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Medidas Ergonômicas para Militares da Aeronáutica

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MARCOS AURÉLIO DA COSTA FREIRES 
 
 
 
 
 
 
 
MEDIDAS ERGONÔMICAS VISANDO MELHORAR A 
QUALIDADE DE VIDA DOS MILITARES DA 
AERONÁUTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cascavel 
2003 
 
 
MARCOS AURÉLIO DA COSTA FREIRES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEDIDAS ERGONÔMICAS VISANDO MELHORAR A 
QUALIDADE DE VIDA DOS MILITARES DA 
AERONÁUTICA 
 
Trabalho de conclusão de Curso apresentado à 
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – 
Campus Cascavel, para obtenção do Título de 
graduado em Fisioterapia. 
 
 Orientador: Gustavo Kiyosen Nakayama 
 Co-orientador: Celeide Pinto Aguiar Peres 
 
 
 
 
 
Cascavel 
2003 
 
MARCOS AURÉLIO DA COSTA FREIRES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEDIDAS ERGONÔMICAS VISANDO MELHORAR A QUALIDADE DE 
VIDA DOS MILITARES DA AERONÁUTICA 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 ------------------------------------------------------------------------------------------ 
Gustavo Kiyosen Nakayama – Orientador – Unioeste 
 
 ------------------------------------------------------------------------------------------ 
Celeide Pinto Aguiar Peres – Co-orientadora – Unioeste 
 
 ------------------------------------------------------------------------------------------ 
Juliana Cristina Frare – Banca – Unioeste 
 
 
 
 
Cascavel, 16 de abril de 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DEDICATÓRIA 
 
 Dedico este trabalho a minha esposa e 
querida filha, que sempre estiveram ao meu 
lado incentivando-me a prosseguir. Dedico 
também a todos que direta e indiretamente 
ajudaram-me nesta vitória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço a Deus em primeiro lugar, por ter me dado vida, saúde e o privilégio de 
terminar este trabalho. 
 
Agradeço ao Prof. Gustavo kiyosen Nakayama pela atenção e auxílio 
indispensáveis à realização desta obra. 
 
Agradeço a Profª Celeide Pinto Aguiar Peres por ter me apoiado na realização 
deste trabalho. 
 
Agradeço ao Comandante do Quartel da Aeronáutica, Tenente José Izidro 
Apolinário, por ter autorizado e apoiado à realização do projeto. 
 
Agradeço aos meus colegas de turma por estar me ajudando e incentivando durante os 4 anos 
de Universidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1. Pirâmide da Saúde Física...............................................................................22 
 
Figura 2. Coluna Vertebral.............................................................................................35 
 
Figura 3. Espaço mínimo para as pernas abaixo da superfície de trabalho na posição 
sentada.........................................................................................................................37 
 
Figura 4. Dimensões a serem consideradas na posição sentada..................................38 
 
Figura 5. Posturas adotadas no trabalho com computador...........................................38 
 
Figura 6. Especificações de desenho para altura adequada de trabalho para operador 
em pé...........................................................................................................................39 
 
Figura 7. O desvio ulnar do punho causado por um alicate..........................................40 
 
Figura 8. Punho para pistola com dupla pega...............................................................40 
 
Figura 9. Desenhos e dimensões características da pá................................................41 
 
Figura 10. Objetos de bordas e quinas vivas e arredondadas......................................41 
 
Figura 11. A postura com mãos e cotovelos para trás do corpo...................................42 
 
Figura 12. Ao aumentar a distância entre as mãos e o corpo há aumento da 
tensão nas costas.........................................................................................................43 
 
Figura 13. Levantamento de pesos deve ser com as pernas e evitara a rotação de 
tronco............................................................................................................................43 
 
Figura 14. As caixas devem ter pegas laterais..............................................................44 
 
Figura 15. Usar as pernas para levantar pesos............................................................44 
 
Figura 16. Para puxar ou empurrar deve-se usar o peso do corpo...............................45 
 
Figura 17. Área de alcances ótimo e máximo na mesa................................................45 
 
Figura 18. Espaço de circulação...................................................................................47 
 
Figura 19. As luminárias devem ficar acima da linha de visão e atrás do 
trabalhador....................................................................................................................50 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1. Questionário ergonômico; setor de administração.................................56 
 
Gráfico 2. Questionário ergonômico; setor de serviços gerais...............................57 
 
Gráfico 3. Questionário ergonômico; setor de escala.............................................58 
 
Gráfico 4. Questionário ergonômico; setor de suprimento.....................................58 
 
Gráfico 5. Questionário ergonômico; setor de manutenção...................................59 
 
Gráfico 6. Questionário ergonômico; setor de administração.................................63 
 
Gráfico 7. Questionário ergonômico; setor de serviços gerais...............................64 
 
Gráfico 8. Questionário ergonômico; setor de escala............................................64 
 
Gráfico 9. Questionário ergonômico; setor de suprimento.....................................65 
 
Gráfico 10. Questionário ergonômico; setor de manutenção.................................66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1. Questionário de qualidade de vida (antes da intervenção).....................60 
 
Tabela 2. Questionário de qualidade de vida (após a intervenção)........................67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
QVT – Qualidade de vida no trabalho. 
 
RH – Recursos humanos. 
 
VHF – Very High Frequency. 
 
UHF – Ultra High Frequency. 
 
CCBS – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
LISTA DE TABELAS 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................12 
 
2 O TRABALHO...................................................................................................14 
 
2.1 A evolução do homem.......................................................................................14 
 
2.2 Conceito de trabalho..........................................................................................15 
 
2.3 A evolução tecnológica do trabalho...................................................................17 
 
2.4 A situação de trabalho........................................................................................183 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO..........................................................20 
 
3.1 Conceitos de qualidade de vida no trabalho........................................................20 
 
3.2 Modelos de QVT.................................................................................................21 
 
3.3 Qualidade de vida no trabalho e produtividade....................................................22 
 
3.4 O porque da importância da promoção da saúde no 
trabalho...............................................................................................................23 
 
4 A AERONÁUTICA...............................................................................................24 
 
5 FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA...................................................................26 
 
5.1 Origem e evolução da ergonomia.......................................................................26 
 
5.2 Conceitos de ergonomia.....................................................................................27 
 
5.3 Abordagens em ergonomia.................................................................................28 
 
5.4 Tipos de ergonomia............................................................................................30 
 
 
5.5 Aplicações da ergonomia....................................................................................30 
 
6 FUNDAMENTOS DE FISIOLOGIA DO TRABALHO......................................32 
 
7 POSTURAS E MOVIMENTOS.......................................................................34 
 
8 CONDIÇÕES DE TRABALHO........................................................................46 
 
8.1 Dimensionamento de espaços de circulação...................................................47 
 
8.2 Ambiente térmico............................................................................................47 
 
8.3 Ambiente acústico...........................................................................................48 
 
8.4 Iluminação.......................................................................................................49 
 
8.5 Ventilação – Qualidade do ar...........................................................................51 
 
9 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO......................................................52 
 
10 METODOLOGIA..............................................................................................54 
 
11 RESULTADOS.................................................................................................56 
 
12 DISCUSSÃO....................................................................................................68 
 
13 CONCLUSÃO..................................................................................................72 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................73 
 
ANEXO 1........................................................................................................75 
 
ANEXO 2........................................................................................................76 
 
ANEXO 3........................................................................................................89 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 2 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE 
PROJETO DE PESQUISA 
MEDIDAS ERGONÔMICAS VISANDO A MELHORA DE QUALIDADE DE VIDA 
 
 
 
 
Questionário 
 
Dados pessoais: 
Nome: Data: 
 
Idade: Altura: Peso: 
 
Setor de trabalho: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O trabalho pode ser feito sem que haja contato da 
 
RESUMO 
 
A ergonomia é cada vez mais cobrada pelas instituições de fiscalização 
governamentais em todo o mundo e, particularmente, no Brasil. A otimização do 
trabalho é um fator fundamental para o sucesso de pessoas e organizações, num 
mundo de alta competição, em que saúde e excelência de desempenho são aspectos 
fundamentais. A ergonomia estuda a adaptação do trabalho ao homem, ou seja, estuda 
o relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e 
particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na 
solução dos problemas surgidos desse relacionamento. O objetivo desta pesquisa foi 
melhorar a qualidade de vida dos militares da Aeronáutica, possibilitando que o trabalho 
seja bem dimensionado, otimizando sua eficácia e desenvolvendo atividades em 
condições favoráveis à promoção da saúde. A amostra constituiu de 45 militares da 
Aeronáutica, que trabalham no Destacamento de Defesa Aérea e Controle do Tráfego 
Aéreo do Sul do Brasil, em seus setores específicos, resultando em 5 grupos de 
trabalho. O estudo utilizou um questionário em que todos responderam antes e após a 
intervenção; um estágio de observação para coleta de dados, onde foram avaliadas as 
posturas adotadas no trabalho, cargas manuseadas, o ambiente de trabalho, os 
equipamentos utilizados, características da atividade, desconfortos músculo-
esqueléticos e também foi feito palestras de orientação visando otimizar o trabalho. 
Concluiu-se que a metodologia aplicada foi satisfatória, obtendo uma melhora na 
qualidade de vida dos militares da Aeronáutica. 
Palavras chaves: Qualidade de vida, Ergonomia, Aeronáutica e Ambiente de Trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO. 
 
A ergonomia desenvolveu-se durante a II Guerra Mundial quando, pela primeira vez, 
houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências 
humanas. Fisiologistas, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros trabalharam 
juntos para resolver os problemas causados pela operação de equipamentos militares 
complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram tão gratificantes, que 
foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra. (IIDA, 1998). 
Ao longo da história humana os princípios fundamentais da ergonomia foram 
aplicados na substituição ou transferência de trabalhos mais pesados para animais, na 
invenção de artifícios que facilitam o trabalho, na adaptação de postos de trabalho, 
tornando-os mais apropriados às proporções do corpo humano e facilitando posturas 
mais equilibradas e na utilização de adaptações que facilitam o melhor posicionamento 
do corpo humano em atividades que apresentam dificuldades excêntricas. (IIDA,1995). 
A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais (sentado, 
em pé, empurrando, puxando e levantando pesos), fatores ambientais (ruídos, 
vibrações, iluminação, clima, agentes químicos), informação (captadas pela visão, 
audição e outros sentidos), controles, relações entre mostradores e controles, bem 
como cargos e tarefas (tarefas adequadas, cargos interessantes). A conjugação 
adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, confortáveis e eficientes, 
tanto no trabalho quanto na vida cotidiana. Segundo Knoplich (1994), a ergonomia 
estuda o comportamento do operário em relação à máquina, não só as condições 
físicas e a postura, como também as condições psicológicas nesse desempenho. 
Muitas situações de trabalho e da vida cotidiana são prejudiciais à saúde. As 
doenças do sistema músculo-esquelético (principalmente dores nas costas) e aquelas 
psicológicas (estresse, por exemplo) constituem uma importante causa de absenteísmo 
e de incapacitação ao trabalho. Essas situações podem ser atribuídas ao mau projeto e 
ao uso inadequado de equipamentos, sistemas e tarefas. A ergonomia pode contribuir 
para reduzir esses problemas. Reconhecendo isso, muitos países já obrigam os 
serviços de saúde a empregarergonomistas. (IIDA, 1998). 
 
A contribuição ergonômica, de acordo com a ocasião em que é feita, é classificada 
em: ergonomia de concepção, onde é realizada durante a fase inicial de projeto do 
produto, da máquina ou do ambiente, ergonomia de correção, onde é aplicada em 
situações reais, já existentes e ergonomia de conscientização, onde o operador é 
conscientizado sobre como trabalhar de forma segura, reconhecendo os fatores de 
risco que podem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho. (IIDA, 1998). 
A ergonomia é uma das mais importantes vertentes da saúde ocupacional e vem 
ganhando cada vez mais terreno nos últimos anos. Sua aplicação prática, além de 
responder a esse tipo de demanda, contribui para o incremento da produtividade e da 
melhoria da saúde dos trabalhadores. 
Na Aeronáutica, pouco se tem feito com respeito a uma intervenção nos postos de 
trabalho, visando melhorar a qualidade de vida dos militares, em seus serviços diários. 
O que se pretende com esta pesquisa é analisar e detectar no quartel da Aeronáutica, 
como a organização do trabalho, o posto de trabalho e os ambientes de trabalho 
causam impacto sobre os militares, orientando-os quanto a uma qualidade de vida 
melhor, otimizando os seus setores. 
 
Objetivos. 
Geral: Analisar as condições ergonômicas dos postos de trabalho dos militares da 
Aeronáutica. 
Específicos: Identificar os procedimentos de trabalho que exigem carga aos militares, 
identificar posturas corporais comprometedoras nas atividades profissionais dos 
militares e identificar as regiões corporais com maior relato de queixa de dores 
músculo-esqueléticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 O TRABALHO. 
 
2.1 - A evolução do homem: 
 
O ser humano passa a maior parte do tempo de sua vida no trabalho. Na 
sociedade contemporânea, a maior parte deste trabalho é realizada dentro de 
organizações, com o objetivo de produzir bens e serviços. Diferentes áreas do 
conhecimento têm contribuído com reflexões sobre o ser humano e a sua forma de 
intervenção na natureza. Tais reflexões vêm acompanhadas de análises referentes às 
estratégias utilizadas no espaço da produção para a realização do trabalho desde o 
advento da revolução industrial. Atualmente, estas contribuições têm servido para 
discussões sobre o futuro das nações, na tentativa de se buscar uma solução conjunta 
para uma nova ordem mundial (SANTOS, 2000 apud DUTRA¹ , _). 
A forma de intervenção do homem sobre a natureza, coincide com a própria 
história de desenvolvimento da humanidade. O ser humano inicialmente lidava com as 
atividades: produção de ferramentas, utilização do fogo, emprego de metais, 
diretamente relacionados às suas necessidades de sobrevivência frente a um ambiente 
adverso. Isolado ou em grupo, tinha que lutar para estar vivo, para preservação da 
própria espécie. A forma de organização do trabalho estava baseada na participação e 
cooperação (SANTOS, 2000 apud DUTRA¹, _). 
O fogo foi uma das descobertas mais importantes da humanidade. Através dele o 
homem libertou-se da restrição de sua limitada reserva de energia, possibilitando-lhe 
ampliar seu universo de produção. Com essa descoberta, o homem pôde produzir uma 
variedade maior de objetos também para seu melhor conforto (CAMARGO et al, 1999 
apud DUTRA², _). 
____________________________ 
1 SANTOS, N. Fundamentos de Ergonomia. Disponível na internet. http://www.eps.ufsc.br/ergon. 
19 setembro 2000. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste. 
2 CAMARGO, N. ; PATRÏCIO, Z. A qualidade de vida de um comandante de aeronave. In: Qualidade 
de vida do trabalhador. Florianópolis: PCA, 1999. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução 
à Ergonomia. PR. Unioeste. 
 
A divisão do trabalho entre as tribos comunitárias primitivas nasceu de uma 
contingência natural. O trabalho, caracterizado por técnicas rudimentares, era 
extremamente cansativo, o que impedia o desempenho de outras tarefas necessárias à 
organização da vida tribal (SANTOS, 2000 apud DUTRA3, _). 
Na Grécia e na Roma Antiga o trabalho era reservado para escravos, sendo 
considerado indigno de seres humanos livres. Entre os hebreus, o trabalho era visto de 
forma menos indigna, mas mantinha uma conotação predominantemente negativa. Era 
visto como missão sagrada para expiação do pecado original (PIRES, 2001). 
No entanto, a Revolução Industrial alterou profundamente estas relações. A 
relação do homem com a natureza passa a ser representada por padrões econômicos. 
O trabalho braçal foi substituído pelas máquinas, caracterizando o início do sistema 
fabril. As inovações tecnológicas caracterizam-se pela utilização do vapor, da energia 
elétrica e do motor a explosão no processo produtivo das fábricas, representando o 
aproveitamento dos resultados das ciências naturais para a indústria (SANTOS, 2000 
apud DUTRA3, _). 
Na história da evolução humana, vislumbra-se com a imensa capacidade do 
homem em intervir na natureza, de criar cultura e de fazer história. No entanto, a 
intervenção humana, nunca foi tão mecanicista e redutora desde o advento da 
Revolução Industrial. Mas, sabe-se que faz parte da condição humana, colocar-se 
diante da natureza, pensar e agir sobre ela (DUTRA, _). 
 
2.2– Conceito de trabalho: 
 
Na antiguidade grega, todo trabalho manual era desvalorizado e feito pelos 
escravos e a atividade teórica era considerada a mais digna de um homem, cuja 
 
3 SANTOS, N. Fundamentos de Ergonomia. Disponível na internet. http://www.eps.ufsc.br/ergon. 19 
setembro 2000. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste. 
 
 
essência era fundamentalmente a de um ser racional (ARANHA et all, 1986 apud 
DUTRA4, _). 
Segundo Santos e Fialho (1995), os gregos já utilizavam duas palavras diferentes 
para designar o termo trabalho: ponos que faz referência ao esforço e a penalidade, e 
ergon que designa a criação, a obra de arte. A diferença entre trabalhar no sentido de 
penar e trabalhar no sentido de criar deve ser uma das primeiras tarefas de alguém que 
pretende analisar o trabalho. 
O trabalho tem sido considerado de formas diversas, não encontrando ainda uma 
definição unânime. Vários são os pontos de vista a partir dos quais se pode 
compreendê-lo. Alguns deles estão a seguir: 
Fisiológico – Tem a ver com a transformação de energia pelo ser humano. Um 
trabalho pode realizar-se enquanto se consome certa quantidade de energia (térmica, 
química e elétrica). 
Econômico – Visa uma finalidade, uma utilidade, produção de bens econômicos 
para a satisfação de necessidades humanas. 
Ético – Dignifica o ser humano, confere sentido à vida, cria bens e valores morais. 
Estético – Atividade, esforço em busca do que é belo. Algumas profissões, tais 
como a odontologia, têm na questão estética um foco bastante forte. 
Filosófico – Atividade do “ser” que está na essência dos ser humano; expressão 
do originário poder criador do ser humano, que se constitui a si mesmo e ao mundo 
histórico em que vive (PIRES, 2001). 
Muito evoluíram os estudos de trabalho e inúmeros conceitos foram propostos. 
Segundo FIALHO5, (1995 apud PIRES, 2001) um deles afirma que “todo trabalho é um 
comportamento adquirido por aprendizagem e tendo de se adaptar às exigências de 
uma tarefa”. Acrescentando-se a esse conceito a participação ativa do ser humano na 
interação com os meios de trabalho, com o ambiente físico imediato e com o ambiente 
 
4 ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando: Introdução à filosofia. SP: Moderna,1986 apud 
DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia.PR. Unioeste. 
 
5 FIALHO, F. , Santos, N. Manual de análise ergonômica do trabalho. Curitiba: Gênesis, 1995. 
apud PIRES, Licínia. Fundamentos da Prática Ergonômica. 3ª ed. SP: LTR, 2001. 
 
 
psicossocial de trabalho, pode-se fazer uma aproximação do que a ergonomia entende 
por trabalho (PIRES, 2001). 
 
2.3 – A evolução tecnológica do trabalho: 
 
Através dos tempos, o homem tem buscado métodos e processos de trabalho que 
minimizem o esforço e aperfeiçoem o resultado na produção de bens que necessita. 
Assim, se no início da atividade laboral o trabalho era executado com as mãos, a 
evolução ocorreu no sentido da utilidade de ferramentas, máquinas de acionamento 
mecânico e, atualmente, equipamentos automatizados. A tecnologia pode ser 
considerada, então, como uma potente força no sentido de poder estender as 
capacidades humanas (GONÇALVES et all, 1996 apud DUTRA6, _). 
A revolução industrial utilizou a tecnologia para estender a capacidade física de 
realizar o trabalho, já na revolução da informática ela está estendendo as nossas 
capacidades mentais. 
Segundo Rodrigues et all (1987), as mudanças tecnológicas nos processos 
produtivos apresentam pelo menos três metas básicas: a redução do esforço de 
trabalho, o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade do produto(DUTRA, _). 
Mas antes mesmo de continuarmos a falar em tecnologia e em evolução 
tecnológica, é preciso definir o termo tecnologia. 
Para Goldemberg (1978), a tecnologia é o conjunto de conhecimentos de que uma 
sociedade dispõe sobre ciências e artes industriais, incluindo os fenômenos sociais e 
físicos, e a aplicação destes princípios à produção de bens e serviços. 
A evolução tecnológica do trabalho pode ser dividida em quatro fases: 
1) A instrumentalização: da mão à ferramenta. 
Esta fase se caracteriza pelo desenvolvimento de ferramentas fabricadas pelo 
homem para lhe servir de mediador entre sua mão e o objeto de trabalho. A ferramenta 
 
6 GONÇALVES, J.E.L; GOMES, C.A. A tecnologia e a realização do trabalho. Revista de 
administração de empresas, SP, v. 33, n. 1, p. 106-121. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. 
Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste. 
 
 
substitui os membros do homem na ação direta sobre a matéria prima a ser trabalhada 
e permite uma ampliação da capacidade humana de transformação da matéria e uma 
redução dos esforços físicos. 
2) A mecanização: da ferramenta à máquina. 
Nesta fase ocorre a integração progressiva das ferramentas às máquinas, assim 
como pelo deslocamento de determinadas ações sobre o objeto de trabalho que, 
anteriormente, eram realizadas pelo homem. O homem aciona os comandos em 
funções das informações que ele recebe do objeto de trabalho, traduzindo-se na 
atividade de condução do processo ou da máquina. 
3) A automação: da máquina ao robô. 
Nesta fase se caracteriza pela introdução maciça da micro-eletrônica nos 
dispositivos técnicos de produção, onde a introdução dos computadores na condução 
do processo/das máquinas modifica de forma considerável os sistemas de produção. 
Neste, o trabalho humano se reduz, essencialmente, a uma atividade de 
supervisão/controle do sistema de produção. Temos como exemplo o controle de 
tráfego aéreo (Aeronáutica), de trens, metrôs, processos químicos e siderúrgicos, onde 
os trabalhadores supervisionam/controlam variáveis do processo, corrigindo-as quando 
for necessário. Os trabalhadores entram em ação quando houver um erro ou defeito. 
4) A interconexão: dos robôs aos sistemas inteligentes de apoio à decisão. 
Esta fase caracteriza-se pelo diagnóstico, pela introdução de sistemas inteligentes 
de apoio à decisão na gestão de processos. 
 
2.4 – A situação de trabalho: 
 
Uma situação de trabalho é um sistema complexo, dinamicamente inter-
relacionado, cujas entradas (as exigências econômicas, sócio-técnicas e 
organizacionais de trabalho, caracterizadas na tarefa) determinam os comportamentos 
do homem no trabalho (caracterizadas nas atividades em termos de informações e 
ações) e, cujas saídas (os resultados do trabalho em termos de produção e saúde), 
são as resultantes deste sistema. Dentro do contexto de uma situação de trabalho, 
enfatizaremos as condições de trabalho. 
 
As condições de trabalho vêm sofrendo modificações ao longo das décadas, neste 
sentido pode-se dividir em três períodos: 
Do século XIX até a primeira guerra, demonstrado pela luta da sobrevivência, a 
preocupação com a saúde era não morrer. Apresentava também uma jornada de 
trabalho muito longa de, baixos níveis de higiene, alta periculosidade, grandes esforços 
musculares, alimentação precária e repressão do governo contra o trabalhador. 
Após a primeira guerra até 1968, começa o segundo período, que se caracterizava 
pela preocupação somente com a saúde do corpo. Inicia-se com Taylor as influências 
da forma de trabalhar com a produtividade. Nesta época, a mão-de-obra não 
especializada era abundante e barata; o saber-fazer não era prioridade por parte da 
empresa. Havia uma divisão muito forte dos profissionais que detinham o 
conhecimento total e os que faziam, estes constituíam a maioria na indústria. 
No terceiro período, que ocorre após 1968, começa a percepção de deterioração 
da saúde mental como fator prejudicial ao trabalho. Passam a ser valorizadas as 
questões como o conteúdo da tarefa, flexibilidade, ritmo e velocidade de trabalho e 
participação. Nesta época surgiram movimentos de resistência e estudos de formas de 
alternativas de organização de trabalho, mais voltados para o ser humano. 
Por outro lado, Montmollin (1990), define condições de trabalho como tudo o que 
caracteriza uma situação de trabalho e permite ou impede a atividade dos 
trabalhadores. 
Hoje, as empresas começam a se preocupar em melhorar as suas condições de 
trabalho, a fim de assegurar a saúde e a segurança dos seus funcionários, entendendo 
que a produtividade só ocorre com a satisfação e com motivação dos mesmos. Diante 
do fenômeno da globalização, as empresas para se tornarem competitivas, precisarão 
priorizar seu capital humano. 
A partir dessas considerações gerais de trabalho e suas condições, pode-se 
evidenciar a origem e o desenvolvimento de uma disciplina, cujo objeto de estudo é o 
trabalho humano – a Ergonomia. 
 
 
 
 
3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO. 
 
“Companhias gastam milhões de dólares por ano na manutenção preventiva das 
suas máquinas. Não vemos razão para não fazermos o mesmo com nossos 
funcionários” (Peter Thigpen Thigpen, Presidente da Levi Strauss, USA, In da Silva et 
all, 1997). 
 
3.1 – Conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). 
 
A QVT tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência. 
Exemplo disto, é à busca do aprimoramento dos instrumentos primitivos dos quais 
decorriam suas condições de trabalho. Ao longo do tempo o termo qualidade de vida no 
trabalho, vem recebendo diferentes conotações, sendo a mais objetiva e clara a de 
facilitar e satisfazer as necessidades dos trabalhadores no desenvolver de suas 
atividades profissionais (RODRIGUES, 1994). 
A definição do termo Qualidade de Vida no Trabalho, na visão de diversos autores 
é apresentada a seguir: 
Guest (1979) – “...um processo pelo qual uma organização tenta relevar o 
potencial criativo do seu pessoal, envolvendo-os em decisões que afetam suas vidas no 
trabalho. Uma característica marcante do processo é que seus objetivos não são 
simplesmente intrínsecos no que diz respeito ao que o trabalhador vê como fins de 
autorealização e autoengrandecimento”. 
Davis (1981) – “Condições favoráveis ou desfavoráveis de um ambiente detrabalho para os empregados”. 
Fernandes e Becker (1988) – “Para reagrupar todas as experiências da 
humanização do trabalho e que orientam em função do que se tem convencionado 
denominar democracia industrial”. 
Fernandez (1989) – Relaciona os fatores motivacionais ligados ao desempenho. 
Existe QVT quando os indivíduos podem satisfazer suas necessidades pessoais 
importantes, através da organização em que atuam. 
 
 
3.2 – Modelos de QVT. 
 
Autores da área de comportamento organizacional, tem referenciado modelos para 
mensurar a motivação e satisfação no trabalho. 
Nadler e Lawler (1983) – indicam como atividades representativas da QVT: 
Participação nas decisões, Reestruturação do trabalho com enriquecimento de 
tarefas e grupos de trabalho autônomo, inovação no sistema de recompensas 
influenciando o clima organizacional e melhoria do ambiente de trabalho como horas, 
condições, regras e meio ambiente físico. 
Siqueira e Coletta (1989), realizaram estudo com 100 trabalhadores 
(Uberlândia/MG – entrevista e levantamentos de incidentes críticos e sugestões para a 
melhoria da vida no trabalho). Os fatores determinantes de QVT foram: o próprio 
trabalho, relações interpessoais, os colegas, os chefes, política de RH, confirmados da 
seguinte forma: 
Políticas de RH – Cargos e salários, treinamento, educação, benefícios, 
estabilidade, cumprimento das regras e legislação trabalhista; 
Trabalho – ambiente seguro/saudável, participação nas decisões, informações, 
equipamentos adequados, tarefas enriquecidas e trabalhos em grupo, possibilitar uma 
vida mais satisfatória fora do trabalho, horário fixo de 8 horas, amizade, contato direto 
com o patrão, etc; 
Interações pessoais – colegas/amizade, cooperação, confiança, chefia (aberta ao 
diálogo), participativa, conhecimento técnico, autoridade, confiança, etc; 
Indivíduo – assiduidade, baixa rotatividade, satisfação com o que faz, 
responsabilidade, iniciativa, confiança em si mesmo, separação entre problemas 
pessoais e profissionais, residir em local de fácil acesso; 
Empresa – Imagem, sólida, bem conceituada, regras bem definidas, administração 
eficiente. 
 
 
 
 
 
3.3 – Qualidade de vida no Trabalho e Produtividade. 
 
Segundo Huse et all (in Rodrigues, 1998), a QVT pode ser definida como uma de 
pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organização, onde se destacam dois 
aspectos muito importantes: 
Bem estar do trabalhador e eficácia organizacional e participação dos 
trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho. 
Os aspectos que diferenciam um programa de QVT de um outro aplicado a alguma 
organização radicam em quatro pontos fundamentais: 
A participação dos trabalhadores (pode ser através dos ciclos de controle de 
qualidade de vida, grupos de trabalhos cooperativos dentre outros); 
Projeto do cargo (devendo atender as necessidades tecnológicas dos 
trabalhadores, este deve incluir enriquecimento do trabalho – variedades da tarefa, 
juntamente com os grupos de trabalhos autoregulados); 
Inovação no sistema de recompensa (plano de cargo e salário, visando minimizar 
diferenças salariais e de nível entre trabalhadores); 
Melhoria no ambiente de trabalho (mudanças físicas ou tangíveis nas condições 
de trabalho: flexibilidade no horário, lay-out, etc. À medida que melhora o ambiente de 
trabalho, os trabalhadores tornam-se mais satisfeitos com seus serviços). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1: Pirâmide da Saúde Física 
 Fonte: Palestra da Caixa Econômica Federal, 2003. 
 
ATIVIDADE 
MUSCULAR 
ATIVIDADE 
AERÓBICA
 SER ATIVO 
 QUALIDADE DE SONO 
 ALIMENTAÇÃO 
 ALONGAMENTO 
 
 
 
Para termos uma boa qualidade de vida e aumentar a produtividade, devemos 
seguir estas recomendações nos dias da semana, seguindo a pirâmide da saúde física: 
1 dia por semana , realizar descanso total das atividades e participar de lazer, para 
reposição do equilíbrio e diminuir o estresse; 2 dias por semana , realizar atividade 
física com exercícios de força; 3 dias por semana, realizar atividade física aeróbica, 
para ativar e melhorar o sistema cardiopulmonar, a resistência e queimar gorduras; 4 
dias por semana, ser ativo o máximo possível (andando, subindo escadas, etc.); 5 dias 
por semana, ter uma boa qualidade de sono; 6 dias por semana, ter uma boa 
alimentação; 7 dias por semana, realizar alongamentos diários e freqüentes. 
 
3.4 – O porque da importância da promoção da saúde no trabalho. 
 
Segundo afirma da Silva et all (1997), para o empregado, as razões são obvias: 
uma vida melhor e provavelmente mais longa, com melhor saúde física e principalmente 
mais feliz. Este estado de felicidade não advém única e exclusivamente de um bem 
estar físico, mas principalmente de um bem estar interior decorrente das melhorias das 
relações pessoais que mantém no trabalho, além de passar a vivenciar o trabalho não 
como tortura e fonte de problemas, mas como algo prazeroso e desejável. 
Porque é tão importante o bem estar e a saúde no trabalho? A resposta é simples, 
é só lembrarmos da quantidade de tempo que passamos em nossas atividades de 
trabalho, sem exagero podemos dizer que é a maior parte de nossas vidas, quando 
estamos acordados, e por meio dele (trabalho), é que realizamos grande parte das 
nossas aspirações. 
Para as empresas, segundo o mesmo autor, os benefícios advindos deste novo 
estado de espírito dos seus empregados são óbvios. 
 
 
 
 
 
 
 
4 A AERONÁUTICA. 
 
Órgão do Governo Federal, pertencente ao Ministério da Defesa, que tem por 
função a proteção e a integridade do território nacional. Atualmente, em Catanduvas, a 
45 Km de Cascavel, encontra-se situado o Destacamento de Controle e Proteção do 
Tráfego Aéreo, composto de militares da Aeronáutica vindos de diversos lugares do 
Brasil. O Destacamento possui um Radar que trabalha 24 horas por dia juntamente com 
outros equipamentos como de VHF e UHF, para a comunicação com as aeronaves. O 
serviço é dividido por setores, que são os seguintes: 
Setor Administrativo (Serviços burocráticos): São militares que ficam bastante tempo 
sentado realizando serviços burocráticos. O uso de computadores é freqüente. 
Trabalham em média 5 horas por dia. 
Setor de Suprimento (Almoxarifado): O uso de computadores e serviços burocráticos, 
como os da secretaria, são freqüentes. Estoque de materiais em mesas, armários e 
principalmente em prateleiras.(materiais não são grandes, mas possui os leves e os 
pesados). Trabalham em média 5 horas por dia. 
Setor de Manutenções: Concertos em bancadas de equipamentos leves e pesados 
(como por exemplo ar-condicionado) na posição de pé e em poucas vezes na posição 
sentada. Trabalham 5 horas por dia. 
Setor de Serviços Gerais: Trabalham geralmente em serviços que utilizam ferramentas 
como pá, enxada, carrinho de mão, roçadeiras, etc. São trabalhos mais braçais 
normalmente. 
Setor de Escala diurna e noturna: São aqueles que trabalham em plantões. São 
técnicos militares que trabalham juntamente com equipamentos eletrônicos que 
funcionam 24h por dia (sem parar) gerando ruídos altos e buscando a atenção dos 
mesmos. Estes setores são os seguintes: Setor do Radar, possui equipamentos 
eletrônicos que exigem a atenção durante todo o serviço, sala do técnico de plantão 
com mesas, cadeiras, televisão e microondas. Setor da Casa de Força, também com 
equipamentos eletrônicos e elétricos, sala do técnico de plantão com mesa, cadeira, 
televisão, microondas e uma cama para descanso. Setor de Motoristas e sargento de 
dia, salas com mesas,cadeiras, televisão e camas. Setor de VHF (estação de rádio 
 
freqüência para a comunicação com as aeronaves), possui equipamentos eletrônicos, 
mesas, cadeiras e bancadas e o setor da guarda (no portão de entrada), possui mesa, 
cadeira, microondas e alojamento para o descanso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA. 
 
5.1 – Origem e evolução da ergonomia: 
 
Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez, em 1857, pelo 
polonês W. JASTRZEBOWSKI, que publicou um artigo intitulado “ensaio de ergonomia 
ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza”. 
Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como uma área 
de conhecimento humano, quando, durante a II Guerra Mundial, pela primeira vez, 
houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências 
humanas e biológicas. Filósofos, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros, 
trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operação de 
equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram 
tão frutíferos, que foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra (DUTRA, _). 
Segundo Ilda (1990), “com a eclosão da II Guerra Mundial, foram utilizados 
conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis para construir instrumentos 
bélicos relativamente complexos. Estes exigiam habilidade do operador, em condições 
ambientais bastante desfavoráveis e tensas, no campo de batalha. Os erros e 
acidentes, muitos com conseqüências fatais, eram freqüentes. Tudo isso fez redobrar o 
esforço de pesquisa para adaptar esses instrumentos bélicos às características e 
capacidade do operador, melhorando o desempenho e reduzindo a fadiga e os 
acidentes” (PIRES, 2001). 
Em 1959, a recomendação n° 112, da OIT – Organização Internacional do 
Trabalho, dedica-se aos serviços de saúde ocupacional, definido como serviços 
médicos instalados em um local de trabalho ou suas proximidades, com as seguintes 
finalidades: 
Proteger o trabalhador contra qualquer risco à saúde e que decorra do trabalho ou 
das condições em que ele é cumprido. 
Concorrer para o ajustamento físico e mental do trabalhador a suas atividades na 
empresa, através da adaptação do trabalho ao ser humano e pela colocação deste em 
setor que atenda às suas aptidões. 
 
Contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de 
bem-estar físico e mental dos trabalhadores. 
Nessa conceituação de serviços de saúde ocupacional, verifica-se a presença do 
conceito de ergonomia: adaptação do trabalho ao ser humano (DUTRA, _). 
A partir de então, a ergonomia tem evoluído de forma significativa e, atualmente, 
pode ser considerada como um estudo científico interdisciplinar do ser humano e da 
sua relação com o ambiente de trabalho, estendendo-se aos ambientes informatizados 
e seu entorno, incluindo usuários e tarefas. 
Hoje, a ergonomia difundiu-se em praticamente todos os países do mundo. 
Existem muitas instituições de ensino e pesquisa atuando na área e anualmente se 
realizam muitos eventos de caráter nacional ou internacional para a apresentação e a 
discussão dos resultados das pesquisas (DUTRA, _). 
 
5.2 – Conceitos de Ergonomia: 
 
O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos 
(regras). De fato, na Grécia antiga o trabalho tinha um duplo sentido: ponos que 
designava o trabalho escravo de sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon que 
designava o trabalho arte de criação, satisfação e motivação. Tal é o objetivo da 
ergonomia, transformar o trabalho ponos em trabalho ergon (DUTRA, _). 
Segundo Jouvencel (1994), numa publicação da revista internacional do trabalho, 
a ergonomia foi assim conceituada: “A aplicação conjunta de algumas ciências 
biológicas para assegurar entre o homem e o trabalho uma mútua e ótima adaptação, 
com a finalidade de incrementar o rendimento do trabalhador e contribuir para o seu 
bem-estar” (PIRES, 2001). 
Uma definição concisa de ergonomia é a seguinte: “Ergonomia é o estudo do 
relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e 
particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na 
solução dos problemas surgidos desse relacionamento” (IIDA, 1998). 
Para Wisner (1987), a “ergonomia constitui o conjunto de conhecimentos 
científicos relativos ao ser humano e necessário para a concepção de ferramentas, 
 
máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, 
segurança e eficácia”. 
A ergonomia estuda o comportamento do operário em relação à máquina, não só 
as condições físicas e a postura, como também as condições psicológicas nesse 
desempenho (Revista Movimentação, Knoplich, 1994). 
Os ergonomistas são profissionais que têm conhecimento sobre o funcionamento 
humano e estão prontos a atuar nos processos projetais de situações de trabalho, 
interagindo na definição da organização do trabalho, nas modalidades de seleção e 
treinamento, na definição do mobiliário e ambiente físico de trabalho (DUTRA, _). 
Os objetivos práticos da ergonomia são segurança, satisfação e o bem-estar dos 
trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos. A eficiência virá como 
resultado. Em geral, não se aceita colocar a eficiência como sendo o objetivo principal 
da ergonomia, porque ela, isoladamente, poderia significar sacrifício e sofrimento dos 
trabalhadores e isso é inaceitável, porque a ergonomia visa, em primeiro lugar, o bem-
estar do trabalhador (IIDA, 1998). 
A ergonomia, entre outros assuntos, procura estudar: 
As características materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, a 
resistência dos comandos, a dimensão do posto de trabalho, o meio ambiente físico (o 
ruído, iluminação, vibrações e ambiente térmico), a duração da tarefa, os horários e as 
pausas no trabalho, modelo de treinamento e aprendizagem, as lideranças e ordens 
dadas, análises das atividades físicas e cognitivas de trabalho, análise das informações 
e análise do processo de tratamento das informações. 
A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta antropocentricidade 
pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a se alcançar não 
apenas o aumento da produtividade, mas sobretudo uma melhor qualidade de vida no 
trabalho (DUTRA, _). 
 
5.3 – Abordagens em ergonomia: 
 
Uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, em especial nas escolas de 
linha francesa, é a de Análise Ergonômica do Trabalho, que procura estudar o trabalho 
 
não só na sua dimensão explícita (tarefa), conforme definido pela engenharia de 
métodos, mas, sobretudo, na sua dimensão implícita (atividades), característica do 
conhecimento tácito do pessoal de nível operacional. 
Em sua evolução conceitual, verifica-se que a ergonomia, hoje, se constitui numa 
ferramenta de gestão empresarial. De nada adianta a certificação de qualidade de 
processos e produtos, se não se consegue certificar sentimentos, crenças, hábitos, 
costumes, isto é, certificar o ser humano. Uma das formas de compatibilizar os sistemas 
técnico e social, é evidentemente, o que preceitua a ergonomia: a visão 
antropocêntrica. 
O centro das atenções no ser humano, isto é, a antropocentricidade da ergonomia, 
favorece não só mudanças organizacionais, como também alavanca mudanças no 
conceito de produtividade, este sendo visto a partir da qualidade de vida no trabalho, 
observando, dentre outros parâmetros: a participação do trabalhador, a liberdade para a 
criação e a valorização do saber fazer, istoé, do conhecimento tácito (DUTRA, _). 
Neste sentido, então, pode-se classificar a ergonomia de três maneiras: 
Quanto à abrangência: Ergonomia de posto de trabalho que é a abordagem 
microergonômica e Ergonomia de Sistemas de produção que é a abordagem 
macroergonômica. 
Quanto à contribuição: Ergonomia de Concepção é a aplicação de normas e 
especificações ergonômicas em projeto de ferramentas e postos de trabalho, antes de 
sua implantação; Ergonomia de Correção é a modificação de situações de trabalho já 
existente. Portanto, o estudo ergonômico só é feito após a implantação do posto de 
trabalho; Ergonomia de Arranjo Físico é a melhoria de seqüências e fluxos de 
produção, através da mudança de leiaute das plantas industriais; Ergonomia de 
Conscientização é a capacitação das pessoas nos métodos e técnicas de análise 
ergonômica do trabalho. 
Quanto à interdisciplinaridade: Engenharia é o projeto e a produção 
ergonomicamente corretos, garantindo a segurança, a saúde e a eficácia do ser 
humano do trabalho; Medicina e enfermagem do trabalho é a prevenção de acidentes e 
de doenças do trabalho; Administração que é a gestão de recursos humanos, projetos e 
mudanças organizacionais. 
 
5.4 – Tipos de Ergonomia: 
 
Na aplicação prática, várias tem sido as designações dadas a ergonomia. Sem 
procurar estabelecer uma patologia ergonômica, apresentaremos a seguir uma 
categorização definida a partir das diferentes designações encontradas na literatura: 
Ergonomia de projeto: é a incorporação de recomendações ergonômicas no 
estágio inicial do projeto de postos de trabalho; 
Ergonomia Industrial: é a correção ergonômica de situações de trabalho industrial 
já implantadas; 
Ergonomia do produto: é a concepção de um determinado objeto, a partir das 
normas e especificações ergonômicas, definidas preliminarmente; 
Ergonomia da produção: é a ergonomia de chão de fábrica, baseada na análise 
ergonômica dos diversos postos de trabalho; 
Ergonomia de laboratório: é a pesquisa em ergonomia, realizada em condições 
controladas de laboratório. Alguns autores, como (Montmollin, 1990), afirmam que não 
se trata verdadeiramente de uma pesquisa ergonômica, pois ela não é realizada em 
situação real de trabalho. 
Ergonomia de campo: é a pesquisa em ergonomia, realizada em situação real, 
utlizando-se como metodologia à análise ergonômica do trabalho. 
 
5.5 – Aplicações da ergonomia: 
 
A ergonomia pode ser aplicada nos mais diversos setores da atividade produtiva. 
Em princípio, sua maior aplicação se deu na agricultura, mineração e, sobretudo, na 
indústria. Mais recentemente, a ergonomia tem sido aplicada no emergente setor de 
serviços e, também, na vida cotidiana das pessoas, nas atividades domésticas e de 
lazer. 
A ergonomia na indústria: melhoria das interfaces dos sistemas ser humano/tarefa; 
melhoria das condições ambientais de trabalho; melhoria das condições 
organizacionais de trabalho. 
 
A ergonomia na agricultura e na mineração: melhoria do projeto de máquinas 
agrícolas e de mineração; melhoria das tarefas de colheita, transporte e armazenagem; 
estudos sobre os efeitos dos agrotóxicos. 
A ergonomia no setor de serviços: melhoria do projeto de sistemas de informação 
(ergonomia da informação); melhoria do projeto de sistemas complexos de controle 
(sala de controle); desenvolvimento de sistemas inteligentes de apoio à decisão; 
estudos diversos sobre: hospitais, bancos, supermercados,... 
A ergonomia na vida diária: consideração de recomendações ergonômicas na 
concepção de objetos e equipamentos eletrodomésticos de uso cotidiano (DUTRA, _). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 FUNDAMENTOS DE FISIOLOGIA DO TRABALHO. 
 
 Os comportamentos do ser humano no trabalho podem ser estudados sob dois 
ângulos: 
Sistema de transformação de energia: atividades motoras (ou musculares) de 
trabalho; que permitem a transformação da energia físico-muscular em energia 
mecânica de aplicação de forças, de deslocamentos, de movimentos, de manutenção 
de posturas, etc. 
Sistema de recepção e tratamento de informação: atividades cognitivas de 
trabalho, que permitem a detecção, a percepção e o tratamento das informações 
recebidas do meio ambiente de trabalho. 
Toda atividade profissional necessita de um trabalho muscular, mais ou menos 
importante, segundo as tarefas a serem realizadas; e este trabalho muscular é 
necessário tanto para a manutenção de uma simples postura, quanto para a execução 
de gestos e movimentos de trabalho (DUTRA, _). 
Um músculo sem irrigação sanguínea se fatiga rapidamente, não sendo possível 
mantê-lo contraído por mais de 1 ou 2 minutos. Se, ao invés de manter o músculo 
contraído, ele for contraído e relaxado alternadamente, o próprio músculo funciona 
como uma bomba sanguínea, ativando a circulação nos capilares; isso faz aumentar o 
volume do sangue circulado em até 20 vezes, em relação à situação de repouso. Isso 
significa dizer que o músculo passa a receber mais oxigênio, aumentando a sua 
resistência contra a fadiga (IIDA, 1998). 
Os músculos são responsáveis por todos os movimentos do corpo, são eles que 
transformam a energia química armazenada no corpo em contrações, originando os 
movimentos (DUTRA, _). 
O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos, 
para manter uma determinada posição. Isso ocorre, por exemplo, com os músculos 
dorsais e das pernas para manter a posição de pé, músculos dos ombros e do pescoço 
para manter a cabeça inclinada para frente, músculos da mão esquerda segurando a 
peça para se martelar com a outra mão, e assim por diante. 
 
O trabalho dinâmico é aquele que permite contrações e relaxamentos alternados 
dos músculos, como tarefa de martelar, serrar, girar um volante ou caminhar. 
O trabalho estático é altamente fatigante e, sempre que possível, deve ser evitado. 
Quando isso não for possível, pode ser aliviado, permitindo mudanças de posturas, 
melhorando o posicionamento de peças e ferramentas ou providenciando apoios para 
as partes do corpo com o objetivo de reduzir as contrações estáticas dos músculos. 
Também devem ser concedidas pausas de curta duração, mas com elevada freqüência, 
para permitir relaxamento muscular e alívio da fadiga (IIDA, 1998). 
A carga de trabalho representa o nível de atividade física e psíquica exigido das 
pessoas na execução das suas atividades. Ela pode ser dividida em carga externa e 
carga interna. A carga externa é denominada em ergonomia como contrainte e 
representa impactos que vêm do meio externo sobre o indivíduo. Esses impactos são 
divididos genericamente em físicos e mentais. Os impactos físicos incluem os campos 
dos agentes propriamente físicos e dos agentes químicos e biológicos. 
A carga interna, a astreinte, constitui-se no efeito da contrainte sobre as 
características individuais de cada pessoa, ou seja, as reações internas decorrentes da 
contrainte, sendo de grande variabilidade a singularidade. Em ergonomia, a carga mais 
passível de ser avaliada é, portanto, a contrainte. Ela avalia a carga física, ou seja, a 
quantidade de exigências sobre o corpo humano, a carga sensorial (quantidade e 
qualidade de estímulos visuais, sonoros, táteis, etc.) e a carga mental, que pode derivar 
de exigências cognitivas ou emocionais. 
Adequar a carga de trabalho às características das pessoas é o ponto fundamental 
da ergonomia (PIRES, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 POSTURAS E MOVIMENTOS. 
 
Postura e movimento têm grande importância na ergonomia. Tanto no trabalho 
como na vida cotidiana, eles são determinados pela tarefae pelo posto de trabalho. 
Para realizar uma postura ou um movimento, são acionados diversos músculos, 
ligamentos e articulações do corpo. Os músculos fornecem a força necessária para o 
corpo adotar uma postura ou realizar um movimento. Posturas ou movimentos 
inadequados produzem tensões mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações, 
resultando em dores no pescoço, costas, ombros, punhos e outras partes do sistema 
músculo-esquelético (Iida, 1995). 
A postura é a organização no espaço dos diferentes segmentos corporais, é o 
suporte da busca e das tomadas de informações para a ação do sujeito. É então 
determinada pelas características e exigências da tarefa, das condicionantes internas 
que são as formas fisiológicas e biomecânicas de manutenção do equilíbrio e das 
características do meio ambiente de trabalho (DUTRA, _). 
Segundo Gertz (1998), a postura inadequada exigirá maiores forças internas para 
a execução de uma tarefa. A postura correta promove boas condições biomecânicas, o 
que leva a um maior rendimento com relação à energia utilizada. Uma boa postura é 
aquela em que os centros de gravidade das partes do corpo ficam alinhados 
verticalmente, passando o mais próximo possível dos eixos de giro gerados pelas 
articulações. A postura estática exige, geralmente, baixos níveis de tensão muscular. 
Este estado prolongado de contração muscular provoca uma compressão dos vasos 
sanguíneos, reduzindo o fluxo de sangue e o fornecimento de oxigênio, o que leva ao 
desconforto e à dor, provocando fadiga mais rapidamente que a postura dinâmica. 
Em ergonomia, procura-se encontrar as posturas neutras, ou seja, aquelas que 
impõem carga possível sobre as articulações e segmentos músculo-esqueléticos. 
Quando isto não é completamente possível, busca-se a maior aproximação dessas 
posturas. É de grande importância a postura principal (postura-base) adotada pela 
pessoa na execução das suas atividades. Ela é determinada pelas exigências das 
atividades e, em grande parte, pelo desenho do posto de trabalho. Existem também 
 
posturas secundárias, que as pessoas conscientes e inconscientemente utilizam para 
variar as exigências músculo-esqueléticos. 
A flexibilidade postural, que permite ao sistema músculo-esquelético variar as 
posturas corporais, alternando os focos principais de exigência, ao mesmo tempo em 
que propicia mobilidade para esse sistema, é regra fundamental da ergonomia e da 
manutenção da saúde de músculos, tendões, etc. 
 Em termos da coluna vertebral pode-se considerar uma boa postura quando a 
configuração estática natural da coluna é respeitada, com suas curvaturas originais, e 
quando, além disso, a postura não exige esforço, não é cansativa e é indolor para o 
indivíduo, que pode nela permanecer por mais tempo. 
 
 Figura 2: coluna vertebral 
 Fonte: iida, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: 
Edgard Blucher LTDA, 1998. p. 66. 
 
O foco da ergonomia é o ser humano que trabalha. Assim, o ergonomista não 
deve olhar em primeiro lugar para um teclado de computador, mas para as mãos e para 
o conjunto do corpo humano que as sustenta em seu trabalho. 
Deve-se portanto, partir de idéias claras a respeito de quais são as posturas 
principais desejáveis nas situações de trabalho mais comuns: em pé parado e sentada. 
Posturas como ajoelhado, de cócoras e deitado são menos freqüentes. A postura em 
 
pé andando envolve mais estilos pessoais de movimentação corporal e o ambiente 
maior no qual a pessoa trabalha. Nesse caso, componentes importantes do posto de 
trabalho são representados por sacolas ou outros equipamentos ou materiais que as 
pessoas possam carregar consigo. 
Os princípios mais importantes da biomecânica para se obter uma boa postura é: 
As articulações devem ocupar uma posição neutra; 
Conserve pesos próximos ao corpo: quanto mais o peso estiver afastado do corpo, 
mais os braços serão tensionados e o corpo penderá para frente; 
Evite curvar-se para frente: quando o tronco pende para frente, há contração dos 
músculos e dos ligamentos das costas para manter essa posição; 
Evite inclinar a cabeça: quando a cabeça se inclina mais de 30 graus para frente, 
os músculos do pescoço são tensionados para manter essa postura e começam a 
aparecer dores na nuca e nos ombros; 
Evite torções do tronco: Posturas torcidas do tronco causam tensões indesejáveis 
nas vértebras; 
Evite movimentos bruscos que produzem picos de tensão: Sabe-se que o 
levantamento rápido de peso pode produzir fortes dores nas costas. O levantamento de 
peso deve ser feito gradualmente; 
Altere posturas e movimentos: Nenhuma postura ou movimento repetitivo deve ser 
mantido por um longo período; 
Pausas curtas e freqüentes são melhores: A fadiga muscular pode ser reduzida 
com diversas pausas distribuídas ao longo da jornada de trabalho (IIDA, 1995). 
Postura sentada: grande parte das atividades é realizada na posição sentada. 
Segundo autores como Bustamante, essa postura teria sua origem na definição 
hierárquica de posições sociais, sendo reservada àqueles de maior poder (PIRES, 
2001). 
A posição sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta 
posição. Praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso 
ísquio, nas nádegas (IIDA, 1998). 
 
As pessoas devem evitar permanecer prolongadamente na posição sentada, sem 
movimentação corporal mais significativa, ainda que estejam nas melhores condições 
biomecânicas (PIRES, 2001). 
A posição sentada apresenta vantagens sobre a em pé. O corpo fica mais bem 
apoiado em diversas superfícies: piso, assento, encosto, braços da cadeira, mesa. 
Portanto, a posição sentada é menos cansativa que a em pé. Entretanto, as atividades 
que exigem maiores forças ou movimentos do corpo são mais bem executadas em pé. 
Algumas dicas: 
a) Alterne a posição sentada com a em pé e andando. 
b) Ajuste a altura do assento e a posição do encosto. 
c) Use cadeiras especiais para tarefas específicas. 
d) A altura da superfície de trabalho depende da tarefa. 
e) Compatibilize as alturas da superfície de trabalho e do assento. 
f) Use apoio para os pés. 
g) Evite manipulações fora do alcance. 
g) Se possível, incline a superfície para a leitura. 
i) Deixe espaço para as pernas. 
 
 Figura 3: Espaço mínimo para as pernas abaixo da superfície de trabalho na posição sentada. 
Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 31. 
 
Postura sentada trabalhando em computador: Segundo Huet e Moraes (2002), 
a coluna vertebral, na posição sentada, deve ser mantida na sua forma normal, com um 
 
mínimo de forças sobre os discos intervertebrais, com o maior relaxamento possível dos 
músculos das costas. 
Dentro do conhecimento disponível no momento, as seguintes condições podem 
ser utilizadas como referência: 
Pescoço sem flexão, extensão ou torção; 
Ângulo tronco-coxa em torno de 100 a 110 graus; 
Braços na posição vertical, alinhados ao tronco, formando um ângulo de 90 a 110 
graus com os antebraços; 
Punhos em alinhamento natural com os antebraços, evitando sua flexão ou 
extensão; 
Ângulo coxas-pernas em torno de 90 a 120 graus; 
Coxas totalmente apoiadas sobre o assento e cadeira com bordas anteriores 
arredondadas, evitando-se a compressão das regiões poplíteas; 
Pés apoiados no chão e/ou no suporte para os pés, sem flexão forçada das 
pernas; 
Distância entre tela e os olhos do operador de 40 a 70 cm; 
Borda superior da tela do computador na linha horizontalque parte dos olhos do 
operador; 
Espaço suficiente sob a mesa para as pernas; 
Cadeira, mesa e acessórios ergonomicamente apropriados (PIRES, 2001). 
 
figura 4: Dimensões a serem consideradas Figura 5: Posturas adotadas no trabalho com 
na posição sentada. Computador. 
Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e 
São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p.109. Produção. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 
 1995. p. 163. 
 
Postura em pé: A posição em pé é recomendada para os casos em que há 
freqüentes deslocamentos do local ou quando há necessidade de aplicar grandes 
forças (IIDA, 1995). 
A mudança de postura durante o trabalho é de grande importância para a saúde 
do sistema músculo-esquelético, possibilitando variação de uso de articulações e 
segmentos músculo-ligamentares, além da redução de cargas estáticas (PIRES, 2001). 
 
 
 Figura 6: Especificações de desenho para altura adequada de trabalho para operador em pé. 
 Fonte: PIRES, Licínia e Rodrigo. Fundamentos da Prática Ergonômica. São Paulo: LTR LTDA, 
2001. p. 166. 
 
A figura 6 mostra as diferentes alturas para 3 tipos de trabalhos em pé: de 
precisão (altura da mesa 10 cm acima da altura dos cotovelos), leve (altura no nível dos 
cotovelos) e pesados (10 cm abaixo dos cotovelos) (IIDA, 1995). 
A posição parada, em pé, é altamente fatigante porque exige muito trabalho 
estático da musculatura envolvida para manter essa posição. O coração encontra 
maiores resistências para bombear sangue para os extremos do corpo. As pessoas que 
executam trabalhos dinâmicos em pé, geralmente apresentam menos fadiga que 
aquelas que permanecem estáticas ou com pouca movimentação (IIDA, 1998). 
Posturas das mãos e braços: O trabalho por longos períodos, usando as mãos e 
os braços em posturas inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e 
ombros. Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver inflamação nos 
nervos, resultando em dores e sensações de formigamento nos dedos. 
Dores no pescoço e nos ombros podem ocorrer quando se trabalha muito tempo 
com os braços levantados, sem apoio. Esses problemas ocorrem principalmente com o 
 
uso de ferramentas manuais. As dores se agravam quando há aplicação de forças ou 
se realizam movimentos repetitivos com as mãos. Pode-se conseguir posturas 
melhores com o posicionamento correto para a altura das mãos. Eis algumas dicas: 
a) Selecione a ferramenta correta: 
Existem muitos modelos de ferramentas. Selecione o modelo que melhor se 
adapte à tarefa e à postura, de modo que as articulações possam ser mantidas na 
posição neutra. 
b) Verifique se a ferramenta apresenta empunhaduras curvas para não torcer o 
punho: 
Em vez de torcer o punho, usando ferramentas retas, pode-se usar ferramentas 
com empunhaduras curvas, que permitam conservar o punho reto. 
 
Figura 7: O desvio ulnar do punho causado por um Figura 8: Punho para pistola com dupla 
alicate(A) pode ser eliminado adotando-se um cabo pega. 
encurvado como em (B). Fonte: COUTO, Hudson de Araújo. 
Fonte: COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada Ergonomia aplicada ao trabalho. MG: 
 ao Trabalho. MG: Ergo LTDA, 1996. p. 52. Ergo LTDA, 1996. p. 70. 
 
c) Alivie o peso das ferramentas manuais: 
As ferramentas manuais não devem exceder de 2Kg. 
d) Preste atenção na forma da pega: 
Pega é à parte da ferramenta ou máquina segurada pelas mãos. A forma e a 
localização da mesma devem possibilitar uma boa postura para as mãos e os braços. 
As mesmas também devem ter quinas arredondadas, e não quinas vivas que possam 
prejudicar o trabalhador. 
 
 
 Figura 9: Desenhos e dimensões características da pá. 
 Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 
p.374. 
 
 
 Figura 10: Objetos de bordas e quinas vivas podem comprimir os delicados tecidos dos 
membros superiores. 
 Fonte: COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao Trabalho. MG: Ergo LTDA, 
1996. p. 26. 
 
e) Evite atividades acima do nível dos ombros: 
As mãos e os cotovelos devem permanecer abaixo do nível dos ombros. Se for 
inevitável, a tarefa executada acima do nível dos ombros deve ter duração limitada. 
Deve haver também descansos regulares durante a realização da mesma. 
f) Evite trabalhar com as mãos para trás: 
 
Deve-se evitar o trabalho com as mãos para trás do corpo. Esse tipo de postura 
ocorre, por exemplo, quando se empurram objetos para trás, como ocorre com os 
caixas de supermercados (IIDA, 1995). 
 
 Figura 11: A postura com mãos e cotovelos para trás do corpo deve ser evitada. 
 Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p.39. 
 
Levantamento de pesos: O levantamento manual de pesos ainda é necessário, 
apesar da automatização. Este é uma das maiores causas das dores nas costas. 
Muitos trabalhos envolvendo levantamentos de pesos não satisfazem os requisitos 
ergonômicos. Dicas: 
Restrinja o número de tarefas que envolvam a carga manual: Se não for possível 
evitar os levantamentos manuais de pesos, freqüentes e pesados, estes devem ser 
intercalados com outras atividades leves, aplicando-se o enriquecimento do trabalho. 
Condições favoráveis para o levantamento de pesos: Se o levantamento manual 
de pesos for inevitável, é necessário criar condições favoráveis para essa tarefa. É 
necessário manter a carga próxima do corpo (distância horizontal entre a mão e o 
tornozelo de cerca de 25 cm). A carga deve estar colocada sobre uma bancada de 75 
cm de altura, aproximadamente, antes de começar o levantamento. O deslocamento 
vertical do peso não deve exceder 25 cm. Deve se possível segurar o peso com as 
duas mãos. A carga deve ser provida de alças ou furos para encaixe dos dedos. O 
tronco não deve ficar torcido durante o levantamento. 
 
 
 
 
Figura 12: Ao aumentar a distância entre as Figura 13: levantamento pesos deve ser com as 
mãos e o corpo há um aumento da tensão nas costas. pernas e deve-se evitar a rotação de tronco. 
Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São aulo 
Edgard Blucher LTDA, 1995. p.19. Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 19. 
 
 
 Limite o levantamento de peso para 23 Kg no máximo; 
 O posto deve ser projetado adequadamente para o trabalho pesado: As 
bancadas, prateleiras, máquinas e outros, nas quais ocorrerão trabalhos pesados, 
devem ser projetadas de acordo com as recomendações: deverá ter espaço adequado 
para os pés, deve-se evitar a torção de tronco, as mãos devem situar-se 
aproximadamente a 75 cm de altura, encostadas ao corpo. 
 Os objetos devem ter alças para as mãos: Os objetos devem ter alças ou furos 
laterais para o encaixe dos dedos. 
 
 
 
 Figura 14: As caixas devem ter pegas laterais. 
 Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 43.Use técnicas corretas para o levantamento de pesos: Inclinar ou girar o tronco 
durante o levantamento de carga pode provocar lesões nas costas. Inclinar o tronco, 
em vez de usar a musculatura das pernas, provoca um aumento de 30% na tensão do 
dorso. O levantamento de pesos deve ser feito com o dorso vertical, flexionando as 
pernas e mantendo a carga o mais próximo possível do corpo. 
 
 Figura 15: Usar as pernas para levantar pesos. 
 Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: Edgard 
Blucher LTDA, 1998. p.95. 
 
Puxar e empurrar cargas: O movimento de puxar e empurrar cargas provoca 
tensões nos braços, ombros e pernas. Para empurrar e puxar, deve-se usar o peso do 
corpo a favor do movimento (IIDA, 1995). 
 
 
 Figura 16: Para puxar ou empurrar deve-se usar o peso do corpo. 
 Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 49. 
 
Áreas de alcance: A área de alcance ótimo sobre a mesa pode ser traçada, 
girando-se os antebraços em torno dos cotovelos com os braços caídos normalmente. 
A parte central situada em frente ao corpo, fazendo interseção com os dois arcos, será 
a área ótima para usar as duas mãos. A área de alcance máximo será obtida fazendo-
se girar os braços estendidos em torno do ombro. O espaço de alcance vertical 
corresponde ao raio de ação dos braços, estando as mãos em posição de preensão. A 
altura de alcance em que uma pessoa pode alcançar é proposta por uma fórmula: altura 
máxima de alcance= 1,24 x estatura. Um dado importante é a profundidade das 
prateleiras, principalmente no que se refere à necessidade de as pessoas visualizarem 
nitidamente objetos a serem apreendidos, assim como para evitarem posturas e 
movimentos forçados (PIRES, 2001). 
 
 Figura 17: Áreas de alcances ótimo e máximo na mesa. 
 Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher 
LTDA, 1998. p. 137. 
 
8 CONDIÇÕES DE TRABALHO. 
 
Já houve época em que o trabalho foi considerado um “castigo” ou um mal 
necessário. Muita gente trabalhava somente porque precisava ganhar dinheiro para a 
sobrevivência. Se tivéssemos oportunidade de examinar as condições em que as 
pessoas trabalhavam, certamente acharíamos que elas tinham razão. As fábricas eram 
sujas, escuras, barulhentas e perigosas. Os postos de trabalho eram improvisados. 
Modernamente, as fábricas vêm adquirindo um outro aspecto. Cada posto de 
trabalho, às vezes, é uma “máquina” de alta complexidade, que exigiu muitos estudos 
de diversos especialistas, para que possa ser operado de forma eficiente, com um 
mínimo de riscos. A temperatura e a iluminação são também cuidadosamente 
estudadas para criar um ambiente agradável. Os espaços são organizados de forma a 
permitir um bom relacionamento com os colegas e os supervisores. Assim, o trabalho 
deixou de ser um “sacrifício” e passou a ser uma fonte de satisfação e de auto-
realização. 
Para promover essa transformação, é necessário analisar as principais fontes de 
insatisfação dos trabalhadores e atuar sobre os mesmos. 
a) Ambiente Físico – O ambiente físico abrange o posto de trabalho e as 
condições físicas como iluminação, temperatura, ruídos, vibrações e espaço de 
trabalho. Se esses elementos não estiverem dentro das faixas de tolerância humana, 
constituem-se em fontes de “estresse” e de insatisfação no trabalho. 
b) Ambiente psicossocial – O ambiente psicossocial abrange aspectos como 
sentimento de segurança e estima, oportunidades de progresso funcional, percepção 
da imagem da empresa, aspectos intrínsecos do trabalho, relacionamento social com os 
colegas e os benefícios que o trabalhador recebe da empresa. 
c) Jornada de trabalho – Com o progresso tecnológico e o aumento da 
produtividade, há uma tendência histórica de se reduzir à jornada de trabalho. Ela já 
chegou a ser de 16 horas diárias, no início da revolução industrial. Hoje é adotado 5 
dias semanais de trabalho, com jornadas diárias de 8 a 9 horas, totalizando 40 a 50 
horas semanais (IIDA, 1998). 
 
 
8.1 – Dimensionamento de espaços de circulação: 
 
A área de trabalho deve ser organizada de tal forma que o produto tenha um fluxo 
crescente ao longo da mesma, em uma direção, evitando-se ao máximo o retorno do 
mesmo no contrafluxo. Deve-se tomar cuidados para evitar que o corpo humano atinja 
partes de máquinas ao se movimentar, ou que partes móveis de máquinas atinjam o ser 
humano ao se movimentarem (COUTO, 1996). 
 
 Figura 18: Espaço de circulação 
 Fonte: COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao Trabalho. MG: 
Ergo LTDA, 1996. p. 168. 
 
Para a circulação de uma só pessoa, deve-se ter um espaço de pelo menos 80 cm 
entre objetos. Para a circulação de duas pessoa ao mesmo tempo, deve-se ter um 
espaço livre de pelo menos 1,20 m (DUTRA, _). 
 
 8.2 – Ambiente térmico: 
 
Segundo Verdussen (1978), a temperatura é um ponto que deve merecer o maior 
cuidado, quando se busca criar adequadas condições ambientais de trabalho. Há 
temperaturas que nos dão uma sensação de conforto, enquanto outras tornam-se 
desagradáveis e até prejudiciais à saúde. 
Conforto térmico – é um estado de espírito que reflete a satisfação com o 
ambiente térmico que envolve a pessoa. Se o balanço de todas as trocas de calor a que 
está submetido o corpo humano for nulo e a temperatura da pele e suor estiverem 
dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente conforto térmico 
(DUTRA, _). 
 
A temperatura abaixo ou acima dos limites de conforto térmico – limites dentro dos 
quais a temperatura efetiva é confortável – geram desconforto e podem influenciar 
negativamente o desempenho das pessoas (PIRES, 2001). 
Trabalho em altas temperaturas: Segundo Laville (1997), durante o trabalho físico 
no calor, constata-se que a capacidade muscular se reduz, o rendimento decai e a 
atividade mental se altera, apresentando perturbação da coordenação sensório-motora. 
A freqüência de erros e acidentes tende a aumentar pois o nível de vigilância diminui, 
principalmente a partir de 30 graus. Outros problemas relacionados a altas 
temperaturas: insolação, câimbras, conjuntivites e dermatites. Algumas recomendações 
para o trabalho em locais quentes: isolamento das fontes de calor, roupas e óculos 
adequados no caso de calor por irradiação, pausas para repouso, reposição hídrica 
adequada e ventilação natural. 
Trabalho em baixas temperaturas: Os danos à saúde, nestes casos, apresentam 
uma relação direta entre o tempo de exposição e as condições de proteção corporal. 
Destacam-se, ainda, os cuidados necessários à prevenção dos denominados choques 
térmicos, que podem ocorrer quando o organismo é exposto a uma variação brusca de 
temperatura. Os efeitos sobre a saúde do trabalhador frente a um ambiente de trabalho 
com baixas temperaturas são, entre outros: Enregelamento dos membros devido a má 
circulação do sangue, ulcerações decorrentes da necrose dos tecidos expostos, 
redução das habilidades motoras como a destreza e a força, da capacidade de pensar 
e julgar (DUTRA, _). 
 
8.3 – Ambiente acústico: 
 
O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica, desde o 
limiar da audição até o limiar da dor. 
O ruído – é o som desagradável e indesejável. Também é um estímulo

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