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MANUAL_PESA

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MANUAL DA METODOLOGIA Pesa 
 Uma abordagem participativa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DENISE REGINA GARRAFIEL 
 FRANCISCO RILDO CARTAXO NOBRE 
 JONATHAN DAIN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
MANUAL DA METODOLOGIA Pesa 
Uma abordagem participativa 
 
PESACRE – Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas 
Agroflorestais do ACRE 
 Rua Iracema, 8 – Conj. Village – 69914-390 – Rio Branco/AC 
Fone: (68) 223-3773 
Fax: (68) 223-1724 
Email: pesacre@ mdnet.com.br 
 
Autores 
 Denise Regina Garrafiel 
Francisco Rildo Cartaxo Nobre 
Jonathan Dain 
 
Colaboradores 
 Cleísa Brasil Cartaxo 
Ronei Sant’Ana de Meneses 
Peter Cronkleton 
 
Ilustração 
Brilhograf 
 
Fotos 
Acervo do PESACRE 
 
Agradecimentos 
 Myriam Jacqueline Villarreal 
Isandra Regina Dávila dos Santos 
Reginaldo Silveira de Lima 
Equipe do PESACRE 
 
Agradecimentos Institucionais 
 Universidade da Flórida – Centro de Estudos Latinoamericano 
 
Apoio Financeiro 
 USAID (Agência Norte Americana para o Desenvolvimento 
Internacional) 
 
 
Qualquer parte deste Manual pode ser reproduzida ou adaptada sem permissão dos 
autores e do PESACRE, desde que citada a fonte. 
 
Rio Branco/1999 
 
 
 
 
 
 
 3 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 O Grupo PESACRE, desde o sua fundação tem desenvolvido 
atividades com o enfoque comunitário e participativo, utilizando uma 
adaptação da Metodologia PESA, de pesquisa e extensão em sistemas 
agroflorestais. 
 O contínuo processo de aprendizado na aplicação desta 
metodologia proporcionou uma reflexão e reconstrução de conceitos, por 
conseqüência a reformulação da metodologia, adequando-a às diversas 
situações e principalmente inserindo novos elementos. 
Esta nova versão, a Pesa tornou-se uma metodologia mais dinâmica, 
interativa e flexível, considerando também a multidiciplinaridade e a 
interinstitucionalidade, além da inclusão de ferramentas que 
possibilitaram um crescente envolvimento dos atores e/ou beneficiários 
na procura do empoderamento dos diferentes grupos de pequenos 
produtores rurais. 
 Este manual é fruto do trabalho prático e reflexões do Grupo 
PESACRE, com a metodologia participativa denominada agora de Pesa. 
 Esta publicação pretende ser apenas um instrumento na ação e 
está voltada para aquelas pessoas que buscam no seu trabalho de pesquisa 
e extensão um procedimento metodológico que garanta uma paticipação 
mais ativa dos envolvidos no processo de Conservação e Desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO I 
 
 
1. UMA BREVE HISTÓRIA DE METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS 
 
Segundo Robert Chambers (1992), um especialista em 
desenvolvimento rural, nos anos 50 e 60 os países industrializados 
pensavam que desenvolvimento rural era fácil, que eles tinham todas as 
soluções para os países não industrializados. Era só dispor de tecnologias 
“modernas” desenvolvidas na Europa e nos Estados Unidos da América e 
transferí-las para os produtores pobres que utilizassem técnicas 
“primitivas”. Não funcionou Daí técn icos e pesquisadores começaram a 
dar conta de que “desenvolvimento rural não é fácil de se fazer”. 
Numa tentativa de modificar a situação verificada e alcançar os 
resultados esperados, os técnicos começaram a fazer diagnósticos 
(levantamentos tradicionais) para “identificar as soluções corretas” 
para as áreas onde atuavam. Infelizmente a maioria destes diagnósticos 
não deu certo porque estes eram: a) Superficiais- os pesquisadores 
faziam observações pelas “janelas dos carros” sem realmente ver os 
campos; b) Onerosos- demandavam muito tempo para coletar e analisar 
as informações, aumentando, assim, os custos do trabalho; c) As 
informações eram incompletas ou inúteis- muitas vezes não se falava 
com os produtores, ou os mesmos não informavam à luz da verdade, ou 
ainda as informações levavam tanto tempo para serem coletadas e 
analisadas que, muitas vezes, não representavam mais a situação atual da 
comunidade. 
Além dos problemas com os diagnósticos, outros sérios problemas 
começaram a ser reconhecidos por estes “trabalhadores de 
desenvolvimento”. Por exemplo, apesar das novas tecnologias geradas 
e/ou introduzidas serem baseadas nos diagnósticos, estas não estavam 
sendo adotadas pelo público alvo. Avaliações mostraram que estas 
tecnologias não eram adotadas por não serem apropriadas às condições 
reais das populações de pequenos produtores. Geralmente, os 
especialistas não consideravam os fatores sócio-econômicos como, por 
exemplo, mão-de-obra, posse da terra, disponibilidade de recursos, meios 
de comercialização e outros. 
Para superar estes desafios, nos anos 70 e 80 especialistas na 
África, Ásia e América Latina desenvolveram novas metodologias de 
pesquisa e extensão com a preocupação de conhecer melhor os sistemas 
agrícolas, numa abordagem sistêmica e mais integrada. Não podemos 
deixar de mencionar que esta preocupação com pesquisas mais 
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participativas voltadas para a ação teve influência de métodos utilizados 
nas ciências sociais, principalmente o enfoque pedagógico pregado e 
experimentado por Paulo Freire ainda na década de 60. 
No final da década de 70, a partir da experiência no Instituto de 
Ciências e Tecnologias Agrícolas (ICTA) da Guatemala, Hildebrand & 
Ruano (1979) desenvolveram a metodologia de "Farming Systems 
Research and Extension" –FSRE, que em português seria conhecida por 
Pesquisa e Extensão em Sistemas Agrícolas. O Centro Internacional de 
Investigação Agroflorestal (ICRAF) - partindo do presuposto que a FSRE 
se concentrava demais nas culturas anuais em detrimento de uma visão 
mais ampla de sistemas de uso da terra, respondeu com o 
desenvolvimento de uma metodologia específica para o desenvolvimento 
de sistemas agroflorestais, mas baseando-se na anterior. Esta 
metodologia ficou conhecida como Diagnostic and Design - D&D 
(Diagnóstico e Desenho). 
Neste mesmo período várias outras experiências estavam 
ocorrendo e na década de 80 surgem as primeiras publicações com novos 
métodos de diagnósticos como DRR (Diagnóstico Rural Rápido) e DRP 
(Diagnóstico Rural Participativo, uma derivação do DRR), AEA (Análise de 
Sistemas Agroecológicos), entre outras. 
Estas métodos incluíram como instrumento fundamental, técnicas 
de diagnósticos que consideram o “conhecimento local” e que são rápidas, 
integradas e relativamente baratas ( HILDEBRAND, 1986). 
As vantagens destes diagnósticos permitem que a aprendizagem 
progressiva seja flexiva, exploratória, interativa e inventiva, além de 
permitir mudanças de rumo necessárias (aprender junto com as 
populações rurais, descobrir e usar os seus critérios e categorias, e 
encontrar, entender e apreciar conhecimento técnico local), averiguando 
não mais do que o necessário , mas utilizando diferentes técnicas, 
fontes e disciplinas, junto com o uso de uma variedade de informantes, 
numa grande variedade de lugares, permitindo um controle cruzado de 
informações para chegar mais perto da situação real (CHAMBERS, 1992). 
Os DRRs, a FSRE e outros métodos nesta linha se mostraram muito 
eficazes no que se refere à melhoria da qualidade das informações 
adquiridase a rapidez com que eram coletadas, analisadas e utilizadas. 
Também tem contribuído para aumentar, até certo ponto, o sucesso da 
geração e da introdução de novas tecnologias. Porém, nos anos 80, 
enquanto estas metodologias estiveram se desdobrando, um “novo” 
conceito começou a ter mais atenção. A idéia era simples e lógica: dever-
se-ia reconhecer que os pequenos produtores têm um conhecimento 
profundo da situação que os rodeiam, do meio ambiente e de suas 
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necessidades e, por isso, eles precisam ser incluídos em todos os 
aspectos de qualquer programa destinado a ajudá-los. A justificativa se 
baseia no fato de que: 
- O ponto de vista dos produtores precisa ser incluído em qualquer 
processo de decisão para assegurar que esta será uma decisão 
apropriada para eles. 
- Se eles participam de todos os aspectos do projeto, também se 
sentirão mais comprometidos, mais dispostos a confiar nos técnicos, e 
mais dispostos a esperar um retorno que pode levar anos para se 
manifestar; 
- Um dos objetivos de qualquer iniciativa deve ser a eventual auto-
gestão do projeto pela família ou comunidade. A auto-gestão se 
torna possível somente quando as famílias sabem por que e como o 
projeto foi desenvolvido; 
- As famílias e/ou comunidade devem também aprender a partir dos 
diagnósticos, não só os técnicos, extensionistas e pesquisadores. A 
informação é muito importante para todos (CHAMBERS, 1992). 
Com base nestas idéias, muitas instituições começaram a 
incorporar as comunidades como parte das equipes nos diagnósticos e 
como parceiras nas discussões e avaliações dos dados levantados. Os 
resultados deste novo modelo têm comprovado que, embora mais 
complicados de organizar e realizar, os diagnósticos participativos 
melhoram os projetos que os seguem ( ROCHELEAU, 1993). 
 A Metodologia PESA chega ao Brasil já incorporando a análise do 
sistema agroflorestal e ficou conhecida como Pesquisa e Extensão em 
Sistemas Agroflorestais, na qual foi adotada pelo PESACRE, instituição 
não governamental do ACRE. 
Em resumo, pode-se ver que as metodologias de diagnóstico e 
desenho (Desenho, Implementação, Monitoramento & Avaliação, etc.) são 
dinâmicas e acrescentam à sua praxis novas idéias e conceitos com 
regularidade. Originalmente eram sumamente bio-técnicas, faltando uma 
abordagem sócio-econômica. Estas metodologias foram sendo modificadas 
pouco a pouco, incluindo a participação passiva (entrevistas com 
produtores, a maioria homens ) e métodos informais e rápidos. Outros 
aspectos incorporados durante os últimos 20 anos incluem considerações 
sobre o meio ambiente e florestas, culturas perenes em geral, fauna, 
saúde, comercialização e aspectos de gênero (tratando mulheres, 
crianças e idosos também como atores importantes no processo de 
desenvolvimento). A idéia da participação ativa do público-alvo foi mais 
um melhoramento nas metodologias de diagnóstico e desenho e, com 
certeza, o futuro se encarregará de incorporar outros. 
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CAPÍTULO II 
 
 Da PESA à Pesa 
 
 A metodologia FSRE ao chegar no Brasil, já havia adotado os 
elementos do D&D no que se refere a análise mais ampla dos sistemas de 
produção, inclusive os sistemas agroflorestais, e ficou conhecida como 
Pesquisa e Extensão em Sistema Agroflorestais – PESA. 
Em 1988 e 1989, um grupo de técnicos de instituições 
governamentais e não-governamentais fizeram dois cursos sobre a 
metodologia PESA, culminando, um ano mais tarde, com a decisão de criar 
o Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre - 
PESACRE, adotando esta metodologia como a chave para superar 
problemas das mais diferentes ordens, inclusive administrativos, 
financeiros e técnicos. 
A partir de 1990, o PESACRE desenvolveu trabalhos junto a 
populações de seringueiros, colonos e indígenas tendo como base a 
metodologia PESA ao tempo em que se ia promovendo uma série de 
mudanças e adaptações no método, considerando a realidade da parte 
mais ocidental da Amazônia, mais especificamente o Estado do Acre. 
Esta experiência levou ao desenvolvimento de um enfoque 
participativo que tem permitido um envolvimento cada vez maior da 
população, garantindo a esta o papel de atores ativos, num processo 
permanente de busca da auto-gestão dos seus recursos e favorecido um 
aprendizado constante do corpo técnico. Um dos resultados mais 
relevantes deste processo foi a reconstrução da metodologia per se, via a 
inclusão de novos conceitos à PESA, transformando-a na metodologia 
participativa Pesa. Esta metodologia permite que técnicos, pesquisadores 
e extensionistas, tenham uma nova visão de seu trabalho e melhorem sua 
atuação com maior eficiência e eficácia, aliado ao fato de que encontram 
na comunidade os parceiros para compartilhar experiências. 
 
1. Visão da Pesa 
 
A Pesa tem como atributos principais: 
 
- MICRO-ORIENTAÇÃO – Ela é centrada nas populações com as quais 
se se propõe a trabalhar. A mais importante característica está 
relacionada ao forte senso de comunidade desenvolvido pela equipe do 
PESACRE e as famílias envolvidas nos programas e atividades 
agroflorestais; 
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- UMA ABORDAGEM INTEGRAL – A propriedade é vista como um 
sistema integrado e interligado de elementos biofísicos e sócio-
econômicos, ou seja, não se pode analisar um elemento da propriedade, 
humano ou ambiental, independente dos outros elementos. É também 
reconhecido que o sistema contém subsistemas que são interligados 
(culturas anuais, culturas perenes, pequenos animais, etc.); 
 
- UMA PERSPECTIVA DINÂMICA, INTERATIVA E BUSCA 
SOLUCIONAR PROBLEMAS – Depois de identificar as limitações das 
famílias/sistemas, desenvolvem-se tecnologias para enfrentar estas 
limitações, sejam técnicas, biológicas ou sócio -econômicas. As 
tecnologias são avaliadas/testadas pelas famílias e ajustadas até o 
limite de se integrarem ao sistema; 
 
- MULTIDISCIPLINAR E INTERINSTITUCIONAL – Para realmente 
buscar solucionar as limitações de um sistema muito complexo, é 
preciso ter especialistas de várias disciplinas dentro da área biofísica 
e sócio-econômica (agrônomos, florestais, entomólogos, antropólogos, 
sociólogos, economistas, educadores, enfermeiras, etc.). Só o conjunto 
dos conhecimentos destes e das famílias produtoras garantirá uma 
ação apropriada às condições locais. A interinstitucionalidade é 
também fundamental na Pesa para assegurar que um projeto não fique 
susceptível a mudanças políticas ou limitado por problemas financeiros 
de uma instituição, permitindo a continuidade dos trabalhos até que se 
alcance a auto-gestão da comunidade; 
 
- COMPLEMENTA AS PESQUISAS BÁSICAS, NÃO AS SUBSTITUI – 
serve para guiar estas pesquisas e estabelecer prioridades. Também 
serve para adaptar as tecnologias desenvolvidas às realidades 
biofísicas e sócio-econômicas do pequeno produtor, assim, 
complementando a pesquisa básica; 
 
- RECONHECE A ESPECIFICIDADE DOS FATORES TÉCNICOS E 
HUMANOS LOCAIS – Para possibilitar que os projetos de pesquisa e 
extensãosejam eficientes e apropriados, as limitações são agrupadas 
e priorizadas por ordem de importância, para que os problemas mais 
graves sejam abordados de maneira mais urgente e os de soluções 
mais fáceis não sejam ignorados; 
 
 
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- AVALIA AS TECNOLOGIAS POR MEIOS DE ENSAIOS NAS 
UNIDADES PRODUTIVAS – Realizar pesquisas ao nível da unidade 
produtiva, permite que todos os membros das famílias participem 
ativamente da gestão dos recursos e assegura que os fatores sócio-
econômicos sejam avaliados do seu ponto de vista. O (a) pesquisador(a) 
pode levar uma equipe técnica para fazer a pesquisa no campo do 
produtor, mas a própria família deverá participar do desenho, da 
escolha da área, do teste e da avaliação das tecnologias. A pesquisa na 
unidade produtiva facilita, assim, a extensão, a transferência e a 
adoção de tecnologias; 
 
- FORNECE UM CANAL DE “FEEDBACK” – A Pesa facilita a 
comunicação constante e contínua entre pesquisador, extensionista e 
famílias permitindo flexibilidade e mudanças nos objetivos, análise das 
necessidades, estudos de prioridades e limitações e estabelecimento 
de critérios de avaliação das famílias; 
 
- NÃO SEPARA A PESQUISA DA EXTENSÃO – Pesquisadores, 
extensionistas e produtores têm habilidades e conhecimentos 
fundamentais para realização bem sucedida de um projeto 
agroflorestal e de gestão dos recursos naturais. Ao mesmo tempo, é 
importante que cada um reconheça o valor do trabalho que o outro 
está desenvolvendo. Na Pesa, os pesquisadores e extensionistas 
trabalham juntos no diagnóstico, planejamento, pesquisa, avaliação e 
difusão, com parceria junto a pessoas da comunidade que estão 
envolvidas na atividade que está sendo realizada. A família do pequeno 
produtor e/ou a comunidade é que deve direcionar o projeto. Nem o 
pesquisador e nem o extensionista "mandam" no projeto, é uma 
responsabilidade compartilhada entre os diferentes grupos de 
interesse; 
 
- ENALTECE OS ASPECTOS SOCIAIS DAS INICIATIVAS - Integra 
à pesquisa e à extensão os aspectos sociais que afetam o 
desenvolvimento do trabalho, o que vai contribuir para o 
fortalecimento do processo de auto-gestão da comunidade; 
 
 
 
 
 
 
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2. Fases da Pesa 
 
A Pesa consiste de um conjunto de ações participativas de 
Conservação & Desenvolvimento montado sobre cinco fases distintas, 
porém interligadas. Posto que se trata de um processo dinâmico, a Pesa 
não termina ao chegar à quinta fase, mas retorna para a primeira, 
segunda, terceira ou quarta dependendo da necessidade. As cinco fases 
são apresentadas brevemente aqui, sem esquecer de considerar que, em 
todas elas, as questões de gênero e os princípios de Conservação & 
Desenvolvimento são interligados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 1. IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE - Partindo do princípio que se 
está tratando de uma comunidade desconhecida para as equipes 
técnicas, é importante manter contatos preliminares com a mesma e 
entidades representativas das populações que habitam aquele domínio, 
além de recorrer ao levantamento de algumas informações 
secundárias que permitam o reconhecimento do local e da comunidade 
para subsidiar a construção de um futuro diagnóstico. 
 
- 2. DIAGNÓSTICO – A fase do diagnóstico é possivelmente a fase 
mais importante, posto que é a base para todas as demais atividades 
preconizadas pela metodologia. Na metodologia Pesa, o diagnóstico é 
conhecido como “SONDEIO” e permite uma análise participativa da 
DIAGNÓSTICO 
- SONDEIO - 
PLANEJAMENTO OU 
FORMULAÇÃO DO PROJETO 
IMPLEMENTAÇÃO/ 
MONITORAMENTO & 
AVALIAÇÃO 
 
RECOMENDAÇÃO E/OU 
DISSEMINAÇÃO 
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COMUNIDADE 
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realidade, limitações e necessidades dos pequenos produtores. 
 
- 3. FORMULAÇÃO DO PROJETO OU PLANEJAMENTO – Nesta fase, 
são identificadas possíveis soluções para os problemas e limitações 
encontradas no SONDEIO junto com a comunidade. A idéia é que, 
nesta fase, experiências e tecnologias bem-sucedidas possam ser 
selecionadas de acordo com os problemas levantados, repeitando-se o 
grau de dificuldade e o potencial de resposta das soluções apontadas. 
Ao mesmo tempo, estudos e pesquisas podem ser elaborados visando 
entender melhor as causas dos problemas, diante das situações 
encontradas, e apontar os meios adequados para que a comunidade 
possa sobrepassá-los. Aqui, é também importante a definição dos 
mecanismos de Monitoramento & Avaliação. 
 
- 4. IMPLEMENTAÇÃO & AVALIAÇÃO – Nesta fase, tecnologias ou 
soluções para os problemas identificados são testadas e trabalhadas 
nas unidades produtivas. Podem ser ensaios dirigidos pelos 
pesquisadores, mas realizados pelas famílias produtoras, ou ensaios 
das próprias famílias. É nesta fase que as equipes contribuem para o 
entendimento das famílias e/ou comunidades do que consiste uma 
pesquisa, para que serve e como é feita. O processo de 
desenvolvimento de pesquisa nas unidades produtivas assegura que as 
tecnologias agroflorestais e/ou de manejo sejam apropriadas aos 
sistemas para os quais foram indicadas. Se a tecnologia que está 
sendo testada não oferece a solução esperada, os participantes do 
projeto voltam para fase três (formulação/planejamento). 
 
- 5. RECOMENDAÇÃO E/OU DISSEMINAÇÃO - A última fase da Pesa 
consta de levar uma tecnologia que deu certo para outras comunidades 
ou famílias com problemas e circunstâncias semelhantes, considerando 
o mesmo processo apresentado anteriormente. É nesta etapa que se 
analisa o potencial de tal tecnologia para recomendá-la como uma 
política pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO III 
 
AS FASES DA Pesa NOS SEUS DETALHES 
 
1. IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE 
 
 O PESACRE, através da Pesa, tem buscado integrar todos os 
parâmetros anteriormente mencionados quando desenvolvendo suas 
atividades. Quando não se tem um conhecimento prévio da comunidade, é 
importante: 
 
a) Manter contatos preliminares: inicialmente os contatos ficam a nível 
de uma entidade representativa de comunidades (associações, sindicatos, 
caixas agrícolas, cooperativas, grupos de trabalhadores[as]), inclusive no 
caso das pesquisas. Esta etapa é realizada com objetivo de identificar a 
área de trabalho. Com este objetivo, a Pesa é apresentada, além de 
promover uma primeira demonstração dos objetivos e metas do PESACRE 
e sua equipe. 
 Visando aumentar as possibilidades de respostas e efetivamente 
implementar a Pesa, é necessário que a comunidade esteja organizada a 
um certo nível. Três critérios básicos devem ser observados quando 
definindo a seleção da comunidade: 1) acesso possível durante todo o ano; 
2) existência de grupos organizados, demaneira formal ou informal; e 3) 
padrões de envolvimento com outras instituições que ainda não tenham 
transformado a comunidade em objetos de man ipulação, política ou 
técnica, ou mesmo sob estas influências apresentem interesse em 
mudanças. 
 Este último critério se constitui em um dos maiores desafios 
enfrentados pela Pesa. Por um lado, existe a necessidade de encorajar as 
populações a perceber a importância e essencialidade de trabalhos em 
grupo ou mutirões e esforços comunitários ao invés da adoção de ações 
paternalistas das tradicionais agências de desenvolvimento. Por outro 
lado, a Pesa facilita o reconhecimento que as comunidades são 
heterogêneas, com marcantes diferenças e conflitos internos, e a 
promoção de trabalhos em grupo em todas as fases do projeto ou 
programa não é sempre a melhor forma de intervenção (Nobre et al., 
1999). 
 
 
 
 
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b) Manter contatos com a comunidade envolvida: Com o objetivo de 
manter uma comunicação real entre as partes, é importante não somente 
considerar a comunidade ou famílias como meros espectadores ou 
informantes, mas, de fato, tê-los como participantes e, assim, deve-se 
explicar as razões para o trabalho, apresentando os passos a serem 
seguidos. Desta forma pretende-se demonstrar sua importância em todo 
o processo, ao tempo em que se identifica o interesse da comunidade ou 
das famílias pela intervenção na área. 
 
c) Contatos institucionais: com vistas a um reconhecimento expedito da 
área e/ou da comunidade, pode-se lançar mão de instrumentos (mapas, 
gráficos, figuras, fotos, relatórios, vídeos) que foram anteriormente 
coletados. Quando se quer dados referentes à agropecuária, recomenda-
se uma consulta junto ao centros regionais de pesquisa e de assistência 
técnica (p.ex.: EMBRAPA, EMATER); quando o assunto é questão 
fundiária, deve-se procurar entidades e órgãos que trabalham com 
reforma agrária (p.ex.: CPT, INCRA); se a idéia básica está centrada no 
atendimento do serviço público, vale a pena buscar referências nas 
instituições do setor (p.ex.: saúde = Fundação Nacional de Saúde, 
Secretarias e Conselhos Estaduais e Municipais; educação = 
Universidades, Secretarias de Governo, ONGs; transporte = 
Departamento de Estradas; etc.). 
 
 
 
 
 
 
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2. DIAGNÓSTICO 
 
2.1. POR QUE FAZER UM DIAGNÓSTICO? 
 
O propósito de um diagnóstico é conhecer a realidade de um lugar 
ou uma situação. Não adianta começar um projeto ou programa sem 
entender muito bem as condições da área e da população com que se vai 
trabalhar. Sem o conhecimento da realidade, certamente vai se ter 
problemas desnecessários, perdendo dinheiro, tempo e, principalmente, a 
confiança desta população, o que inexoravelmente acarreta em fracasso. 
 
 
2.2. PARA QUE FAZER UM DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO? 
 
Um diagnóstico tradicional consiste de um levantamento levado a 
efeito por uma pessoa que o faz para atender suas particulares 
necessidades ou interesses, ou seja, ela coleta dados para ela mesma. É 
uma tentativa de levantar dados que respeita o seu ponto de vista. No 
final do diagnóstico a pessoa que faz o levantamento tem aprendido 
muitas coisas, mas e os entrevistados? E os membros da comunidade? 
Geralmente eles foram participantes passivos no processo, só servindo 
como fonte de informação. Eles mesmos não aproveitaram, não 
aprenderem nada do processo. Se o projeto é para os pequenos 
produtores, se o objetivo é melhorar a vida deles, se o projeto prevê o 
seu envolvimento, e se o projeto realmente É DELES, os produtores 
devem participar ativamente em todas as fases, INCLUINDO o 
diagnóstico. Se os produtores participam do diagnóstico, a equipe técnica 
também vai aprender coisas novas porque estas serão originadas a partir 
do ponto de vista dos produtores. Além disso, eles se sentem parte do 
projeto desde o início, facilitando o seu compromisso em contribuir para 
o alcance das metas estabelecidas, pois estas também foram 
estabelecidas pela comunidade. Embora represente maior grau de 
dificuldade, a participação dos produtores no diagnóstico e no desenho do 
projeto favorece a redução dos riscos de erros e a possibilidade do 
sucesso só tende a aumentar. 
 
 
 
 
 
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2.3. ESCOLHA DO MÉTODO 
 
O método mais apropriado para um levantamento de informações 
acerca de uma área, de uma comunidade ou de famílias, deve levar em 
consideração os aspectos estruturais do diagnóstico e seus objetivos. 
Normalmente, há mais de uma maneira de obter uma informação 
específica. Deve-se perguntar: qual o método mais adequado diante das 
necessidades e circunstâncias que o cercam? Três aspectos são 
essenciais para uma tomada de decisão a este respeito: 
a) Recursos disponíveis – não é sensato realizar uma sondagem 
formal, longa e complexa, se não houver condições estruturais para tal, 
como disponibilidade de instalações informáticas e/ou de pessoal 
treinado para auxiliar na tabulação e análise de resultados; 
 b) Disponibilidade de tempo – não é de bom senso realizar um 
levantamento formal, longo e complexo, quando se verifica a necessidade 
de obter informações ou respostas num curto espaço de tempo; 
 c) Natureza da informação ou razão para coleta de informação 
– a informação qualitativa, ou seja, a relativa a opiniões, atitudes e 
valores sócio-culturais do público pesquisado, é normalmente melhor 
explorada em diagnósticos informais. Já a informação quantitativa, ou 
seja, aquela que é relativa a quantidades e características mensuráveis, é 
freqüentemente melhor analisada por meio de diagnósticos formais. 
 
 Considerando a experiência do PESACRE, o SONDEIO demonstrou 
ser um método de diagnóstico que acentua a participação das 
comunidades ou famílias permitindo a obtenção de informações, 
principalmente qualitativa, mais próxima da realidade e inicia um 
processo de aprendizagem dos técnicos e comunidades. 
 
 
2.4. SONDEIO 
 
q Origem: O sondeio ( do espanhol “Sondeo”) é uma técnica de 
diagnóstico rápido, desenvolvida pelo Instituto de Ciências e 
Tecnologia Agrícola da Guatemala ( ITA ) como resposta a restrições 
orçamentárias e de outras metodologias usadas, e à necessidade de 
redução de tempo, para aumentar a informação numa região onde a 
geração de tecnologia não foi iniciada. 
 
 
 
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q Objetivos do sondeio: a função do sondeio é o levantamento e análise 
da região de trabalho, a identificação dos problemas, limitações e 
soluções da comunidade, e a familiarização dos técnicos com a área e a 
comunidade em que irão desenvolver o trabalho. Como não é baseado 
em levantamento e análise de dados quantitativos, o sondeio pode ser 
conduzido rapidamente. Não são usados questionários por isso as 
famílias de produtores são entrevistadas de maneira informal, o que 
não as inibe. Ao mesmo tempo, a equipe multidisciplinar que conduz a 
entrevista ajuda a processar informações de pontos de vista 
diferentes e/ou antagônicos, simultaneamente. A contribuição de cada 
disciplina é crítica em todo o processo do sondeio, porque a equipe não 
sabe “a priori” que tipos de problemas ou limitaçõesserão detectados. 
Quanto maior for a participação das famílias produtoras e o número 
de disciplinas envolvidas, maior é a probabilidade de se encontrar os 
fatores positivos e negativos realmente mais importantes para região. 
 
q Limitações do sondeio: ao optar por este método temos que ter claro 
algumas limitações como a perda de informações, o elevado grau de 
dificuldade em comunidades muito dispersas e insuficiência de 
informações quantitativas. 
 
q Duração de um sondeio: dependendo do tamanho, complexidade e 
situação de acesso da área e do número de equipes, o sondeio poderá 
ser completado em até 10 dias com um custo mínimo. 
 
 
2.5. ETAPAS DO SONDEIO 
 
Partindo do pressuposto de que o método SONDEIO corresponde 
às possibilidades da equipe de pesquisa e da comunidade, necessário se 
faz adotar os seguintes passos para a efetivação dos trabalhos: 
 
2.5.1. Conversas com a comunidade 
 
 Consiste de discussões prévias com lideranças ou com antigos 
membros da comunidade que guardam a história oral de períodos 
passados e conhecem as atuais tendências do meio e da população, seja no 
tocante a produção agrícola, seja na organização social e política, ou ainda 
acerca de outros aspectos. Desta maneira é possível se certificar do 
atual estágio de desenvolvimento da área em tela, o que poderá tornar o 
futuro levantamento mais eficaz na medida em que se elabora as 
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questões-chaves, sem se correr o risco de comprometer o diagnóstico 
com questões que deve ser evitadas, muitas vezes até por razões 
culturais. Nestas conversas monta-se o planejamento do sondeio. 
 
2.5.2. Escolha dos instrumentos de coleta de dados 
 
 Para facilitar uma maior participação da família, é importante o uso 
de instrumentos que permitam um maior envolvimento da mesma durante 
a entrevista. Poderão ser utilizados um ou mais instrumentos informais 
adaptando-os às diversas situações (mapas da unidade produtiva com a 
identificação de quem desenvolve as atividade; transectos da unidade 
com identificação das características ambientais; flanelógrafos para 
construção de relações ou sonhos da família. etc.) 
 
2.5.3 Preparação da equipe 
 
A constituição da equipe é determinada pela disponibilidade de 
recursos e pelo contexto do diagnóstico. Faz-se necessário considerar 
algumas situações, como se segue: 
q Tamanho da equipe: este varia de acordo com o objetivo do projeto 
e com a complexidade do ambiente e condições sócio-econômicas. 
Um número adequado se situa em torno de 8 e 9, porque pode-se 
dividi-los em 4 ou 3 equipes menores de 2 ou 3 membros cada; 
 
q A equipe deve ter um caráter multidisciplinar. Dessa forma cada 
disciplina contribui com uma perspectiva própria para a análise dos 
problemas e das soluções propostas. Uma boa composição de 
disciplina incluirá economistas rurais, cientistas sociais e 
ambientais, agrônomos e outros. O ideal é reunir um cientista social 
a um economista e a um cientista natural (agrônomo, biólogo) por 
equipe menor. Cada uma deve contar com a presença de uma 
entrevistadora, de forma a assegurar que as produtoras sejam 
entrevistadas, especialmente em situações nas quais não é 
permitido ao pesquisador masculino entrevistar as mulheres da 
família; 
 
q A equipe menor pode ser reforçada por um produtor local de 
preferência que este produtor não seja um líder, já que a sua 
presença pode levar à distorção de uma informação, mas pessoas 
que possam contribuir na coleta de informações descomprometidas 
sobre o meio e orientar os deslocamentos. 
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 Após a escolha da equipe é importante prepará-la para as 
entrevistas, principalmente no uso dos instrumentos. 
 
2.5.4. A entrevista 
 
 
 
q Roteiro: é importante a equipe elaborar um roteiro para entrevista 
antes de partir para o campo. Essa medida visa orientar a conversa 
com a família entrevistada, evitando paralelismo de assuntos que 
tornam a entrevista um caos de comunicação, e auxilia a aprofundar 
a discussão sobre determinados aspectos julgados interessantes, 
que poderiam ser esquecidos. Porém, para não correr o risco de 
transformar o roteiro em um questionário, a equipe deve levar em 
conta as seguintes considerações: 
a) Utilizar fontes de informações secundárias : reunir os dados 
coletados na fase de pré-diagnóstico, relatórios anteriores, 
entrevistas com extensionistas e pesquisadores que já atuam na 
área, sondeios anteriores; 
b) A equipe começa a se integrar quando verifica que chegou a um 
consenso em relação a todos os assuntos incluídos no roteiro . Este 
processo é resultado da contribuição de cada membro com opiniões 
de particular relevância para sua disciplina; 
c) O roteiro deve ser testado antes da saída para o campo, visando 
assegurar que cada assunto será tratado na entrevista e até como 
forma de garantir uma abordagem correta, sem constrangimentos 
para ambas as partes, sobre os temas mais sensíveis. 
 
q Constrangimentos da entrevista: antes de sair para o campo a equipe 
deve estar ciente de possíveis falhas humanas. Há que procurar 
evitá-las para que a família do produtor fique à vontade. Neste 
 19 
sentido alguns procedimentos devem ser exercitados, tais como: 
· Apresentar-se bem,explicar por que está-se fazendo a entrevista; 
· Não usar linguagem técnica e complicada; 
· Perguntar se a hora é oportuna para a entrevista; 
· Programar para chegar em hora apropriada; 
· Pedir licença para tirar fotos; 
· Evitar chegar comendo ou bebendo água que foi levada; 
· Não interromper o(a) entrevistado(a) e nem os outros 
· entrevistadores; 
· Não discordar/contestar as respostas dos entrevistados; 
· Cuidados para não ignorar mulheres e crianças; 
· Evitar perguntas que induzem as respostas; 
· Não criticar aspectos da vida dos entrevistados; 
· Evitar o uso de comportamento (linguagem de corpo) impróprio; 
· Evitar mostrar enfado ou impaciência; 
· Evitar conselhos às famílias, anotar para posterior providência; 
· Não pedir frutas ou outras coisas para levar consigo; 
 
q Seleção dos entrevistados: Após formadas as equipes, estas deverão 
entrevistar várias famílias de produtores por toda a área de estudo. É 
mais prático, freqüentemente, utilizar métodos aleatórios, informais, 
para escolha da família. Tais como decidir visitar a quarta propriedade 
à direita num caminho escolhido. As equipes poderão também querer 
entrevistar, propositadamente, algumas famílias com características 
particulares, como produtoras de determinadas culturas ou que 
desenvolvem certas técnicas. Há casos em que as equipes poderão 
entrevistar toda a comunidade. Independente da seleção das famílias, 
é sempre aconselhável os membros das equipes entrevistarem pessoas 
que interatuam com freqüência com estas (comerciantes, professores, 
extensionistas, agentes de saúde, etc. ), com o fim de se ter ampliada 
a visão da comunidade. 
 
q Entrevistar a família: devem ser feitos todos os esforços para 
entrevistar a família, e não somente o homem como geralmente se 
faz. As mulheres são responsáveis por enorme parcela da mão-de-
obra produtiva da unidade familiar. Se possível, além do homem e da 
mulher as equipes devem reunir-se inclusive na presença das crianças 
e jovens e dos agregados (parentes ou não). 
 
q Local da entrevista: as entrevistas devem ser conduzidas na área 
pertencente à família. Preferencialmente nos locais sobre os quais 
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está-se fazendo perguntas (casa, roçados,açude, curral, pomar, etc.) 
como meio de obter respostas e opiniões específicas do entrevistado. 
Além disso, os entrevistadores inspirarão maior confiança às famílias 
se percorrerem as suas propriedades. 
 
q Número de entrevistas por dia: Como este tipo de diagnóstico não 
recomenda-se o uso de questionário, a observação pessoal e outros 
instrumentos informais pode ser um dos melhores meios de coleta de 
dados. Isto posto, é preciso considerar que os membros deverão está 
atentos para perceber dia a dia das famílias, que é muito rica em 
detalhes. Além de bons observadores, os membros das equipes 
devem estar descansados mental e fisicamente para observar, e não 
esquecer o grande volume de informações que está sendo repassado 
pelos entrevistados e para percorrer os locais de interesse de 
levantamento. Em vista desta característica, recomenda-se o máximo 
de duas entrevista diárias, e cerca de duas horas de conversa cada, 
de preferência no período da manhã. Uma terceira entrevista pode 
ser feita, desde que não se tenha a necessidade de riqueza de 
detalhes ou de muita profundidade. 
 
q Registro da entrevista: após ter completado a entrevista, a equipe 
deve procurar um local adequado para registrar as informações 
colhidas. Outra forma de registro é através dos instrumentos 
informais que foram construídos durante as entrevistas. 
 
q Elementos importantes nas entrevistas : Ao final do dia, a equipe 
geral se reúne para processar as informações, em local apropriado. 
Cada membro da equipe apresenta suas impressões iniciais 
observadas durante a visita e todo o grupo de entrevistadores 
discute, dando início ao processo de análise da situação da área. 
Durante a discussão, cada membro da equipe observa como as 
interpretações dos outros podem ser importantes na compreensão 
de problemas ou da cultura das famílias da região. As dúvidas ou 
hipóteses levantadas no decorrer da discussão irão servir como base 
para as sessões de entrevistes seguintes. Depois desta troca de 
idéias, as equipes são alteras, ou seja, forma-se equipes com 
membro diferentes procedendo-se este rodízio todos os dias do 
sondeio, para maximizar a interação disciplinar e minimizar os 
preconceitos dos entrevistadores. Isto facilita ao intercâmbio de 
idéias e ajuda a estabelecer uma melhor comunicação entre os 
membro da equipe geral. Este processo continua pelos dias 
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seguintes, desta maneira, os tópicos de maior interesse podem ser 
melhor explorados. Encerradas as entrevistas começa a análise. 
Todos devem trabalhar no mesmo local, apenas separados por 
assunto, para que possam circular e debater livremente uns com os 
outros. A medida em que as equipes trabalham, invariavelmente irão 
encontrar pontos para os quais ninguém tem resposta. A melhor 
solução é destacar a dúvida e apresentá-lo na discussão com a 
comunidade 
 
2.6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
 Um outro passo importante a ser considerado quando coletamos 
dados, é a fase de discussão dos resultados. Esta discussão com a 
comunidade se reveste da maior importância para que as soluções 
possíveis sejam dirigidas realmente a problemas prioritários das famílias. 
A análise e interpretação dos entrevistados soa como uma validação de 
todo o processo, uma vez que o sucesso do trabalho futuro, seja pesquisa 
e/ou extensão, depende da participação efetiva do público beneficiado. 
Neste momento não podemos esquecer de considerar alguns pontos 
importantes já levantados anteriormente: 
· O uso de instrumentos (privilegiando os visuais) que permitam prender 
a atenção, facilitar um melhor entendimento dos pontos a serem 
apresentados, dar maior segurança a comunidade; 
· Utilização de linguagem simples, de fácil compreensão; 
· Considerar a heterogeneidade do grupo trabalhado (associação/ 
comunidade...); 
· Facilitar a participação dos diferentes grupos de interesse, inclusive 
por gênero; 
· Colocando-se na postura de facilitador do processo. 
 
 A discussão permite uma análise por parte dos envolvidos no 
processo, contribui para a reflexão dos problemas e a definição dos 
principais problemas que o grupo deseja trabalhar. Necessário se faz 
observar que a análise das recomendações/conclusões das equipes pode 
não ser a mais correta para aquele momento e/ou situação, daí a 
necessidade de uma reflexão por parte do grupo envolvido, inclusive 
acrescentando novos elementos e/ou modificando outros. 
 As modificações que ocorrerem devem fazer parte do relatório final 
que servirá de base para a montagem do planejamento. 
 
 
 
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2.5.1. Elaboração do relatório 
 
 O relatório é um produto do Sondeio que não determina o final dos 
trabalhos. Recomenda-se o uso de linguagem acessível ao grupo que irá se 
utilizar dos resultados, inclusão dos instrumentos trabalhados e um 
formato adequado a cada situação. 
 Um relatório mais simples pode ter uma introdução, a descrição dos 
procedimentos metodológicos, os resultados obtidos, a discussão e 
análise destes resultados e a conclusão, sendo que ao final deve-se 
acrescentar os anexos que se fizerem necessários. 
 
 
3. FORMULAÇÃO DO PROJETO OU PLANEJAMENTO 
 
No mesmo dia da discussão do relatório ou em outro momento dar-
se-á início ao planejamento das ações. 
As atividades do programa não podem ser definidas isoladamente 
por técnicos, como se fosse uma receita médica para os males da 
comunidade, sob o risco de perder a oportunidade de efetivação da mais 
importante parceria: comunidade-técnicos. Mesmo que a primeira não 
tenha experiência em planejar, certamente tem a capacidade de julgar 
quais as ações iniciais têm a possibilidade de garantir o sucesso do plano 
por inteiro. Segundo Bunch (1985 ), são numerosas as razões a favor da 
participação da comunidade no planejamento de um programa. Primeiro, o 
entusiasmo, a força impulsora do desenvolvimento, será muito maior e as 
pessoas sentem que o programa lhes pertence, que elas têm participado 
em seu planejamento e formação. Segundo, a medida que as famílias 
contribuem para a decisão do programa, se sentirão comprometidas em 
lutar para que este tenha êxito. Terceiro, a participação da comunidade 
combaterá toda classe de suspeitas sobre programa e ajudará a que as 
pessoas valorizem a complexidade do trabalho de um bom programa 
agrícola. Quarto, planejar um programa com orçamento de $ 20,000 
anuais, por exemplo, pode trazer um sentido de confiança e auto-estima a 
quem nunca havia manejado mais do que uns poucos dólares. Em quinto 
lugar, as pessoas da comunidade têm que participar do planejamento 
porque elas, mais que qualquer outra, conhecem as condições de suas 
áreas e os sentimentos dos que vivem ali. Tem-se que desmistificar que 
os profissionais têm a resposta para todas as perguntas e solução de 
todos os problemas. Qualquer programa que não está aproveitando os 
conhecimentos da comunidade, desde o planejamento, está, até certo 
ponto, dando passos de cego, completa Bunch. 
 
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Assim sendo, no tópico de discussão dos resultados referente a 
problemas e recomendações, a discussão deve ser mais apurada, pois é a 
partir da definição das soluções que se inicia o planejamento do 
trabalhos futuros. Neste momento todos devem contribuir para priorizar 
as ações que fundamentarão as linhas de trabalho, sejam de pesquisa ou 
extensão. Antes, porém, de ordenar os problemas prioritários, cabe uma 
análise profunda sobre cada recomendação, considerando a importância 
dasatividades para as famílias e a factibilidade, que por sua vez inclui 
uma avaliação dos fatores internos ( mão-de-obra, baixo nível 
tecnológico, falta de recursos financeiros e de insumos, etc.) e externos 
( situação orçamentária de órgãos de públicos, situação fundiária, vias de 
transporte, políticas de preço, crédito, et.) que podem influenciar a 
concretização de futuras ações. 
 Obviamente que nem todas as limitações serão eliminadas ou 
mesmo minimizadas pela ação conjunta das equipes e comunidade. 
Principalmente aquelas que se relacionam, com políticas externas à 
comunidade, ou que dependam da atuação de uma instituição especializada 
em determinado serviço ( saúde, estrada, educação, etc.) ou de setor 
público. Mesmo assim, a equipe técnica, quando pode, deve funcionar como 
um elo de ligação necessária entre a comunidade e círculos políticos. 
 
QUADRO 1: Exemplo de análise e priorização de recomendações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação: após organizar as recomendações no mural, todo grupo 
discutirá cada uma, aplicando um número ou símbolo que identifique 
aquela de prioridade 1, 2, 3,...,n. 
 
 
Incremento da 
produção 
Cursos e 
Treinamentos 
Implant. de um 
Prog. de educ. 
ambiental 
Gênero e Saúde 
Estimular a instalação 
de hortas caseiras 
Curso de produção de 
mudas 
Orientar o uso de fontes 
de água 
Realizar atividades 
que envolvam as 
Vacinar os 
animais 
Curso sobre 
administração 
Estimular o uso de 
produtos florestais 
Reparo do posto de 
saúde 
Orientar quanto a 
armazenagem de 
sementes e grãos 
Curso sobre 
comercialização. 
Orientar o uso de 
agrotóxicos 
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 De uma forma geral, é recomendável usar de flexibilidade no 
planejamento, visando assegurar participação crescente das pessoas da 
comunidade, e adotar os seguintes procedimentos: 
q Identificar oportunidades de trabalho, definindo os objetivos; as 
metas; as fontes de recursos; estimativas das necessidades, de custo 
de tempo; e a coordenação e o pessoal de execução; 
q Identificar e classificar parcerias, segundo os critérios de Positiva-
Neutra-Negativa; 
q Definir estratégia de ação, determinando as táticas para alcançá-las; 
q Elaborar cronograma de atividades; 
q Definir um programa de monitoramento e avaliação. 
 
3.1. FORMULANDO OBJETIVOS 
 
 Na formulação dos objetivos considerar alguns aspectos chaves: 
frases simples e curtas; o tempo do verbo- descrever condições futuras; 
clareza (sem ambigüidades); formular um de cada vez; e ações completas. 
 
n Exemplos de verbos: Classificado, comparado, construído, enumerado, 
feito, identificado, listado, nomeado, reproduzido, selecionado. 
 
3.2. TÁTICAS 
Como propósito de determinar as táticas estratégicas, pode se 
aplicar os seguintes critérios 
q Deve ser uma ação prática, realista e possível de completar/realizar 
nos próximos meses; 
q Depende de dois fatores importantes: disponibilidade de pessoal e 
custo; 
q Deve ser uma ação que realmente você queira fazer. 
 
QUADRO 2: Exemplo de Cronograma de Atividade 
ATIVIDADE Quem Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 
Reunião de 
Planejamento 
Organizar materiais 
Práticas de viveiro 
Plantio de mudas 
Monitoramento 
¥ 
 
Ð 
¥ 
Ð £ 
¥ 
 --- 
 
 ----- 
 ---------------------------------- 
 ----------------------- 
 ---- ---- ----- ------ 
 
¥= todos Ð= homens £= mulheres 
 
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3.3. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 
 
 Monitoramento: um processo de revisão sistemática e crítica de 
uma operação com o objetivo de verificar a operação e adaptá-la às 
circunstâncias. Isto implica que o monitoramento seja uma forma mais 
freqüente de reflexão, principalmente ao nível operacional. 
 Avaliação: envolve uma análise compreensiva sobre a operação 
com o objetivo de adaptar a estratégia e o planejamento às 
circunstâncias. Isto implica que a avaliação seja uma forma menos 
freqüente de reflexão, é mais profunda e conduz a decisões mais 
fundamentais. 
 Tanto para o monitoramento quanto para a avaliação o 
estabelecimento prévio de indicadores é importante e deve ocorrer na 
fase do planejamento. A base de dados do monitoramento e avaliação 
será a do diagnóstico. 
 
3.3.1. INDICADORES 
 
 Indicadores são medidas de progresso e impacto que podem ser 
comparado a uma placa que indica se estamos na estrada certa. Eles 
mostram o andamento do plano, programa e/ou projeto. Expressam: 
quantidade (quanto); qualidade (quão bem); tempo (quando); relações de 
gênero (quem). 
 Devem ser práticos e de custo adequado, fornecendo a base para o 
gerenciamento do plano e para os relatórios. 
 Para definir indicadores podemos utilizar perguntas como: 
- Quais são as principais informações que podem nos dizer melhor se 
chegamos onde queremos? 
- Como podemos medir se houve êxito no programa, projeto..... 
 
 QUADRO 3. Exemplo de um Projeto de Pequenas Produtoras Rurais 
Objetivo Geral Indicadores 
Melhoria das condições de vida das famílias 
produtoras da comunidade Sâo José/AC 
Família produtoras rurais tendo acesso a novos 
bens 
Objetivo Específico 
Aumentar a renda da família de produtores rurais 20 familias de aumentando sua renda em 30% 
Resultados 
- Aumentar a produção de artesanato 
- Organizar uma associação de artesãs 
Aumento de 30 a 40% da produção de artesanato 
Uma organização de artesãs funcionando 
Atividades 
- Cadastrar artesãs, organizar a documentação 
- Registrar a associação 
- Capacitar artesãs na qualidade dos produtos 
- Organização da produção de artesanato e 
comercialização 
Fichário das artesãs organizados 
Documentação das artesãs e da associação 
organizados 
3 treinamentos para as 20 artesãs 
Plano de negócios das artesãs 
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4. IMPLEMENTAÇÃO e M & A 
 
O programa de trabalho deve ser iniciado com ações mais fáceis, 
de baixo custo e catalisadoras de outras ações. Visando implementar o 
plano de execução, aconselha-se observar os seguintes critérios: 
q Não promover e desestimular qualquer ação paternalista; 
q Evitar ostentar dinheiro; 
q Não esquecer Gênero; 
q Reconhecer e respeitar o valor do conhecimento do(a) produto(a); 
q Desenvolver uma compreensão de liderança, não de um líder; 
q Lembrar que você não é o chefe e nem pretende ser herói; 
q Contribuir com as famílias para fazerem seus próprios ensaios; 
q Discutir, a qualquer momento, com a comunidade, o andamento dos 
trabalhos, promovendo assim o processo de retroalimentação. 
 
A avaliação de novas práticas introduzidas ou adaptadas tem que 
abranger uma gama de fatores que poderão influenciar os resultados 
esperados. A avaliação deve explorar e obedecer alguns critérios, tais 
como: 
 
q Estabelecer o pressuposto básico: equipe multidisciplinar e ação 
participativa; 
q Destacar a participação de homens, mulheres e crianças; verificar o 
nível desta participação; registrar a avaliação da comunidade; as 
famílias da área de trabalho deve estabelecer a importância para elas 
(o objetivo é o esperado, necessita a ampliação do projeto e o impacto 
na região?); 
q Observar se o trabalho está promovendo alguma interação 
institucional além da prevista; 
q Verificar quais os impactos, e o nível, que o trabalho está promovendo, 
do ponto de vista social, econômico, ambiental e cultural; considerando 
o envolvimento de mulherese crianças, a diversificação da base 
produtiva, interações resultantes das mudanças nas relações sociais, 
econômicas e culturais, a rentabilidade dos sistemas introduzidos; 
q Listar as contribuições na geração ou adaptação e difusão de 
tecnologias e conhecimentos; 
q Verificar se as tecnologias são adequadas e como estão sendo 
adotadas; 
q Observar se os objetivos do programa estão sendo atendidos. 
 
 
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De posse deste rol de recomendações, deve-se seguir os passos 
seguintes com vistas à efetivação do plano de monitoramento e avaliação: 
q que se quer fazer? 
q Por que fazer ( razões para fazer )? 
q Para que fazer (objetivos)? 
q Quem vai participar? 
q Quando fazer ? 
 
 É importante, pois, que os grupos incorporem a avaliação em seu 
trabalho permanentemente e não somente use-a como ferramenta de 
final de trabalho, ou quando se tem dificuldades. Isto é, o monitoramento 
e a avaliação permanente, significa uma forma de se manter todas as 
etapas do trabalho em pleno funcionamento. 
 
5. RECOMENDAÇÃO E/OU DISSEMINAÇÃO 
 
 Nesta fase, após testadas as tecnologias, é o momento de repassa-
las para comunidades semelhantes (o repasse na maioria das vezes é feito 
pelos próprios(as) produtores (as)) ou se for o caso propor como política 
pública. 
 
 
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CAPÍTULO IV 
 
CONSIDERANDO GÊNERO NA Pesa 
 
1. GÊNERO E DESENVOLVIMENTO 
 
Os esforços para o desenvolvimento inclui segurança alimentar e 
nutrição, energia, emprego, renda, saúde, educação, agricultura 
sustentável e recursos naturais. Existe reconhecimento cada vez maior 
de que, em qualquer estratégia sustentável, as necessidades ambientais e 
sócio-econômicas dos diferentes grupos sociais, assim como das mulheres 
e homens, devem ser prioritárias na resolução de problemas. 
As políticas de desenvolvimento afastam-se cada vez mais de 
enfoque unilateral sobre o setor da produção, para caminhar em direção a 
uma forma de desenvolvimento que trabalhe a conservação, priorizando 
as ligações entre população e recursos. Os esforços atuais são no sentido 
da resolução da pobreza urbana e rural, promovendo a população local com 
seus agentes e beneficiários das atividades de desenvolvimento além da 
preocupação com a sustentabilidade ambiental. 
Planejar para o desenvolvimento “centrado na população” com uma 
“abordagem de conservação”, requer informação mais precisa sobre as 
características dessa população, que não forma um grupo homogêneo, mas 
atores com diferentes níveis de poder, interesses distintos e constantes 
negociações. 
 
2. ANÁLISE DE INTERESSADOS 
 
Análise de grupos de interesse é um instrumento que ajuda a 
entender melhor o ambiente em torno da ação que será desenvolvida, os 
grupos afetados e os que poderão afetar a tomada de decisões e os 
resultados. 
 Para desenvolver esta análise é importante a identificação dos 
diferentes grupos ( instituições formais ou informais, governamentais ou 
não governamentais, grupos organizados ou não, comunidades, indivíduos), 
principalmente os que tem menos poder, pois muitas vezes são os que são 
mais afetados pelos projetos, programas e/ou políticas. 
 Outros elementos a serem considerados nesta análise são: quais 
são os interesses de cada grupo; todos os grupos estão envolvidos no 
projeto; quais os conflitos existentes entre eles; e quais as possíveis 
estratégias de negociação e/ou de oportunidade? 
 
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 Uma sugestão para esta análise é a utilização de um quadro que 
permita a visualização dos atores envolvidos e a dimensão de seu 
envolvimento/poder, utilizando círculos de tamanhos e cores diferentes, 
e uma discussão das possíveis estratégias de negociação e/ou 
oportunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pode-se inserir o resultado da análise numa tabela (p.ex.): 
 
GRUPO Interesse na 
Questão 
Afeta Afetado Estratégias 
IBAMA Conservação X Autorização sobre o 
plano de manejo 
Prefeitura Impostos/produção X X Legalização da fábrica 
.......... 
 
 3. GÊNERO 
 
Gênero afeta e molda oportunidades para capacitação a nível local, 
através de fatores culturais, políticos e econômicos. A experiência 
mostra que a informação sobre gênero é vital para as atividades efetivas 
e sustentáveis. Na realidade, todas as pessoas interessadas no 
desenvolvimento sustentável e na capacitação, a longo prazo, das 
comunidades locais, devem considerar a questão gênero (Oxford 
University Press, 1993). 
 
Extração de 
açaí 
Governo 
federal 
Associação 
Prefeitura 
Fábrica de 
açaí em pó 
Não associados, 
extratores de 
açaí 
IBAMA 
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 GÊNERO (IICA,93) 
 
 
 Feminino Masculino 
 
 
 Reprodutivo/Produtivo Produtivo/Reprodutivo 
 
 
 
 Se aprende 
 (não se nasce com ele) 
 
 
 É construído socialmente 
 
 
 Pode trocar, ser revisto 
 
Em todo lugar e em qualquer grupo sócio-econômico, as vidas das 
mulheres e homens são estruturadas de forma fundamentalmente 
diferente. Uma divisão de trabalho baseada em gênero é universal: mas 
ela difere segundo cultura, local, grupo étnico e classe social. Sem esta 
informação desagregada por gênero que revela o que mulheres e homens 
sabem, fazem e precisam, o planejamento para o desenvolvimento pode 
correr risco de fracasso ou de impactos negativos. 
 Enfim, gênero refere-se às diferenças e relações construídas 
socialmente entre mulheres e homens, que variam de acordo com a 
cultura, situação e contexto. A análise de gênero requer que se vá além 
das declarações sobre "mulheres" e "homens" para entender como 
fatores históricos, demográficos, institucionais, sócio-econômicos e 
ecológicos afetam as relações entre mulheres e homens de diferentes 
grupos. A análise de gênero enfoca, além da interação homem-mulher, 
outras variáveis socialmente importantes, tais como: idade, estado civil, 
papel econômico, etnia, status ....(SCHMINK, 1999) 
 
 
 
 
 
 
Comentário: Adaptado do 
"Seminario-taller para técnicos y 
promotores sobre relaciones de 
género y desarrollo rural: 
instrumentos de trabajo". IICA, 
1993 
 31 
3.1. ANÁLISE DE GÊNERO 
 
Empregando a análise de gênero, os planejadores obtêm um 
desenvolvimento mais sustentável, eqüitativo e efetivo. 
Os métodos tradicionais de coletas de dados freqüentemente 
omitiram os múltiplos papéis e as contribuições da mulheres para o 
desenvolvimento. Alguns programas de desenvolvimento focalizam a casa 
ou a família como unidade de análise. Esses enfoques declara que cada 
membro da família partilhava, igualmente, dos benefícios que advêm da 
família como um todo. Tal postura provou ser incorreto. 
A informação desagregada por gênero é diferente daquelas 
coletadas por estes métodos, ela utiliza como unidade de análise a pessoa 
como indivíduo. Assim a palavra chave na análise de gênero é QUEM.3.2. INCORPORAÇÃO DE GÊNERO NOS TRABALHOS 
 
 A incorporação de Gênero deve ocorrer nas diferentes fase 
de um programa, desde o seu diagnóstico, até o planejamento, na 
implementação e no monitoramento e avaliação. 
 Identificando Quem faz o quê, Quem tem acesso e controle sobre 
os recursos, Quem recebe os benefícios, Quem é responsável pelas 
atividades e/ou pelos gastos, Quem esta disponível nos diferentes 
trabalhos, Quem toma decisão na família e na comunidade....., poderemos 
trabalhar melhor as formas de participação (que grupos ou quem podemos 
estar motivando mais), assim como delinear o trabalho de extensão para 
ter mais êxito e buscando a maior equidade. 
 
 
3.3. INSTRUMENTOS PARA ANÁLISE DE GÊNERO 
 
 Esses instrumentos são pilares de projetos e programas que visam 
a mudança da “equação do poder”. Eles revelam como as diferenças de 
gênero definem os direitos, responsabilidades e oportunidades das 
pessoas em sociedade. O reconhecimento de como as formas de 
desenvolvimento afetam, diferente, homens e mulheres, permitem aos 
planejadores incorporar este fator na implementação bem sucedida, no 
monitoramento e avaliação da democracia na gerência de programas e 
projetos de desenvolvimento. 
 Tais instrumentos oferecem maneiras de reunir dados e analisar 
gênero como uma variável na organização para o desenvolvimento da 
família e da comunidade. Os métodos, para tanto, proporcionam novas 
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percepções sobre o contexto regional e permite um entendimento mais 
amplo da situação da comunidade, facilitando a criação de um programa 
de desenvolvimento mais amplo e efetivo. 
 
3.4. INDICADORES DE GÊNERO 
 
 Os indicadores de gênero podem ser baseado nas seguintes 
questões: 
 
q Divisão do trabalho - Quem faz o que ? 
q Fontes de renda - Quem recebe salários/renda ? 
q Padrões de gastos - Quem é responsável por quais gastos ? 
q Disponibilidade de tempo - Quem está disponível para trabalhar 
 durante as diferentes estações ? 
q Tomada de decisão - Quem toma quais decisões dentro da 
 família e dentro da comunidade ? 
q Acesso e recurso - Quem controla os recursos ? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
BIBLIOGRAFIA 
 
Bunch, Roland (1985) Dos Mazorcas de Maíz. World Neighbors, Inc. 
Oklahoma City. 
 
Chambers, Robert, (1992) “Diagnóstico Rurales Participativos: Passado, 
presente y Futuro”. 
 
Bosques, Arboles, y Comunidades Rurales Edición Latinoamericano. 
Octubre: 15/16 . FAO, Rome y IRDC/SUAS, Uppsala. 
 
Ferrari, Eugênio A. (1991) “Aplicação do DRPA na Zona da Mata”. 
Alternativas: Cadernos de Agroecologia. Junho. Assessoria e Serviços a 
Projetos em Agricultura Alternativa, Rio de Janeiro. 
 
IICA - "Seminario-taller para técnicos y promotores sobre relaciones de 
género y desarrollo rural: Instrumentos de trabajo", 1993 (adaptado) 
 
Hildebrand, Peter, Susan Poats and Lisette Walecka, (1987). Introdução 
à Pesquisa e Extensão de Sistemas Agropecuárias, University of Florida, 
Gainesville. Traduzido por Miguel Proença. 
 
Oxford University Press, Human Development Report, 1993. 
 
PESACRE (1993) Curso Síntese Sobre Metodologia de Pesquisa em 
Extensão em Sistema Agroflorestais: Relatório do SONDEIO. Rio 
Branco, Acre. 
 
Raintree, J. B., (1990) “Theory and Practice of Agroflorestry Diagnosis 
and Design”, In: Mac Dicken, K.G. and N.T. Vergara eds. Agroflorestry 
Classification and Management. Wiley And Sons, New York . Pp 58-97 
 
Raintree, J.B. (1987) D&D User's Manual: Na Introduction to 
Agroflorestry Diagnosis and Design. International Council for Research 
in Agroflorestry (ICRAF), Nairobi. 
 
Rivera, María, Teresa (1993) “Como Elaborar um Diseño de Evaluación?”. 
La Evaluación Participativa, Cartilla 2 da Colección Aportes para la 
Capacitación Popular, Serie 2. ALAI- Abya-Yala, Quito. 
 
SCHMINK, Marianne - Marco Conceitual sobre Gênero e Conservação com 
base Comunitária, 1999.

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