todos. Impacto psicossocial Como agir para noticiar situações adversas a familiares • Apesar de os profissionais de saúde não poderem impedir a dor da perda, eles podem confortar e ajudar os pais, esclarecendo e amparando toda família neste momento delicado. • O médico deverá escolher muito bem as palavras nesse momento. • É importante que a notícia seja dada em um local tranquilo, privativo e confortável, para evitar que hajainterrupções. • É essencial ser honesto, direto, empático e breve. • Os profissionais de saúde não devem utilizar termos técnicos complicados, mas não devem deixar de dar informações técnicas. • Deve-se tomar cuidado em fornecer informações verdadeiras de uma maneira delicada, fortalecendo a ligação dos pais com o bebê e a crença no provedor. • Não há necessidade de esconder a preocupação e o sentimento de pesar sobre a perda. • A inclinação para a frente, o contato visual e a oferta de apoio são apropriadas. • Os pais geralmente gostam de uma mão no ombro ou um abraço, se esta forma de relacionamento existir, de acordo com o estilo do profissional. • Após o compartilhamento de informações, é importante que se dê tempo ao silêncio, à exceção de estender um caloroso e preocupado toque físico ou uma expressão de empatia por sua angústia. • Após fornecer o diagnóstico, é necessário explicar os próximos passos, como a indução do trabalho de parto, realização de exames complementares adicionais, pesquisa de possíveis causas e delinear alternativas. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed • Muitas vezes, os pais serão pegos de surpresa e podem querer tempo para elaborar e fazer perguntas. • Assim que for delineada a conduta, é preciso ser breve e falar devagar o suficiente para que os pais entendam e possam optar ou não pela conduta ativa ou expectante. • Logo após o parto, sempre que possível, convém permitir que os pais vejam e toquem o bebê, se o desejarem. Se possível deve-se conseguir privacidade nesse momento. • Mesmo que haja anomalia grave ou maceração, é preferível que os familiares vejam o bebê, uma vez que a deformidade imaginada pode causar um impacto negativo maior do que a visualização da anomalia real. • Se a deficiência for muito grave como anencefalia ou maceração acentuada, é melhor preparar os pais previamente com algumas fotos de outros casos. • É importante guardar registros como a marquinha do pé, um pouco de cabelo, uma foto. Os pais podem não querer estas recordações nesse momento, mas a maioria retorna à maternidade, procurando por aqueles registros.
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