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DIREITO ADMINISTRATIVO III

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Direito Administrativo – Fernanda Marinela
1ª Aula – Aula de 24.07.2012: 
- Bens Públicos: 
Conceito de domínio público: A doutrina traz várias utilizações diferentes a respeito dessa expressão (há divergências). 
Domínio público em sentido amplo: Significa o poder de dominação, de regulamentação que o estado exerce sobre todos os bens. Todos os bens hoje sejam públicos ou privados o estado pode controlar.
Domínio público em sentido estrito: É para definir aqueles bens que estão destinados à coletividade. Aqueles bens que estão destinados para o uso coletivo. São também chamados de bens de uso comum do povo. 
Conceito de bem público: é todo bem pertencente a uma pessoa jurídica de direito público. São os bens pertencentes da administração direta (União, estados, municípios, distrito federal), da administração indireta (autarquias, fundações públicas, autarquias). Independe da destinação, ou seja, estando o bem afetado ou não a uma finalidade pública, ele vai ser bem público. 
O bem pertencente a pessoa jurídica de direito privado segue o regime de bem público? Somente se ele estiver diretamente ligado a prestação de um serviço público. Esse entendimento vem em razão do princípio da continuidade do serviço público.
O bem de empresa pública, bem de sociedade de economia mista, de fazenda pública de direito privado, em regra são bens privados e isso significa que eles podem ser alienados, onerados. 
Bem de empresa pública diretamente ligado à prestação do serviço eu não posso penhorar. Em regra geral eles estão sujeitos ao regime privado. 
A EBCT (tem exclusividade no serviço postal, no serviço de correspondência pessoal), tem o tratamento de fazenda pública, todos os seus bens estão protegidos, seguiram o regime de bem público. 
José dos Santos Carvalho Filho: Só estará protegido os bens pertencentes a pessoa pública. Só é bem público o bem pertencente a pessoa jurídica de direito público, mas essa posição é minoritária, a posição da maioria do STJ e do STF não é essa. 
- Classificação de bens públicos:
I) Quanto a titularidade: Temos os bens:
a) Federais: Estão enumerados na constituição federal. O rol da constituição federal não é taxativo, mas sim meramente exemplificativo (lista do artigo 20 da CF). 
b) Estaduais: Os bens dos estados também estão enumerados na constituição no artigo 26. O rol de bens estaduais não é taxativo, mas meramente exemplificativo. 
c) Distritais: O DF não pode ser dividido em município, então o DF tem competência somatória. Competência somatória significa estado + município. 
d) Municipais: Não estão na repartição constitucional. Esses bens são encontrados na previsão legal e não na constituição. 
II) Quanto a destinação: 
a) Bens de uso comum do povo: São também chamados de bens do domínio público. São os bens que são destinados a utilização geral pelos indivíduos. São destinados a utilização geral, a utilização pelo povo, não importa se ele é federal ou distrital. Os bens de uso comum do povo estão ligados a locais abertos ao uso coletivo.
Esses bens têm um uso indiscriminado, sem distinção, discriminação. 
Posso ter praça fechada, com grade para evitar assaltos, destruição do bem público. O estado pode regulamentar a utilização desses bens. O poder público pode disciplinar a sua utilização, ele vai decidir como esse bem vai ser utilizado. 
Exemplos de bens de uso comum do povo: Ruas, praças, praias, logradouros públicos, estradas (está a disposição da coletividade de forma distinta, de forma indiscriminada). 
Como enfrentar? Bem de uso comum do povo X Direito de reunião: 
Para o uso normal, para se utilizar da sua finalidade legal nós não precisamos de autorização. O direito de reunião está previsto no artigo 5º, XVI da CF (todos podem reunir-se pacificamente sem armas independentemente de prévia autorização, devendo apenas avisar previamente a autoridade). Pensamos em locais abertos ao público, devemos fazer passeata na avenida, de forma pacífica, sem armas, não precisa de autorização e com aviso prévio, desde que não frustre uma reunião anterior. 
Se o bem é de uso comum do povo e vou fazer uma reunião, eu não vou fazer uso comum do bem, então a jurisprudência diz que tem que comunicar a autoridade. Eu faço prévio aviso e a autoridade poderá vetar o local escolhido. A nossa jurisprudência exige que seja indicado novo local no caso de o local já estar ocupado. A decisão tem que ser fundamentada e tem que indicar outro local com a mesma visibilidade do primeiro. Esse novo local tem que ser com a mesma ressonância do primeiro local para não frustrar o direito de reunião.
O administrador tem o poder de regulamentar a utilização. 
b) Bens de uso especial (também são chamados de bens do patrimônio administrativo): São aqueles bens que são destinados especialmente a prestação de serviços públicos. São os bens afetados a prestação de serviços públicos. São chamados de instrumentos do serviço público. São chamados de instrumento de aparelhamento estatal. Exemplo: Repartição pública, hospital público, escola pública, mercado municipal (de artesanato, de verduras, de carne), teatros, museus, aeroportos, veículos oficiais, navios militares, terras de silvícolas (de índios), cemitérios públicos. 
Esses bens podem ser utilizados pelos indivíduos, pelos administrados. Tem que ser observadas as condições desses bens. Exemplo: horário, regulamento, autorização. 
Dica: Bem de uso comum do povo e o bem de uso especial são bens que estão afetados, vinculados a uma finalidade pública, significa que eles estão destinados a uma finalidade pública. 
c) Bem dominical: É identificado por exclusão. Não está ligado, afetado a finalidade pública. Também chamado de bem dominial, bem do patrimônio disponível, esse conceito é definido por exclusão. São os bens que não estão afetados a uma finalidade pública. 
Exemplo: terras devolutas, prédios públicos desativados, bens móveis inservíveis (não servem mais à administração), dívida ativa. 
Para a maioria dos autores, bens dominicais é sinônimo de bens dominiais. Nesse ponto Cretella Júnior faz diferença. Para Cretella Júnior, o bem dominial são todos os bens que estão sob o domínio do estado. Bens dominicais são os bens que não têm finalidade pública. 
- Regime Jurídico dos bens públicos: 
I. Alienabilidade: 
Hoje os bens públicos são alienáveis de forma condicionada, o que significa dizer que preenchidas algumas condições eu posso alienar (doutrina moderna). Também chamados de alienáveis de forma relativa (em algumas condições podemos alienar). 
Se os bens são de uso comum do povo, de uso especial, esses bens são em regra alienáveis e estão afetados a uma finalidade pública.
Bens dominicais são aqueles que não têm finalidade pública, por isso eles são alienáveis na forma da lei. Eles não têm finalidade pública, destinação pública por isso não posso alienar. 
Alienabilidade tem que preencher algumas condições. 
- Afetação e desafetação (consagração/desconsagração) de bens públicos: Dou ou retiro a finalidade pública. 
Prédio da Prefeitura: É um bem de uso especial. Ele tem uso específico e é inalienável. 
Prédio sem destinação pública: É um bem público dominical e é alienável. 
O bem de uso especial pode ser transformado em bem de uso dominical (alienável). Se o nosso prédio foi desativado, ele é chamado de dominical e é, portanto, alienável.
Como se afeta bem público? Quando afetamos estamos transformando o bem em inalienável. Se transforma o bem em inalienável, estamos protegendo mais esse bem. Se vou proteger mais, eu posso fazer de qualquer jeito. 
Para afetar um bem público, pode ser dando destinação (uso), por ato administrativo e por lei. 
Para desafetar um bem, o nosso bem se transforma em alienável (estamos liberando o bem). Para retirar a proteção não pode ser de qualquer jeito. Se temos um bem de uso comum do povo ou se o meu bem é de uso especial, se eu transformo meu bem em dominical (retirando finalidade pública), estamos falando agora em desafetação. A doutrina majoritária diz que eunão posso retirar a proteção assim, eu só posso desafetar esse bem por lei ou no máximo por um ato administrativo autorizado por lei. Para desafetar um bem eu tenho que ter uma formalidade, não pode ser pelo simples uso do bem. 
- De uso especial, retiramos a finalidade pública e ele virou dominical, por isso houve uma desafetação. Essa desafetação pode ser realizada por meio de lei, bem como por ato administrativo. Também é possível fazer a desafetação desse bem por um fato da natureza. Exemplo: O bem desabou, a escola caiu. 
Para a maioria dos autores, o bem de uso comum vira especial por meio de lei ou por um ato administrativo autorizado por lei. 
Dicas de divergência sobre isso:
1. O simples não uso para a maioria dos autores não desafeta os bens, apesar de o uso afetar. A desafetação depende de formalidade, ela não pode ser feita de qualquer maneira (essa é a posição da maioria dos autores). Há divergência como a de José dos Santos Carvalho Filho. A forma é irrelevante para alguns autores. 
2. Para a maioria dos autores, a afetação/desafetação tem que traçar o seguinte caminho:
Uso comum 
Uso especial Dominical = desafetação.
Dominical uso comum/especial = afetação
Para CABM, se transformo bem de uso comum para uso especial há mudança de finalidade. 
- Requisitos para alienar o bem público:
1. A primeira condição é que o bem público precisa ser desafetado; 
2. Tem que observar os requisitos do artigo 17 da lei 8.666/93 para poder alienar. Esse dispositivo traz uma lista de hipóteses em que a licitação está dispensada.
Licitação dispensada é aquela que a licitação é possível, é viável, mas quem diz que não pode é o legislador, logo o administrador não tem liberdade para escolher. 
Requisitos para alienar bens imóveis:
a) Se o imóvel pertence a pessoa jurídica de direito público, para alienar esse imóvel vamos precisar de autorização legislativa. Se ele pertence a bem privado não tem essa exigência. Aqui vamos encontrar os fundamentos para alienação. 
A ideia é fazer uma avaliação prévia. Para alienar imóvel, eu preciso de licitação e a modalidade de licitação tem que ser concorrência (regra), porém há a exceção do artigo 19 da lei 8.666/93. Se o nosso imóvel é decorrente de decisão judicial ou então de dação em pagamento, eu posso alienar via concorrência ou leilão. 
Em algumas hipóteses, o próprio artigo 17 da lei 8.666/93 traz hipóteses em que a licitação é dispensada (a competição é viável, o legislador é que dispensa, é que libera). Exemplos: Doação, permuta, dação em pagamento, investidura. 
 Se o nossos bens forem móveis, vou precisar de uma declaração de interesse público, sendo que aqui são os fundamentos, justificativa e vamos precisar de uma avaliação prévia e licitação. A modalidade licitatória depende do leilão (essa hipótese do artigo 17, §6º da lei 8.666/93). 
II. Impenhorabilidade: Os bens públicos não podem ser objetos de penhora, de arresto e não podem ser objetos de sequestro. 
A penhora é uma restrição que acontece dentro de uma ação de execução. Ao final do processo, o juiz vai pegar esse bem que foi objeto de penhora e vai alienar esse bem em hasta pública. A ideia é pegar o dinheiro da alienação e pagar a dívida. Se um bem público não pode ser alienado em hasta pública, para que eu vou fazer penhora? Não adianta, vez que ele é bem público e não pode ser alienado de qualquer jeito. Os bens públicos são impenhoráveis porque eles não podem ser alienados de qualquer maneira. A penhora é garantia dentro de um processo judicial, dentro de um processo de execução. Essa impenhorabilidade vem da ideia de que não podemos alienar de qualquer jeito. 
Arresto e sequestro são cautelares típicas. O arresto e o sequestro vão garantir uma futura penhora. 
O arresto e o sequestro são cautelares típicas que vão proteger a futura penhora, lembrando que o arresto é a restrição sobre bens indeterminados. O sequestro serve para bens determinados. 
O respaldo à impenhorabilidade é exatamente o regime de precatório. O regime de precatório está previsto no artigo 100 da constituição federal. O regime de precatório é uma fila organizada para pagamento de débitos e é estabelecida de acordo com a ordem cronológica dos precatórios. 
A CF diz no artigo 100 que se desrespeitada a ordem de precatório, esses bens podem ser sequestrados (quem recebeu indevidamente) para pagar o primeiro da fila.
III. Impossibilidade de oneração (estamos falando de direito real de garantia): Os bens públicos não podem ser objeto de direitos reais de garantia (não podem ser objeto de penhor, hipoteca e anticrese). 
A oneração não tem sentido porque eu não posso aproveitar depois, isso também decorre da inalienabilidade desse bem. 
Penhor, hipoteca e anticrese são garantias que acontecem fora da ação judicial. Penhor é a garantia sobre bens móveis. Hipoteca é a garantia sobre bens imóveis. 
A garantia sobre bens imóveis é chamada de hipoteca. 
Anticrese: Nada mais é do que a utilização pelo credor do patrimônio do devedor e com o produto dessa exploração, ele vai então pagar a dívida.
 IV. Imprescritibilidade: Os bens públicos são imprescritíveis. Estamos falando de prescrição aquisitiva. Prescrição aquisitiva significa usucapião. O bem público não pode ser objeto de usucapião, vez que ele é imprescritível. 
O estado pode usucapir bens dos particulares, o que ele não pode é sofrer usucapião. 
O artigo 183, §3º da CF: Trata dos bens imóveis.
Artigo 191, parágrafo único da CF: trata dos bens móveis. 
Súmula 340 do STF. 
- Formas de aquisição de bens públicos: Compra, doação (pessoa que doa sua casa para o estado), permuta (troca, escambo), dação em pagamento, usucapião, desapropriação, via direito hereditário (o sujeito resolveu deixar seu patrimônio para o estado via testamento), herança jacente (passa a ordem de vocação, de sucessão, o patrimônio fica para o estado), acessão natural (álveo abandonado, aluvião ou avulsão), arrematação/adjudicação, parcelamento do solo urbano (condomínios, loteamentos = as ruas, praças do condomínio são transferidas para o poder público mediante registro). 
Álveo abandonado: O rio secou ou mudou seu curso. 
Aluvião/Avulsão: Quantidade de terras descem dos imóveis superiores e se fixa nos imóveis de baixo. 
Aluvião: Pequenas quantidades de terra imperceptíveis descem dos imóveis superiores e se fixam dos imóveis inferiores. Nesse caso não tem o que fazer. 
Avulsão: É perceptível. É um blocão de terra que desce do imóvel superior e se fixa no imóvel inferior. 
- Hipótese legal da pena de perdimento de bens: Artigo 91 do Código Penal. O bem objeto do crime é adquirido pelo estado. 
Reversão de bens (acontece no caso de extinção contratual – prevista na lei 8.987 e 8.666).
Esse rol de aquisição de bens públicos supramencionado é apenas exemplificativo. 
2ª Aula – Aula de 17.08.2012: 
- Bens Públicos:
Gestão dos Bens Públicos:
- Formas de uso:
a) Uso normal: Sem autorização. Exemplo: Usar praia apenas para caminhar; 
b) Uso anormal: Com autorização. Exemplo: Fazer festa no meio da rua somente para meus convidados. 
II. Quanto a generalidade do uso – Hipóteses:
a) Utilização comum: É a generalidade na utilização desse bem. Todos têm direito de utilizar. Vamos ter indiscriminação face aos administrados. Indiscriminação significa uso gratuito, tendo ou não dinheiro, você vai utilizar. Há a inexistência de qualquer gravame, no que diz respeito ao uso desse bem. 
b) Utilização especial: Nessa hipótese vamos retirar do uso indiscriminado, sem gravame e vamos estabelecer algumas condições nesse caso. Vamos ter regras especiais para o uso especial desse bem e ter que haver o consentimento, a permissão do estado. Em algumas situações é possível a obrigação de pagar, mas sempre não. Hipóteses de utilização especial: 
b.1) Utilização especial remunerada: Pedágio, por exemplo. Em alguns estados, em algumas regiões do país você paga para utilizaruma ponte. 
b.2) Utilização especial com uso privativo: A calçada apesar de ser bem de uso comum do povo, ela pode estar em uso especial. No uso privativo, nós particulares utilizamos o bem como se fosse nosso, logo pode mandar um bêbado embora da calçada se você estiver munido de autorização especial. Tem que ter autorização, consentimento do estado. 
- Utilização privativa de bem público: 
a) Autorização de uso de bem público: É utilizada quando a hipótese é ocasional, temporária. Exemplo: Luau na praia, festa de aniversário no meio da rua. Temos eventos ocasionais, eventos temporais. A autorização de uso é feita no interesse do particular (exemplo: festa no final de semana). A autorização de uso de bem público é realizada através de um ato administrativo unilateral, o que significa dizer que a administração faz só, ela realiza sozinha esse ato. 
A autorização de uso também é um ato administrativo discricionário, significa que a administração vai fazer de acordo com a conveniência e a oportunidade.
É um ato precário: Significa que esse ato pode ser feito, retirado a qualquer tempo sem indenização. Não há obrigação, dever de indenizar. 
Independe de licitação e independe de lei autorizando.
Exemplo: festas no meio da rua, carnaval fora de época, luau na praia.
b) Permissão de uso de bem público: Apesar de ser uma situação mais permanente, eu posso desmanchar com facilidade. Ela é mais regular, é mais permanente, mas pode ser desfeita com mais facilidade. A permissão de uso de bem público é feita com mais regularidade, é mais permanente do que a autorização, mas nessa hipótese é possível desfazer com mais facilidade. 
A permissão de uso de bem público é realizada no interesse público + interesse privado. 
De que maneira se constitui a permissão? Também se realiza via ato administrativo. Ela é unilateral (a administração faz só), discricionária (vai depender da conveniência e da oportunidade) e precária.
A partir da lei 8.987/95, no Brasil, a permissão de serviço público passou a ser formalizada por contrato administrativo. A permissão de uso de bem público continua sendo ato unilateral discricionário e precário. 
A permissão de serviço público (artigo 40 da lei 8.987/95 – tem natureza contratual) é diferente de permissão de uso de bem público. 
Permissão de uso simples não tem prazo, mas temos também permissão de uso condicionada. A permissão de uso condicionada tem prazo e consequentemente gera o dever de indenizar. Essa permissão de uso condicionada é bem próxima, bem semelhante a concessão de uso. 
Utilização especial: Chamada de utilização compartilhada. Está cada vez mais presente no Brasil e vai aparecer nas hipóteses em que o estado e o particular utilizam ao mesmo tempo o bem. Exemplo: A calçada é utilizada tanto pela população, bem como por empresas privadas, como no caso da Embratel que instala telefone público na calçada. 
São bens em que o uso é feito pelo estado, pelas pessoas públicas e privadas ao mesmo tempo. Essa utilização pode acontecer por meio de convênios, contratos (como no caso da concessão de uso), por meio da servidão (tanto o particular, como o estado vão utilizar esse bem). 
Outdoor no Brasil utiliza o bem público (uso compartilhado desse bem). O estado continua usando e o particular vai usar esse bem. 
c) Concessão de uso de bem público: A concessão de uso é feita no interesse público. Aqui não tem interesse privado na jogada. A concessão de uso vai ser realizada via contrato administrativo. Se é contrato administrativo, necessariamente vai ter que ser com licitação, com prazo determinado. 
A concessão de uso exige autorização legislativa. Nesse caso, são situações com mais investimentos, com investimentos mais permanentes. 
Exemplo: restaurante na escola, hospital público, zoológico. 
- Outras formas de uso privativo: 
1. Concessão de direito real de uso:
2. Cessão de uso:
3. Enfiteuse:
4. Locação:
5. Arrendamento:
6. Comodato: 
- Alguns bens públicos – (lista do artigo 20 da CF): 
O artigo 20 da CF traz os bens que pertencem à União. 
I) São bens da União os que atualmente pertencem à União e os que vierem a ser atribuídos (dados) à União.
II) Terras devolutas: Não são todas elas. 
Conceito de terras devolutas: Surgiu no Brasil no final do regime de capitanias hereditárias. Foram terras não apropriadas pelos particulares. Hoje a terra devoluta é a terra não discriminada, não foi demarcada. É dita a terra não demarcada. Não foram medidas, discriminadas. 
A partir do momento em que faço a demarcação, elas deixam de ser uma terra pública. No Brasil, as terras devolutas são de propriedade do estado (artigo 26 da CF). Somente algumas terras devolutas são de propriedade da União. Normalmente vai ser da União aquilo que é de interesse nacional. São as terras que são de interesse nacional. Em regra geral, terra devoluta pertence ao estado, excepcionalmente à União. 
Tem estado que transfere essa terra devoluta para as universidades. 
Terra devoluta é bem público, logo não pode ser usucapido. 
III) Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham bem como os terrenos marginais e as praias fluviais. Aqui o que está em jogo é a segurança nacional. 
Se o rio vem de outro país ou vai para outro país, ele vai ser bem da União. Também são bens da União os terrenos marginais e as praias fluviais. 
Terreno marginal: Corresponde a faixa de 15 metros contados da linha média das enchentes ordinárias. 
IV) Ilhas fluviais: São ilhas de rio e lacustres. Somente as ilhas nas zonas limítrofes com outros países. 
Ilha oceânica: É aquela que está em alto mar.
Ilha costeira: É aquela que está na margem. 
Ficaram excluídas as ilhas que contenham sede de município. 
Florianópolis é uma ilha sede de município, por isso todos os bens do município ficavam na propriedade da União, o que gerava um comprometimento à própria autonomia municipal. Agora, por força de emenda constitucional, as ilhas costeiras são de propriedade do município quando forem sede do respectivo município. 
 V) Os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva: 
VI) o mar territorial que corresponde as 12 primeiras milhas saindo do continente até o alto mar. Nessa faixa, o Brasil exerce soberania. 
Saindo do mar territorial, nas 12 milhas seguintes, nós encontramos as zona contíguas. Nessa zona o Brasil não exerce soberania, mas sim poder de polícia. Do mar territorial até 200 milhas nós encontramos a zona econômica exclusiva. Na zona econômica exclusiva, os recursos naturais pertencem à União. Nessa faixa os recursos naturais pertencem à União. 
A partir de 200 milhas nós temos “res nullius” (terra de ninguém). Do continente para o alto-mar temos a plataforma continental que vai do continente até as duzentas milhas. 
A plataforma continental nada mais é do que a terra que está embaixo das águas. Os recursos naturais da plataforma continental também são bens da união. Seguindo para dentro do continente, vamos encontrar o terreno de marinha
VII) os terrenos de marinha e seus acrescidos (o que acresceu no decorrer do tempo): São as faixas que vão de 33 metros da preamar média para o interior do continente. Preamar média é a média da maré alta. Os terrenos de marinha foram demarcados no Brasil em 1850. 
Acrescido de marinha: É a faixa de terra que aparece com o recuo das águas. É bem da União os terrenos de marinha e os seus acrescidos. 
O particular paga o chamado foro anual. A União é o senhorio indireto. O particular é o enfiteuta. O enfiteuta tem domínio útil e vai pagar o chamado foro anual. O particular também paga o chamado laudêmio que é chamado quando pela transferência do domínio útil. 
Só vai ser da união os recursos naturais que são bens da união. 
VIII) os potenciais de energia hidráulica; 
IX) Os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X) cavidades naturais subterrâneas e os sítiosarqueológicos e pré-históricos; 
XI) as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. O índio exerce posse sobre esse bem; 
§2º: Esse parágrafo trata da chamada faixa de fronteira que é de até 150 quilômetros de largura ao longo de toda a faixa terrestre do Brasil. 
Faixa de fronteira não é bem da União. A faixa de fronteira a União vai exercer a ocupação, a utilização desse bem. A união não é dona de faixa de fronteira, ela regula, disciplina sua regulação, ocupação. Toda faixa de fronteira será regulada, disciplinada pela União. 
- Intervenção do Estado na Propriedade (ver se tem no Edital do concurso) Privada é exceção. A regra no Brasil é que não vai haver intervenção. Se é intervenção, tem que justificar bem. Tem que fundamentar bem essa questão. 
Intervenção do Estado na propriedade privada: 
Direito de propriedade: Propriedade significa o direito de usar, gozar, usufruir, dispor e reaver o bem com quem quer que ele esteja. 
O direito de propriedade envolve 3 características importantes, envolvendo sempre o caráter absoluto (sobre o meu bem eu tenho liberdade), exclusivo (eu exerço sozinho – dou a minha casa – se alguém passa a utilizar junto comigo, houve perda do caráter exclusivo) e perpétuo (esse bem é meu enquanto essa for a minha vontade). 
Direito de propriedade está previsto no artigo 5º, XXII e XXIII da CF. Para a maioria dos doutrinadores no Brasil, a intervenção da propriedade tem como fundamento, justificativa o exercício do poder de polícia, salvo na hipótese de desapropriação. 
Poder de Polícia significa a compatibilização dos interesses. Vai haver interesse público X interesse privado (tudo isso em nome do bem estar social). 
Na desapropriação, o estado toma a propriedade, o dono deixa de ser dono. O estado vai adquirir o bem que não é exercício do poder de polícia.
Hely Lopes Meirelles dizia que o Poder de Polícia só é fundamento para a modalidade específica limitação administrativa. Para a maioria dos autores, intervenção na propriedade só é fundamento na limitação administrativa. 
Intervenção na propriedade basicamente se resume a duas justificativas:
a) Supremacia do interesse público: Exemplo – Vou desapropriar para construir uma rua; 
b) Prática de irregularidade: Exemplo: desapropriar por confisco (desapropriação confisco) pelo fato de uma pessoa usar o sítio para plantar maconha (leva a desapropriação sem indenização) – Explorar trabalho escravo (o bem vai ser desapropriado) – Trabalho escravo, psicotrópico ou proibido; 
A intervenção na propriedade se divide em duas formas: 
a) Intervenção restritiva: O dono continua dono. O dono não perde a propriedade, o bem, ele continua dono. 
Exemplos de forma restritiva: Limitação administrativa, requisição, servidão, ocupação temporária, tombamento. Nesses casos, a forma restritiva, o dono continua dono. O dono não perde o bem.
b) Intervenção supressiva: Vai haver a transferência da propriedade. O dono perde o bem, ele deixa de ser dono do bem. A única hipótese que temos hoje é a desapropriação. Celso Antonio Bandeira de Mello chama essa desapropriação de sacrifício de direito, vez que o dono deixa de ser dono. 
Desapropriação Indireta: Quando o poder público toma o bem sem procedimento, sem observar as hipóteses legais para tomar, a hipótese é de desapropriação indireta. 
- Modalidades de intervenção: 
I) Limitação Administrativa: É imposta de forma geral e abstrata. Ela vai atingir proprietário indeterminado, não importa quem é o dono do imóvel. É por excelência exercício do poder de polícia. Nesse caso, exercício do poder de polícia que vai atingir basicamente o direito de construir. Exemplo: Tenho um terreno e resolvi construir um edifício, vem o poder público e diz que só são possíveis 8 andares – à beira mar, por exemplo. 
Limitação administrativa vai ofender o caráter absoluto da propriedade (vamos restringir a sua liberdade). Ela pode ser ligada a diversas áreas diferentes, em razão de regras de segurança, em razão de regras ambientais, em razão de questões urbanísticas, estéticas da cidade, por questões de salubridade, por questões de defesa nacional. 
O que se busca é a compatibilização dos interesses público e privado, buscando o bem estar social.
Via de regra, limitação administrativa não gera obrigação de indenizar. Como regra, não há obrigação de indenizar. 
O poder judiciário pode controlar, rever uma limitação administrativa dentro da legalidade. Se a providência não for razoável, não for legal, o judiciário pode rever (como regra, pode haver controle de legalidade pelo poder judiciário). 
Limitação administrativa é diferente da limitação civil.
A limitação persegue o interesse privado. A grande diferença está na busca do interesse que estamos em jogo. O interesse é o público e o direito administrativo disciplina. 
II) Servidão Administrativa: É nada mais que um instituto de direito real sobre coisa alheia. Se a servidão é direito real, nós estamos falando de direito perpétuo. 
Exemplo: Tubulação do saneamento básico que passa por dentro de imóvel. Você continua dono do bem, o poder público utiliza a servidão para prestar um serviço público. 
O estado utiliza o bem para utilizar o bem com a finalidade de prestar serviços públicos, há finalidade pública. 
Exemplo: Passar fios de energia elétrica – torres de alta tensão. Nas torres de alta tensão não pode construir, plantar, produzir. 
Passar torres de alta tensão que impedem o exercício da propriedade é desapropriação. 
Em servidão, se você utiliza junto com você, você atinge o caráter exclusivo da propriedade, alguém vai utilizar junto com você. Se é direito real, a servidão tem caráter perpétuo. 
A servidão pode gravar bens públicos e pode gravar bens privados. Esse gravame pode ser constituído face aos bens públicos e face aos bens privados. 
Como se constitui, se formaliza a nossa servidão? Para a constituição da servidão, precisamos primeiro de autorização legislativa. Além de autorização legislativa, a servidão pode ser constituída de três maneiras diferentes: 
a) Em decorrência direta da lei;
b) Também pode decorrer de acordo entre as partes; 
c) Também pode ser decorrente de uma sentença judicial; 
Se é direito real, enquanto direito real, ela vai depende de transcrição, de registro. 
Para que serve o registro no Brasil? Ele serve para dar publicidade com o propósito de proteger terceiros de boa-fé. 
Se a nossa servidão decorre de lei, diretamente da lei, eu tenho que registrar. Nesse caso, o entendimento da doutrina é que não há necessidade do registro, vez que a lei já deu a publicidade. A lei dá mais publicidade do que o registro. Se é servidão, o registro tem que acontecer. 
3ª Aula – Aula de 22.08.2012:
- Servidão Administrativa: é direito real sobre coisa alheia. Tem que ser registrado. Atinge o caráter exclusivo da propriedade. Pode surgir de ordem judicial, acordo entre partes e autorização legislativa. Se é feita por ordem judicial ou acordo entre as partes, precisa de registro. 
Relação de dominação: dominante e serviente. Bem “A” utiliza bem “B”. Em se tratando de servidão administrativa, o dominante é o serviço, o serviente é o bem. 
Indenização: Simples utilização do bem, não há dever de indenizar. Se há dano efetivo, tem dever de indenizar. 
Obs: Se houver impedimento da propriedade, a hipótese é de desapropriação e não de servidão administrativa.
Relação de dominação: dominante e serviente. 
A indenização vai acontecer se ocorrer dano efetivo. 
Simples passar fio não indeniza. 
- Diferenças entre servidão civil e servidão administrativa: Vamos ter três diferenças importantes:
	Servidão Civil 
	Servidão Administrativa
	Interesse privado;
Direito Civil;
Bem x Bem
	Interesse público
Direito Administrativo
Servidão x bem
	Limitação Administrativa 
	Servidão Administrativa
	Geral – Ato abstrato
Propriedade Indeterminada
Não há relação dominação
	Ato específico e vai atingir proprietários determinados. 
Com relação de dominação
Direito Real 
Atingeo caráter exclusivo
3. Requisição: Artigo 5º, XXV da CF. 
O fundamento, o elemento fundamental em caso de requisição é caso de iminente perigo. 
A Requisição pode atingir bens móveis, bens imóveis e serviços. Exemplo: Policial que requisita carro para perseguir bandido. 
A Requisição pode acontecer em tempo de guerra, como também pode acontecer em tempo de paz. 
A Requisição é ato unilateral do poder público e goza de autoexecutoriedade (não preciso de decisão judicial). 
O Poder público pode requisitar um imóvel para acomodar os desabrigados das chuvas. 
Estamos falando de caráter absoluto, caráter exclusivo ou caráter perpétuo? Na forma requisição, estamos falando de caráter exclusivo. 
A requisição é temporária e acontece enquanto durar o perigo. O prazo aqui é o prazo do perigo. A nossa lei não prevê o prazo. 
Em requisição, há dever de indenizar? É possível indenização, desde que comprovado o dano, prejuízo. Não tendo dano, indenização é enriquecimento ilícito. Essa indenização é ulterior, na verdade, a ideia é primeiro usa, depois devolve e depois indeniza. 
O poder público requisitou roupas de uma fábrica, frangos de um frigorífico para socorrer os desabrigados de uma chuva. Isso é requisição? Sim, apesar de não dar para devolver os frangos e as roupas (tem cara de desapropriação). Se os bens forem móveis e fungíveis, a ideia é requisição, eis que posso devolver roupas e frangos na mesma qualidade e quantidade. 
Se o poder público requisitar minhas roupas para atender os desabrigados? Elas têm uma infungibilidade, elas têm pessoalidade, identidade. Ex: Camisa que ganhou da namorada. 
4. Ocupação Temporária: É a que menos cai em prova. É utilizada no Brasil em duas hipóteses diferentes: 
a) Patrimônio não edificado, vizinho a uma obra pública e o objetivo (finalidade) nesse caso é guardar os materiais da obra. 
Essa ocupação vai contribuir na construção de obra pública. Artigo 36 do decreto-lei 3365/41. Esse decreto-lei é norma geral de desapropriação. 
b) Pesquisa de minérios e pesquisa arqueológica; 
Estamos fazendo uma utilização transitória. 
A ocupação temporária vai atingir o caráter exclusivo da propriedade. Nesse caso, a indenização é possível, ela pode acontecer. 
Os nossos doutrinadores dizem que a ocupação temporária pode ser gratuita ou remunerada. 
5. Tombamento: Tem como fundamento o artigo 216, §1º da Constituição Federal e o decreto-lei 25/37 (é bom ler esse decreto, são poucos artigos). 
Tombamento nada mais é do que a conservação. Nós vamos congelar determinado bem impondo sua preservação. A ideia do tombamento é de conservação. Vamos preservar determinado bem. O objetivo é referência, manutenção da identidade de um povo. 
O tombamento pode contar a estória de um ambiente cultural. O tombamento pode atingir 4 searas diferentes:
a) Tombamento histórico – Casarões; 
b) Tombamento artístico – Obras de arte; 
c) Tombamento paisagístico – Árvore; 
d) Tombamento cultural: Exemplo – danças folclóricas; 
O tombamento atinge o caráter absoluto da propriedade. O único que atinge o caráter perpétuo da propriedade é a desapropriação. 
O tombamento é uma forma restritiva, o dono continua dono. O dono é forma de intervenção parcial. Se a intervenção for total, a hipótese é de desapropriação indireta. 
Características do Tombamento: Ele pode ser/atingir: 
a) Sobre bem público ou bem privado:
b) Pode atingir bens móveis ou bens imóveis: 
Indenização? Como regra, não há obrigação, dever de indenizar. 
De quem é a competência para legislar sobre tombamento e para realizar o tombamento propriamente dito? 
a) Competência Legislativa: A competência para legislar é uma competência concorrente (competência legislativa), quem pode é a União, os estados e o DF (artigo 24, VII da CF) – Município está fora da lista. 
b) Competência Material: A competência é comum (Todos os entes devem tomar – Artigo 23, IV da CF – Todos devem/podem tombar).
Se a competência material é de interesse nacional, a competência é da União. Se o interesse é regional, a competência deve ser do estado e se o interesse é local, a competência é dos municípios. 
- Obrigações inerentes ao tombamento: 
I) Obrigação de preservação, de conservação do patrimônio. Se você não conservar, você pode sofrer pena de multa. Se você não tem dinheiro para fazer, é muito importante que você comunique o ente. Não tendo capacidade financeira, essa obrigação se converte em comunicação; 
É necessário que tenha autorização do poder público, do instituto que o tombou. 
Caracteriza crime de dano danificar o patrimônio público (crime de dano – artigo 165 do CP). 
II) O ente que tombou tem direito de preferência, sob pena de nulidade do ato. 
III) Se o Patrimônio tombado for um bem público, ele vai ser inalienável, nem mesmo dominical; 
IV) Se o bem for objeto de extravio, furto, o proprietário tem 5 dias para comunicar a autoridade. 
V) É obrigação do tombamento que se móveis, não podem sair do país, salvo por curto prazo para fins de intercâmbio (artigo 14); 
VI) Patrimônio tombado não pode ser objeto de exportação. A exportação pode caracterizar crime e a incidência de multa. 
VII) O proprietário do patrimônio tombado tem a obrigação de suportar a fiscalização;
VIII) O vizinho do patrimônio tombado não pode prejudicar a visibilidade do patrimônio tombado – A ideia é que o patrimônio seja visto pelo povo – é possível a incidência de multa nesse caso e a demolição caso haja descumprimento; 
Modalidades de Tombamento:
I) Quanto a sua constituição ou procedimento: É dividido em tombamento voluntário e tombamento de ofício.
Tombamento Voluntário: Se constitui a pedido do interessado. A pedido e com anuência (artigo 7º do decreto)
Tombamento de ofício/compulsório: Concordando você ou não, o tombamento vai acontecer. A previsão é do artigo 5º do decreto-lei. 
II) Quanto a sua eficácia:
a) provisório: durante o processo administrativo. Ele produz todos os efeitos do definitivo, salvo a transcrição artigo 10; 
b) definitivo: Com final do processo. Você vai transcrever o tombamento. 
III) Quanto aos destinatários: O nosso tombamento pode ser:
a) Geral: Atinge todos os bens situados em um bairro, de uma rua, todos os bens de uma cidade; 
b) Individual: É de um bem determinado. 
6. Desapropriação: Significa uma forma de aquisição originária da propriedade. É uma forma supressiva, sacrifício de direito. 
Não há relação jurídica entre o novo e o antigo proprietário. A desapropriação é uma forma de aquisição da propriedade. É uma forma de transferência compulsória da propriedade. É uma forma que se realiza mediante indenização. 
É afetado o caráter perpétuo da propriedade, nesse caso o estado vai adquirir o bem. O dono vai perder a propriedade. 
De quem é a competência para legislar, para desapropriar? 
Competência legislativa: é da União e está prevista no artigo 22, II da CF; 
Competência material: A Administração Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) também pode fazer todas as suas fases. A administração direta pode realizar fase declaratória e fase executiva da desapropriação. 
O decreto-lei 3365 de 1941 é a norma geral de desapropriação no artigo 3º (delegados). Nós teríamos nessa lista Administração Indireta, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Vamos incluir permissionárias, concessionárias de serviço público. 
Os delegados têm competência somente na fase executiva. A administração direta é que deve declarar a desapropriação. Quando pensamos em delegados, os delegados podem somente a fase executiva da desapropriação. 
Cuidado: Em algumas modalidades, de acordo com o fundamento da desapropriação, a competência pode ser restrita.
Exemplo: Na desapropriação urbanística, acontece com base no plano diretor do município e se restringe ao município;
- Elementos da desapropriação: 
a) Objeto:
É possível desapropriar bens móveis e bens imóveis. Exemplo: desapropriar um carro. O mais comum é para imóvel. 
Também podem ser incorporadosos bens corpóreos e os incorpóreos. Vamos fazer a desapropriação de um crédito, das ações de uma empresa. 
Também podem ser desapropriados bens públicos e bens privados; 
Também se pode desapropriar o espaço aéreo e ainda o subsolo. 
É proibido desapropriar: Direito da personalidade, direitos autorais, direito a vida, a imagem, direito a alimentos. 
Bem público: Artigo 2º, § 2º do decreto-lei 3365 
A união pode desapropriar bens dos estados, distrito federal e municípios. 
O Estado pode desapropriar bens dos seus municípios. 
O município pode desapropriar bens privados. 
O inverso não pode. 
O município desapropriou bem da União, há vício de competência? Não. Está viciado, mas o vício é de objeto. 
O problema está no objeto que ele escolheu, o vício é no objeto. 
Se o município tem competência, não há vício de competência. 
b) Sujeito Ativo da desapropriação = competência material; 
c) Pressupostos que fundamentam a desapropriação; 
d) Indenização: 
e) Procedimento necessário para desapropriar; 
- Modalidades de desapropriação: 
I) Ordinária/ comum/ geral: A indenização vai ser prévia, justa e em dinheiro. O justo para um não é o justo para o outro, por isso acaba indo para a via judicial; 
Essa desapropriação tem como fundamentos o artigo 5º, XXIV da Carta Magna. Ela pode ter como fundamento:
a) necessidade ou utilidade pública, que tem um rol previsto no artigo 5º do decreto-lei 3.365/41. Para a doutrina tem diferença, a doutrina tem um tratamento diferenciado, necessidade ficou para situações especiais. 
Necessidade: É para situações de emergência. Reúne situação inadiável. Quem diz é a doutrina. A utilidade pública é o contrário. 
b) Interesse social: Rol do artigo 2º da lei 4.132/62. Está mais ligado à convivência social. Há regras que melhoram a conveniência social, a atenuação de desigualdades. 
A desapropriação comum ou ordinária, todos os entes podem realizar. Não há restrição, limitação. 
Fundamento: Artigo 5º, XXIV da CF. 
Desapropriação para reforma agrária tem natureza de pena? Pode não ser sanção, sendo comum/ordinária, com indenização prévia, justa e em dinheiro. Pode ser sanção, aí a indenização é título. 
Os bens desapropriados para interesse social podem ser vendidos. Esses bens têm uma destinação determinada. Podemos ter uma destinação determinada. Esses bens podem ser destinados a chamada desapropriação por zona ou também chamada de extensiva. 
a) Desapropriação por zona ou extensiva: Abrange áreas contíguas necessárias ao desenvolvimento da obra e são áreas que vão valorizar após a construção da obra. 
b) Desapropriação urbanística ou também chamada de desapropriação para industrialização: A desapropriação aqui é feita para interesse social, mas os bens não podem ser vendidos. 
II) Desapropriação sancionatória (alguns chamam de extraordinária): Tem natureza de pena, sanção. Nessa hipótese, o que varia é a indenização, a forma de se indenizar. 
A sancionatória é dividida em duas categorias: 
a) Em razão da função social da propriedade: Decorre da ideia, do raciocínio previsto nos artigos 5º, XXII e XXIII da Constituição Federal. Tem que ser observada a função social. Essa desapropriação tem natureza de pena, de sanção. 
Essa função social está prevista expressamente na lei 8.629/93 e na lei 10.257/2001. 
A lei 8.629 diz que desrespeita a função social da propriedade aquele proprietário que explora trabalho escravo, que desrespeita regras ambientais, o proprietário que não respeita regras de trabalho. Está prevista de forma expressa na lei 8.629. 
A.1) Para a função social da propriedade, nós temos desapropriação rural que também é chamada desapropriação para reforma agrária. Aqui estamos falando de pena, sanção. O fundamento dessa desapropriação está na constituição federal nos artigos 184, 191 e na lei 8.629/93, na lei complementar 76/93 e na lei complementar 88/96. 
Essa desapropriação só pode ser feita pela União. Somente a União pode realizar esse tipo de desapropriação. Estamos falando de desapropriação pena, somente a União pode aplicar. 
Que tipo de bem pode ser objeto dessa desapropriação? Tem que ser imóvel e tem que ser imóvel rural. Os outros estão fora disso. Essa desapropriação não pode incidir sobre pequena e média propriedade, desde que o proprietário não tenha outra propriedade e ela também não pode atingir a propriedade produtiva (artigo 185 da CF). 
A indenização (desapropriação sanção), a indenização vai ser em título da dívida agrária (TDA). Esses títulos são resgatáveis em até 20 anos, no que diz respeito a terra nua, chão batido. As benfeitorias necessárias e úteis serão indenizadas em dinheiro. 
Essa ideia está no artigo 184, §1º da CF. Essa disposição também está no artigo 5º da lei 8.629, que é a lei de desapropriação por reforma agrária.
A.2) Desapropriação Urbanística ou para o plano diretor: Geralmente o proprietário está descumprindo o plano diretor, logo ele está descumprindo a função social da propriedade.
Fundamento: Artigo 182, §4º, III da CF. Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade. 
Sujeito ativo (competência para essa desapropriação): A competência é do município. O Distrito Federal também pode, vez que ele tem competência somatória, vez que ele tem a competência do estado, bem como a do município. 
Objeto: Só podem os imóveis urbanos, rurais ficaram de fora. 
Essa desapropriação também vai ser feita em títulos. TDP – Título da Dívida Pública, mas eles são resgatáveis em até 10 anos. O pagamento é feito em parcelas anuais, iguais e sucessivas. Há observação conforme o valor real. 
Essa desapropriação tem uma gradação. A desapropriação é a última providência que vamos tomar. 
Providências: 
a) Edificação ou parcelamento compulsórios – A ideia é que você cumpra o plano diretor. Você tem um ano para projetos e dois anos para começar a executar. 
Não cumprindo a ordem, segunda providência:
b) O município vai instituir IPTU com alíquota progressiva com até 5 anos e pode chegar a uma alíquota de até 15% (muitos proprietários cumprem a ordem, o plano diretor). 
Não cumprindo esse pagamento:
c) Haverá a desapropriação urbanística – pena; 
4ª Aula – Aula de 23.08.2012:
A.3) Desapropriação Sancionatória ou Extraordinária: 
Confiscatória: Prática de ilegalidade. Ligada ao tráfico ilícito de entorpecentes.
Lei 8.257/91
Artigo 243 da CF, caput: gleba de terra destinada a plantação do psicotrópico proibido. O estado pode desapropriar essa área, sem indenização. 
A gleba de terra destinada a plantação do psicotrópico vai ser desapropriada e essa terra vai ser utilizada para assentamento de colonos ou para plantações medicamentosas. 
O parágrafo único traz o bem de valor econômico utilizado para o tráfico de entorpecente. Ex: Avião, carro (artigo 243, parágrafo único da CF)
Esses bens vão ser utilizados para implementação da investigação do tráfico de drogas ou para as casas de recuperação de viciados. A ideia é dar uma função social para esse dinheiro. 
Confiscar significa retirar o bem sem indenização. 
 A.4) Desapropriação Indireta: É uma tomada, o estado vai tomar a propriedade, o estado vai adquirir a propriedade sem cumprir as formalidades necessárias para um desapropriação. Geralmente essa desapropriação indireta vem disfarçada numa outra propriedade. Ele disfarça tombamento, servidão administrativa. 
Desapropriação indireta se equipara a um esbulho que alguns autores chamam de esbulho administrativo. Esbulho administrativo também é denominado de apossamento administrativo, vez que o estado toma conta, ele vai assumir esse bem. Nesse caso o estado está desenvolvendo uma desapropriação, o que significa tomando o bem, o que significa intervenção supressiva sem obedecer as formalidades necessárias. É uma desapropriação sem o procedimento, sem as formalidades necessárias. 
Se eu tinha que desapropriar com procedimento, mas fiz sem procedimento, esse procedimento é irregular, por isso muitos autores criticam a desapropriação indireta. É uma forma supressiva, quando na verdade eu tinha que cumpriras formalidades próprias. 
Para a gente pensar em desapropriação indireta, temos que pensar em alguns requisitos objetivos – Resp. 922.786, quais sejam: 
a) O estado precisar ter apossamento desse bem (tem que tomar conta), sem observar o devido processo legal; 
b) O estado tem que afetar esse bem a uma finalidade pública (tem que dar uma destinação pública a esse bem);
c) A situação tem que ser irreversível (irreversibilidade fática dessa situação) – Se eu tenho uma desvalorização econômica desse bem, vai haver uma desapropriação. 
- Etapas para o proprietário que está sofrendo:
a) Ameaça na posse: Ajuíza ação de interdito proibitório. Essa ação tem como objetivo proteger a sua posse; 
b) Turbação na posse: A ideia é ajuizar uma ação de manutenção de posse. O procedimento é especial; 
c) Esbulho: A ideia é ajuizar uma ação de reintegração de posse. Essa ação é para tentar a posse de volta. Se o estado entra no bem e toma posse. 
d) Esbulho + afetação: Quando o estado esbulha sua posse, entra no bem e afeta, o esbulho mais a afetação, o juiz não pode mais devolver o patrimônio. Nesse caso, tem que ajuizar ação de desapropriação indireta. Essa é uma indenização que veio por decisão judicial. O estado vai pagar por meio do regime de precatório, não importa se foi necessidade, utilidade ou interesse social. Nesse caso, o estado não vai ter que devolver, ele não pode determinar a devolução desse bem. Essa previsão está no artigo 35 do decreto-lei 3.365/41. A indenização aqui é débito judicial e o estado paga via precatório. 
Hoje para a maioria, a ação de desapropriação indireta tem natureza jurídica de direito real. Há muita divergência acerca desse tema. Sendo direito real, a competência estaria na situação do imóvel aplicando o artigo 95 do CPC. Essa indenização vem após a posse, deve ser justa e vem por débito judicial e deve-se respeitar o regime de precatório. 
A indenização em regra é prévia. 
- Prazo Prescricional: Súmula 119 do STJ (fala em prescrição em 20 anos). O prazo prescricional vem do artigo 10, parágrafo único do decreto-lei 3.365/41 (norma geral de desapropriação). Esse dispositivo foi inserido pela Medida Provisória 2183 que estabelecia o prazo de 5 anos para a interposição da ação de desapropriação indireta. Esse prazo sofreu muitas críticas e sempre foi dito inconstitucional. Esse dispositivo foi levado a controle de constitucionalidade pela ADI 2260, em sede de cautelar, o STF suspendeu a eficácia desse dispositivo. No meio dessa ação judicial, a medida provisória foi reeditada, quando ela muda de número, o certo é aditar a inicial da ADIN. Essa ADIN foi extinta por perda de objeto. 
A situação hoje está resolvida pelo STJ na súmula 119, o prazo é de 20 anos. Cabe ao estado uma ação de usucapião com o objetivo de regularizar essa situação. O estado não pode sofrer usucapião, mas ele pode realizar, regularizar a situação do imóvel. 
- Procedimento de desapropriação: 
1. O procedimento administrativo se realiza em duas etapas: 
a) Fase declaratória: Vamos declarar a desapropriação. O estado manifesta a vontade de realizar a desapropriação. Via de regra a desapropriação é realizada via decreto expropriatório. Quem pode fazer decreto no Brasil? Decreto é ato próprio do chefe do executivo. Além do decreto expropriatório, uma desapropriação tem que ser declarada por meio de lei de efeitos concretos. É uma lei no formato, mas ela tem cara, conteúdo de ato administrativo. 
Uma desapropriação pode acontecer completamente na via administrativa, mas na prática isso não se resolve assim. Geralmente o proprietário não concorda com o valor, não há consenso. 
A fase declaratória só quem pode fazer é a administração direta. Ela tem que ser realizada pela administração direta, seja por meio do chefe do executivo ou não. 
O que tem que constar no decreto expropriatório? Tenho que pensar qual é o bem. O que eu vou desapropriar:
a) Tenho que ter um objeto determinado, preciso identificar o meu bem; 
b) Vamos determinar a destinação do bem. Exemplo: Vou fazer rodovia, escola, etc; 
c) fundamento legal. Exemplo: Necessidade pública, interesse social; 
d) Sujeito que está sofrendo a desapropriação – Sujeito Passivo – Quando o nosso proprietário é desconhecido ou quando existir dúvida de quem é o proprietário, ele tem que ser identificado e ir para a via judicial. 
e) Não adianta declarar e não ter dinheiro para pagar. Tem que ser feita a reserva do recurso orçamentário que vai custear essa despesa; 
- Efeitos em razão da desapropriação: Após a decretação, o bem se submete a força do estado, a qualquer momento o estado pode pagar a indenização e entrar no bem. Nesse momento, tem que ser fixadas as condições do bem que traz consequências para as benfeitorias. Só vamos indenizar benfeitorias necessárias (a casa está caindo e tem que consertar) e benfeitorias úteis previamente autorizadas. 
A partir da decretação, o poder público tem direito de entrar no bem. Não é direito de entrar e se estabelecer não, é o direito de entrar com moderação, limites, sem os excessos. É aquela entrada temporária, não é para sempre. 
A partir da decretação, dar-se início a contagem ao prazo de caducidade. 
O prazo de caducidade vem da fase declaratória até a fase executiva, momento que vamos pagar e entrar no bem. Esse prazo começa com a decretação e vai até a fase executiva. 
Se a nossa desapropriação for por necessidade ou utilidade pública, o prazo vai ser de 5 anos nessa hipótese. 
Passado um ano de carência, vai ter um prazo de carência de 1 ano e pode redecretar depois. 
O prazo de caducidade vai ser de 2 anos (interesse social). O entendimento que prevalece entre os administrativistas é que passado o prazo, não posso fazer uma nova desapropriação (redecretação). 
- Fase Executiva: Vamos pagar e efetivamente dar entrada nesse bem. Pode acontecer de duas formas diferentes: 
a) Amigável: Tudo se resolve na própria fase executiva. Há consenso, acordo com o valor;
b) Judicial: A fase judicial acontece em dois momentos: Se não há acordo quanto ao valor e se a hipótese for de proprietário desconhecido; 
2. Ação de Desapropriação: É uma ação de procedimento especial, de rito especial com algumas especificações. A ação de desapropriação não discute qualquer assunto, a discussão é limitada no que tange ao valor e às formalidades. 
A Ação de desapropriação tem uma discussão limitada ao valor, formalidades, vícios processuais. 
Se a ação de desapropriação é comum, quem ajuíza a ação é o estado, o procurador. 
A ação de desapropriação para que o juiz já tenha elementos para construir essa ação, o autor quando ajuíza a ação já pede a perícia. A ideia é que ele já faça a indicação de assistente técnico e os peritos. 
Em ação de desapropriação, há antecipação da prova pericial. A imissão provisória na posse significa uma entrada antecipada nesse bem (uma entrada antes da indenização), enquanto se discute o valor da indenização.
A imissão provisória na posse é uma liminar e há necessidade de dois requisitos: 
a) Urgência: Se a situação for de urgência, ele não vai conceder a imissão;
b) Depósito do valor; 
A imissão provisória na posse é uma entrada antecipada desse bem. 
O entendimento é que se levante até 80% desse valor pelo proprietário. 
Quando nós pensamos na indenização, o que deve fazer parte desse cálculo: O valor do bem. A ideia é que o valor de mercado do bem deve ser utilizado. A indenização deve ser composta pelos lucros cessantes (o que você deixou de ganhar) + danos emergentes (o que você perdeu). 
Também se tem no cálculo juros moratórios e compensatórios. 
Tem que haver correção monetária (recomposição desse dinheiro). 
Honorários advocatícios e despesas processuais só vai valer em caso de ação judicial. 
Juros compensatórios: Visam compensar a entrada antecipada do bem. Juros compensatórios visam compensar o proprietário pela perda antecipada desse bem. O percentual dos juros compensatórios é de 12%, mas houve muita discussão.
Súmula 618 do STF: O entendimento erade juros compensatórios de 12% ao ano. A discussão veio com a medida provisória 1577 que é do dia 11.06.1997. Hoje ela foi convertida na MP 2183 de 24.08.2001 (decreto-lei 3365/41 – artigo 15 A que fixou o juros compensatórios de 6% ao ano). 
Essa matéria foi levada ao STF por meio da ADI 2.332 que foi discutida em sede de cautelar. Em sede de cautelar, o STF suspendeu o artigo 15-A (6%) e restabeleceu a súmula 618 do STF (12%).
O STJ editou a súmula 408 que arrumou a bagunça. Da MP 1577 do dia 11/06/1997 até a publicação da cautelar da ADIN que foi do dia 13.09.2001, nesse período valeu 6%. Passado o dia 13.09.2001, vale 12%. 
Base de cálculo para se incidir 6% ou 12%: Juro compensatório incide a partir do momento em que há imissão provisória na posse. Os juros compensatórios servem para compensar a entrada no bem. 
MP 2.183: Os juros compensatórios incidem sobre a diferença do valor obtido na sentença subtraindo o valor que o estado queria pagar. Se na sentença o juiz deu 2 milhões, o estado queria pagar 1 milhão, pela medida provisória, os juros compensatórios iriam incidir sobre um milhão.
O STF disse que essa conta está errada e foi objeto de controle de constitucionalidade na ADIn 2332 e foi feita interpretação conforme a constituição. O STF disse que juros compesatórios não é só para o que o estado queria pagar, tem que ser sobre aquilo que foi concedido na sentença subtraindo aquilo que foi levantado pelo proprietário no momento da imissão. 
Os juros compensatórios é em cima daquilo que eu fiquei no prejuízo. 
- Caso:
O estado ofertou um milhão, o proprietário queria 2 milhões, a orientação é que o proprietário levante até 80%. O proprietário levantou 800.000 e os outros 200 mil reais depositados no final do processo se levanta. E o resto, os dois milhões que foram ganhos na sentença? Um milhão a mais é pago em precatório. 
Até a expedição do precatório, vou ter a incidência de juros compensatórios. E como fica os juros moratórios? Juro moratório é pela mora, atraso. Se juros moratórios vem pelo atraso, a partir de quando vamos ter a incidência. O juro moratório serve para compensar o atraso no pagamento do bem. Inicialmente, nós tínhamos a súmula 70 do STJ que dizia que juros moratórios a partir do trânsito em julgado da sentença. 
Pensando na incidência de juros moratórios, antigamente súmula 70 do STJ que dizia que juros moratórios valiam a partir do trânsito em julgado da sentença. Hoje vale a regra da medida provisória 1577 (hoje MP 2183). Essa MP 2183 inseriu o artigo 15-B no decreto-lei 3365/41 que diz que os juros moratórios incidirão a partir do dia 1º de janeiro do exercício financeiro seguinte àquele em que deveria ter sido pago observados os termos do artigo 100 da Constituição Federal. 
Se o precatório foi constituído até 01.07.2012, vou pagar em 2013. Se o meu precatório for constituído a partir de 20.08.2012, vou pagar ele em 2014. 
Se o nosso precatório entrou na fila em 20 de agosto de 2012, qual o ano que o estado tem para pagar? Esse precatório tem que ser pago até 2014. A partir de quando vai incidir juros moratórios? 1º janeiro de 2015, a partir daí vai ter a incidência de juros moratórios. 
Existia no Brasil a súmula 12 do STJ que discutia acumulação dos juros, falava sobre a possibilidade de acumulação. Essa súmula está superada. Essa súmula permitia a acumulação de juros moratórios + compensatórios. Essa súmula hoje está superada, vez que eles estão em momentos diferentes. 
Honorários advocatícios incide sobre quanto? Um milhão o estado quis pagar (isso não foi conquista do advogado). O advogado vai ganhar a diferença, aquilo que você conseguiu na sentença menos aquilo que o estado queria pagar. No 1 milhão que foi conquistado na sentença, sobre esse valor vai ter incidência de honorários e é pago via precatório. 
- Direito de Extensão: O poder público desapropriou seu imóvel deixando um pedaço. Se esse pedaço for uma área inaproveitável, aí faz valer o direito de extensão. É o direito que tem o proprietário de exigir a desapropriação do bem com a indenização da totalidade quando o estado deixar inútil uma área, inservível ou de esvaziável valor econômico. 
- Tredestinação: É uma mudança de motivo autorizada pelo ordenamento jurídico. É uma hipótese específica na desapropriação. Isso só é possível se ficar mantida uma razão de interesse público. Desaproprio para fazer escola e na verdade faço hospital. 
A Tredestinação só cabe na desapropriação, desde que mantida uma razão de interesse público. 
Retrocessão: Tem 3 correntes discutindo a retrocessão. Ela aparece nos casos em que o poder público desapropria e não cumpre destinação pública. Tem autores que entendem que o proprietário tem direito de obter o bem de volta. Tem autores que entendem que o proprietário tem que ter direito de receber indenização por isso.
1ª corrente: Retrocessão com natureza de direito real. A ideia é ter o bem devolvido. O direito do proprietário é pedir, receber o bem de volta. 
2ª corrente: Para aqueles que entendem que o direito é pessoal, a retrocessão vai se resolver em perdas e danos. Muitos autores aplicam o direito pessoal utilizando o artigo 519 do novo código civil. 
3ª Corrente (Maria Sylvia): A natureza é mista, pode ser real + pessoal. O STJ tem entendimento que prevalece que é direito real. Se o estado desapropriou o bem e não deu destinação nenhuma. 
5ª Aula – Aula de 28.08.2012: 
- Processo Administrativo: É o conjunto formal de atos que vai levar a um provimento final. 
Procedimento: Significa a maneira, a forma de realizar esses atos. Alguns autores chamam de rito. 
- Objetivos: 
a) O processo serve como mecanismo para documentar o que aconteceu com a administração (mecanismo de documentação) – vai ser contada a história; 
b) Legitima, fundamenta a conduta praticada pelo administrador (o processo serve como mecanismo de fundamentação, legitimação das condutas praticadas pelo administrador); 
c) o processo serve como instrumento de defesa (serve para defender o administrado);
d) O processo serve como mecanismo de transparência/clarividência nas condutas praticadas pelo administrador; 
e) O processo serve como instrumento de controle; 
Esse não é um processo qualquer, esse processo tem que ser conforme o modelo constitucional. Não é um processo de qualquer jeito, tem que atender a todos os princípios da nossa constituição. Tem que ser um processo que vai atender o devido processo legal, o contraditório + ampla defesa, celeridade, todos os princípios constitucionais. 
- Princípios: 
1. Devido processo legal: O processo tem que ser conforme aquilo que está previsto em lei. O devido processo legal tem seu fundamento, justificativa no artigo 5º, LIV da Constituição Federal. O devido processo legal é um super princípio (princípio norteador do ordenamento jurídico); 
O processo tem que ser conforme a previsão legal, conforme determina a lei. 
O princípio do devido processo legal garante, tem como objetivo que as relações sejam igualitárias e participativas. 
A ideia é evitar a arbitrariedade, o processo não pode ser arbitrário, é uma maneira de resguardar os direitos dos administrados. A ideia é evitar a tomada de decisão de forma arbitrária. 
2. Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa: Artigo 5º, LV da Constituição Federal (os processos administrativos e judiciais estão sujeitos a contraditório e a ampla defesa). 
Princípio do Contraditório: Vamos dar a parte o direito de ter ciência, de ser chamado para o processo, de participar dessa tomada de decisão. Você é chamado para o processo e vai ser chamado para formar a bilateralidade da relação processual. 
O princípio do contraditório tem uma base política muito grande, eis que não dá para imaginar hoje que alguém seja condenado, julgado sem ser ouvido. 
Aqui se constitui a paridade inicial entre as partes no processo (as partes estão em condição inicial de igualdade nesse termo inicial). A ideia é evitar inferioridade, que qualquer desigualdade gere um prejuízo para a parte. A ideiaé igualdade de direitos, vez que se busca evitar, impedir que a desigualdade gere prejuízo. 
A desigualdade cultural, econômica, não pode comprometer o direito das partes. 
Atrelado ao contraditório, busca-se também o direito a ampla defesa. A ampla defesa significa oportunidade de defesa. 
A parte tem a oportunidade de defesa, mas ela precisa ser concreta, efetiva. 
- Exigências para que a ampla defesa seja efetiva (desdobramentos, condições de defesa – alguns autores chamam assim): 
a) A parte tem direito a defesa prévia. Defesa prévia significa que a parte tem direito de se defender antes do julgamento final do processo. A defesa tem que ser anterior ao julgamento, nós não precisamos ter pré-julgamento. 
Para que a parte possa elaborar uma defesa prévia, o procedimento tem que estar definido, determinado. 
As penas, sanções devem ser pré-definidas, pré-determinadas. 
b) Garantia das informações do processo: A parte precisa ter direito às informações do processo. 
Muitos processos administrativos não dão à parte direito à carga do processo, mas sim direito de vista na administração. 
Na via administrativa, muitas leis garantem direito de vista dentro da repartição, não pode levar para casa. 
O advogado pelo estatuto da OAB vai ter vista fora do cartório, fora da repartição. 
A parte tem direito às cópias do processo? Para a nossa jurisprudência, as cópias devem ser viabilizadas, providenciadas. Muitas vezes a cópia é tirada na própria administração. O custo das cópias é para a parte. 
c) As provas precisam ser produzidas: Muitas vezes em órgão público, a prova é produzida para fazer constar, sem qualquer formalidade. A prova tem que ser produzida e tem que interferir no convencimento do julgador. 
A parte tem direito de produzir prova, mas isso não basta, ela tem o direito de interferir no convencimento do julgador. 
Todas as provas permitidas em direito podem ser utilizadas no processo. Não há uma lista, um rol de provas. Nesse processo ficam vedadas as provas ilícitas, elas não podem justificar, fundamentar a tomada de decisão. 
O e-mail institucional pode ser utilizado como prova contra o próprio servidor? E-mail institucional é do órgão público e deve ser utilizado em razão do trabalho. Pode ser usado para processar e punir o servidor. 
E-mail institucional significa banco de dados do poder público. 
d) Defesa Técnica: Presença do advogado em processo administrativo. A defesa técnica, a presença do advogado no processo administrativo sempre foi facultativa. Esse debate começou a acontecer em PAD - Processo Administrativo Disciplinar (tem uma semelhança, aproximação com o processo penal, vez que é punitivo também, é sancionador). 
 Com o passar dos anos, a jurisprudência se consolida com a súmula 343 do STJ ficando estabelecido que o advogado contribuía com a regularidade do processo (“A defesa técnica por advogado deve acontecer em todas as fases do PAD – Processo Administrativo Disciplinar). 
Súmula vinculante n.º 05 do STF: “Se o advogado deveria estar presente e não estava presente, esse processo é nulo, logo se o servidor foi demitido, ele vai ter direito a reintegração (com todas as vantagens do período em que ele esteve afastado).”
“A falta de defesa técnica por advogado no processo disciplinar não ofende a constituição, o que significa dizer que defesa técnica volta a ser facultativa (súmula vinculante n.º 05 do STF).”
O supremo tribunal entende que o advogado não precisa estar em todas as fases do PAD – Processo Administrativo Disciplinar. 
e) A parte tem que ter direito de recurso, de recorrer com decisão motivada, fundamentada. A ideia é que a decisão seja fundamentada como regra. 
A ideia hoje é que o recurso não seja atrelado a depósito prévio (súmula vinculante n.º 21 do STF). 
A motivação é regra. Não pode haver depósito prévio ou arrolamento de bens (não posso condicionar ao recurso à capacidade financeira – o fato de a pessoa ter direito ou não). 
Súmula vinculante n.º 03 do STF. 
Todo o ato administrativo tem como condição de forma a realização de processo administrativo prévio. 
O ato inicial de concessão de aposentadoria, reforma e pensão é um ato administrativo complexo, vez que depende de duas manifestações de vontade que vão acontecer em órgãos diferentes. Vamos precisar da manifestação de vontade da administração + do tribunal de contas (esse ato vai atingir a perfeição quando houver as duas manifestações de vontade). Somente na perfeição que o direito vai estar pleno, concreto. 
O direito só é definitivo quando ele atinge a perfeição. O tribunal de contas vai confirmar esse direito. Quando o processo chega no TCU, ele não precisa de contraditório e ampla defesa. 
Hoje o STF traz uma orientação que foi chamada de “temperando a vinculante n.º 03”. O TCU não precisa como regra dar contraditório e ampla defesa em ato inicial de aposentadoria, reforma e pensão. No entanto, se o TCU demorar mais de 5 anos, ele vai ter que dar contraditório e ampla defesa outra vez (vai ter que repetir). 
- Princípios: 
1. Princípio da Verdade Real: 
Existia uma velha dicotomia que dizia que a verdade real era do processo penal (verdade plena, absoluta), e que o processo civil precisava da verdade formal. 
Hoje no Brasil, seja no processo penal, seja no processo civil, o que se busca é o que está mais próximo da verdade absoluta, plena (isso dificilmente vai ser conquistado). 
A doutrina moderna quer a verossimilhança e não a verdade real. O que precisamos é a maior aproximação da verdade possível. Para a doutrina está superada a dicotomia verdade real x verdade formal.
2. Princípio da Celeridade no Processo Administrativo: Artigo 5º, LXXVIII da CF. Os processos administrativos e judiciais devem durar o prazo razoável, o que significa dizer que eles devem durar o mais rápido possível. 
3. Princípio da Oficialidade: O processo administrativo deve ter impulso oficial. Impulso oficial significa que ele vai andar independentemente do impulso da parte. Mesmo que a parte não faça qualquer requerimento, a administração deve impulsionar o processo. 
A oficialidade traz junto dela o princípio do informalismo – o processo administrativo é informal para o administrado. Isso também contribui para a celeridade do processo.
No processo administrativo nós temos prazos rígidos. 
Em processo administrativo, a maioria dos prazos judiciais são mais rígidos e isso contribui para a celeridade do processo. 
Artigo 54 da lei 9.784/99: 5 anos – Atos ilegais com efeitos favoráveis (o poder de autotutela é limitado). 
					Lei 9.784/99:
Essa lei é chamada de lei geral de processo administrativo. É a norma geral de processo administrativo para o âmbito federal. Cada município, estado vai ter sua lei. Legislar sobre processo é competência de cada ente. 
Lei 9.784/99 serve para poder executivo, legislativo e judiciário. Todos estão sujeitos a lei de processo. 
O artigo 69 da lei 9.784/99. 
Os processos administrativos específicos continuarão sendo regidos por leis específicas. O processo administrativo específico vai ser regido por lei específica.
Processo Licitatório: É um processo administrativo específico. Licitação vai seguir a lei 8.666/93. Processo administrativo tributário vai ser submetido ao processo tributário (CTN).
Processo administrativo de trânsito – segue o código de trânsito nacional.
Processo Administrativo disciplinar – Segue o Estatuto do Servidor. 
A lei 9.784/99 – norma geral – tem aplicação subsidiária, vai ser aplicada no silêncio da norma específica.
- Algumas regras: 
a) Os processos administrativos são públicos, ele depende de publicidade. A lei 12.527/2011 garante o direito de informação. 
b) A lei estabelece a vedação de cobrança de despesas processuais, salvo as previstas em lei. A ideia é que não se pague custas de processo; 
c) Prazos: Em processo administrativo são contados da mesma forma que na via judicial, não computando o dia, mas computando o dia do final. 
Prazos processuais não começam e nem terminam em dia não útil. Ele começasempre e termina em dia útil. Sempre que o legislador quiser dia útil, ele vai determinar. 
O que é dia útil? É o dia que a repartição está funcionando, se fechou por algum motivo não é útil. 
Ponto facultativo no Brasil é útil? No Brasil, culturalmente ponto facultativo é sinônimo de feriado. 
d) Atos: Não dependem de forma especial, senão quando expressamente determinados por lei. Os atos no processo administrativo devem ser praticados em dias úteis, no horário normal de funcionamento da administração. 
Os atos podem ser prorrogados se já iniciados e se a sua interrupção causar prejuízos. 
Se a lei não prevê prazo, no silêncio o prazo observado deve ser de 5 dias. 
Praticado o ato, a parte precisa ser intimada. Como se realiza a intimação dentro do processo administrativo? Ela precisa atender as formalidades previstas, exigidas pela lei. 
Todas as formas permitidas em lei eu posso usar aqui. Exemplo: telegrama, e-mail. Posso fazer ciência pessoal, posso fazer intimação pelo correio, via AR. Tenho que atender a ciência, o objetivo. O interessado teve ciência, logo isso é que interessa, cumpriu o objetivo. Se a intimação for para comparecimento, ela tem que ser realizada com a antecedência mínima de três dias úteis. 
Não há diferença entre citação, notificação e intimação, para o direito administrativo eles são sinônimos. 
- Fases: 
a) Instauração do processo: Temos processo administrativo que é iniciado pela administração. Exemplo: Processo Tributário (Auto de Infração) e o PAD (portaria), despacho...
Um processo administrativo também pode ser iniciado pelo interessado, requerente. Ele pode dar início ao processo. O requerimento vem a pedido do interessado ou por ordem da própria administração. 
b) Instrução: É momento de produção, coleta de provas. As partes vão fazer a produção de provas. Os depoimentos, inspeções vão ser construídas.
Após a produção de provas, como regra, a parte vai ter que se defender. 
c) Defesa: No silêncio da lei específica, a defesa vai ser feita em 10 dias. Nesse momento, a autoridade competente vai produzir um relatório que vai resumir o processo (o relatório nada mais é do que um resumo do processo). 
d) O relatório em processo administrativo vai propor uma solução. Relatório conclusivo: É o que propõe uma solução para o processo. 
Via de regra, quando a autoridade instaura o processo, nesse momento ela também nomeia a comissão, sendo que essa realiza o miolo do processo. Se nós tivéssemos em PAD – Processo Administrativo Disciplinar, esse miolo (a instrução, a defesa e o relatório), é chamado de inquérito administrativo. 
Se nós estivéssemos em PAD, o relatório, apesar de ser conclusivo, não vincula a autoridade. Normalmente o relatório não vincula a autoridade, apesar de propor o relatório. Se estivéssemos em PAD, esse relatório vincula, salvo se contrário às provas dos autos. 
e) Julgamento: Normalmente é a autoridade superior que vai julgar e geralmente é a mesma que instaura e nomeia a comissão. 
f) Recurso: Proferido o julgamento, as partes vão ter direito a recurso. Recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias. Recurso administrativo independe de caução, de depósito prévio (súmula vinculante n.º 21 do STF). No silêncio da lei específica, o prazo para interposição é de 10 dias. 
O prazo para a decisão é de 30 dias. Via de regra, o recurso não tem efeito suspensivo, salvo quando a lei determinar, estabelecer esse efeito. 
Apresentado o julgamento, a parte vai interpor pedido de reconsideração. O pedido de reconsideração é endereçado à autoridade julgadora. 
Para reconsiderar, a autoridade julgadora tem um prazo de 5 dias. Se a autoridade julgadora decidir por não reconsiderar a decisão em ato contínuo deve-se converter em recurso hierárquico (para o superior), para que esta reconsidere essa decisão. 
Se a autoridade superior do próprio órgão, da própria estrutura, ele é chamado de recurso hierárquico impróprio. 
Não será conhecido o recurso hierárquico se ele for interposto: 
I) Fora do prazo;
II) Perante órgão incompetente (a autoridade deve indicar competente e nesse caso, vamos reabrir o prazo). 
III) Por parte sem legitimidade;
IV) Após exaurida a esfera administrativa (a decisão produz coisa julgada administrativa). 
Recurso administrativo admite “reformatio in pejus” (reforma para piorar). 
A “reformatio in pejus” é possível no recurso, mas não é possível na revisão que acontece no caso em que a via administrativa foi esgotada. Se está esgotada a via administrativa e aparece um fato novo, uma circunstância nova que pode modificar, eu vou ajuizar a revisão. 
A revisão pode ser ajuizada a qualquer tempo e não admite “reformatio in pejus”. 
6ª Aula – Aula de 29.08.2012:
- Controle Administrativo: Vamos rever, controlar a atividade de administrar. Vamos nos preocupar com a atividade administrativa. 
Faculdade de vigilância, mecanismo de orientação, vigilância, fiscalização e correção dos atos praticados pelo Poder Público. 
Importante instrumento democrático na República (“res publica”). 
- Evolução: 
1826 – Criado o Tribunal de Revisão de Contas, posteriormente aperfeiçoado e intitulado Tribunal de exame de contas e, depois, Tribunal de Contas (1857). 
O Tribunal de Contas foi efetivamente criado a partir da proclamação da república (1890), por decreto, o de n.º 966/1890. A partir daí, esse controle vem ganhando cada vez mais força.
Hoje: CNJ, CNMP, controladoria, também realizam controle da administração.
O ideal, o grande sonho era de que tudo fosse controlado pelo povo. O certo é que, atualmente, o cidadão, de fato, controla mais. 
Controle Político: É controlada a atuação política do estado (estudado em constitucional). É o controle realizado da atividade política. É aquele controle feito de um poder pelo outro (checks and balances). Exemplo: Judiciário controlando o Executivo. 
O Poder Legislativo pode controlar o Executivo? Pode. Exemplo: Legislativo rejeitando veto do presidente da república. 
O Legislativo pode rever a atuação do judiciário? Pode. O poder legislativo faz o controle orçamentário e financeiro do Poder Judiciário (quem vai definir as leis orçamentárias é o Legislativo – Artigos 66 e seguintes da Carta Magna). 
Crime de Responsabilidade do Presidente da República quem julga é o senado federal (controle político feito pelo Legislativo – legislativo revendo a conduta do Poder Executivo).
Poder Executivo Controlando o Poder Legislativo: 
Sanção e veto do presidente da república (executivo revendo a atuação do poder legislativo). 
O Chefe do Executivo que nomeia os integrantes de tribunais superiores do Poder Judiciário. 
- Poder Judiciário revisando a atuação do Poder Legislativo e Executivo: Por meio de diversas ações judiciais, seja por meio do controle de legalidade, seja por meio do controle de constitucionalidade. 
O controle da atividade de administrar tem dois pilares importantes: 
a) Representa ou significa mecanismo ou instrumento de fiscalização, correção, orientação de toda atividade administrativa. 
Hoje, o controle da atividade administrativa se resume em duas regras importantes: 
I) Controle de legalidade: Tem como base o princípio de legalidade. O controle de legalidade é entendido, dito em sentido amplo. Controle em sentido amplo significa que vamos rever a compatibilidade no que diz respeito às leis, mas também no que diz respeito às regras constitucionais. Vai se verificar a compatibilidade das regras com a constituição. Se um ato administrativo está de acordo ou viola regra/princípio da constituição federal, isso é controle de legalidade. 
O controle como princípios constitucionais, muitas das vezes acaba restringindo a liberdade do administrador, vez que ele não tem qualquer liberdade, ele tem a que é razoável, proporcional. O Administrador tem liberdade dentro do que é razoável, proporcional. 
II) Controle de Políticas Públicas: O entendimento que prosperava no Brasil era no sentido de que o Judiciário não tinha liberdade para atuar com políticas públicas.

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