Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIABETES INSIPIDUS AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - É a grande excreção de um grande volume de urina (diabetes) que é hipotônica, diluída e sem sabor (insípida). - A maioria dos adultos toleram a poliúria sem queixas até exceder o volume de 3-4l/dia Fisiopatologia - Diabetes insipidus hipotalâmico ou central – inabilidade de sintetizar ADH (vasopressina) - Diabetes insipidus nefrogênico – resposta renal inadequada a vasopressina - Diabetes insipidus transitório da gestação – metabolismo acelerado do ADH - Polidipsia primária – ingestão excessiva de líquidos e subsequente poliúria hipotônica como uma resposta fisiológica apropriada. Diagnóstico - Volume urinário (>3l/dia) - Alterações laboratoriais · Osmolaridade plasmática normal ou elevada · Densidade (<1.010) e osmolaridade urinárias baixas (<200 mOsm/l) · Natremia geralmente elevada (>143mEq/l) · ADH inapropriadamente baixo (DIH) ou normal/elevado (DIN) - Alterações radiológicas · RNM – ausência do sinal de hiperintensidade em T1 (DIH) · Hidronefrose e hidroureter (DIN) - Diagnóstico diferencial · Polidipsia primária · Através do teste de desidratação ou privação de água · Concentra a urina sem se tornar hiperosmolar · Diabetes insipidus · Se torna hiperosmolar sem concentrar a urina - Teste de privação d’água · Pesa-se o paciente e dosa o sódio e osmolaridade, ingesta zero e volume urinário é registrado · O paciente é pesado a cada litro de urina excretado · Quando 2 medidas da osmolaridade da urina diferem para <10% e o pacientes perde 2% do seu peso a osmolaridade do sangue e o Na+ são determinados e é dosado o ADH · Desmopressina 2mcg EV é aplicado e o débito e a osmolaridade da urina é registrado após 2h · O teste é descontinuado se o paciente perde 3% ou mais do seu peso · Geralmente o platô da osmolaridade da urina é alcançado em 18h · Resposta · Polidipsia primária · Concentra a urina (>700 mOsm/kg) e não responde a desmopressina · Diabetes Insipidus central · Tem ADH baixo após atingir a desidratação e aumenta a osmolaridade da urina em pelo menos 50%, mas frequentemente 200-400%, após desmopressina · Diabetes Insipidus nefrogênico · Não concentra a urina, mas os níveis de ADH são altos (>5pg/ml) ao final do teste e não concentram a urina após a desmopressina - Ocasionalmente DI central parcial concentra a urina minimamente · Concentração urinária máxima não é alcançada · Há aumento adicional com a administração da desmopressina - Pacientes com polidipsia primária – continuam a ingerir água apesar da desmopressina Lesões patológicas - DI hipotalâmica familiar · Mutação dominante autossômica do gene do ADH · Leva a morte de neurônios produtores de ADH · Apresenta-se na infância tardia · DIDMOAD – síndrome de Wolfram - Malignidade hematológicas · Linfoma e infiltração leucêmica – raro - Tumores sólidos · Craniofaringiomas · Germinoma suprasselar e pinealoma – associados a puberdade precoce · Doença metastática de mama e pulmão - Trauma ou cirurgia · Definitivo ou transitório – na secção de haste pode apresentar-se com resposta trifásica · DI cirúrgica ou traumática pode ser transitório ou recuperar a função a nível hipotalâmico · Traumatiza axônios terminais · Hipertrofia hipotalâmica e novas conexões axonais com vasos hipotalâmicos - Doença granulomatosa · Histiocitose de células de Langerhans · Doença visceral fulminente de Letterer-Siwe · Doença de Hand-Schüller-Christian multifocal · Granuloma eosinofílico benigno · DI – a parte envolvida no SNC sendo associada com: anormalidades dos ossos do crânio, mucosa oral e partes do cérebro e pode estar associado ainda a outras manifestações ósseas, pulmonares e da pele. · Granulomatose de Wegner e sarcoidose - Hipofisite linfocítica · Infiltração da neurohipófise de base auto-imune · Apresenta alargamento da haste que pode retornar ao normal, porém geralmente o DI é permanente - DI na gravidez · Associada a déficit parcial de ADH ou DI nefrogênica leve · Com a gravidez o metabolismo do ADH é acelerado – compensação com o fim da gestação · Produção extremamente excessiva de cisteína aminopeptidase (ocitocinase) · Em pacientes com função pituitária e renal normal · Cede com o fim da gestação · Tratamento com desmopressina - Hipernatremia essencial · Ausência de função dos osmorreceptores, mas barorreceptores normais – os pacientes não sentem sede · Os pacientes desidratam e só aí os barorreceptores estimulam a liberação de ADH resultando em hipernatremia, urina concentrada relativamente e sem sede. - Anoxia cerebral/morte cerebral · DI apresenta-se nos pacientes recebendo suporte para transplante Imagem da neurohipófise - 10% dos neurônios secretores funcionantes sustentam a homeostase sem sintomas - DI aparece com grandes tumores ou, se supra-selares, comprometendo a haste · Pequenos tumores confinados a hipófise nunca são causa de DI - A neurohipófise não tem brilho em T1 na RNM · Pode-se verificar o espessamento de haste e perda do brilho em T1 – achado característico das doenças granulomatosas nesta região. DI Nefrogênico - Das causas genéticas · Mutação recessiva de receptor de V2 ligada ao X – em homens · Mutação recessiva autossômica dos canais de água aquaporina 2 – nos 2 sexos - Apresenta-se na 1ª semana de vida · Vômitos, constipação, problemas no desenvolvimento, febre e poliúria · Têm hipernatremia e hiposmolaridade urinária · ADH elevado - Adquirida · Doença renal que distorce a arquitetura renal · Doença policística do rim · Infarto renal · Anemia falciforme · Uso de lítio e demeclociclina Tratamento - Tratar a doença de base · Apesar de raramente resolver o DI - DI central · DDAVP – desamino, D-8 argininina vasopressina ou desmopressina · Meia vida maior que o ADH e menor efeito pressórico – 2000x mais potente e específico do V2r - DDAVP – oral, intranasal e parenteral · Variabilidade interindividual – dose é titulada para cada paciente · 2-3 comprimidos ao dia ou 1-2 instilações intranasais/dia · Forma parenteral · EV, IM ou SC · É 5-20x mais potente que a forma intranasal · Agentes para prolongar a meia-vida · Clorpropamida, clofibrato, carbamazepina e indometacina · Na gestação · DDAVP por não ser degradada pela cisteína-aminopeptidase e tem efeito ocitócico mínimo - Suspensão ou correção de doses de drogas que possam levar a DI nefrogênico - DI nefrogênico congênito · Dieta hiponatrêmica e diuréticos tiazídicos – amilorida é preferida (poupador de potássio e nos casos de uso de Li impede a entrada da droga nas células dos túbulos renais. - Indometacina diminui volume urinário mais pode causar sangramento GI INSUFICIÊNCIA ADRENAL AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - É a consequência da destruição ou disfunção do córtex adrenal (doença de Addison) ou secundária a deficiência de ACTH hipofisário. - Uso de glicocorticoides é a principal causa de insuficiência adrenal Etiologia e patologia - Adrenalite auto-imune (80%) - Tuberculose era a maior causa antes da década de 20 - Associada com outras doenças auto-imunes endócrinas - Relação mulheres:homens é de 2:1 - A doença de Addison é mais comum na 3ª e 4ª década de vida - Prevalência de 39-140:1.000.000 - Pacientes com doenças malignas e AIDS tem maior incidência, se há prolongamento de vida - Insuficiência adrenocortical auto-imune · Glândulas pequenas e atróficas, com cápsula espessada · A medula é preservada e córtex tem infiltrado de linfócitos · Associada a síndrome de deficiência poliglandular – síndrome de Schmidt · Associada a HLA DR3 e DR4 e possuem anticorpos antiadrenal citoplasmático - Hemorragia adrenal · Comum em doentes graves e fatores anatômicos predispõe a doença · Têm rico suprimento sanguíneo e drenagem por uma única veia · Ocorre em muitos pacientes em uso de anticoagulantes e com anticoagulante lúpico presente - Infecções - Tuberculose – rara causa nos EUA e comum no resto do mundo, ocorrendo em 5% dos casso de TB disseminada - Infecções sistêmicas fúngicas - HIV/AIDS – 5% · Diminuição da reserva adrenal é mais comum · Geralmente devido a infecções oportunistas – CMV e Micobacterium avium complex· Manifestação tardia nos pacientes com CD4 muito baixo - Adrenoleucodistrofia (doença de Lorenzo) · Ligada ao X recessiva – mulheres transmitem a homens · Acúmulo de ácidos graxos de cadeia muito longa (AHCML) com 24-36 carbonos no espaço IC · É importante causa em homens e tem níveis altos de ácidos graxos de cadeia muito longa (doença de depósito) · Incidência de 1:25.000 · Associada a alterações neurológicas (desmielinização) · Alterações de comportamento, da audição, da visão, da fala, da escrita, memória, da marcha, distúrbios adrenais e nos casos mais avançados cursa com hipertonia generalizada, perda das funções cognitivas, motoras, convulsões e disfagia. - Doença adrenal metastática · Comuns em metástases de tumores de pulmão, GI, mamas e renal, além de 20% das metástases em adrenal diminui resposta ao ACTH · Linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin que podem envolver as adrenais - Deficiência de glicocorticoide familiar e hipoplasia adrenal congênita - Resistência a cortisol – anormalidade qualitativa ou quantitativa · Hipercortisolismo sem manifestações clínicas – com sinais de excesso de mineralocorticoides e andrógenos - Insuficiência adrenal droga-induzida – cetoconazol, etomidato, metirapona, suramin e aminoglutetimida - Insuficiência adrenal relativa a desordens inflamatórias severas Fisiopatologia - Resulta da perda de 90% do córtex adrenal - A destruição gradual leva a forma crônica - Diminuição da reserva adrenal · Sem resposta ao stress – crise aguda - Deficiência de mineralocorticoide pode correr precoce ou tardiamente - ACTH elevado – indicação mais precoce e sensível de insuficiência adrenal Quadro clínico - Fraqueza, fadiga, anorexia, náuseas, vômitos, hipotensão, hiponatremia e hipoglicemia - Perda de mineralocorticoide – desidratação, hipotensão, hiponatremia, hipercalemia e acidose - Insuficiência adrenal crônica · Hiperpigmentação, fraqueza e fadiga, perda de peso, anorexia e distúrbios gastrointestinais (náusea, vômito e raramente diarreia). · Hiperpigmentação mais comum em áreas expostas ao sol e acentuadas em áreas de pressão (joelho, cotovelos e hálux) acompanhada de sardas. · Pigmentação da mucosa oral, palmar, leito ungueal, mamilos, mucosa perianal e perivaginal · Hiperpigmentação de cicatrizes de aparecimento após o início da doença · Hipotensão em 90% dos casos – ortostática e síncope · Vitiligo em 4-17% dos casos de doença de Addison · Hipoglicemia severa · Em crianças e mais comumente na insuficiência adrenal secundária · Amenorreia · Perda de peso, doença crônica ou insuficiência ovariana primária · Perda de pelos axilares e pubianos em mulheres – déficit de andrógenos adrenais · Considerar o diagnóstico nos casos de perda de peso ponderal, hipotensão, febre e privação de corticoide em uso de alta dose. - Crise adrenal aguda · Nos casos de stress – infecção, trauma, cirurgia ou desidratação · Hipotensão e choque · Dor abdominal · Fraqueza · Apatia e confusão · Febre – infecção ou hipocortisolismo · Hiperpigmentação – exceto nos casos de início muito rápido · Hiponatremia, hipercalemia, linfocitose, eosinofilia e hipoglicemia - Hemorragia adrenal aguda · Dor abdominal, flancos e lombar, desconforto abdominal, distensão e desconforto abdominal (menos frequente) · Hipotensão, choque, febre, náusea e vômito, confusão e desorientação, menos frequentemente cianose e taquicardia · Com a progressão – hipotensão severa, depleção de volume, desidratação, hiperpirexia, cianose, coma e morte. Laboratório e ECG - Destruição adrenal gradual · Hiponatremia e hipercalemia · Anemia normocítica e normocrômica, neutropenia, eosinofilia e linfocitose relativa · Elevação de U e C (desidratação) · Leve acidose · Hipercalcemia (leve a moderada) em 6% dos casos · Dosagem de autoanticorpos (anti-21-OHase, anticórtex suprarrenal) · Investigação de síndromes poliglandulares · Radiografia do abdômen – calcificação adrenal (50% dos casos de tuberculose adrenal) · TC – calcificação e aumento do volume adrenal · ECG – baixa voltagem, eixo do QRS vertical, anormalidade inespecífica de ST-T - Hemorragia adrenal aguda · Hiponatremia e hipercalemia raramente, mas azotemia frequente · Eosinofilia pode sugerir o diagnóstico – estabelecido com estudos de imagem que demonstram aumento do volume das adrenais - Insuficiência adrenocortical secundária (IAS) · Etiologia · Por déficit de ACTH, mais comumente por uso crônico de glicocorticoide · Tumores hipotalâmicos e hipofisários são as causas mais comum – por hiposecreção de ACTH · Outras causas menos comuns · Fisiopatologia · Deficiência de ACTH · Aldosterona permanece normal – exceto em raros casos · ACTH pode ser normal, mas com reserva deficitária – resposta do cortisol ao stress é subnormal · Atrofia da zona fasciculada e reticular – eixo completo impedido · Manifestações de deficiência de mineralocorticoides é ausente · Sintomas e sinais · Crise aguda – pacientes não tratados e nos que fazem uso de glicocorticoide em períodos de stress · Hiperpigmentação ausente · Depleção de volume, desidratação e hipercalemia geralmente estão ausentes · Hipotensão nos casos agudos · Hiponatremia geralmente sem hipercalemia · Fraqueza, letargia, fatigabilidade fácil, anorexia, náusea e ocasionalmente vômitos, artralgias e mialgias, hipoglicemia ocasional. · Fatores associados · Uso atual ou prévio de corticoide · Perda da função de outros hormônios hipofisários · Hipersecreção de prolactina e GH de um adenoma pituitário podem estar presentes · Laboratório · Anemia normocítica e normocrômica, neutropneia, linfocitose e eosinofilia · Hiponatremia – falta de feedback negativo sobre ADH e diminuição da filtração glomerular não é incomum · Glicemia pode ser baixa – embora, hipoglicemia severa é infrequente Diagnóstico - Testes de reserva são necessários - Teste de ACTH com baixa dose (1ug) tem resposta subnormal - Níveis de ACTH plasmático – importante screening para insuficiência adrenal primária (alto) - Deficiência parcial de ACTH – teste de ACTH - Resposta normal para teste da metirapona (inibidor da 11beta-hidroxilase) ou hipoglicemia exclui insuficiência adrenal secundária · 11beta-hidroxilase converte o 11-deoxicortisol a cortisol - Teste com glicose – supressão - Se suspeita de Insuficiência Adrenal, · Dosagem sérica de cortisol basal · <3 mcg/dl – confirma IA · 3-15 mcg/dl – solicita o Teste de corticotrofina (ACTH) · Cortisol =<18 mcg/dl – Confirma IA · Cortisol >18-20mcg/dl – Exclui IA · >15 mcg/dl – exclui IA Tratamento - Reposição de cortisol e minerolocorticoide em doses fisiológicas - Crise aguda · Administração de glicorticóides · Correção de desidratação, hipovolemia e eletrólitos anormais · Medidas de suporte · Tratar a doença de base - Hidrocortisona 100mg EV 6/6h nas primeiras 24h e depois reduzir a dose para 50mg 6/6h - Somar terapia mineralocorticoide no 4º-5º dia - Manter ou aumentar a dose para 200-400mg/dia se persistem complicações - Correção de volume com SF e glicose - Avaliar e corrigir infecções e outros fatores precipitantes - Tratamento de manutenção · Hidrocortisona – SOLU-CORTEF® 10-15mg pela manhã e 5-10mg à tarde, via oral · Fludrocortisona – FLORINEF® 0,05-0,4mg pela manhã, via oral · Seguimento clínico – PA, hidratação, eletrólitos e etc · Uso de identificação no paciente · Dobrar a dose de hidrocortisona nos casos de stress - Resposta à terapia · Síndrome de Cushing sugere supertratamento · Dobrar as doses nos períodos de stress menor · Estudar osteoporose · Observar melhora do quadro clínico Prognóstico - Sobrevida depende da doença de base - IAS tem excelente resultado com TRH - Insuficiência adrenal bilateral por hemorragia – frequentemente fatal, sendo muitos casos reconhecidos na necrópsia Deficiência congênita de enzimas P450c17 - CYP17A1 – deficiência - Não haverá conversão em 17-a-OH-pregnolona e 17-a-OH-progesterona - Manifestação de excesso de mineralocorticoide fraco (corticoesterona) e infantilismo sexual - Genitália ambígua - Hipertensão - Hiponatremia e hipercalemia - Forma clássica de Hiperplasia Adrenal Congênitapor deficiência da 21-hidrolisase. - Mulheres (aumento do tamanho do clítoris) e homens (aumento do tamanho do pênis) Síntese de hormônios esteróides
Compartilhar