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Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed TUTORIA Problema 1, Módulo 3 – Câncer de Cólon Aspectos Psicossociais da Colostomia Objetivo 01: Discutir neoplasia maligna (definição, epidemiologia no Brasil e estadiamento). Definição Neoplasia é definida como uma lesão constituída por proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em geral com perda ou redução de diferenciação, em consequência de alterações em genes ou proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células. Nesse contexto, o que diferencia uma neoplasia de uma displasia e hiperplasia é exatamente a autonomia de proliferação. Quando ocorre em um órgão sólido, o maior número de células de uma neoplasia forma um tumor. Dos pontos de vista clínico, evolutivo e de comportamento, as neoplasias são divididas em duas grandes categorias: benignas e malignas. As benignas geralmente não são letais nem causam sérios transtornos para o hospedeiro; por isso mesmo, podem evoluir durante muito tempo e não colocam em risco a vida do seu portador. As malignas em geral têm crescimento rápido e muitas provocam perturbações homeostáticas graves que acabam levando o indivíduo à morte. A neoplasia maligna, também chamada de tumor maligno ou câncer, é caracterizada por um crescimento mais rápido do que a benigna e suas células são menos diferenciadas, o que faz com que muitas percam a sua função no tecido original. Como essas células apresentam uma redução das estruturas juncionais e moléculas de adesão, elas apresentam maior mobilidade, e invade os tecidos adjacentes ou órgãos a distâncias que é a metástase. Os sintomas mais prevalentes são alteração do hábito intestinal e emagrecimento, estando ambos presentes em cerca de 75% dos casos; seguidos de dor abdominal (62,5%), hematoquezia e anemia (37,5%). • Características macroscópicas - Crescimento rápido, agressivo, sem limites definidos. • Características Microscópicas - Pleomorfismo celular, pouco diferenciada, mitose frequentes e atípicas, hipercromatismo das células, relação núcleo/citoplasma alterada, invasão dos tecidos subjacentes. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Epidemiologia Incidência: Mortalidade Estadiamento Estadiamento é o processo para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa. É a forma como o médico determina o avanço da doença no organismo de um paciente. Para a maioria dos tipos de câncer, os médicos usam informações que ajudam a planejar o tratamento e a determinar o prognóstico do paciente. Embora cada caso seja diferente, cânceres com o mesmo estadiamento tendem a ter prognósticos semelhantes e, muitas vezes, são tratados da mesma forma. O estadiamento do câncer é também uma maneira que os médicos utilizam para descrever a extensão do câncer, por exemplo, ao referir-se a um determinado caso e discutir suas possibilidades terapêuticas. Os médicos precisam conhecer a extensão da doença e sua localização para poder definir as melhores opções de tratamento. Em um sentido mais amplo, os médicos usam as informações do estadiamento quando estão estudando as opções de tratamentos contra a doença. O estadiamento permite que os pesquisadores se certifiquem se alguns grupos participantes de um estudo são, na verdade, similares quando recebem novos tratamentos contra o câncer, comparando- os com outros que já são realizados. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Nem todos os cânceres são estadiados. Por exemplo, a leucemia pode estar disseminada por todo o organismo. A maioria dos tipos de leucemia não são estadiados da forma como são estadiados cânceres que formam tumores sólidos. Ao determinar a extensão do câncer no organismo, os médicos primeiramente observam o tumor primário, seu tamanho, localização, e se cresceu em áreas próximas à lesão. Eles também investigam a existência de outros tumores nas proximidades. Estudam os linfonodos próximos para verificar se o tumor se espalhou até eles. Muitos tipos de câncer, frequentemente se disseminam para os linfonodos próximos antes de atingir outras partes do corpo. Os médicos também podem verificar se o câncer se disseminou para outras áreas do organismo. Quando o câncer se dissemina para partes do corpo distantes do tumor primário, é denominado câncer metastático. Em alguns tipos de câncer, outros fatores também são utilizados para determinar o estágio, como o tipo celular e o grau (quão anormais as células cancerígenas são observadas ao microscópio) ou ainda os resultados de determinados exames de sangue. Tipos de estadiamento: O estadiamento é realizado quando um paciente recebe o diagnóstico inicial de câncer, antes de qualquer tratamento ser iniciado. Os principais tipos de estadiamento são: • Estadiamento clínico. Esse na verdade é uma estimativa da extensão da doença com base nos resultados do exame físico, exames de imagem (raios X, tomografia computadorizada, etc.) e biópsia de tumor. Para alguns tipos de câncer, os resultados de outros exames, como os de sangue, também são utilizados no estadiamento. O estágio clínico é uma parte fundamental do diagnóstico para decidir o melhor tratamento a ser iniciado. É também a linha de base utilizada comparativa para ver se a doença responde ao tratamento. • Estadiamento patológico. Se o tratamento cirúrgico foi realizado, os médicos podem determinar o estadiamento patológico, também denominado estadiamento cirúrgico. O estadiamento patológico baseia-se nos resultados dos exames e testes mencionados anteriormente, bem como o que foi observado durante a cirurgia. A cirurgia pode ser realizada para retirar o tumor e os linfonodos próximos. Mas, às vezes a cirurgia é realizada para ver o quanto a doença está disseminada e para retirar amostras de tecido. Às vezes, o estadiamento patológico pode ser diferente do estadiamento clínico, por exemplo, se a cirurgia mostra que o câncer se disseminou mais do que pensava. O estadiamento patológico oferece à equipe médica, informações mais precisas que podem ser utilizadas para prever a resposta ao tratamento e seus resultados (prognóstico). Sistema TNM A American Joint Committee on Cancer (AJCC) e a União Internacional de Controle do Câncer (UICC) utilizam o sistema de classificação TNM como uma ferramenta para os médicos estadiarem diferentes tipos de câncer com base em determinadas normas. Ele é atualizado a cada 6 a 8 anos para incluir os avanços na compreensão de uma doença como o câncer. No sistema TNM, a cada tipo de câncer é atribuída uma letra ou número Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed para descrever o tumor, linfonodos e metástases. T - para o tumor primário. N - para linfonodos. O câncer que se disseminou para os linfonodos próximos. M - para metástase. O câncer que se disseminou para partes distantes do organismo. A categoria T fornece informações sobre aspectos do tumor primário, como seu tamanho, quão profundamente se desenvolveu no órgão em que se originou e quanto invadiu os tecidos adjacentes: • TX significa que o tumor não pode ser avaliado • T0 significa que não existe evidência de tumor primário (não pode ser encontrado). • Tis significa que as células cancerígenas estão se desenvolvendo apenas na camada mais superficial do tecido, sem invadir tecidos mais profundos. Também pode ser chamado de câncer in situ. Os números que aparecem após o T (como T1, T2, T3 e T4) descrevem o tamanho do tumor e/ou a disseminação da doença nas proximidades. Quanto mais alto o número atribuído a T, maior o tumor e/ou mais disseminado nos tecidos próximos se encontra. A categoria N descreve se o câncer se disseminou para os linfonodos próximos: • NX significa que os linfonodos nãopodem ser avaliados. • N0 significa que os linfonodos vizinhos não contêm câncer. Os números que aparecem após o N (por exemplo, N1, N2 e N3) descrevem o tamanho, localização e/ou o número dos linfonodos com a doença. Quanto mais alto o número atribuído a N, mais o câncer está disseminado para os linfonodos. A categoria M descreve se o câncer se disseminou (metástases) para locais distantes do corpo: • M0 significa que nenhuma disseminação foi encontrada. • M1 significa que o câncer se disseminou para tecidos e órgãos distantes (metástases à distância foram encontradas). Alguns tipos de câncer também têm agrupamentos especiais que são diferentes de outros. Por exemplo, existem classificações que podem ter subcategorias, como T3a e T3b, enquanto outros podem não ter uma categoria N3. Agrupamento dos estágios Uma vez determinados o T, N e M, são combinados para atribuir uma nota global. Para a maioria dos cânceres, o estágio utiliza um número romano de I a IV, onde o estágio IV (4) é o mais elevado e significa que o câncer é mais avançado do que a fase imediatamente anterior e assim sucessivamente. Algumas vezes os estágios são subdivididos, usando letras como A e B. Estágio 0 é o carcinoma in situ, para a maioria dos cânceres. Isso significa que o câncer se encontra numa fase muito precoce, localizado apenas na área onde originalmente se iniciou e não se disseminou. Nem todos os cânceres têm um estágio 0. Estágio I corresponde ao estágio seguinte e têm um bom prognóstico. Lembrando que o prognóstico vai piorando a medida que o estágio aumenta. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Objetivo 02: Compreender o Câncer colorretal: epidemiologia, fatores de risco, fisiopatologia (sequência adenoma- adenocarcinoma e síndromes hereditárias), prevenção, rastreamento, diagnóstico (sinais e sintomas, marcadores tumorais, vias de disseminação e principais sítios de metástase). Definição O câncer colorretal é caracterizado como uma neoplasia que pode acometer regiões do cólon, reto e ânus (intestino grosso), tendo uma progressão lenta e geralmente assintomática. É necessária uma análise em casos de sintomas e sinais de alerta como alterações do hábito intestinal, dor abdominal, sangue oculto e alterações nas fezes, sendo método diagnóstico do CCR a realização de biópsias, exames físicos, tomografias e dosagem do antígeno carcinoembrionário. Epidemiologia O câncer colorretal (CCR) constitui a neoplasia maligna mais comum do trato gastrointestinal e a terceira causa de câncer associada à morte no mundo. Geralmente, o CCR é considerado doença que afeta pessoas mais idosas e a maioria dos casos é diagnosticada ao longo da quinta e sexta décadas de vida, com prevalência mais alta em homens. Por isso, o rastreamento geralmente não é recomendado para indivíduos com menos de 50 anos de idade, cujo risco de carcinogênese é menor. Reconhece-se que o risco de CCR ao longo da vida seja de 5%, aumenta com a idade e mais de 90% dos casos acometem pessoas acima dos 50 anos de idade. Por essa razão, as recomendações atuais são de realizar rastreamento após essa idade para pessoas sem fatores de risco associados à doença. O câncer colorretal (CCR) é uma doença prevalente e letal. Pela detecção e remoção de adenomas e de lesões malignas localizadas, o rastreamento previne de doença e de mortes por ela causadas. É infrequente abaixo dos 40 anos e sua incidência aumenta progressivamente a cada década de vida, com 90% dos casos ocorrendo após os 50 anos. Segunda neoplasia mais diagnosticada em mulheres e terceira em homens, que têm incidência 25% maior. Nos Estados Unidos, a mortalidade está diminuindo devido, principalmente, ao rastreamento. Nos países da América Central, América do Sul e do Leste Europeu, entretanto, continua aumentando, atrelada a recursos limitados e à pior infraestrutura do sistema de saúde. O CCR figura entre os cinco primeiros mais freqüentes e a incidência não é homogênea em todo o país, com prevalência na região sul e sudeste, particularmente nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. É estimada para o ano de 2005 a ocorrência de 26.050 casos novos para ambos os sexos. Ocupa o 4º lugar em incidência para homens e o 3º para mulheres, excluídos os tumores de pele, não-melanomas. Em relação à idade, mais de 50% dos casos manifestam-se em indivíduos com mais de 60 anos (média de 67 anos), sendo o risco deste câncer tanto maior, quanto maior a faixa etária (risco de 0,05 até 39 anos e 4,3 entre 60 e 80 anos). Em relação à mortalidade, no Brasil o CCR representa a quinta causa de óbitos para ambos os sexos. De acordo com informação de 2001 do Ministério da Saúde, representa 13,4% da mortalidade para todas as idades e 21% para a faixa entre 60 e 64 anos. O padrão de mortalidade para este câncer acompanha Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed também o de incidência, observando-se taxas mais elevadas nas regiões Sul e Sudeste. Todas as regiões apresentam tendência de aumento nas taxas de mortalidade durante o período de 1980 a 1997, como bem foi documentado no trabalho apresentado. A incidência do CCR é maior em homens e em afrodescendentes, sendo também diretamente proporcional à idade (≥ 50 anos). 75% dos casos advêm de pessoas com idade igual ou superior a 50 anos, 20% de origem familiar, e os últimos 5% de síndromes e inflamações intestinais Na análise da série histórica dos índices de mortalidade para o período compreendido entre 1979 e 2000, houve crescimento médio anual de 3,5%. As taxas brutas passaram de 2,44 para 4,12 por 100.000 homens e de 2,80 para 4,29 por 100.000 mulheres, o que representou aumento de 69% e 60% respectivamente. Fatores de Risco: • Idade acima de 50 anos, idade média de 70 anos • Excesso de peso corporal e alimentação não saudável (ou seja, pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras) • O consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e a ingestão excessiva de carne vermelha • Tabagismo • Consumo de bebidas alcoólicas • A exposição ocupacional à radiação ionizante, como aos raios X e gama • História familiar de câncer de intestino, história pessoal de câncer de intestino, ovário, útero ou mama • Doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, também aumentam o risco de câncer do intestino, bem como doenças hereditárias, como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC). Observação: Isoladamente, a idade consiste no maior fator de risco para CCR. Porém, aspectos ambientais e genéticos também aumentam a probabilidade deste tipo de câncer. Síndromes hereditárias de CCR (Polipose Adenomatosa Familiar, Câncer Colorretal Hereditário Não Polipoide – HNPCC, entre outras), história pessoal ou familiar de CCR e/ou adenomas, doença inflamatória intestinal e radiação abdominal prévia são fatores de risco que podem, inclusive, alterar as recomendações de rastreamento. Quanto ao gênero, homens têm maior incidência, e os pólipos adenomatosos e os Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed CCRs são mais proximais em mulheres (especialmente na pós-menopausa). Por motivos ainda não esclarecidos, os afrodescendentes são mais acometidos que os indivíduos da raça branca. Diabetes mellitus, resistência à insulina e obesidade estão atreladas a riscos aumentados de neoplasias colorretais. Consumo de carne vermelha, de tabaco e de álcool em grandes quantidades também implicam em acréscimo de risco. Fisiopatologia A sequência adenoma-carcinoma é bem conhecida e é a base do rastreamento do CCR. Grande parte dos CCR surge de adenomas, a maioriaprogredindo de um pequeno pólipo para um maior (>1cm) e, então, para displasia e câncer, o que pode levar cerca de 10 anos. Alguns cânceres provêm de adenomas planos e têm maior chance de displasia. Pólipos hiperplásicos, indistinguíveis dos adenomatosos na endoscopia convencional, requerem biópsia para diferenciação e diagnóstico. Dois terços dos pólipos são adenomas. O risco de CCR aumenta conforme tamanho, quantidade e histologia dos pólipos. Ainda, estudos constataram que a remoção dos pólipos configura uma forma de prevenção contra CCR. Síndrome de Lynch (carcinoma colorretal hereditário não polipoide [CCHNP]) A síndrome de Lynch é originada por uma mutação genética hereditária que causa câncer colorretal em 70% a 80% das pessoas com esse tipo de mutação. Pessoas com a síndrome de Lynch costumam apresentar câncer colorretal antes dos 50 anos de idade. Elas também têm um risco maior de apresentar outros tipos de câncer, sobretudo câncer do endométrio e de ovário, além de câncer de estômago e câncer do intestino delgado, de via biliar, de rim e de ureter. • A polipose adenomatosa familiar é uma doença em que a pessoa herda um gene mutado, que é o gene APC, no qual a pessoa tem cem por cento de chance de desenvolver câncer colorretal até os 50 anos. • As síndromes com polipos hamartomoatosos tem pouca chence de Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed transformação maligna. Um grande exemplo é a sindrome de peutz-jagehrs que se apresenta com manchas melanóticas na pele e polipos hamartomatosos. A síndrome de polipose associada ao MUTYH É uma doença genética rara, que é uma causa pouco frequente de câncer colorretal. Ela é decorrente de mutações genéticas no gene MUTYH. Mais de 50% das pessoas que têm essa síndrome desenvolvem câncer colorretal a partir dos 60 anos de idade. Elas também têm um risco maior de desenvolver outros tipos de câncer como, por exemplo, outros tipos de câncer do trato digestivo e do osso, além de câncer de ovário, de bexiga, de tireoide e de pele. Prevenção A prevenção do CCR, atualmente, está baseada na prevenção primária, através da mudança do estilo de vida: com redução do uso de gordura animal, de carne vermelha e de alimentos ultraprocessados, do combate ao sedentarismo, ao uso de álcool e a obesidade; do tratamento de doenças específicas como a diabete mellitus e a doença inflamatória intestinal crônica e do uso de quimioprevenção para grupos específicos de alto risco. O segundo momento da prevenção está baseado na educação da população quanto aos sinais e sintomas de alerta, com relação a CCR, como presença de sangue nas fezes, a alteração do hábito intestinal, da dor abdominal associada a formação de meteorismo e ainda pela presença de anemia ferropriva sem causa definida. No rastreamento, temos disponível três grupos de pesquisa: a pesquisa de sangue oculto nas fezes, a colonoscopia e a colonografia por tomografia computadorizada. Na pesquisa de sangue oculto nas fezes existem os métodos de pesquisa comum, o hemocult, o imunoquímico e a pesquisa do DNA. Os dois primeiros métodos apresentam alto índice de falsos positivos. O método imunoquímico é o mais barato, menos invasivo e sem risco ou desconforto, tendo uma alta sensibilidade, mas uma baixa especificidade, ao passo que a pesquisa de DNA fecal tem uma sensibilidade e especificidade alta, mas tem um custo elevado. A colonoscopia é um método caro e invasivo, mas é o de melhor sensibilidade e especificidade, além de poder tratar a doença préneoplásica. A colonografia por tomografia computadorizada tem uma sensibilidade similar a colonoscopia tradicional, necessitando também de preparo intestinal prévio e da insuflação de ar no cólon, para sua realização, tendo igualmente, um custo elevado O rastreamento do CCR visa a prevenção secundaria e o diagnóstico precoce. Existe vários testes disponíveis para a realização deste rastreamento, não existindo na literatura atual uma definição sobre o método ou a estratégia ideal, principalmente para o emprego em grandes massas populacionais e em especial em grupos desassistidos ou vulneráveis da população. No Brasil não existe nenhum programa de prevenção do CCR, organizado pelo Ministério da Saúde e as associações médicas de especialidades relacionadas com o CCR, preconizam o uso da colonoscopia como método padrão. Rastreamento Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed O rastreamento do CCR visa a detecção desse do tumor em estágios iniciais ou a identificação de lesões pré-cancerosas em pessoas assintomáticas. Está indicado para pessoas de risco médio (pessoas sem histórico familiar de alto risco de neoplasia colorretal) a partir dos 50 anos, sendo que se pode interromper a triagem quando a expectativa de vida for menor que 10 anos • Colonoscopia a cada 10 anos se a primeira for negativa; • Colonografia por TC a cada 5 anos naqueles que não farão colonoscopia; - Retossigmoidoscopia flexível a cada 10 anos isolada ou em associação com o sangue oculto nas fezes anualmente; • Três amostras de Sangue oculto nas fezes anualmente (com guáiaco ou método imunoquímico); ou Teste de DNA de uma amostra de fezes a cada cinco anos. Em pacientes de alto risco para CCR (história familiar de CCR em parentes de primeiro grau, história pessoal de CCR ou pólipo maior que 1 cm ou múltiplos pólipos de qualquer tamanho e portadores de doença inflamatória), deverão iniciar a triagem aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do CCR no parente de primeiro grau. • Colonoscopia a cada 5 anos. • Pacientes com PAF: Realização de retossigmoidoscopia flexível entre 10-12 anos que deve ser repetida entre 1-12 anos até a idade de 35 anos, quando o rastreio passa a ser a cada 3 anos. • Pacientes com CCHNP (Não Poliposo Hereditário): Realização de colonoscopia a partir de 20-25 anos repetindo a cada 2 anos. Após os 40 anos, o rastreamento deve ser anual. Diagnóstico Pacientes com CCR podem se apresentar assintomáticos, com sinais e/ou sintomas suspeitos, ou sendo admitidos em emergência. Cabe dizer que não existem sintomas típicos, ou patognomônicos, que confirmem o diagnóstico. Em seu estágio inicial, os tumores costumam ser assintomáticos, sendo o diagnóstico feito através de achados casuais do rastreamento. Conforme a doença avança, podem surgir sintomas, sendo mais frequentes os seguintes: hematoquezia, melena, dor abdominal, anemia de causa obscura e alteração do hábito intestinal. Pode ocorrer distensão abdominal, náuseas e vômitos, decorrentes de obstrução intestinal. A sintomatologia irá variar com o tamanho e a localização do tumor. Hematoquezia é mais característica dos cânceres de reto e de cólon descendente. Melena é mais associada às neoplasias de cólon ascendente. Anemia ferropriva, devido a perdas sanguíneas, ocorre marcadamente na doença que acomete cólon direito e ceco. A dor abdominal, se presente, correlaciona-se com disseminação pelo peritônio, perfuração intestinal e peritonite. Alterações do hábito intestinal, comumente, se devem a tumores de cólon esquerdo. Tenesmo, dor pélvica e diminuição do calibre das fezes indicam acometimento do reto. Tendo em vista a considerável ocorrência de metástases do CCR, deve-se atentar para outros sintomas, como: dor em hipocôndrio direito, saciedade precoce, anorexia, perda de peso e/ou adenopatia supra clavicular. A presença destes, em paciente com diagnóstico de CCR, alerta para a existência de metástases distantes ou, então, contíguas. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed O diagnóstico de câncer de cólon é estabelecido pelo exame histopatológico de espécime tumoral obtido por meio da colonoscopia ou do exame de peça cirúrgica. A colonoscopia é o método preferencial de diagnóstico, por permitir oexame de todo o intestino grosso. Já o diagnóstico de câncer colorretal hereditário não-polipose pode ser realizado através de critérios clínicos ou testes moleculares. Os critérios clínicos empregados são os de Amsterdam I e II , obtidos a partir da história familiar do indivíduo em questão. O diagnóstico genético baseia-se no sequenciamento dos genes de reparo do DNA, principalmente MLH1 e MSH2, responsáveis por cerca de 90% dos casos de HNPCC descritos até o momento. Os critérios de Amsterdã I levam em consideração a história familiar do paciente e a idade no diagnóstico, porém não incluem tumores extracolônicos, tornando-os extremamente restritivos. Por esses motivos, os critérios de Amsterdã I foram reformulados para a inclusão de outros tumores (Critérios de Amsterdã II) o Amsterdam II: Ao menos três familiares devem ter um câncer associado com câncer colorretal hereditário não- polipose (colorretal, endométrio, urotélio ou intestino delgado); Um deve ser parente em primeiro grau dos outros dois; Ao menos duas gerações sucessivas devem ser afetadas; Ao menos um dos casos de câncer associado ao HNPCC deve ter sido diagnosticado antes dos 50 anos; Polipose adenomatosa familiar deve ser excluída. Os sinais e sintomas mais frequentes no CA colorretal são: • Sangue nas fezes, sangue anal; • Alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados); • Dor ou desconforto abdominal com gases ou cólicas; • Fraqueza e anemia; • Perda de peso sem causa aparente. • Alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas) • Massa (tumoração) abdominal Esses sinais e sintomas também estão presentes em problemas como hemorroidas, verminose, úlcera gástrica e outros, e devem ser investigados para seu diagnóstico correto e tratamento específico. Pessoas com mais de 50 anos com anemia de origem indeterminada e que apresentem suspeita de perda crônica de sangue no exame de sangue devem fazer endoscopia gastrintestinal superior e inferior. Marcadores tumorais: a) CEA (antígeno carcinoembrionário) CEA é produzido pelas células da mucosa gastrintestinal. Descoberto na década de 1960, determinado em amostras de soro periférico, constitui o marcador mais utilizado na prática clínica nas neoplasias colorretais. Pouco efetivo no diagnóstico do câncer colorretal, por sua baixa sensibilidade em lesões iniciais, tem utilidade no estabelecimento de índices prognósticos e destaque no seguimento dos pacientes após tratamento cirúrgico pretensamente curativo, promovendo por vezes detecção precoce de recidiva tumoral. Sua sensibilidade nas etapas de diagnóstico da lesão situa-se entre 20% e 40%; no entanto, sua sensibilidade no seguimento pós-operatório dos pacientes, para detecção de recidivas locorregionais ou hepáticas, pode ultrapassar 90%. b) CA 242, CA 19-9, CA72-4. c) Citoqueratinas. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed d) p53. e) VEGF ou "fator de crescimento vascular endotelial" (vascular endothelial growth factor). Lugares mais comuns de metástase: • Fígado: 38-60% • Gânglios linfáticos abdominais: 39% • Pulmão: 38% • Peritônio: 28% • Ovário: 18% • Glândulas suprarrenais: 14% • Pleura: 11% • Ossos: 10% • Cérebro: 8% Objetivo 03: Explicar os tipos de cirurgias utilizadas para ressecção do Câncer colorretal, incluindo os tipos de colectomia e cirurgia de Hartmann, refletindo sobre o aspecto psicossocial do paciente com colostomia. Cirurgias de Ressecção do CCR O ponto central do tratamento é a ressecção adequada do tumor primário. A ressecção cirúrgica é o principal elemento do tratamento do câncer colorretal com intenção curativa. Desde a sua introdução, a abordagem minimamente invasiva vem rapidamente tornando-se a opção preferencial no tratamento das doenças cirúrgicas do aparelho digestivo, principalmente em razão de suas vantagens em termos de dor pós- operatória, tempos de retorno às atividades e de internação, menor morbidade e por razões estéticas. Entretanto, no campo da cirurgia colorretal, a aceitação da videolaparoscopia foi mais lenta, principalmente por tratar-se de técnica que requer habilidades e equipamentos avançados, e pelo fato de que, necessitando de uma incisão abdominal para a confecção da anastomose e/ou para a extração da peça cirúrgica, diferentemente das outras operações videolaparoscópicas, teria poucas vantagens em relação ao procedimento aberto. Um estudo americano aponta que a proporção de colecistectomias laparoscópicas feitas nos EUA evoluiu de 2,5% para 73,7% entre 1988 e 1992, enquanto que as sigmoidectomias laparoscópicas evoluíram de 4,3% para 7,6% entre 2000 e 2004. Atualmente, a abordagem videolaparoscópica vem sendo expandida em procedimentos colorretais, principalmente no tratamento da doença diverticular do cólon, de pólipos colorretais, das doenças inflamatórias intestinais, da endometriose do cólon e do prolapso retal com a demonstração da redução na taxa de complicações, menor dor, melhor qualidade de vida e menor tempo de hospitalização. Em primeiro momento, estes estudos reafirmaram a superioridade da técnica laparoscópica em termos de dor pós- operatória, recuperação da peristalse, tempo de hospitalização, tempo de retorno às atividades habituais e número de complicações, ainda que apresentassem tempos operatórios significativamente maiores. Entretanto, até o início da década passada, os intervalos de observação não eram longos o suficiente para que se pudessem analisar seguramente os critérios oncológicos em médio e longo prazo, e as publicações iniciais ainda receavam em recomendar a utilização da cirurgia videolaparoscópica para o tratamento do CCR. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Colectomia A colectomia é a cirurgia para remover parte ou todo cólon e os gânglios linfáticos próximos. Se parte do cólon é removido, denomina-se hemicolectomia, colectomia parcial ou ressecção segmentar. Se todo o cólon é retirado, denomina-se colectomia total. Muitas vezes, não é necessária a colectomia total para tratar o câncer de cólon. Geralmente é realizada apenas se existe doença na parte do cólon sem o câncer, como centenas de pólipos ou, às vezes, com doença inflamatória do intestino. A colectomia pode ser feita de duas maneiras: (1) Colectomia aberta: É realizada através de uma única incisão no abdome. (2) Colectomia laparoscópica assistida: Neste procedimento, ao contrário da colectomia aberta, são feitas diversas incisões menores por onde serão removidos, com auxílio de instrumentos guiados por um laparoscópio, a parte do cólon afetada e os linfonodos. No momento em que a parte comprometida do cólon é liberada do sistema digestivo, uma das incisões é aumentada para permitir sua remoção. Este tipo de cirurgia também requer que o paciente faça, na véspera, a preparação do intestino, com laxantes e enemas. Como as incisões são menores do que na colectomia aberta, os pacientes podem se recuperar um pouco mais rápido e sentir menos dores do que na colectomia aberta. Se o tumor está obstruindo o cólon, pode ser necessária a colocação de um stent no seu interior para mantê-lo aberto durante a cirurgia. Se não for possível a inserção do stent ou se o tumor causou lesões no cólon, a cirurgia pode ser necessária imediatamente. Neste caso, o procedimento é normalmente o mesmo realizado para a remoção do tumor, só que em vez de serem refeitos os segmentos do cólon, a extremidade superior do cólon é ligada a uma abertura externa (estoma) no abdome para permitir a eliminação dos resíduos corporais. Isto é conhecido como colostomia e geralmente é temporária. Quando o intestino delgado é ligado ao estorna é denominado ileostomia. Uma bolsinha coletora é conectada ao estorna para armazenar os resíduos eliminados. Após a total recuperação do paciente,uma nova cirurgia é realizada para reverter a colostomia ou ileostomia. Tipos Existem vários tipos de operações de colectomia: • Colectomia total: envolve a remoção de todo o cólon • Colectomia parcial: envolve a remoção de parte do cólon. Também pode ser chamado de colectomia subtotal • Hemicolectomia: envolve a remoção da parte direita ou esquerda do cólon • Proctocolectomia: envolve a remoção tanto do cólon quanto do reto Cirurgia para doença disseminada Alguns pacientes têm câncer de colón disseminado, mas também têm tumores que bloqueiam o cólon. Para esses pacientes, às vezes, a cirurgia é realizada para aliviar a obstrução sem remover a parte do cólon que contém o tumor. Em vez disso, o cólon é seccionado acima do tumor e colocado um estoma para permitir a eliminação das fezes. Isso é conhecido como derivação de colostomia. Muitas vezes, esse procedimento ajuda o paciente a se recuperar o suficiente para iniciar outros tratamentos, como a quimioterapia. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Se a disseminação da doença implica em presença de lesões nos pulmões ou fígado, é realizada uma cirurgia para removê-las. Isso é feito geralmente se o tumor do cólon foi ou será removido. Decidir se a cirurgia é uma opção para remover áreas de disseminação da doença depende da quantidade, tamanho e localização do tumor. Aspecto psicossocial após colostomia A ostomia gera uma série de complicações emocionais, prejudicando, assim, o convívio social do indivíduo. Tudo está relacionado à falta do ânus e à presença de um orifício no abdômen, por onde passam as fezes. Isso ocorre porque todo indivíduo constrói sua identidade ao longo de sua vida, uma imagem de seu próprio corpo que está relacionada com beleza e vigor, e aqueles que não correspondem a esse conceito podem experimentar significativo senso de rejeição. Os portadores de ostomias se deparam com ameaças à sua imagem corporal e essas podem desencadear o senso de mutilação e rejeição de si mesmas. A ostomização para uma pessoa representa uma agressão a sua integridade com severas repercussões em relação a sua imagem corporal e ao seu autoconceito. O estado emocional do paciente logo após a cirurgia pode sofrer alterações importantes, como ansiedade, agressividade, depressão, receio de ficar incapaz para o trabalho e para as atividades sociais e sexuais. Isso acontece porque é difícil conviver com uma aparência diferente, ou seja, com uma abertura para o exterior no abdome. Isso acarretará um impacto no modo como vemos nosso corpo e está relacionado à como uma pessoa valoriza suas habilidades físicas, capacidade interpessoais, papéis familiares e imagem corporal. 1- Primeiro contato: é a primeira visão que o paciente tem sobre si mesmo após a cirurgia, digamos que seja o momento de adaptação e reconhecimento dessa nova situação de vida, aos novos cuidados que ele vai precisar ter e claro, a impressão negativa que eles acabam tendo de si mesmos, principalmente com relação a sociedade. 2- A adaptação alimentar: a mudança nos hábitos alimentares que acabam interferindo na vida pessoal e social, pois existem alimentos que geram maior desconforto, gases e diarreia. Então esses pacientes acabam evitando certos tipos de alimentos que podem gerar essas situações, justamente pela incontinência esfincteriana anal. Com o passar do tempo, os próprios pacientes já vão identificando quais alimentos são mais propensos a causarem esses tipos de desconforto, e vão adequando suas dietas. É claro que aqui, cabe ressaltar a importância do acompanhamento multiprofissional, para orientar e facilitar a adaptação desses pacientes. 3- Adaptação do vestuário: nesse caso, a queixa mais frequente é a de se esconder a colostomia, então esses pacientes acabam mudando o jeito de se vestir, optando por roupas mais largas, que escondam por completo a presença da bolsinha. A intenção é esconder o fato de estar colostomizado das pessoas que os rodeiam. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed 4- Convivência na sociedade: há uma dificuldade desses pacientes em interagir novamente com o meio social, frequentar os mesmos lugares que costumava frequentar, entre outros. Há uma grande preocupação em acontecer alguma situação de constrangimento frente a sociedade, como por exemplo descolar a bolsa de colostomia, liberação de flatos, entre outros. E claro, a preocupação da rejeição social frente a isso. 5- Sexualidade: Nesse aspecto, os relatos são de muita vergonha frente aos parceiros sexuais, vergonha de sua nova imagem ou a não aceitação por parte do parceiro. Existe grande importância da orientação após a cirurgia de ostomia, direcionando esses pacientes no sentido de diminuir a ansiedade, esclarecer dúvidas sobre a ostomia, prepará-los para a nova mudança na imagem corporal, forma de eliminação das fezes, eliminações involuntárias de flatos, odor e sobre alimentação que pode acelerar mais o trânsito intestinal ou aumentar os gases. Cirurgia de Hartmann A cirurgia de Hartmann é um procedimento cirúrgico de grande importância para o cirurgião do aparelho digestivo e do trauma. Consiste na ressecção do segmento colônico doente associado a uma colostomia proximal com fechamento do coto distal. Em 1921 Hartmann descreveu um novo procedimento cirúrgico para o tratamento do câncer da porção distal do cólon como alternativa importante para diminuir a morbimortalidade da amputação abdominoperineal do reto. A operação consiste na ressecção do segmento sede da neoplasia, sutura do coto retal remanescente e exteriorização da extremidade distal do sigmoide como colostomia definitiva. Os pacientes submetidos à operação de Hartmann são geralmente pacientes graves, com co-morbidades importantes, sepse abdominal ou com outras condições locais inadequadas para a anastomose primárias4- 6. Por causa disso, estima-se que apenas 30% a 60% dos pacientes submetidos a esse procedimento são encaminhados para a reconstrução do trânsito intestinal. Objetivo 04: Discutir o impacto das mutações K-ras e N-ras no tratamento do Câncer colorretal (discutir cetuximabe e panitumumabe). A carcinogênese do CCR depende de vários fatores e vias, como uma baixa regulação dos genes supressores de tumor, incompatibilidade nos genes de reparo e a ativação de oncogenes. Dentro de todas as possibilidades de formações tumorais, o oncogene RAS possui um papel bem estabelecido no crescimento celular, na sua regulação e em suas funções. Há três isoformas humana conhecidas, NRAS, HRAS e KRAS. Mutações no gene RAS representam de 30% a 50% dos casos globais de cânceres colorretais, sendo que o gene KRAS representa 86% de todas as mutações no gene RAS. O KRAS é uma peça importante para a sinalização molecular por meio de receptores de sinal de crescimento da superfície celular, como por exemplo, o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), que por sua vez está relacionado à replicação celular. Muitos estudos apontam que o KRAS está Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed relacionado a diferentes vias de sinalização que implicam no câncer colorretal como RAS/RAF/ MAPK. Quando ativado, o KRAS se torna em seu estado selvagem, é estimulado pelo EGFR e inicia uma cascata de transdução de sinais que proporcionam diferentes efeitos, incluindo supressão da apoptose, crescimento, transformação e diferenciação celular, angiogênese e migração. Em contraste ao KRAS tipo selvagem, mutações pontuais em códons proporcionam uma diferente via de ativação que se liga diretamente e permanentemente ao GTP, não necessitando da estimulação do EGFR. Essa mudança do gene torna agora o KRAS mutado, que acaba tendo grande relevância na aplicação terapêutica em contraste aos casos do tipo selvagem, pois o CCR com KRASmutado carece de resposta ao tratamento à inibição via MAPK através de drogas direcionadas aos EGFR, como o cetuximabe e o panitumumabe. Portanto, o status mutacional do KRAS é um fator crítico ao considerar o uso de terapias direcionadas. As mutações ativadoras do gene KRAS que resultam na ativação independente da EGFR para a via MAPK representam um total de 30- 54% de todos os casos de tumores metastáticos colorretais. As alterações mais encontradas se localizam no códon 12 (aproximadamente 82% dos casos de KRAS mutados) e no códon 13 (aproximadamente 17%). Mutações em outras posições, como os códons 61 e 146 também são reportados, porém representam menores proporções (1- 4%) em relação à mutação do KRAS. Especificamente mutações no códon 12 são os principais focos de mutações. Os tipos mais comuns de mutações são G12C, G12V e G12D. Estudos laboratoriais comprovam que essas variações pontuais na mutação do gene KRAS possuem diferentes sensibilidades para agentes quimioterápicos, o que significa que os vários tipos de mutações no gene (não só os principais do códon 12) possuem características clínicas distintas, assim como na resposta terapêutica. Há atualmente diversos testes para que seja pontuado o tipo de mutação no gene KRAS para a escolha do quimioterápico. O método mais frequentemente utilizado é o sequenciamento por PCR, na qual uma pequena amostra de DNA advinda principalmente de um ou mais pólipos são retirados do paciente e submetidos ao teste, que por fim apresenta se o câncer é derivado ou não de mutação no gene KRAS, onde, caso seja, aponte o local específico da mutação. Mutações KRAS são eventos importantes na carcinogênese colorretal como preditores negativos de resposta ao tratamento. Recentemente, inibidores do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), como cetuximab e panitumumab, foram incorporados no tratamento da CCR metastático em combinação com quimioterapia. Atuam no bloqueio de receptores e demonstraram eficácia melhorada do tratamento para muitos tumores. No câncer colorretal metastático, resultou em ganho de sobrevida livre de progressão e benefício significativo foi relatado na continuação desses medicamentos após a progressão como tratamento de primeira linha. No entanto, os inibidores de EGFR são ineficazes quando o KRAS é mutado. A taxa de mutação varia de 30-50% e causa ativação contínua da via intracelular de EGFR, independente do bloqueio farmacológico do receptor, Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed promovendo a proliferação e a sobrevivência do tumor. Portanto, como a mutação KRAS é preditora de resposta negativa, a análise mutacional do gene se torna obrigatória antes da instituição de tratamento com inibidores de EGFR. Essa estratégia, além de otimizar os custos de saúde, evita efeitos adversos relacionados a esses medicamentos, principalmente a toxicidade cutânea. Aproximadamente 90% das mutações genéticas na família RAS (H, N e K-RAS) ocorrem no éxon 2 do KRAS (códons 12 e 13). A mutação mais frequente do códon 12 é c.35G>A (p.G12D) e no códon 13 é c.38G>A (p.G13D), ambos resultam da troca do aminoácido glicina por ácido aspártico nas posições 35 e 38, respectivamente. Outras mutações no KRAS como o éxon 3 (códons 59, 60, 61), o éxon 4 (códons 119, 146, 147) e o NRAS representam pequena proporção dessas mutações. A mutação KRAS é um preditor de resposta negativa ao tratamento com inibidores de EGFR e, de acordo com outros estudos, confere pior prognóstico, mas não todos. O receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) é uma proteína que muitas vezes aparece em quantidades elevadas na superfície das células cancerígenas ajudando-as a se desenvolver. Os medicamentos usados no tratamento do câncer de cólon ou de reto avançado que têm como alvo o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) são cetuximabe e panitumumabe. Ambos os medicamentos são administrados por infusão intravenosa, uma vez por semana. Alguns cânceres colorretais têm mutações no gene KRAS, NRAS ou BRAF, o que torna estes medicamentos ineficazes. Portanto, atualmente, eles só são administrados em pacientes que não têm essa mutação. Uma exceção é quando o cetuximabe é combinado com o inibidor BRAF encorafenibe. A combinação desses dois medicamentos aumenta a sobrevida dos pacientes com câncer colorretal avançado, mesmo com uma dessas mutações. Os efeitos colaterais frequentes desses medicamentos são problemas de pele, como erupção cutânea na face e no tórax, que em alguns casos pode levar a infecções. Outros efeitos colaterais podem incluir dores de cabeça, cansaço, febre e diarreia. Um efeito colateral raro, mas importante desses medicamentos, é uma reação alérgica durante a infusão, o que poderia causar problemas respiratórios e diminuição da pressão arterial. Os pacientes devem receber medicamentos preventivos antes do tratamento para evitar esses efeitos colaterais. Cetuximabe: • Mecanismo de ação: O cetuximabe é um anticorpo monoclonal quimérico IgG1 que se liga à porção extracelular do receptor para o fator de crescimento epidérmico (EGFR). Essa ligação inibe a fosforilação do EGFR e a consequente cadeia de eventos bioquímicos que resultam em estímulo à proliferação celular. • É indicado para pacientes com CCR metastáticos sem a mutação do gene K- RAS e N-RAS, e com expressão do EGFR. Os anticorpos contra o EGFR, um dos principais receptores para fatores de crescimento em tumores, estão contraindicados nos Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed casos do gene K-Ras mutado, devido aos piores resultados nas respostas ao tratamento. A utilização desses anticorpos está condicionada a análise do gene K-ras e do status selvagem. Panitumumabe • É indicado para o tratamento de pacientes adultos com câncer colorretal metastático RAS tipo selvagem (CCRm). • Mecanismo de ação: O Panitumumabe (substância ativa) é um anticorpo IgG2 monoclonal recombinante, totalmente humano, que se liga com uma alta afinidade e especificidade ao receptor do fator de crescimento epitelial (EGFR) humano. O EGFR promove o crescimento celular nos tecidos epiteliais normais, incluindo a pele e o folículo piloso e se expressa numa variedade de células tumorais. • O Panitumumabe (substância ativa) se liga ao domínio de ligação do ligante de EGFR humano e competitivamente inibe a auto- fosforilação do receptor induzida por todos os ligantes conhecidos de EGFR. A ligação do Panitumumabe (substância ativa) ao EGFR resulta numa internalização do receptor, inibição do crescimento celular, indução da apoptose e diminuição da produção de interleucina-8 e da produção do fator de crescimento endotelial vascular. • Quais as contraindicações do Panitumumabe? Panitumumabe é contraindicado em pacientes com história de reações de hipersensibilidade com risco de morte ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes. Pacientes com pneumonite intersticial ou fibrose pulmonar. A combinação de Panitumumabe com quimioterapia contendo oxaliplatina é contraindicada para pacientes com CCRm com RAS tipo mutado ou para pacientes com CCRm cujo estado de RAS seja desconhecido. Este medicamento é contraindicado para menores de 18 anos, devido à insuficiência de dados de segurança e eficácia. Referências Bibliográficas • INCA. Caderno de Procedimentos e cuidados especiais. (Disponível em: http://www.inca.gov.br/enfermagem/do cs/cap8.pdf ) • LEITE CAVG ET AL. Receptores tirosina- quinase: implicações terapêuticas no câncer. Revista Brasileira de Oncologia Clínica. 2012; 8 (29). • TOWSEND, C. Sabiston – textbook of surgery. The biological basis of modern surgical prective. V. 1. 19ª Edição. Saunders Elsievier, 2012. • VALADAO, M; CASTROLS. Câncer colo-retal hereditário. Rev. Col. Bras. Cir., v. 34, n. 3, p. 193-200,2007 . doi.org/10.1590/S0100- 69912007000300011. • VIEIRA, F.M.A.C., Di Sena V.O. Câncer colorretal metastático: papel atual dos anticorpos monoclonais e a individualização de seu uso. ABCD Arq Bras Cir Dig 2009;22(1):45-9.
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