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Docência no Ensino Superior - Identidade Profissional e Ética nas Relações Professor e Aluno no Ensino Superior

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Identidade Profissional e Ética 
nas Relações Professor e Aluno no Ensino Superior 
 
 
 
 
Profa. Ma. Crisleine da Silva Crispin 
Profa. Ma. Edna Barberato Genghini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRISPIN, Crisleine da Silva 
GENGHINI, Edna Barberato 
 
 
Identidade Profissional e Ética nas Relações Professor e 
Aluno no Ensino Superior (livro-texto) / Crisleine da Silva Crispin; 
Edna Barberato Genghini. – São Paulo: Pós-Graduação Lato 
Sensu UNIP, 2019. 
 
123 p.: il. 
 
 
1. Ética. 2. Identidade Profissional. 3. Docência. 4. Ensino 
Superior. II. Crispin, Crisleine da Silva. Genghini, Edna 
Barberato. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. Título. 
 
 
Identidade Profissional e Ética 
nas Relações Professor e Aluno no Ensino Superior 
 
 
 
Professora conteudista 
 
Crisleine da Silva Crispin possui graduação em Psicologia pela Universidade 
Federal de Mato Grosso do Sul (2015). Especialista em teoria histórico--cultural, pela 
Universidade Estadual de Maringá (2018). Mestra em Educação pela Universidade 
Estadual de Mato Grosso do Sul (2018), foi professora substituta na Universidade 
Federal de Mato Grosso do Sul, ministrando as seguintes disciplinas: Sociologia 
Geral, Orientação Profissional I, Psicologia e Educação I, Tópicos Avançados em 
Psicologia e Educação, Estágio Básico Obrigatório I e Estágio Obrigatório IA - 
Psicologia e Processos Educativos. Atua principalmente nos seguintes temas: 
psicologia e educação, desenvolvimento humano, relação ensino-desenvolvimento-
aprendizagem, formação de professores, precarização do trabalho docente, 
sofrimento e adoecimento do professor, políticas públicas educacionais, a partir dos 
pressupostos teórico-metodológicos da psicologia histórico-cultural e do materialismo 
histórico-dialético. 
 
Professora colaboradora/coordenadora 
 
Edna Barberato Genghini é professora universitária desde 2002. Atualmente 
exerce a função de coordenadora de cinco cursos de pós-graduação lato sensu para 
todo o Brasil: Psicopedagogia e Neurociências, Psicopedagogia Institucional, 
Docência para o Ensino Superior, Formação e Gestão em Educação a Distância e em 
Formação em Educação a Distância pela UNIP – Universidade Paulista – UNIP/EAD, 
onde também atua como professora adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É diretora 
e psicopedagoga da Mentor Orientação Psicopedagógica Ltda. ME desde 1991. 
Possui graduação em Economia Doméstica - Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, 
de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela Universidade Guarulhos 
(1985), pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São Judas (1987), 
mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e 
pós- graduação lato sensu em Formação em Educação a Distância pela UNIP – 
Universidade Paulista (2011). É autora e coautora de livros-texto para os cursos de 
Pós-Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino 
Superior e Formação em Educação a Distância da UNIP – EAD. Membro do NAAP – 
Núcleo de Acessibilidade e Apoio Psicopedagógico da UNIP-EAD. Áreas de interesse: 
Neurociências – Educação Inclusiva – Psicopedagogia Clínica e Institucional – 
Formação e Gestão em Educação a Distância – Formação de Docentes para o Ensino 
Superior. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO 05 
INTRODUÇÃO 06 
 
Unidade I 
APONTAMENTOS PARA A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE: O QUE É 
SER PROFESSOR? 08 
1.1 A consolidação da profissão do professor 08 
1.2 Debates sobre os constructos formativos: da formação inicial à continuada 18 
1.3 Atuação e formação profissional: os saberes pedagógicos 27 
 
Unidade II 
IDENTIDADE DOCENTE: ASPECTOS NECESSÁRIOS PARA SUA CONSTITUIÇÃO 41 
2.1 O papel da identidade do professor no exercício do trabalho educativo 41 
2.2 Identidade e profissionalização 48 
2.3 Valorização da carreira docente 52 
 
Unidade III 
AS ESPECIFICIDADES DA DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR 62 
3.1 Características básicas da docência universitária 63 
3.1.1 O que são as universidades? 64 
3.2 A docência universitária na realidade atual do Ensino Superior Brasileiro 75 
3.3 Desafios e perspectivas para a atuação docente do ensino superior 83 
 
Unidade IV 
A INTER-RELAÇÃO DA ÉTICA E DA DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR 95 
4.1 Ética da educação e na educação atual, na relação entre professor-aluno 96 
4.2 Ética e moral no exercício da docência no ensino superior 104 
4.3 A ética e o discurso ético do professor e do aluno 113 
 
REFERÊNCIAS 122 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá, aluno(a)! 
Bem-vindo(a)! 
 
Neste material, você encontrará os conteúdos pertinentes à disciplina de 
Identidade Profissional e Ética nas Relações Professor e Aluno no Ensino Superior. 
Abordaremos, nessa disciplina, os seguintes temas: 
● O que é ser professor? 
● A identidade docente. 
● As questões específicas da docência no ensino superior. 
● A relação entre ética e docência no ensino superior. 
 
Discutiremos a constituição do trabalho docente e sua relação com a formação 
da identidade profissional do professor. Abordaremos quais são os aspectos centrais 
para a construção da identidade profissional docente e qual o seu papel no exercício 
diário da docência. 
Daremos ênfase às especificidades da docência; em especial, à docência 
universitária no Brasil e a quais são os desafios principais e as perspectivas para a 
atuação docente no ensino superior. 
E, em nossa última unidade, estudaremos as questões acerca da ética e da sua 
relação com a docência no ensino superior. A problemática da ética e da educação e 
a da ética e da moral encerram essa unidade. 
 
Animado(a)? 
 
Então, vamos aos estudos!!! 
 
 
6 
INTRODUÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
 
o objetivo dessa disciplina é apresentar uma breve retomada histórica acerca 
da construção da identidade profissional, ou seja: o que é ser professor hoje? 
Para tanto, vamos pensar acerca da atuação do professor na sociedade em 
que ele está inserido, a partir dos saberes pedagógicos e de sua atualidade: 
 Quais as características básicas da docência universitária? 
 Quais os desafios e as perspectivas que o futuro professor universitário 
encontrará em sua atuação? 
 
Por fim, discutiremos quais as implicações éticas sobre a docência 
universitária; em especial, na relação professor-aluno. 
Para tanto, a disciplina está dividida em quatro unidades, sendo que cada uma 
aborda com maior profundidade um dos quatro eixos norteadores da disciplina, que 
são: 
 
Unidade Eixo temático norteador 
1 O que é ser professor? 
2 A identidade docente 
3 As questões específicas da docência no ensino superior 
4 A relação entre ética e docência no ensino superior 
 
Com a elaboração desses eixos que norteiam o debate, temos o seguinte 
objetivo geral: 
● analisar elementos que compõem a formação da identidade docente e sua 
relação na atuação da docência no ensino superior. 
Assim, apresentamos, também, os objetivos específicos para a disciplina: 
● discutir acerca da constituição do trabalho docente e sua relação com a 
formação da identidade profissional; 
● debater sobre os aspectos necessários para a formação da identidade 
profissional e do papel desta para o exercício da profissão; 
● abordar as especificidades da docência universitária na realidade 
brasileira; 
 
7 
● tratar as questões éticas no exercício da docência e a relação com os 
alunos. 
 
E aí? Preparado(a)? 
Vamos aos estudos! 
 
 
8 
UNIDADE I 
 
1. APONTAMENTOS PARA A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE: O 
QUE É SER PROFESSOR? 
 
 
 
 
 
 
Nesta unidade, temos, como objetivo principal, compreender alguns elementos 
preliminares à formação da identidade docente. Para isso, vamos debater de que 
forma a profissão docente se consolidou ao longo da história,dando destaque 
especial à particularidade do Brasil. Também vamos discutir sobre a formação de 
professores, da inicial à continuada, que orienta a pratica do professor, e igualmente 
é importante à compreensão da formação da identidade docente. 
Ao final, discutiremos os saberes pedagógicos que orientam a prática docente 
e fazem parte da relação que constitui a identidade do professor. 
Para dar início aos nossos estudos, vamos debater sobre a constituição da 
atividade do professor enquanto profissão, tendo em vista o ato de ensinar, que é o 
objetivo do trabalho docente. 
 
1.1 Discussões sobre a profissão do professor 
 
A subjetividade e a sensibilidade individual de cada ser humano constroem-se, 
socialmente, à medida que cada sujeito se insere num determinado contexto social. 
Além disso, para se constituir, cada pessoa precisa aprender o que foi produzido pela 
própria humanidade, pelas gerações anteriores: valores, cultura, conceitos. 
Para se estabelecer como professor, ocorre o mesmo! É a partir das relações 
formativas e especializadas, isto é, a partir da formação inicial e/ou continuada de 
professores, que você adquire os conhecimentos necessários para o exercício da 
profissão. Esta formação, por sua vez, é produto do trabalho coletivo acumulado 
historicamente, por meio do qual os adultos transmitem conhecimentos às gerações 
mais jovens. Cabe, então, compreendermos como se deu a constituição da 
profissionalização da atividade de ensino historicamente. 
Antes disso, é importante dizer que não podemos compreender que se tornar 
ser humano e se tornar professor são processos que não se relacionam e que são 
distintos! Muito pelo contrário. Enquanto isso, nós, seres humanos, não possuímos 
diferentes identidades! Somos uma unidade, uma síntese de todas as relações das 
quais participamos. Sendo assim, somos uma unidade do diverso. E, no caso de 
exercermos a profissão docente, cada professor é um ser social, síntese das diversas 
relações e processos formativos dos quais faz parte nos distintos âmbitos da vida, 
Conteúdos trabalhados na unidade: apontamentos para a formação da 
identidade docente: o que é ser professor? Consolidação da profissão do professor; 
debates sobre os constructos formativos: da formação inicial à continuada; atuação e 
formação profissional: os saberes pedagógicos. 
 
 
 
1.1 
1.2 Atuação e formação profissional: os saberes pedagógicos 
1.3 
. 
 
9 
especialmente no que se refere à sua formação científica para exercício da profissão. 
Assim, vamos compreender como se dá a profissionalização da atividade de ensino? 
 
Figura 1: Atividade de ensino 
 
Fonte: Google imagens1 
 
A profissão docente é constituída à medida que o Estado intervém e substitui a 
Igreja que, antes, tinha a tutela do ensino (NÓVOA, 1991). Cabe lembrar que, ao se 
iniciar, a tarefa de ensinar não foi considerada profissão, pois não tinha especialidade 
e era secundária. 
A partir do controle estatal, sob as ações dos professores, ocorreu a 
profissionalização desta atividade. Isso foi possível pela implantação da primeira Lei 
Geral do Ensino, em 1827, que tinha como objetivo a organização e a normatização 
para o exercício da profissão docente. 
De acordo com Nóvoa (1991), o Ato Adicional de 1834 substituiu o 
mestre- escola pelo novo professor, de modo que as províncias ficariam responsáveis 
pela sua formação. 
 
As escolas normais estão na origem de uma profunda mudança, de uma 
verdadeira mutação sociológica, do pessoal docente primário. Sob sua ação, 
os mestres miseráveis e pouco instruídos do início do século XIX vão, em 
algumas décadas, ceder lugar a profissionais formados e preparados para a 
atividade docente (NÓVOA, apud VILLELA, 2000, p. 101). 
 
Esse momento histórico é muito importante para a constituição da profissão 
docente, pois, nele, é reconhecida a necessidade de o professor aprender a ensinar 
e o que ensinar. Ou seja, o professor deve ser instrumentalizado para exercer a 
atividade de formar outros! 
 
1Disponível em: http://educacao.salvador.ba.gov.br/adm/wp-
content/uploads/2018/10/09_10_2018_Dia-do-Professor_Dejanira-Rainha-Melo_Foto_Jefferson-
Peixoto_Secom_Pms-12-1-800x534.jpg. Acesso em: 09 jul. 19. 
http://educacao.salvador.ba.gov.br/adm/wp-content/uploads/2018/10/09_10_2018_Dia-do-Professor_Dejanira-Rainha-Melo_Foto_Jefferson-Peixoto_Secom_Pms-12-1-800x534.jpg
http://educacao.salvador.ba.gov.br/adm/wp-content/uploads/2018/10/09_10_2018_Dia-do-Professor_Dejanira-Rainha-Melo_Foto_Jefferson-Peixoto_Secom_Pms-12-1-800x534.jpg
http://educacao.salvador.ba.gov.br/adm/wp-content/uploads/2018/10/09_10_2018_Dia-do-Professor_Dejanira-Rainha-Melo_Foto_Jefferson-Peixoto_Secom_Pms-12-1-800x534.jpg
 
10 
 
 
 
Você sabia que compreender a importância das escolas normais na 
constituição da história brasileira é fundamental? Consulte o texto para se informar 
mais sobre esse tema: VILLELA, Heloisa de O. S. O mestre-escola e a professora. 
In: LOPEZ, Eliane Marta Teixeira (Org.) et al. 500 anos de educação no Brasil. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2000. Acesso em: 19 jul. 2019. 
 
Pensar a constituição da profissão docente é, também, pensar o significado do 
papel do/a professor/a na sociedade. Além disso, não podemos deixar de atentar para 
as diversas transformações sociais econômicas acontecidas ao longo da história que 
influenciaram a concepção sobre o papel da escola diante da sociedade e que, 
igualmente, influenciaram as transformações no exercício da profissão do professor. 
Quais foram essas transformações? Aumento das exigências em relação ao 
professor; desenvolvimento de fontes de informação alternativas à escola; ruptura do 
consenso social sobre a educação; aumento das contradições no exercício da 
docência; menor valorização social do professor; mudança de conteúdos escolares; 
escassez de recursos materiais e deficiência nas condições de trabalho; mudanças 
nas relações professor-aluno; fragmentação do trabalho docente etc. 
Você, professor, que já exerce a docência, com certeza, já se deparou com 
alguns dos fatores acima mencionados. E você que está se preparando para iniciar, 
certamente, vivenciará algumas dessas situações. Todas elas têm influência sobre o 
modo como você se forma professor. Todas as relações que estabelecemos a partir 
dessas experiências atravessadas por diversas situações, seja pelas condições de 
trabalho, relações professor-aluno, currículo ou valorização docente, vão nos 
constituindo enquanto professores, enquanto seres sociais. Isso porque vamos 
aprendendo nessas relações. 
 
 
 
11 
Figura 2: Relação entre ensinar e aprender 
 
Fonte: Google imagens2 
 
Deste modo, constituir-se enquanto professor envolve a articulação entre o 
processo de formação, as instituições onde lecionará os conhecimentos e as 
condições para o exercício da docência, assim como a relação com o Estado 
(NÓVOA, 1991). 
É importante lembrarmos que, no contexto brasileiro, ocorreram diversas lutas 
e conflitos sobre a definição e a redefinição do papel do professor e da estruturação 
do seu campo de atuação. Assim, no decorrer do tempo, surgiram distintos modelos 
de formação de professores, que se adequaram às características de cada momento 
histórico e que moldaram a constituição do sistema escolar brasileiro. 
Diante das diversas transformações no contexto da educação, muitos são os 
dilemas impostos à profissão docente, conforme aponta Nóvoa (2002). Para o autor, 
são três os dilemas fundamentais: a comunidade, a autonomia e o conhecimento, que 
não são dilemas recentes, mas adquirem novas características e configurações no 
presente, e que os professores são chamados a responder. 
Com isso, o autor aponta três teses que são interligadas aos dilemas acima: 
saber relacionar e saber relacionar-se (comunidade), saber organizar e saber 
organizar-se (autonomia), saber analisar e saber analisar-se (conhecimento).Para o 
autor, essas teses buscam redefinir a essência do ser professor na educação. Isso se 
aplica tanto para o ensino básico quanto para o ensino superior! 
 
 
 
2Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/-
8Uzdacosh_g/VWpZ2eidibI/AAAAAAAAAJw/9qcqpcApmkw/s1600/582705_491267957549924_13566
74867_n.jpg. Acesso em: 19 jul. 19. 
http://2.bp.blogspot.com/-8Uzdacosh_g/VWpZ2eidibI/AAAAAAAAAJw/9qcqpcApmkw/s1600/582705_491267957549924_1356674867_n.jpg
http://2.bp.blogspot.com/-8Uzdacosh_g/VWpZ2eidibI/AAAAAAAAAJw/9qcqpcApmkw/s1600/582705_491267957549924_1356674867_n.jpg
http://2.bp.blogspot.com/-8Uzdacosh_g/VWpZ2eidibI/AAAAAAAAAJw/9qcqpcApmkw/s1600/582705_491267957549924_1356674867_n.jpg
 
12 
Figura 3: Dilemas da docência 
 
 
Fonte: Google imagens3 
 
 
 
 
Você sabia que os professores têm apresentado muito sofrimento e 
adoecimento devido aos dilemas da docência? Além disso, cada vez mais, aumenta 
o número de afastamentos, licenças e readaptações. De acordo com a bibliografia, a 
maioria desses adoecimentos diz respeito aos diagnósticos psíquicos, tais como: 
ansiedade, depressão, síndrome de Burnout etc. Ainda há casos de adoecimentos 
devido a problemas osteomusculares, doenças nas cordas vocais, ente outros. Os 
estudos apontam que o adoecimento de professores tem relação essencial com as 
condições de trabalho. É importante compreendermos como se dá esse processo, 
pois, diante da responsabilidade e da tarefa de ser professor, quando adoecemos, 
pensamos que a culpa é nossa. Existe uma série de fatores envolvidos e devemos 
fazer a correta análise para entender esse processo. 
Para saber mais sobre o assunto, consultar a seguinte referência: 
https://ufpi.br/arquivos_download/arquivos/EDUFPI/LIVRO_PRECARIZACAO_DO_T
RABALHO_04-12.pdf. 
Nessa perspectiva, Nóvoa propõe a redefinição do sentido social do trabalho 
docente, numa concepção de escola como espaço aberto, ligado a outras instituições 
culturais e científicas e com presença das comunidades locais, pois: 
 
[…] a atividade docente caracteriza-se igualmente por uma grande 
complexidade do ponto de vista emocional. Os professores vivem num 
espaço carregado de afetos, de sentimentos e de conflitos. Quantas vezes 
preferiam não se envolver […] mas sabem que tal distanciamento seria a 
 
3Disponível em:http://1.bp.blogspot.com/-
mMs9ZyQOqd0/Tfdo14i_85I/AAAAAAAAAGo/jTpPi4-d0uU/s1600/la-aventura-de-ser-docente.jpg. 
Acesso em: 22 jul. 19. 
https://ufpi.br/arquivos_download/arquivos/EDUFPI/LIVRO_PRECARIZACAO_DO_TRABALHO_04-12.pdf
https://ufpi.br/arquivos_download/arquivos/EDUFPI/LIVRO_PRECARIZACAO_DO_TRABALHO_04-12.pdf
http://1.bp.blogspot.com/-mMs9ZyQOqd0/Tfdo14i_85I/AAAAAAAAAGo/jTpPi4-d0uU/s1600/la-aventura-de-ser-docente.jpg
http://1.bp.blogspot.com/-mMs9ZyQOqd0/Tfdo14i_85I/AAAAAAAAAGo/jTpPi4-d0uU/s1600/la-aventura-de-ser-docente.jpg
 
13 
negação do seu próprio trabalho. Que ninguém tenha 2163 ilusões. Ao 
alargarmos o espaço da escola, para nele incluirmos um conjunto de outros 
“parceiros”, estamos inevitavelmente a tornar mais difícil este processo. Os 
professores têm de ser formados, não apenas para uma relação pedagógica 
com os alunos, mas também para uma relação social com as “comunidades 
locais” (NÓVOA, 2002, p. 24). 
 
 
Figura 4: Escola como espaço aberto 
 
 
Fonte: Google imagens4 
 
 
Figura 5: Comunidade Escolar 
 
Fonte: Google imagens5 
 
 
 Essa relação entre pais, professores, gestores, família e comunidade é 
imprescindível para o funcionamento da escola e para a relação pedagógica, 
pois é a partir do envolvimento de todos que a escola pode, de fato, cumprir 
com o objetivo de humanização dos seres sociais. Isso compõe o que Nóvoa 
(2002) chama de ampliação da relação pedagógica para uma relação social. E, 
para essa ampliação ser efetivada, os professores têm de ser instruídos, por 
meio de processos formativos com qualidade, que possibilitem a efetividade da 
relação entre teoria e prática. 
 É por meio dessa relação social que o ser professor vai se constituindo! 
 A educação e a profissão docente, por consequência, têm uma 
finalidade: possibilitar a apropriação do conhecimento. Mas não é qualquer 
 
4 Disponível em: http://sambio.org.br/wp-content/uploads/2012/10/20121030-2.jpg. Acesso em: 
22 jul. 19. 
5Disponível em: https://sites.google.com/site/emefdelcelia/_/rsrc/1468737625665/comunidade-
escolar/nova%20escola.bmp?height=146&width=204. Acesso em: 22 jun. 19. 
https://sites.google.com/site/emefdelcelia/_/rsrc/1468737625665/comunidade-escolar/nova%20escola.bmp?height=146&width=204
https://sites.google.com/site/emefdelcelia/_/rsrc/1468737625665/comunidade-escolar/nova%20escola.bmp?height=146&width=204
 
14 
conhecimento! De acordo com Saviani, a escola e o professor devem 
possibilitar ao aluno a apropriação do conhecimento científico, pois não temos 
acesso a esse conhecimento nas relações cotidianas fora da escola. É o 
conhecimento científico que possibilita ao ser humano analisar e compreender 
a realidade. Portanto, para que o professor cumpra com sua função de ensinar 
o aluno, ele deve ser formado para tal empreitada. 
 
 
Figura 6: Conhecimento científico 
 
Fonte: Google imagens6 
 
 
 De acordo com Saviani (2015, p. 287), podemos dizer que ser professor 
se dá por meio do ato educativo, que se caracteriza como: 
 
[…] o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, 
a humanidade que é produzida, histórica e coletivamente, pelo conjunto dos 
homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação 
dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da 
espécie humana, para que eles se formem humanos e, de outro lado e 
concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir 
esse objetivo. 
 
Com isso, o autor quer dizer que o professor deve proporcionar aos 
seres humanos, por meio do processo educativo, o acesso ao conhecimento 
historicamente acumulado, para que os indivíduos apreendam a realidade. Em 
outras palavras, o professor deve ensinar os elementos da cultura e da ciência, 
o saber sistematizado, tais como a leitura, a escrita, o cálculo, a biologia, a 
geografia, a história, a sociologia, a filosofia etc., para que seu aluno aprenda 
aquilo que não lhe foi dado ao nascer. Portanto, a aprendizagem, assim como 
o desenvolvimento, não ocorre de forma espontânea! Ocorre por meio de um 
processo – o ato educativo – que envolve a intencionalidade e o planejamento 
daquele que ensina. 
Portanto, a profissão docente, e igualmente, a “identidade” docente, é 
um produto das relações entre contexto e sujeitos envolvidos na organização 
da vida social e nos compõe enquanto seres sociais. Além disso, está em 
constante mudança e não é mais uma identidade que adquirimos. 
 
6Disponível em: https://www.coladaweb.com/wp-content/uploads/2014/12/20160223-
conhecimento-cientifico.jpg. Acesso em: 22 jul. 19. 
 
15 
 
 
 
Figura 7: Identidade docente 
 
 Fonte: Google imagens7 
 
Saviani (2014) afirma que o esforço, o comprometimento e a paixão dos 
professores com a profissão docente deve se pautar a partir de uma paixão 
crítica no exercício docente! Assim, para que o professor possa enfrentar os 
dilemas da docência, é preciso que, entre outras coisas, saiba fazer uma 
análise crítica da sua profissão, assim como Nóvoa (2002) comenta sobre o 
saber analisar e o analisar-se. 
Para isso, o professor deve ensinar e ter ciência de que o ensino é um 
ato planejado intencionalmente, como afirmado acima. Em outras palavras, o 
ato de ensinar demanda: a) o planejamento das ações; b) a intencionalidade 
para escolher os conteúdos escolares; c) a intencionalidade para escolher as 
formas apropriadas de transmissão. Esse ensino deve partir dosconhecimentos científicos, artísticos e filosóficos! 
 
 
 
7Disponível em: 
https://ufrb.edu.br/portal/components/com_chronoforms5/chronoforms/uploads/evento/201607071658
18_identidadade-docente.jpg. Acesso em: 19 jul. 19 
 
16 
Figura 8: Intencionalidade e planejamento do ato educativo 
 
 
Fonte: Google imagens8 
 
 
 
Não deixe de ler o texto FORMAÇÃO DE PROFESSORES E 
PROFISSÃO DOCENTE de Antônio Nóvoa. Nesse estudo, o autor objetiva 
debater a formação de professor, de modo a superar a perspectiva centrada 
nas dimensões acadêmicas (áreas, currículos, disciplinas, etc), por meio de 
uma perspectiva centrada na experiência profissional. Esta é uma leitura 
imprescindível para compreender os aspectos históricos da profissão docente 
no contexto de Portugal, mas que tem relação com a forma como a profissão 
docente também foi se constituindo aqui no Brasil. Segue abaixo o link do texto: 
https://core.ac.uk/download/pdf/12424596.pdf. 
 
 
 
8Disponível em: 
https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/artigos/a%20importancia%20do%20plano%20de%20a
ula.jpg?i=https://brasilescola.uol.com.br/upload/e/a%20importancia%20do%20plano%20de%
20aula.jpg. Acesso em: 22 jul. 19. 
https://core.ac.uk/download/pdf/12424596.pdf
https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/artigos/a%20importancia%20do%20plano%20de%20aula.jpg?i=https://brasilescola.uol.com.br/upload/e/a%20importancia%20do%20plano%20de%20aula.jpg
https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/artigos/a%20importancia%20do%20plano%20de%20aula.jpg?i=https://brasilescola.uol.com.br/upload/e/a%20importancia%20do%20plano%20de%20aula.jpg
https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/artigos/a%20importancia%20do%20plano%20de%20aula.jpg?i=https://brasilescola.uol.com.br/upload/e/a%20importancia%20do%20plano%20de%20aula.jpg
 
17 
Por fim, como já pontuado ao longo desse item, o professor deve 
apreender esses conhecimentos para conseguir efetivar o ato educativo, 
consolidando sua profissão. Isso se dá por meio de relações formativas e 
especializadas, ou seja, por meio da formação de professores. Esse é um 
processo que vai desde a formação inicial à continuada, que debateremos no 
próximo item. Vamos lá? 
 
Figura 9: Formação de professores 
 
Fonte: Google imagens9 
 
 
1.2 Debates sobre os constructos formativos: da formação inicial à 
continuada 
 
Com base no que dialogamos a respeito da profissão docente e do ato 
educativo em si, que interferem na constituição da identidade docente, convém agora 
conversarmos sobre os constructos formativos. 
Vejamos: se o ato educativo, como já afirmamos, é o ato de transformar, direta 
e intencionalmente, a humanidade em cada indivíduo singular, o professor deve 
aprender a fazê-lo. Pois o mestre não nasce sabendo como planejar suas aulas, quais 
materiais utilizar, quais conteúdos deve ministrar. Muito pelo contrário! Essas 
especificidades da docência são apreendidas! 
Como aprendê-las? 
Por meio dos processos formativos, que se iniciam na formação inicial e 
seguem nas formações continuadas. É através do processo de formação de 
professores, que o professor aprende o conhecimento científico e o modo como ele 
deve ser ensinado a seu aluno. Por isso, esse processo é essencial para a formação 
do ser professor! 
 
 
 
9 Disponível em: http://ceap.org.br/wp-content/uploads/2016/04/logo-Formacao-de-
Professores.png. Acesso em: 08 maio 19. 
 
18 
 
Segundo Cunha, “Refletir a respeito do conceito de formação de professores exige 
que se recorra à pesquisa, à prática de formação e ao próprio significado do papel do 
professor na sociedade. A pesquisa acompanha os movimentos político-econômicos 
e socioculturais que dão forma ao desempenho docente, quer no plano do real, quer 
no ideal. Já a prática estabelece-se a partir de uma amálgama de condições teórico-
contextuais” (CUNHA, 2013, p. 3). 
 
 
De acordo com Pimenta (1995), a centralidade da atividade do professor é o 
processo de ensino e aprendizagem, como prática social. Ou seja, a atividade docente 
é uma prática em transformação - práxis. Isso quer dizer que ela não é fixa. Está em 
constante mudança. Por isso, o processo formativo do professor deve contemplar uma 
relação de interdependência recíproca entre teoria e prática. 
Quem já não ouviu a famosa frase? “A gente aprende a teoria, mas na prática 
é diferente”. Isso acontece porque, muitas vezes, aprendemos teorias que não 
dialogam com a realidade. Por isso devemos dar uma atenção especial às teorias, 
pois elas devem explicar a realidade e dar direcionamentos do que devemos fazer. 
No caso da atividade docente, ocorre o mesmo! 
É preciso uma teoria que esteja alinhada à prática docente. Uma teoria que, de 
fato, compreenda a realidade escolar nesta sociedade e nos instrumentalize, 
enquanto professores, para que possamos lidar com as especificidades em sala de 
aula, como por exemplo, a ética nas relações professor aluno, que será abordada ao 
final do nosso módulo. 
É nesse sentido que afirmamos que a atividade docente deve ser práxis, isto é, 
prática em transformação; que, à medida que se concretiza, vai sendo transformada, 
a depender de como isso é requisitado em sala de aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Figura 10: Teoria e prática indissociáveis como práxis docente 
 
Fonte: Google imagens10 
 
Portanto, é preciso uma formação de professores que possibilite a relação de 
interdependência teórico-prática, em que os fenômenos da educação e da escola 
devem ser investigados, tendo como base teorias que expliquem a realidade e 
apontem caminhos de superação das dificuldades encontradas. 
 
 
Sacristán tem partido do pressuposto de que as atuais tendências investigativas na 
formação de professores caracteriza-se, hoje, por duas tendências: a pós-positivista 
e a pós-weberiana. Para saber mais sobre o assunto, estude o texto: GIMENO 
SACRISTÁN, J. Tendências investigativas na formação de professores. In: 
PIMENTA, S. G.; GHEDIN, E. (Org.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica do 
conceito. São Paulo: Cortez, 2002. Disponível em: 
https://www.revistas.ufg.br/interacao/article/download/1697/1667/0. Acesso em: 26 jul. 19. 
 
 
E como se dá a formação de professores? 
 
10Disponível em: 
https://www.researchgate.net/publication/328401758/figure/fig2/AS:683631131500544@15400017712
95/Figura-3-Articulacao-teoria-e-pratica-na-APCC.ppm. Acesso em: 05 jun. 19. 
https://www.researchgate.net/publication/328401758/figure/fig2/AS:683631131500544@1540001771295/Figura-3-Articulacao-teoria-e-pratica-na-APCC.ppm
https://www.researchgate.net/publication/328401758/figure/fig2/AS:683631131500544@1540001771295/Figura-3-Articulacao-teoria-e-pratica-na-APCC.ppm
 
20 
Esse processo também se constituiu ao longo da história da educação. O 
desenvolvimento de professores, tanto na formação inicial quanto na formação 
continuada, nesse sentido, é um processo de acúmulo histórico com várias 
transformações. Para Cunha: 
 
Em sentido amplo, a formação de professores se faz em um continuum, 
desde a educação familiar e cultural do professor até a sua trajetória formal e 
acadêmica, mantendo-se como processo vital, enquanto acontece seu ciclo 
profissional (CUNHA, 2013, p. 61). 
 
A formação inicial pode ser compreendida como os processos institucionais de 
formação de dada profissão, nos quais possibilita a licença para o exercício 
profissional e o reconhecimento legal, como, por exemplo, os cursos de licenciatura 
(CUNHA, 2013). 
 
Já a formação continuada refere-se a iniciativas instituídas no período que 
acompanha o tempo profissional dos professores. Pode ter formatos e 
duração diferenciados, assumindo a perspectiva da formação como processo 
(CUNHA, 2013, p. 4). 
 
Figura 11: Formação continuada:pós-graduação 
 
Fonte: Google imagens11 
 
 
Um exemplo de formação continuada é esse curso que você realiza agora, de 
Docência no Ensino Superior! 
Portanto, os cursos de pós-graduação, assim como os cursos de capacitação, 
ente outros, são aqueles que realizamos para aperfeiçoar nossos saberes em relação 
à prática profissional. 
 
11Disponível em: http://www.newlifecursos.com.br/arquivos/cursos/18/large/posunip.jpg. Acesso em: 06 
jun. 19. 
http://www.newlifecursos.com.br/arquivos/cursos/18/large/posunip.jpg
 
21 
 
Figura 12: Formação continuada 
 
Fonte: Google imagens12 
 
A formação inicial e a formação continuada, por muito tempo, foram 
consideradas processos nos quais o professor aprenderia um conhecimento pensado 
por outro especialista e apenas reproduziria ao seu aluno. Assim, o professor não era 
visto como um ser capaz de produzir conhecimentos, pois era visto como um fazedor, 
repetidor e aplicador de instruções contidas nos manuais. 
Por meio da formação inicial, o professor estaria pronto para a sala de aula, 
caso conseguisse acumular os conhecimentos e aprendesse as técnicas necessárias 
para resolver as dificuldades do cotidiano. 
Esse modelo de formação se baseava no modelo da racionalidade técnica, no 
qual o professor deveria seguir e cumprir manuais. O funcionamento da instituição 
escolar era fundamentado no modo fabril de produção e controle. Por isso, o professor 
era submetido à mera condição de realizador de tarefas. A formação e, por 
conseguinte, a prática docente dos professores das décadas de 70 e 80 foram 
influenciadas pelo tecnicismo, resultando em práticas pedagógicas carregadas de 
tarefas repetitivas que, muitas vezes, não tinham sentido para o professor nem para 
o aluno. 
Esse fato é fundamental para compreendermos como esse processo molda o 
ser professor, pois, como afirmamos anteriormente, é nas diversas relações, 
especialmente a partir dos processos formativos, que apreendemos a docência. 
 
 
12Disponível em: https://espacoeducarsite.files.wordpress.com/2018/08/formac3a7c3a3o-
atual-iii.gif. Acesso em: 07 jun.19. 
https://espacoeducarsite.files.wordpress.com/2018/08/formac3a7c3a3o-atual-iii.gif
https://espacoeducarsite.files.wordpress.com/2018/08/formac3a7c3a3o-atual-iii.gif
 
22 
 
Figura 13: Temáticas da formação de professores 
 
Fonte: Google imagens13 
 
Assim como na história da formação inicial, o modelo da racionalidade técnica 
determinou a prática pedagógica. Na formação continuada, ocorreu um processo 
similar. Vejamos: 
 
[…] os programas de formação continuada de professores, vigentes no 
cenário da educação básica, baseiam-se na perspectiva da “epistemologia 
da prática”, destacando-se, nesse processo formativo, a abordagem de 
procedimentos de ensino, roteiros e esquemas para orientar a prática, 
situações de resolução de problemas diários do cotidiano escolar, modelos 
de conhecimentos práticos erigidos das interações em sala de aula, dentre 
outros aspectos, que colaboram para a construção de um perfil de professor 
ligado ao praticismo, ao individualismo, à banalização da teoria e ao 
pragmatismo (BRITO, LIMA e SILVA, 2017, p. 160). 
 
Nesse sentido, o foco dessa formação se centrava no alcance às metas em 
avaliações externas, na valorização da prática, na reflexão sobre a prática, na 
secundarização do referencial teórico e nas contextualizações histórica, econômica e 
social da educação. 
Com isso, a formação conduz o professor a se limitar à reflexão apenas do 
contexto em sala de aula e o restringe a perceber que as problemáticas escolares 
fazem parte de uma realidade mais complexa e ampla! 
O reflexo disso é que o professor acaba por assumir uma responsabilidade que 
foge à sua formação e à sua atuação. Por esse motivo, muitas vezes, o professor é 
responsabilizado pelo fracasso escolar. Isso traz consequências à sua identidade 
enquanto ser humano e professor, pois acaba culpando-o por um processo que é mais 
complexo e envolve uma série de fatores. 
 
 
13Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/img/0443.jpg. 
Acesso e 06 jun. 19. 
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/img/0443.jpg
 
23 
 
Figura 14: Professor se sentindo culpado 
 
Fonte: Google imagens14 
 
Por isso, é necessária uma formação que nos ensine a refletir para além do 
contexto em sala! É preciso que aprendamos a refletir sobre o contexto mais amplo e 
complexo. 
É fundamental que a formação de professores, inicial e continuada, tenha como 
objetivo superar a dicotomia entre teoria e prática. 
Como fazer isso? 
Em um primeiro passo, é preciso que compreendamos a função social da 
educação escolar como uma prática social mediadora, que busca promover o 
processo de humanização dos seres humanos. 
Assim, para atingir esse objetivo, é preciso um professor qualificado, que 
ocupará um papel central na relação educativa, pois é ele o portador do conhecimento 
científico que será objeto de ensino e aprendizagem. 
E, por fim, os cursos de formação devem ser constituídos de modo a possibilitar 
que o professor se aproprie dos conhecimentos teóricos e práticos e faça uma análise 
crítica e coletiva das finalidades a seres atingidas, assim como dos caminhos para 
selecionar e dosar os conteúdos que devem compor os currículos e suas aulas. 
Com isso, a formação de professores estará, de fato, contribuindo para que o 
professor tenha uma prática mais efetiva diante da realidade educativa. 
 
 
14 Disponível em: http://www.ambientelegal.com.br/wp-content/uploads/Quem-manda-em-sala-
de-aula_o-aluno-ou-o-professor.jpg. Acesso em: 22 jun.19. 
http://www.ambientelegal.com.br/wp-content/uploads/Quem-manda-em-sala-de-aula_o-aluno-ou-o-professor.jpg
http://www.ambientelegal.com.br/wp-content/uploads/Quem-manda-em-sala-de-aula_o-aluno-ou-o-professor.jpg
 
24 
 
 
Figura 15: Prática docente 
 
Fonte: Google imagens15 
 
 
 
Cunha (2013) elaborou uma síntese das tendências que se manifestam no 
campo da formação de professores, na qual marca as rupturas epistemológicas, 
culturais e políticas nos campos da educação e da formação de professores. Segue, 
abaixo, a síntese feita de forma esquemática: 
 
15 Disponível em: https://image.slidesharecdn.com/aprticadocentedoensinar-110425225014-
phpapp02/95/a-prtica-docente-do-ensinar-1-728.jpg?cb=1303771880. Acesso em: 25 maio 19. 
https://image.slidesharecdn.com/aprticadocentedoensinar-110425225014-phpapp02/95/a-prtica-docente-do-ensinar-1-728.jpg?cb=1303771880
https://image.slidesharecdn.com/aprticadocentedoensinar-110425225014-phpapp02/95/a-prtica-docente-do-ensinar-1-728.jpg?cb=1303771880
 
25 
 
Fonte: Retirado de Cunha (p. 620, 2013)16. 
 
Agora que debatemos sobre a importância da formação inicial e continuada de 
professores, para que o professor tenha instrumentos que efetivem a práxis 
pedagógica com o objetivo de passar o conhecimento historicamente acumulado, 
precisamos discutir sobre os saberes da docência que atravessam essas formações. 
Convido você a embarcar nesse conhecimento comigo, vamos lá? 
 
 
16 CUNHA, Maria Isabel. O tema da formação de professores: trajetórias e tendências do campo 
na pesquisa e na ação. Educ. Pesqui., São Paulo, n. 3, p. 609-625, jul./set. 2013. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/ep/v39n3/aop1096.pdf. Acesso em: 26 jul. 2019. 
http://www.scielo.br/pdf/ep/v39n3/aop1096.pdf
 
26 
 
1.3 Atuação e formação profissional: os saberes pedagógicos 
 
Falaremos, agora, do processo de atuação do professor e da formação 
profissional, que envolvem os saberes pedagógicos. 
Como já discutimosanteriormente nessa apostila, sabemos agora o que é ser 
professor, ou melhor, qual o papel do docente frente ao processo educativo. O 
professor deve proporcionar, por meio do processo educativo, o acesso ao 
conhecimento historicamente acumulado, para que os indivíduos apreendam a 
realidade. Em outras palavras, o professor deve ensinar os elementos da cultura e da 
ciência, e o saber sistematizado, tais como a leitura, a escrita, o cálculo etc., para que 
seu aluno aprenda aquilo que não lhe foi dado ao nascer. 
Sendo assim, para que o professor conduza o processo educativo, é necessário 
que, primeiro, ele detenha os conhecimentos referentes à profissão docente, que são 
conhecidos como os saberes pedagógicos. Ou seja, primeiro, ele precisa aprender; 
para, depois, ensinar! 
Segundo Carlinda Leite e Kátia Ramos (2012, s/p.), “é reconhecida a 
necessidade de um ensino que contribua para superar a fragmentação de funções, de 
um ensino profissional que, tendo um caráter propedêutico, se articule com a 
investigação e que esteja em sintonia com o contexto social". Assim, para que os 
educadores possam fornecer elementos críticos da realidade a seus alunos, é preciso 
que tenham aprendido tais elementos nos processos formativos, bem como saibam 
combater a visão que separa, em compartimentos fragmentados, a realidade e o 
conhecimento científico. 
 
Figura 16: Saberes 
 
Fonte: Google imagens17 
 
17 Disponível em: http://ivanhuiracocha.blogspot.com/2015/10/cognitivismo.html. Acesso em: 
02 jun. 2019. 
http://ivanhuiracocha.blogspot.com/2015/10/cognitivismo.html
 
27 
 
Você já deve ter usado a palavra “didática” em alguma aula, ou lido o termo em 
algum texto, ou, mesmo, teve que ser “didático” em alguma atividade que exerceu, 
certo? 
Então, não teremos dificuldades em pensar o que é a didática, correto? 
Como é possível, para um professor, ser didático? 
Existem critérios para pensarmos quais os profissionais “didáticos”? 
 
Vamos elaborar, junto com você, aluno, essas formulações! 
 
Figura 17: Aprendendo os saberes 
 
 
Fonte: Google imagens18 
 
De acordo com Pimenta (1997), os saberes do professor são o conjunto de 
habilidades e características que compõe o profissional docente. São três os principais 
saberes do professor: o conhecimento, a experiência e os saberes pedagógicos. 
Diante de nossa realidade, está colocada uma série de desafios para a atuação 
do professor, partindo, sempre, da sua prática social. Nesse sentido, as habilidades 
necessárias para que um profissional docente possa ser, de fato, um bom professor 
são vastas, porém, não podem ser vistas como motivos para o distanciamento do 
profissional do constante aprimoramento pessoal. 
O conhecimento, ou busca por conhecimento, é, portanto, o primeiro dos 
saberes da docência. 
 
18 Disponível em: https://outrasantonietas.files.wordpress.com/2015/02/leitora2.png?w=300&h=218. 
Acesso em: 08 jun. 2019. 
 
https://outrasantonietas.files.wordpress.com/2015/02/leitora2.png?w=300&h=218
 
28 
A relação indissolúvel entre a teoria que é enriquecida pela prática, esse 
constante processo de relação entre teoria e prática, dá elementos para enriquecer a 
didática do professor no processo de ensino. 
Ou seja, o professor não inicia sua carreira docente dominando todos os 
aspectos da atividade docente, e sim, enriquece seus conhecimentos sobre a 
realidade profissional ao se relacionar com o dia a dia da profissão, sempre mantendo 
firme a relação entre as experiências práticas e a formação teórica, seja nos cursos 
de formação superior, como esse, ou individualmente, em associações etc. 
Além disso, a experiência é a parte mais singular de todo o processo dos 
saberes do docente, porque se constitui pela relação individual, pela trajetória de cada 
estudante em busca de formação humana. No caminho de se tornar professor, ele é, 
na maior parte do tempo, estudante. São, então, suas relações com outros 
professores e estudantes que formam seu conjunto de experiências individuais com o 
processo educativo. 
Por último, existem os saberes pedagógicos, que surgem da necessidade de 
problematizar a realidade onde está inserido o sujeito crítico, ativo, pensante. Tais 
saberes são parte constituinte do fundamento do pensamento científico, que é crítico 
em relação ao conhecimento historicamente acumulado, no sentido de que busca, 
sempre, avançar para além das limitações atuais; e produzem, nesse processo, novas 
formas de relacionamento com a realidade e de transformação da existência humana: 
representam a materialização do papel do professor diante do processo educativo. 
 
 
“Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas 
à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias, constrói-se, também, 
pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor confere à atividade docente 
no seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua 
história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e 
anseios, do sentido que tem em sua vida: o ser professor. Assim, como a partir de sua 
rede de relações com outros professores, nas escolas, nos sindicatos e em outros 
agrupamentos” (PIMENTA, 1997, p. 7). 
 
Em sua prática social, ao ensinar, o professor também vai aprendendo. Com 
isso, sua identidade carrega as marcas de sua própria atividade e, como afirma Tardiff 
(2002, p. 57), “uma boa parte de sua existência é caracterizada por sua atuação 
profissional”. 
Ao longo do seu tempo de trabalho, o indivíduo vai se tornando um professor, 
com sua cultura, suas concepções, seus interesses, funções etc. 
É a partir daí que o professor adquire os saberes necessários à realização de 
suas tarefas, por meio da aprendizagem de conhecimentos teóricos e técnicos que o 
preparem para sua atividade pedagógica. Isso ocorre por meio dos processos 
formativos que estudamos anteriormente. 
 
29 
Mas o que é saber? 
 
 
Figura 18: Saber 
 
Fonte: Google imagens19 
 
Tardif (2008, p. 199) define o “saber” como: 
 
[…] os pensamentos, as ideias, os juízos, os discursos, os argumentos que 
obedeçam a certas exigências de racionalidade. Eu falo ou ajo racionalmente 
quando sou capaz de justificar, por meio de razões, de declarações, de 
procedimentos etc., o meu discurso ou a minha ação diante de outro ator que 
me questiona sobre a pertinência, o valor deles. 
 
Portanto, os saberes docentes estão ligados ao trabalho e à pessoa que 
trabalha, isto é, às funções dos professores! 
Atualmente o professor é um profissional da educação. Assim, enquanto 
profissional, ele deve ser munido de saberes distintos para refletir sobre a situação e 
decidir o melhor encaminhamento. 
 
 
São muitos os estudiosos que têm pesquisado sobre os saberes docentes, 
entre eles estão: Shulman (1986), Nóvoa (1992), Gauthier (1996), Tardif (1996), 
Pimenta (1997) e Freire (1996). Não deixe de pesquisar esses autores para saber 
mais sobre essa temática tão importante! 
 
19 Disponível em: https://blog.maxieduca.com.br/wp-content/uploads/2016/09/Didatica-1-
1024x728.jpg Acesso em: 12 jun. 2019. 
https://blog.maxieduca.com.br/wp-content/uploads/2016/09/Didatica-1-1024x728.jpg
https://blog.maxieduca.com.br/wp-content/uploads/2016/09/Didatica-1-1024x728.jpg
 
30 
 
 
Para facilitar seus estudos, segue uma síntese dos saberes docentes 
abordados por diferentes estudiosos. 
 
Tabela: Classificação dos saberes docentes 
 
Fonte: Google imagens. 20 
 
Os saberes englobam os conhecimentos, as competências, as habilidades (ou 
aptidões) e as atitudes dos docentes, que provêm de uma série de fontes, como 
afirmado por Tardiff (2002). 
Essas fontes podem ser: as formações iniciais e contínuas dos professores, o 
currículo e a socializaçãoescolar, a aprendizagem com os demais professores, assim 
como a própria experiência profissional e a cultura pessoal. 
Dessa maneira, os saberes são a base para o ensino! 
Eles não se limitam ao conteúdo de um conhecimento específico e teórico. A 
experiência também é um saber e fonte importante para o saber-ensinar do professor, 
 
20https://image.slidesharecdn.com/saberesdocentesfinal-140614131119-
phpapp01/95/saberes-docentes-final-8-638.jpg?cb=1402751588. Acesso em: 20 jun. 19. 
 
https://image.slidesharecdn.com/saberesdocentesfinal-140614131119-phpapp01/95/saberes-docentes-final-8-638.jpg?cb=1402751588
https://image.slidesharecdn.com/saberesdocentesfinal-140614131119-phpapp01/95/saberes-docentes-final-8-638.jpg?cb=1402751588
 
31 
pois é à medida que vai ensinando, que o professor vê o objetivo final da sua atividade 
ser atingido e, com isso, ele, igualmente, aprende. 
Além disso, é na participação cotidiana da escola e nas relações com os outros 
professores que os diversos conhecimentos são compartilhados e coletivizados. 
 
Figura 19: Saberes docentes a partir da experiência cotidiana 
 
Fonte: Google imagens. 21 
 
 
Alguns exemplos de experiências cotidianas que envolvem diversos saberes 
são as horas-atividades coletivas ou conselhos escolares, ou, ainda, as reuniões de 
pais, reuniões de colegiado, entre outras em que os professores e/ou pais se reúnem 
para pensar as diversas questões da instituição educativa. 
Percebemos, então, que os saberes dos professores são heterogêneos e 
plurais, pois despertam de conhecimentos e manifestações do “saber-fazer” e do 
“saber-ser”, que são diversificados e advêm de fontes variadas (TARDIF, 2002). 
 
 
 
A seguir, acompanhe o quadro elaborado pelo estudioso Tardif (2002), no qual 
ele propõe um modelo tipológico para identificar e classificar os saberes dos 
professores, evidenciando as fontes de aquisição e os modos de integração no 
trabalho docente. 
 
 
 
21http://www.construirnoticias.com.br/wp-
content/uploads/2015/09/15_e_quanto_a_nos_docentes.jpg. Acesso em: 05 jul. 19. 
http://www.construirnoticias.com.br/wp-content/uploads/2015/09/15_e_quanto_a_nos_docentes.jpg
http://www.construirnoticias.com.br/wp-content/uploads/2015/09/15_e_quanto_a_nos_docentes.jpg
 
32 
 
 Quadro: Fontes dos saberes docentes, de acordo com Tardif 
 
Fonte: retirado de Tardif (2002).22 
 
Assim, os saberes dos professores são temporais, uma vez que são utilizados 
e desenvolvidos ao longo de sua carreira e, portanto, em um processo que dura sua 
vida profissional, permeada por dimensões de identidade e de socialização 
profissional, composta por fases e mudanças. 
Antônio Nóvoa, um autor que estuda essa temática da formação de professores 
dos saberes da docência e da formação da identidade, afirma que há uma separação 
entre o eu pessoal e o eu profissional advindos de alguns saberes adquiridos nas 
formações de professores. 
Por isso, o autor afirma que é importante resgatar a individualidade no 
desempenho da profissão docente, para que problemas, como a má qualificação, a 
desvalorização e os salários miseráveis, possam ser enfrentados e solucionados na 
profissão. 
 
22 TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. 
 
33 
Nessa perspectiva, o professor deve ser compreendido como um intelectual em 
contínuo processo de formação, no qual sua ação deve abarcar a intuição, a emoção, 
as técnicas e a teoria. 
Dentre os estudos sobre os saberes da docência, há a discussão acerca da 
formação reflexiva, na qual o professor deve aprender a refletir sobre sua própria 
prática. 
Porém, Pimenta (2002) afirma que essa é apenas uma expressão da moda que 
não se concretiza em reais transformações que garantam a melhoria das condições 
escolares e a elevação da profissão de professor. 
Isso ocorre porque essa formação reflexiva é compreendida como um ato 
individual. O professor deveria, individualmente, refletir sobre sua prática. 
A reflexão do professor sobre sua prática tem que fazer parte de um processo 
coletivo, pois, quanto mais professores pensarem em conjunto, haverá mais 
possibilidades de resolver as questões, já que há mais saberes envolvidos! 
 
Figura 20: Formação reflexiva conjunta 
 
Fonte: Google imagens. 23 
 
 
Assim, essa formação reflexiva dá muita ênfase à prática, e pouca ênfase é 
dada à formação, à qualidade, às condições de trabalho e à realidade como um todo, 
em toda sua complexidade. 
Por isso, devemos lutar por uma formação na qual o professor reflita sobre sua 
prática a partir de conhecimentos que conduzam a uma consciência crítica da 
realidade, além de um sistema educativo que tenha como meta a transformação de 
sua consciência e da consciência de seus alunos em busca de uma sociedade que 
valorize a educação. 
 
23Disponível em: https://nova-escola-
producao.s3.amazonaws.com/abjngbYGe7mt3SXANzGS4hFSVXDHx36yh8jzfzJdxKAzFteRy7GZYrqt
Zwec/como-inserir-o-trabalho-em-equipe-entre-os-professores-gettyimages.jpg. Acesso em: 10 jul. 19. 
 
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/abjngbYGe7mt3SXANzGS4hFSVXDHx36yh8jzfzJdxKAzFteRy7GZYrqtZwec/como-inserir-o-trabalho-em-equipe-entre-os-professores-gettyimages.jpg
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/abjngbYGe7mt3SXANzGS4hFSVXDHx36yh8jzfzJdxKAzFteRy7GZYrqtZwec/como-inserir-o-trabalho-em-equipe-entre-os-professores-gettyimages.jpg
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/abjngbYGe7mt3SXANzGS4hFSVXDHx36yh8jzfzJdxKAzFteRy7GZYrqtZwec/como-inserir-o-trabalho-em-equipe-entre-os-professores-gettyimages.jpg
 
34 
 
 
Chegamos ao final da primeira unidade da nossa disciplina. 
Aqui, você estudou alguns elementos iniciais sobre a constituição da identidade 
docente. 
Dentre eles, discutimos, brevemente, a constituição da profissão docente e 
alguns dilemas enfrentados pelos professores no exercício da profissão. 
Também estudamos sobre o processo formativo pelo qual o professor passa e 
que é parte constitutiva da identidade docente. Esses processos são a formação inicial 
e a formação continuada, que devem possibilitar que o professor aprenda o 
conhecimento (teoria) e saiba compreender a realidade de forma crítica, para poder 
atuar nela (prática). 
Por isso, discutimos a importância da prática pedagógica ser práxis, isto é, uma 
atividade em constante transformação. 
Vimos, ainda, quais são os saberes docentes que os professores aprendem, 
tanto nos processos de formação inicial e continuada, como na própria experiência 
profissional. 
Todos esses temas compõem o que conhecemos por identidade docente, mas 
não são somente esses! 
Na próxima unidade, aprofundaremos a temática. Espero que você tenha 
aprendido bastante e esteja animado para continuar. 
 
 
 
Não deixe de ler “Saberes docentes e formação profissional”, de Maurice Tardif, 
que foi um importante pesquisador e professor universitário no Canadá. Nesse livro, 
o autor busca compreender quais saberes têm fundamentado o trabalho e a formação 
de professores. O autor defende a tese de que o saber não é reduzido exclusivamente 
a processos cognitivos, mas se manifesta nas diversas relações complexas, 
estabelecidas entre professores e alunos. 
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Vozes, 2002. 
 
 
 
35 
Atividade de aplicação 
 
Convido-o a realizar duas atividades sobre as temáticas que discutimos nessa 
unidade. 
 
1- Leia o excerto abaixo: 
 
[…] o saber profissional está, de certo modo, na confluência entre várias 
fontes de saberes provenientes da história de vida individual, da sociedade, 
da instituição escolar, dos outros atores educativos, dos lugares de formação, 
etc. (TARDIF, M. Saberes docentese formação profissional. 4. ed. Rio de 
Janeiro: Vozes, 2002). 
 
Agora, faça uma reflexão sobre a importância dos saberes docentes para a 
formação e a atuação profissional. Elabore um pequeno texto sobre esse tema, 
relacionando os saberes que foram discutidos nessa unidade. 
Justifique e exemplifique como trabalhar com os diversos saberes abordados 
nessa unidade. 
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36 
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2- Explique por que a prática docente tem que ser uma atividade intencional e 
planejada e qual o papel da formação de professores para que a prática 
pedagógica seja práxis docente. Lembre-se de relacionar os conceitos de teoria 
e prática. 
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1. Quais são os dilemas fundamentais impostos atualmente à profissão docente? 
a) Os estudantes, as mídias digitais, a criminalização. 
b) A competitividade, a meritocracia, a falta de estímulo. 
c) A comunidade, a autonomia, o conhecimento. 
d) O autonomismo, a falta de direção, a moral. 
 
37 
e) A competitividade, o autonomismo, a comunidade. 
 
2. Como o ato educativo se caracteriza? 
a) Em dar respostas práticas para as questões imediatas da vida real. 
b) Pela realização espontânea, por parte do aluno, da aquisição do conhecimento 
científico. 
c) Em produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo, a humanidade 
produzida, histórica e coletivamente, pelos homens. 
d) Pelas experiências estarem acima da teoria nesse processo, ou seja, a ideia 
de que mais vale o trabalho que o estudo. 
e) Pela ideia de que sempre será livre e sem amarras. 
 
 
 
38 
UNIDADE II 
 
2. IDENTIDADE DOCENTE: ASPECTOS NECESSÁRIOS PARA SUA 
CONSTITUIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
Nesta unidade, vamos trabalhar os conteúdos voltados para o processo de 
constituição da identidade do profissional docente. 
Vamos abordar os elementos centrais que compõem a identidade do professor 
ao longo do seu processo formativo, bem como da sua prática profissional. 
Para que possamos compreender como se forma a identidade profissional no 
caso dos docentes, discutiremos as relações entre a identidade do professor e a 
profissionalização da docência. 
Apresentaremos, também, um breve debate acerca do processo de valorização 
da carreira docente e da necessidade de maior incentivo a esta categoria. 
Animado(a) para mais esta unidade? 
Vamos aos estudos! 
 
 
2.1 O papel da identidade do professor no exercício do trabalho educativo 
 
[…] a personalidade dos homens é determinada pelas relações que 
estabelecem com o mundo, físico e social, por meio da atividade. Assim, as 
características desse mundo circunscrevem as condições de seu 
desenvolvimento (MARTINS, 2010, s.p.). 
 
 
Como já afirmado anteriormente, compreendemos que, enquanto seres sociais, 
não temos várias identidades e nem compreendemos que há uma cisão entre o eu 
pessoal e o eu profissional. 
Portanto, compreendemos que, à medida que estabelecemos relações sociais 
com a realidade objetiva, estabelecemos uma articulação entre indivíduo e condições 
de existência da vida, o que, por sua vez, possibilita múltiplas possibilidades do 
processo de personalização. 
Nesse sentido, é por meio da atividade de cada indivíduo que ele desenvolve 
sua personalidade, seu modo de compreender a realidade e atuar diante dela. 
Conteúdos trabalhados na unidade: identidade docente: aspectos necessários para sua 
constituição. O papel da identidade do professor no exercício do trabalho educativo; 
identidade e profissionalização; valorização da carreira docente. 
 
 
 
 
 
1.4 
1.5 Atuação e formação profissional: os saberes pedagógicos 
1.6 
. 
 
39 
Tornar-se professor faz parte desse processo de personalização, em que, por 
meio dos processos formativos e da experiência profissional, cria sua personalidade, 
enquanto ser social, ao passo que atua diante da realidade. 
É um processo dialético, pois, à medida que o mestre atua na realidade, por 
meio do seu trabalho, ele também aprende e se desenvolve. 
 
 PERSONALIDADE 
 
 
Atividade docente Realidade objetiva 
 
De acordo com Basso (1994), o trabalho docente é o produto das relações entre 
as condições objetivas, que englobam as condições efetivas de trabalho (participação 
no planejamento escolar, preparação das aulas, remuneração do professor, estrutura 
e lotação das salas de aula, e as condições subjetivas, isto é, a formação de 
professores. 
 
Figura 21: Condições objetivas do trabalho docente 
 
Fonte: Google imagens.24g 
 
As diversas experiências que os professores têm, a partir da relação 
estabelecida com essas condições (objetivas e subjetivas), vão sendo apropriadas 
subjetivamente, produzindo diversos sentidos pessoais do que é a docência e 
compondo a personalidade de cada um. 
Cabe lembrarmos que esse sentido pessoal também se dá a partir do 
significado social do trabalho docente. 
 
24Disponível em: http://revistacontemporartes.com.br/wp-content/uploads/2018/09/saude-
professor-300x248.jpeg. Acesso em: 20 de jul. de 2019. 
http://revistacontemporartes.com.br/wp-content/uploads/2018/09/saude-professor-300x248.jpeg
http://revistacontemporartes.com.br/wp-content/uploads/2018/09/saude-professor-300x248.jpeg
 
40 
O significado deste trabalho é formado pela finalidade da ação de ensinar, ou 
seja, pelo objetivo do ato educativo e pelas operações a serem realizadas de forma 
consciente, portanto, planejadas, considerando as condições do processo educativo. 
Falar do significado do trabalho docente exige falar da mediação feita entre o 
professor e o aluno, de modo que o aluno possa apropriar-se do conhecimento do 
professor. 
 
 
Figura 22: Mediação 
 
Fonte: Dicio.com.br25 
 
Então quer dizer que o conhecimento faz a mediação entre o professor e o 
aluno? Exatamente! 
 
Conhecimento como mediador da relação professor-aluno 
 
 
 
 
 
Por isso levanta-se a importância de uma formação de professores que 
possibilite ao professor se apropriar do conhecimento, para que ele possa transmitir 
esse conhecimento ao aluno! 
Nessa relação, a personalidade/identidade do professor é requisitada a todo 
tempo. Isso porque, no ato educativo, o professor deve ensinar (objetivo da docência) 
 
25 Disponível em: https://s.dicio.com.br/mediacao.jpg Acesso em: 20 de jun. 19. 
 Professor Aluno 
 Conhecimento 
https://s.dicio.com.br/mediacao.jpg
 
41 
aquilo que aprendeu na formação de professores (inicial e continuada), que faz parte 
do processo de personalização. 
Ou seja, o professor compreende que seu objetivo (significado social) enquanto 
docente é o ensino, realiza sua atividade porque (motivo/sentido pessoal) a 
compreende, e foi formado para tal, e, à medida que realiza essa atividade, ele vai 
aprendendo e ajustando sua práxis pedagógica! 
 
 Significado social Sentido pessoal 
 (Objetivo) (Motivo) 
 Atividade docente 
 
Nesse sentido, Basso afirma que, quando o significado social é coincidente com 
o sentido pessoal da atividade docente, o trabalho do professor é menos alienado, dá 
a ele prazer, e, portanto, é mais efetivo. 
O professor expressa seus sentimentos, seus conhecimentos, seu modo de 
ser, seu modo de interpretar a realidade, seu modo de ministrar a aula, seu modo de 
planejar a aula, ou seja, sua personalidade/identidade! Esta última, sempre em 
desenvolvimento a partir de todas as relações que o professor estabelece com a 
realidade objetiva! 
 
Figura 22: Professora 
 
Fonte: Google imagens. 26 
 
 
26Disponível em: https://s5.static.brasilescola.uol.com.br/img/2019/04/sugestao-
professores.jpg Acesso em: 22 jul. 19 
 
42 
Porém, muitas vezes, o sentido da atividade docente não é coincidente com o 
seu objetivo. 
Por quê? 
Vejamos o que afirma Basso (1994, p. 38): 
 
Se o sentido do trabalho docente atribuído pelo professor que o realiza for, 
apenas, o de garantir a sua sobrevivência, trabalhando só pelo salário, haverá 
a cisão com o significado fixado socialmente, entendido como função 
mediadora entre o aluno e os instrumentos culturais que serão apropriados, 
visando ampliar e sistematizar a compreensão da realidade, e possibilitar 
objetivações em esferas não cotidianas. 
 
Como produto dessa cisão, o trabalho do professor se torna alienado, isto é, o 
que motiva o professor não é o objetivo nem o produto de sua atividade, que é a 
aprendizagem do aluno. O motivo pode ser qualquer outra coisa. Na maioria das 
vezes, somente o salário a ser recebido. Com isso, a prática educativa escolar pode 
ficar descaracterizada. 
Isso acontece por vários motivos! Elenquemos alguns: a má formação inicial ou 
continuada, a baixa remuneração, a falta de valorização do professor, as 
condições de trabalho, a falta de materiais escolares, entre outros. 
Com isso, o professor vai se desmotivando, entrando em sofrimento, e muitas 
vezes, adoecendo. 
 
Figura 23: Professor em sofrimento 
 
Fonte: Google imagens. 27 
 
A identidade/personalidade do professor também vai sendo deteriorada nesse 
processo de alienação, uma vez que ele não encontra sentido na sua atividade e a 
exerce porque é obrigado. 
Por isso, é preciso que existam condições objetivas (remuneração, condições 
de trabalho, estrutura e lotação das salas de aula etc.) e condições subjetivas 
 
27https://encrypted-
tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTxlbZwBAZGpp8G_PFBbZnC6KcfYVLIZMD2vEYPlHMg7mfk
i955. Acesso em: 21 jun. 19. 
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTxlbZwBAZGpp8G_PFBbZnC6KcfYVLIZMD2vEYPlHMg7mfki955
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTxlbZwBAZGpp8G_PFBbZnC6KcfYVLIZMD2vEYPlHMg7mfki955
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTxlbZwBAZGpp8G_PFBbZnC6KcfYVLIZMD2vEYPlHMg7mfki955
 
43 
(formação de professores), dignas de formarem professores que dirijam, ativa e 
conscientemente, sua atividade-ensino e que tomem para si a tarefa de superação 
das condições alienantes de trabalho. 
Destacamos que a principal função social do ato educativo é o acesso ao 
conhecimento historicamente acumulado, pois é isso (o conhecimento de tudo aquilo 
que foi produzido ao longo da história da humanidade) que nos torna humanos. 
Essa é a tarefa dos professores em suas atividades docentes! E sua 
personalidade/identidade deve ser constituída, também, a partir dessa função. 
Agora que compreendemos que nossa identidade/personalidade é fundamental 
para o exercício da atividade de ensino e que deverá, portanto, ser desenvolvida por 
meio de processos formativos e condições de trabalho de qualidade, passemos a 
outros aspectos que fundamentam o desenvolvimento da identidade do professor. 
Dito isso, convido-o(a) a explorar brevemente a relação entre o 
desenvolvimento da identidade e a profissionalização. 
 
 
 
Você não pode deixar de ler “A formação social da personalidade do professor: 
um enfoque vigotskiano”, de Lígia Marcia Martins. 
Nesse livro, a autora examina a formação da personalidade do professor no 
capitalismo sob a perspectiva do materialismo histórico-dialético. 
Para isso, a autora discute as novas abordagens que tratam da formação do 
professor na atualidade, salientando que tais concepções se fundamentam, 
prioritariamente, nos aspectos direcionados ao desenvolvimento pessoal do 
professor. Como exemplo, a autora traz uma análise da teoria do professor reflexivo. 
A autora também demonstra de qual concepção parte para compreender a 
personalidade, de modo a contrapor-se às concepções que analisa. Para tanto, 
recupera o escopo categorial do materialismo histórico-dialético, demonstrando como 
a personalidade é forjada por meio da atividade social-humana, do trabalho e como 
ocorre o processo de personalização. 
MARTINS, L. M. A formação social da personalidade do professor: um 
enfoque vigotskiano. Campinas: Autores Associados, 2007. 
 
 
2.2 Identidade e profissionalização 
 
Já entendemos que a identidade não é inata e constitui-se por meio das 
relações que estabelecemos na realidade objetiva, certo?44 
Também já compreendemos que é imprescindível uma formação inicial e 
continuada de qualidade, assim como condições de trabalho que possibilitem ao 
professor efetivar o que apreendeu com o seu processo formativo, ao passo que, 
nesse processo, expressa sua identidade e a transforma ao mesmo tempo. 
No entanto, outros fatores também fazem parte do processo de 
desenvolvimento da identidade docente. 
 
Figura 24: Identidade em formação 
 
Fonte: Google imagens.28 
 
Trataremos nesse item sobre a relação entre a identidade e a profissionalização 
Mas o que é profissionalização? 
Vejamos algumas conceituações acerca da profissionalização que são 
recorrentes na literatura especializada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 Disponível em: https://www.google.com/search?hl=pt-
BR&biw=1366&bih=689&tbm=isch&sa=1&ei=gkBbXcCIIpfD5OUPj6aCoA8&q=identidade+profissional
&oq=identidade+pro&gs_l=img.3.0.0l10.6885.7759..9806…0.0..0.107.408.1j3……0….1..gws-wiz-
img…….0i67.hVglcerdRHM#imgrc=dQJV8fkPout6FM: Acesso em: 12 jul. 19. 
 
https://www.google.com/search?hl=pt-BR&biw=1366&bih=689&tbm=isch&sa=1&ei=gkBbXcCIIpfD5OUPj6aCoA8&q=identidade+profissional&oq=identidade+pro&gs_l=img.3.0.0l10.6885.7759..9806...0.0..0.107.408.1j3......0....1..gws-wiz-img.......0i67.hVglcerdRHM#imgrc=dQJV8fkPout6FM
https://www.google.com/search?hl=pt-BR&biw=1366&bih=689&tbm=isch&sa=1&ei=gkBbXcCIIpfD5OUPj6aCoA8&q=identidade+profissional&oq=identidade+pro&gs_l=img.3.0.0l10.6885.7759..9806...0.0..0.107.408.1j3......0....1..gws-wiz-img.......0i67.hVglcerdRHM#imgrc=dQJV8fkPout6FM
https://www.google.com/search?hl=pt-BR&biw=1366&bih=689&tbm=isch&sa=1&ei=gkBbXcCIIpfD5OUPj6aCoA8&q=identidade+profissional&oq=identidade+pro&gs_l=img.3.0.0l10.6885.7759..9806...0.0..0.107.408.1j3......0....1..gws-wiz-img.......0i67.hVglcerdRHM#imgrc=dQJV8fkPout6FM
https://www.google.com/search?hl=pt-BR&biw=1366&bih=689&tbm=isch&sa=1&ei=gkBbXcCIIpfD5OUPj6aCoA8&q=identidade+profissional&oq=identidade+pro&gs_l=img.3.0.0l10.6885.7759..9806...0.0..0.107.408.1j3......0....1..gws-wiz-img.......0i67.hVglcerdRHM#imgrc=dQJV8fkPout6FM
 
45 
Figura 25: Investigando a literatura científica 
 
Fonte: Google imagens29 
 
Enguita (1991), compreende a profissionalização como a competência 
específica, a vocação, a autorregulação e a independência. 
Conforme Núñez e Ramalho (2018), a profissionalização se refere à 
representação da profissão como processo contínuo/descontínuo no decorrer da 
história da docência. Conforme os autores, a profissionalização é: 
 
[…] um movimento ideológico, na medida em que repousa em novas 
representações da educação e do ser do professor no interior do sistema 
educativo. É um processo de socialização, de comunicação, de 
reconhecimento, de decisão, de negociação entre os projetos individuais e os 
dos grupos profissionais. Mas é também um processo político e econômico, 
porque, no plano das práticas e das organizações, induz novos modos de 
gestão do trabalho docente e de relações de poder entre os grupos, no seio 
da instituição escolar e fora dela (NÚÑEZ e RAMALHO, 2018, p. 4). 
 
Para Ramalho; Núñez e Gauthier (2004), a profissionalização se constitui da 
unidade entre dois aspectos: um interno, designado profissionalidade, e outro externo: 
o profissionalismo. 
Figura 26: Construindo a identidade docente 
 
 
29 https://img2.gratispng.com/20180324/zgw/kisspng-france-magnifying-glass-drawing-computer-
icons-loupe-5ab62e0642d033.1578637815218887742737.jpg 
https://img2.gratispng.com/20180324/zgw/kisspng-france-magnifying-glass-drawing-computer-icons-loupe-5ab62e0642d033.1578637815218887742737.jpg
https://img2.gratispng.com/20180324/zgw/kisspng-france-magnifying-glass-drawing-computer-icons-loupe-5ab62e0642d033.1578637815218887742737.jpg
 
46 
Fonte: Google imagens. 30 
 
Essas duas dimensões são nucleares à construção da identidade profissional, 
como afirmado pelos autores. 
 Vamos entender melhor o que são essas duas dimensões? 
 A profissionalidade diz respeito aos conhecimentos, técnicas, saberes e 
competências necessários ao exercício da profissão. No caso do professor, é por meio 
da profissionalidade que ele adquire saberes e competências próprios da docência. 
 Já o profissionalismo se relaciona à ética dos valores e normas, às relações no 
grupo profissional com outros grupos. Essa dimensão se associa à vivência da 
profissão e às relações estabelecidas com os pares, de modo a desenvolver a 
atividade docente. 
Libâneo afirma que o profissionalismo compreende o 
 
desempenho competente e compromissado dos deveres e responsabilidades 
que constituem a especificidade de ser professor e ao comportamento ético 
e político expresso nas atitudes relacionadas à prática profissional 
(LIBÂNEO, 2004, p. 75). 
 
Libâneo (2004) parte da concepção de que a escola deve ser um espaço de 
transformação. Deste modo, é essencial que a prática do professor estabeleça uma 
mediação entre o trabalho que se faz em sala de aula e a realidade que os educandos 
vivenciam fora da escola e com as diferentes capacidades e aptidões. Nessa 
perspectiva, objetiva-se promover o respeito à diversidade cultural e as diferenças no 
contexto escolar. Deste modo, o professor deve fazer a discussão sobre os objetos 
de estudo nos diferentes enfoques - interdisciplinaridade - permitindo a superação do 
senso comum. 
 Tais dimensões não podem ser consideradas separadas. Elas se articulam, de 
modo a culminar na construção da identidade profissional do professor. 
 
PROFISSIONALIZAÇÃO 
 
 PROFISSIONALISMO PROFISSIONALIDADE 
 
 O processo de profissionalização se insere em um tripé de investimento do qual 
participam três processos fundamentais à construção da identidade docente: o 
desenvolvimento pessoal, referente aos processos de produção da vida do professor, 
o desenvolvimento profissional, que se refere aos aspectos específicos da 
profissionalização, e o desenvolvimento institucional, compreendido como os 
 
30Disponível em: http://raciocinioclinico.com.br/wp-
content/uploads/2018/11/quebracabeca3.jpg 
 
47 
investimentos da instituição para o alcance dos objetivos do trabalho pedagógico 
(NÓVOA, 1992). 
 Assim, para o autor, a identidade docente é um espaço no qual se constroem 
as maneiras de ser e estar na profissão! 
 
 
Antônio Nóvoa (1992) propõe um conceito de profissão no qual quatro 
processos se articulam e configuram a profissão docente ou a profissionalização. 
Esses processos são: 
1) a prática de determinada atividade; 
2) o suporte legal para o exercício da profissão; 
3) os procedimentos para a aquisição de um corpo de saberes e saber-fazer 
específicos da profissão, por meio de uma formação específica, especializada e longa; 
4) a organização de associações de profissionais para definir as normas da 
profissão, controlar o exercício, defender os interesses socioeconômicos, proteger 
normas éticas etc. 
Não deixe de estudar mais sobre esse autor que tanto contribuiu para a 
temática! 
Agora que discutimos sobre a relação entre identidade docente e 
profissionalização, vamos passar ao nosso próximo assunto: a valorização da carreira 
docente! 
 
 
2.3 Valorização da carreira docente 
 
A temática da valorização da profissão docente tem sido, cada vez mais, 
presente no debate educacional no Brasil e em outros países. 
Isso porque o cenário educacional brasileiro tem apresentado fatores 
preocupantes que afetam a prática docente, como, por exemplo, a carga de trabalho, 
os baixos salários, a falta de perspectiva na carreira, entre outros. 
Com isso, ocorre um processo de desvalorização da carreira docente, tanto na 
educação básica como no ensino superior. 
 
 
 
 
 
 
48 
Figura 27: Desvalorização do professor 
 
 Fonte: Google imagens. 31

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