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Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed TUTORIA Problema 5, Módulo 3 – Leucemias Agudas, Neutropenia Febril Objetivo 01: Discutir leucemias agudas (caracterizar LMA e LLA e a classificação relevante para tratamento) Definição de leucemias agudas: A leucemia é uma doença maligna que envolve uma produção excessiva de leucócitos imaturos ou anormais que, com o tempo, suprime a produção de células sanguíneas normais e resulta em sintomas relacionados a citopenias. A malignização costuma ocorrer nas células- tronco pluripotentes, embora, de vez em quando, ocorra na célula-tronco diferenciada com capacidade mais limitada de autorrenovação. Proliferação anormal, expansão clonal, diferenciação aberrante e diminuição da apoptose (morte celular programada) levam à substituição dos elementos sanguíneos normais por células malignas. Leucemias agudas contêm células predominantemente imaturas, mal diferenciadas (em geral, formas blásticas). Dividem-se as leucemias agudas em leucemia linfoblástica aguda (LLA) e leucemia mieloide aguda (LMA). Leucemia Mielóide Aguda Epidemiologia ✓ A LMA é o tipo mais comum de leucemia aguda em adultos, correspondendo a cerca de 90% dos casos. ✓ Em contraste, corresponde a menos de 15% das leucemias em crianças com idade inferior a dez anos. ✓ Sua incidência anual nos Estados Unidos é estimada em 3,5 casos para cada 100 mil habitantes, e aumenta com a idade, sendo de 17,9 casos/ 100 mil habitantes/ano em adultos com idade igual ou superior a 65 anos. ✓ A incidência de LMA no Brasil é desconhecida, uma vez que o Instituto Nacional do Câncer (Inca) relata apenas dados referentes às leucemias em geral. CLASSIFICAÇÃO OMS 2017 Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Fatores de risco • História prévia de Síndrome Mielodisplásica (SMD) ou de Neoplasia Mieloproliferativa (NMP). • Pacientes que receberam agentes alquilantes e/ou radiação, bem como inibidores de topoisomerase II. • Ser portador de Síndrome de Down. • Ser idoso. • Síndromes hereditárias: o SMD associada a monossomia do 7 o Trissomia do 8 o Síndromes com defeito do reparo de DNA (Síndrome de Bloom, Anemia o de Fanconi, Neurofibromatose, Síndrome de Li-Fraumeni). o Síndrome de Klinefelter o Síndromes relacionadas a imunodeficiência (síndrome o ataxia-telangectasia e síndrome Wiskott-Aldrich) o Agranulocitose infantil genética de Kostmann o Síndrome de Blackfan-Diamond Quadro Clínico • Os sintomas e sinais apresentados pelos pacientes com LMA ao diagnóstico em geral decorrem da falência da hematopoese e/ou da infiltração de tecidos por células leucêmicas. • Sintomas como fadiga, palidez e fraqueza, por exemplo, são comumente observados em decorrência da anemia. • Infecções também ocorrem com frequência, em virtude da diminuição do número de leucócitos. • A febre é um sintoma comum e pode resultar de infecções ou da própria leucemia. • Manifestações como hemorragias, petéquias e epistaxe podem ser observados em até 50% dos casos e se correlacionam com a gravidade da trombocitopenia. • A predisposição hemorrágica pode também ser consequência da presença de Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD), a qual é mais comumente observada em pacientes com o subtipo de LMA chamado leucemia Promielocítica Aguda (LPA). • A infiltração de órgãos e tecidos pelas células leucêmicas pode causar hepatomegalia, esplenomegalia, linfadenopatia, hipertrofia de gengivas e dor óssea. • A infiltração da pele (leucemia cútis) é rara. • Cefaleia, convulsões ou alteração visual podem decorrer da infiltração do sistema nervoso central. • Sarcomas granulocíticos são tumores extramedulares em geral localizados nos ossos, periósteo, linfonodos, pele e tecidos moles, e podem ser detectados em alguns casos. • Leucostase: síndrome clínica provocada pelo aumento muito grande do número de leucócitos em circulação (em geral acima de 100.000/μL). Os sintomas derivam do aumento da viscosidade, agregação de leucócitos e das lesões em pequenos vasos, afetando principalmente cérebro e pulmões: cefaleia, ataques isquêmicos transitórios, distúrbios visuais; o comprometimento pulmonar pode provocar dispneia e outras manifestações que simulam tromboembolia. Diagnóstico De acordo com as recomendações da OMS, amostras de medula óssea e sangue periférico devem ser obtidas antes de qualquer intervenção terapêutica. A detecção de pelo menos 20% de blastos leucêmicos em aspirado de Medula Óssea (MO) ou em Sangue Periférico (SP) é necessária para o diagnóstico definitivo. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Nos casos associados com os rearranjos gênicos, o diagnóstico pode ser firmado por meio da demonstração dessas alterações gênicas, independentemente do percentual de blastos na MO ou SP. Os mieloblastos típicos são células, cujo núcleo é arredondado ou irregular, com um padrão de cromatina reticulada e múltiplos nucléolos distintos. Eles apresentam pouco citoplasma, geralmente contendo finos grânulos azurófilos e podem conter um número variável de bastonetes de Auer, que consistem em grânulos azurófilos anormais nos lisossomos. Os bastonetes de Auer são patognomônicos de LMA. Além da análise morfológica, outras técnicas podem ser empregadas para determinar a linhagem hematopoiética do blasto. Dentre as técnicas mais comuns estão as colorações citoquímicas, em particular a demonstração de granulação mieloperoxidase positiva nos blastos ou a demonstração das esterases não específicas. A imunofenotipagem é uma técnica importante na caracterização das LMAs, pois a detecção de marcadores associados a diferentes linhagens pode caracterizar melhor a origem dos mieloblastos. Além disso, a imunofenotipagem pode identificar blastos muito imaturos, que não apresentam os grânulos com mieloperoxidase. A avaliação diagnóstica da LMA deve sempre incluir a análise genética, pois essas alterações são as que possuem maior correlação com o prognóstico e influenciam na estratégia terapêutica. Ao diagnóstico, as contagens hematológicas são muito variáveis nos casos de LMA. A leucocitose está frequentemente acompanhada por anemia e plaquetopenia. A anemia é, na maioria das vezes, normocrômica e normocítica. No exame morfológico do sangue periférico, com frequência são detectados mieloblastos. Alterações da hemostasia podem ser encontradas, e a causa mais frequente é o consumo de fatores plasmáticos da coagulação, muitas vezes caracterizando um quadro de CIVD. Entre as alterações metabólicas detectadas em pacientes com LMA, a hiperuricemia é um achado frequente e decorre da elevada produção e da lise de células tumorais. Os níveis séricos da enzima Lactato Desidrogenase (LDH) podem também estar aumentados. Leucemia Linfoide Aguda Epidemiologia • É a doença maligna mais frequente na infância. • Em adultos é bem mais rara, representando apenas 15% de todas as leucemias. • Compreende aproximadamente 15% das leucemias agudas, tendo maior incidência entre 25 e 37 anos. • Tem dois picos de incidência, um entre os dois e cinco anos e outro por volta dos 30 a 40 anos. • Diferindo das crianças, nas quais a sobrevida de subtipos específicos pode chegar a ser de 80 a 90% em cinco anos, a sobrevida para os adultos é de apenas 20 a 30% nesse mesmo tempo. • No Brasil, a incidência de LLA nos adultos na região de Ribeirão Preto é de aproximadamente 6,5 casos/milhão de pessoas/ano. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed • A etiologia é desconhecida, e existe a sugestão da participação de fatores genéticos. CLASSIFICAÇÃO OMS 2017 Fatores de risco • Infeções virais podem predispor ao aparecimento de neoplasia linfoide.• A associação entre o vírus de Epstein-Barr e linfoma de Burkitt e a LLA de derivação B madura (FAB L3) na África está muito bem estabelecida. • Alterações genéticas aumentam a probabilidade de uma criança desenvolver leucemia em geral. • Além disso, outras anormalidades do sistema hematopoiético, como as neutropenias congênitas estão associadas a doença. • Uma em cada cem crianças com síndrome de Down desenvolvem leucemia, taxa que é aproximadamente 20 vezes superior do que aquela na população em geral. • Embora infrequente, indivíduos com mutações do gene TP53 (síndrome de Li- Fraumeni) têm maior propensão ao desenvolvimento de leucemia e outras neoplasias. • Fatores químicos e ambientais têm sido associados à leucemia. • Benzeno, radiação ionizante e certos alimentos contribuem para a etiologia da leucemia. Radiação não ionizante (eletromagnética) também foi implicada. Quadro Clínico • As queixas mais comuns derivam da supressão da hematopoese normal causada pela infiltração da medula óssea por células leucêmicas. • Assim, estão presentes sintomas progressivos de palidez, fraqueza, cansaço e indisposição. • Febre e sudorese noturna, associadas ou não a infecções, aparecem em um terço dos casos, o mesmo ocorrendo com manifestações hemorrágicas em pele e mucosas. • Artralgia e dor óssea são menos frequentes em adultos do que em crianças e resultam da infiltração leucêmica com distensão do periósteo ou estruturas periarticulares. • Manifestações neurológicas, como confusão mental, cefaleia e comprometimento de nervos cranianos (VI e VII) resultam de infiltração leucêmica, de hemorragia no Sistema Nervoso Central (SNC) ou de leucostase. • Além dos achados no exame físico de anemia, infecção e manifestações hemorrágicas, aproximadamente 50% dos pacientes se apresentam com hepatoesplenomegalia e ou enfartamento ganglionar. Diagnóstico • O hemograma apresenta-se quase sempre alterado. • Anemia, trombocitopenia e presença de blastos na contagem diferencial dos leucócitos constituem as alterações mais frequentes da leucemia. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed • Ocasionalmente, as alterações do hemograma são discretas, levando a um atraso no diagnóstico. • O perfil metabólico do sangue não se apresenta substancialmente alterado na LLA, porém é comum a elevação da desidrogenase láctica e do ácido úrico — ambos representando rápida destruição e regeneração celular. • A coagulação na maioria dos casos é normal; o fibrinogênio em geral está elevado, refletindo uma resposta inflamatória inespecífica. • Imunofenotipagem, citoquímica, exames de cunho genético são usados para auxiliar. Diferença entre LLA e LMA: ambas são agudas, ou seja, o número de células malignas cresce rapidamente e torna a doença grave em pouco tempo. O que diferencia a leucemia linfóide da leucemia mieloide é o tipo de célula que elas afetam. LLA - afeta as células linfóides, também chamadas de linfoblásticas, responsáveis pela defesa do organismo. É muito mais comum em crianças pequenas, mas também afeta adultos. LMA - afeta as células mielóides ou mieloblásticas, que dão origem aos elementos do sangue - leucócitos, plaquetas e hemácias. Esse tipo de leucemia tem sua incidência aumentada de acordo com o aumento da idade da pessoa. 2) Compreender a fisiopatologia das leucemias mielóides agudas com alterações citogenéticas recorrentes (gene RARa e alterações no core binding factor). Fisiopatologia da leucemia mieloide Aguda: Uma célula progenitora da linhagem mielóide sofre uma série de aberrações genéticas adquiridas , de forma que ela perde o controle da proliferação celular, sofre expansão clonal , e isso envolve a ativação de proto-oncogenes, mutações em genes supressores que regulam o ciclo, proliferação anormal, diferenciação aberrante e diminuição da apoptose que vai levar à substituição dos elementos sanguíneos normais por células malignas. A leucemia mielóide aguda (LMA) está frequentemente associada a translocações cromossômicas recorrentes. A maioria dos fatores de transcrição afetados pelas translocações cromossômicas associadas a LMA pode ser agrupada numa das seguintes famílias: dos core binding factors (CBF), do receptor a do ácido retinóico (RARalfa), do homeobox (HOX), ou do mixed lineage leukemia (MLL). Cerca de 75% das LMA apresentam alterações de cariótipo. As + comuns são: t(15;17), t(8;21), inv(16), alterações envolvendo 11q23, trissomia 8, monossomia 7, monossomia 5, trissomia 21 e perda do X ou Y. LMA com t(15;17) (q22;q11-12) e variantes ou PML/RARA, ou Leucemia Promielocítica Aguda (LPA) o Ocorre em qualquer faixa etária e está associada à coagulação intravascular disseminada (CIVD). o O gene RARA (15q22) é translocado e fundido com um dos seguintes genes: PML, PLZF, NPM, NuMA ou STAT5b (15q22,11q23,5q35 e 11q11, respectivamente). o Os genes híbridos resultantes (genes X- RARA) codificam para-proteínas de fusão (X-RARA) que exercem atividade dominante negativa na via dos retinóides e na via da proteína X. o Os complexos repressores formados não respondem a doses fisiológicas de ácido retinóico (ação diferenciadora) e a Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed repressão gênica incessante leva a bloqueio da diferenciação mielóide, desregulação do ciclo celular e vantagem proliferativa, culminando na transformação leucêmica. LMA com inv(16)(p13q22) ou t(16;16)(p13;q22), CBFalfa/MYH11. o Este subtipo representa 10 - 12% das LMAs e caracteriza-se por infiltração mielomonocítica da medula, além de eosinófilos anormais. o A fusão do gene CBFb com o gene para a cadeia pesada da miosina do músculo liso (MYH11) resulta no sequestro de grande quantidade de proteína CBFb no citoplasma, excluindo a do núcleo, portanto, inativando funcionalmente a CBFa/b. o Apresenta maior taxa de remissão completa e prognóstico relativamente favorável. LMA com 11q23 (MLL). o Representa 5 a 6% dos casos de LMA e ocorre em qualquer faixa etária. o É comum em lactentes ou após tratamento quimioterápico, especialmente com inibidores da topoisomerase e há associação com os tipos monocítico e mielomonocítico. o Está associada a prognóstico desfavorável. LMA com t(8;21)(q22;q22) ou ETO/AML (CBF alfa) o O produto da translocação é o gene de fusão AML1/ETO. o O AML1 é um fator de transcrição pertencente à família core binding factor (CBF), que é um complexo transcricional envolvido na diferenciação da célula progenitora hematopoética; o Bom prognóstico. OBS.: Translocação (8;21) - Bom prognóstico Inversão do 16 - Bom prognóstico Translocação (15;17) /RARA - Ótimo Prognóstico se sobreviver de CIVD nas primeiras 2 semanas LMA com 11q23 (MLL) – Mal Prognóstico 3) Definir neutropenia febril e como deve ser o manejo inicial do paciente (exames solicitados e antibioticoterapia proposta). Neutropenia Febril Associação entre neutropenia, que é dividida de acordo com a gravidade, levando em consideração o valor de neutrófilos, e febre acima de 38º. o Neutropenia muito grave: menos que 100 o Neutropenia grave: menos que 500 o Neutropenia moderada: 1000-500 o Neutropenia leve: 1500-1000 É muito comum em pacientes oncológicos. Emergência oncológica. QUADRO CLÍNICO / DIAGNÓSTICO • No paciente neutropênico febril a avaliação inicial consiste em história detalhada da evolução da doença, revisão de todos os sistemas, e enfoque Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed nos aspectos epidemiológicos tais como hospitalização prévia, colonização anterior por microorganismos resistentes e/ou fungos, episódios anteriores de neutropenia e febre, quimioterapia utilizada e exposição a patógenos. • Se, na admissão, o paciente nãopossuir resultado de hemograma para confirmação de neutropenia ou, existir previsão de demora de mais de trinta minutos na obtenção do resultado, o paciente deve ser considerado neutropênico caso esteja entre o décimo e o vigésimo dia após a administração da quimioterapia. • O exame físico deve ser minucioso, pois o quadro é pobre nesses pacientes em consequência da marcante diminuição da resposta inflamatória. • A presença de febre, dor e eritema devem sempre ser valorizados e especial atenção deve ser dispensada aos locais mais frequentes de infecção como pele, cavidade oral, pulmões, local de inserção de cateter, fundo de olho, períneo e região perianal, devem ser examinados rotineiramente. EXAMES COMPLEMENTARES ✓ Antes de iniciar a antibioticoterapia, exames complementares devem ser solicitados, e a coleta de hemocultura é fundamental para possibilitar a identificação do agente etiológico e deve ser feita em dois acessos venosos periféricos ou, na presença de cateter, deve-se obter 15ml de sangue de cada via do cateter e mais uma amostra de um acesso venoso periférico antes da administração de antibióticos. ✓ Outras culturas podem ser solicitadas caso exista suspeita de infecção em algum outro local como urina e fezes. ✓ Exames de imagem devem ser solicitados na avaliação inicial. A radiografia convencional de tórax, frente e perfil, é um exame subsidiário rápido, de baixo custo relativo e geralmente disponível, porém é de pouca sensibilidade para detectar infiltrados pulmonares em uma fase mais precoce da infecção pulmonar nesses pacientes. ✓ A tomografia computadorizada de tórax ajuda a identificar lesões, que podem sugerir, entre outros diagnósticos, pneumonia por Pneumocystis jiroveci, Micobacterium tuberculosis ou Aspergillus spp., sendo significativamente mais sensível. Além do ganho de tempo no diagnóstico e instituição do tratamento, serve como guia para procedimentos invasivos e não invasivos (como broncoscopia, lavado bronco-alveolar, biópsias e punção pleural). Agentes Etiológicos mais comuns: CLASSIFICAÇÃO (MAASC) A história clínica, a epidemiologia, o exame físico e os exames subsidiários permitem a estratificação de risco em relação à gravidade da doença. Diversos estudos procuraram definir pacientes de baixo risco pela possibilidade de serem tratados com terapia oral e dispensados do hospital em vigência de neutropenia e febre. O escore de risco, utilizado atualmente, foi criado pela Associação Multinacional de Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed Apoio aos Cuidados do Câncer (MAASC) de 2000. Trata-se de um modelo de pontuação que credita pontos de acordo com a importância para cada variável considerada de boa evolução. Pontua até um máximo de 26 pontos e identifica como paciente de baixo risco (menor que 10%) aqueles com 21 pontos ou mais e de alto risco paciente com menos 21 pontos. Apesar da simplicidade, ampla utilização, boa sensibilidade e alto valor preditivo positivo, a grande crítica ao modelo MAASC é a pontuação dada aos pacientes com tumores sólidos (4 pontos). Assim, os pacientes com neoplasias hematológicas alcançam uma pontuação inicial, independentemente de quaisquer outras condições, de no máximo 22 pontos. Isso implica em alta taxa de hospitalização que nem sempre se faz necessária, resultando em altos custos ao sistema de saúde. TRATAMENTO GERAL Na neutropenia febril, a medida seguinte ao seu diagnóstico é o início de um esquema empírico antibiótico. O esquema empírico tem como objetivo evitar o óbito nas primeiras 48 - 72 horas, até que os resultados das culturas estejam disponíveis. Com exceção de alguns casos de bacteremia por Streptococcus α- hemolítico, as bactérias Gram-negativas são aquelas que podem causar morte precoce. Assim, o esquema empírico deve ser voltado para a cobertura desses germes. Os antibióticos β-lactâmicos indicados para utilização em monoterapia empírica de pacientes neutropênicos são: Ceftazidima, Cefepima, Imipenem, Meropenem e Piperacilina-tazobactam. Manejo terapêutico da antibioticoterapia na Neutropenia febril de alto risco: a) Monoterapia com um β−lactâmico antipseudomonas, cefalosporina de quarta geração ou carbapenêmico como terapêutica empírica; b) Reservar o acréscimo de um segundo agente anti-gram negativos ou glicopeptídeo para pacientes que estão clinicamente instáveis, quando se suspeita de uma infecção resistente ou em centros com alta taxa de germes patogênicos resistentes. ✓ A introdução o mais rápido possível de antibioticoterapia é fundamental. ✓ A Sociedade Americana de Doenças Infecciosas recomenda que o intervalo máximo entre a admissão do paciente e o início da antibioticoterapia empírica seja de trinta minutos. Sara Luiza Costa Silva – MEDICINA 4° Período @saraluizacfazmed ✓ No caso de dúvidas quanto à presença de neutropenia ou febre, a administração imediata de terapia empírica com antibiótico é a conduta correta, e deve ser mantida até que os resultados de exames laboratoriais esclareçam o diagnóstico. ✓ A abordagem terapêutica inicial do paciente depende da classificação de risco em baixo ou alto risco. ✓ A classificação é dinâmica podendo ser alterada após reavaliações que devem ser feitas com frequência. ✓ Nos pacientes de alto risco a antibioticoterapia será sempre intravenosa. ✓ A administração de Vancomicina no esquema antibiótico inicial é recomendada quando alguns dos seguintes fatores estão presentes: a) Instabilidade hemodinâmica; b) Mucosite grave; c) Infecção relacionada ao cateter; d) Profilaxia antibiótica com quinolona; e) Colonização prévia por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina (MRSA) ou Pneumococo; f) Resistente à penicilina; g) Cultura positiva para Gram-positivo antes do isolamento definitivo do agente; • Se houver indicação para uso de Vancomicina, esta deverá ser associada a um β-lactâmico com atividade antipseudomonas (Cefepime) com ou sem associação de aminoglicosídeo. • Na ausência de indicação para o uso de Vancomicina, a terapia empírica inicial deve conter um antibiótico ou combinação de antibióticos com boa atividade contra Pseudomonas, pois a infecção por Gram- negativos ainda é bastante prevalente e esse agente é de alta virulência. • Quanto à opção do antimicrobiano, não há diferença no que diz respeito a impacto na sobrevida e na resistência bacteriana quando comparada monoterapia com Cefepime ou terapia combinada com um β- lactâmico com atividade antipseudomonas (Ceftazidime) e aminoglicosídeo (Amicacina) ou Carbapenêmico, embora o Cefepime revele uma ação superior contra cocos Gram positivos. • Em pacientes considerados de baixo risco, a terapia inicial poderá ser com antibióticos por via oral, terapia sequencial intravenosa-oral ou terapêutica exclusivamente parenteral. o O regime de antibiótico via oral sugerido é a combinação de Ciprofloxacina 500mg a cada doze horas e Amoxicilina-Clavulanato 1,5g ao dia, embora as Quinolonas de última geração também sejam eficazes. • Caso seja optado pelo tratamento intravenoso para os pacientes de baixo risco, opta-se pelo mesmo esquema utilizado em pacientes de alto risco sem indicação de uso de Vancomicina.
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