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A Familia Monteiro de Barros_compressed 1-compactado_compressed

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FREDERICO DE BARROS BROTERO
Do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; 
do Instituto Heráldico Genealógico de São Paulo.
A Família
Monteiro de Barros
SÃO PAULO 
1 9 5 1
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Comemorando as nossas
B O D A S D E O U R O
25 de Maio de 1901 
25 de Maio de 1951
Oferecemos e dedicamos este livro a nossos li- 
lhos e netos.
Silvia Monteiro de Barros Brotero 
Frederico de Barros Brotero.
-i
P Ó R T I C O
Descrever'a família Monteiro de Barros com precisão e em 
sua totalidade sem deixar escapar um nome, um galho, constitui 
tarefa ousada, difícil, para não dizer impossível.
Espalhada por todo o território brasileiro, principalmente 
pelos' Estados do centro — Rio, Minas, Espírito Santo e S. 
Paulo —• ocupando as mais variadas profissões, disseminada pela 
zona urbana dos grandes centros e pela rural dos vastos muni­
cípios do hinterland, exige esforço sobrehumano para coordená- 
la, para sistematisá-la em estudo claro e harmonioso. Enche o 
espaço de cerca de duzentos anos a linhagem completa de oito 
gerações. Suas raizes mergulham até a época remota do perío­
do fecundo da mineração e pelo lado materno até meados do 
século 17, na Bahia.
Para a formação das linhas genealógicas que interessam a 
êste trabalho influíram notáveis personalidades que exerceram 
funções sociais de alto relevo, imprimindo feição moral de rara 
magnitude.
O sentimento predominante em todos os representantes é 
o profundo espírito conservador e o culto exagerado pelo prin­
cípio de autoridade. Êste zêlo típico e fundamental na família, 
explica o fenômeno psicológico, o motivo pelo qual paladinos do 
regime monárquico e defensores do trono, se transformaram de 
um dia para outro em ativos e dedicados sèrvidores das novas 
instituições republicanas, desempenhando com lealdade e compe­
tência os cargos de nomeação e de eleição. Servem à pátria e 
não a partidos políticos.
Estudando através da história o desenvolvimento da família, 
é curioso e instrutivo verificar que durante gerações sucessivas 
emergem indivíduos em evidência perante seus contemporâneos. 
Não deparamos, é certo, com personalidades que absorvam a 
atenção de tôda a nação, um nome que brilhe fulgurante atraindo 
a admiração geral, fascinando as multidões, mas encontramos 
sempre patriotas que tomaram feição mais discreta, quase ínti­
ma, no decorrer dos acontecimentos.
Cabe aqui a comparação velha e sediça, sempre verdadeira 
e oportuna. Entre os fenômenos naturais, contamos o raio que- 
fulgura, ilumina determinada região; temos o trovão que a -todos 
impressiona pelo ruído e pelo barulho, cujo eco, porém, vai de 
quebrada em quebrada, amortecendo até desaparecer. Ao lado 
destes fenômenos existem também acidentes naturais, o esperto 
arroio que desce da serra, cantando e deslizando entre campos, 
fertilizando o solo, dando de beber ao gado, tocando moinhos, 
movimentando azenhas, numa duração eterna, constante é útil.'
O gênio é pessoal, monopólio de um só ; precisa de condi­
ções propícias para sua eclosão, para sua expansão fecunda; 
não se transmite por hereditariedade. Raras as famílias onde 
o halo dourado do prestígio de um de seus membros continua 
por duas gerações. O gênio fulgura e passa, sem discípulos, so­
brevivendo apenas na admiração da posteridade.
O contrário sucede na família Monteiro de Barros; oito 
gerações consecutivas concorreram para o bem comum, sóbrios 
no falar, diligentes no executar, com elevado espírito de conti­
nuidade que fica, permanente e sobrevive. Nas entrelinhas de 
suas biografias e testamentos colhemos informações acentuadas 
de sua origem, que se traduzem no apêgo à tradição, no culto 
do dever, no radicado amor à terra e à família,,mos- hábitos pa­
triarcais, no conforto das gerações, nos objetos que constituem 
a proprifedade, na moradia e na imponência pessoal. „
Na boa organização familiar os exemplos vão abrindo ca­
minho à imitação, à auto crítica, à observação cautelosa; há 
alguma coisa de sugestivo e inspiradoç ,de idéiás em evocar e 
lembrar o procedimento do pai, do avô. . .
À medida que os anos .passam no redfemoinho vertiginoso 
da atualidade ressurgem os gestos eternos de bondade e de cri­
tério dos maiores; voltam suas figuras constantemjente ao pre­
sente com graça varonil é suavidade, revivendo no*exemplo de 
suas atitudes, de suas ações e ensinamentos.
Num país como o nosso, ainda em processo' de sedimenta­
ção e onde os sentimentos de tradição em geral não adquiriram 
a intensidade dos que feinam entre os povos velhos, é de suma 
conveniência, «a cada passo, relembrar os ancestrais, reviver as 
efemérides notáveis de seus feitos, por mais modestos que sejam.
A vasta extensão territorial de nossa terra -facilita, favorece 
a dispersão, a desagregação, o isolamento. 3| preciso encontrar 
o antídoto, uma fôrça espiritual que possa -agir em favor da. 
união. Encontramos: a tradição e família significam Unidade. 
Unidade -(política, de crenças, de usos e costumes, de língua.
diga, entretanto, que permaneceram os Monteiro 11a
— 7 —
contemplação muda e fatalista dos antepassados, sem faculdades 
construtivas, inertes e de braços cruzados. Longe disso. Res­
peitam a tradição, mas o seu esforço dirige-se para a nação 
viva, para a nação que em tôrno dêles trabalha, produz, pensa 
e sofre e deixando para trás, respeitando, a glória dos antigos, 
ocupam-se da pátria contemporânea, procurando perceber-lhe 
as aspirações, dirigir-lhe as forças, torná-la mais forte, mais 
culta, mais próspera e digna de figurar entre as demais.
Conservar, melhorando, eis o lerna, a divisa.
A tradição, o amor ao passado sem uma energia operante 
que a guie, alimente, sustente, não tem calor nem vida.
Os homens não ficam no vácuo ou perdidos num deserto, 
mas aparecem no meio familiar e social influenciados pelas idéias 
e interesses do tempo, todos os comparsas surgindo em cena 
oportunamente e desempenhando o seu papel. Acompanham o 
desenvolvimento económico, o ritmo acelerado dos acontecimen­
tos e os ciclos decorridos em nossa evolução económico-finan­
ceira. Cada século no Brasil teve feição peculiar. Deixemos o 
ciclo do açúcar, anterior à família, e acompanhemô-la em outros.
O primeiro estágio foi a mineração.
De Portugal veio o chefe Manuel José Monteiro de Barros, 
fascinado pela fama-do ouro das “Gerais”, seduzido pela mine- 
ção da qual tratou em rica lavra na sesmaria Galés de Cima.
Na nova pátria não fói dificil encontrar uma companheira 
digna e que o pudesse auxiliar na formação da família. O seu 
casamento com Margarida Eufrásia foi celebrado debaixo de 
geral aprovação. Sabiam os parentes desta que so emigrava o 
forte, o varonil, o de espírito aventuroso, audaz, espicaçado pela 
ambição de riquezas, os de animo alevantado e aprestados para 
a luta.
Acertaram, pois de seu casamento deflue progénie avultada 
e vigorosa.
Escreve o professor A. Ellis Júnior: “O ouro acarretou 
, a abertura de novas possibilidades em vários ramos que a civi­
lização oferece ao homem. O desenvolvimento intelectual e artís­
tico de um povo não é senão mero reflexo da situação eco­
nómica. Os enriquecidos, graças ao ouro, tiveram ante si as 
possibilidades de se aperfeiçoarem na Europa (História da Ci­
vilização Brasileira, Boletim n. 37, pág. 361).
Palavras verdadeiras que se adaptam perfeitamente à 
família.
Nem o conforto e bem estar das capitais européias, nem 
os atrativos multiformes da metrópole portuguêsa desviaram a
trajetória que a si próprio impusera Manuel José'. Aqui viveu, 
enriqueceu, sem voltar jamais ao país de origem. Aqui morreu 
deixando os frutos colhidos no exaustivo trabalho de mineração, 
frutos êstes empregados, em boa parte, em dar a quatro filhos 
e oito netos um diploma de estudos superiores.
Fazemos questão de salientar e de focalizar com raios ar­
dentes esta circunstância que constitui o maior elogio que possa­
mos fazer a tão ilustre fundadorda família. Manuel José teve qua­
tro filhos e oito netos formados na Universidade de Coimbra,, 
contribuindo insensivelmente para estruturar as bases civiliza- 
doras de uma grande nação futura; alicerces de uma civilização- 
que despontava na América do Sul.
Não conhecemos; é possível que exista — e ficaríamos gra­
tos a quem indicar — fato idêntico : um chefe de família, no perío­
do colonial, que possa se ufanar de ter entregue e dedicado ao 
serviço da nação, nada menos que quatro filhos e oito netos, 
diplomados por estabelecimento superior de ensino.
Diz Rafard que a família Monteiro-de Barros.foi a segunda 
do Império, sendo a dos Andradas a primeira. Pode. ser, é pos­
sível, mas não conhecemos um chefe nesta última que possa 
repetir a façanha de Manuel José.
Os filhos dêste também se ocuparam na mineração, mas 
no final da vida foram testemunhas — ou vitimas ? — de notá- _ 
vel transformação económica social: a decadência dâs . minas.
Os velhos solares ficam reduzidos' a* miseráveis taperas, o mato 
e as ervas daninhas invadem as construções, os rêgos d’aguâ 
desmoronam-se e a população retira-se deixando atrás de si 
aquêle ar de abandono e de desolação. 4 * t ^ '
Tudo aparente, porém. Deu-se o fenômeno, verificado ura 
século mais tarde por Stefan Zweig, citado por Sousa Filho, 
“Critica Humanista’’, pág. 91: “As crises no Brasil, diz Zweig,. 
longe de serem nocivas, conduzem a economia l?rasileira a trãns- - 
formações mais felizes. A catástrofe da abolição dá origem, ao 
surto do café e à imigração em massa, ao poVoamento do solo.; a 
guerra européia, ameaçadora de prejuízos terríveis, faz surgir aj 
Indústria”, " j *
E foi ç que aconteceu naquele tempo aos remanescentes da , 
mineração; não desanimaram. ' «,
Deixaram os almocafres, as pás çavadeiras, bateias e ca- âà 
rumbés e empunharam a rabiça do arado, a enxada do agficultoir 
e o país lucrou com a troca. - ;
, O ocaso do ouro abre a êles outra fonte de riquezas, mais 
estável e ântes desapercebida: a agricultura, que poderemos re 
......;------“El Rei Cajé". ' . ,
%
sumir em
— 9 —
Espalharam-se pela zona da Mata (Minas) antigo Feijão 
Cru, abrem aprazíveis fazendas, dilatam a periferia da região 
habitável e agrícola, tão bem descrita pelo Ministro Ferreira 
de, Rezende “Minhas Recordações”, págs. 367 e 375. Outros 
dispersam-se pelo vale do Paraíba, na antiga província do Rio 
de Janeiro e unindo-se aos Breves, Gonçalves de Morais, Vidal, 
Teixeira Leite, formam magnificas lavouras de café onde reina 
à fartura, a vida ao ar livre e puro, onde os homens crescendo 
no meio de uma natureza selvática, robustecidos pela atmosfera 
tonificante de agradável clima temperado, na placidez de uma 
vida patriarcal, mantinham o perfume de distinção e fidalguia 
e se acostumaram no tratamento faustoso, às maneiras educa­
das, ao tom respeitoso, à hospitalidade acolhedora, coroando 
tudo com a severidade dos hábitos e costumes. Não faltavam 
mesmo requintados sentimentos artísticos difundidos por mes­
tres de música e de pintura, contratados na Côrte e em Paris.
Nessa ocasião atingiu ao máximo do esplendor o patriar- 
calismo dos Landlords fluminenses, tão bem descritos no vol. 
5.°, da “História, do Café” do Dá. A. de Taunay.
Entra em agonia a cultura da rubiácea no vale fluminense 
do Paraíba, depois de desbastar o revestimento florístico milie- 
nar e depois de retirar a fertilidade primitiva da terra. Definem 
duas correntes. O grupo dos eternamento afeiçoados ao café, 
grupo corajoso, desloca-se para o Oeste de São Paulo tangidos 
pelo slogan “Marcha para Oeste”, acompanhando o nomadis- 
mo do café, atraídos pelo sertão, em busca de terras novas e 
frescas, desbravando matas virgens que vestiam, ondulantes o 
solo manso e acolinado do planalto, fazendo surgir o cafezal que 
avançava irrefreável sôbre as cinzas esfriadas de monumentais 
queimadas. Os cafezais criaram uma civilização estável, ven­
ceram a gleba bruta, promoveram a fundação de magníficas ci­
dades no interior paulista e formaram fazendas opulentas que, 
transformadas em núcleos de progresso, repetiam no sertão, 
recentemente agreste, o papel civilizador dos tradicionais enge­
nhos de açúcar nas antigas zonas do Nordeste.
Daqui a 50 ou 100 anos veremos os Monteiro de Barros 
em pleno centro de Goiás, nas florestas de Mato Grosso, levando 
o estuante contingente de energia, de audácia, de construtividade 
e de gênio civilizador.
Outro grupo, mais prêso ao solo, procura novas fontes de 
riquezas e outros meios de empregar a atividade. Surge o ter­
ceiro ciclo: o industrialismo e o capitalismo (banqueiros)
Aqui, uma pequena pausa.
Os grandes apóstolos da democracia brasileira, aferrados
-
10 —
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aos postulados da revolução francesa de 1789, de Liberdade,
Igualdade e Fraternidade, limitavam-se a pregar um liberalis­
mo vazio, muitas vêzes em campanhas eleitorais que lhes tirava 
o caráter teórico e absorvia o valor doutrinário, liberalismo que 
se consumia em discursos e apóstrofes e se derramava em apa­
ratos literários, abandonando o sentimento construtor imposto 
pelas condições de uma sociedade em formação. Nenhum tra­
tou do carvão de pedra, do petróleo, da energia elétrica, jul- . 
gando que tudo se concentrava no regime e nos governantes, 
no espírito e na imaginação.
Bem adverso é o pensamento dos estadistas de hoje aos 
quais se juntaram os Monteiro. Respeitando e observando leal- 
mente os princípios acima formulados, enveredaram-se pelo ca­
minho da industrialização, do utilitarismo, base única do prO->̂ 
gresso e da civilização. Vemos os Mascarenhas alterando e 
modificando profundamente a estrutura de uma região como a 
de Juiz de Fora, fundando bancos, instalando fábricas, inaugu­
rando usinas elétricas; vemos os Monteiro Junqueira, de LeO- 
poldina, na zona da Mata, organizando companhias e incorpo­
rando bancos que servem de modelos e . que por si só definem 
uma geração. Na Capital do país revelam os Monteiro de Barros 
alta capacidade na administração de sociedades anónimas, nas 
sociedades construtoras e em organizações5 mercantis. Em S.
Paulo intervêm na direção de importantes estabelecimentos in­
dustriais, sem contar coima usina “Vassununga”, de açúcar — 
modelar — pertencente a um Monteiro de Barros.
Todos produzindo riquezas, criando valores.
Hoje não podemos encontrar uma denominação ‘rigorosa e 
que possa caracterizar com precisão o ciclo que atravessamos. O 
desenvolvimento da indústria criou poder aquisitivo nos centros 
urbanos. A lavoura, embora necessite de exportação, tamb^n 
encontra mercados internos, de sorte que se verifica atualménte 
uma solidariedade perfeita entre a agricultura, a indústria e o 
■capitalismo, que se completam reciprocamente numa interdepen- ^ 
dência fatal. Todos sofrem das mesmas necessidades e estudtfth * 
ia resolução de problemas idênticos, que poderemos • resumir * 
em : mão de obra, transporte, crédito fácil, ensino* têinicq, jus­
tiça rápida e fomento à produção.
E isto compreenderam muito bem os Monteiro de Barres. -ÍÉ&
As abstrações cederam às realidades. jjg
Se deixarmos o estudo das atividades materiais e s£'■■$!*“ *
■sarmos ao estudo em conjunto, em grandes linhas, veremos:
Nas profissões liberais, advjogados, médicos, engenheiros 
todos competentes e estimados. Na administração, dando inicí^
m
m
-A. 7 -
à carreira de legisladores em modestos cargos de vereadores em 
suas respectivas aldeias, continuam, durante o Império, a es­
teira luminosa de deputados provinciais, deputados gerais; na 
República, de deputados e senadores estaduais, deputados e se­
nadores federais. Deixando as atribuições legislativas, encon­
traremos em outras funções públicas, presidentes de província, 
ministros e conselheiros do Estado, militares de terra e mar, vir­
tuosos sacerdotes, magistrados e argutos diplomatas, todos com 
dignidade concorrendo instintivamente para a elevação da causa 
pública. Nenhum excesso de linguagem, nenhum entusiasmo 
romântico ou demagógico;tudo medido, pesado e de perfeito 
equilíbrio. Trabalham numa vasta obra de renovação contínua 
no sentido da Justiça e da Bondade que flameja acima das mul­
tidões, independente de aplausos e de palmas passageiras. Ape­
sar da materialidade dos tempos, do estrídulo das cidades e das 
asperezas da democracia, a justiça neles é imanente, ingêmta.
Fazemos caloroso apêlo: mantenhamos as tradições de fa­
mília moldadas em rigorosa moralidade, em hábitos sãos, resis­
tamos à influência dissolvente do cosmopolitismo desordenado, 
heterogéneo e avassalador e às tendências exageradas e destrui­
doras dos costumes sadios deixados pelos maiores.
Só assim a família será eterna.
Escreveu Eça de Queiroz que os romanos eram tão amigos 
das rosas, que um cidadão não possuindo recursos para orna­
mentar e cobrir o próprio túmulo com tão deliciosas flores, man­
dou esculpir e gravar na campa humilde suplica ao viajante: 
por esmola depositasse ah uma rosa:
“Sparge, precor, rosas supra mea busta, viator”.
Leitor amigo, uma rosa, ao menos, para os Monteiro de 
Barros que já se foram; bem o merecem.
* * *
Serviu de base e de fonte inicial a êste estudo, um folheto 
publicado em Santos, no ano de 1908, pelo Sr. Geraldo Monteiro 
de Barros, folheto raro e fora do comércio, mas do qual toma­
mos conhecimento por intermédio de dois exemplares, um de 
propriedade do Sr. José Eugênio Monteiro de Castro, outro do 
Dr. Hélio Monteiro Sales. Antes disso, porém, em fins do 
século passado, em 1898, outro Monteiro de Barros — ou o 
mesmo? — cuja identidade não pudemos estabelecer, tratava do 
assunto, existindo um manuscrito arquivado nos papéis do fale­
cido Ministro Dir. Edmundo Lins e do qual também estivemos 
de posse, por nírnia bondade de sua Exma. viúva.
— 12 —
"*•
Parece que o trabalho do Sr. Geraldo sofreu a influência . - 
do notável genealogista Dr. Luiz P. Moretzsohn de Castro, por 
feliz coincidência, magistrado residente em Santos, pois o seú ,, 
ramo aí se trata detalhadamente e com certas minúcias desco-. 
nhecidas em outros ramos contemporâneos. O trabalho alu-, P 
dido, do Sr. Geraldo, trata dos Cunha Matos, dos Álvares de- 
Castro, Negreiros e só no fim aparecem os Monteiro de Barros. 
C)ra, somente graças ao estudo dos Álvares de Castro poderia 
o trabalho abranger o ramo do ilustre juiz que naquele tempo 
já se preocupava com zêlo e competência de assuntos genealó­
gicos, requerendo certidões em Mariana, publicando um èscorço^ 
sôbre os Barros e Vergueiros, oferecido ao Dr. Silva Leme que 
o deu a lume em sua Genealogia Paulistana. Neste particular o 
Dr. Moretzsohn foi um animador consciencioso no terreno das. 
pesquisas, sentia verdadeira satisfação em diftríhilí-las aos ami­
gos e confrades. À sua generosidade natural ,e exjáansiva deve­
mos preciosos documentos, alguns publicados êni vída do pre­
claro amigo, no nosso folheto sôbre o Barão de. Àntonina.
O trabalho do Sr. Geraldo está salvo. O desenvolvimento^ 
da dactilografia facilitou a cópia, ciando oportunidade de encon­
trarmos mais d t três exemplares, dactilogíafados, à nossa dis- A 
posição, enviados por parentes e amigos de diferentes lugares.. 
Guardamos a nossa cópia.
Também colhemos informações preciosas no livro do Dr.. 
Artur Rezende, “Genealogia Mineira”, livro que a nosso ver 
desempenha em Minas o mesmo papel que o do Dr. Silva Leme 
em São Paulo. *.»
Recebemos valiosas informações por intermédio de corres­
pondência epistolar. Fomos felizes; encontramos animação; a 
maioria dos solicitados atendeu aos nossos pedidos, respondendo 
às cartas, que constituem curioso e interessante arquivo. Sem 
querer formamos uma coleção de autógrafos.
Como em outros trabalhos, desde já confessamos: é possí­
vel a existência de equívocos, enganos- e de erros. A grafia de 
nomes próprios também oferece margem para dúvidas e diver­
gências. Fiçaremos gratos e agradeceremos, a remessa d e infor­
mes para corrigir, emendar, alterar e ampliar qttalquef p^ina. 
dêste livra. Tudo será oportunamente publicado. **
-V-
Já disse Quizot:
“En aucune chose peut-ctre il ríest donné a Vhomme d’< 
ver ao bnt; sa gloire est d’y avoir marché”.
— 13 —
Êste livro é apenas uma tentativa inacabada; um esboço sem 
feição definitiva. Não atingimos ao alvo referido por Guizot, 
não completamos o projeto idealizado, mas empregamos o má­
ximo esforço para alcançá-lo, à custa de sacrifícios fisicos, de via­
gens fatigantes e de despesas avultadas. Poderão alcançá-lo os 
descendentes e futuros genealogistas; vasto ainda é o campo on­
de poderão respigar.
Aí fica o alicerce, o livro básico; se não provocar aplausos 
e louvores que, ao menos, o pêso dos setenta e quatro anos do 
-autor^ desperte sentimentos de indulgência e atenuantes.
Essa é a nossa única ambição.
São Paulo, Janeiro de 1951
Frederico de Barros Brotero.
A S C E N D Ê N C I A
Na região encantadora do norte de Portugal, entre Douro 
e Minho, corre agitado e barulhento o rio Cávado, que descendo 
da Serra de Gerez, banha uma zona fértil, entrecortada de oli­
vais frondosos, alentados pinheirais e de castanheiras seculares.
Já naquele tempo poderíamos dizer de Portugal: “Jar­
dim da Europa à beira mar plantado”. Fragmentado em pe­
quenas propriedades, parece de fato um jardim, redolente de 
aromas da primavera, enfeitado pelos trigais ceifados reunidos 
em feixes e medas e pelos vinhedos alinhados, acompanhando 
todas as ondulações de montes e vales. Clima acariciante, ex- 
plendor de paisagem, resplandecência do colorido, fazem desta 
minuscula zona um atrativo grandioso para os que andam pelo 
mundo a procura do belo.
Além das cidades importantes de Barcelos e Espozende, à 
margem do rio, surgem aqui e acolá aldeias, povoados, granjas 
movimentadas e quintas tradicionais, abrigando uma população 
forte e vigorosa e de notável capacidade de trabalho, população 
rústica e viril, evocando um suave mundo rural no qual se os 
homens não viviam á larga, não lhes faltava o essencial; havia 
saborosos vinhos, caldo verde e bons petiscos, trovas populares 
cantadas ao ritmo marcante das guitarras debaixo de sebes ro­
mânticas onde suspiravam graciosas filhas do Douro, ricas pelo 
brilho e vida de seus grandes olhos.
Trabalhava-se a cantar e quando era preciso também se 
dançava no intervalo da faina1.
Tudo bafejado com a aragem cristã de costumes sadios e 
irrepreensíveis.
O parcelamento das terras nesta fértil província portu­
guesa, permitindo que cada um amanhasse o seu quinhão, sendo 
poucos os que nada possuíam, constitui, talvez, o fator econó­
mico e social das mais transcedentais influências nos usos, cos­
tumes, hábitos e mentalidade dos minhotos.
Formou-se uma nobreza, não de sangue, mas rural, prêsa
á gleba, com. avós que já tinham plantada vinha e murado terras 
desde o tempo de D. Diniz, edificando o Reino como disse 
xandre Herculano, com uma enxada e com uma lança.
Dêsse tronco robusto partiu um galho, um rebento, M a n t j e f p g l 
José, que estendeu raízes em plagas brasileiras, trazendo 
seu cerne os sentimentos ainda latejantes de lealdade, de cuâÉpSS&Psr 
primento do dever, de heroísmo e de atividade, afinados pelâs 
expressões com que a fisionomia de Portugal se revela através 
dos séculos: cristã, descobridora, guerreira e civilizadorá.
Estas qualidades privilegiadas plasmaram q^paráter e for­
maram a sensibilidade brasileira dos Monteiro de Barros.
Entre os povoados menores notantos São Miguel das Ma­
rinhas, São Tiago de Carapeços, o lugar Pinhole e outros; entres-' 
as famílias gradas destacavam-se os Monteiro de -Barras £8»
Vieira Repincho. v
No dia 30 de novembro-de 1714, na Igreja Matriz de "Sã
4 .Tiago de Carapeços- reahsava-se um acontecimento soeis 
magna importância: a pajjt§ conceituada do lugar e arreí 
reunia-se'para assistir ao casamento de dois filhos daquelas ítié 
portantes famílias, ao casamento de João Vieira Repincho c 
Máriana Monteiro de Barros, como faz certo o termo seguintef
‘Eu, Antonio José Rodrigues Ferrara, Escrivão
“livrosfindos nesta Corte e sua Comarca, pelò Fit*:,f v ’;
1 V p Ip n H ç ç im rt p P p v p rp in H ic c irn n ^ p n íin r F ín m T<YfM . . :‘celentissimo e Reverendíssimo, Senhor Dom. Frei ;., v
Caetano Brandãp, Arcebispo Primaz de Braga,’ftc., - •<
certifico que em meu poder e cartório se acjiáíát os y
‘da freguesia de São Tiago dé.Çarapeços e.®uãg livro
“de assentos de casados, a fls.- cento e vinte e quatro 
“se acha o de teor seguinte: — Aos trinta de novem- 
“bro de-mil setecentos e catorze nesta Igreja de São 
“Tiago de Carapeços, casou por palavras de presènte 
“na forma que dispõe o Sagrado Con^ffíò Triáentino 
“e Constituições deste Arcebispado, e Primaz, em 
“minha presença, João Vieira. Repincho, 'filho de 
“João Vieira e de Madalena de Araújo, da freguesia 
“de São Miguel das Marinhas, termo' da vila d^vEspo- 
“zende e Mariana Monteiro de Barros, filha legitima 
“do Dr. Manuel Monteiro de Rarros e de sua mu­
lh e r Inês Pereira desta dita freguesia de São Tiago 
“de Carapeços; foram testemunhas o Doutor João 
“ Vieira Repincho da freguesia de São Miguei das 
^Marinhas e André, solteiro e Pedro Francisco, am- 
(<bos desta freguesia, que aqui assinaram- e a maior 
“parte dá freguesia, do que fiz este termo,
— 17
“ supra. O Abade, Frei Braz Mendes Soro. (Ass.) 
“João Vieira Repincho — André Francisco — Pedro 
“ Francisco, testemunhas. Nada mais se continha 
“nos ditos assentos a que me reporto e de verdade me 
“assino. Braga, vinte e seis de fevereiro de mil se­
tecentos e noventa e cinco. Antonio José Rodrigues 
“ Ferreira”.
Não conseguimos apurar quantos filhos nasceram deste casal; 
tomamos nota de dois nomes apenas. O primeiro, nasceu dois 
anos e seis dias depois das auspiciosas núpcias, no dia 6 de de­
zembro de 1716 e levado á pia batismal no dia 22 do mesmo mês, 
recebeu o nome de Manuel José, como prova o assento lavrado a 
fls. 85, do livro de batizados dêsse ano, da Igreja de São Miguel 
cias Marinhas:
“A’ margem: Manuel José, filho legitimo de João
“Vieira Repincho e de sua mulher Mariana Montei- 
“ ro de Barros, do lugar Pinhote, desta freguesia de 
“ São Miguel das Marinhas, nasceu a 6 de dezembro 
“de 1716 e foi batizado pelo Reverendo Padre João 
“Gonçalves de minha licença, aos vinte e dois dias 
“do. mês acima; foram padrinhos Manuel Monteiro 
“de Barros casado com Ana Barbosa de Faria, da 
“vila de Barcelos e Joana de Jesus Maria José, filha 
“de Manuel Caminha de Morais e de Inês Coelho, 
“da vila de Espozencíe e por ser verdade fiz este as- 
“sento que assinei com o padrinho e como testemu- 
“nha o licenciado Alexandre Vieira. Dia, mês e era 
“ supra. O Vigário, Urbano de Faria Machado. 
“ Manuel Monteiro de Barros. Alexandre Vieira”.
Outro filho do casal, foi João Caetano, citado no testamento 
de Manuel José. Este e seu irmão não adotaram o sobrenome 
paterno “Repincho”.
Pensam alguns autores e descendentes que esta palavra 
“ Repincho” designe alcunha ou tratamento familiar.
Não pensamos de tal modo.
Serviu de testemunha no casamento acima, uma pessoa gra­
duada com titulo de instrução superior, o Doutor João Vieira 
Repincho que não usaria de alcunha ao lançar o nome em do­
cumento de tanta importância como seja um assento de matri­
mónio; para testemunhar um ato de tal magnitude deveria em­
pregar o nome legal, jurídico, o seu verdadeiro nome.
E foi o qtie se deu.
Alguns sustentam que Repincho indique um bairro, uma
— 18
região, um lugarejo perdido num desvão de serra, desconhecido 
pelos geógrafos.
Esta interpretação é plausível; os portuguêses e espanhóis|| 
costumavam adicionar, acrescentar ou incorporar ao próprio, 
nome, o da aldeia ou cidade onde nasceram, e, se emigrados, 
onde deixaram os maiores e progenitores.
E’ aceitável a hipótese de ser a família Vieira originária der 
algum lugar denominado Repincho. Vamos enumerar alguns 
exemplos deste hábito familiar.
O Dr. Silva Leme, na Genealogia Paulistatíagjgregistra um . 
português, Domingos Luís natural da vila de Carvoeira, que no_ 
Brasil tornou-se conhecido pelo nome de Domingos Luís, o da. 
Carvoeira, nome que pela lei do menor esforço foi simplificadó 
em Domingos Luís o Carvoeiro. Nunca em sua vida fez carvão; , 
foi abastado lavrador. • __
Antonio da Silva, natural da vila do Prado, reuniu este ulti-çJE . 
mo vocábulo ao verdadeiro nome e passou a se assinar Antoniófol 
da Silva do Prado; deixou enorme descendência hoje reunida na.-/' 
família Silva Prado.
Em nosso livro “Oliveiras”, pág. 398, mencionamos um Do­
mingos de Oliveira, natural de Braga, filho de Antonio de OlijA 
veira e de Maria Josefa de Oliveira e que em Rio Claro casou,, 
por coincidência, com Sebastiana de Oliveira. Para identificar 
sua pessoa no .meio de tantos Oliveiras, no ato de casamento e 
depois na vida civil e comercial passou a se assinar Domingos 
de Oliveira Braga, com vasta prole espalhada por tôdo o Estado.
O sogro do Coronel Bonifácio José Ribeiro de Andrada 
fundador da família Andrada, em Santos, chamáva-se Gonçalo 
Fernandes Souto, filho de outro Gonçalo Fernandes, natural do 
lugar do Souto (São Tiago da Torre do Pinhão, Arcebispado de 
Braga) provindo daí o apelido Souto que o filho incorporou ao 
nome de família formando um novo grupo, Fernandes Souto, 
estimado e numeroso em Santos.
Augusto de Lima Júnior, em seu interessante livro "A Ca­
pitania das Minas Gerais”, 2.a edição, pág. li&6, depois dlpdfes-» 
crever a classe nobre e a plebeia (pés„ rapados) diz que- existia 
uma terceira, intermediária, a dos “ sem nomelfegminda das 
classes populares portuguêsas. que não tinham soBgpnome de 
família e que distinguiam-se pela adição dos derivados da locali­
dade onde nasceram. Manuel Francisco, de Braga, distinguia- 
se de Manuel Francisco, de Bragança, surgindo assim os Oli­
veiras, os Barcelos, os Coimbrãs, os Vianas, os lim as, etc..
São conhecidos ena S. Paulo os inúmero^ Chaves, Guima*
— 19
rães, Lisboa, nomes de famílias conceituadas, cujos chefes e fun­
dadores, eram naturais das respectivas cidades.
Manuel José trocando o nome paterno, usou, portanto, de 
um direito decorrente de usos e costumes da época, conservados 
até hoje em certas regiões do Brasil, principalmente no Estado 
de Minas: o de guardarem os filhos somente o sobrenome ma­
terno ou colocarem-no em último lugar, depois do paterno.
Bem sabemos o que seja a anarquia da antiga onomástica 
portuguesa e, portanto, da brasileira e a balbúrdia existente na 
assinatura de personagens coloniais. Pedro Taques se assinava 
Pedro Taques de Almeida Lara; modificou depois para Pedro 
Taques de Almeida Paes e ultimamente, para homenagear emi­
nente colateral, adotou o terceiro nome, Pedro Taques de Almei­
da Paes Leme.
Este hábito, de trocar de nomes, parece hereditário. Ma­
nuel José teve um filho que se assinava Manuel José Monteiro 
da Cunha Matos, abandonando o Monteiro de Barros, paterno.
Manuel José Monteiro da Cunha Matos, casando-se com 
uma Nogueira da Gama, teve um filho que por sua vez se assina­
va Francisco Xavier Monteiro Nogueira da Gama, deixando o 
Cunha Matos, paterno, para substituí-lo pelo Nogueira da Ga­
ma, materno. E assim tantos outros.
Da vida de Manuel José Monteiro de Barros, em Portugal, 
nada conseguimos apurar; emigrou para o Brasil tentado pela 
mineração que no momento atingia ao auge de prosperidade; em 
1761 obteve a sesmaria de Galés de Cima. com rica lavra e foi 
nomeado Guarda-Mor das minas de Vila Rica.
E ’ tradição na família, transmitida de pais a filhos que Ma­
nuel José veio a convite de um tio Padre que residia em Congo­
nhas do Campo, muito esmoler e caritativo, de alcunha Padre 
Broa, alcunha proveniente das broas de milho — na falta de 
trigo — que fabricava para distribuição gratuita entre os pobres 
e indigentes que acorriam famintos à sua acolhedora residência. 
Gomo todas as tradições, esta deve ser sujeita a quarentena, 
vai com as reservas de estilo.
O que não resta dúvida é que em Minas já existiam Mon­
teiro de Barros, que não .interessam a este estudo por não se­rem descendentes do Guarda-Mor Manuel José.
Vejamos.
Na lista dos estudantes brasileiros matriculados na Univer­
sidade de Coimbra encontramos o nome de Antonio Quirino 
Monteiro de Barros da Fonseca Coutinho, natural de Vila Rica, 
matriculado na Faculdade de Filosofia (em regra inicial do estu­
do sacerdotal), no dia 23 de dezembro de 1776.
Em geral os candidatos a estudos superiores matriculavam- 
se entre os 16 a 18 anos, devendo, portanto, este Antonio Quiri- 
no ter nascido aproximadamente em 1758 a 1760, antes da data 
do casamento de Manuel José.
Silva Leme, na Genealogia' Paulistana, 6-401, assinala certo 
José Monteiro de Barros que teve um neto LJrias Emídio No­
gueira de Barros, nascido em Baependi no ano de 1790.
Ensinam os autores genealógicos que as gerações sucedem- 
se em média, de 25 em 25 anos. Adotando este critério chega­
remos a conclusão que a mãe deste Urias deveria, ter nascido em
1765 e que o pái dela, José Monteiro de Barros, por volta de 1740.
No livro de óbitos da Igreja da Sé de São Paulo, livro 10,
fls. 27 v., encontramos o assento do óbito de João Floriano Mon­
teiro de Barros, mestre de primeiras letras em Parnaíba, faleci­
do com 34 anos no dia 17 de março de 1845.
No dia 11 de novembro de 1851 foi registrado na Igreja 
da Sé, o falecimento de Maria Monteiro de Barros, viuva, icn- 
tando 90 anos, mais ou menos, sepultada na Igreja dos Remédios.
Quem são estes dois Monteiro de Barros? Não .abemos.
Voltando ao Guarda-Mor Manuel José. Depois dç ter 
acumulado regular fortuna no trabalho fatigante de mineração 
resolveu tomar estado. Já não era sem tempo; atingia a idade, 
madura, contando cerca de 50 anos. Casou a 16 de agosto de
1766 em Vila Rica, com Margarida Eufrásia da Cunha Matos, 
filha do Guarda-Mor Alexandre da Cunha Matos e de Antonia 
de Negreiros, como faz certo o assento do teor seguinte, publica­
do em fevereiro de 1940 no folheto “Barão de Antonina”, de 
nossa autoria.
i
“Aos dezesseis dias do mês de agosto de mil sete­
centos e sessenta e seis, no Oratório das casas de 
“morada de Dona Antonia de Negreiros, sitas no 
“Passadez, desta freguesia de Nossa Senhora do 
“Pilar de Vila Rica de Ouro Preto, por despacho 
“do Reverendissimo Senhor Vigário Capitular des- 
“ te Bispado e com dispensa a banhos, sendo pelas 
“onze horas do dia em minha presença e das teste- 
“munhas Doutor Tomaz. Soares de Aguilar e de 
“André de Ceas e de muitas outras pessoas que as- 
“ sistiram, se casaram in facie Eclesiae e com pala- 
“vras de presente, Manuel José Monteiro de Bar- 
“ ros. natural da freguesia de São Miguel^das Ma­
drinhas, termo de Espozende, Arcebispado de Bra- 
 ̂ ga, filho legítimo de João Vieira Repincho e de 
Dona Mariana Monteiro de Barros e Dona Mar-
•1
“garida Eufrásia da Cunha, filha legitima do Guar- 
“da-Mór Alexandre da Cunha Matos, já defunto, 
“e de Dona Antonia de Negreiros, natural e bati­
z a d a na mesma freguesia e logo os notifiquei para 
“não coabitarem, com pena de Excomunhão maior 
“enquanto não apresentassem Provisão do Reve- 
“rendo Vigário da Vara desta comarca para re- 
“ceberem as bênçãos conforme o ritual da Santa 
“Madre Igreja e para constar fiz este assento. O 
“Vigário Antonio Corrêa Mairinck.’’
O Guarda-Mor Alexandre da Cunha Matos era natural de 
São Simão de Arões, Concelho de Macieira da Câmara, Bispado 
de Vizeu, filho de Miguel Fernandes da Torga e de sua mulher 
Luzia Fernandes. Passou às Minas Gerais por volta de 1730; 
exerceu o cargo de Guarda-Mor das Minas do Distrito de Vila 
Rica de Ouro Preto, nomeado pelo governador Gomes Freire 
de Andrade, por provisão de 27 de janeiro de 1744. Em 1766 
era falecido, deixando viuva, residente no lugar ‘Passadez”, da 
freguesia de Nossa Senhora do Pilar da mesma vila.
Antonia de Negreiros, esposa de Alexandre, era filha de 
Antonio Carvalho Tavares, natural da freguesia de São Sebas­
tião da Ilha de São Miguel, casado a 28 de fevereiro de 1688 
com Margarida Tereza de Negreiros, natural da freguesia de 
Socorro, no recôncavo da Bahia; neta paterna do Capitão Pedro 
de Matos do Ouental e de Barbara Garcez; neta materna de 
Lourenço Lobo de Barros e de sua esposa e prima, Maria de 
Negreiros de Barros.
Deixamos de dar maiores detalhes sôbre a ascendência de 
Antonia de Negreiros, remetendo os interessados para a Genea­
logia Paulistana do Dr. Silva Leme, vol. 2, págs. 202 até 206, 
onde o Dr. L. P. Moretzsohn de Castro traça magistralmente a 
de sua antepassada Joana Batista de Negreiros, irmã de Antonia.
Nada de importante temos a salientar em sua vida de mine- 
rador e de criterioso chefe de família. Alquebrado pelo trabalho 
fatigante e árduo, percebendo que as forças fisicas fugiam e fal­
tavam, chamou o licenciado Francisco Antonio de Souza para 
escrever o testamento, no dia 18 de junho de 1789, que em se­
guida transcrevemos:
“Em nome da Santissima Trindade, Padre, Filjio, 
“ Espirito Santo, três pessoas distintas e um só Deus 
“ Verdadeiro. Saibam quantos este público instru- 
“mento ou como em direito melhor lugar haja vi- 
“ rem que no ano de nascimento de Nosso Senhor 
“Jesus Cristo de mil setecentos e oitenta e nove
— 21 —
v,̂ ‘W p
— 22
“anos, aos dezoito dias do mês de junho do dito 
“ano, nesta freguesia da Nossa Senhora da Concei­
ç ã o de Congonhas do Campo, comarca de Vila 
“Rica onde eu Manuel Tosé Monteiro de Barros 
“estando em meu perfeito juizo e querendo evitar 
“ toda e qualquer dúvida ou desordem que póssa 
“haver depois de meu falecimento a respeito de meus 
“bens e administração de minha casa e família faço 
“este meu solene testamento na forma seguinte — 
“ Meu corpo será amortalhado no habito de Nossa 
“ Senhora do Carmo de quem sou irmão Terceiro -e 
“sepultado na Igreja Matriz, será acompanhado á 
“sepultura por doze sacerdotes da freguesia os quais 
“ também dirão missa- de Corpo Presente por minha 
“alma e assistirão ao ofício que da mesma sorte se 
“hade fazer na Matriz no dia em que for sepultado 
“e haverão a esmola taxada pelo Regimento. Rogo 
“e peço a minha mulher Dona Margarida Eufrásia* 
“da Cunha e Matos e a meus filhos o Dioutor Lucas 
“Antonio Monteiro e João Gualberto de BarrosSle a 
“meu cunhado o Reverendo Marçal da Cunha e Ma- 
“ tos queiram ser meus testamenteiros dando cumpri- 
“ mento a esta minha última vontade. Declaro que 
“sou natural da freguesia de São Miguel das Mari- 
“ nhas, termo de Espozende, comarca de Barcelos e 
“ Arcebispado dê Braga, filho legítimo de João Vieira 
“Repincho e de Dona Mariana Monteiro de Barros, 
“já defuntos. Declaro que sou casado com a sobre- 
“dita Dona Margarida Eufrásia da Cunha Matos de 
“quem tenho os filhos seguintes: o Doutor Lucas
“Antonio que proximamente foi a Lisboa para se 
“despachar, João Gualberto que se acha em Coimbra 
“proximo a formar-se, Mateus. Herculano Monteiro, 
“ Romualdo, José, Marcos, Manuel, Maria e Ana. 
“Declaro que como os bens que possuo são lavras 
“com serviços minerais, ferramentas necessárias para 
“eles, escravos, regos d’água, terras de cultura e 
“tudo o mais que constitui o monte mór dos mesmos 
“bens é minha vontade e td|jfna disposição que se 
“conserve tudo em -ser debaixo ída administração de 
“minha sobredita mulher Dona'Margarida fjEufrásia 
“ a qual torno a nomear por minha universal testa- 
“menteira, administradora,' procuradora e benfeitofa 
“ de meus bens e também por tutora de meus filhos
• . *'•'§; m - --
Xhfg.
• — 23 —
‘‘menores para tomar conta dos mesmos de sorte que 
“feito inventário de todos os meus bens fiquem estes 
“ sempre conservados em um monte até os ditos meus 
“filhos terem idade competente para se lhes entrega- 
“rem ou tomarem estado para o que hei por abonada 
“a referida minha mulher na falta da qual nomeio a 
“meu filho o Doutor Lucas Antopio e João Gual- 
“berto acima nomeados e a qualquer deles in solidum, 
“nomeio e torno a dizer instituo por meus testamen­
te iro s e tutores de seus irmãos ficando sempre com 
“o mesmo encargo da administração de todos os meus 
“bens em ser assime da mesma forma que acima de- 
“claro. Declaro que entre os escravos que possuo 
“ácha-se uma mulata por nome Mariana, outra cha- 
“mada Ana Izabel, mãi de Maria Salomé, um mula- 
“ tinho chamado João aos quais todos como também 
“a Maria Salomé deixo forros e para que em tempo 
“algum haja equivocações, declaro que Mariana dita 
“ é filha de Justa crioula, Ana Izabel filha de Maria 
“Fragata e João filho de Ana Fragata. Declaro que 
“deixo á Nossa Senhora da Conceição desta fregue- 
“sia, umas casas sitas atrás da mesma matriz que 
“confinam de uma parte com outras de Miguel Gon- 
“çalves Cadaval e de outra com outras que me per­
tencem e se repartirão igualmente o terreno do 
“quintal para ambas, tomando logo conta do que dei- 
“xo a Nossa Senhora da Conceição o procurador de 
“sua Irmandade. Declaro que da divida que me deve 
“minha cunhada Dona Ana Petronilha lhe abato por 
“esmola cincoenta mil reis. Declaro que perdoo por 
“esmola o que minha comadre Barbara, mulher viu- 
“ va de Manuel Teixeira de Morais me deve por um 
“crédito o qual se lhe entregará. Declaro que se da- 
“ rão trinta e duas oitavas em ouro ou em valor das 
“mesmas a Mariana aquem acima deixo forra. De­
c la ro que no Conventode Nossa Senhora do Carmo 
“no Rio de Taneiro se mandarão dizer cem missas, 
“pela minha alma e outras cem pelas almas de. meus 
‘‘parentes mais chegados e cento e cincoenta e seis 
“pelàs alftias de quaisquer pessoas a quem eu deva 
„ “algumaT"restituições de cousas módicas. Declaro 
“que no dia de meu enterro se repartirão a quantia 
“de seis oitavas de ouro pelos pobres que nele se 
“acharem dando-se quatro vinténs a cada um. De-
— 24 —
“claro que no dia seguinte ao meu funeral se dirão 
'‘na Matriz em rói assinado por meu testamenteiro 
“sessentaj: quatro missas da esmola' costumada. De- 
“ claro q u e se a a rá a meu irmão João Caetano â 
“quantia de dez oitavas de ouro. Declaro que se pa- 
“gará à minha Venerável Ordem Terceira de Nossa 
“ Senhora do Monte do Carmo o que eu estiver de- 
“ vendo até o tempo de mieu falecimento e o mesmo 
“se executará para com todas as Irmandades de que 
“ sou irmão. Declaro que as pessoas de conhecida 
“verdade que disserem que eu.lhes sou devedor de 
“quantias módicas estas lhes sejam pagas sem con­
ten d a de Justiça. E nesta forma concluo este meu 
“testamento pedindo às Justiças de Sua Majestade 
“de um e outro foro o façam inteiramente cumprir e 
“guardar como fica declarado por ser tudo disposto 
“conforme a minha última vontade para ,cujo efeito # 
“ roguei ao licenciado Francisco Antonio de Souza 
“que este por mim escrevesse em fé do que me assi- 
“no, dia e era ut supra. Manuel José Monteiro de 
“Barros. Como testemunha de que este fiz a rogo 
“do testador. Francisco Antonio de Souza.
“Termo de apresentação. Aos dez dias do mês de 
“Julho de mil setecentos e oitenta e nove (1789) 
“anos nesta Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de 
“Ouro Preto em casas de morada do Doutor Prove- 
“dor atual, Pedro José Aranha de Saldanha, do De­
sembargo de Sua Majestade. Fidelíssima que Deus 
“Guarde e sendo aí foi apresentado este testamento 
“com que faleceu o Guarda-Mor Manuel José. Mon- 
“ teiro de Bárros já aberto pelo coadjutor o Reve- 
“ rendo José Afonso Bragança como consta de sua 
“certidão que pelo achar sem vício rasuras nem entre- 
“ linhas, de que para constar mandou lavrar este 
“termo de apresentação que ássina com o apresen- 
tante. Eu, Luiz Gomes da Fonseca, escrivão da Pro­
vedoria dos Defuntos e Ausentes Capelas e Resíduos 
“que o escrevi. Saldanha. Antonio Moreira da 
“ Silva.
(Registro n. 43, fls. 59, do livro de registro de tes­
tam entos)
De seu ca.samento com D. Margarida Eufrásia d à - Cunha * 
Matos e de acordo com as declarações do testamento, houve nove 
filhos. Da última, Ana, não conseguimos a menor notícia, pre-
— 25
sumimos que tenha morrido na infância ou solteira. Restam 
oito, que para facilidade do estudo, serão registrados, com a des­
cendência, em outros tantos TÍTULOS. Assim:
Título 1 — Dr. Lucas Antonio Monteiro de Barros 
Visconde de Congonhas do Campo
2 — João Gualberto Monteiro de Barros
3 — Mateus Herculano Monteiro da Cunha Matos
4 — Romualdo José Monteiro de Barros
Barão de Paraopeba
5 — José Joaquim Monteiro de Barros
” 6 — Marcos Antonio Monteiro de Barros
7 — Manuel José Monteiro de Barros
8 — Maria do Carmo Monteiro de Barros.
T Í T U L O l.°
D E S C E N D Ê N C I A
DO
i r . LUCAS ANTONIO MONTEIRO DE BARROS
Visconde de Congonhas do Campo
primeiro filho do Guarda-Mor Manuel José 
Monteiro' de Barros e de Margarida Eufrásia 
da Cunha Matos.
. v-ru-Kr»-^- vó'-;:r* .• ;;
■i.
DR. LUCAS ANTONIO M ONTEIRO DE BARROS 
V isc o n d e de Co n g o n h a s do C a m po
Lucas Antonio Monteiro de Barros, primeiro filho do Guar­
da-Mor Manuel José Monteiro de Barros, nasceu em Congonhas 
do Campo (Minas) a 15 de outubro de 1767.
Em ■ idade adolescente seguiu para Portugal, onde estudou 
humanidades, matriculando-se na Universidade de Coimbra, na 
Faculdade de Direito, em 1782 e na de Matemáticas no ano se­
guinte, a 7 de outubro de 1783, recebendo o diploma acadêmico 
depois do transcurso normal e regulamentar de todos os perío­
dos escolares.
Qual a direção que tomou depois de formado ? Existem na 
família duas versões. A primeira, que deixou-se ficar em Lis­
boa. onde casou-se e ingressou na magistratura. Outra, a mais 
aceitável, diz que dirigiu-se imediatamente para o seio da família 
em Vila Rica (Ouro Preto) em visita ao ninho materno e para 
matar as saudades do velho pai, de quem estava separado há 
tantos anos.
Pouco tempo aí permaneceu; voltando logo para Lisboa im­
pelido por dois motivos, um de ordem sentimental, de casar com 
sua prima Maria Tereza Joaquina de Sauvan, com quem estava 
comprometido e outro de conseguir um lugar na magistratura, 
despachar-se, na frase da época.
Adotámos esta versão também de acordo com os termos do 
testamento paterno redigido em junho de 1789. “Tenho dois 
filhos, escrevia o velho Guarda-Mor, o Dr. Lucas Antonio que 
proximamente foi a Lisboa 'para se despachar e João Gualberto 
que se acha em Coimbra.
Podemos concluir que o Dr. Lucas seguiu para Lisboa em 
princípios do ano de 1789. Comparando as datas verificamos 
sequência lógica entre as diversas etapas: seguiu para Lisboa
em 1789, casou-se, foi despachado no mesmo ano juiz de fora 
das ilhas dos Açores e em 1790 ai nasce o primeiro filho, o de 
nome Antonio.
Maria Tereza Joaquina de Sauvan foi o protótipo da ma-
• $jigj Sc Ifej •. I
- W*..
M -
■ m -
* É lP f j
— 32 —
trona chefe de família *e de esposa. Sua formação moral ela a 
fez toda na escola severa do catolicismo e dos bons costumes. 
Educada no ambiente de uma família rigidamente cristã, ela 
soube durante toda a vida conservar o caráter moldado naquela 
forja.
Era filha do Dr. Manuel Monteiro de Barros, médico da 
Câmara da Rainha D. Maria 1.", casado com Maria Joaquina de' 
Sauvan, filha do Dr. André de Sauvan d’Aramon, distinto enge­
nheiro francês, natural do Languedoc, que veio a Portugal contra­
tado para proceder á desobstrução do Rio Sado. (Vide "Des­
cendentes do l.° Marques de Pombal”, pelo Padre L. Moreira 
cie Sá e Costa, pág. 305).
Existe entretanto na família a tradição que André de Sauvan 
era médico formado em Montpellier, na primeira metade do 
século 18. Pertencia a uma família Sauvan, do Languedoc, da 
qual dois burgueses, Jacques e Jean Sauvan, no fim do 17.° 
século conseguiram um “Estado de Nobreza” e que tiveram des­
cendência. Não foi posível proceder à ligação.
Realisado um dos fins de sua viagem, o casamento, o Dr. 
Lucas Antonio foi despachado juiz de fóra do Arquipélago dos 
Açores, onde permaneceu cêrca de três a quatro anos. O seu 
maior desejo, a idéia fixa, era a de regressar ao Brasil e servir 
em sua terra. Empregando os máximos esforços e bem apadri­
nhado, conseguiu o lugar de juiz de fóra do crime da comarca e 
cidade de São Salvador da Bahia1.
Os autores a quem consultamos calam-see nada referem a 
esta colocação; a maioria diz que dos Açores passou dirètamente 
a Vila Rica. Laboram em equívoco, porque de sua permanên­
cia e exercicio na Bahia possuímos provsp- robustas, decisivas e 
abundantes.
Nos “Anais da Biblioteca Nacional”, de 1914 e 1915, publi­
cados ipelo operoso Diretor Geral e insigne escritor Basílio de 
Magalhães, encontrámos o inventário dos documentos relativos 
ao Brasil, existentes no Arquivo da Marinha e Ultramar, de Por­
tugal. No volume 37 dos Anais, deparamos com o documento 
o. 26.438: Provisão do Conselho Ultramarino pela qual se or­
dena o pagamento dos vencimento do juiz do'crime da Bahia, 
Lucas Antonio Monteiro de Barros. Lisboa 16 de dezembro 
de 1794.
Documento'n. 25.505. Atestado do juiz de fóra do crime 
« auditor geral dos Regimentos, Lucas Antonio Monteiro de 
Barros, sôbre o comportamento de Francisco Romano Felix de 
Melo. 14 de dezembro de,1799.
Documento n. 24.530. Requerimento do ex-juiz de fóra do
:
-TSF
í
« *
m 4
— 33 —
■crime da comarca da Bahia, Lucas Antonio Monteiro de Barros. 
em que pede o pagamento dos vencimentos de seu novo cargo de 
Ouvidor de Vila Rica. Lisboa, 27 de julho de 1802. Anexo 
estão os documentos de ns. 24.534 e 24.535.
No volume 36 dos mesmos Anais, pág. 33, aparece o do­
cumento : Autos de inquirição de testemunhas a que procedeu
o juiz de fóra do crime e auditor da gente de guerra, Lucas A. 
Monteiro de Barros, sôbre a justificação requerida por Carlos 
Francisco Marinho Cavalcanti de Vasconcelos. Bahia, 14 de 
janeiro de 1797.
E o lugar não erá só de rosas e de calma; teve que sustentar 
lutas e sujeitar-se a atritos. Entre inúmeros outros documentos, 
transcrevemos mais um que nos pareceu curioso e significativo: 
Documentos ns. 21.572 a 21.574 — Representação do professor 
de Latim, Gonçalo Vicente Portela em que protesta contra as 
injúrias que recebeu do juiz de fora do crime, Lucas A. Mon­
teiro de Barros.
Como vimos acima, em 14 de dezembro de 1799 êle forne­
cia um atestado sôbre comportamento de um indivíduo; em ju­
lho de 1802 constava um requerimento pedindo pagamento dos 
vencimentos do novo cargo. Estas datas fazem presumir que 
foi removido para a ouvidoria de Vila Rica no primeiro ou 
segundo ano do século 19, entre 1800 a 1802.
Para traçar sua vida de Vila Rica em diante, passamos a 
palavra a'o douto historiador Coronel Laurênio Lago, Supremo 
Tribunal de Justiça, pág. 14.
. . . obteve as mercês de beca honorária e o hábito da ordem 
de Cristo em decretos de 13 de maio de 1808.
Em decreto de 29 de junho, ainda de 1808, foi nomeado de­
sembargador da Relação da Bahiá, continuando no exercício de 
ouvidor de Vila Rica.
Em decreto de 13 de maio de 1812 foi nomeado intendente 
do ouro da Côrte.
Em decreto de 17 de dezembro de 1814 foi nomeado de­
sembargador da Casá da Suplicação, continuando no exercício 
de intendente do ouro.
Em 1819 obteve duas nomeações: superintendente geral
dos contrabandos em decreto de 12 de outubro e juiz conserva­
dor da Companhia de Vinhos do Alto Douro em decreto de 21 
do referido mês de outubro.
Havendo sido criada por alvará de 6 de fevereiro de 1821 
a Relação de Pernambuco foi êle nomeado em decreto dessa data 
chanceler da mesma Relação.
No referido ano de 1821 foi nomeado desembargador do
*
flfc-
— 34 —
-
Paço em decreto de 26 de março, obtendo a comenda da Ordem 
de Cristo por decreto desta última data e o título de conselho em 
carta de 5 de abril seguinte.
Foi deputado pela província de Minas Gerais às Cortes Por­
tugueses (1821-1822) e à Assembléia Constituinte de 1823.
D. Pedro I em carta de 8 de julho de 1824 confirmou seu 
título de conselho.
Escolhido senador pela província de São Paulo em 22 de 
janeiro de 1826, tomou posse a '10 de maio seguinte.
Foi o primeiro presidente da província de São Paulo, cargo 
que exerceu de abril de 1824 a 5 de abril de 1827.
Exercendo o cargo presidencial fundou uma biblioteca pú­
blica (1825), instituiu o Seminário da Glória, destinado à edu­
cação de meninas pobres, estabeleceu a roda dos expostos anexa 
à Santa Casa de Misericórdia (1825), restaurou o Jardim P ú ­
blico da Luz, deu impulso decisivo à estrada de Santos a Cuba- 
tão, que foi aberta ao público em 17 de fevereiro de 1827 e a ou­
tras obras de real merecimento.-
Em decreto de 19 de outubro de 1828 foi nomeado ministro 
do Supremo Tribunal de Justiça, tomando posse a 9 de janeiro 
de. 1829.
Em decreto de 5 de janeiro.de 1832 foi nomeado presidente 
do mesmo tribunal, cargo que exerceu até ser aposentado por de­
creto de 3 de março de 1842.
Sua aposentadoria foi aprovada pela Assembléia Geral Le­
gislativa — Decreto n.° 299, de 30 de setembro de 1843.
O governo imperial concedeu-lhe os títulos de barão em de­
creto de 12 de outubro de 1825, visconde em decreto de 12 de 
outubro de 1826 e visconde com grandeza, por decreto de 2 de 
junho de 1841.
O Visconde de Congonhas do Campo faleceu na cidade do 
Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1851, sendo sepultado no 
cemitério da Ordem de São Francisco de Paula, em Catumbí”.
Eugênio Egas, Galeria dos Presidentes de São Panulo, pág. 
25, confirmando todas as informações prestadas pelo Coronel 
Laurênio Lago, acrescenta: A 17 de fevereiro de 1827 foi aber­
ta ao trânsito público a estrada de Santos ao Cubatão. Ante- 
riormente a viagem fazia-se por água. Essa estrada constituiu 
um enorme melhoramento para aqueles tempos e por êle traba­
lharam muitos dos administradores paulistas; o presidente Mon­
teiro de Barros deu-lhe impulso decisivo e tornou realidade um 
dos maiores desejos do comércio e lavoura da província.
A província de São Paulo muito lhe deve em obras de real 
merecimento e se êle, como seu primeiro presidente mais não fez,
— 35 —
foi porque os tempos que se seguiram à proclamação da inde­
pendência não o permitiram.
A época era de consolidação politica e de despesas de cará­
ter geral, pelo que as províncias do novo império tinham de imi­
tar-se a pequenas aspirações, dentro das escassas rendas de que 
podiam dispôr.
E ’ lícito, porém, afirmar que a província de S. Paulo encon­
trou no seu primeiro presidente incansável e benemérito servidor..
Quanto à imprensa sua atuação foi também decisiva e pro­
veitosa.
Em 8 de janeiro de 1823, em ofício dirigido à Junta Dire­
tora da Tipografia Nacional, no Rio, o Imperador D. Pedro l.° 
ordenou que fôsse enviado a S. Paulo um prelo com seus per­
tences e contratado um mestre tipógrafo.
Debalde esperaram os paulistas durante muitos mêses e o 
mestre contratado, Gaspar José Monteiro, insistiu e protestou 
em diversas petições ao Imperador. A ordem foi revogada.
Eis que toma posse dá presidência o Dr. Lucas A. Monteiro 
de Barros a l.° de Abril de 1824; não esperou, a 11 de junho 
seguinte oficia ao Ministro da Fazenda, Mariano Pereira da 
Fonseca, Marquês de Maricá, exigindo o cumprimento da pro­
messa feita pelo govêrno e pelo Imperador e dizia em seu ofício: 
“ Sendo esta Província de S. Paulo a única que ainda 
“não tem na sua capital uma oficina tipográfica, tão 
“necessária para dar a devida extensão ás ciências e 
“fazer correr o flux da civilização, eu não duvido re­
presentar a V. Exc. para fazer subir á Augusta Pre- 
“ sença de S. M. o Imperador afim de que se digne 
“expedir as ordens para ser enviada quanto antes a 
“esta cidade a Imprensa que já estava para isso des­
atinada e pronta com todos os carateres e seus per­
tences e um Impressor para seu estabelecimento e 
“direção; e, quando não possa vir gratuita peço ao 
“menos licença para a sua ereção á custa dos parti- 
“culares, que não duvidam subscreverem para um fim 
“ tão interessante”.
Mutismo absoluto, pouco caso, foi a resposta do Ministro 
da Fazenda.
Mas o futuro Visconde de Congonhas do Campo enérgico 
e perseverante nas suas resoluções e nos seus intentos, diz Afon­
so A. de Freitas, Revista do Instituto Histórico de São Paulo, 
vol. 19, pág. 332, não se deu por vencido com o silêncio do go­
vêrno geral e a 11 de agosto, ainda dêssemesmo ano de 1824. 
de novo oficia, desta vez, porém, ao Ministro do Império, quei-
— 36 —
xamlo-se amargamente da falta de resposta ao primeiro ofício e 
reiterando o pedido da remessa dá tipografia.
Chegando ás mãos do Imperador este segundo ofício do pre­
sidente de São Paulo, Sua Magestade determinou em peremp­
tório e enérgico despacho ao Ministro da Fazenda que remetesse 
a tipografia solicitada.
“ Sente-se dolorosa surpresa, continua Afonso de Freitas, 
e verdadeiro pesar ao ler-se no processo dos papeis referentes ao 
fornecimento de uma tipografia a S. Paulo, aliás modestíssima 
e estragada, os despachos sofísticos e dilatórios, trescalando a 
chicana e mostrando a má vontade, lançados por altas cerebra- 
ções taes como a que se chamou Mariano José Pereira da Fon­
seca, autor das Máximas dovMarquês de Maricá!
Sem embargo da imperial determinação, até hoje (19141 
não receberam os Paulistas a decantada tipografia pelo govêrno 
geral prometida desde 8 de janeiro de 1823”. Pedimos venia 
para acrescentar, até hoje, setembro de 1948, ainda não 
apareceu! ^
Não foi por desídia ou preguiça do Visconde; êle fez o que 
humanamente era possível.
^ ^ íj:
Guardamos em nosso arquivo curiosa carta cuja publicação 
parece interessante endereçada a Lucas Antonio Monteiro de 
Barros, fazendeiro em Bom Sucesso. .
“Meu filho do coração.
“Rio, 10 de Abril de 1833.D y. 1
“Tenho presente duas cartas tuas, a l.a com a conta 
“da receita e despesa do mês passado, e a 2.a de 7 do 
“corrente. Quanto á primeira vejo importar em 
“ 317$100 e a despesa em 265$200, sendo o saldo 
“ 52$200, que recebi, e achei muito pouco, todas as 
“vezes que pelo menos não vierem 100$000, porque 
“calculo com o rendimento das duas fazendas, e é 
“por isso que se arrendassem os dois Ranchos por 
“ 1 :200$000, só eles dariam os 100$000 mensais ; mas 
“como estou para fazer inventário e pára dar parti­
lh a s aos filhos, não é possível antes disso arrendar; 
“e é esta a resposta que tens a dar ao nosso Rev.° 
“Vigário.
* “Quanto á segunda carta, o que sei" de Minás é que
“houve uma sedição militar, á qual se ajuntou algum
“povo, requerendo para Presidente a teu tio Romual- 
“do, que não aceitou; a teu tio Manuel José, que 
“disse que preferia antes morrer nas pontas das baio- 
“netas, do que aceitar hum emprego por meios vio­
len to s e com violação da L ei; penso que o Brigadei- 
“ro Pinto restabelecerá a ordem e chamará os disco- 
“ los aos meios conciliatórios, punindo os sediciosos 
“e amotinadores.
“ Mariano voltá, havendo entregado os artigos con­
teúdos na tua relação e os 52$200. Remete os car­
pinteiros.
“Volta o teu cavalo, que está melhor mas não en- 
“gorda por velho; manda arrendar algum potro no 
“entretanto vê se mandá algum cavalo capaz de ir 
“ ao Senado; João Manuel ou Laureano talvez quei- 
“ ram vender algum, costumam te-los bons e o Flo- 
“rentino, compra-mo.
“Adeus. Aceita o Coração e a Bênção de teu 
“Pai e am.°
Lucas.
“P. S. Lembranças ao sr. Dr. Agostinho.”
Esta carta esclarece a data do falecimento da Viscondessa, 
aproximadamente por volta de 1832 a 33, pois em abril deste 
último ano estava a fazer inventário e partilhas. Não consegui­
mos a data certa.
Esclarece também o meio de condução do Visconde, de sua 
chácara e residência Rua de Bela Vista (atual Barão de Itápa- 
gipe) até o Senado, cerca de três quilómetros, através do man­
gue ; não se pensava em transporte coletivo, bondes e outros, 
pelo que se viá forçado a usar de um bom cavalo.
A Rua de Bela Vista era essencialmente residencial e por 
gente distinta. Temos diante dos olhos uma lista de pessoas e 
de famílias que ali residiam, lista publicada pelá Câmara Muni­
cipal do Rio de Janeiro quando trocaram a numeração e da qual 
um exemplar existe no Arquivo Nacional, onde consultamos. 
Vamos dar os nomes de alguns vizinhos: Inácio José Soares
de Souza; Antonio Bernardo dos Passos; Dr. José Machado 
Coelho de Castro; Dr. José Francisco de Souza Lemos; Conde 
Bonfim; Dr. Flermogênio Pereira da Silva; Dr. José Mariano 
Femandes Pereira da Silva; Cláudio- Simon Vicenzi; Brigadeiro 
Manuel Estánislau de Castro Cruz; Antonio Maria Navarro 
Ferreira de Carvalho; João José Pacheco Sobrinho; Dr. João- 
da Cruz Santos; Cristiano Benedito Otoni; Marquês de Bon-
— 3 8 —
fim; Francisco Carneiro de Santiago; Raquel Georgina Hadock 
Lobo; Domingos de Oliveira Mamede; Carlos Adolfo Souvenet; 
Barão de Itapagipe, este no n.° 30, deu o nome à rua.
Como vemos, os herdeiros do Visconde (a lista foi feita 
após sua morte), gozavam de boa vizinhança. Quanto ao Conde 
e Marquês de Bonfim, explica-se: um prédio comprou quando 
era Conde; o outro depois de elevado a Marquês; o registro pro­
vavelmente foi feito na data da compra.
Outra carta devemos á gentileza do parente Antonio Augus­
to Monteiro de Barros Neto, que por sua vez informou tê-la 
encontrado na História da Fundação do Império do Brasil, por 
J . M. Pereira da Silva, vo'l. 5, pág. 95.
“ Ilmo. Sr. José Joaquim Carneiro de Campos 
“Ténho presente a comunicação e participação de 
“V. Excia. para ir tomar assento no augusto Con­
gresso como deputado pela província de Minas Ge- 
“rais. Depois de trinta e três anos de serviços pú­
blicos em lugares de letras, nas Ilhas dos Açores, 
“ Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Ja- 
“neiro, falece-me já as forças do espirito e corpo 
“para qualquer emprego que exija mór aplicação e 
“muito mais para a tactica das assembléias e para 
“as funções legislativas, que requerem estudos, qua- 
“ lidades e virtudes que não são comuns e que eu 
“não tenho; comtudo em um corpo numeroso de 
“deputados escolhidos em todas as partes do Impé- 
“rio, a maioridade das luzes servirá de suplemento 
“á que me faltam e á escassez de meus talentos; e 
“ atendendo aos ditames da prudência e da probida- 
“ de e tendo por guia os mais abalisados publicistas 
“espero não desorientar-me no verdadeiro rumo. 
“ Para a minha vinda e para meu regresso todos 
“ sabem que me determinaram considerações bem 
“diferentes das que tem por objeto a rainha pessoa 
“ e os meus particulares interesses; os dá patria es- 
“ tão em primeiro lugar e devem preferir a tudo; em 
“ serviço da mesma submeto-me ao chamamento le- 
“gal e desde já vou tratar dos arranjos necessários 
“ao meu embarque. O que V. Exia. terá a bonda- 
“de de participar ao augusto Congresso. Deus 
“guarde a V. Exia. Recife de Pernambuco, 10 de 
“agosto de 1823. Lucas Antonio Monteiro de 
■“Barros”.
A
— 39 —
Curta e rápida foi sua passagem pela Assembléia Geral.
Por decreto de 22 de janeiro de 1826 foi escolhido senador 
pela Província de São Paulo. Alcançou o sétimo lugar na lista 
das votações, com 151 votos; o primeiro foi o Dr. Nicolau Pe­
reira de Campos Vergueiro, com 263 votos; em seguida, Manuel 
Joaquim de Orndas, com 255 votos; Marechal Francisco das 
Chagas Santos, com 215; Tenente General Manuel Martins da 
Costa Reis, com 166; Candiclo Xavier de Almeida e Souza, 161 
e o Marechal José Arouche de Toledo Rendon, com 154.
Frequentou o Senado assiduamente; em 1827 recebeu prova 
de apreço, com a eleição de l.° secretário, entrando para a com­
posição da mesa.
Exerceu o mandato ao lado do filho, Dr. Antonio Augusto 
(1838-1841) a quem sobreviveu cerca de dez anos e do irmão, 
Cónego Marcos Antonio Monteiro de Barros (1826-1852 ). 
Juntamente com estes e mais o filho Dr. Rodrigo Antonio, 
deputado geral pela província de S. Paulo, assinou a proclamação 
da Assembléia Geral declarando a maioridade de D. Pqdro II.
Em 23 de julho de 1840 fez parte da comissão encarregada 
de receber S. Magestade Imperial na porta do Senado e serviu 
de testemunha do nascimento de duas princesas. A 19 de ju­
lho de 1848 foi de novo chamado a apor sua assinatura, na qua­
lidade de testemunha, no auto de nascimento do príncipe D. Pe­
dro Afonso, auto publicado pelo escritor Ernesto Sena, "Rfls= 
cunhos e Perfis-Notas de um repórter, pág. 503.
Grande do Império a 2 de junho de 1841.
Interveio na discussão dos mais palpitantesassuntos que 
transitaram pela Câmara Alta. Em 1834 tratava-se da reforma 
monetária, questão empolgante, provocando em ambas as casas 
legislativas anárquicos debates, emendas, ataques e defesas. No 
dia 16 de setembro de 1834 surge no Senado um projeto pro­
curando a estabilisação da moeda papel e dando outras provi­
dências.
A importância do projeto se patenteia pelos nomes resso­
nantes e prestigiosos que o subscreveram: Vergueiro, Marquês
de Inhanbupe, Inácio Borges, Rodrigo de Carvalho e Visconde 
de Congonhas do Campo. (Afonso Arinos de Melo Franco, 
“ Histórih do Banco do Brasil”, pág. 329).
Para mostrar o caráter íntegro e o espírito de justiça do 
Visconde, vamos narrar dois episódios verificados durante a ges­
tão presidencial da província de São Paulo.
No dia 10 de novembro de 1825 um corsário argentino vindo 
do Rio da Prata, apreendeu próximo á barra de Paranaguá as 
sumacas “Menália”, “Aurora” e “Santa Cruz”, de propriedade
40 —
(lo Capitão-Mor Manuel Antonio Pereira e d0 Tenente-Coronel 
Leandro José da Costa, tripuladas por escravos. A bordo da 
"Santa Cruz” seguiam para o Rio Grande onze oficiais do exér­
cito com destino ás guarnições do sul, que ficaram prisioneiros.
Na noite seguinte, de 11, os escravos daqueles dois e um 
outro de nome Antonio, que encabeçou o movimento, perten­
cente ao Sargento-Mor Manuel Francisco Corrêa, tomaram a 
heroica resolução, com risco da própria vida e certos que no 
Rio dá Prata seriam libertos, de retomarem a “Aurora” onde 
estavam os prisioneiros, além de grande carregamento de fazen­
das e mercadorias trazidas do Rio de Janeiro.
Se bem o planejaram, melhor o executaram. Mataram o 
homem do leme; lançaram ao mar o oficial estrangeiro que co­
mandava. fecharam as escotilhas conservando os inimigos nos 
porões, levando a cabo arriscada proeza um tanto desconhecida 
ou esquecida e que continua sem a inteira' consagração a que 
impõe e sem um estudo especial e detido a seu respeito. Fran­
cisco Negrão dêle se ocupa incidentemente na Genealogia Pa­
ranaense, 3-276.
O Visconde, por ordem imperial, determinou imediatamente 
que passassem cartas de alforria a êsses escravos e que os reme­
tessem à Côrte, para beijar a mão de S. Majestade o Imperador.
Mas a ingratidão humana é eterna e generalizada: o diá 
do beneficio é a véspera da ingratidão. Os senhores dos heroi­
cos pretos, alegando receios de imaginária insurreição ou insu­
bordinação da escravatura local, empregavam as maiores evasi­
vas e subterfúgios para conservá-los no cativeiro. Começaram 
a fazer o que em linguagem familiar chamamos "corpo mole”, 
ouvidos moucos, desentendidos, protelando. Hoje diriam: deixa 
ficar para ver no que dá.
O Visconde não esteve pelos autos.
A 15 de fevereiro de 1826 remete enérgico ofício ao Coro­
nel Comandante militar de Paranaguá, ordenando que chamasse 
os donos dos escravos, apelasse para seus sentimentos filantrópi­
cos, recomendando a assinatura da carta de liberdade, imediata­
mente e que providenciasse a remessa dêles para a Côrte, assegu­
rando que êle Visconde saberia garantir a tranquilidade e manter 
a ordem pública; o receio de insurreição considerava mero pre­
texto.
Passaram-se cêrca de trinta dias e. . . moita, ninguém se 
movia. Afinal, a 18 de março o Visconde perdeu a paciência. 
Em oficio dirigido ao Comandante, então o Coronel João Fran­
c isco Belegarde, deu várias e enérgicas instruções, ordenando 
formal e positivamente, que segurasse os pretos onde estivessem
— 41 —
e os remetesse, libertos, ao Rio de Janeiro, acompanhados de um 
oficial de capacidade e de sua escolha.
Capitularam os esquecidos; não houve meios de tergiversar.
A ordem foi executada; os valentes homens de côr seguiram 
para a Côrte, beijaram as mãos do Imperador, foram entregues 
ao ministro da Marinha e entraram para o rol dos homens livres.
Graças à energia, tenacidade e espírito justiceiro do Vis­
conde.
Êste episódio não passou despercebido às autoridades do 
momento e foi publicado em 1943, mais de um século depois. 
Anais do Arquivo da Marinha, Ministério da Marinha, Ano 2, 
junho de 1943, fascículo n. 2.
Cópia n. 61, em 8 de fevereiro de 1826. Ao Visconde de 
Paranaguá, Quartel General da Marinha, em Montevidéu, Vice- 
Almirante Rodrigo José Ferreira Lobo.
“Cumpre-me participar a V. Excia. que no dia 2 do corrente 
entrou neste pôrto o Bergantim mercante “19 de Agosto’’, de 
que é Capitão Francisco Martins de Oliveira, tendo saído de 
Paranaguá no diá 23 de dezembro do ano próximo passado e 
deu as seguintes notícias, que o Corsário Lavaleja apresara duas 
sumacas, roubando uma e metendo a guarnição dela' fechada na 
Câmara, e depois lhe deitara fogo e tendo-se antes escondido um 
indivíduo da guarnição; logo que o Corsário se separou o indi­
víduo que se tinha escondido foi abrir a Câmará e puderam apa­
gar o fogo e entraram em Paranaguá; e a outra sumaca lhe 
meteram oito ou nove homens e a mandaram para a Patagônia 
e os marinheiros escravos dela puderam surpreender os do Cor­
sário e os mataram a todos menos um e foram entrar em Para­
naguá e o senhor dos escravos que penso ser ó Capitão-Mor lhe 
passou carta de alforria e dizem que o dito Corsário tem tomado 
dezessete ou dezoito presas; em consequência destas tristes notí­
cias mando vir a corveta Maria da Glória a correr a costa da 
Patagônia e depois voltar pela costa acima até defronte da Ilha 
Grande, a fim de ver se pode encontrar o referido Corsário ou 
as presas que êle tiver feito”.
“ Neste ofício impressiona à primeira vista a palavra “ Pa­
tagônia”, repetida.
Não se trata da região situada no extremo sul dá República 
Argentina, na Terra do Fogo, ao lado do estreito de Magalhães. 
Foi engano do copista oficial. Trata-se de Carmen de Pátago- 
nes, nas imediações da embocadura do rio Negro, no paralelo 
40, mais ou menos, S., naquele tempo zona pouco povoada, onde 
os corsários deixavam os prisioneiros, os produtos roubados e 
se abasteciam para novas incursões.
— 42
Outra demonstração do espírito justiceiro do Visconde teve 
como protagonista certo Capitão-Mor de Antonina.
Lun senhor Capitão-Mor Manuel José Alves, saindo de 
seus cuidados pediu licença ao presidente da Província para 
passar, na porta da cadeia, alguns bolos em duas pretinhas trans­
viadas, que, dizia, perturbavam o sossego público, pretendendo 
assim continuar a praxe usada durante o regime absolutista co­
lonial.
Caro custou a aventura ao Capitão-Mor, cuja mentalidade 
ainda estava envolvida nas brumas espessas do passado reinól, 
não evoluirá.
O pedido traria à baila o cómico, o caricato e o grotesco 
se não provocasse a piedade das pobres mãos dilaceradas pelos 
golpes da caviúna ou do óleo de cabreúva, dois exemplares os 
mais duros, rijos e pesados de nossa flora, com os quais se 
fabricava o instrumento aviltante, a palmatória.
Alguém velava na Capital paulista.
Já chegara ao Visconde o registro das mutações sísmicas 
do ambiente político-social de nosso país, sua inteligência privi-, 
legiada já se amoldara aos temas e problemas da Nova Era; a 
alta visão de administrador conjugava-se com a de bacharel e 
magistrado, exigindo religioso receito à Lei.
Eis a resposta enérgica, fulminante, de acaçapar:
“ Se o Sr. Manuel José Alves, Capitão-Mor da vila 
“de Antonina quizesse ter o trabalho de refletir sô- 
“bre o título 8.° e respectivos artigos da Constitui- 
“ção política do Império, em que se garante a invio­
labilidade dos direitos cívicos e políticos dos cida­
d ã o s brasileiros que têm por base a liberdade e a 
“ segurança individual e em que se abóliram os açoi- 
“ tes, torturas e mais penas civis, não tomaria outro 
“desnecessário em fazer uma proposta obscura, como 
“a de se permitir que se mande dar algumas dúzias 
“de palmatoadas, na porta da cadeia, em diversas 
“mulheres que diz serem meretrizes, ou degradá-las 
“para fora de seu domicílio sem sentença que a isso 
“as condene; o que tudo bem denota que no comando 
“da mesma vila se regula pela sua vontade arbitrária 
“enão pela nossa Constituição como lei fundamen- 
“tal do Império, devendo afinal ficar na inteligência 
“de que, se tais pessoas perturbam o sossêgo público 
“compete ao Juiz do Crime proceder contra elas na 
“forma da lei. Palácio do Govêrno de São Paulo,
.,11
V
t
— 43
“31 de março de 1827. Visconde de Congonhas do 
“ Campo”.
Depois dêste pito o Capitão-Mor — é de crer — retirou-se 
à vida privada, desapontado e desenxabido.
Repontam nesta réplica os traços marcantes do espírito 
público, do estadista sempre presente à ideia de administrador 
da Justiça, imbuído do senso apostolar de Juiz. Nela se perce­
bem as qualidade que distinguiram o chefe de família, o magis­
trado, o administrador, o político, o Senador.
Muita matéria interessante, pormenores e outros exemplos 
poderíamos juntar a êste bosquejo do passado, avivando dest’arte 
o colorido da personalidade ora recordada ; não constituem, po­
rém, tarefa para o nosso estudo; do Visconde só nos interessam 
os dados genealógicos.
Assim, depois de uma vida devotada à família, cheia de 
serviços à pátria, exalou o último alento no Rio de Janeiro a 
10 de outubro de 1851, havendo de seu feliz consórcio, nove 
filhos que serão descritos, quanto possível, pela ordem de nas­
cimento e que, para conveniência do estudo, formarão os nove 
capítulos seguintes:
•>Capítulo l.° — Dr. Antônio Augusto Monteiro de Barros
” 2.° — Brigadeiro Inácio Gabriel Monteiro de Barros
3. ° —- Dr. Manuel Monteiro de Barros
4. ° — Dr. Rodrigo Antônio Monteiro de Barros
5. ° — Comendador Lucas Antônio Monteiro de Barros
” 6.° — Maria do Carmo Monteiro de Barros
7. ° — Ana Helena Monteiro de Barros
8. ° — Desembargador Dr. José Maria' Monteiro de
Barros
” 9.° — Evaristo Monteiro de Barros
1
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C a p ít u l o 1
DR. ANTÔNIO AUGUSTO MONTEIRO DE BARROS
Primeiro filho cios Viscondes de Congonhas do Campo.
Nasceu em 1790 na Ilha de Santa Maria quando seu ,pro-. 
genitor aí exercia o cargo de juiz de fora do Arquipélago dos 
Açores.
Abraçou a carreira militar assentando praça de cadete, em 
24 de abril de 1804, no regimento de cavalaria de linha da Capi­
tania de Minas Gerais, aquartelado em Vila Rica. Promovido a 
Alferes agregado em 13 de maio de 1808 e a Alferes efetivo em 
13 de maio de 1814.
Neste último ano requereu ao Príncipe Regente D. João 
licença, com vencimentos de soldo, para frequentar os estudos na 
Universidade de Coimbra, pedido que foi atendido como se veri­
fica do aviso de 12 de julho dêsse ano, assinado pelo Marquês de 
Aguiar, ministro da Guerra.
Seguiu para Portugal em 1815, onde fêz o curso e foi gra­
duado na Faculdade de Leis da referida Universidade.
Regressando ao Brasil em 1821, solicitou demissão do ser­
viço do exército que lhe foi concedida em 17 de outubro do mes­
mo ano.
Ingressou na magistratura, sendo nomeado em 21 de julho 
de 1822, juiz de fora da comarca de Vila Rica.
Em 19 de outubro de 1823 foi nomeado ouvidor da comarca 
de Olinda, na província de Pernambuco, ato que ficou sem efeito 
pela sua nomeação para a comarca de Sabará em 1 de dezem­
bro de 1824.
Em 13 de dezembro de 1825, foi nomeado provedor da fa­
zenda, dos defuntos e ausentes, resíduos e capelas da mesma 
comarca de Sabará.
Em 12 de outubro de 1827 obteve a nomeação de Desem­
bargador da Relação de Pernambuco e em 11 de setembro de
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1829 foi mandado ter exercício no cargo cie ajudante do inten­
dente geral de Polícia.
Cêrca de dois anos depois, a 9 de dezembro de 1830, de­
terminou D. Pedro 1 que tivesse exercício na Casa de Supli­
cação, continuando como ouvidor da comarca do Rio de Janeiro, 
cargo em que se achava.
A 4 de outubro de 1832 consegue promoção: desembarga­
dor da Relação da Bahia e em seguida, ministro adjunto ao 
Conselho Supremo Militar (atual Supremo Tribunal Militar) 
em 12 de abril de 1833; juiz conservador da Nação Britânica 
a 7 de novembro de 1833 havendo sido dispensado dêste última* 
cargo a 15 de março de 1834.
Fêz parte da Assembleia Geral Legislativa (1826-1829), 
deputado pela província de Minas Gerais.
Em virtude da Carta Imperial de 29 de setembro de 1838,. 
assinada em nome do Imperador pelo Regente do Império, Pe­
dro de Araújo Lima, rnais tarde Marquês de Olinda, foi esco­
lhido senador pela mesma província.
Existiam duas vagas, uma pelo falecimento, a 10 de feve­
reiro de 1838, do Visconde de Caeté e outra pelo falecimento, 
a 7 de janeiro de 1838, do Padre José Custódio Dias., Em ma'ic>, 
dêsse ano realizaram-se as eleições para preenchimento das duas 
vagas, em uma lista sextupla (3 por vaga) ebncorrendo Ber­
nardo Pereira de Vasconcelos, que obteve 691 votos; Cândido 
José de Araújo Viana (Marquês de Sapucaí) com 621 votos; 
seguindo-se José Cesário de Miranda Ribeiro, 598; Antônio 
Paulino Limpo de Abreu (Visconde de Abaeté) 476; Antônio 
Augusto Monteiro de Barros, com 446; e, finalmente, José Joa­
quim Fernandes Torres, com 426. Foram escolhidos o primeiro 
e o penúltimo.
Sócio do Instituto Histórico Brasileiro, admitido em sessão 
de 1 de dezembro de 1838.
Casou duas vêzes. A primeira com Maria Constança -da 
Graça Rangel, falecida no Rio de Janeiro a 27 de junho de 
1828, filha de Antônio José da Cruz Rangel.
Êste Antônio José da Cruz Rangel pertencia ao_ alto co­
mércio da praça do Rio e conhecia as finanças nacionais. No 
dia 31 de janeiro de 1829 os acionistas do primeiro Banco do- 
Brasil, alarmados ante sitas condições precárias, confiaram a 
uma nova diretória a tarefa de reorgánizá-lo e salvá-lo da ruína 
iminente. Entre os membros da diretória (deputados) figurava 
o nome de Antônio José.
A nova diretória não conseguiu alterar a situação alar­
mante do instituto de crédito pelo que em outubro do mesmo
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ano decretou-se a liquidação, nomeando-se a comissão encarre­
gada da mesma e dá assinatura de notas; o nome de Antônio 
José não foi esquecido. (Afonso Arinos de Melo Franco, "His­
tória do Banco do Brasil”, págs. 238 e 274).
Tem ainda outra ligação com a família Monteiro de Bar- 
ro s; é o pai do segundo Antônio da Cruz Rangel, casado com 
uma filha do Desembargador Lourenço Ribeiro e neta do Ba­
rão de Paráopeba, como se vê no Capítulo 23.
Casou segunda vez, na freguesia de Sant’Ana, Rio de Ja­
neiro, a 14 de setembro de 1829 com Virgínia Amália Carneiro 
de Camipos, falecida no Rio de Janeiro a 26 de julho de 1874, 
filha do Dr. Francisco Carneiro de Campos, nascido em 1779 
e falecido naquela cidade a 8 de dezembro de 1842, Ministro 
do Tribunal de Justiça, cuja vida está traçada pelo Coronel 
Laurênio Lago, “Supremo Tribunal’’, pág. 40 e de Maria José 
Cárolina Maia; neta paterna de José Carneiro de Campos, ne­
gociante na Bahia, nascido em S. Salvador de Pena Maior, Bis­
pado do Pôrto, casado na Bahia a 2 de julho de 1769 com Custó­
dia Maria do Sacramento, pais também do l.° Visconde de Ca­
ravelas.
Por seu avô paterno, bisneta de Manuel Carneiro e de 
Josefa de Campos.
Por sua avó paterna, bisneta de Tomaz de Arruda Pimen- 
tel e de Rosa Maria de Assunção (Informações colhidas em 
trabalho inédito sôbre a família Carneiro de Campos, organizado 
pelo genealogista Sr. Horácio Rodrigues da Costa, cuja leitura 
nos foi amavelmente confiada no Rio, em agosto de 1947 e que 
agradecemos).
Finou-se o Dr. Antônio Augusto no Rio de Janeiro a 16 
de novembro de 1841, sendo sepultado nas catacumbas da Igreja 
de São Francisco de Paula, tendo sido substituído no Senado 
pelo Marquês do Paraná.
Deixou quatro filhos, do segundo enlace:
§ 1 — Lucas Augusto Monteiro de Barros 
§ 2 — Maria da Conceição Monteiro de Barros 
§ 3 — Maria Tereza Monteiro de Barros 
j 4 __ Dr. Francisco Carneiro Monteiro de Barros.
* * *
§ 1 — Lucas Augusto Monteiro de Barros
Nasceu no Rio de Janeiro em 1830. Exerceu durante mui- 
' tos anos o cargo de coletor de rendas na cidade de Leopoldina.
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Casou com Maria Domiciana Medina Celli, filha de Joa­
quim Medina Celli, espanhol e de Teodora Placidina do Nasci­
mento Nogueira.
Teodora Nogueira’, recenseada em lx>rena

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