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1 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ↠ A pele e seus anexos (glândulas sudorífera e sebácea, pêlos e unhas) formam um complexo conjunto de órgãos que realizam muitas funções, principalmente de proteção. Juntos, esses órgãos formam o sistema tegumentar (MARIEB, 3ª ed.). Pele ↠ A pele, também conhecida como cútis, cobre a superfície externa do corpo e é o maior órgão do corpo em peso (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A pele cobre o corpo inteiro, tem uma área de superfície de 1,2 a 2,2 metros quadrados, pesa 4 a 5 quilogramas e representa cerca de 7% do peso corporal de um adulto médio. Ela é flexível, mas resistente, o que permite que enfrente o constante ataque dos agentes externos (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A pele recobre a superfície do corpo e é constituída por um tecido epitelial de origem ectodérmica, a epiderme, e um tecido conjuntivo de origem mesodérmica, a derme. Dependendo da espessura da epiderme, distinguem-se a pele espessa e a fina (JUNQUEIRA, 13ª ed.). A pele espessa é encontrada na palma das mãos, na planta dos pés e recobrindo algumas articulações. O restante do corpo é protegido por pele fina. As imagens abaixo caracterizam a pele espessa e fina, respectivamente (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ A pele, que possui uma espessura variável de 1,5 a 4,0 milímetros (mm) ou mais nas diferentes partes do corpo, é formada por duas porções distintas, a epiderme e a derme (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A epiderme (epi = em cima), formada por células epiteliais, é o escudo protetor mais externo do corpo. A derme, subjacente, que constitui a maior parte da pele, é uma camada resistente, semelhante ao couro, formada por tecido conjuntivo fibroso. Apenas a derme é vascularizada. Os nutrientes chegam à epiderme a partir dos vasos sanguíneos da derme, por difusão nos líquidos teciduais (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Por esse motivo, se você cortar a epiderme não haverá sangramento, porém, se o corte atingir a derme, haverá sangramento (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Abaixo da derme, mas sem fazer parte da pele, encontra-se a tela subcutânea. Também chamada de hipoderme, essa camada consiste nos tecidos areolar e adiposo (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A hipoderme, também chamada de tela subcutânea ou fáscia superficial, por estar localizada superficialmente ao tecido conjuntivo resistente que reveste os músculos esqueléticos (fáscia), consiste principalmente de tecido adiposo. Além de estocar gordura, a hipoderme ancora a pele às estruturas subjacentes (principalmente aos músculos), mas de uma maneira frouxa o suficiente para que a pele possa deslizar livremente sobre as demais estruturas (MARIEB, 3ª ed.). Devido à presença de tecido adiposo, a hipoderme também absorve choques e atua como um isolante que evita a perda de calor corporal. A hipoderme toma-se acentuadamente espessa quando engordamos. Nas mulheres, esta gordura subcutânea "extra" acumula-se primeiro nas coxas e nas mamas, mas nos homens isto ocorre primeiramente na parte anterior do abdome (como uma "barriga de cerveja") (MARIEB, 3ª ed.). 2 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck EPIDERME ↠ Estruturalmente, a epiderme é constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, formado por quatro tipos diferentes de células e quatro ou cinco cama das distintas (MARIEB, 3ª ed.). CÉLULAS DA EPIDERME ↠ As células que povoam a epiderme incluem os queratinócitos, os melanócitos, as células de Merkel e as células de Langerhans (MARIEB, 3ª ed.). QUERATINÓCITOS ↠ As células mais abundantes da epiderme são os queratinócitos, A função principal dos queratinócitos ("células de queratina") é produzir queratina, a proteína fibrosa que ajuda a fornecer as propriedades protetoras da epiderme (do grego = córneo) (MARIEB, 3ª ed.). Os queratinócitos também produzem grânulos lamelares, que liberam uma substância que repele a água, diminuindo a entrada e a perda de água e inibindo a entrada de material estranho (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Os queratinócitos, firmemente conectados entre si por desmossomos, se originam a partir de uma camada de células (o estrato basal) presentes na porção mais profunda da epiderme e que sofrem mitoses quase continuamente. Quando essas células são empurradas para cima pela produção de novas células abaixo delas, elas começam a produzir a queratina que por fim domina o conteúdo celular. No momento em que atingem a superfície livre da pele, os queratinócitos estão mortos, tornando-se estruturas escamosas que nada mais são do que envoltórios de membrana plasmática preenchidos por queratina (MARIEB, 3ª ed.). Milhões dessas células mortas descamam diariamente, fornecendo-nos uma epiderme totalmente nova a cada 25 a 45 dias (MARIEB, 3ª ed.). MELANÓCITOS ↠ Os melanócitos, células epiteliais com formato de aranha que sintetizam o pigmento melanina (melan=escuro), são encontrados na camada mais profunda da epiderme (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Quando produzida, a melanina acumula-se em vesículas (grânulos envolvidos por membrana) chamadas de melanossomos, que pela ação de proteínas motoras movem-se ao longo dos filamentos de actina até os processos terminais dos melanócitos (as "pernas da aranha"), de onde são captados pelos queratinócitos mais próximos. Os grânulos de melanina acumulam-se sobre a superfície nuclear dos queratinócitos, que fica "voltada para o sol", formando uma barreira de pigmento que protege o núcleo dos efeitos prejudiciais da radiação solar ultravioleta (UV) (MARIEB, 3ª ed.). Desse modo, eles protegem o DNA nuclear do dano causado pelos raios UV. Embora seus grânulos de melanina protejam efetivamente 3 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck os queratinócitos, os melanócitos em si são particularmente suscetíveis aos danos causados pelos raios UV (TORTORA, 14ª ed.). CÉLULAS DE LANGERHANS ↠ As células de Langerhans, de formato estrelado, originam-se na medula óssea e migram para a epiderme. Também chamadas de células dendríticas da epiderme, elas são fagócitos que fagocitam substâncias estranhas e auxiliam na ativação do nosso sistema imunológico (MARIEB, 3ª ed.). CÉLULAS DE MERKEL ↠ As células de Merkel ocasionalmente estão presentes na junção entre a derme e a epiderme. Com o formato de um hemisfério espinhoso, cada célula de Merkel está intimamente associada com uma terminação nervosa sensorial em forma de disco. Esta combinação, chamada de disco de Merkel, funciona como um receptor sensorial para o tato (MARIEB, 3ª ed.). CAMADAS DA EPIDERME ↠ As variações na espessura da epiderme determinam se a pele é grossa ou fina. Na pele grossa, a qual reveste a palma das mãos, a ponta dos dedos e a planta dos pés, a epiderme consiste de cinco camadas, ou estratos ("bainhas, lâminas"). Da mais profunda para a mais superficial, essas camadas são os estratos basal, espinhoso, granuloso, lúcido e córneo. Na pele fina, a qual reveste o restante do corpo, o estrato lúcido não é evidente e os demais estratos são mais delgados (MARIEB, 3ª ed.). ESTRATO (CAMADA) BASAL ↠ A camada basal é constituída por células prismáticas ou cuboides, ligeiramente basófilas, que repousam sobre a membrana basal que separa a epiderme da derme (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ O estrato basal, a camada mais profunda da epiderme, está preso à derme subjacente ao longo de uma borda ondulada irregular. Na sua maior parte, é formado por uma única camada de células - uma população celular continuamente em renovação - representada pelos queratinócitos mais jovens. Os muitos núcleos mitóticos observados nessa camada refletem a rápida divisão dessas células e são os responsáveis por seu nome alternativo de estrato germinativo ("camada de germinação") (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Cerca de 10 a 25°/o das células do estrato basal são melanócitos, e seus processosramificados estendem-se entre as células circundantes, alcançando as células da camada mais superficial do estrato espinhoso. Ocasionalmente, as células de Merkel também são vistas neste estrato (MARIEB, 3ª ed.). ESTRATO (CAMADA) ESPINHOSO A camada espinhosa é formada por células cuboides ou ligeiramente achatadas, com volume maior que o das células da camada basal, de núcleo central e citoplasma com feixes de filamentos de queratina (tonofilamentos). Nessa camada os queratinócitos estão unidos entre si por inúmeras junções intercelulares do tipo desmossomo. Em preparações histológicas, essas junções aparecem como pequenas Seus delgados prolongamentos estendem-se entre os queratinócitos circundantes, formando uma rede mais ou menos contínua (MARIEB, 3ª ed.). 4 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck projeções celulares, o que confere a cada célula um aspecto espinhoso (JUNQUEIRA, 13ª ed.). Os espinhos não existem nas células vivas; eles são um artefato produzido durante a preparação do tecido, quando as células murcham mas seus numerosos desmossomos permanecem unidos (MARIEB, 3ª ed.). ↠ O estrato espinhoso possui muitas camadas de células de espessura. Estas células contêm um sistema de filamentos intermediários que forma uma rede, constituída principalmente por feixes de filamentos de pré-queratina resistentes à tensão, os quais atravessam toda a célula e se prendem aos desmossomos (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Dispersos entre os queratinócitos, encontram-se grânulos de melanina e células de Langerhans, as quais são mais abundantes nessa camada epidérmica (MARIEB, 3ª ed.). ESTRATO (CAMADA) GRANULOSO A camada granulosa tem apenas três a cinco fileiras de células poligonais achatadas, núcleo central e citoplasma carregado de grânulos basófilos (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ O delgado estrato granuloso consiste de três a cinco camadas de células nas quais a aparência dos queratinócitos muda drasticamente (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Estas células tornam-se achatadas, seus núcleos e organelas começam a desintegrar-se e elas acumulam dois tipos de grânulos. Os grânulos de querato-hialina ajudam a formar a queratina das camadas superficiais. Os grânulos lamelares ("discos") contêm um glicolipídeo impermeável que é expelido para o espaço extracelular, tomando-se um dos principais fatores envolvidos na redução da perda de água através da epiderme (MARIEB, 3ª ed.). As membranas plasmáticas dessas células tornam-se espessadas quando proteínas citosólicas ligam-se à sua face interna e os lipídeos liberados pelos grânulos lamelares cobrem suas superfícies externas. Isto as toma mais resistentes à destruição, tanto que você pode dizer que os queratinócitos estão "se reforçando" para tornar o estrato externo a região mais forte da pele (MARIEB, 3ª ed.). Como todos os epitélios, a epiderme conta com os capilares do tecido conjuntivo subjacente (neste caso, a derme) para sua nutrição. Acima do estrato granuloso, as células estão tão afastadas dos capilares dérmicos que acabam morrendo. Essa é uma sequência de eventos completamente normal (MARIEB, 3ª ed.). Desse modo, a camada granulosa marca a transição entre as camadas mais profundas e metabolicamente ativas e as células mortas das camadas mais superficiais (TORTORA, 14ª ed.). ESTRATO (CAMADA) LÚCIDO ↠ A camada lúcida, mais evidente na pele espessa, é constituída por uma delgada camada de células achatadas, eosinófilas e translúcidas, cujos núcleos e organelas citoplasmáticas foram digeridos por enzimas dos lisossomos e desapareceram (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O estrato lúcido consiste de umas poucas camadas de queratinócitos translúcidos, achatados e mortos, com limites indistintos. Somente está visível na pele grossa (MARIEB, 3ª ed.). ESTRATO (CAMADA) CÓRNEO ↠ A camada córnea tem espessura muito variável e é constituída por células achatadas, mortas e sem núcleo, cujo citoplasma se apresenta repleto de queratina (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ A camada mais externa, o estrato córneo, é uma ampla zona contendo de 20 a 30 camadas de células, o que representa até três quartos da espessura da epiderme. A queratina e as membranas plasmáticas espessadas das células deste estrato protegem a pele contra a abrasão e a penetração, e o glicolipídeo presente entre as células impermeabiliza esta camada (MARIEB, 3ª ed.). QUERATINIZAÇÃO Células recém-formadas na camada basal são empurradas lentamente para a superfície. Conforme as células se movem de uma camada epidérmica para a outra, elas acumulam cada vez mais queratina, um processo chamado de queratinização. Elas, então, sofrem apoptose. Eventualmente, as células queratinizadas se soltam e são substituídas pelas células subjacentes que, por sua vez, se queratinizam. O processo completo através do qual as células se formam na camada basal, ascendem à superfície, se tornam queratinizadas e se soltam dura cerca de 4 a 6 semanas em uma epiderme média de 0,1 mm de espessura (TORTORA, 14ª ed.). DERME ↠ A derme (derm = pele), a segunda maior região da pele, é um tecido conjuntivo resistente e flexível. As células da derme são as células tipicamente encontradas em qual quer tecido conjuntivo propriamente dito: os 5 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck fibroblastos, os macrófagos e, ocasionalmente, os mastócitos e os leucócitos. Sua matriz semifluida é densamente preenchida com fibras. A derme mantém o corpo inteiro unido, como uma malha justa (ou uma meia-calça). A derme é seu "couro", pois corresponde exatamente à porção da pele animal utilizada na confecção dos produtos de couro (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A derme recebe um rico suprimento de fibras nervosas, vasos sanguíneos e vasos linfáticos. As principais porções dos folículos pilosos, assim como das glândulas sebáceas e sudoríferas são derivadas do tecido epidérmico, mas residem na derme (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A derme apresenta duas camadas: a derme papilar e a derme reticular (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A camada superficial delgada da derme chamada de camada papilar é constituída por tecido conjuntivo frouxo (areolar), no qual as fibras colágenas e elásticas formam um arranjo frouxo e complicado que apresenta vasos sanguíneos em abundância. A superfície superior forma projeções pregueadas conhecidas como papilas dérmicas (papila = mamilo) que se interdigitam com a epiderme sobrejacente Muitas das papilas dérmicas contêm alças capilares (do plexo subcapil.ar); outras contêm terminações nervosas livres (receptores de dor) e receptores táteis chamados de corpúsculos de Meissner (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A camada reticular, mais profunda, é responsável por cerca de 50% da espessura da derme, sendo constituída por tecido conjuntivo denso não-modelado (irregular). A rede de vasos sanguíneos responsável pela nutrição dessa camada, o plexo cutâneo, localiza-se no limite com a hipoderme (MARIEB, 3ª ed.). ↠ As fibras colágenas na região reticular são organizadas de maneira semelhante a uma rede e exibem organização mais regular do que aquelas encontradas na região papilar. A orientação mais regular das fibras colágenas ajuda a pele a resistir ao estiramento. Vasos sanguíneos, nervos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríferas ocupam os espaços entre as fibras (TORTORA, 14ª ed.). COR DA PELE Três pigmentos contribuem para a coloração da pele. A melanina, o caroteno e a hemoglobina. Desses, apenas a melanina é produzida na pele. A melanina, um polímero constituído de aminoácidos tirosina, varia de coloração desde o amarelo ou marrom-avermelhado até o preto. A síntese de melanina depende de uma enzima presente nos melanócitos chamada de tirosinase e, como observado anteriormente, este pigmento passa dos melanócitos para os queratinócitos basais (MARIEB, 3ª ed.). Os melanócitos das pessoas de pele negraou morena produzem melanossomos mais escuros e em maior quantidade do que aqueles das pessoas de pele clara, e seus queratinócitos retêm os grânulos por um período maior (MARIEB, 3ª ed.). O caroteno é um pigmento de coloração amarela a alaranjada, encontrado em certas plantas, como as cenouras. Este pigmento tende a se acumular no estrato córneo e no tecido adiposo da hipoderme. A cor do pigmento é melhor observada nas palmas e nas plantas, onde o es trato córneo é mais espesso (p. ex., na pele do calcanhar), sendo mais intensa quando grandes quantidades de alimentos ricos em caroteno são ingeridas. Entretanto, a cor amarelada da pele dos asiáticos deve-se a variações na melanina, além do caroteno (MARIEB, 3ª ed.). A tonalidade cor-de-rosa da pele clara reflete a coloração vermelha da hemoglobina oxigenada, presente nos eritrócitos dos capilares da circulação dérmica (MARIEB, 3ª ed.). ANEXOS DA PELE ↠ Esses anexos da pele incluem as unhas, as glândulas sudoríferas, as glândulas sebáceas, os folículos pilosos e os pêlos. Cada um desses anexos exerce um papel único na manutenção da homeostase corporal (MARIEB, 3ª ed.). PÊLOS E FOLÍCULOS PILOSOS ↠ Milhares de pêlos estão distribuídos sobre toda a superfície da pele, exceto nas palmas das mãos, plantas dos pés, lábios, mamilos e partes da genitália externa (p. ex., na glande do pênis) (MARIEB, 3ª ed.). 6 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ↠ Cabelos ou pêlos são fios flexíveis produzidos pelos folículos pilosos e consistem principalmente de células queratinizadas mortas. A queratina dura que predomina nos pêlos e nas unhas tem duas vantagens sobre a queratina mole encontrada tipicamente nas células epidérmicas: (1) ela é mais resistente e durável e (2) suas células individuais não descamam (MARIEB, 3ª ed.). ↠ As principais regiões de um pêlo são a haste, que se projeta a partir da pele, e a raiz, a porção inserida na pele (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Os folículos pilosos (fali = bolsa) invaginam-se da superfície epidérmica para dentro da derme. A extremidade profunda do folículo, localizada cerca de 4 mm abaixo da superfície da pele, é expandida, formando o bulbo piloso (MARIEB, 3ª ed.). GLÂNDULAS SUDORÍFERAS ↠ As glândulas sudoríferas (sudor = suor), ou sudoríparas, estão distribuídas sobre toda a superfície da pele, com exceção dos mamilos e partes da genitália externa. O número dessas glândulas é incrível - até 3 milhões por pessoa (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Existem dois tipos de glândulas sudoríferas: as merócrinas e as apócrinas (MARIEB, 3ª ed.). ↠ As glândulas sudoríferas écrinas ("secretoras"), também chamadas de glândulas sudoríferas merócrinas, são as mais numerosas, sendo particularmente abundantes nas palmas, nas plantas dos pés e na testa. Cada glândula é tubular, enovelada e simples. A porção secretora enovelada fica situada na derme; o ducto estende-se e abre-se em um poro (por = canal) afunilado na superfície da pele (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A secreção das glândulas merócrinas, comumente chamada de suor, é um filtrado hipotônico do sangue que passa através das células secretoras das glândulas sudoríferas, sendo liberado por exocitose (MARIEB, 3ª ed.). ↠ As glândulas sudoríferas apócrinas, com um número aproximado de 2.000, são confinadas principalmente às regiões axilar, anal e genital. Essas glândulas são maiores do que as glândulas merócrinas e seus ductos abrem-se nos folículos pilosos. A secreção apócrina contém os mesmos componentes do suor verdadeiro, além de substâncias lipídicas e proteínas. Consequentemente, ela é muito viscosa e algumas vezes apresenta uma coloração leitosa ou amarelada (MARIEB, 3ª ed.). GLÂNDULAS SEBÁCEAS ↠ As glândulas sebáceas ("oleosas") são glândulas alveolares ramificadas simples encontradas sobre toda a superfície do corpo, exceto nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Essas glândulas produzem uma secreção oleosa chamada de sebo. As células centrais dos alvéolos acumulam lipídeos até tomarem-se tão cheias que 7 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck acabam estourando. Dessa forma, funcionalmente essas glândulas são glândulas holócrinas (MARIEB, 3ª ed.). O sebo é liberado no folículo piloso ou, ocasionalmente, em um poro sobre a superfície da pele. O sebo amacia e lubrifica a pele e os pêlos, evita que os pelos se tornem quebradiços e reduz a perda de água pela pele quando a umidade externa é baixa. Talvez ainda mais importante seja o seu efeito bactericida (antibacteriano) (MARIEB, 3ª ed.). UNHAS ↠ Uma unha é uma modificação escamosa da epiderme que forma uma evidente cobertura protetora sobre a superfície dorsal da porção distal de cada dedo das mãos e dos pés (MARIEB, 3ª ed.). Hipoderme É formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco firme a derme aos órgãos subjacentes. É a camada responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas nas quais se apoia (JUNQUEIRA, 13ª ed.). FUNÇÕES DO SISTEMA TEGUMENTAR ↠ A pele e seus anexos executam uma diversidade de funções que influenciam o metabolismo corporal e evitam que os fatores externos perturbem a homeostase. Devido a sua localização superficial, ela é o sistema orgânico mais vulnerável, exposto às bactérias, à abrasão, a temperaturas extremas e substâncias químicas nocivas (MARIEB, 3ª ed.). PROTEÇÃO ↠ A pele constitui pelo menos três tipos de barreiras: química, física e biológica (MARIEB, 3ª ed.). ↠ As barreiras químicas incluem as secreções da pele e a melanina. Apesar das bactérias serem abundantes na superfície da pele, o baixo pH das secreções desse órgão, chamado de manto ácido, retarda sua proliferação. Além disso, muitas bactérias são completamente eliminadas pelas substâncias bactericidas do sebo. As células da pele também secretam um antibiótico natural chamado de defensina humana, o qual literalmente abre poros na bactéria fazendo-a parecer uma peneira. A melanina fornece um pigmento químico protetor que previne danos das radiações UV às células vivas da pele (MARIEB, 3ª ed.). ↠ As barreiras físicas ou mecânicas são fornecidas pela continuidade da pele e pela resistência de suas células queratinizadas (MARIEB, 3ª ed.). ↠ As barreiras biológicas incluem as células de Langerhans (dendríticas) da epiderme, os macrófagos da derme e o próprio DNA. As células de Langerhans são elementos ativos do sistema imunológico. Para a resposta imunológica tornar-se ativada, as substâncias estranhas, ou antígenos, devem ser apresentadas para os leucócitos chamados de linfócitos. Na epiderme, esta função é desempenhada pelas células de Langerhans. Os macrófagos da derme constituem uma segunda linha de defesa para eliminar vírus e bactérias que tenham conseguido penetrar a epiderme. Eles também atuam como células "apresentadoras" de antígenos. Apesar da melanina fornecer um protetor solar químico muito bom, o próprio DNA pode ser considerado biologicamente efetivo no que diz respeito à proteção solar. Os elétrons das moléculas de DNA absorvem a radiação, UV, transferindo-a para o núcleo atômico, o que provoca seu aquecimento, fazendo-o vibrar vigorosamente. Entretanto, como o calor dissipa-se instantaneamente para as moléculas de água circundantes, o DNA converte a radiação potencialmente destrutiva em calor inofensivo (MARIEB, 3ª ed.). REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL ↠ Lembre-se de que a termorregulação é a regulação homeostática da temperatura corporal. A pele contribui para a termorregulação de dois modos: liberando suor em sua superfície e ajustando o fluxo de sangue na derme. Em resposta a uma elevada temperatura ambiental ou ao calor produzido pelo exercício, a produção de suor pelas glândulas sudoríferas écrinas aumenta; a evaporação do suor na superfície da pele ajuda a diminuir a temperatura corporal.Além disso, os vasos sanguíneos na derme dilatam; consequentemente, mais sangue flui pela derme, aumentando o calor perdido pelo corpo. Em resposta a temperatura ambiental baixa, a produção de suor pelas glândulas sudoríferas écrinas diminui, ajudando a conservar o calor. Além disso, o calibre dos vasos sanguíneos na derme da pele diminui, reduzindo assim o fluxo de sangue pela pele e a perda de calor do corpo. Além disso, as contrações no músculo esquelético geram calor corporal (TORTORA, 14ª ed.). RESERVATÓRIO DE SANGUE ↠ O suprimento vascular da derme é vasto e pode armazenar grandes volumes de sangue (cerca de 5°/o do volume de sangue de todo o corpo). Quando outros órgãos, como os músculos em atividade vigorosa, necessitam de um suprimento sanguíneo maior, o 8 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck sistema nervoso causa constrição dos vasos sanguíneos da derme. Isso desvia mais sangue para dentro da circulação geral, tornando-o disponível para os músculos e outros órgãos (MARIEB, 3ª ed.). EXCREÇÃO E ABSORÇÃO ↠ A pele normalmente desempenha um papel pequeno na excreção, a eliminação de substâncias do corpo, e na absorção, a passagem de material do ambiente externo para as células do corpo (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Além de remover água e calor do corpo, o suor também é o veículo para a excreção de pequenas quantidades de sais, dióxido de carbono e duas moléculas orgânicas resultantes do metabolismo de proteínas – amônia e ureia (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A absorção de substâncias hidrossolúveis através da pele é negligenciável, porém determinados materiais lipossolúveis penetram na pele. Eles incluem vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), alguns fármacos e os gases oxigênio e dióxido de carbono (TORTORA, 14ª ed.). SENSIBILIDADE CUTÂNEA ↠ A pele é suprida abundantemente por receptores sensoriais cutâneos, os quais são, na realidade, parte do sistema nervoso (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Uma das funções mais importantes da pele, graças à sua grande extensão e à sua abundante inervação sensorial, é receber estímulos do meio ambiente, já que ela é o receptor sensorial mais extenso do organismo. Além das numerosas terminações nervosas livres localizadas na epiderme, nos folículos pilosos e nas glândulas, existem receptores encapsulados e não encapsulados na derme e na hipoderme, sendo mais frequentes nas papilas dérmicas. As terminações nervosas livres são sensíveis ao toque e à pressão (receptores táteis), bem como a variações de temperatura, e estão associadas a dor, coceira e outras sensações (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ Os receptores encapsulados são os corpúsculos de Ruffini, Vater-Pacini, Meissner e Krause. Há evidências que mostram que os corpúsculos mencionados não são necessários para a sensibilidade cutânea. Muitas áreas da pele são desprovidas desses corpúsculos, porém têm sensibilidade. No entanto, quando são encontrados, eles funcionam como mecanorreceptores. (JUNQUEIRA, 13ª ed.). SÍNTESE DE VITAMINA D ↠ Quando os raios solares atingem a pele, moléculas de colesterol modificadas que circulam pelos vasos sanguíneos dérmicos são convertidas no precursor da vitamina D e transportadas pelo sangue para outras partes do corpo, onde exercem vários papéis no metabolismo do cálcio. Por exemplo, o cálcio não pode ser absorvido pelo trato digestório sem a vitamina D (MARIEB, 3ª ed.). Referências JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018 MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed., Porto Alegra: Artmed, 2008 TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
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