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Carrapatos ANA LUISA ARRABAL DE ALMEIDA – VET145 Introdução -Aracnídeos e insetos apresentam importância parasitológica. Insetos possuem cabeça, tórax e abdome, além de possuir antes e três pares de pernas. Insetos podem ser mastigadores, lambedores ou sugadores. -Aracnídeos possuem corpo dividido em cefalotórax e abdome, não possuem antenas e tem quatro pares de pernas. Os aracnídeos com importância parasitológica podem possuir uma divisão um pouco diferente. -Artrópodes hematófagos são os de maior importância parasitológica. Tem a capacidade de liberar substâncias anticoagulantes (atividade farmacológica ativa) junto com a saliva. Algumas dessas substâncias são usadas para estudos farmacológicos (anestésicos, por exemplo). Carrapatos -São os primeiros em ordem de importância no quesito transmissão de doenças para os animais, enquanto mosquitos ficam em segundo lugar. Em humanos, a ordem se inverte: mosquitos se encontram em primeiro lugar (malária). -Família Argasidae não possui um escudo rígido de quitina na superfície dorsal. A família Nuttallielidae possui somente uma espécie descrita. A família Ixodidae é onde estão incluídos a maior parte dos carrapatos com importância médica veterinária, sendo conhecidos como “carrapatos duros” por possuir escudo rígido de quitina. -As fêmeas não são totalmente recobertas pelo escudo de quitina para possibilitar que o seu organismo se encha de sangue e permita uma ovoposição viável (ovos são essenciais para a reprodução dos insetos hematófagos). -Existem carrapatos que coevoluem com espécies específicas. Ao colocar um carrapato que geralmente parasita bovinos em outras espécies de animais, percebe-se que as fêmeas se enchem mais se sangue quando parasitam o bovino e, por consequência, colocam mais ovos. Dessa forma, o grau de especificidade de cada carrapato varia com sua espécie parasitada. Isso demonstra, inclusive, o potencial de transmissão desses carrapatos. -Nos humanos, a principal doença transmitida pelos carrapatos é a febre maculosa. Carrapatos também estão envolvidos nos casos de paralisia do carrapato (liberação de neurotoxinas que faz com que o hospedeiro apresente um quadro de paralisia ascendente que pode levar a morte). -Pode haver especificidade topográfica no animal, associada à espessura da pele, irrigação sanguínea e proteção contra a luz solar. -Há espécies de carrapatos que parasitam outras espécies também. Geralmente os carrapatos de anfíbios possuem uma especificidade elevada. -A fixação do carrapato é firme e acontece pela introdução do seu aparelho bucal (palpos). O hipotônio (estrutura com espinhos) é afirmada no local. As fêmeas possuem uma fixação mais firme e se fixam por tempo mais prolongado para engurgitar (encher de sangue). -Carrapatos possuem desenvolvimento em ovo, larva (três pares de pernas), ninfas (quatro pares de pernas) e adultos. -Para determinados agentes causadores de doenças, quanto mais tempo o carrapato fica fixado no corpo, mais chance a pessoa tem de desenvolver a doença. Ex.: agente causador da febre maculosa (pesquisar nome) necessita de pelo menos 10 horas com o carrapato fixado no corpo. -Alimentação: sangue, linfa e restos de tecido. A linfa é consumida principalmente na fase de larva e sangue é a partir da fase de ninfa e adultos. -Espoliação: absorção/ subtração de nutrientes do hospedeiro. Todos os parasitos espoliam seu hospedeiro. -Transmissão de patógenos (vírus, bactérias, protozoários e helmintos), principalmente os carrapatos. -Paralisia do carrapato – Parasitos Assassinos (Discovery Channel). -Dermatoses relacionadas à alergias. As alergias também podem ser desenvolvidas após a infecção por carrapatos. -Sinal clássico do início da doença de Lyme. Essa doença leva a depressão, problemas neurológicos, articulares etc. Classificação taxonômica dos carrapatos. -Há mais de 900 espécies de carrapatos descritas no mundo. No brasil, são 61 espécies. Carrapato Nuttallielidae. -Morfologia: divisão do corpo com região anterior (gnastossoma) sendo a região por onde o carrapato vai se fixar. O gnastossoma tem importância do ponto de vista taxonômica e por isso se tira o carrapato em movimento giratório. O idiossoma é dividido em podossoma (pés) e opistossoma (região posterior à inserção das pernas). -Fossetas: estrutura vestigial com função sensorial. A: Carrapato ixodídeo (escuto na região dorsal); B: Carrapato Argasidae (mole desprovido de escudo na superfície dorsal). Família Argasidae -No argas da imagem, não é possível visualizar o capítulo. -Ninfas procurarão o hospedeiro no ambiente. -Por vezes, pode ocorrer necrose quando esses parasitos da família Argasidae utilizam humanos como hospedeiro. Família Ixodidae -Grupo de carrapatos mais frequentes na medicina veterinária. Apresenta escudo na superfície dorsal que, no macho, ocupa toda essa superfície dorsal. Pode apresentar ornamentações, com colorações diferentes. O escudo das fêmeas ocupa a região anterior da sua superfície dorsal. -Existem medicamentos que interferem na síntese de quitina, impedindo seu desenvolvimento, já que o escudo rígido é feito a partir desse polissacarídeo. -Chave para realizar a identificação dos carrapatos ixodidae. Sulco anal (AG) passando adiante do ânus, conclui-se que esse carrapato é do gênero ixodes. Sulco anal não passando adiante do ânus. Vista dorsal dos escudos e capítulos de algumas ixodidae, mostrando características dos gêneros. Desenvolvimento -Ovo -> larva -> ninfa -> adulto. Oviposição. Larva Hexápoda. -Carrapatos de um hospedeiro (monoxênico): 3 estágios alimentam-se no mesmo hospedeiro. -A queda da fêmea que fará ovoposição no ambiente normalmente se dá nas primeiras horas da manhã: incidência de luz menor, temperatura mais amena e umidade ideal. -Órgão de Haller: tem capacidade de detectar níveis de CO2. Carrapatos também conseguem detectar vibrações e, quando um animal passa, elas levantam suas perninhas para conseguir se aderir. -Larvas, ninfas e adultos se desenvolvem no hospedeiro. -Carrapatos de dois hospedeiros: larva e ninfa se alimentam em um hospedeiro e adulto em outro. -Carrapatos de três hospedeiros: cada estágio em um hospedeiro. Todas as mudanças de fases de um carrapato trioxeno ocorre no ambiente. Um mesmo animal pode ser o primeiro, segundo ou terceiro hospedeiro. Exemplo de carrapato trioxênico. Obs.: Rhipicephalus sanguineus tem hábito de se desenvolver em lugares onde seu hospedeiro dorme. Apresenta geotropismo negativo, o que dificulta seu controle. Rhipicephalus microplus -“Boo”= “boi”; “philus”=”amigo”. O carrapato atua como agente para evitar a tristeza parasitária bovina. -Morfologia: macho possui um cone dorsal, sendo ele bem menor que a fêmea. -Placas adanais e processo caudal são características dessa espécie. -Ciclo mostrando ovo -> neolarva -> metalarva -> neoninfa -> metaninfa. -Realiza as duas mudas no hospedeiro. -Larvas necessitam de em média 7 dias para poderem desenvolver seu exoesqueleto rígido. Neolarva sobe no hospedeiro e começa a se alimentar, passando a se chamar metalarva. A mudança de metalarva para neoninfa ocorre no hospedeiro e, quando a neoninfa se alimentar com o passar do tempo, torna-se metaninfa. -Neando (macho sexualmente imaturo). -Neógena (fêmea sexualmente imatura) evolui para partenógena. Ao se encher de sangue, denomina-se teleógena. -A língua é a principal defesa do bovino contra carrapatos. Certos bovinos possuem níveisde infestação mais baixo ou mais alto -> seleção genética pode aumentar a quantidade de bovinos mais resistentes (geralmente bovinos menos resistentes são os mais produtivos). Obs.: não existe produtos contra carrapatos que vá funcionar em todas as propriedades e em todos os casos. O perfil de sensibilidade e resistência varia muito dependendo da propriedade e do animal. -Rotação de pastagens é uma alternativa para evitar a parasitose contanto que o tempo que a forragem fica sem ser pastada seja superior ao tempo de sobrevivência da larva no ambiente. Rhipicephalus sanguineus -Carrapato mais comum em cães em áreas urbanas brasileiras. Algumas particularidades tornam essa espécie adaptada ao ambiente domiciliar e peridomiciliar. -Morfologia: machos possuem placas adanais. Não pode ser microplus por não possuir processo caudal. -Aspectos biológico: tem como hospedeiro preferencial os cães. Na ausência deles, podem procurar diversos outros hospedeiros alternativos. -Hábitos nidícolas: permanecem nos locais onde os animais irão dormir. É um carrapato que apresenta geotropismo negativo, o que dificulta seu controle ambiental (faz-se necessário pulverização de até dois metros para controle eficaz). -É trioxeno: sobe na forma de larva, se alimenta, muda de larva pra ninfa no ambiente (procurando um segundo hospedeiro). Dermacentor (Anocentor) nitens -Carrapato mais frequente em equídeos. É um carrapato monoxeno (sobe no hospedeiro e faz todas as mudanças de fase de larva pra ninfa e adulto no corpo do hospedeiro). Além disso, tem localização preferencial pelo pavilhão auricular, divertículo nasal e região perianal ou perineal. -A localização do divertículo nasal por vezes dificulta o controle, já que é um local dificilmente tratado com carrapaticida. -Nos equinos são duas espécies mais frequentes, o que dificulta também seu controle porque o tempo de atuação mais frequente dos carrapatos dessas espécies durante o ano é diferente. -Equinos tem uma infestação maior por esses carrapatos do que jumentos e mulas, por exemplo. -Morfologia: possui base do capítulo retangular. Após o último par de pernas, há uma estrutura denominada placa peritremática com um formato semelhante a um dial de telefone. Amblyiomma spp. -Possui maior número de espécies. São carrapatos com 3 hospedeiros. -Parasitam várias espécies de animais domésticos e silvestres, além do ser humano. Existem graus variados de especificidade. -Morfologia: macho com escudo recobrindo toda a superfície dorsal. Nas fêmeas, o escudo cobre a extremidade anterior da superfície dorsal (direita). -Ornamentações no escudo (que variam entre as espécies). -Observa-se que as larvas são hexápodas e, a partir de ninfa, possuem 4 pares de pernas. -Presença de festões e sulco marginal. Ixodes -Capítulo longo. Carrapato trioxeno e é observado mais em animais silvestres. -É um possível transmissor da febre maculosa brasileira (não possui grande importância epidemiológica). -A paralisia do carrapato ocorre pela liberação de uma neurotoxina na saliva do carrapato (estão diretamente causando a patogenia) que interfere na ação dos neurotransmissores. Ixodes holocyclus é colocado mais frequentemente como causador da paralisia do carrapato. Obs.: cerca de 52 espécie dentre as mais de 900 estariam associadas possui essa neurotoxina. -A função da neurotoxina teria função de tornar o hospedeiro mais letárgico, o que favoreceria a subida dos carrapatos no hospedeiro. Ixodes loricatus. Sulco anal passando adiante do ânus, o que caracteriza o gênero. Ixodes loricatus (dois machos). Observa-se as placas adanais. Ixodes luciae. -A primeira espécie descrita é mais comum em coelhos. São carrapatos trioxenos. Hemaphisalis com projeções laterais no segmento do palpo e festões.