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Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social - WEB (3)

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Relações Étnico-Raciais e 
Responsabilidade Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mirian Aparecida Micarelli Struett 
 
Relações Étnico-Raciais e 
Responsabilidade Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mirian Aparecida Micarelli Struett 
Organizadores: Aline Carneiro Silverol, Eber da Cunha Mendes 
 
nead - núcleo de educação a distância 
coordenador de ead: Patrícia Gonçalves Oliveira 
direção geral: Carlos Fernando Barbosa 
 
direção acadêmica: Eber da Cunha Mendes 
 
diretor Financeiro: Renato Gonçalves Oliveira 
 
 
coordenação de curso: Patrícia Gonçalves de Oliveira 
 
capa e editoração: Renata Sguissardi; Andresa G. Zam; Diego R. Pinaffo; André Morais 
 
 
 
 
Ficha catalográFica - Serviço de BiBlioteca e documentação – FaBra 
 
 
 
 
Ficha catalográfica realizada pela bibliotecária 
Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais do Centro de Ensino Superior FABRA 
 
S9276r STRUETT, Mirian Aparecida Micarelli. 
Relações étnico-raciais e responsabilidade social / Mirian 
Aparecida Micarelli Struett; organização de Aline Carneiro Silverol, 
Eber da Cunha Mendes. – Serra, ES: Centro de Ensino Superior 
Fabra, 2017. 
189 p. : il.. 
ISBN: 978-85-92808-11-2 
1. Responsabilidade social. 2. Brasil - Relações étnicas. 3. 
Brasil - Relações raciais. I. Título. II. SILVEROL, Aline Carneiro. III. 
MENDES, Eber da Cunha. 
CDD: 658.408 
 
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Relações Étnico-Raciais e 
Responsabilidade Social 
Mirian Aparecida Micarelli Struett 
 
 
Caro(a) acadêmico(a), é com muita satisfação que apresento a você o 
livro que fará parte da disciplina Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade 
Social. A literatura é vasta, porém não conclusiva, quando o assunto é 
relacionamento multicultural e responsabilidade social. De maneira que 
selecionei as melhores referências na área para que esta disciplina venha a 
somar ainda mais conhecimento ao que você notadamente já possui. 
Sou a professora Mirian, minha formação é em Administração, tanto na 
graduação quanto no Mestrado, na área de Gestão de Negócios e pós- 
graduação em Tecnologias da Educação a Distância. Sou funcionária 
pública, docente na área de Sustentabilidade e Responsabilidade Social e 
pesquisadora na área de Gestão Organizacional e, por isso acredito poder 
contribuir para a discussão sobre esse importante tema. 
O objetivo principal desta importante disciplina é oportunizar a 
você as principais discussões acerca do tema proposto, apresentando 
historicamente, alguns elementos importantes sobre as organizações em 
sociedade, as relações do capital-trabalho, desenvolvimento sustentável e 
responsabilidade social, e as relações étnico-raciais, apontando quais foram 
e serão os próximos desafios em seu campo de atuação. 
Desta forma, o livro foi organizado pensando em você, prezado(a) 
estudante, e, para tanto, será necessário também muito empenho da sua 
parte para que a concretização desse trabalho tenha bons frutos. Por 
 
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isso, no decorrer de suas leituras procure interagir com os textos, fazer 
anotações, responder às atividades de autoestudo, anotar suas dúvidas, 
ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos 
tratados, pois não foi intento, desta pesquisadora, esgotar todo o assunto 
neste livro. 
Para nortear vosso trabalho, na primeira unidade deste livro, você terá 
uma visão geral sobre as “Organizações em sociedade”, em seguida, na 
segunda unidade, você se familiarizará com o tema “Responsabilidade social 
e sustentabilidade” e, por fim, na terceira e última unidade compreenderá 
como é importante e fundamental o relacionamento multicultural nas 
organizações e sociedade, a partir do tema “Relações Étnico-raciais”, um 
dos principais desafios para a sociedade atual. 
Uma vez norteado vosso caminho, seguem as etapas que você trilhará! 
Na primeira unidade, você refletirá sobre a evolução do pensamento sobre 
o trabalho, quais são as formas de poder e dominação nas organizações, 
como está a relação entre o capital-trabalho desde os primórdios até os 
dias atuais nas organizações e na sociedade. A seguir, será apresentado 
a você, como as inovações e perspectivas nas relações do trabalho e 
organizações, e principalmente como a sociedade tem se comportado no 
contexto socioambiental. 
Neste contexto bastante atual, prezado(a) estudante, você compreenderá 
como as transformações mundiais e contemplando aqui, nesta unidade, 
as questões socioambientais, levam às reestruturações na sociedade, 
influenciando a morfologia da organização e das relações de produção 
e processos de trabalho. Esta unidade é fundamental para que você 
compreenda o porquê e como as atividades organizacionais impactam na 
qualidade de vida da sociedade e servirá de base para você compreender 
como o desenvolvimento econômico levou as organizações a se tornarem 
 
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agentes de transformação na busca pela sustentabilidade socioambiental a 
partir do uso da ferramenta da responsabilidade social. 
Na segunda unidade será apresentado como a sociedade – há algumas 
décadas – discute sobre o desenvolvimento sustentável do planeta, 
chamando a atenção para a busca de soluções sustentáveis em nossa 
atuação enquanto indivíduos e organizações. Como você irá perceber há 
ainda muitas resistências por parte dos gestores organizacionais ao uso da 
ferramenta da responsabilidade social que culminam também em graus de 
envolvimento maiores ou menores de sensibilidade social. Há, entretanto, 
diversas organizações – como será demonstrado – que preocupados com 
sua imagem, atuam com responsabilidade social, utilizando também outros 
instrumentos importantes como o Balanço Social, buscando demonstrar à 
sociedade que não somente se preocupam com a dimensão econômica, 
mas, também as dimensões socioambientais. 
Desta forma, essas organizações utilizam modelos que se traduzem em 
responsabilidade social empresarial a partir do uso do Triple Botton Line e 
realizando uma gestão que se traduz em ética e governança corporativa. 
Compreenderá também, como as organizações e as sociedades têm atuado 
no contexto da Sustentabilidade econômica, social e ambiental, buscando 
a sua própria sobrevivência organizacional, porém, corroborando com as 
dimensões socioambientais. 
A terceira unidade será de fato muito importante, pois tratará de 
conceitos sobre etnicidade, racismo, diversidade, ações afirmativas, 
políticas de compensação e reparação, envolvendo uma discussão sobre 
os processos produtivos, as ações das empresas e das pessoas e suas 
relações no processo de desigualdade e exclusão social, bem como se 
fundamentam essas relações também dentro do sistema capitalista. Nosso 
objetivo aqui é o de entender o papel das empresas e da sociedade e suas 
 
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UNIDADE 1: ORgANIzAÇõES E SOcIEDADE 11 
INTRODUÇÃO.................................................................................. 13 
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO SOBRE O TRABALHO ................ 14 
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................. 24 
PODER E DOMINAÇÃO NA SOCIEDADE E NO TRABALHO ............ 35 
INOVAÇÕES E PERSPECTIVAS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO E 
ORGANIZAÇÕES ............................................................................. 47 
A SOCIEDADE GLOBAL 
E AS QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS ............................................. 56 
UNIDADE 2: RESPONSAbIlIDADE SOcIAl 
E SUSTENTAbIlIDADE 69 
INTRODUÇÃO.................................................................................. 71 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 
RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE ................... 72 
DILEMAS ACERCA DA RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL ......... 81 
BALANÇO SOCIAL E OS INDICADORES 
DE SUSTENTABILIDADE ................................................................. 94 
TRIPLE BOTTOM LINE E 3 P’S (PROFIT, PEOPLE AND PLANET) .... 106 
RESPONSABILIDADE SOCIAL: 
GOVERNANÇA CORPORATIVA E ÉTICA ......................................... 110 
UNIDADE 3: RElAÇõES éTNIcO-RAcIAIS 121 
INTRODUÇÃO.................................................................................. 123 S
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ETNICIDADE ....................................................................................124 
CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA E AS QUESTÕES DOS 
INDÍGENAS ......................................................................................134 
A história e cultura Afro-Brasileira e Africana ......................................... 135 
A questão indígena no Brasil ................................................................. 142 
O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL ..................................................150 
CONSCIÊNCIA POLÍTICA, DIVERSIDADE 
E AÇÕES AFIRMATIVAS ..................................................................156 
POLÍTICAS DE REPARAÇÕES E DE RECONHECIMENTO NAS 
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS..........................................................170 
cONclUSÃO 185 
REFERÊNcIAS 188 S
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UNIDADE 1 
Organizações e sociedade 
Mirian Aparecida Micarelli Struett 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ObjEtIvOs DE AprENDIzAgEm 
 
 
• Compreender como se deu a evolução do pensamento sobre o 
trabalho. 
• Discutir as formas de organização do trabalho em contexto. 
• Entender o significado e as formas de poder e dominação na 
sociedade e nas organizações. 
• Verificar as inovações e perspectivas nas relações de trabalho e 
organizações. 
• Compreender como a sociedade global tem tratado as questões 
socioambientais no cotidiano organizacional. 
 
plANO DE EstUDO 
Serão abordados os seguintes tópicos: 
• A evolução do pensamento sobre o trabalho 
• Formas de organização do trabalho 
• Poder e dominação na sociedade e nas organizações 
• Inovações e Perspectivas nas relações de trabalho e organizações 
• A sociedade global e as questões socioambientais 
 
 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
13 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado(a) estudante! 
 
Você já pensou sobre a influência do trabalho na qualidade de vida humana? E o 
impacto que as organizações ao longo dos anos têm realizado na sociedade? 
 
Para compreender esta relação tão importante, entre o trabalho nas organizações e 
na sociedade, faz-se mister compreender como foi a evolução do pensamento sobre 
o trabalho, quais são as formas de poder e dominação nas organizações, como se 
organizou o trabalho desde os primórdios até os dias atuais. A partir da discussão 
sobre as inovações e perspectivas nas relações do trabalho e organizações, bem 
como entender como a sociedade, principalmente as organizações têm se compor- 
tado no contexto das questões socioambientais podemos inferir sobre qual deve ser 
a próxima etapa para a atuação do trabalhador e das organizações em sociedade. 
 
Como você irá perceber nesta unidade, caro(a) aluno(a), a relação trabalho e orga- 
nização são compreendidas como um processo de interação entre homem e natu- 
reza e seu principal objetivo, vai além da criação do valor, de uso, transforma suas 
relações ao longo dos últimos anos. Ademais, implicam também estas relações de 
conflitos de interesses que podem ser resolvidos ou atenuados por meio do poder 
que as organizações em sociedade impõem aos trabalhadores. 
 
14 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Em um contexto bastante atual, prezado(a) estudante, você compreenderá como 
as transformações mundiais levam às reestruturações e como as inovações pelas 
quais a sociedade tem passado são variadas e influenciam a forma de organiza- 
ção e funcionamento das relações de produção e processos de trabalho. Essas 
mutações no mundo do trabalho e o momento pela qual a sociedade global está 
passando, trazem uma nova morfologia ao trabalho, levando ainda mais a precari- 
zação do trabalhador. Como condição sine qua non, é preciso compreender que a 
garantia de qualidade de vida e a própria existência humana dependem da cons- 
ciência socioambiental da sociedade como um todo, envolvendo vários atores, na 
qual as organizações têm papel fundamental. 
 
bons estudos nesta unidade! 
 
 
 
A EVOlUÇÃO DO PENSAMENTO SObRE O TRAbAlHO 
Etimologicamente a palavra trabalho significa tortura. O termo vem do latim tripalium. 
“Ao tripalium, onde os prisioneiros são torturados”. De maneira geral, é o ato ou 
efeito de trabalhar, seja por exercício, físico ou mental/intelectual (FERREIRA, 2010). 
 
Estudando o mundo do trabalho será possível identificar as transformações ocorridas 
nas últimas décadas, a começar pela inovação tecnológica, a reestruturação produtiva, 
 
15 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Sociala precarização das relações de trabalho, as exigências decorrentes dos modelos de 
gestão organizacionais, as novas formas de organização e perceber como essas mu- 
danças do século XX até os dias atuais, muitas delas, ocorridas no ambiente de traba- 
lho, trouxeram para a vida dos trabalhadores (SOUZA; TOLFO, 2009). 
 
De acordo com Souza e Tolfo (2009, p.1): 
 
O trabalho ocupa um lugar central na vida de quem o realiza, pois é por meio dele 
que o ser humano organiza sua vida, seus horários e suas atividades, e até mesmo 
seus relacionamentos são influenciados pelo trabalho. O trabalho é uma das prin- 
cipais categorias por meio do qual o homem interage no seu meio social e no seu 
tempo, seja pelo fato de ser um meio de sobrevivência, seja pelo tempo da vida a 
ele dedicado, seja pelo fato de ser um meio de realização profissional e pessoal. Em 
função disso, em casos de desemprego as pessoas são afetadas de diversas for- 
mas, como a falta de sentido de vida, perda e pontos de referência espaço-tempo- 
ral, distanciamento cultural, isolamento social, problemas familiares e adoecimento 
mental e físico, etc. 
 
De acordo com Mustafa e Benatti (2010, pp.404-405 ): 
 
“O trabalho constitui elemento central na vida dos homens e que por meio dele se 
busca a satisfação das necessidades humanas”. Seu surgimento assim se resume 
historicamente: 
 
 
 
 
16 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
 
 
• Na história primitiva os homens produziam unicamente para satisfazer 
suas necessidades imediatas e os instrumentos utilizados, inicialmente ru- 
dimentares vão aos poucos sendo aperfeiçoados, para garantir a caça e a 
pesca. A propriedade e a produção eram partilhadas entre todos e a única 
divisão do trabalho era divisão sexual (papéis diferenciados entre homem 
e mulher). 
 
• Com o surgimento da agricultura, por exemplo, o homem já começava a ter 
excedentes, dando início a mercadoria e sua comercialização. Daí decorre, 
a separação entre aqueles que produzem e aqueles que se apropriam da 
produção excedente. 
 
• No Ocidente, anos 3000 a.C até 476 d.C, os escravos advinham das chama- 
das guerras de conquistas, trabalhando em terras conquistadas pelo Estado, 
 
17 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
dado aos nobres – surge então a divisão dos homens entre proprietários e 
 
não proprietários. 
 
• No fim do Império Romano, esboça-se nova organização societária – socie- 
dade feudal – os servos produziam (trabalhavam) nas terras dos senhores 
para obterem subsistência. Com o excedente, caracterizava-se a exploração 
do trabalho. 
 
• A produção dos pequenos artesãos se destinava à troca, dando origem às 
corporações. 
 
• A produção agora não tinha só valor de uso (produto produzido por tra- 
balho humano concreto, útil ao homem), mas também valor de troca (re- 
sultados de trabalhos diversos, incluem o trabalho humano abstrato). 
 
Apesar dos diversos significados atribuídos ao trabalho, fundamentalmente e his- 
toricamente, como podemos perceber, o trabalho se afirma na satisfação de nos- 
sas necessidades, no sentido de obtermos os bens necessários à sobrevivência, 
partindo da forma mais elementar, da relação do homem com a natureza. 
 
Nesta relação do ser humano com a natureza, há uma transformação para que 
objetos produzidos possam satisfazer suas necessidades. Para Iasi (2010, p.63) “a 
 
 
18 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
atividade do trabalho consiste em transformar a natureza, e não apenas na apro- 
priação de seus elementos tal como se encontram”. 
 
O trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em 
que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla o seu inter- 
câmbio material com a natureza. Defronta-se com a natureza como uma de suas 
forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços e pernas, cabeça 
e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil 
à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a ao mesmo 
tempo em que modifica sua própria natureza (MARX, 1988, p.202). 
 
Neste sentido, a ação humana que altera a natureza, altera o próprio ser humano, 
produzindo sempre novas necessidades. Para plantar ou arrancar raízes, ou pre- 
parar a terra para o plantio, por exemplo, é necessária a criação de instrumentos, 
chamados “meios de produção”. Considerada de forma simples, os elementos do 
processo seriam então: 
 
1) Uma atividade orientada a um fim; 2) a matéria a que se aplica o trabalho, ou o 
objeto do trabalho; e 3) os meios e instrumentos de trabalho. Assim considerado, o 
processo de trabalho é apenas um processo de produção de valores de uso para 
satisfazer diretamente, com meios de consumo, ou indiretamente, como meios de 
produção, necessidades humanas (IASI, 2010, p.64). 
 
Para Iasi (2010), os seres humanos não produzem apenas os bens necessários 
à existência e os meios de produção necessários para isso, produzem também 
relações sociais, ou ainda, produzem a si mesmos como seres sociais. Visto 
 
19 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
desta maneira, de maneira singular, não haveria nada no trabalho que levasse 
o homem ao estranhamento, ou melhor, não haveria obstáculo à emancipação, 
pois o que há de especificamente humano, se dá graças ao trabalho, ou ainda, 
deste agir humano o que lhe poderia ser hostil ou controlá-lo? 
 
O principal objetivo do processo de trabalho é a criação do valor de uso, de forma 
que a atividade laboral é inerente ao ser humano e a sua existência. O trabalhador 
em sua essência vende sua força de trabalho e não o trabalho em si, uma vez, que 
nele, há o dispêndio da força que confere, por sua vez, valor às mercadorias – de- 
nominado como trabalho abstrato (MARX, 1988). 
 
De acordo com Antunes (2010, p.28): 
 
No mundo produtivo, o trabalho abstrato cumpre papel decisivo na criação de valores 
de troca. A redução do tempo físico do trabalho manual direto e a ampliação do traba- 
lho mais intelectualizado, não negam à lei do valor, quando se considera a totalidade 
do trabalho, a capacidade do trabalho socialmente combinada, o trabalhador coletivo 
como expressão de múltiplas atividades combinadas. 
 
De acordo com Iasi (2010, p.67), fenômeno do estranhamento ou também cha- 
mada “alienação” está ligado a “uma forma particular e determinada de trabalho, 
aquela que pressupõe a produção de mercadorias e que assume seu ponto culmi- 
nante sob o processo capitalista de produção de mercadorias”. 
 
 
20 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
REFLITA 
Mas afinal, “o que há na forma particular do processo de trabalho submisso 
ao capital que poderia inverter a característica do trabalho, ou seja, de base 
da sociabilidade humana para fundamento da alienação (estranhamento)?” 
(IASI, 2010, p.67). 
 
 
O processo de trabalho exige uma atividade orientada para um fim, objetos sob os 
quais atua a força de trabalho e meios de produção que permitam a mediação en- 
tre força de trabalho e seus objetos. Produzir mercadorias exige necessariamente 
produção de valores de uso. O trabalhador submetido a essas relações agora se 
apresenta como forma de estranhamento ou alienação, determinado pelo capital, e 
isso sim, é desastroso para a emancipação humana (IASI, 2010). 
 
No raciocínio de Marx (2004, p.80 apud IASI, 2010, pp.71-72): 
 
O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais 
a sua produção aumenta em poder e extensão. O trabalhador tonar-se uma merca- 
doria tanto mais barata, quanto mais mercadorias cria. Com a valorização do mundo 
das coisas aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens. 
O trabalho não produz apenas mercadorias; produz também a simesmo e ao tra- 
balhador como mercadoria, e isto na medida em que, de fato, produz mercadorias 
em geral. 
 
 
21 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Como percebemos até agora, a condição humana é transformada em mercadoria, 
e o aumento da produtividade do trabalho, que em princípio aumenta a quantidade 
de valores de uso, produz ao mesmo tempo, um efeito inverso que é a desvaloriza- 
ção da própria mercadoria, a força de trabalho, a qual sofre oscilações do mercado. 
 
O trabalho não é só explorado pelo tempo excedente e baixos salários, como 
pelo ritmo que se impõe à produção, sem alteração de jornada de trabalho. Além 
da separação entre trabalhador e meios de produção, não existe mais a unidade 
entre necessidades e produção na era do capital, ou seja, a produção não é mais 
voltada para o uso, mas principalmente para a troca. 
 
Conforme indica Antunes (1999 apud SILVA; SILVA, 2010, p.115): 
 
O trabalho é instância de realização do ser social e condição para sua existência e hu- 
manização [...] Entretanto, no modo de produção capitalista, o que deveria ser finalida- 
de básica do ser social (no e pelo trabalho) é pervertido e degradado, isto é, o trabalho 
é subjugado ao capital, tendo em vista que o processo de trabalho é apenas meio de 
sobrevivência, a força de trabalho é mercadoria que produz outras mercadorias. 
 
A condição humana tinha o trabalho como meio de humanização, agora na condi- 
ção de mercadoria, ocorre a desumanização, porque só se tem acesso ao trabalho, 
por isso soa externo ao trabalhador, produzindo, na maioria das vezes, sofrimento 
como aponta Dejours (1992, p.96 apud IASI, 2010, p.73). 
 
 
22 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
 
 
 
As tarefas repetitivas, os comportamentos condicionados não são unicamente con- 
sequências da organização do trabalho. Mais que isso, estruturam toda a vida ex- 
terna ao trabalho, contribuindo desse modo para submeter os trabalhadores aos 
critérios de produtividade. 
 
 
 
 
Este fato é comprovado pela aquisição de hábitos do trabalho que se traduzem em 
comportamentos, como: assumir aquilo que são hábitos de trabalho em casa mes- 
mo longe do controle do espaço laboral. Iasi (2010) apresenta alguns exemplos, 
como: aposentados que seguem acordando na mesma hora em que acordavam 
 
 
23 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
para ir ao trabalho, ou que se irritam com a desorganização dos filhos, e, tal como 
qual, resulta em adoecimento. 
 
Das contradições entre a relação de trabalho e o capital conduzem ao adoecer 
do trabalhador, que podem resultar em sofrimento psíquico, físico e emocional. 
Embora haja muitos estudos sobre as transformações no mundo do trabalho, não 
nos aprofundaremos nas formas que envolvem a precarização do trabalho e seus 
aspectos psicossociais. Para isto, sugiro a leitura do livro de Dejours. 
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA 
DEJOURS, Christophe; ABDOUCHELI Elisabeth; 
STOCCO, Maria Irene. Maria Irene Stocco Betiol (coord). 
Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola de- 
jouriana e análise da relação prazer, sofrimento e traba- 
lho. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1993. 
 
A psicopatologia do trabalho tem na obra de Dejours, a 
sua visão sobre o sofrimento no trabalho, demonstrando 
que esse sofrimento se constitui em consequências da insistência do ser huma- 
no em viver em um ambiente que lhe é hostil ou adverso. Dejours afirma que as 
 
24 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
relações de trabalho, frequentemente despojam o trabalhador de sua subjetivida- 
de, excluindo-o como sujeito e fazendo dele uma vítima do trabalho. A ideia do 
sofrimento está relacionada à subjugação do trabalho. 
 
 
 
FORMAS DE ORgANIzAÇÃO DO TRAbAlHO 
As transformações ocorridas nas organizações proporcionaram grandes mudan- 
ças no processo de trabalho. No último século, em um passado bem recente a 
indústria e o processo de trabalho culminado pelo Fordismo com os elementos 
constitutivos básicos eram dados por: 
 
 
 
 
25 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
[...] produção em massa, por meio da linha de montagem e de produtos homogêne- 
os; através do controle dos tempos e movimentos pelo cronômetro taylorista e da 
produção em série fordista; pela existência do trabalho parcelar e pela fragmentação 
das funções; peça separação entre elaboração e execução no processo de trabalho; 
pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela constituição/ 
consolidação do operário-mas-sa, do trabalhador coletivo fabril, entre outras dimen- 
sões. Menos do que um modelo de organização societal, que abrangeria igualmente 
esferas ampliadas da sociedade, compreendemos o fordismo como processo de 
trabalho que, junto com o taylorismo, predominou na grande indústria capitalista ao 
longo deste século (ANTUNES, 2011, pp.24-25). 
 
Na década de 80 houve algumas mudanças e transformações relacionadas à tec- 
nologia, automação, robótica e a microeletrônica. Essas se inseriram na relação de 
 
 
26 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
trabalho e de produção de capital. Da mesma forma, como no fordismo e o taylo- 
rismo novos processos emergem, onde “cronômetro e a produção em série e de 
massa foram substituídos pela flexibilização da produção” (ANTUNES, 2011, p.24). 
O toyotismo mesclou e substituiu o padrão fordista dominante a partir da aplicação 
dos Círculos de controle de qualidade (CCQs), da gestão participativa e da busca 
da qualidade total. 
 
O esboço de uma “captura” da subjetividade do trabalhador, que foi sistematizado 
com o toyotismo, já estava presente em Ford na medida em que “se um operário 
deseja progredir e conseguir alguma coisa, o apito será um sinal para que comece 
a repassar no espírito o trabalho feito a fim de descobrir meios de aperfeiçoá-lo” 
(FORD, 1967, p.41 apud BATISTA, 2008, p.3). [...] Também a preocupação de uma 
organização descentralizada da produção e redução dos níveis hierárquicos como 
forma de combate ao poder dos chefes pode ser encontrada no “manual” de Ford, 
rompendo com a hierarquia da administração científica de Taylor e apontamentos 
sobre a responsabilização e incitação à competição e gestão por iniciativa e incen- 
tivo aos trabalhadores. Mesmo um delineamento da gestão participativa com intuito 
de apropriação do conhecimento tácito do trabalhador e redução de custos já podia 
ser notado (ANTUNES, 2011, p.24). 
 
De acordo com Sabel e Piore (1984 apud ANTUNES, 2011, p.25) “o elemento causal 
da crise capitalista seria encontrado nos excessos do fordismo e da produção em 
massa, prejudiciais ao trabalho, e supressores da sua dimensão criativa”. A esses au- 
tores atribui-se o pioneirismo na tese “especialização flexível”, ou seja, tratava-se 
 
 
27 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
de uma nova forma produtiva, com significativo desenvolvimento tecnológico e des- 
contração produtiva baseada em pequenas e médias empresas “artesanais” (cha- 
mada de terceira Itália), o que recuperaria, segundo os autores, uma concepção do 
trabalho, mais flexível e isento da alienação causada pela base fordista. 
 
Para Iasi (2010, pp.75-76): 
 
A rígida separação taylorista entre o planejamento e a execução deixava espaço para 
formas de resistência operária. Ao seguir rigorosamente o plano e as especificações 
técnicas, o produto apresentava uma série de problemas que iam sendo corrigidos 
na prática pelos operadores, através de pequenos ajustes, ou, como forma de pro- 
testo, cumprindo rigorosamente o estabelecido na chamada “operação padrão”. A 
apropriação deste saber operário pelo capital por meio dos círculos de qualidade, 
trabalho em equipe, bônus e premiações coloca este saber a serviçoda eficiência da 
produção visando evitar o retrabalho [...] da mesma maneira, a separação rígida do 
princípio “homem-máquina” na linha de montagem na qual cada um desempenhava 
uma função, propiciava resistências como quebrar a máquina, desgastá-la além do 
limite, diminuir o ritmo [...] a exigência de atos mecânicos e repetitivos não pode ser 
entendida como não utilização das funções subjetivas do trabalho [...] 
 
Seria responsável desta forma, pela superação do modelo produtivo fordista que 
dominou o cenário de produção capitalista, ou seja, na visão de Annunziato (1989), 
a produção artesanal é um meio necessário para a preservação do capitalismo. De 
acordo com Antunes (2011), várias críticas foram feitas a Sabel e Piore – Tabela 1: 
críticas à “especialização flexível”. 
 
28 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Tabela 1: Críticas à “especialização flexível” 
 
cRÍTIcAS AUTORES 
 
A generalização do modelo seria empiricamente irrealizável num merca- 
do segmentado e instável “generalização abusiva” 
CORIAT, 
 
 
1992, pp.151-153 
A tese original da especialização flexível não é “universalmente aplicá - 
vel”. Seria um meio de desqualificar e desorganizar o trabalho, além de 
intensificá-lo. O fordismo seria dotado de dimensão flexível. 
CLARKET, 
 
 
1991, pp.124-125 
O fordismo domina a economia dos EUA à medida que tem um 
processo de trabalho taylorizado e, é dotado de uma hegemonia capi- 
talista que penetra o interior das organizações de trabalhadores, tanto 
sindicais, quanto nos partidos políticos. 
 
ANNUNZIATO, 
 
 
1989, pp.99-100 e 106 
A articulação entre descentralização produtiva e avanço tecnológico, 
tem um claro sentido: combater a autonomia e coesão de setores do 
operariado Italiano. Essa fragmentação (unidades produtivas menores) 
pode possibilitar ao capital uma maior exploração quanto um maior 
controle sobre a força de trabalho. 
 
 
MURRAY; FERGUS, 
 
 
1983, pp.79-85. 
Essa fase da produção é “marcada por um confronto direto com a 
rigidez do fordismo”. Envolve rápidas mudanças dos padrões de de- 
senvolvimento desigual. O neofordismo leva ao nascimento de formas 
industriais totalmente novas ou à integração do fordismo a toda uma 
rede de subcontratação e de deslocamento para dar maior flexibilidade 
diante do aumento da competição e dos riscos. 
 
 
 
HARVEY, 
 
 
1992, pp140, 148, 178-79. 
 
Fonte: adaptado de Antunes (2011, pp.25-29) 
 
 
 
 
29 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Ricardo Antunes (apud HOFFMANN, 2003, p.152) o toyotismo assim se apresenta: 
 
[...] É a via japonesa de expansão e consolidação do capitalismo monopolista indus- 
trial, que apresenta as seguintes características: a) a noção de qualidade total passa 
a estar relacionada ao menor tempo de duração dos produtos, realçando a tendên- 
cia expansionista do capital e revelando a lógica destrutiva do sistema de produção 
por intermédio da redução do ciclo de vida útil dos produtos; b) a introdução de no- 
vas técnicas de gestão de força de trabalho com base na informação e com o auxílio 
dos computadores (o que não havia nos sistemas taylorista e fordista), aplicadas 
pela desconcentração produtiva, da reengenharia, da eliminação dos postos de tra- 
balho, da concepção de células de produção, etc., e com a finalidade de intensificar 
as condições de exploração da força de trabalho, com a redução ou a eliminação 
do trabalho improdutivo; c) a modificação de vários aspectos do processo de pro- 
dução por meio da desregulamentação, da fragmentação da classe trabalhadora, da 
precarização do emprego e do trabalho, da terceirização da força de trabalho e da 
ruptura do sindicalismo. 
 
 
 
 
 
30 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
De acordo com Batista (2008), a gestão participativa se pode conceber também 
a ideia dos círculos de controle de qualidade, combinando Sistema Just in Time 
e método Kanban por meio da apropriação do saber tácito da força de trabalho. 
 
Para isso, o rodízio das tarefas foi utilizado como técnica bem como a “auto-super- 
visão”. É importante destacar que mesmo com as novas técnicas de gestão siste- 
matizadas na Toyota, os trabalhos parcelados e repetitivos continuaram coexistindo 
com os de caráter multifuncional e pluriespecializado. A novidade se deu em aplicar 
a todos os tipos as formas de controle do processo de trabalho, o que ratifica a su- 
posição inicial de que existe uma continuidade nos três métodos de organização do 
trabalho, continuidade com sofisticação, e não superação, daí estas formas serem 
sociais, e não restritas ao espaço de trabalho (BATISTA, 2008, p.11). 
 
Essa forma flexibilizada da acumulação capitalista, é baseada na reengenharia, na em- 
presa enxuta, e fez com que a classe trabalhadora se fragmentasse, se tornou hetero- 
gênea e mais complexa, além disto, como aponta Silva e Silva (2010, p.24), houve uma 
série de consequências: 
 
Tornou-se mais qualificada em vários setores onde houve uma relativa intelectualiza- 
ção do trabalho, mas desqualificou-se e precarizou-se em diversos ramos, como na 
indústria automobilística, na qual o ferramenteiro não tem mais a mesma importân- 
cia, sem falar na educação dos inspetores de qualidade, dos gráficos, dos mineiros, 
dos portuários, dos trabalhadores da construção naval etc. Criou-se, de um lado, em 
escala minoritária, o trabalhador “polivalente e multifuncional” da era informacional, 
capaz de operar com máquinas com controle numérico e de, por vezes, exercitar 
 
 
31 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
com mais intensidade sua dimensão mais intelectual. E, de outro lado, há uma mas- 
sa de trabalhadores precarizados, sem qualificação, que hoje está presenciando as 
formas de part-time, emprego temporário, parcial, ou então vivenciando o desem- 
prego estrutural. 
 
O que podemos perceber do toyotismo e da rigidez da organização do trabalho 
taylorista-fordista, se comparados, pode parecer que o modelo de produção e ge- 
renciamento da força de trabalho é melhor no sistema Toyota, mas não para os tra- 
balhadores, e sim para o capital, de forma que além do uso das técnicas já experi- 
mentadas pelos modelos anteriores, o “Sistema Toyota aprimorou a intensificação 
do trabalho e ampliou as dimensões da exploração da força de trabalho quando 
sistematizou as técnicas de apropriação da subjetividade” (BATISTA, 2008, p.12). 
 
De acordo com Kovácz (2006, p.41) a designação de “novas formas de organiza- 
ção do trabalho” (NFOT) muito utilizada na Europa, no século XX, principalmente na 
década de 70, buscou a humanização no trabalho e a democratização da empresa, 
centrada no fator humano. 
 
A renovação organizacional estaria na ordem do dia, porque é entendida como 
um dos meios essenciais para a sobrevivência e melhoria da competitividade das 
empresas no contexto de concorrência. De acordo com Kovácz (2006) a Comissão 
Europeia lançou a renovação da organização do trabalho em 1997, com a discussão 
 
 
32 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
sobre hierarquias mais planas, horizontalização das estruturas, conteúdo funcional 
mais rico e diversificado, trabalho em equipe, centralidade das competências, au- 
tonomia na realização dos trabalhos, confiança nas relações laborais e envolvimen- 
to e participação de trabalhadores. 
 
Há uma ideia de que o grau de autonomia e conteúdo do trabalho é muito diferen- 
ciado. São fatores de diferenciação: tipo de organização, situações de trabalho 
concretas de acordo com níveis de formação/qualificação exigidos e o grau de es- 
tabilidade de emprego, além de outros fatores, como: contextos sócio-históricos, 
institucionais, culturais e a natureza das relações laborais, dentre outros. 
 
De acordo com Kovácz (2006, p.42)estamos em uma nova era caracterizada pela 
“passagem da produção em massa de produtos e serviços estandartizados em 
quadros organizacionais rígidos para um novo sistema produtivo caracterizado pela 
diversidade, flexibilidade, inovação e cooperação”, ou seja, para isso, as novas tec- 
nologias levam à era pós-taylorista, pós-burocrática, à generalização do trabalho 
inteligente, tornando o trabalho imaterial, mais complexo, exigindo conhecimentos 
mais amplos, autonomia, iniciativa, responsabilidade, capacidade de aprendizagem 
contínua, autocontrole, investimento subjetivo e a mobilização da inteligência reali - 
zada em estruturas organizacionais mais planas e descentralizada. Pessoas e orga- 
nizações devem se adaptar às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). 
 
33 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Apesar disto, como declara Antunes (2010, p.32) máquinas inteligentes não po- 
dem substituir trabalhadores, pois ela exige o trabalho intelectual do operário, que 
ao agir com a máquina acaba por transferir parte dos atributos intelectuais nesse 
processo, estabelecendo um completo processo interativo entre trabalho e ciência 
produtiva, que não pode levar à extinção do trabalho. A retroalimentação resultante 
deste trabalho impõe ao capital a necessidade de encontrar “uma força de traba- 
lho ainda mais complexa, multifuncional, que deve ser explorada de maneira 
mais intensa e sofisticada”. Ainda assim, na conversão do trabalho vivo em 
morto há um processo de “objetivação das atividades cerebrais junto à maquina- 
ria, de transferência do saber intelectual e cognitivo da classe trabalhadora que se 
converte em linguagem própria”. 
 
Neste contexto, para Kovácz (2006, p.44): 
 
O trabalho é ambíguo: constitui um ato compulsório, mas também de criação; é 
um meio de subsistência e de consumo, mas também é fonte de desenvolvimento, 
de satisfação e de identidade; pode ser submetido à racionalidade burocrática, ao 
poder autoritário, mas também pode constituir um espaço de autodeterminação, 
de intervenção e de trabalho em geral, implicando tipos e graus de autonomias 
muito diferentes. O livro verde: parceria para uma nova organização do trabalho 
(1997) divulgado pela Comissão Europeia, identifica as novas formas de organizar 
o trabalho com a “empresa flexível”. [...] implica em estruturas mais inovadoras e 
flexíveis, assentes na excelência da competência e no primado da confiança, bem 
como na maior participação dos trabalhadores. 
 
34 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
FIQUE POR DENTRO 
O Livro Verde retrata como e por que é necessária uma nova organização 
do trabalho, quais são os desafios políticos e as novas parcerias necessá- 
rias. Este material está disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/ 
LexUriServ.do?uri=COM:1997:0128:FIN:PT:PDF>. 
 
 
De acordo com Marques (2008, p.12): 
 
Autores como Márcio Pochmann apud Hoffmann (2003, p. 155) falam de uma nova 
transição no modelo de administração, caracterizada pelo movimento toyotista-fle- 
xibilização, cujo ganho maior é a redefinição do conteúdo da atividade empresarial, 
numa organização que desloca parte do processo produtivo para os países pobres 
(atividades mais rotineiras), deixando para os países ricos (então com o poder de 
mando) o gerenciamento ou a coordenação destas atividades. Entretanto, há uma 
perda de centralidade do trabalho. 
 
Neste sentido, a perda da centralidade no trabalho exige do trabalhador uma 
adaptação muito maior aos perfis de produção de empresas, de maneira que, 
sua forma de inserção na cultura produtiva tende a modificar-se, muitas vezes, 
de modo tão intenso, que isto acaba por exercer uma pressão no trabalhador, 
que busca atender às exigências impostas, já que está sob o risco da exclusão 
do mercado de trabalho. 
 
 
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/
35 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
PODER E DOMINAÇÃO NA SOcIEDADE E NO TRAbAlHO 
Como percebido historicamente, ao longo dos anos, as organizações têm sido 
associadas a processos de dominação social nas quais indivíduos ou grupos en- 
contram formas de impor a respectiva vontade sobre os outros. Na visão de alguns 
teóricos organizacionais, inspirados por Karl Marx, Weber e Robert Michels, esta 
combinação de realização e exploração é uma característica marcante das organi- 
zações através dos tempos. É possível encontrar relações de poder assimétricas 
que resultam na maioria trabalhando para a minoria, por exemplo, a convocação 
obrigatória e a escravidão que garantiram muito da mão de obra necessária para a 
construção da pirâmide e de impérios, deram lugar atualmente, ao trabalho assala- 
riado, da qual os empregados têm o direito de se demitir (MORGAN, 1996). 
 
 
 
De acordo com os postulados de Weber (apud MORGAN, 1996, pp.282-283), há 
 
três tipos de dominação e raramente são encontradas em suas formas puras, de 
 
 
36 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
forma que, quando se misturam acabam por ocasionar tensão e mal-estar. São 
 
elas: 
 
• Dominação carismática: ocorre quando o líder exerce influência em virtude 
de qualidades pessoais. É legitimado na fé que o liderado deposita no líder – 
exemplos: profetas, heróis ou mesmo demagogos. O aparato administrativo 
é pequeno, flexível, desestruturado e instável. 
 
• Dominação tradicional: o poder de mando tem por base o respeito pela 
tradição e pelo passado. É legitimado pelo costume e o sentimento de que é 
correto fazer as coisas de tal forma tradicional. As pessoas exercem o poder 
de status adquirido. Exemplos: oficiais, parentes, administradores. 
 
• Dominação racional-legal: o poder é legitimado por leis, regras, regulamen- 
tos e procedimentos. Quem manda pode obter poder legitimado seguindo 
procedimentos legais. É formalmente fundamentado em regras. O aparato 
administrativo típico é a burocracia, dentro da qual a autoridade formal está 
concentrada no topo da hierarquia organizacional. 
 
As formas mais racionais e democráticas de organização podem resultar em mode- 
los de dominação. À medida que se fica cada vez mais sujeito a uma administração 
por meio de regras, mais se fica dominado pelo processo em si. Estas ideias se 
 
37 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
compatibilizam com aquelas que Karl Marx, expõe a de que a lógica move a socie- 
dade moderna encontra-se na dominação por meio da racionalização. Para Marx, 
encontra-se na dominação gerada pela mais valia e a acumulação de capital, mos- 
trando como a organização no mundo moderno se acha baseada em processos de 
dominação e exploração de diferentes formas (MORGAN, 1996). 
 
Como sabemos, o trabalhador trabalha sob o controle do capitalista, a quem per- 
tence o seu trabalho, afinal, o capitalista controla a ordem, os meios e os fins de 
produção empregados e os instrumentos utilizados para a realização do trabalho. 
Uma vez, o trabalhador, dentro do local de trabalho do dono do capital, o valor de 
uso da sua força de trabalho, sua utilização, o trabalho pertencem a ele. 
 
O capitalista mediante a compra da força de trabalho incorporou o próprio trabalho, 
como fermento vivo, aos elementos mortos constitutivos do produto que lhe perten- 
cem igualmente. Do seu ponto de vista, o processo de trabalho é apenas o consumo 
da mercadoria, força de trabalho por ele comprada, que só pode, no entanto, consu- 
mir ao acrescentar-lhe meios de produção. O processo de trabalho é um processo 
entre coisas que o capitalista comprou, entre coisas que lhe pertencem. O produto 
deste processo lhe pertence de modo inteiramente, igual ao produto deste processo 
[...] (MARX, 1983, p.154 apud SILVA; SILVA, 2010, p.115). 
 
Para Silva e Silva (2010, p.130 ), “as observações feitas por Marx hámais de 140 
anos são extraordinariamente atuais”: 
 
 
38 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
 
 
 
[...] o consumo da força de trabalho pelo capital é, tão rápido que o trabalhador 
de mediana idade, na maioria dos casos, já está mais ou menos esgotado. Ele cai 
nas fileiras dos excedentes ou passa de um escalão mais alto para um mais baixo. 
Justamente entre os trabalhadores da grande indústria é que nos deparamos com 
a duração mais curta da vida. [...] dentro do sistema capitalista, todos os métodos 
para a elevação da força produtiva social do trabalho se aplicam à custa do traba- 
lhador individual; todos os meios para o desenvolvimento da produção se convertem 
em meios de dominação e exploração do produtor, mutilam o trabalhador, trans- 
formando-o num ser parcial, degradam-no, tornando-o um apêndice da máquina; 
aniquilam, com o tormento do seu trabalho, seu conteúdo, alienam-lhe as potências 
espirituais do processo de trabalho na mesma medida em que a ciência é incorpo- 
rada a este último como potência autônoma; desfiguram as condições dentro das 
quais trabalha, submetem-no, durante o processo de trabalho, ao mais mesquinho 
e odiendo despotismo, transformam seu tempo de vida em tempo de trabalho [...] 
(MARX APUD SILVA; SILVA, pp.207-210) 
 
 
39 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Enquanto algumas pessoas veem o poder como um recurso, por exemplo, como 
alguma coisa que alguém possui, outras o veem como uma relação social carac- 
terizada por algum tipo de dependência, como um tipo de influência sobre algu- 
ma coisa ou alguém. “O poder é o meio através do qual, conflitos de interesses 
são, afinal, resolvidos. O poder influencia quem consegue o quê, quando e como” 
(MORGAN, 1996, p.163). 
 
Para Pagès et al. (2006, p. 163 ), “o exercício do poder não consiste em ordenar, 
tomar decisões, mas em delimitar o campo, estruturar o espaço na qual são toma- 
das as decisões”. 
 
Nas organizações as fontes do poder são utilizadas para modelar a dinâmica da 
vida organizacional. Todas as fontes de poder citadas a seguir – Tabela 2, ofere- 
cem aos membros da organização uma variedade de meios para ampliar os seus 
interesses, resolvendo ou perpetuando os conflitos organizacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Tabela 2: Fontes de poder e características e finalidades 
 
Fontes de Poder Características e finalidades 
 
 
 
Autoridade formal 
Poder legitimado pela organização que é respeitado e conhecido por 
aqueles com quem interage. Pode ser por carisma, tradição ou lei de 
acordo com conceitos de Weber. A autoridade formal é dado, por exem- 
plo, ao gerente que é legitimado a instruir aqueles que estão sob seu 
controle. 
 
Controle sobre recursos 
escassos 
Habilidade de exercer o controle sob os recursos como dinheiro, 
materiais, tecnologia, pessoal, bem como apoio dos consumidores e 
fornecedores. 
Uso da estrutura or- 
ganizacional, regras e 
regulamentos 
 
O poder é exercido a partir do uso de instrumentos racionais como: estru- 
tura organizacional, regras e regulamentos. 
Controle do processo de 
tomada de decisão 
A possibilidade de influenciar os resultados por meio dos processos 
decisórios. 
Controle do conhecimento e 
da informação 
O poder emana da pessoa que pode sistematizar o conhecimento e controlá-lo 
definindo a realidade do processo de tomada de decisão. 
 
 
Controle dos limites 
Conhecido como administração de fronteiras, definindo limites entre 
grupos de trabalho ou departamentos, bem como entre organização e seu 
ambiente. 
 
Habilidade de lidar com a 
incerteza 
Habilidade de lidar com as incertezas que influenciam o funcionamento 
da empresa no dia a dia, é uma fonte de poder implícita, ligada a alguém 
numa posição global do trabalho. 
 
Controle da tecnologia 
Serve como instrumento de poder, aumentando as habilidades em mani- 
pular, controlar e impor-se sobre o ambiente. 
 
 
 
41 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
 
 
Alianças interpessoais, 
redes e controle da “organi- 
zação informal” 
Amigos altamente colocados, patrocinadores, mentores, coalizões com 
pessoas preparadas para transacionar apoio e favores para promover os 
fins individuais das pessoas, bem como redes informais de consulta às 
bases, sondagens ou simples bate papos, tudo isso oferece fonte de 
poder aos envolvidos. 
 
 
Controle das 
contraorganizações 
Reside no estabelecimento e controle daquilo que pode ser chamado de 
“contraorganizações”. Os sindicatos são os mais óbvios, fazem parte de 
uma estratégia de exercício de poder, influenciando a organização, sem 
fazer parte dela. 
 
 
Simbolismo e administração 
do significado 
Reside na habilidade que uma pessoa tem em persuadir os demais em 
idealizar realidades que sejam mais interessantes para alguém perseguir. A 
administração do simbólico pode ocorrer por meio teatral, de imagens ou 
uso da arte. 
 
Sexo e administração das 
relações entre 
os sexos 
Muitas organizações são dominadas a favor de um sexo em relação ao 
outro. É comum ligações entre estereótipos sexuais e as formas de poder 
transformadas em estratégias organizacionais que podem privilegiar o 
gênero. 
 
Fatores estruturais que 
definem o estágio 
da ação 
Um dos aspectos surpreendentes é que dificilmente alguém admite que 
tenha algum tipo de poder real. Usa-se o poder, porém há uma negação 
da existência deles, ou seja, as pessoas se vêm somente como agentes 
ou portadores do poder que lhes é conferido pela organização. 
 
 
O poder que já se tem 
O poder é uma via para o poder e, com frequência é possível usá-lo para 
adquirir mais poder ainda – tirar vantagem, atrair e transformar poder em 
mais poder. 
 
Fonte: adaptado de morgan (1996, pp.164-191) 
 
 
 
 
42 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
A organização, na sua realidade econômica e política, propõe aos indivíduos uma 
imagem de força e de poder: o poder da organização, seu caráter mundial, sua 
eficácia, seus objetivos de conquista (lucro e expansão), constituem uma imagem 
agressiva de onipotência (o caráter mundial é importante neste caso), que favorece 
à projeção de sonhos individuais de onipotência, ao mesmo tempo que mantém a 
angustia que os alimenta. Neste nível, é o poder real da organização que age por si 
próprio, sem que para isso seja necessário apelar para o desejo consciente dos di- 
rigentes de influenciar os indivíduos. [...] esta imagem de onipotência é consolidada 
ideologicamente pela organização (PAGÈS et al., 2006, p.163). 
 
Para Silva e Silva (2010), corroborando com a relação entre capital-trabalho, esta 
se apresenta como uma relação imposta de forma truculenta e violenta sob várias 
dimensões e que tem se perpetuado por meio de métodos coercitivos. 
 
[...] coercitivos explícitos ou mais sutis vinculados à racionalização técnica do tra- 
balho. Nessa ordem só existe espaço para o padrão do trabalhador e de sociedade 
adaptados à necessidade de reprodução e de acumulação do capital, sendo que 
inexiste espaço na esfera produtiva para a subjetividade do trabalhador. Este último, 
subjugado e desumanizado, é reduzido à condição de mercadoria para produção 
de outras mercadorias, seguindo os ditames do capital (SILVA; SILVA, 2010, p.132). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
 
 
Para mediar essas relações entra a figura do Estado. De acordo com Marques 
(2008, p.2), pode-se supor como uma das capacidades do Estado de poder o 
de se sobrepor à relação entre empregador e trabalhador, de forma que haja a 
tutela diretamente os direitos deste último, objetivando um equilíbrio, formando 
assim o tripé capital-trabalhoe Estado. Instituído assim como um mediador dos 
conflitos entre trabalhadores e empresas, o Estado interfere nesta relação, que, 
na concepção marxista, é permeada por uma permanente luta (classista), em 
uma visão de que as classes dominantes (capitalistas) precisam ser “monitora- 
das” pelo Estado para que não usurpem os direitos das classes dominadas. 
 
Especificamente, no que tange à disciplina trabalhista, estão marcadamente traduzi- 
dos tais princípios, através do preâmbulo da CF/88 (quando assegura a aplicabilida- 
de dos direitos sociais), nos artigos 1º, III e IV; e artigos 6 a 11. Também são encon- 
trados elementos que legitimam a utilização dos princípios nas súmulas, doutrina, 
enfim, em todo o ferramental através do qual se aplica o direito ao caso concreto 
(MARQUES, 2008, p.2). 
44 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Buscando traçar políticas que privilegie a filosofia de ser o trabalho não apenas 
mera mercadoria, mas sim uma atividade que gere sentido para a vida do indivíduo, 
de forma a contribuir para a sua estruturação na sociedade, seja social, econômica, 
cultural e dotada de sentido emancipador, que venha a garantir o exercício da sua 
soberania, seus valores, enfim, contribuindo para a garantia de dignidade humana. 
Vindo daí a ideia de proteção. 
 
De acordo com Marques (2008, p.9), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) 
é mundialmente conhecida como o foro mundial, no qual se desenrolam discus- 
sões acerca das questões trabalhistas. 
 
Formada por uma estrutura tripartite, da qual fazem parte governo, trabalhadores 
e empregadores, visa a OIT traçar políticas que propiciem garantias mínimas fa- 
voráveis à classe trabalhadora, minimizando os efeitos e impactos dessa relação. 
Entretanto, não há como compatibilizar as políticas de flexibilização e desregulamen- 
tação das normas trabalhistas, e nisto enxergar algum tipo de vantagem para a clas- 
se trabalhadora, já que cada vez mais distante da compreensão de sua fundamental 
contribuição para a concretização do princípio da dignidade da pessoa humana, 
assim como pelo caráter expropriatório que ganha o trabalho, na medida em que 
é situado enquanto mercadoria, cujo reflexo direto é a própria mercadorização da 
subjetividade do trabalhador. 
 
Vivenciamos a crise da superprodução e falta de consumidores, concomitante- 
mente, aumentam de forma assustadora o pauperismo e a população sobrante, 
 
45 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
descartada, pelo desemprego estrutural. Não estamos diante do fim da sociedade 
do trabalho, mas de uma sociedade contemporânea complexa, instaurada a partir 
dessa crise estrutural, revelando estruturalmente um quadro crítico de autodes- 
trutividade. Essa complexidade implica em uma classe trabalhadora mais hete- 
rogênea, complexa e fragmentada, entretanto isso não inviabiliza o seu potencial 
revolucionário para a efetivação da emancipação humana; ao contrário reafirma 
possibilidades e recoloca desafios para efetivá-la (SILVA; SILVA, 2010). 
 
 
 
REFLITA 
“Se o trabalho não retomar a sua potência no sentido de fomentar a eman- 
cipação humana, não será o capital que o fará”. 
(SILVA; SILVA, 2010, p.134) 
 
 
Para Silva e Silva (2010, p.29) “a questão essencial aqui é: a sociedade contem- 
porânea é ou não movida pela lógica do capital, pelo sistema produtor de mer- 
cadorias, pelo processo de valorização do capital?”. Conforme aponta Antunes 
(1995), se sim, a crise do trabalho abstrato pode ser entendida como a redução do 
trabalho vivo e a ampliação do trabalho morto. Sem a precisa e decisiva incorpo- 
ração dessa distinção entre trabalho concreto e abstrato, quando se diz Adeus ao 
 
46 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
trabalho, comete-se um forte equívoco analítico sob o ponto de vista de que um 
fenômeno tenha dupla dimensão. 
 
Ainda de acordo com a autora, não há como concordar com as teses que minimi- 
zam ou mesmo desconsideram o processo de criação de valores de troca e sim 
de que: 
 
A sociedade do capital e sua lei do valor necessitam cada vez menos do trabalho 
estável e cada vez mais das diversificadas formas de capital parcial ou part-time, 
terceirizado, que são, em escala presente, parte constitutiva do processo de pro- 
dução capitalista [...] o capital não pode eliminar o trabalho vivo do processo de 
criação de valores, ele deve aumentar a utilização e a produtividade do trabalho de 
modo a intensificar as formas de extração do sobretrabalho em tempo cada vez 
mais reduzido [...] outra é imaginar que, eliminando o trabalho vivo, o capital possa 
continuar se reproduzindo. A redução do proletariado estável, herdeiro do tayloris- 
mo/fordismo,a ampliação do trabalho intelectual abstrato [...] e a ampliação gene- 
ralizada das formas de trabalho precarizado, part-time, terceirizado, desenvolvidas 
intensamente na “era da empresa flexível” e da desverticalização produtiva, são 
fortes exemplos da vigência da lei do valor (ANTUNES, 2010, p.30). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
INOVAÇõES E PERSPEcTIVAS NAS RElAÇõES DE 
TRAbAlHO E ORgANIzAÇõES 
As reestruturações e inovações pelas quais, o capitalismo tem passado, são varia- 
das e influenciam a forma de organização e funcionamento das relações de produ- 
ção e processos de trabalho. Como afirma também Castells (2001 apud AQUILES, 
2011, p.14): 
 
Nas duas últimas décadas, o próprio capitalismo passa por um processo caracte- 
rizado por maior flexibilidade de gerenciamento; descentralização das empresas 
e sua organização de redes; considerável fortalecimento do papel do capital e do 
trabalho, com o declínio concomitante da influência dos movimentos dos trabalha- 
dores, individualização e diversificação cada vez maior das relações de trabalho; 
incorporação maciça das mulheres na força de trabalho remunerada, geralmente 
em condições discriminatórias; intervenção estatal para desregular os mercados 
de forma seletiva e desfazer o estado de bem-estar social; aumento da concorrên- 
cia global em um contexto de progressiva diferenciação dos cenários geográficos 
culturais para acumulação e gestão do capital. 
 
De acordo com Antunes (2010, p.26) e (2011, p.118), a classe trabalhadora é repre- 
sentada por todos aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de salário, 
incorporando, além do proletariado industrial, outros como: 
 
Os assalariados do setor de serviços, também o proletariado rural, que vende sua for- 
ça de trabalho para o capital. Incorpora o proletariado precarizado; o subproletariado 
 
48 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
moderno; part-time; o novo proletariado do McDonalds; os trabalhadores hifenizados 
de que falou Beynon (1995); os trabalhadores terceirizados e precarizados das em- 
presas liofilizadas de que falou Juan José Castilho (1996 e 1996a); os trabalhadores 
assalariados da chamada “economia informal”, e que muitas vezes são indiretamente 
subordinados ao capital; além dos trabalhadores desempregados, expulsos do pro- 
cesso produtivo e do mercado de trabalho pela reestruturação do capital, e que hiper- 
trofiam o exército industrial de reserva na fase de expansão do desemprego estrutural. 
 
 
A nova composição da classe trabalhadora tem um aumento do trabalho femini- 
no, que tem sido absorvido pelo capital, preferencialmente no universo do par- 
t-time, precarizado e desregulamentado. No Reino Unido, o contingente femini- 
no supera o masculino, porém o salário tem significado inverso, presenciando-se 
uma desigualdade salarial das mulheres contradita a sua crescente participação 
 
49 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
no mercado de trabalho. Além disto, o percentual de remuneração é bem menorque do sexo masculino, bem como no que concerne aos direitos e condições de 
trabalho (ANTUNES, 2010, p.27 e 2011, p.118). 
 
Na divisão sexual do trabalho, operada pelo capital dentro do espaço fabril, geral- 
mente as atividades de concepção ou aquelas baseadas em capital intensivo são 
preenchidas pelo trabalho masculino, enquanto aquelas fundadas em trabalho in- 
tensivo são destinadas às mulheres trabalhadoras (e, muito frequentemente também 
aos trabalhadores/as imigrantes e negros/as). A mulher trabalhadora ainda realiza 
sua atividade laborativa duplamente, dentro e fora de casa, dentro e fora da fábrica. 
E, ao fazê-lo além da duplicidade do ato laborativo, ela é duplamente explorada pelo 
capital: desde logo por exercer, no seu espaço público, seu trabalho produtivo no 
âmbito fabril. Mas, no universo de sua vida privada, consome horas decisivas de sua 
vida no trabalho doméstico, onde possibilita (ao mesmo capital), a sua reprodução, 
nessa esfera do trabalho não mercantil, onde se criam as condições indispensáveis 
para a reprodução da força de trabalho de seus maridos, filhos/as e de si própria. 
Sem essa esfera de reprodução não diretamente mercantil, as condições de reprodu- 
ção do sistema de metabolismo social do capital estariam bastante comprometidas 
senão inviabilizadas. 
 
De acordo com Antunes (2010 e 2011), essas mutações criaram uma classe tra- 
balhadora mais heterogênea, fragmentada e complexada dividida entre os traba- 
lhadores que são ou não qualificados, pertencem ao mercado formal e informal, 
jovens e velhos, homens e mulheres, estáveis e precários, imigrantes e nacionais, 
brancos e negros etc., além das divisões que decorrem da inserção diferenciada 
 
50 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
dos países e trabalhadores na nova divisão internacional do trabalho, ou seja, 
quando se constata que a maior parte da força de trabalho encontra-se dentro dos 
países chamados terceiro mundo. 
 
A classe trabalhadora hoje exclui, naturalmente, os gestores do capital, seus altos fun- 
cionários, que detêm papel de controle do processo de trabalho, de valorização e 
reprodução do capital no interior das empresas e que recebem rendimentos elevados, 
ou ainda aqueles que, de posse de um capital acumulado, vivem da especulação de 
juros. Exclui também, em nosso entendimento, os pequenos empresários, a pequena 
burguesia urbana e rural proprietária (ANTUNES, 2003, p.104 e 2011, p.118). 
 
No Brasil, as atenções voltadas às novas formas de organização da produção su- 
cederam-se das mudanças do Governo Collor e na Gestão de Fernando Henrique 
Cardoso, com a modernização do parque industrial nacional ocasionado por mu- 
danças econômicas e políticas de 1990 a 2000 e, que trouxeram em seu bojo re- 
percussões da relação capital versus trabalho que adjudicam os fatores estruturais 
e conjunturais externos e internos de forma recíproca. Em 1990, foi iniciado a pri- 
vatização do setor produtivo estatal, a reforma administrativa e previdenciária, a 
desregulamentação financeira e a flexibilização do mercado de trabalho, sem falar 
nas políticas de atratividade de capital internacional frustradas (LARA, 2010). 
 
 
 
 
 
51 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
 
 
 
De acordo com Carvalho (2013), na indústria houve uma expressiva redução dos pos- 
tos de trabalho. O que pode ter explicação a partir das mudanças pelas quais passou 
a economia brasileira na década de 90 como, o aumento das importações, a incorpo- 
ração de tecnologia na indústria, entre outros. Apesar da significativa perda de postos 
de trabalho na indústria, Pochmann (2001, p.56) afirma que “entre as décadas de 
1980 e 1990, por exemplo, a economia brasileira perdeu perto de um milhão e meio 
de empregos no setor de manufatura”. 
 
De acordo com Lara (2010), a política de abertura comercial acirrou a competiti- 
vidade no mercado mundial, acirrando também a indústria nacional, ocasionando 
introdução de novas tecnologias poupadoras de força de trabalho e ocasionadoras 
de precarização do trabalho. A mundialização do capital originou a flexibilização 
crescente das relações trabalhistas e a perda de direitos sociais. 
 
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UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
Antunes (2011, pp.106-109) assim sintetiza o momento que estamos vivendo: 
 
• Vemos a ampliação também do trabalho imaterial, comum nas esferas da comuni- 
cação, publicidade e marketing, próprias das sociedades dos logos, da marca, do 
simbólico, do involucral e do supérfluo. É o discurso empresarial da chamada socie- 
dade do conhecimento, que está presente no design da Nike, na concepção de um 
novo software, no modelo novo da Benetton e projetos de telefonia - nas chamadas 
tecnologias da informação e comunicação – “que são resultado do labor (imaterial) 
articulado e inserido no trabalho material, expressando novas formas contemporâ- 
neas de criação de valor”. 
 
• Os serviços públicos como saúde, energia, educação, telecomunicações, previdên- 
cia etc, em processo de reestruturação, subordinando-se à máxima mercadoriza- 
ção, afetando fortemente, os trabalhadores do setor estatal e público. 
 
• O resultado é a intensificação das formas de extração de trabalho (materiais e 
imateriais, corpóreas simbólicas). 
 
• Uma empresa concentrada pode ser substituída por pequenas unidades in- 
terligadas em rede com número reduzido de trabalhadores e produzindo ve- 
zes mais, com repercussões no plano organizativo, valorativo, subjetivo e 
ideo-político. 
 
• O trabalho estável tornando-se então informatizado, quase virtual muitas 
vezes, por contratos regulamentados, substituído pelas diversas formas de 
empreendedorismo, cooperativismo, trabalho voluntário ou atípico como 
apontava Vasapollo (2005) e Vasapollo e Arriola Palomares (2005). 
 
 
53 
UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
• O exemplo das cooperativas, antes nascidas como instrumentos da classe 
operária para lutar contra o desemprego, hoje, contrariamente, os capitais vêm 
criando falsas cooperativas como forma de precarizar ainda mais os direitos 
dos trabalhadores, sob o mando da “flexibilização”, seja salarial, de horário, 
funcional ou organizativa. 
 
• Seguido pelo crescimento do chamado terceiro setor, assumindo uma moda- 
lidade alternativa de ocupação, através de organizações de perfil comunitário, 
motivadas sobretudo por formas de trabalho voluntário, com um leque de ativi- 
dades, com predominância de caráter assistencial, sem fins diretamente mer- 
cantis ou lucrativos e que se desenvolvem relativamente à margem do mercado. 
 
 
• Por fim, ampliou a composição heterogênea e multifacetada da classe traba- 
lhadora Brasileira, além das clivagens entre os trabalhadores estáveis e precá- 
rios, de gênero, dos cortes geracionais entre jovens e idosos, entre nacionais 
e imigrantes, brancos e negros, qualificados e desqualificados, entre nacionais 
e imigrantes, empregados e desempregados, temos ainda, a estratificação e 
fragmentações que se acentuam. 
 
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UNIDADE I - Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social 
 
 
• Nesse quadro, de precarização estrutural do trabalho, os capitais ainda exi- 
gem o desmonte da legislação social e protetora do trabalho – flexibilização 
da legislação social do trabalho, o que significa, sem nenhum ilusão, aumentar 
ainda mais os mecanismos de extração do sobretrabalho, ampliar as formas de 
precarização e destruição dos direitos sociais arduamente conquistados pela 
classe trabalhadora. 
 
Contrariamente às teses que advogam o fim do trabalho, estamos desafiados a 
compreender a nova polissemia do trabalho, ou, sua nova morfologia, isto, é, sua 
forma de ser, cujo elemento mais visível é seu desenho multifacetado, resultado das 
fortes mutações que abalaram o mundo produtivo. Para